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ESTRUTURA E FUNÇÃO HUMANA

CAPÍTULO 1 - O QUE É A ESTRUTURA E


FUNÇÃO HUMANA?
Juliane Cristina de Souza Silva Brito / Vivian Alessandra Silva

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Introdução
Seja bem-vindo ao estudo do corpo humano! Você sabe o que é a “Estrutura e Função”? É um estudo integrado de
três ciências básicas: anatomia, histologia e fisiologia humana.
Você sabia que anatomia é uma palavra que vem do grego que significa “cortar em partes”, conhecer a
organização estrutural do corpo humano? Já a histologia, também do grego, significa “o estudo dos tecidos” que
compõem as estruturas do corpo humano. Por sua vez, fisiologia, como as demais, uma palavra grega que
significa “estudo da função” das estruturas e tecidos que compõem o corpo humano.
O estudo segregado destas três ciências é possível, porém limitado. Queremos oferecer a você um aprendizado
próximo à realidade, em que as ciências se integram harmonicamente.
Você sabia que o nosso corpo não é simplesmente um conjunto de células ou de órgãos, mas sim um conjunto de
células e órgãos que se agrupam para formar estruturas com funções específicas?
Neste primeiro capítulo, usaremos de três tópicos de estudo para nivelar conhecimentos, ou seja, para saber de
que maneira nosso organismo funciona e como se organiza, do que ele é constituído e algumas nomenclaturas
que são utilizadas de maneira geral no mundo científico.
No último tópico, daremos início à nossa aventura pelo corpo humano, por um sistema de grande complexidade
por dominar o funcionamento de todos os restantes: o sistema nervoso.
Fique atento ao material apresentado e bons estudos!

1.1 Mecanismos homeostáticos


Você já percebeu que sua frequência respiratória ou a sua frequência cardíaca se alteram durante uma prática
esportiva? E que, quando você faz uma pausa para descansar, essas mesmas frequências retornam ao estado
inicial? Ou, ainda, você já notou como seu corpo se comporta diferente dependendo do clima? Num dia quente,
você transpira. Já em um dia frio, você treme. Já parou para pensar em por que ou como seu corpo faz isso?
Antes de iniciar o estudo da homeostase, assista ao vídeo que preparamos para você!
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
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Neste primeiro tópico, você terá a oportunidade de aprender mais sobre o tema. Vamos lá?

1.1.1. Homeostase e a membrana plasmática


Nosso organismo tem a capacidade de se adaptar às mudanças ambientais e internas, mantendo as funções
orgânicas acontecendo de maneira eficiente, independente, da situação. A essa característica chamamos de
Homeostase.
Você, como futuro profissional da área da saúde, precisa compreender de que maneira o nosso organismo
funciona, para que nossas intervenções promovam a saúde, previnam e tratem as doenças de nossos clientes,
pacientes e alunos! Para aprender mais sobre o tema, clique nas setas abaixo.
Muitos autores definem homeostase como equilíbrio. Porém, não é assim tão simples, isso porque vivemos num
ambiente totalmente dinâmico. O conceito correto seria a “manutenção da constância do ambiente interno
independente de qualquer condição. Você dorme, acorda, trabalha, estuda; além disso, as temperaturas oscilam
ao longo do dia, sua alimentação muda, estresse etc.”.
Homeostase, do grego, homeo, significa parecido ou similar e stase significa condição. Perceba que nosso
organismo não é estático. Toda vez que algo perturba o equilíbrio, a homeostase, rapidamente o organismo se
ajusta e retorna ao estado de equilíbrio.

A capacidade que nosso organismo tem de manter a homeostase é realmente incrível, mas, para que isso

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A capacidade que nosso organismo tem de manter a homeostase é realmente incrível, mas, para que isso
aconteça, é preciso que haja uma comunicação íntima entre todos os sistemas que compõem nosso organismo.
Conforme formos aprofundando nosso estudo sobre o corpo humano, você perceberá que sempre existe a
presença de um receptor, um centro integrador e um efetor. O receptor será aquele que perceberá a quebra da
homeostase; o centro integrador será o responsável pela tomada de decisão do restabelecimento do equilíbrio
corporal; e o efetor será aquele responderá ou efetuará o comando do centro integrador.
Por exemplo, a temperatura ideal para o funcionamento do nosso corpo fica em torno de 36,5 °C ou 37 °C.
Imagine que hoje está fazendo 20 °C lá fora e você não imaginava que teria tal queda de temperatura, saiu de
casa vestindo apenas uma bermuda e uma regata.
Imediatamente a temperatura do ambiente começa a influenciar sua temperatura corporal, porém, para que os
nossos órgãos funcionem de maneira adequada, precisamos mantê-los a 36,5 ºC. Receptores localizados na
superfície de nosso corpo percebem a temperatura ambiente, enviam esta mensagem para o sistema nervoso
que compreende que se a temperatura corpórea diminuir, nossos órgãos poderão sofrer danos.
A estratégia tomada então é enviar um comando aos músculos (efetores), para que contraiam repetidamente
(tremor), gerando calor. Obviamente, não é somente esse comando, muitos outros são enviados, mas conseguem
compreender a intima relação que há entre os sistemas? Todos com o mesmo objetivo: garantir a homeostase.
Essa íntima relação entre os sistemas recebe o nome de feedback ou retroalimentação. Trata-se de uma conversa
entre receptores, centro integrador e efetores a fim de garantir a homeostase momento a momento.
Existem dois tipos de feedbacks: o negativo e positivo. Para conhecer mais sobre eles, clique nas abas abaixo.

Feedback negativo

O negativo é o mais comum e consiste na reversão de uma variação, por exemplo: a pressão
arterial (pressão sanguínea exercida contra a parede dos vasos sanguíneos), deve ser mantida
dentro de um limiar, para que todo o corpo receba os nutrientes provindos do sangue de maneira
adequada. Vamos supor que a sua pressão arterial se eleve ou reduza por algum estímulo, isso
pode gerar prejuízos sérios na nutrição tecidual.
Neste caso, terminações nervosas localizadas em algumas artérias (barorreceptores) terão a
função de receptores, ou seja, serão os responsáveis por perceber se o fluxo sanguíneo está
passando com a pressão adequada. Essa informação é constantemente enviada para um centro
integrador, que no caso, é o sistema nervoso central. Ele interpreta a mensagem e responde ao
coração e aos vasos sanguíneos (efetores), que gerarão diminuição ou aumento da frequência
cardíaca, vasoconstrição ou vasodilação, de acordo com a necessidade. Ou seja, se a pressão
arterial está elevada, por meio do feedback negativo, essa pressão diminuirá até os valores
normais para aquele indivíduo. Porém, se a pressão arterial diminuiu, por meio do feedback
negativo, os valores da pressão arterial se elevarão até atingir a normalidade daquele indivíduo.

Feedback positivo

Por outro lado, o feedback positivo reforça a variável. Funciona da mesma forma que no feedback
negativo, porém, agora, o comando enviado para o efetor é de intensificação, ou seja, aquela
variável vai ser ainda mais estimulada. Exemplo: situação de parto. Por meio do feedback negativo,
as contrações uterinas seriam anuladas, mas se isso acontecer o bebê não irá nascer, já que são as
contrações uterinas que favorecem a saída do bebê do útero. Com o feedback positivo, quanto
mais contrações e estiramentos, mais contrações uterinas irão acontecer até que o bebê nasça.

Aprofundando um pouco mais nosso conhecimento, o conceito de homeostase é aplicado ao

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Aprofundando um pouco mais nosso conhecimento, o conceito de homeostase é aplicado ao
funcionamento celular. Existem diversos tipos de células, vamos usar um modelo simplificado,
mas que se aplica a todos os tipos de células eucariontes.

No esquema abaixo, observe uma célula eucarionte, dotada de diversas organelas com diferentes funções e de
um núcleo contendo em seu interior nosso material genético, o DNA. Queremos chamar atenção para o
envoltório celular, denominado Membrana Plasmática. Ainda que as demais estruturas celulares sejam
interessantes, serão focos de outra disciplina chamada Processos Biológicos.

Figura 1 - A) Uma ilustração de uma célula animal, com seus constituintes citoplasmáticos. B) Uma ampliação do
envoltório celular, conhecido como membrana plasmática, ilustrando sua composição.
Fonte: Vladimir Ishuk; KallayanneNaloka Shutterstock.

Confira, na sequência, um vídeo sobre a membrana plasmática e a proteção das organelas internas de uma célula.
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Agora, observe o quadro abaixo.

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Figura 2 - Concentrações iônicas homeostáticas no meio extracelular e intracelular
Fonte: Elsevier, [s.d].

Quando a membrana plasmática consegue garantir que as concentrações iônicas intracelulares estejam de
acordo com a necessidade celular, a célula está em homeostase.

VOCÊ O CONHECE?
Robert Hooke foi um cientista inglês da Universidade de Oxford, que viveu no século XVII, o
primeiro a descrever a existência das células. Fez isso a partir da análise de cortiça, observou
que ela era formada por “pequenas celas”, a qual chamou de células.

A função de transporte entre o meio extra e intracelular é então muito importante para as células. Tanto para

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A função de transporte entre o meio extra e intracelular é então muito importante para as células. Tanto para
entrar (influxo) como para sair (efluxo), todas as substâncias químicas atravessam a membrana plasmática. Os
transportes pela membrana podem ser divididos de acordo com dois critérios: mediados e não mediados, e
ativos e passivos. O transporte mediado é feito pelas proteínas, que podem ser carreadoras (transportadoras) ou
proteínas de canais. Neste caso, as substâncias que querem entrar ou sair da célula precisam de ajuda destas
proteínas ou canais.
A maior parte das moléculas que são transportadas fazem uso do que chamamos de mediadores ou canais
transportadores, proteínas localizadas na membrana plasmática capazes de mudar a sua conformação ao se
ligarem à molécula na qual possuem especificidade, transportando-a para o MIC ou para o MEC.

Figura 3 - Proteínas transportadoras de membranas plasmáticas


Fonte: Sakurra/Shutterstock

Na figura, você pode observar a membrana plasmática em destaque com suas proteínas transportadoras. À
esquerda, um canal fechado e à direita, o canal aberto, permitindo a difusão dos íons de um meio para outro.
No transporte não mediado, as substâncias atravessam a membrana plasmática sem a ajuda de proteínas. Clique
nas abas e aprenda mais sobre o tema.
Transporte No transporte ativo a célula gasta ATP e ele ocorre contra um gradiente de concentração e
ativo com uso de um mediador (carreador ou proteína de canal).
No transporte passivo, a célula não gasta ATP. São exemplos de transporte passivo: a osmose,
realizada pela água no corpo humano, quando ela vai de uma área de alta concentração de
Transporte água para uma área de baixa concentração de água; a difusão simples, que ocorre quando um
passivo íon ou gás é transportado sem um mediador e sem gasto energético; e a difusão facilitada,
ocorrida quando um íon ou gás é transportado com um mediador, porém, sem gasto
energético.

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VOCÊ SABIA?
Você sabia que a diabetes é uma doença das células? A glicose provinda da alimentação é a
principal matéria prima para a produção de ATP, porém, ele só será produzido a partir do
momento que a glicose for transportada do sangue para dentro das células. A insulina
(hormônio produzido pelo pâncreas) atua facilitando a entrada da glicose nas células. Existem
diversos tipos de diabetes, as mais comuns são a “tipo 1” e a “tipo 2”. Na diabetes tipo 1, a
pessoa não produz insulina (é uma doença autoimune, em que o próprio corpo destrói as
células pancreáticas produtoras de insulina). Já na diabetes tipo 2, a pessoa tem deficiência nas
proteínas celulares que se ligam à insulina. Seja a 1 ou a 2, a pessoa tem dificuldades em fazer
essa glicose sanguínea entrar no meio intracelular e, por isso, ela se acumula no sangue.

Existem milhares de proteínas transportadoras na membrana plasmática, isso porque elas têm alta
especificidade, ou seja, existe uma proteína transportadora específica para o sódio, outra para o potássio, outra
para o cálcio e por aí vai. A membrana plasmática é dinâmica, isso significa que as proteínas transportadoras não
são estáticas, ao contrário, migram pela membrana a fim de garantir que os íons ou moléculas consigam ser
transportados para dentro ou para fora, não importando o local em que estejam.

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CASO
Caso clínico: J.M.T., homem, 54 anos, obeso, hipertenso e diabético tipo 2 há 20 anos, procurou
o hospital. Ao exame físico, observou-se ferida no pé esquerdo, rarefação de pelos e perda da
sensibilidade nas pontas dos dedos. Quando o médico perguntou sobre a ferida, J.M.T. disse
que nunca tinha percebido a presença dela. O médico tratou a ferida e orientou J.M.T. em
relação à sua doença.
Em uma situação normal, o açúcar (glicose) ingerido na nossa dieta é absorvido e cai na
corrente sanguínea, aumentando a glicemia (quantidade de glicose no sangue). O aumento da
glicemia sinaliza para o pâncreas produzir mais insulina, aumentando a capacidade de
captação da glicose pelas células. Com a entrada da glicose nas células, a glicemia diminui. A
redução da glicemia sinaliza para o pâncreas reduzir a produção da insulina, formando uma
alça de feedback.
No caso de J.M.T., no diabetes tipo 2, as células podem adquirir resistência à insulina,
destruindo ou não produzindo os receptores de insulina da membrana celular e impedindo a
entrada da glicose. Dessa maneira, a glicose fica livre no sangue e acaba se acumulando em
alguns tecidos, principalmente nas extremidades do corpo.
A produção da insulina é um exemplo muito claro de feedback negativo, pois a redução da
glicemia inibe a produção de insulina no pâncreas. O feedback é negativo porque tem uma ação
reversa ao estímulo inicial. As alças de feedback negativo são homeostáticas, pois mantêm em
equilíbrio dinâmico o funcionamento do organismo. Veja que assim que a glicemia baixar, o
feedback negativo fará com que o pâncreas produza menos insulina, já que ela não será mais
necessária.
No caso do nosso paciente J.MT., a fase do controle da glicemia que está em desequilíbrio é a
etapa em que a insulina será transportada para o MIC, por meio uma proteína de membrana
(receptor), já que as células do corpo destroem ou deixam de fabricar esses receptores, pois
adquiriram resistência à insulina.

Vamos praticar o que estudamos até aqui? Vimos em nossos estudos sobre os transportes ativos e passivos.
Clique e arraste o nome de acordo com você aprendeu sobre o tema.
Antes de continuar seus estudos, participe de um fórum.
Na sequência, vamos estudar sobre os níveis organizacionais de diferentes tecidos. Fique atento.

1.2 Como o organismo humano está organizado?


Para compreender a homeostase, faz-se necessário que compreendamos o que chamamos de “Níveis
Organizacionais”. E é sobre esse tema que estudaremos neste tópico.
Antes de iniciar o estudo dos níveis de organização do corpo humano, assista ao vídeo que preparamos para
você!
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229035&entry_id=1_4gvuaa1y
Ao ler um livro, muitas vezes, não refletimos sobre isso, mas esse livro precisa ser formado por capítulos. Esses
capítulos são formados por parágrafos, que são formados por palavras, que são formadas por letras combinadas.

Quando observamos um indivíduo, o vemos como um livro finalizado. Porém, esse indivíduo é formado por

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Quando observamos um indivíduo, o vemos como um livro finalizado. Porém, esse indivíduo é formado por
sistemas (nervoso, respiratório, cardiovascular, urinário, endócrino, digestório, esquelético e genital). Cada
sistema é formado por um conjunto de órgãos que trabalham para a mesma finalidade. Esses órgãos são
formados por tecidos, que por sua vez são formados por células.

