Você está na página 1de 8

COLÉGIO DANTE ALIGHIERI

DEPARTAMENTO DE Ensino Fundamental


COORD.(A) PROF.(A) Maria Cleire Cordeiro
PROF.(A)
9º ANO

Nome: nº

Revisão para a prova do 3º período

Leia com atenção o texto de Lya Luft.

Família tem de ser careta

Esperando uma reação de espanto ou contrariedade ao título acima, tento


explicar: acho, sim, que família deve ser careta, e que isso há de ser um bem
incomparável neste mundo tantas vezes fascinante e tantas vezes cruel. Dizendo isso
não falo em rigidez, que os deuses nos livrem dela. Nem em pais sacrificiais, que nos
encherão de culpa e impedirão que a gente cresça e floresça. Não penso em frieza e
omissão, que nos farão órfãos desde sempre, nem em controle doentio – que o destino
não nos reserve esse mal dos males. Nem de longe aceito moralismo e preconceito,
mesmo (ou sobretudo) disfarçado de religião, qualquer que seja ela, pois isso seria a
diversão maior do demônio.
Falo em carinho, não castração. Penso em cuidados, não suspeita. Imagino
presença e escuta, camaradagem e delicadeza, sobretudo senso de proteção. Não
revirar gavetas, esvaziar bolsos, ler e-mails, escutar no telefone, indignidades
legítimas em casos extremos, de drogas ou outras desgraças, mas que em situação
normal combinam com velhos internatos, não com família amorosa. Falo em respeito
com a criança ou o adolescente, porque são pessoas, em entendimento entre pai e mãe
– também depois de uma separação, pois naturalmente pessoas dignas preservam a
elegância e não querem se vingar ou continuar controlando o outro por meio dos filhos.
Interesse não é fiscalizar ou intrometer-se, bater ou insultar, mas
acompanhar, observar, dialogar, saber. Vejo crianças de 10, 11 anos freqüentando
festas noturnas com a aquiescência de pais irresponsáveis, ou porque os
pais nem ao menos sabem onde elas andam. Vejo adolescentes e pré-
adolescentes embriagados fazendo rachas alta noite ou cambaleando pela calçada ao
amanhecer, jogando garrafas em carros que passam, insultando transeuntes – onde
estão os pais?
Como não saber que sites da internet as crianças e os jovenzinhos
freqüentam, com quem saem, onde passam o fim de semana e com quem? Como não
saber o que se passa com eles? Sei de meninas, quase crianças, parindo sozinhas no
banheiro, e ninguém em casa sabia que estavam grávidas, nem mãe nem pai. Elas
simplesmente não existiam, a não ser como eventual motivo de irritação.
Não entendo a maior parte das coisas solitárias e tristes que vicejam onde
deveria haver acolhimento, alguma segurança e paz, na família. Talvez tenhamos
perdido o bom senso. Não escutamos a voz arcaica que nos faria atender as crias
indefesas – e não me digam que crianças de 11 anos ou adolescentes de 15 (a não ser os
monstros morais de que falei na crônica anterior) dispensam pai e mãe. Também não
me digam que não têm tempo para a família porque trabalham demais para sustentá-la.
Andamos aflitos e confusos por teorias insensatas, trabalhando além do necessário,
mas dizendo que é para dar melhor nível de vida aos meninos. Com essa desculpa não os
preparamos para este mundo difícil. Se acham que filho é tormento e chateação, mais
uma carga do que uma felicidade, não deviam ter tido família. Pois quem tem filho é,
sim, gravemente responsável. Paternidade é função para a qual não há férias, 13º,
aposentadoria. Não é cargo para um fiscal tirano nem para um amiguinho a mais: é para
ser pai, é para ser mãe.
É preciso ser amorosamente atento, amorosamente envolvido, amorosamente
interessado. Difícil, muito difícil, pois os tempos trabalham contra isso. Mas quem não
estiver disposto, quem não conseguir dizer "não" na hora certa e procurar se informar
para saber quando é a hora certa, quem se fizer de vítima dos filhos, quem se sentir
sacrificado, aturdido, incomodado, que por favor não finja que é mãe ou pai. Descarte
esse papel de uma vez, encare a educação como função da escola, diga que hoje é todo
mundo desse jeito, que não existe mais amor nem autoridade... e deixe os filhos
entregues à própria sorte.
Pois, se você se sentir assim, já não terá mais família nem filhos nem
aconchego num lugar para onde você e eles gostem de voltar, onde gostem de estar.
Você vive uma ilusão de família. Fundou um círculo infernal onde se alimentam
rancores e reina o desamparo, onde todos se evitam, não se compreendem, muito
menos se respeitam.
Por tudo isso e muito mais, à família moderninha, com filhos nas mãos de uma
gatinha vagamente idiotizada e um gatão irresponsável, eu prefiro a família dita
careta: em que existe alguma ordem, responsabilidade, autoridade, mas também
carinho e compreensão, bom humor, sentimento de pertença, nunca sujeição.
É bom começar a tentar, ou parar de brincar de casinha: a vida é dura e os
meninos não pediram para nascer.
Retirado de Revista Veja