Figura 4 - Constituição corporal humana e seus constituintes celulares.


Fonte: Tortora e Derrickson(2016); GrapphicsRF/Shutterstock

Ainda comparando com um livro, os capítulos interagem uns com os outros. Os sistemas corporais não
trabalham de maneira individual, mas exercem grande influência e até mesmo manutenção no funcionamento
dos demais sistemas.
Por exemplo, de que adianta o sistema cardiovascular trabalhar e enviar sangue a todo o corpo, se o sistema
respiratório não lhe ofertar o oxigênio ou o sistema digestório não ofertar os nutrientes necessários? De que
adianta um carteiro ir às ruas, se não houver quem escreva as cartas? Entendem como um sistema precisa do
outro?
A homeostase começa em nível celular. Se as células estão exercendo bem suas funções, logo o tecido também
está. Consequentemente, o órgão funciona de maneira adequada e assim os sistemas corporais também.

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VOCÊ SABIA?
Uma das maiores causas de mortes no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), é o Infarto Agudo do Miocárdio. Muitos acreditam que a causa dessa morte é o
“entupimento” de algumas artérias cardíacas, as artérias coronárias. No entanto, o problema
não é a obstrução das artérias, mas o fato de haver um bloqueio na passagem do sangue (que
leva os nutrientes e gases necessários para a vida celular), as células morrem (necrose). Se as
células do coração sofrem necrose, logo, o órgão para de funcionar.
Por isso que é possível um indivíduo se manter vivo após um procedimento conhecido como
revascularização do miocárdio, com a implantação de stent, que desobstrui a artéria e
restabelece o fluxo sanguíneo.

Temos quatro tecidos fundamentais que compõem nosso corpo, são eles: tecido epitelial, tecido muscular, tecido
nervoso e tecido conjuntivo.
Cada um deles desempenha um papel fundamental à nossa existência, porém, com características diferentes.
Clique nas abas abaixo e conheça mais detalhes sobre cada um deles.
Tecido epitelial
O tecido epitelial é responsável pelo revestimento de superfícies externas (como a pele, por exemplo) e internas
do nosso corpo (nossos órgãos). O tecido epitelial de revestimento é responsável por proteger as superfícies
internas e externas do corpo ou fazer a absorção de elementos. Dessa maneira, as células que o compõem podem
apresentar diferentes formatos ou estar dispostas em camadas. Ainda existe uma forma especializada de tecido
epitelial, com a capacidade de secreção. Para este, damos o nome de tecido epitelial glandular.
Tecido muscular
O tecido muscular é composto por células com capacidade contrátil. Essas células apresentam formato de fibra e,
por isso, recebem o nome de fibra muscular. Temos três tipos de tecido muscular: tecido muscular estriado
esquelético, que compõe a musculatura do corpo; tecido muscular estriado cardíaco (ou miocárdio), que compõe
o coração; e tecido muscular liso que compõe nossos órgãos internos como estômago, intestino, útero, etc.
Tecido nervoso
O tecido nervoso é um tecido especializado na condução de informações, na comunicação entre os demais
tecidos e sistemas. É formado por neurônios (unidade funcional) e células da glia (dão o suporte necessário para
o funcionamento adequado dos neurônios e a manutenção do tecido).
Tecido conjuntivo
Já o tecido conjuntivo é o tecido que forma o conjunto com os demais. Também chamado de tecido conectivo,
esse tecido encontra-se associado a todos os demais, conectando cada um deles. Isso porque é o único tecido
vascularizado. As células principais são os fibroblastos e fibrócitos (responsáveis pela síntese e manutenção da
matriz extracelular), macrófagos, mastócitos e plasmócitos (células responsáveis pela defesa do tecido) e a célula
mesenquimal (precursora destes tipos celulares). Há vários subtipos de tecido conjuntivo, como o tecido ósseo, o
tecido cartilaginoso, o tecido adiposo e outros.
Na sequência, realize a atividade especialmente proposta para testar seus conhecimentos sobre a membrana
plasmática e outros temas relacionados ao corpo humano.
Os quatro tecidos fundamentais formam os órgãos do corpo humano. Alguns órgãos com funções semelhantes se
agrupam formando os sistemas orgânicos.

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Figura 5 - Constituição corporal humana
Fonte: Macrovector/Shutterstock

Aprenda mais sobre os sistemas orgânicos, clicando nas abas abaixo.

Sistema esquelético

O sistema esquelético é formado por ossos e cartilagens e sua função é dar sustentação e forma ao
organismo.

Sistema articular

O sistema articular é formado pelas articulações, cuja função é unir segmentos do corpo humano.

Sistema muscular

O sistema muscular é formado pelos músculos associados ao nosso esqueleto, bem como é
formado pelo coração e alguns órgãos o músculo liso. A função desse sistema é a geração de
movimento, ou seja, movimentar o corpo ou impulsionar e movimentar o sangue ou ainda
movimentar o bolo alimentar no interior do nosso sistema digestório, por exemplo.

Sistema nervoso

O sistema nervoso é formado pelo nosso encéfalo, medula espinal, nervos e gânglios e tem a
função de percepção do ambiente interno e externo, compreender e gerar respostas para a
manutenção da homeostase e gerar comportamentos.

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Sistema circulatório

O sistema circulatório é formado pelo coração e uma rede condutora, a qual nomeamos vasos
sanguíneos. Tem a função de conduzir o sangue para todo o corpo a fim de serem distribuídos os
nutrientes e materiais adequados para a sobrevivência celular.

Sistema respiratório

O sistema respiratório é formado pelo nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões. É
responsável por fazer a troca gasosa, filtrar, aquecer e umidificar o ar inspirado.

Sistema digestório

O sistema digestório tem a função de captar o alimento, digeri-lo e a partir daí absorver os
nutrientes necessários para o corpo e excretar aquilo que não pudemos digerir. É formado pela
boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso, além de algumas glândulas
anexas como o fígado, o pâncreas e as glândulas salivares.

Sistema urinário

O sistema urinário é formado pelos rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. É responsável pela
filtração do sangue e formação da urina, pela manutenção do volume plasmático, bem como a
manutenção iônica plasmática.

Sistema linfático

O sistema linfático é formado pelos vasos linfáticos e linfonodos. Faz o recolhimento do líquido
que se acumula entre os tecidos (liquido intersticial) e forma a linfa, faz a absorção dos lipídeos no
intestino formando o quilo e ainda pode atuar na defesa do organismo, eliminando possíveis
patógenos.

Sistema genital

O sistema genital masculino é formado pelo testículo, epidídimo, ducto deferente, glândula
seminal, ducto ejaculatório, próstata, uretra, glândula bulbouretral, pênis e escroto. Já o sistema
genital feminino é formado pelos ovários, tuba uterina, útero, vagina e genitália externa, também
chamada de vulva, formada por monte do púbis, lábios maiores, lábios menores, clitóris e
glândulas vestibulares. Ambos os sistemas são responsáveis pela formação e manutenção dos
gametas (espermatozoide e ovócito) e produção de hormônios.

Alguns sistemas podem ser agrupados e formar aparelhos. É o caso dos sistemas esquelético, articular e
muscular, que se juntos permitem a locomoção e, por isso, formam o que chamamos o aparelho locomotor. Esse
também é o caso do Aparelho urogenital, formado pelos sistemas urinário, genital masculino e feminino.
Agora, para continuar seus estudos, no próximo tópico você verá sobre a terminologia anatômica. Mantenha-se
concentrado!

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1.3 Como me comunicar utilizando os termos adequados?
Os profissionais de saúde utilizam uma linguagem científica com termos próprios para descrever as estruturas
anatômicas e suas funções. Esses termos permitem que a comunicação seja mais eficaz e precisa. A partir deste
momento, vamos discutir alguns termos e normas para que possamos adequar nossa linguagem ao contexto
profissional.
Ao estudarmos o corpo humano, faremos descrição das estruturas anatômicas que o compõem. Por exemplo: O
estômago é um órgão em formato de “J”, localizado na cavidade abdominal, ligado ao esôfago e ao duodeno
(intestino delgado).
Toda a descrição das estruturas anatômicas que serão feitas, serão de estruturas normais.
Normal na anatomia é toda característica que se repete na maior parte dos indivíduos. Então, é normal que o
estômago da maioria das pessoas seja dessa forma. Porém, será que todos os indivíduos possuem todas as
características corporais normais? Não. Quando um indivíduo apresenta alguma característica que fuja dos
padrões normais da anatomia, mas isso não interfere no funcionamento daquela estrutura, atribuímos o nome
de variação anatômica. Portanto, variação anatômica é uma característica interna ou externa que não é normal,
mas que mantem a sua função integra.
Por exemplo, a estatura. No Brasil, o normal é que os homens apresentem uma estatura média de 1,73 m.
Joaquim, é um rapaz de 23 anos que tem 2,04 m. Considerando-se a população brasileira, a estatura de Joaquim é
normal?
Do ponto de vista anatômico, um indivíduo com 2,04 m, não é normal, pois difere da maioria. Do ponto de vista
anatômico, diríamos que Joaquim apresenta uma variação anatômica, pois, embora a estatura difira da maioria,
ela não traz prejuízos funcionais ao Joaquim.
Veja que todos somos portadores de variações anatômicas e precisamos que você se lembre disso quando estiver
examinando ou avaliando seus pacientes, alunos e clientes.
Quando a morfologia diferente gerar algum tipo de prejuízo na função da estrutura anatômica, dizemos que isso
é uma anomalia. Por exemplo, a fissura lábio-palatina é uma anomalia anatômica, pois o indivíduo apresenta os
lábios e o palato fendidos, impedindo a adequada função alimentar e de fala.

Figura 6 - Anomalia: fissura lábiopalatina


Fonte: Shutterstock

Em nossos estudos sobre o corpo humano, vamos priorizar aquilo que é normal, mas sempre trazer algum

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Em nossos estudos sobre o corpo humano, vamos priorizar aquilo que é normal, mas sempre trazer algum
exemplo ou caso de alguma anomalia ou variação anatômica para que possamos discutir.
O corpo humano é dividido em regiões. No objeto abaixo, clique nas diferentes partes que compõem o corpo
humano e aprenda mais sobre elas.
As estruturas anatômicas contidas na cabeça, estão inseridas na cavidade craniana; as estruturas contidas no
tórax, estão na cavidade torácica; as estruturas contidas no abdômen estão na cavidade abdominal; por sua vez,
as estruturas localizadas na região da pelve estão inseridas na cavidade pélvica.
Para estudarmos o corpo humano, é preciso que alguns padrões anatômicos sejam estabelecidos, para que, ao se
descrever a localização de determinada estrutura, todos compreendam da mesma forma. Para compreender
melhor, observe as imagens a seguir.

Figura 7 - Corpo humano e suas posições


Fonte: MarcusVDT; Africa Studio/Elena EfimovaShutterstock

Será que, independentemente da posição que a pessoa se encontre, podemos afirmar que essa pessoa tem a
cabeça acima do pescoço?
Obviamente que este exemplo foi bem simplista, mas pense na posição dos órgãos ou ossos. Vamos supor que
uma pessoa precise fazer uma cirurgia para a retirada de um tumor intestinal, e o responsável técnico pelos
exames de imagem fizesse a tomografia com o paciente “deitado de bruços”. Será que para o médico seria fácil
saber o local certo da incisão?
Por isso foi estabelecida a Posição Anatômica. Todo o estudo corporal será baseado nesta posição.
Clique sobre os números do infográfico a seguir e aprenda mais sobre essa posição.
Pronto. A partir daí, podemos fazer qualquer descrição de localização de órgãos, músculos, ossos etc. A posição
anatômica faz com que qualquer pessoa no mundo compreenda o que foi dito.

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VOCÊ QUER LER?
A anatomia é uma ciência muito antiga, e há registros de que vem sendo estudada desde antes
de Cristo, na Idade Antiga. Durante todos esses séculos de estudo anatômico, essa ciência se
modernizou, mas algumas coisas permanecem as mesmas desde os tempos antigos. Você quer
saber mais sobre como os primeiros anatomistas criaram essa ciência e a terminologia que
descreve o corpo humano?
Leia: LAROSA, Paulo Ricardo R. Anatomia humana: texto e atlas. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2018. p. 1-10. Você encontrará essa obra acessando a Minha Biblioteca.

Somos indivíduos tridimensionais, isso significa que possuímos profundidade. Como, então, descrever as
estruturas que estão mais atrás ou mais à frente? Ou mais acima e mais abaixo? Mais de um lado ou mais no
meio? Isso também foi padronizado, são os Termos Direcionais. Para conhecer os principais, clique nos itens
abaixo.


Superior
Para se referir a alguma estrutura que esteja acima de outra.

Inferior
Para se referir a alguma estrutura que esteja abaixo de outra.

Anterior
Para se referir a alguma estrutura que esteja mais à frente de outra.

Posterior
Para se referir a alguma estrutura que esteja mais atrás de outra.

Medial
Para se referir a alguma estrutura que esteja localizada mais ao centro do corpo, comparada a
outra.

Lateral
Para se referir a alguma estrutura que esteja localizada mais à lateral (direita ou esquerda) do que
outra.

Superficial
Para se referir a alguma estrutura que esteja mais próxima à superfície do corpo do que
comparada a outra.

Profundo
Para se referir a alguma estrutura que esteja mais distante da superfície do corpo quando
comparada a outra.

Proximal

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Proximal
Utilizado apenas para os membros superiores e inferiores, para estruturas que estejam mais
próximas a região do tronco, quando comparado a outra.

Distal
Utilizado apenas para os membros superiores e inferiores, para estruturas que estejam mais
distantes da região do tronco, quando comparado a outra.

Agora, confira alguns exemplos de uso dos principais Termos Direcionais.


• Os olhos são superiores ao nariz.
• A boca é inferior ao nariz.
• O osso esterno é anterior às vértebras torácicas.
• As vértebras torácicas são posteriores ao osso esterno.
• O osso ulna é medial em relação ao osso rádio.
• O osso rádio é lateral em relação ao osso ulna.
• O músculo oblíquo externo é superficial em relação ao músculo oblíquo interno.
• O músculo oblíquo interno é profundo ao músculo oblíquo externo.
• As falanges são distais em relação aos ossos do carpo.
• Os ossos do carpo são proximais em relação às falanges.
Repare que, para cada um dos exemplos, foi feito o uso de comparativos. Não se pode dizer apenas: “O coração é
inferior”. Pois, nesse caso, ele é inferior a quem? Mas ele também é superior a alguém, lateral a alguém, anterior
e posterior a alguém.

VOCÊ QUER VER?


Estamos aprendendo os planos tradicionais de secção do corpo humano e os que são utilizados
nos livros técnicos e exames de imagem. Mas há quem inove e prepare o corpo humano para
estudo de formas diferentes. Um deles é o Dr. Gunther Von Hagens, que viaja o mundo com
exposições de ‘arte’ que mostram o corpo humano em posições pouquíssimo convencionais.
Assista ao vídeo e tire suas próprias conclusões!
Disponível em: <https://youtu.be/yEutJeER0XE>.

Imagine o corpo humano como uma caixa simples. Agora, insira o coração dentro dela. Haverá sempre uma
parede da caixa à frente, atrás, nas laterais, acima e abaixo. Por isso, é importante que comparemos sempre ao
menos duas estruturas anatômicas para fazer o uso dos termos direcionais.

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Figura 8 - Órgãos em caixa. Assim é nosso corpo, somos uma caixa que contém órgãos internamente.
Fonte: Adaptado deJocic; decade 3d anatomy online/Shutterstock.

Por fim, precisaremos cortar ou seccionar o corpo humano para ver os órgãos e estruturas que estão dentro dele.
A maneira de cortar o corpo humano foi padronizada, e chamamos de planos de secção do corpo humano. São
quatro: plano sagital paramediano (divide o corpo humano em partes direita e esquerda); plano sagital mediano
(divide o corpo humano exatamente ao meio, em metades direita e esquerda; plano horizontal (divide o corpo
humano em partes superior e inferior) e plano frontal (divide o corpo humano em partes anterior e posterior).

Figura 9 - Planos de secção

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Figura 9 - Planos de secção
Fonte: Blamb/Shutterstock.

Esses planos nos ajudarão a compreender e visualizar as estruturas como elas são internamente.
Assista ao vídeo que preparamos para você e revise esses conceitos!
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Na sequência, realize a atividade especialmente proposta para testar seus conhecimentos neste tópico.

1.4 Como o sistema nervoso funciona como centro


integrador?
Vamos começar nosso estudo dos sistemas do corpo humano pelo sistema nervoso! O sistema nervoso é um dos
mais complexos e é o principal centro integrador para a manutenção da homeostase. Seu funcionamento
influencia todos os demais sistemas orgânicos. O sistema nervoso é responsável por receber estímulos do
ambiente ou da periferia do corpo, interpretá-los e gerar respostas adequadas. É dessa maneira que o sistema
nervoso controla o funcionamento de todos os órgãos do corpo e gera comportamentos.
A unidade funcional do SN é uma célula chamada neurônio, célula especializada na capacidade de transmissão de
mensagens, sejam elas químicas ou elétricas. Existem milhões de neurônios espalhados por todo o corpo,
formando o SNC e SNP. As partes que compõe um neurônio são o corpo celular, onde situa-se o núcleo da célula e
suas principais organelas; os dendritos, pequenas ramificações que partem do corpo do neurônio; o axônio, ou
fibra nervosa, pela qual o impulso elétrico será conduzido e as terminações nervosas. Os neurônios podem se
apresentar de diferentes formas; acompanhe.

Figura 10 - Tipos de neurônios


Fonte: Designua/Shutterstock.

Mas o modelo didático principal é este ilustrado a seguir. Confira!

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Figura 11 - Neurônio
Fonte: gritsalakkaralak/Shutterstock.

A seguir, encontramos as células da glia. São elas: Células de Schwann, Oligodendrócitos, Astrócitos, Microglias e
Células Ependimárias.

Figura 12 - Célula de Glia


Fonte: Vector_mine/Shutterstock.

Dessas, vamos destacar as células de Schwann e os oligodendrócitos. São duas células que têm a mesma função,

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Dessas, vamos destacar as células de Schwann e os oligodendrócitos. São duas células que têm a mesma função,
porém, em locais diferentes. Para conhecê-las, clique nas abas abaixo.

Células de Schwann

As células de Schwann encontram-se no SNP, enrolando-se ao redor dos axônios dos neurônios,
formando a bainha de mielina.

Oligodendrócitos

Os oligodentrócitos se encontram no SNC e são responsáveis pela formação da bainha de mielina,


que aumentará a velocidade da propagação do impulso nervoso.

As demais células irão trabalhar na manutenção das condições adequadas para que estes neurônios sobrevivam
e exerçam suas funções de maneira adequada. Vamos conhecer mais sobre elas? Clique nos cards a seguir e
confira!
Astrócitos
Os astrócitos são células que têm prolongamentos que os fazem semelhantes a astros (estrelas), são as células
mais abundantes da neuroglia. Esses prolongamentos conectam os neurônios aos vasos sanguíneos, garantindo
uma permeabilidade e nutrição seletiva e protegendo-os contra substâncias nocivas.
Micróglias
As micróglias são as menores células da glia e funcionam como fagócitos. Ou seja, células que removem restos
celulares e microrganismos.
Ependimárias
Por fim, as células ependimárias produzem e mantêm o líquor.
E você sabe como os neurônios funcionam? Todos os neurônios do nosso corpo são capazes de produzir
atividade elétrica, e chamamos esta habilidade de potencial de ação. Aqueles mesmos átomos mencionados no
início deste capítulo, fundamentais para a vida celular, têm cargas elétricas positivas ou negativas. Portanto, há,
sim, eletricidade constante em seu corpo; não na mesma força de uma corrente elétrica de uma tomada, mas há.
A eletricidade com a qual estamos acostumados, é medida em volts, enquanto que a corrente elétrica que
percorre nosso corpo é medida em milivolts, ou seja, mil vezes mais fraca do que um volt. Os neurônios são
células capazes de usar destes íons para produzira atividade elétrica.
O potencial de ação é iniciado diante de um estimulo que pode ser temperatura, dor, luz, alteração de glicose
sanguínea, pressão arterial etc.
Na ausência de estímulo, dizemos que o neurônio está em estado de repouso. Nossos neurônios produzem
grandes proteínas carregadas com carga negativa, estas proteínas são ânions. No estado de repouso, o MIC do
neurônio acaba ficando negativo por causa desses grandes ânions de proteína. No repouso, também ocorre
entrada livre do íon potássio (K+) para o interior da célula.
A chegada de um estímulo faz com que canais iônicos sejam ativados na membrana celular do neurônio. Os
canais de sódio, por exemplo. Como o sódio (Na+) está mais concentrado no meio extracelular, por difusão
simples, ele tende a entrar no meio intracelular. É como em uma estação de metrô: se a plataforma está mais
cheia, comparada ao vagão, as pessoas tendem a entrar.
A entrada de uma alta quantidade de íons Na+ no MIC faz com que o interior do neurônio deixe de ser negativo e
fique positivo, invertendo a sua polaridade. A inversão de carga elétrica negativa para positiva é chamada de
Despolarização.

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Figura 13 - Despolarização
Fonte: Sakurra/Shutterstock

Lembrando que no MIC temos íons com cargas positivas e negativas, porém, em proporção, no estado de
repouso, temos muito mais cargas negativas do que positivas quando comparamos com o MEC. Por isso, muitos
autores descrevem o MIC como um ambiente mais negativo no repouso.

VOCÊ O CONHECE?
Henry Dale foi um farmacologista britânico que viveu de 1875 a 1968. Recebeu o prêmio Nobel
de 1936, por fazer descobertas sobre as comunicações químicas entre neurônios, que hoje
chamamos de sinapses.

Com a despolarização, a célula terá no seu interior os grandes ânions de proteína, os íons de Na+ e os íons de K+.
Para voltar ao seu estado normal de negatividade, o neurônio precisa remover a carga positiva. Ele começa
fazendo isso pelo K+, pois esse íon entra e sai do neurônio por transporte passivo, sem gasto energético.
Com a abertura dos canais de potássio, a célula vai deixando de ter uma carga tão positiva e vai voltando à
negatividade. Essa nova etapa é denominada Repolarização.
Com isso, aquele ambiente interno que estava positivo começa a se tornar negativo mais uma vez e, lentamente,
com gasto energético, o Na+ vai sendo bombeado para fora da célula.
A questão é que os canais de potássio são muito mais permeáveis do que os canais de sódio, portanto, mesmo
após o neurônio já ter atingido a voltagem interna necessária, os íons de potássio continuam a sair. O MIC do
neurônio, que deveria estar em torno de -65mV, agora fica bem mais negativo. A essa fase, denominamos
Hiperpolarização.

A célula agora encontra dois problemas: além de estar muito mais negativa do que deveria estar, o MIC ainda

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A célula agora encontra dois problemas: além de estar muito mais negativa do que deveria estar, o MIC ainda
está concentrado em sódio, e o MEC está concentrado em potássio, quando na realidade para a célula estar em
repouso, isso deveria ser ao contrário.
Nesse momento, entra em ação a bomba de sódio e potássio, que terá por responsabilidade o restabelecimento
do equilíbrio. Porém, para fazer isso, ela fará o uso de ATP (energia).
A bomba de Na+/K+ devolverá os íons para seus meios de origem, mas não na mesma proporção, pois não
podemos esquecer que ela precisa deixar o MIC mais negativo do que o MEC. Então, serão três Na+ para o MEC e
dois K+ para o MIC. Assim acontecerá até que as concentrações e cargas iônicas estejam novamente
restabelecidas e o neurônio volte ao estado de repouso e esteja pronto para receber um novo estímulo.
Resumindo: o potencial de ação do neurônio é composto pelas fases de repouso, despolarização, repolarização e
hiperpolarização.
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Toda essa descrição que fizemos sobre o potencial de ação parece demorar, mas, na realidade, cada potencial de
ação não ultrapassa a casa dos milésimos de segundos. Agora mesmo, ao ler e processar essas informações,
milhares de neurônios estão gerando potenciais de ação numa velocidade incrível. Desde os receptores
sensoriais localizados nos seus olhos e ouvidos, até o seu encéfalo, compreendendo cada palavra e organizando
em sua memória.
Sem dúvida alguma, o neurônio é fundamental para o funcionamento do SN. Mas a velocidade de propagação
desse impulso nervoso dependentes de algumas células da glia.
Você sabe como ocorre esse processo? Bem, para que uma corrente elétrica seja propagada, precisa de um meio
condutor. Por exemplo, se você estiver descalço num piso úmido e uma descarga elétrica atingir o piso, a chance
de você ser eletrocutado é grande, pois a água é condutora de eletricidade. Porém, se você estiver dentro de um
carro, a chance é menor, isso porque a borracha dos pneus é isolante elétrica.
A bainha de mielina é a própria membrana plasmática da célula de Schwann e do oligodendrócito, envolvida
sobre o axônio do neurônio. Como já vimos, no início deste capítulo, a composição da membrana plasmática é
fosfolipídica, portanto, isolante elétrica.
Isso aumenta a velocidade da propagação do impulso nervoso, pois aquele potencial de ação que percorreria
todo o axônio, agora acontecerá pontualmente entre uma bainha e outra, região que chamaremos de nós ou
nodos de Ranvier. Além disso, há economia de ATP, pois a bomba de sódio e potássio será ativada em alguns
momentos apenas.

Figura 14 - Células formadoras da Bainha de Mielina


Fonte: Designua; Pikiru/Shutterstock.

Na imagem, podemos ver as células responsáveis pela produção da bainha de mielina. Também observe de que

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Na imagem, podemos ver as células responsáveis pela produção da bainha de mielina. Também observe de que
forma a bainha de mielina aumenta a velocidade de propagação do impulso nervoso. Lembre-se que as etapas
acontecem de maneira completa apenas nos Nós de Ranvier.

VOCÊ SABIA?
A esclerose múltipla é uma doença degenerativa das células da glia, que formam a bainha de
mielina. Dessa maneira, os impulsos nervosos vão perdendo a velocidade de propagação de
maneira progressiva, até que o controle neural sobre os órgãos alvos se torna inefetivo.

E você sabe como os neurônios se comunicam? Clique nas setas para aprender sobre o tema.
Por meio de sinapses. Sinapse é a comunicação entre os neurônios. No sistema nervoso humano, a maior parte
das sinapses é do tipo química, ou seja, os neurônios utilizam substâncias químicas para se comunicar. Essas
substâncias químicas são chamadas de neurotransmissores. Os neurotransmissores mais conhecidos são a
adrenalina e a acetilcolina. Estas substâncias químicas são produzidas pelos neurônios e ficam armazenadas em
seu interior em pequenas bolsas, chamadas de vesículas sinápticas. As vesículas sinápticas liberam os
neurotransmissores no momento certo para que a sinapse possa acontecer.
De maneira geral, para que uma sinapse aconteça, precisamos de dois neurônios, sendo um neurônio pré-
sináptico e um neurônio pós-sináptico. Entre esses dois neurônios, há um pequeno espaço que os separa
chamado de fenda sináptica.
Durante a sinapse, o neurônio que recebe o estímulo e está despolarizando é o neurônio pré-sináptico. Durante a
despolarização, íons de cálcio entram no neurônio pré-sináptico e promovem a migração das vesículas sinápticas
para a área de sinapse e a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica. Esse neurotransmissor atua
sobre o neurônio seguinte, o pós-sináptico.
Quando o neurônio pós-sináptico despolariza sob ação do neurotransmissor, dizemos que esse
neurotransmissor é excitatório. Quando o neurônio pós-sináptico hiperpolariza sob ação do neurotransmissor,
dizemos que esse neurotransmissor é inibitório. Assim, um estímulo percebido pode ou não ser passado adiante
entre os neurônios.
Assista ao vídeo que preparamos para você e revise estes conceitos!
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Anatomicamente, o sistema nervoso pode ser dividido em Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico.
Recebem esses nomes pela sua localização em nosso corpo, um mais central, protegido pelos ossos do crânio e
da coluna vertebral, e outro espalhado por toda a periferia do corpo, desprotegido por ossos.
O sistema nervoso central (SNC) é formado por: Encéfalo e Medula Espinal, como mostra a imagem abaixo.

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Figura 15 - Partes do sistema nervoso central (SNC)
Fonte: takito/Shutterstock.

Já o sistema nervoso periférico (SNP), é formado por nervos e gânglios e terminações nervosas, como visto na
imagem abaixo.

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Figura 16 - Sistema nervoso periférico (SNP)
Fonte: Blamb/Shutterstock.

Agora, para saber mais sobre o SNP, clique nas abas abaixo.
Nervos Nervos são conjuntos de axônios.
Gânglios Gânglios são conjuntos de corpos celulares.
Conheça as regiões que compõem o sistema nervoso central e periférico no objeto tridimensional abaixo.
Movimente-o nas diferentes direções para ter uma visão completa do encéfalo, medula espinal e dos nervos.
As terminações nervosas do SNP são capazes de perceber qualquer alteração no ambiente externo ou interno ao
corpo. Essas terminações são chamadas de receptores, e são específicos e especializados em visão, olfato, tato,
dor, temperatura, pressão etc.
Assim que percebe qualquer estímulo, o neurônio é despolarizado, e a informação, transformada em um sinal
elétrico, é conduzida ao SNCentral. Os neurônios que desempenham essa função são chamados de aferentes ou
sensitivos. No SNCentral, o sinal elétrico será interpretado e lá a decisão sobre o que deve ser feito diante deste
estímulo é tomada. Essa resposta será conduzida para a periferia do corpo por um neurônio eferente ou motor.
Por exemplo: ao escutar seu telefone tocando, você estica a mão para atendê-lo, certo? Os neurônios que
conduziram à informação do som ao SNCentral são aferentes, neles, o impulso elétrico sai da periferia e vai para
o centro. Os neurônios que conduziram a resposta, esticar a mão para atender, são eferentes, neles o impulso
nervoso vai do centro para a periferia do corpo.
Para saber como essas informações migram pelo nosso corpo, clique no infográfico a seguir.
Perceba que essas “setas” representam as informações que vão e vêm. Elas formam o que chamamos de “vias”.
Toda a informação percebida é enviada por uma via aferente até o SNC, e toda resposta enviada migra por uma
via eferente até o SNP efetor que executará o comando.
As vias são como autoestradas de mão dupla, enquanto há informações sendo levadas, há informações sendo
trazidas pela medula espinal até o encéfalo e trazidas dele.