Aquiescência – consentimento.
Arcaica – antiquada.
Aturdido – atordoado.
Rigidez – severidade.
Sacrificial – que se sacrifica.
Sentimento de pertença – sentimento de pertencer.
Sujeição – submissão.
Transeunte - passante, aquele(a) que passa.
Vicejar – brotar.
1. Tese é a idéia central de uma dissertação que deve ser defendida por meio de
argumentos. Qual é a tese sustentada por Lya Luft em seu texto?

A tese sustentada por Lya Luft é a de que a família deve impor limites, mas sem
ser rígida em excesso.

2. De acordo com as idéias expostas, podemos afirmar que a autora considera a


severidade a melhor forma de se educar filhos? Justifique sua resposta com um
argumento retirado do texto.

Não. “Dizendo isso, não falo em rigidez...”

3. “... nem falo em pais, que nos encherão de culpa e impedirão que a gente cresça e
floresça.” Nesse período composto existem duas orações subordinadas: uma adjetiva e
outra substantiva. Reescreva-as, nas linhas abaixo, e indique sua classificação.

Que nos encherão de culpa – or. subord. adj. explicativa

Que a gente cresça – or. subord. subst. objetiva direta

4. Depois de expor sua tese, a autora passa a defendê-la por meio da argumentação.
Cite, nas linhas abaixo, um dos argumentos empregados por ela.

“É preciso ser amorosamente atento, amorosamente interessado.”

5. Para argumentar, é possível citar exemplos que enriquecem a defesa da tese.


Transcreva, do texto lido, um trecho em que Lya Luft utilizou esse recurso.

“Vejo crianças de 10 e 11 anos freqüentando festas noturnas com a aquiescência


dos pais irresponsáveis...”.

6. Não escutamos a voz arcaica que nos faria atender as crias indefesas...” A palavra
que é conjunção subordinativa integrante ou pronome relativo? Por quê? A oração
introduzida por ela tem valor substantivo ou adjetivo? Qual é a função sintática dessa
oração?

Pronome relativo – substitui o termo antecedente – adjetivo – adjunto adnominal


7. De acordo com as idéias do texto, é possível declarar que a autora concorda com o
fato de que, atualmente, as pessoas são muito ocupadas, trabalham muito e, por isso,
não conseguem dar atenção aos filhos? O que ela pensa a esse respeito?

Não. Ela acha que é apenas uma desculpa para dizer que a intenção é dar melhor
nível de vida aos filhos. E, assim, acabam não preparando as crianças para o
futuro.

8. Ao concluir o texto, Lya Luft reafirma a idéia central exposta na introdução.


Comprove essa afirmação, explicando de que modo isso acontece.