- 25 -
VOCÊ SABIA?
Você sabe qual a diferença principal em um indivíduo tetraplégico e outro paraplégico? O
primeiro é aquele indivíduo que teve perda de mobilidade e da sensibilidade nos quatro
membros. Já o segundo, diz respeito a um indivíduo que teve perda demobilidade e
sensibilidade nos membros inferiores. Mas, você sabe o que determina essa diferença? O local
da lesão medular. Como a medula espinal obrigatoriamente é o trajeto a ser percorrido pelos
neurônios que vão ou vem do encéfalo e, ela está inserida na coluna vertebral, qualquer lesão
mais grave na coluna pode interferir no funcionamento do sistema nervoso.
Uma pessoa que teve uma lesão cervical, ou seja, na região do pescoço, terá grandes chances de
se tornar um tetraplégico, pois as informações não conseguem passar do pescoço. Porém, uma
pessoa que teve uma lesão medular na região do tronco, terá mais chances de se tornar um
paraplégico.

O sistema nervoso também pode ser dividido em somático e visceral. O sistema nervoso somático é formado
por regiões do sistema nervoso que fazem um controle voluntário do organismo, enquanto o sistema nervoso
visceral faz o controle involuntário.
Por exemplo, você decide, de acordo com a sua vontade, se levantar ou se sentar, por meio do controle voluntário
dos músculos estriados esqueléticos. Estes, portanto, são controlados pelo sistema nervoso somático.
O sistema nervoso visceral está relacionado ao controle de órgãos formados por músculo liso, cardíaco ou que
sejam glândulas. O controle eferente das vísceras é realizado de maneira involuntária pelo sistema nervoso, ou
seja, independentemente da nossa vontade. Por exemplo, o coração ou o estômago: não podemos controlar o seu
funcionamento de acordo com a nossa vontade. É como se o SN agisse com autonomia para o controle das
vísceras. Por causa dessa característica, costumamos chamar as regiões do SN que controlam as vísceras de
Sistema Nervoso Autônomo.
Assim, para conhecer mais sobre o funcionamento do sistema nervoso, clique no infográfico abaixo.
O SNC, como já foi dito anteriormente, está dividido em encéfalo e medula espinal. Mas existem ainda algumas
subdivisões anatômicas na qual é importante estudarmos.
O encéfalo é dividido em: cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Por sua vez, o cérebro é subdividido em
telencéfalo e diencéfalo, e o tronco encefálico em mesencéfalo, ponte e bulbo. Confira no esquema a seguir.

Figura 17 - Divisão do SNC

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Cada uma dessas regiões tem funções especializadas na manutenção da homeostase, você estudará sobre elas
nos próximos capítulos. No entanto, é importante conhecer mais sobre o tema, por isso, observe a figura abaixo.

Figura 18 - Partes do cérebro


Fonte: Adaptado de Sebastian Kaulitzki/Shutterstock.

O telencéfalo é ainda dividido em dois hemisférios (direito e esquerdo), por meio da fissura longitudinal do
cérebro. Cada hemisfério é dividido em cinco lobos: lobo frontal, parietal, temporal, occipital e insular.
Nesses lobos, encontramos os principais centros de controle como raciocínio, linguagem, movimento, memoria,
inteligência, emoções, sentidos etc.

- 27 -
CASO
Recentemente, em nosso país, a epidemia do zika vírus causou o nascimento de muitas
crianças portadoras de microcefalia. O vírus da zika ataca justamente os neurônios em
formação durante a gestação, impedindo que os lobos do telencéfalo se formem
adequadamente. Essas crianças poderão apresentar algumas dificuldades motoras, do
raciocínio e da linguagem.

Cada lobo do telencéfalo é formado por diversos giros, que são separados um do outro pelos sulcos. Confira na
imagem abaixo.

Figura 19 - Lobos cerebrais


Fonte: Moore, Dalley e Agur (ano, p. 862).

No diencéfalo, uma região logo abaixo do telencéfalo, encontramos estruturas responsáveis pelo controle do
sistema nervoso autônomo e a glândula hipófise. A hipófise é responsável por produzir hormônios que
controlam quase que todas as outras glândulas do corpo.

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Figura 20 - Região do Diencéfalo: Hipotálamo e Hipófise
Fonte: Tefi/Shutterstock

O tronco encefálico é dividido em mesencéfalo, ponte e bulbo e suas funções estão relacionadas ao controle da
atividade elétrica cortical, do sono e da vigília e dos nervos que controlam funções da cabeça.
O cerebelo está relacionado à manutenção da postura, do equilíbrio e da coordenação motora. Já a medula
espinal, por sua vez, serve como um meio de condução das informações do encéfalo para a periferia do
organismo do pescoço para baixo e vice-versa. Por isso, quando há lesão medular, pode-se perder o controle
motor e a sensibilidade dessas regiões. Porém, a medula espinal não ocupa todo o interior do canal vertebral. Em
uma pessoa adulta ela apresenta aproximadamente 45 cm e termina na altura da segunda vértebra lombar (L2).
A seguir, clique nas partes coloridas e conheça mais sobre essas importante partes do encéfalo.
Antes de passar para o próximo capítulo, realize a atividade especialmente proposta para testar seus
conhecimentos sobre esse tema. Vamos lá?

Síntese
Vimos em nossos estudos que o nosso organismo está em uma busca constante pela homeostase, e que ela é
regida pelo sistema nervoso. Além disso, você pôde entender os principais constituintes corporais e estudar
sobre os principais sistemas do nosso corpo.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• conhecer as estruturas anatômicas que compõem o SNC e o SNP;
• compreender de que forma eles se integram e suas principais funções;
• aprender de que forma os neurônios se comunicam e quais as células responsáveis pela manutenção
deste tecido.

- 29 -
Bibliografia
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Histologia básica: Texto e Atlas. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2013.
LAROSA, P. R. R. Anatomia humana: Texto e Atlas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2014.
TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. Corpo Humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2016.

- 30 -
ESTRUTURA E FUNÇÃO HUMANA

CAPÍTULO 2 – COMO NOS LOCOMOVEMOS E


DAMOS SUSTENTAÇÃO AOS NOSSOS
ÓRGÃOS?
Juliane Cristina de Souza Silva Brito / Vivian Alessandra Silva

-1-
Introdução
Neste capítulo, iremos estudar os sistemas envolvidos na movimentação de nosso corpo: o sistema esquelético,
articular e muscular. Você sabe de que forma esses sistemas se integram? Por meio do Tecido Conjuntivo, e é por
ele que iniciaremos a nossa unidade.
Mas, antes de aprendermos sobre o tecido conjuntivo, precisamos relembrar o que é um tecido, certo?
Tecido é um conjunto de células associadas a uma matriz extracelular. O que varia de um tecido para outro são
os grupos de células e a composição dessa Matriz Extracelular (MEC). A MEC tem, em sua constituição, uma parte
fibrilar, com fibras colágenas e elásticas e uma parte não fibrilar, que, pela literatura, conhecemos como
Substância Fundamental Amorfa (SFA) ou apenas substância fundamental, que possui glicosaminoglicanos,
proteoglicanos e glicoproteínas. A substância fundamental tem a consistência de um gel. As proporções dessas
partes (fibrilar ou não fibrilar) variam muito de um tecido para outro, de acordo com a sua função. Além de
proporcionar suporte estrutural ao tecido, a MEC regula o comportamento celular (proliferação, diferenciação,
migração e morfologia).
A ciência que estuda os tecidos é a Histologia. Devido ao pequeno tamanho das nossas células e tecidos, o estudo
da histologia é realizado por meio do uso de microscópios. Para que um tecido possa ser estudado ao
microscópio, ele precisa ser preparado. Nessa preparação, o órgão ou tecido que se deseja estudar deve ser
retirado de um organismo vivo, fixado para manter suas características e fatiado em cortes muito delgados, que
devem ser colocados sobre lâminas de vidro.
Após colocar os cortes histológicos nas lâminas de vidro, eles devem ser corados, pois a maior parte dos tecidos
são incolores. Há muitos tipos diferentes de coloração. A que iremos utilizar com maior frequência em nosso
curso é a coloração por hematoxilina e eosina (HE). A hematoxilina cora de azul ou violeta o núcleo das células e
a eosina cora o citoplasma e o colágeno de cor-de-rosa.
Agora que já compreendemos o que é um tecido, podemos conhecer mais sobre o tecido conjuntivo. Fique atento
e bons estudos!

2.1 Tecido Conjuntivo


Veja um resumo dos tópicos abordados neste capítulo, assistindo ao vídeo que preparamos para você!
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O tecido conjuntivo é um tecido altamente especializado, capaz de se diferenciar em tecido adiposo, tecido ósseo,
tecido cartilaginoso, tecido sanguíneo, entre outros. Inicialmente, vamos estudá-lo na sua forma original, ou,
como na literatura é apresentado, tecido conjuntivo propriamente dito. Ele é caracterizado por apresentar
grande proporção de MEC quando comparado à proporção celular. Devido a isso, as células do tecido conjuntivo
se apresentam de forma dispersa, afastadas entre si.
Veja, no quadro abaixo, características do tecido conjuntivo.

-2-
Quadro 1 - Características do tecido conjuntivo.
Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

Quando dizemos que as células são morfofuncionalmente diferentes, significa dizer que o tecido conjuntivo é um
tecido que possui células com características e funções distintas. São estas as principais: fibroblastos, fibrócitos,
macrófagos, mastócitos, plasmócitos e células mesenquimais. Você sabe o que são Fibroblastos e Fibrócitos?
São as células mais comuns no tecido conjuntivo. Elas se apresentam de forma alongada, com longos
prolongamentos e núcleo eucromático. Os fibroblastos e fibrócitos são as células responsáveis pela síntese dos
componentes da matriz extracelular: as fibras colágenas e as fibras elásticas, além da própria substância
fundamental amorfa.

Figura 1 - Fibroblastos.
Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

Quando essas células diminuem seu metabolismo, passam a ser chamadas Fibrócitos. Eles são menores, com
núcleo mais heterocromático.

-3-
Figura 2 - Fibrócitos.
Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

Agora, diante de uma necessidade de manutenção ou renovação da MEC, um fibrócito é capaz de retornar ao
estágio de fibroblasto.

Figura 3 - Renovação da MEC.


Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

Os macrófagos também são muito abundantes no tecido conjuntivo, facilmente observáveis pelo núcleo ovoide
ou pela forma de rim e excêntrico.

Você sabia que a membrana plasmática apresenta projeções que ajudam no movimento celular e na fagocitose?

-4-
Você sabia que a membrana plasmática apresenta projeções que ajudam no movimento celular e na fagocitose?
Isso mesmo. Além disso, os macrófagos são capazes de fagocitar e digerir bactérias, restos celulares e
substâncias estranhas. Sua migração pelo tecido ocorre devido à capacidade de secreção de colagenase, elastase
e enzimas que degradam os glicosaminoglicanos, facilitando a migração pela matriz extracelular. Além disso, são
também conhecidas como células apresentadoras de antígeno, devido à sua capacidade de expor os antígenos
em sua superfície, levando à ativação de células de defesa, como os linfócitos T, que ativam respostas imunes
contra esse microrganismo.

Figura 4 - Macrófago.
Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

Os Mastócitos são células grandes, ovoides, com núcleo esférico e central e citoplasma preenchido com grânulos,
que contêm os mediadores químicos da reação alérgica e do processo inflamatório, como a histamina e a
heparina.
Agora, imagine a seguinte situação: um corpo estranho adentra ao tecido e os macrófagos residentes não são
suficientes para combatê-lo. Essas substâncias secretadas pelo mastócito aumentam a permeabilidade e
vasodilatação, permitindo que outras células de defesa possam migrar para o local necessário. Por isso, é muito
comum encontrarmos mastócitos nas proximidades de vasos sanguíneos.

-5-
Figura 5 - Mastócitos.
Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

Já, os plasmócitos são células ovoides, com núcleo esférico e excêntrico. Essas células são produtoras de
anticorpos e auxiliam os macrófagos e mastócitos da defesa do tecido.

Figura 6 - Plasmócitos.
Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

Os tecidos conjuntivos originam-se do mesênquima, que é um tecido embrionário formado por células

-6-
Os tecidos conjuntivos originam-se do mesênquima, que é um tecido embrionário formado por células
alongadas, as células mesenquimais. Morfologicamente, essas células apresentam um núcleo oval e muitos
prolongamentos citoplasmáticos.

Figura 7 - Células mesenquimais.


Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

Lembre-se de que as células mesenquimais originam todos os tipos de células do tecido conjuntivo.
É importante mencionar que o tecido conjuntivo é o único tecido vascularizado. Nenhum dos demais tecidos
fundamentais recebe a nutrição direta do sangue. Por isso, é necessária a presença de tecido conjuntivo
associado a todos os demais tecidos fundamentais. Por exemplo, no capítulo anterior, estudamos o sistema
nervoso e o tecido no qual é formado. Você se lembra das estruturas anatômicas que formam o SNC? O encéfalo e
medula espinal, certo? Existe um tecido conjuntivo que nutre essas estruturas, que são as meninges. Elas são
compostas por três camadas de tecido conjuntivo: a mais superficial denominada Dura Mater, a intermediária
denominada Aracnoide Mater e a mais profunda, denominada Pia Mater.

VOCÊ SABIA?
A meningite é uma inflamação nas meninges, as membranas conjuntivas que revestem o
sistema nervoso central. Essa infecção geralmente é ocasionada por um vírus ou por uma
bactéria, é altamente contagiosa e precisa ser tratada com urgência. Pode ser prevenida por
vacinas.

Já o SNP (nervos e gânglios) também é envolvido por tecido conjuntivo. Epineuro, Perineuro e Endoneuro
compõem o tecido conjuntivo que envolve o SNP.

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Figura 8 - Tecidos conjuntivos que envolvem o SNP.
Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

O tecido conjuntivo que envolve os nervos é chamado de epineuro. Ele emite ramos que envolvem feixes
nervosos, os quais chamamos de perineuro. Por fim, o tecido conjuntivo que envolve cada axônio é chamado de
endoneuro.
Todos os demais tecidos fundamentais que estudaremos também terão um tecido conjuntivo aderido. Conforme
formos estudando esses tecidos, você será avisado da presença dele. Lembre-se de que o tecido conjuntivo é o
único tecido vascularizado, portanto, toda a nutrição será feita por meio dele.
Apesar de estar espalhado por todo o corpo, o tecido conjuntivo não se apresenta sempre da mesma forma.
Podemos classificar o tecido conjuntivo de acordo com a proporção entre MEC e células. Veja na imagem a seguir.

-8-
Figura 9 - Lâmina histológica de tecido conjuntivo frouxo e denso.
Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

Na imagem, temos uma lâmina histológica ilustrando acima o tecido conjuntivo frouxo e abaixo um tecido
conjuntivo denso. Repare em como há diferença na proporção entre células e fibras dos dois tecidos. No frouxo,
encontramos a mesma proporção, enquanto que abaixo existem muito mais fibras do que células.
O tecido conjuntivo frouxo se apresentará em locais de pouco atrito e maior necessidade nutricional. Por outro
lado, o tecido conjuntivo denso, por apresentar maior quantidade de fibras, será encontrado em locais de maior
necessidade de resistência.
Ainda podemos classificar o tecido conjuntivo denso de duas formas. Acompanhe, clicando nas abas abaixo.

Fibras desalinhadas

Tecido conjuntivo Denso Não Modelado.


Fibras alinhadas na mesma direção

Tecido conjuntivo Denso Modelado.

Perceba que quanto maior o alinhamento das fibras, maior a resistência oferecida ao tecido, conforme
representado na figura abaixo.

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Figura 10 - Tecido conjuntivo.
Fonte: Histology Guide, [s.d]

O tecido conjuntivo denso não modelado é encontrado na derme. A derme pode receber tração em várias
direções, daí a importância das fibras colágenas se arranjarem em muitas direções diferentes.

VOCÊ QUER LER?


Para conhecer mais sobre os tecidos conjuntivos encontrados na derme, acesse a Minha
Biblioteca e leia as páginas 11 e 12 do livro Fundamentos de Estética 3 – Ciências da Pele
Tradução da 10a edição norte-americana Milady’s Standard. Joel Gerson, Janet D’Angelo,
Shelley Lotz, Sallie Deitz, Catherine M. Frangie, John Halal. Ed Cengage, 2012.

O tecido conjuntivo denso modelado é encontrado nos tendões que fixam nossos músculos ao esqueleto. Nos
tendões, a tração é aplicada sempre na mesma direção e o arranjo paralelo das fibras colágenas aumenta a
resistência destas estruturas.

VOCÊ QUER VER?


Para constatar a grande quantidade de fibras colágenas presentes em um tendão e seu arranjo
paralelo, acesse o site Histologia. Disponível em: <http://mol.icb.usp.br/index.php/4-36-
tecido-conjuntivo/>.

Você conheceu um dos tecidos fundamentais de nosso corpo, que acompanha todos os demais tecidos. A
composição desse tecido determina a função que aquela estrutura terá. Se for denso, terá mais resistência, se for
frouxo, maior nutrição.
Na sequência, acompanhe mais sobre o tema.

Agora, dando sequência aos seus estudos sobre os sistemas envolvidos na locomoção de nosso corpo, vamos

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Agora, dando sequência aos seus estudos sobre os sistemas envolvidos na locomoção de nosso corpo, vamos
aprender sobre o sistema esquelético. Mantenha-se atento!

2.2 Sistema Esquelético: Esqueleto Axial e Apendicular e


Tecido Ósseo
O esqueleto é formado por ossos e cartilagens. O esqueleto humano é composto por 206 ossos, e divide-se em
esqueleto axial e apendicular.
Neste tópico, estudaremos especificamente o esqueleto axial, apendicular e tecido ósseo. Vamos lá?!
Antes, assista à videoaula que preparamos para introduzir você ao tema do sistema esquelético.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550581977&entry_id=1_6do1qnmy
Na sequência, estudaremos sobre as funções dos sistema esquelético.

2.2.1 Funções do sistema esquelético


A maior parte do sistema esquelético é composta por ossos. Eles são um tecido vivo e dinâmico que nos auxiliará
em diversas funções, desde suporte e proteção à manutenção da funcionalidade de outras células. Vejamos as
funções mais detalhadas, clicando nas abas a seguir.
Formação do O formato do corpo humano é devido ao sistema esquelético. É possível identificarmos a
arcabouço espécie animal, observando apenas seu esqueleto.
É o sistema esquelético o principal responsável pela sustentação dos demais tecidos moles,
Suporte
como órgãos e músculos.
Órgãos considerados vitais, como o coração e o encéfalo, são completamente protegidos pelo
Proteção
sistema esquelético.
Os ossos, juntamente com as articulações e músculos, são os responsáveis pela locomoção.
Movimento Dizemos que o esqueleto é o elemento passivo do movimento, enquanto os músculos são os
elementos ativos do movimento.
Como já discutimos na introdução deste capítulo, o tecido ósseo é um tipo de tecido
Produção de
conjuntivo. Sendo assim, no interior de alguns ossos, encontramos uma região denominada
células
medula óssea. Nessa região, encontram-se diversas células mesenquimais que dão origem às
sanguíneas
células sanguíneas.
Na matriz extracelular do tecido ósseo, encontram-se muitos minerais, em especial o cálcio,
Armazenamento que conferem rigidez ao osso, permitindo que ele realize a função de sustentação. Além
de minerais disso, os ossos também armazenam minerais para serem utilizados por outras células do
corpo.
Acompanhe na figura seguinte diferentes tipos de esqueleto. Perceba que é possível apontar o animal a partir da
sua estrutura óssea.

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Figura 11 - Diferentes formatos de esqueletos.
Fonte: Shutterstock.com.

Na sequência, estudaremos como está classificado o sistema esquelético.

2.2.2 Divisão do sistema esquelético


O sistema esquelético é dividido em Esqueleto Axial e Esqueleto Apendicular. Esses sistemas são formados por
ossos, 206 em média, em um indivíduo adulto.
Você sabia que a palavra “axial” vem de “eixo principal”. Por isso, essa parte do esqueleto é formada pelos ossos
da cabeça, pescoço e tronco. Já a palavra “apendicular” vem de “apêndice” ou “algo anexado, apenso”. Essa parte
do esqueleto é formada pelos ossos dos membros superiores e inferiores.

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Figura 12 - Esqueleto humano: axial e apendicular.
Fonte: Sebastian Kaulitski/Shutterstock.

Os pontos de conexão entre os dois esqueletos recebem o nome de cíngulos. Portanto, cíngulos são ossos que
unem os membros ao tronco. O cíngulo do membro superior é formado pela clavícula e escápula, e o cíngulo do
membro inferior é formado pelo osso do quadril.

Figura 13 - Esqueleto humano: cíngulos.

Fonte: sithii/Shutterstock.com.

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Fonte: sithii/Shutterstock.com.

A seguir, você aprenderá sobre a classificação dos ossos. Vamos lá?

2.2.3 Classificação dos ossos


Você já deve ter notado que os ossos não têm o mesmo formato, certo? Na anatomia, podemos classificar os
mesmos quanto àquilo que visualizamos. Por isso, os ossos podem ser classificados quanto ao comprimento (C),
largura (L) e espessura(E).
No quadro seguinte, elencamos as principais características dos ossos. Acompanhe.

Quadro 2 - Classificação dos ossos.


Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.

Os ossos longos apresentam duas extremidades alargadas, as epífises, e uma parte central e alongada, a diáfise.
Em indivíduos em fase de crescimento, encontramos entre a epífise e a diáfise um disco de cartilagem hialina,
chamado de disco epifisial. É o disco epifisial que permite o crescimento ósseo em comprimento.
Externamente, o osso é revestido pelo periósteo, um tecido conjuntivo, vascularizado, que protege o osso,
permite a inserção de músculos e ainda produz células ósseas, permitindo o crescimento ósseo em espessura.

VOCÊ SABIA?
Você sabia que sempre que ocorre uma fratura no osso, a reparação é realizada pelo periósteo?
É ele quem produz novas células ósseas e repara o osso fraturado.

Dentro da diáfise, encontramos o canal medular. O canal medular guarda a medula óssea. Há dois tipos de
medulas ósseas: a vermelha, responsável pela hematopoiese, a produção de células do sangue e a amarela, um
acúmulo de gordura.

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Figura 14 - Ossos longos.
Fonte: Alexander_P/Shutterstock.com.

Os ossos pneumáticos apresentam uma cavidade revestida por mucosa, contendo ar no seu interior, denominada
seio. Há cinco ossos pneumáticos no nosso corpo: são os ossos frontal, esfenoide, etmoide, temporal e maxila.

VOCÊ SABIA?
Você sabia que sinusite é uma inflamação? A sinusite é a inflamação da mucosa que reveste o
interior dos ossos pneumáticos.

Uma vez que já identificamos algumas características dos ossos, vamos dar sequência aos nossos estudos,
conhecendo mais sobre eles. Mas não estudaremos os 206 ossos, vamos conhecer os principais. Vamos lá?!
Agora, vamos conhecer os principais ossos do pescoço e coluna vertebral.
Na região do pescoço, temos, numa posição anterior, apenas um osso, o osso hioide, localizado logo abaixo da
mandíbula.
Formando a coluna vertebral, temos um total 33 vértebras. Vamos conhecê-las? Para tanto, observe a imagem a
seguir.

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Figura 15 - Coluna vertebral.
Fonte: Shutterstock.

Você pôde ver que as vértebras recebem estes nomes devido a região do tronco na qual estão localizadas. Por
exemplo, perceba que as vértebras torácicas estão localizadas no tórax.
Vamos fazer a distinção entre elas? Observe as imagens seguintes e confira!

Figura 16 - Tipos de vértebras.


Fonte: Mophart Creation/Shutterstock.

A região de apoio das vértebras é chamada “corpo da vértebra”. Observe que as vértebras cervicais têm a menor

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A região de apoio das vértebras é chamada “corpo da vértebra”. Observe que as vértebras cervicais têm a menor
área de corpo, isso porque precisam apenas sustentar o peso da cabeça. Já as lombares, têm a maior área de
corpo, pois precisam sustentar a cabeça e todo o tronco.
Além disso, podemos distinguir as vértebras, pela angulação do “processo espinhoso”. As torácicas possuem uma
angulação de cerca de 60 graus, enquanto as lombares apresentam o processo espinhoso perpendicular ao corpo
da vértebra. Existem ainda muitas outras diferenças morfológicas, porém, essas duas já são suficientes para se
distinguir.

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Figura 17 - Coluna vertebral.
Fonte: Sciencepics/Shutterstock.

Nas imagens anteriores, temos uma comparação entre três tipos de vértebras (cervicais, torácicas e lombares).

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Nas imagens anteriores, temos uma comparação entre três tipos de vértebras (cervicais, torácicas e lombares).
Repare que existem diversas diferenças morfológicas entre elas. Isso porque cada uma precisa oferecer suporte
e movimentação diferentes.
Na sequência, vemos os ossos do tórax. Essa figura representa a caixa torácica. Nela, você pode observar o
esterno, costelas verdadeiras, costelas falsas e costelas flutuantes. Temos ao todo, doze pares de costelas, sendo
que os sete primeiros pares correspondem costelas verdadeiras e os demais, a falsas. O que determina se uma
costela é verdadeira ou falsa é a presença da cartilagem hialina que une a costela ao osso esterno. Esta
cartilagem é chamada de cartilagem costal.
Se a costela possui uma cartilagem costal própria associada ao osso esterno, esta é chamada costela verdadeira.
Porém, se a costela funde sua cartilagem com a de outra costela, para só depois se conectar ao osso esterno, é
denominada “falsa”. As costelas que não se conectam ao osso esterno são chamadas, além de falsas, flutuantes.
Para conhecer mais sobre esse tema, observe a imagem abaixo.

Figura 18 - Tipos de costelas.


Fonte: Shutterstock.com.

Agora, passaremos ao estudo do esqueleto apendicular. Começaremos com o membro superior. Os ossos que
formam o membro superior são: úmero, rádio, ulna, ossos do carpo, ossos do metacarpo e falanges.
Antes de identificarmos os ossos, vamos relembrar as regiões que compõem o membro superior.

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Figura 19 - Membros superiores.
Fonte: Magic mine/Shutterstock.

No braço, temos apenas um osso chamado úmero. O antebraço é formado por dois ossos, um mais lateral,
chamado rádio e um mais medial, chamado ulna. A mão é formada por vinte e sete ossos. Em nossos estudos,
vamos chamá-los apenas de carpo, metacarpo e falanges (proximais, medias e distais).

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Figura 20 - Membros superiores.
Fonte: Shuttersctok.com.

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VOCÊ SABIA?
O estudo da Anatomia Humana é uma das áreas mais tradicionais do ensino em Saúde. Mas há
cerca de uma década, essa área da ciência está em franca modernização. Atualmente, acredita-
se que a melhor maneira de se aprender a anatomia humana é pelo uso de diferentes
metodologias que permitam a percepção do corpo humano em seus mais diferentes aspectos.
Uma das maneiras de se aprender anatomia é por meio da Anatomia Viva. E o que é a
Anatomia Viva? É uma metodologia que pretende ensinar a anatomia em pessoas vivas por
meio da anatomia palpatória, da anatomia de superfície, da ausculta dos diferentes sons
do organismo vivo, da pintura corporal, dos exames de imagem e de procedimentos
clínicos e cirúrgicos. Em nosso curso, você encontrará algumas inserções da Anatomia Viva,
reforçando o que foi visto nos textos e exercícios, e levando à aplicação profissional o que você
tem aprendido conosco. Bem-vindo ao mundo da Anatomia Viva!
Para saber mais, leia o artigo New path for teaching anatomy: Living anatomy and medical
imaging vs. Dissection. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/ar.b.
20040>.

Agora, palpe em você os ossos do membro superior. Para ajudá-lo nesta tarefa, acompanhe o objeto abaixo.
E já que estamos falando sobre a mão, você sabia que nossos dedos são numerados? Os dedos da mão são
numerados de I à V a partir do polegar. Veja a imagem abaixo.

Figura 21 - Numeração dos dedos da mão.


Fonte: corbac_40/Shutterstock.com.

Da mesma forma que o membro superior, o inferior também possui algumas regiões, observe:

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Figura 22 - Membros inferiores.
Fonte: Magic mine/Shutterstock.

Nosso membro inferior é formado por coxa, perna e pé. A proporção de ossos é bem semelhante à dos membros
superiores: um osso formando a coxa, dois ossos formando a perna e cerca de vinte e seis, formando os pés,
sendo eles: fêmur, tíbia, fíbula, patela, tarso, metatarso e falanges (proximais, médias e distais).
A coxa é formada por um único osso, o maior do nosso corpo, chamado fêmur. A perna, assim como o antebraço,
também é formada por dois ossos: tíbia mais medial e fíbula mais lateral. Já o pé é formado por vinte e seis ossos.
Da mesma forma que, na mão, vamos generalizá-los em ossos do tarso, metatarso e falanges (proximais, medias
e distais).
Para conhecer mais sobre os ossos dos membros superiores, observe a imagem a seguir.

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Figura 23 - Membros inferiores.
Fonte: Shutterstock.com.

Agora palpe em você os ossos do membro inferior, com a ajuda do objeto a seguir.
Na sequência, vamos estudar sobre os cíngulos. Eles fazem parte do esqueleto apendicular. Os ossos do cíngulo
do membro superior são a clavícula e escápula. O cíngulo do membro inferior é formado por um único osso: o
osso do quadril. O osso do quadril é formado por três partes: ílio, ísquio e púbis.
Confira os ossos que formam o cíngulo de membro superior.

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Figura 24 - (A) Cíngulo do membro superior: escápula e clavícula. (B) Cíngulo do membro inferior: osso do
quadril.
Fonte: Sciencepics/Shutterstock.

Agora palpe em você os ossos dos cíngulos, com a ajuda do objeto abaixo.
Você sabia que os exames de imagem, além de permitirem o diagnóstico de muitas doenças, são ferramentas
muito úteis para o estudo da morfologia do corpo humano. Agora, vamos apresentar alguns destes exames para
vocês durante o nosso curso. Começaremos com as radiografias. A radiografia é uma técnica de exame de
imagem que utiliza raios X para verificar um material cuja composição não é uniforme, como o corpo humano. A
densidade e a composição de cada área do corpo determinam a quantidade de raios X absorvida e que será
capturada por um filme fotográfico. Dessa maneira, estruturas mais densas, como ossos, aparecerão mais claras,
e estruturas menos densas, como músculos e cartilagens, aparecerão mais escuras.

Vamos ver se você consegue identificar alguns ossos do corpo humano nas imagens abaixo? É fácil! Você

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Vamos ver se você consegue identificar alguns ossos do corpo humano nas imagens abaixo? É fácil! Você
consegue! Para tanto, fique atento à atividade abaixo.
Agora, vamos ver como você se sai com imagens do corpo. Para tanto, clique e arraste os nomes dos ossos nos
lugares adequados.

VOCÊ QUER LER?


Se você se interessou em conhecer os ossos que compõem o nosso corpo e quer conhecer
ainda mais sobre eles, sugerimos algumas leituras. Confira!
NETTER, Frank Henry. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

Vamos, agora, discutir um pouco acerca do tecido que forma os ossos: o tecido ósseo.