Ela volta a afirmar que prefere a família careta em que há ordem,


responsabilidade, autoridade, carinho, compreensão, bom humor à família
moderninha; completa afirmando que a vida é dura, e as crianças não pediram
para nascer.

Leia a tira abaixo.

9. Podemos observar, ao ler a tirinha, que Calvin expressa suas idéias por meio de uma
tese, de argumentos e de uma conclusão. Sabendo disso, preencha os quadros abaixo.

Tese

Eu amo os sábados.
Argumento 1 Argumento 2 Argumento 3 Argumento 4

Todo sábado eu Como três tigelas de Eu assisto desenho Eu fico incoerente e


levanto às seis. bomba de açúcar até o meio – dia. hiperativo pelo resto
crocante. do dia.

Conclusão

Nenhum irmão ou irmã por enquanto.

10. “Quem não estiver disposto a dedicar-se aos filhos, é melhor entregar a educação
para a escola.”
Classifique as duas orações grifadas.

Or. subord. subst. completiva nominal, red. de infinitivo

Or. subord. subst. subjetiva, red. de infinitivo

11. Quando estudamos o parágrafo dissertativo, você aprendeu que tópico frasal é o
período que contém a idéia central, aquela que deverá ser comprovada por meio de
argumentos. Sabendo disso, transcreva, do parágrafo abaixo, o tópico frasal.

A imaginação utópica e inerente ao homem sempre existiu e continuará


existindo. Sua presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas
sociedades primitivas, sob a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar
melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas
teorias de filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais
justa, pedem-nos que “sejamos realistas, exijamos o impossível”.
Teixeira Coelho, adaptado

“A imaginação utópica e inerente ao homem, sempre existiu e continuará


existindo.”
Leia esta outra tira.

12. Sabendo que a coerência é resultante da não-contradição entre as diversas idéias


que devem estar encadeadas logicamente no texto, explique por que existe um
problema de coerência na carta que o personagem da tirinha está escrevendo ao
amigo.

Ele diz que vai dedicar mais tempo a ler e escrever cartas, mas pára de escrever
porque seu programa favorito de tevê vai começar.

13. Ainda com relação à tirinha da questão anterior, resolva o problema relacionado à
falta de coerência, reescrevendo, nas linhas abaixo, o trecho em que ele aparece.

“Tenho que terminar agora porque preciso continuar a ler o livro que comprei”.

14. “Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu
recomeçava na rua a andar pulando...” Nas linhas abaixo, transcreva as orações do
período e classifique-as.

Boquiaberta, saí devagar – or. coord. assind.


Mas em breve a esperança de novo me tomava toda – or. coord. sind. adversativa
E eu recomeçava na rua a andar pulando – or. coord. sind. aditiva

15. Indique o valor semântico das conjunções e da locução conjuntiva destacadas.

a) Mesmo que percebesse a má vontade da colega, a menina continuava a pedir-lhe o


livro.

Concessão

b) Esperávamos ganhar livros; ela, porém, só nos dava cartões-postais.

Oposição
c) A menina era realmente cruel; fazia-me, pois, sofrer com suas maldades.

Conclusão

16. As coordenadas sindéticas adversativas contêm uma idéia contrária, uma idéia
que se opõe ao fato expresso na oração anterior. Sabendo disso, complete os períodos
com uma sindética adversativa. Não repita as conjunções.

a) A mãe da menina ficou muito brava com ela, porém acabou perdoando-lhe.

b) A protagonista ia diariamente à casa da colega, contudo ela não lhe emprestava o


livro.

Leia o texto do quadro abaixo.

17. Com relação ao texto do quadro acima, faça o que se pede.

a) Transcreva o 3º período e classifique-o.

“Eu não reclamei, praguejei, gritei nem comi chocolate.” Composto por coord.

b) Divida o período, que você classificou na questão anterior, em orações e classifique


aquela que é introduzida por conjunção.

Eu não reclamei.
Praguejei.
Gritei.
Nem comi chocolate. Or. coord. sind. aditiva

Você também pode gostar