2.2.4 Tecido Ósseo


O tecido ósseo é o único do nosso corpo que apresenta tamanha rigidez. Isso porque, dentre os constituintes da
matriz extracelular, temos uma parte inorgânica (mineral). Apesar disso, não é um tecido morto, ao contrário, se
apresenta com muito dinamismo devido à atividade constante das células que o compõem.
As células principais do tecido ósseo são: osteoblastos, osteócitos e osteoclastos.

Quadro 3 - Tecido ósseo.


Fonte: Elaborada pela autora, 2018.

Você sabia que “blasto” significa uma célula jovem, de alto metabolismo? Já “osteo” significa osso. Se, no tecido
conjuntivo propriamente dito, havia uma célula jovem que produzia fibras (fibroblasto), agora temos uma célula
jovem que produz a matriz óssea (osteoblasto).
Em nosso organismo, não temos uma célula produtora de cálcio, ele é provindo de nossa alimentação. As células
musculares só conseguem produzir a contração se houver cálcio disponível, portanto, são grandes consumidoras
de cálcio. Nem sempre há cálcio o suficiente circulando na corrente sanguínea para que as células musculares
possam produzir a contração. Nesse caso, o organismo terá de retirar o cálcio dos ossos, onde ele fica esticado

em grandes quantidades. Dessa maneira, como as células do nosso corpo podem garantir que sempre haverá

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em grandes quantidades. Dessa maneira, como as células do nosso corpo podem garantir que sempre haverá
cálcio circulando, independentemente da nossa ingestão desse mineral? Estocando.
Os osteoblastos são células que captam o cálcio provindo da corrente sanguínea e o transferem para a matriz
óssea, formando os ossos que estudamos anteriormente. Os osteoblastos têm forma cúbica ou poligonal quando
em atividade, e alongada quando inativos (osteócitos). O núcleo é excêntrico e eucromático.

Figura 25 - Lâmina de tecido ósseo. Região apontada: osteoblastos.


Fonte: White dragon/Shutterstock.

Os osteoblastos são as células que sintetizam a matriz óssea (em rosa, na lâmina histológica) e conforme estas
células vão formando o osso, ficam aprisionadas dentro de lacunas ósseas, a chamamos de sistema de havers. A
partir daí o metabolismo celular diminui, e passam a ser chamadas de osteócitos.

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Figura 26 - Tecido ósseo. Sistema de Havers (círculo); Canal de Havers (seta).
Fonte: Shutterstock.com.

Na imagem acima vemos um sistema de Havers, dentro do círculo. Veja que, ao centro do sistema, há um canal,
chamado de canal de Havers. No interior desse canal, passam vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição do
tecido ósseo.
Entendemos a função do osteoblasto e do osteócito, mas e quanto ao osteoclasto? Essa célula tem a função de
degradar a matriz óssea, devolvendo o cálcio para a corrente sanguínea. Para quê? Para que esse sangue possa
conduzir o cálcio até as células musculares e ser utilizado por elas.
Não adianta você ter um armário cheio de comida, se você não o abre para comer. Não adianta ter um osso cheio
de cálcio, se o músculo não consegue fazer uso dele.
A homeostase óssea é garantida pelo equilíbrio do trabalho do osteoblasto e do osteoclasto.
Para ajudar na compreensão, imagine a seguinte situação: uma casa está sendo reformada. Nessa reforma, o
ritmo de quem quebra e quem constrói deve ser o mesmo, senão, a reforma da casa demorará, ou não
acontecerá.

Figura 27 - Reforma de uma casa.


Fonte: sima;josepizarror/Shutterstock.

Perceba, então, que as células ósseas, osteoblastos e osteoclastos, devem trabalhar no mesmo ritmo, se quiserem
manter o osso rígido e os músculos contraindo.

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VOCÊ SABIA?
A osteoporose é uma doença na qual há um enfraquecimento progressivo dos ossos, com
riscos de fraturas sérias. Ela acontece por um desequilíbrio na ação entre osteoblastos e
osteoclastos, geralmente uma hiperatividade de osteoclastos.
A osteoporose é muito comum entre mulheres pós-menopausa, pois um dos hormônios
femininos é responsável justamente por manter essa homeostase entre a formação e a
degradação óssea.

Apesar de ser uma especialização do tecido conjuntivo, o tecido ósseo, devido à sua mineralização, apresenta
dificuldades em distribuir seus nutrientes. Assim, temos, adjacente ao tecido ósseo, um tecido conjuntivo
propriamente dito que permite essa vascularização. O tecido conjuntivo que rodeia os ossos é chamado de
Periósteo. Ele gera invaginações para dentro do tecido, permitindo uma vascularização interna, chamada de
Endósteo, acompanhe.

Figura 28 - Tecido conjuntivo que envolve o tecido ósseo.


Fonte: Explode/Shutterstock.

Agora que concluímos nosso estudo sobre o tecido ósseo, você consegue perceber como nossos ossos não são
tecidos mortos e estáticos, com função apenas de sustentação? Ao contrário, nossos ossos são vivos e participam
ativamente da manutenção da nossa homeostase corporal. Portanto, cuide deles, enriqueça sua alimentação com
cálcio e se exponha ao sol por quinze minutos diários. Dessa maneira, você estará ajudando seus osteoblastos a
formarem um estoque ainda mais forte de cálcio. E pratique exercícios regularmente, dessa forma, você estará
ajudando seus osteoclastos a terem um objetivo, ao lançar cálcio na corrente sanguínea para os músculos.
Antes de prosseguir com seus estudos, vamos realizar mais uma atividade!
Você aprenderá, na sequência, sobre as articulações e cartilagens. Siga em frente e bons estudos!

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2.3 Articulações e cartilagens.
Articulação é qualquer união entre partes rígidas do esqueleto, não importando o grau de movimento que haverá
entre as partes. Bastou ter duas estruturas rígidas conectadas, pronto, isso já é uma articulação. Podemos
encontrar articulações entre ossos, entre cartilagens, entre ossos e cartilagens, entre dentes e ossos etc.
As articulações podem ser classificadas quanto ao tecido interposto (que tipo de “cola” está unindo) e quanto à
mobilidade. De acordo com o tecido interposto entre as partes rígidas, as articulações se dividem em
articulações fibrosas, cartilaginosas e sinoviais.

2.3.1 Articulações fibrosas.


As articulações fibrosas utilizam tecido conjuntivo denso para unir as partes rígidas do esqueleto. O exemplo
mais clássico de uma articulação fibrosa é a Sutura. Caso você já tenha se acidentado e precisou “tomar pontos”,
você foi submetido a uma sutura. Sutura significa uma união entre duas extremidades, de uma forma tão íntima,
que parecem estar fundidas. Por isso, dizemos que as articulações fibrosas apresentam pouco ou nenhum
movimento.
Na figura a seguir, você pode observar diferentes estágios de cicatrização de uma sutura. No canto esquerdo,
perceba uma sutura mais recente. Consequentemente, na outra extremidade da figura, você pode ver uma sutura
mais “antiga” e, portanto, completamente cicatrizada. Perceba que, mesmo no estágio inicial, a impressão que
temos é de que as bordas da sutura já estão completamente unidas.

Figura 29 - Diferentes estágios de cicatrização de uma sutura.


Fonte: Zonda/Shutterstock.

Percebeu que, quando estudamos os ossos do crânio, mencionamos vários deles em vez de um osso compacto e
único? Isso porque, na realidade, nosso crânio é como o representado a seguir.

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Figura 30 - Ossos isolados que compõem o crânio, unidos por um tipo de articulação fibrosa chamada sutura.
Fonte: Shutterstock.

Apesar de termos vários ossos formando o crânio, eles estão intimamente ligados, parecendo um osso único. O
que conecta esses ossos é um tecido conjuntivo denso que garante proteção e fixação.
Mas por que não podemos ter um único osso formando a caixa craniana? Por dois motivos: o primeiro é porque
todo o seu corpo, incluindo seu encéfalo, cresce e se desenvolve com o passar do tempo, desde o seu nascimento.
Se tivéssemos uma caixa compacta, esse crescimento não seria permitido. O segundo motivo é que, por mais que
a medicina tenha avançado e esteja avançando a cada ano, ainda somos formados para um tipo de nascimento
único: o parto natural.
Por maior que seja alta a capacidade vaginal de dilatação para a passagem do feto, ainda assim, não é suficiente
para a passagem de um crânio. Portanto, temos vários ossos que podem se reajustar, ao invés de algo compacto.
Parece bem inteligente evolutivamente.
Você deve estar pensando agora: “Ah! Então é por isso que as cabeças dos bebês são moles?”. Isso mesmo, ao
nascer, cada um desses ossos está conectado por grandes quantidades de tecido conjuntivo denso. Esses
acúmulos de tecido conjuntivo chamamos de fontículos (não é moleira, ok?).
Conforme a criança cresce, os ossos do crânio também crescem, e a quantidade de tecido conjuntivo entre os
ossos vai diminuído, até formar as suturas. Na imagem a seguir, você pode observar o processo de crescimento
do crânio infantil, no início com grandes fontículos e, depois, o desaparecimento deles e a presença das suturas.

Figura 31 - Processo de crescimento do crânio infantil.


Fonte: Shutterstock.

Você sabe o que é uma sinostose? Confira a seguir!

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Você sabe o que é uma sinostose? Confira a seguir!

VOCÊ SABIA?
Você sabia que as suturas são articulações temporárias que desaparecem com a idade? À
medida que envelhecemos, as suturas vão desaparecendo, e os ossos do crânio vão se fundindo
em um processo chamado de sinostose.

Na sequência, vamos aprender sobre o tecido cartilaginoso, bem como as articulações cartilaginosas. Fique
atento!

2.3.2 Articulações cartilaginosas e tecido cartilaginoso.


Já as articulações cartilaginosas, utilizam cartilagem para unir partes rígidas do esqueleto. Essas articulações
apresentam pouca mobilidade.
O tecido cartilaginoso é um tipo de tecido conjuntivo que tem uma matriz extracelular rígida (não como o tecido
ósseo, pois não é calcificada), extremamente rico em fibras e ácido hialurônico.
Existem três tipos principais de tecido cartilaginoso: cartilagem hialina, cartilagem elástica e cartilagem fibrosa.
O que as diferem são os componentes da matriz extracelular. Clique nas abas a seguir e aprenda mais sobre o
tema.
Cartilagem Constituída principalmente de fibras de colágeno tipo II (menos rígido). Encontrada nas
Hialina cartilagens costais.
Cartilagem
Abundante em fibras elásticas. Encontrada na orelha.
Elástica
Cartilagem Constituída principalmente de fibras de colágeno tipo I (mais rígido). Encontrada nos discos
Fibrosa intervertebrais e na sínfise púbica.
As células que compõem o tecido cartilaginoso são os condroblastos e condrócitos. Da mesma forma que já
discutido anteriormente, os condroblastos são as células metabolicamente ativas e os condrócitos com
metabolismo reduzido.

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Figura 32 - Células do tecido cartilaginoso.
Fonte: Histology Guide, [s.d].

As articulações cartilaginosas podem utilizar tanto a cartilagem hialina quanto a cartilagem fibrosa como meio
de conexão entre as partes rígidas do esqueleto. São exemplos de articulações cartilaginosas que utilizam
cartilagem hialina, as sincondroses esternocostais. Essas articulações são temporárias e desaparecem com a
idade. São exemplos de articulações cartilaginosas que utilizam cartilagem fibrosa, as sínfises intervertebral e
púbica. As sínfises são articulações permanentes.

Figura 33 - Articulações cartilaginosas: cartilagem fibrosa.


Fonte: Natykashi Nataliia/Shutterstock.

Você sabe o que é um disco intervertebral? Fique atento e descubra na sequência.

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VOCÊ SABIA?
A sínfise intervertebral também pode ser chamada de disco intervertebral. Há um disco
intervertebral entre cada uma das vértebras de nossa coluna. Externamente, o disco
intervertebral é formado por fibrocartilagem, mas no seu interior há uma substância
gelatinosa chamada de núcleo pulposo. O núcleo pulposo absorve impactos na coluna
vertebral. No entanto, em algumas condições patológicas, o núcleo pulposo pode se deslocar e
acabar herniando, comprimindo nervos espinais e causando dores intensas. Esta condição é
chamada de hérnia de disco. A herniação é a saliência formada para fora do disco.

Agora, vamos conhecer mais sobre as articulações sinoviais. Para tanto, fique atento ao próximo tópico de
estudo!

2.3.3 Articulações sinoviais.


A articulação sinovial é um tipo de articulação que permite grande mobilidade. A grande mobilidade permitida
nessa articulação decorre do fato de não haver um tecido unido às peças articuladas, mas apenas um líquido que
lubrifica essas peças, o líquido sinovial. São exemplos de articulações sinoviais o joelho, o ombro e o cotovelo.
Todas as articulações sinoviais do nosso corpo são formadas por quatro elementos:
• líquido sinovial;
• cavidade articular;
• cartilagem articular;
• cápsula articular.
Como já vimos, o líquido sinovial é o liquido que lubrifica as extremidades ósseas (faces articulares). Esse líquido
tem a função de nutrição, ao mesmo tempo que lubrifica. Sabe quando uma porta começa a ranger, cada vez que
é aberta ou fechada? O que fazemos para resolver esse problema? Isso mesmo, colocamos óleo. Essa é a mesma
ideia do liquido sinovial.
O líquido sinovial é bastante viscoso, pois contém ácido hialurônico, e sua consistência lembra clara de ovo. O
líquido sinovial é produzido pela cápsula articular, uma bolsa fibrosa que fica ao redor da articulação. Dentro da
cápsula articular, há uma pequena cavidade na qual o líquido sinovial secretado se situa, chamamos esta
cavidade de cavidade articular.

- 34 -
Figura 34 - Elementos anatômicos obrigatórios de uma articulação synovial.
Fonte: Blamb/Shutterstock.

Como há grande mobilidade nessas articulações, além da proteção lubrificante do líquido sinovial, os ossos
também contam com uma camada de cartilagem hialina que protege o osso nas regiões onde ele entrará em
contato com o outro osso. Essa cartilagem recebe o nome de cartilagem articular.
Você já comeu uma coxa de frango? Nas extremidades, notou uma cartilagem? Pois bem, essa é a cartilagem
articular.

- 35 -
Figura 35 - Cartilagem articular no osso de frango.
Fonte: Shutterstock.

Para aprender mais sobre esse tema, leia com atenção o caso clínico apresentado abaixo.

- 36 -
CASO
Jussara, 59 anos, obesa, sedentária, chegou ao consultório médico com queixa de dor nos
joelhos, inclusive quando estava repousando. Ao acordar, seus joelhos ficavam rígidos, mas a
mobilidade melhorava à medida que ia caminhando. O exame físico mostrou edema (inchaço)
no joelho, crepitação (som de ranger) e diminuição da mobilidade articular. A radiografia
(Figura 36) confirmou a suspeita diagnóstica de osteoartrose do joelho. Foi indicada
fisioterapia, medicação anti-inflamatória e emagrecimento, visando à melhora da
sintomatologia.

A osteoartrose é uma doença articular que afeta a cartilagem que reveste as superfícies ósseas,
causando a sua degeneração. A artrose é mais frequente em pessoas com mais de 65 anos e
mulheres. Outros fatores de risco para o desenvolvimento da doença são o sobrepeso, a
hereditariedade, o sedentarismo e esportes de alto impacto para o joelho.

A possibilidade de permitir grande amplitude de movimento das articulações sinoviais às vezes pode levar a
situações indesejadas. Imagine, por exemplo, que o joelho fosse capaz de “dobrar” para frente ou para os lados,
em vez de somente para trás. Como poderíamos caminhar ou subir uma escada?
Esse tipo de articulação necessita de algumas estruturas associadas que permitam uma mobilidade adequada.
Até agora temos um líquido lubrificante e nutritivo e uma cartilagem articular, mas nada ainda que limite
movimentos indesejáveis.
A estrutura que desempenhará esse papel são os ligamentos. Os ligamentos são formados por tecido conjuntivo
denso modelado, com função de limitar movimentos indesejados. São exemplos de ligamentos: os ligamentos
cruzados anterior e posterior, encontrados no joelho.
No joelho, também encontramos estruturas adicionais: os meniscos. Os meniscos são estruturas em formato de
meia lua, responsáveis por amortecer impacto e melhorar a congruência entre as superfícies articulares.

- 37 -
Figura 36 - Articulação do joelho (vista anterior).
Fonte: Sebastian Kaulitzki/Shutterstock.

- 38 -
Figura 37 - Meniscos articulares do joelho.
Fonte: Sebastian Kaulitzki /Shutterstock.

Agora, assista a videoaula na qual a professora fará os principais movimentos realizados pelas articulações
sinoviais. Coloque uma roupa confortável, arrume um espaço para você poder se movimentar e execute os
movimentos junto com a professora! Vamos lá?
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/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550582074&entry_id=1_9li5vyyj
Vamos agora aprender mais sobre esse importante tema com o infográfico a seguir. Fique atento ao conteúdo
apresentado!
Agora, vamos testar os conhecimentos adquiridos neste tópico, clicando e arrastando os termos paras as
respectivas articulações.
Agora, queremos que, com base nos estudos realizados até aqui e, principalmente, no estudo de caso
apresentado neste tópico, você responda às questões abaixo.
Concluindo esse tópico de estudo, percebemos que temos ossos articulados passíveis de movimentação maior ou
menor. Vamos dar movimento ao nosso corpo? Para tanto, estudaremos sobre o sistema muscular! Acompanhe!

2.4 Tecido Muscular e Sistema Muscular


O sistema muscular é o sistema responsável pela geração de movimentos. A célula muscular, também chamada
de fibra muscular, realiza um movimento chamado de contração. Na contração, a fibra muscular aproxima suas
extremidades, promovendo seu encurtamento. Veja, na imagem abaixo, o músculo em seu estado de repouso,
relaxado, e depois contraído, com encurtamento de seu comprimento.

- 39 -
Figura 38 - Músculo contraído e relaxado.
Fonte: Shutterstock.

Existem três tipos de tecidos musculares:


• Tecido Muscular Estriado Esquelético
• Tecido Muscular Estriado Cardíaco
• Tecido Muscular Liso.
Anatomicamente, o que difere esses músculos é a localização. O músculo estriado esquelético compõe os
músculos associados ao sistema esquelético, que geram a movimentação do nosso corpo.

Figura 39 - Composição muscular estriada esquelética superficial do corpo humano.

Fonte: Adike/Shutterstock.

- 40 -
Fonte: Adike/Shutterstock.

Já o músculo estriado cardíaco, ou miocárdio, compõem a musculatura que forma o coração.

Figura 40 - Composição muscular estriada cardíaca que compõe o nosso coração.


Fonte: DeryalDraws/Shutterstock.

E, por fim, o músculo liso compõe nossas vísceras, como o intestino, estômago, útero, esôfago.

Figura 41 - Exemplo de musculatura lisa que compõe os órgãos do nosso corpo, como o esôfago, estômago e
intestino.
Fonte: Magic mine/Shutterstock.

- 41 -
Fisiologicamente, o que difere esses músculos é o nível de controle que o sistema nervoso tem sobre cada um
deles. Clique nas setas abaixo e aprenda mais sobre o tema.
Temos controle voluntário sobre o músculo estriado esquelético, ou seja, temos a capacidade de decisão sobre a
contração ou relaxamento, por exemplo, decidimos caminhar, sentar, levantar etc.
Não temos esse mesmo controle sobre o funcionamento do coração nem sobre os demais órgãos. Para esses
tipos musculares, dizemos ter um controle involuntário. Existe sim um domínio do sistema nervoso, porém não
um domínio consciente. Seu coração ou seu intestino não precisam de um comando para entrar em ação.
Histologicamente, o que diferem esses tecidos são a presença, ou não, de estrias e o formato celular. A fibra
muscular estriada esquelética é um tipo de célula cilíndrica, estriada, polinucleada, e esses núcleos se encontram
na periferia da fibra. Já as fibras musculares estriadas cardíacas são longilíneas, porém bifurcadas, conectadas
umas com as outras por meio de discos intercalares (junções celulares), que terão grande importância no
funcionamento cardíaco. As fibras musculares cardíacas possuem de um a dois núcleos centrais e estriações. Por
fim, a fibra muscular lisa é a única que não apresenta estriações, sendo longilínea, com um único núcleo central.
Confira, na figura a seguir, a representação dos tipos de fibras.

Figura 42 - Tipos de fibras.


Fonte: Sakurra/Shutterstock.

Agora, confira no quadro abaixo as diferenças entre os três tipos musculares.

- 42 -
Quadro 4 - Características dos diferentes tipos musculares.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.

A fibra muscular é uma célula com características especiais, por isso, as estruturas celulares recebem nomes
especiais. A membrana celular recebe o nome de sarcolema. O citosol recebe o nome de sarcoplasma e o retículo
endoplasmático liso recebe o nome de retículo sarcoplasmático (no músculo estriado esquelético ele armazena
cálcio para dar início ao processo de contração).
Confira no quadro abaixo as características histológicas que diferenciam os três tipos musculares.

- 43 -
Figura 43 - Características histológicas dos diferentes tipos musculares.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.

Mas, afinal, o que são essas estrias encontradas no músculo estriado esquelético?
As estrias são grupos de proteínas organizadas, as miofibrilas, formando o que chamamos de sarcômeros. São
eles que conferem às fibras musculares a capacidade de contração. Um sarcômero é formado por três miofibrilas
principais (não são as únicas, mas as principais): actina, miosina e troponina.
Actina e miosina são proteínas filamentosas que se dispõem umas sobre as outras, formando bandas (regiões)
mais claras e mais escuras, devido à sua complexidade estrutural. Ao microscópio, essa alternância de bandas
mimetiza uma estria.

- 44 -
Figura 44 - Estrias do músculo estriado esquelético.
Fonte: Jose Luis Calvo/Shutterstock.com.

Agora observe na figura abaixo a composição de um músculo estriado esquelético.

Figura 45 - Composição de um músculo estriado esquelético.


Fonte: Blamb/Shutterstock.

Perceba que as regiões mais claras (estas só contêm filamentos de actina) são chamadas de bandas I, e as bandas
mais escuras (onde há sobreposição de actina e miosina) são denominadas bandas A.

- 45 -
Figura 46 - Sarcômero, a unidade funcional contrátil muscular.
Fonte: Blamb/Shutterstock.

Temos ilustrado acima um sarcômero, um conjunto de proteínas que se sobrepõem uniformemente e deslizam
umas sobre as outras. Ao deslizarem, geram a contração muscular. À esquerda, o sarcômero na sua posição
original (músculo relaxado); à direita, as proteínas deslizando (músculo contraído).
Sobrepondo-se aos filamentos de actina, estão as troponinas, proteínas globulares que vedam sítios de ligação da
miosina com a actina.

Figura 47 - Proteínas que compõem o sarcômero.


Fonte: Sciencepic/Shutterstock.

O que chamamos de contração muscular, numa visão microscópica, é o encurtamento dos sarcômeros. A
troponina muda a sua conformação, deslocando-se, permitindo que a miosina se conecte à actina, empurrando-a
para o centro.
Acompanhe o objeto abaixo e aprenda mais sobre o tema.
Mas o que faz com que a troponina se desloque? É a presença de cálcio no citoplasma da fibra muscular
(sarcoplasma). Aquele mesmo cálcio que é armazenado nos ossos, como vimos anteriormente, pelo osteoblasto.

Quando captado pelo osteoclasto e lançado na corrente sanguínea, percorre todo o corpo, incluindo as regiões de

- 46 -
Quando captado pelo osteoclasto e lançado na corrente sanguínea, percorre todo o corpo, incluindo as regiões de
músculo. A troponina possui grande afinidade ao cálcio, e, quando ele é liberado no interior celular, a contração
muscular acontece.
E o que faz o cálcio ser liberado no sarcoplasma? O sistema nervoso!
A via eferente é uma via motora que inerva principalmente os músculos. Quando o último neurônio motor libera
nas fibras musculares um neurotransmissor chamado acetilcolina, os canais de cálcio se abrem na membrana
plasmática das fibras musculares (sarcolema), gerando influxo de cálcio para o sarcoplasma.
Portanto, sempre que, voluntariamente, você decide contrair algum músculo, a acetilcolina é liberada nas fibras
musculares, os canais de cálcio se abrem, este entra para o sarcoplasma e se conecta à troponina, que libera o
sítio de ativação da miosina e actina.

Figura 48 - Junção neuromuscular, união e comunicação entre um neurônio motor e uma fibra muscular.
Fonte: Designua/Shutterstock.

Você sabe como funciona o botóx? Fique atento e confira mais sobre esse produto bastante utilizado na área da
estética.

VOCÊ SABIA?
O botox, conhecido tratamento para amenizar rugas, age pelo bloqueio da liberação da
acetilcolina. Sem o neurotransmissor, o músculo não pode realizar a contração muscular.

Agora, conheça, em cinco passos, os eventos celulares que levam à contração muscular. Para tanto, clique nos
itens abaixo.


1. Impulso nervoso viaja ao longo do sarcolema e o sarcolema despolariza.

2. Canais de voltagem dependentes no retículo sarcoplasmático são abertos, mudando sua

- 47 -
2. Canais de voltagem dependentes no retículo sarcoplasmático são abertos, mudando sua
permeabilidade, e os íons Ca²+ difundem-se para o sarcoplasma.

3. Iniciam-se as cascatas de eventos celulares da contração muscular.

4. Ligação do Ca²+ com a troponina e liberação do sítio de ligação actina/miosina.

5. Ligação da cabeça da miosina com actina e modificação da curvatura da cabeça da miosina,
fazendo com que o deslizamento das miofibrilas aconteça.

E lembre-se: a contração muscular só ocorre com gasto energético.

VOCÊ QUER LER?


Para saber com mais detalhes sobre como ocorre a contração muscular do músculo estriado
esquelético, acesse à Minha Biblioteca e leia o livro Histologia básica: texto e atlas /
JUNQUEIRA; CARNEIRO; ABRAHAMSOHN, 2017.

Toda essa descrição acima acontece nas fibras estriadas, porém, como acontece na fibra muscular lisa?
O músculo liso possui actina e miosina da mesma forma, mas não de maneira organizada, como no sarcômero. As
proteínas se encontram dispersas no sarcoplasma, fazendo com que a contração não tenha um único sentido
como nas fibras musculares estriadas. Dizemos que a contração do músculo liso ocorre em todos as direções,
com deformação no sentido longitudinal, diagonal e transversal da fibra. Veja na imagem abaixo.

Figura 49 - Contração da fibra muscular lisa.


Fonte: Designua/Shutterstock.

Vamos focar agora na anatomia dos músculos estriados esqueléticos. Um músculo estriado esquelético possui
alguns componentes musculares: ventre muscular, tendão e/ou aponeurose e fáscia muscular.
O ventre muscular é um conjunto de fibras musculares, cuja função é de realizar a contração. Corresponde à
porção avermelhada do músculo.

- 48 -
Figura 50 - Musculatura superficial do braço e da coxa.
Fonte: Sebastian Kaulitzki/Shutterstock.

Não basta ter a porção contrátil (ventre muscular), é necessário que esse músculo esteja fixado em algum osso,
para que promova o deslocamento do esqueleto. Esses pontos de fixação são denominados tendões ou
aponeuroses, formados por tecido conjuntivo denso modelado, cuja função é fixar o ventre muscular ao
esqueleto.
Você sabe qual a diferença entre um tendão e uma aponeurose? É o formato.
Um tendão é mais fusiforme ou cilíndrico, enquanto que a aponeurose é mais laminar e larga. Portanto, um
músculo pode possuir dois tendões, ou duas aponeuroses ou, ainda, um tendão e uma aponeurose. Tudo
depende da morfologia do ventre muscular.

- 49 -
Figura 51 - Musculatura do dorso, enfatizando as aponeuroses.
Fonte: Shutterstock.

Agora, veja a diferença morfológica entre a aponeurose e o tendão.

Figura 52 - Musculatura do braço, enfatizando os principais tendões.


Fonte: sitihii/Shutterstock.

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A fáscia muscular ou epimísio é uma camada de tecido conjuntivo que recobre todo o ventre muscular. Lembre-
se de que o único tecido vascularizado é o tecido conjuntivo, portanto, é preciso sempre um tecido conjuntivo
adjacente aos demais tecidos fundamentais.
Como o tecido muscular apresenta alto gasto energético, esse tecido conjuntivo forma invaginações que
envolvem feixes musculares até envolver cada fibra muscular. Por isso, o ventre muscular é bastante
vascularizado, tamanha a proporção de tecido conjuntivo conduzindo vasos sanguíneos que o envolve. Essas
invaginações são denominadas perimísio (envolvendo feixes musculares) e endomísio (envolvendo fibras
musculares).

Figura 53 - Envoltórios do músculo estriado esquelético.


Fonte: Artmeida-psy/Shutterstock.

Já ouviu falar em síndrome do túnel do carpo? Fique atento para saber mais sobre essa síndrome.

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VOCÊ SABIA?
O túnel do carpo é um túnel que fica no punho entre um tecido fibroso (retináculo dos
flexores) e os ossos do corpo. Por esse túnel passam nove tendões e um nervo, chamado de
nervo mediano. Veja a região na imagem abaixo.

Movimentos repetitivos, como digitar ou escrever, causam atrito entre os tendões que passam
pelo túnel, levando à sua inflamação, conhecida como tendinite. Com o tempo, se a doença não
for tratada, a tendinite pode causar uma compressão do nervo mediano e levar a sintomas
como perda da força e da sensibilidade da mão. Muitas vezes, a pessoa que sofre da síndrome
do túnel do carpo precisa fazer uma cirurgia para descomprimir o nervo e tratar a doença. É
possível prevenir a instalação da doença buscando posições adequadas para o punho durante
o uso da mão e alongando esses tendões algumas vezes durante o dia.

Ao todo, temos cerca de 650 músculos espalhados por todo o corpo. Iremos estudar os principais.

- 52 -
- 53 -
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Figura 54 - Principais músculos do corpo humano.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.

Os músculos estriados esqueléticos fixam-se aos ossos através de seus tendões. Durante o movimento, o tendão
que estiver fixo no osso, não se movendo, é chamado de ponto fixo ou de tendão de origem. O tendão que estiver
fixo no osso, deslocando-se durante a ação muscular, é chamado de ponto móvel ou tendão de inserção.
Alguns músculos apresentam mais de um tendão de origem (ponto fixo) e por isso são classificados como bíceps
(quando apresentam dois pontos fixos), tríceps (quando apresentam três pontos fixos) ou quadríceps (quando
apresentam quatro pontos fixos). Nestes músculos cada ventre unido a um tendão de origem receberá um nome
próprio. Confira, no objeto abaixo, os mais diversos tipos de músculos.
Nosso corpo já está criando forma, já é composto por um esqueleto muito bem articulado e agora com os
músculos e com movimento. Movimento esse garantido pela presença de um sistema nervoso e tecido
conjuntivo. Estamos prontos para continuar agora inserindo mais sistemas, como cardiovascular, respiratório e
digestório.

- 55 -
VOCÊ QUER VER?
Os músculos da mímica diferem dos demais músculos do corpo humano, porque o seu tendão
está inserido na pele da face em vez de estar inserido em um osso. Dessa maneira, ao se
contraírem, eles movimentam a pele da face, fazendo a mímica facial. São eles que nos ajudam
a expressar nossas emoções, como a alegria, a raiva e a preocupação. Entretanto, a contração
constante desses músculos acaba formando as rugas de expressão na pele da face. Assista ao
vídeo selecionado abaixo para conhecer um pouco mais sobre esses músculos. Disponível em:
<https://youtu.be/nOX_1znTME0>
No próximo vídeo, você verá uma representação bem realística destes músculos. Observe quais
deles se contraem enquanto a personagem fala e canta. Disponível em: <https://youtu.be
/HZ7aMxqjNdM>.

Agora que você já conheceu os principais músculos do corpo humano, chegou a hora de testar alguns
conhecimentos adquiridos até aqui.
Antes de continuar as atividades previstas para esse tópico, assista à videoaula e veja como a pintura corporal
pode ser feita, observando o modelo vivo realizando alguns movimentos musculares. Coloque uma roupa
confortável, arrume um espaço para você poder se movimentar e execute os movimentos junto com o modelo
vivo! Vamos lá?
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/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550582215&entry_id=1_kxplf5nw
Na próxima atividade, o esperado é que você identifique os músculos, mas agora com fotografias de corpos
humanos. Vamos lá?!
Antes de prosseguir com seus estudos nesta disciplina, leia com atenção os principais pontos abordados neste
capítulo.

Síntese
Vimos em nossos estudos sobre os tipos musculares. Além disso, você aprendeu sobre sua localização,
morfologia, a forma como os músculos contraem e sua interação com o sistema nervoso, esquelético e o tecido
conjuntivo.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• conhecer os ossos que compõem o nosso corpo, bem como suas células;
• aprender o que é uma articulação e como a classificamos, além de conhecer os tipos de tecido
cartilaginoso;
• conhecer os principais músculos que compõem nosso corpo e como ocorre a contração muscular.

- 56 -
Bibliografia
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
MOORE, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
NETTER, Frank Henry. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.

- 57 -
ESTRUTURA E FUNÇÃO HUMANA

CAPÍTULO 3 – CIRCULAÇÃO, RESPIRAÇÃO E


DIGESTÃO
Juliane Cristina de Souza Silva Brito / Vivian Alessandra Silva

-1-
Introdução
Neste capítulo, estudaremos os sistemas relacionados ao transporte de gases e nutrientes para cada célula do
nosso corpo. Gases e nutrientes são elementos fundamentais para a manutenção da homeostase celular. Sem
eles, nossas células e tecidos não podem realizar suas funções e os processos vitais para o organismo ficam
insustentáveis.
Inicialmente, veremos como o sistema circulatório está organizado, como o coração funciona, colocando os
elementos do sangue em movimento, e como ocorre a remoção dos resíduos metabólicos pelo sistema sanguíneo
e linfático. Após, estudaremos como o sistema respiratório prepara o ar para que a troca gasosa ocorra e como
funcionam nossos pulmões. Da mesma maneira, estudaremos como os órgãos digestórios processam os
alimentos ingeridos, para que os nutrientes possam ser absorvidos pelos capilares sanguíneos e conduzidos aos
nossos tecidos.

3.1 Sistema cardiovascular e linfático


Quando pensamos em sistema cardiovascular ou circulatório, pensamos que a ele são atribuídas quais funções?
A resposta mais comum é a de fazer circular o sangue.
A resposta está correta, mas fazer o sangue circular com qual objetivo? É no sangue que estão contidos os
nutrientes adequados para a sobrevivência das nossas células; o oxigênio provindo da nossa respiração e os
nutrientes provindos da nossa digestão são carregados pelo sangue para as milhões de células que compõem o
nosso corpo. Portanto, é de fundamental importância que esse sistema esteja ativo 24 horas do nosso dia.
Para que isso aconteça, ele é composto por uma bomba propulsora de sangue, que chamaremos de “coração”, e
está associado a diversos órgãos condutores de sangue, os quais chamaremos de “vasos sanguíneos”. Neste
capítulo, vamos estudar cada um deles, a começar pelo coração.

3.1.1 Coração
O coração é uma bomba propulsora capaz de gerar o impulso que movimenta o sangue. Essa capacidade é devido
a presença do tecido muscular estriado cardíaco (como você estudou no capítulo anterior), chamado de
miocárdio (mio = músculo e cardio = coração). Mas o coração não é apenas formado por miocárdio, há ainda um
tecido epitelial de revestimento interno, o endocárdio, e o tecido epitelial de revestimento externo, também
chamado epicárdio.
O miocárdio é nutrido por artérias chamadas de artérias coronárias direita e esquerda. O consumo de oxigênio
pelas células do músculo estriado cardíaco é alto e por isso esse órgão é bastante vascularizado. A obstrução
dessas artérias pode levar à redução do fluxo sanguíneo do miocárdio e consequente morte celular (necrose).
Chamamos essa situação de infarto agudo do miocárdio.

-2-
VOCÊ SABIA?
Para saber mais sobre o infarto agudo do miocárdio e outras doenças do coração, leia o quadro
azul: Anatomia Clínica, na página 296, do livro MOORE, L. K.; DALLEY, F. A.; AGUR, R. A. M.
Anatomia Orientada para Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. [Minha
Biblioteca]. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books
/9788527734608/>.

A anatomia do coração não apresenta aquela forma romântica que todos conhecemos. Observe as diferenças na
figura abaixo.

Figura 1 - Representação popular da forma do coração e o coração humano.


Fonte: Shutterstock.com

Se observarmos bem, o coração é muito mais semelhante a uma pirâmide invertida. Acompanhe a comparação
abaixo.

-3-
Figura 2 - Forma geométrica do coração.
Fonte: Shutterstock.com

Nas aulas de geometria, aprendemos que em uma pirâmide a área mais larga é chamada de “base”, enquanto a
área mais estreita ou ponta, é chamada de “ápice”. Se o coração é uma pirâmide invertida, a base cardíaca será a
porção mais superior e o ápice cardíaco é a porção inferior.
Outro engano muito comum é relacionado à localização do coração no nosso corpo. Muitos acreditam que o
coração se localiza no lado esquerdo do tórax, mas na realidade a maior parte do coração se situa no plano
mediano. Então, por que muitos pensam que ele se localiza à esquerda? Porque o ápice cardíaco se localiza
inclinado para o lado esquerdo da cavidade torácica.
Portanto, o coração se encontra no interior da cavidade torácica, em uma posição mediana, com o ápice cardíaco
voltado para o lado esquerdo do tórax. Esta é a posição anatômica do coração.
O coração se localiza anteriormente à coluna vertebral e posterior ao osso esterno. As faces laterais do coração
fazem limites com os pulmões (direito e esquerdo) e a face inferior do coração faz limite com um músculo
extremamente importante no processo respiratório, chamado diafragma. O espaço do tórax entre os dois
pulmões que aloja o coração recebe o nome de mediastino. Observe na imagem abaixo o mediastino sem o
coração (A) e depois o mediastino ocupado pelo coração (B).

-4-
Figura 3 - Mediastino.
Fonte: iStock.com

Anatomia viva: vamos encontrar em seu próprio corpo onde se situa o coração? Para isso, você precisa estar
usando uma roupa fina sobre o tórax ou com o tórax desnudo. Palpe o osso esterno próximo ao pescoço e depois
deslize a sua mão sobre ele lentamente, até encontrar uma linha horizontal palpável; esse é o ângulo esternal. É
nessa altura que está a base do seu coração. Já o ápice do coração se situa na altura do 5º espaço intercostal, na
altura da linha clavicular média. Tente palpar as suas costelas até encontrar a 4ª e 5ª costela. A linha clavicular
média é uma linha vertical que está bem no meio da clavícula. Veja as imagens abaixo.

-5-
Figura 4 - Reparos anatômicos para a localização da base e do ápice cardíaco.
Fonte: iStock.com, Shutterstock

Agora, veja na imagem B a correspondência da posição do coração com as estruturas do tórax que você palpou.
Também é possível observarmos a posição do coração em exames de imagem. Um desses exames é a radiografia.
Veja na imagem abaixo a posição da base e do ápice do coração. O coração corresponde à área brilhante
contornada em vermelho. O que você acha que são as duas manchas escuras de cada lado do coração? Muito
bem! São os pulmões!

-6-
Figura 5 - Radiografia de tórax.
Fonte: iStock.com

Em relação à anatomia interna do coração, encontramos quatro cavidades, duas posteriores e duas anteriores.
Dois átrios e dois ventrículos, respectivamente. Temos um átrio direito (AD) e um esquerdo (AE) e um ventrículo
direito (VD) e um ventrículo esquerdo (VE).

-7-
Figura 6 - Coração em corte. Visualização das câmaras cardíacas.
Fonte: iStock.com

Os átrios e os ventrículos são separados por paredes musculares chamadas de septos. Separando o átrio direito
do átrio esquerdo temos o septo interatrial e separando o ventrículo direto do ventrículo esquerdo temos o
septo interventricular.

-8-
Figura 7 - Septos cardíacos.
Fonte: iStock.com

A circulação sanguínea dos mamíferos (incluindo o ser humano) é uma circulação dita fechada, ou seja, todo o
sangue que sai do coração por meio de vasos retornará ao coração por meio de vasos. Os átrios são responsáveis
pelo recebimento do sangue, já os ventrículos, por sua vez, são responsáveis pelo envio do sangue.
Clique nas abas a seguir e aprenda mais sobre o tema.
Como já mencionamos anteriormente, a circulação do sangue pelo corpo tem por objetivo principal a condução
de nutrientes e gases para as células.
A quantidade de oxigênio carregada pelo sangue é limitada (estudaremos sobre esse tema mais adiante, quando
estivermos aprendendo sobre o Sistema Respiratório) e precisa ser constantemente reabastecida. Assim, como o
combustível de um carro, conforme a quilometragem rodada, o combustível vai sendo utilizado, até que chega o
momento em que você precisa reabastecer o tanque.
O lado esquerdo do coração possui um sangue enriquecido em oxigênio, já o lado direito do coração possui um
sangue empobrecido em oxigênio. Portanto, o lado esquerdo recebe sangue rico em oxigênio (átrio esquerdo) e
envia sangue rico em oxigênio (ventrículo esquerdo). Já o lado direito recebe sangue pobre em oxigênio (átrio
direito) e envia sangue pobre em oxigênio (ventrículo direito).
Mas de onde vem e para onde vai esse sangue?
Pois bem, usando a lógica, que tipo de sangue faz mais sentido que seja enviado para todas as células do corpo,
rico ou pobre em oxigênio? Muito bem, o rico. E o sangue pobre, qual órgão poderia estar relacionado ao
reabastecimento de oxigênio? Os pulmões.
Portanto, o ventrículo esquerdo será o responsável por enviar o sangue a todo o corpo e o ventrículo direito será
o responsável por enviar o sangue aos pulmões, para que sejam enriquecidos de oxigênio.

Se você observar, a espessura da parede do ventrículo esquerdo é realmente mais grossa do que a do ventrículo

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Se você observar, a espessura da parede do ventrículo esquerdo é realmente mais grossa do que a do ventrículo
direito, isso porque ele precisa exercer mais pressão do que o direito (já que os pulmões estão mais próximos).

Figura 8 - Espessura das paredes ventriculares cardíacas.


Fonte: Shutterstock.com

A seguir, vamos estudar sobre a circulação do sangue.

3.1.2 Circulação do sangue


Sabendo agora das funções das câmaras cardíacas, estamos preparados para compreender mais sobre a
“Circulação sanguínea”. Vamos lá?
Assim que o sangue sai do VE enriquecido em oxigênio, ele passará por todo o corpo, fazendo a distribuição
desse gás. Ao mesmo tempo, conforme as células fazem uso do oxigênio, o seu metabolismo gera a produção de
gás carbônico. Portanto, aquele sangue que outrora estava enriquecido por oxigênio, agora está enriquecido de
gás carbônico.
Qual a solução? Retornar ao coração para que seja conduzido ao local de reabastecimento. O sangue então
retorna ao AD, este se comunica com o VD, que impulsiona o sangue para os pulmões e lá, ocorre um processo
denominado hematose, que é a troca de gases entre sangue e pulmões. Você inspira oxigênio e expira gás
carbônico.
Assim, o sangue é oxigenado e retorna para o AE do coração, o AE se comunica com o VE e do ventrículo
esquerdo o sangue é impulsionado para todo o corpo. Observe o esquema a seguir para compreender melhor
essa distribuição.

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Figura 9 - Circulação sanguínea. Em vermelho, sangue rico em oxigênio. Em azul, sangue pobre em oxigênio.
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2019.

Em relação aos vasos sanguíneos, são os condutores desse sangue ao chegar e ao sair do coração. Sempre que
dissermos vasos sanguíneos, estamos nos referindo às seguintes estruturas:
• artérias;
• capilares sanguíneos;
• veias.

VOCÊ SABIA?
A palavra “artéria” vem do grego que significa “guardar ar”. Antigamente, os gregos
acreditavam que as artérias continham ar dentro de si, isso porque nunca encontravam sangue
dentro de uma artéria de um cadáver, apenas nas veias.

Você sabe qual a diferença entre eles? É a espessura e a composição da parede vascular, ou calibre vascular. Veja,
o sangue que sai do coração, seja pelo VE ou VD, sai com alta pressão, que não é a mesma pressão ao retornar ao
coração. A comparação que fazemos é com uma mangueira de jardim. Imagine que você precise regar um jardim
que está a uma certa distância da torneira, você decide então fazer uso de uma mangueira. A água que sai da
torneira terá a mesma pressão da água que sai da mangueira? Não, isso porque conforme a água passa pela
mangueira, ela sofre atrito que diminui a sua pressão.
A mesma coisa acontece no nosso corpo. Ao sair do coração, o sangue terá uma alta pressão, pois está sendo
impulsionado diretamente da bomba. Mas conforme o sangue passa pelo nosso corpo, vai perdendo força, a
ponto de retornar ao coração com uma pressão bem mais baixa.
Agora, observe as imagens abaixo.

- 11 -
Figura 10 - Composição das camadas dos vasos sanguíneos.
Fonte: Adaptada de iStock.com

Observe, na ilustração A está uma artéria, já na ilustração B está uma veia seccionada em um plano horizontal.
Ambas são compostas por três túnicas ou camadas. A mais interna que faz limite com o sangue chamamos de
túnica íntima, a intermediária, composta por células musculares lisas, chamamos de túnica ou camada média e,
por fim, a mais externa chamamos de túnica ou camada adventícia.
Observe como as túnicas médias da artéria e veia são diferentes em relação a espessura. A artéria apresenta
maior resistência, portanto, está mais capacitada a receber um sangue com alta pressão. Além disso, nas artérias,
o sangue apresenta direção centrífuga, pois flui em direção oposta ao centro do sistema circulatório, o coração.
Nas veias, o sangue apresenta direção centrípeta, uma vez que flui na direção do coração.
Observe na imagem abaixo a maior espessura da túnica média nas artérias. Nessa região, temos várias camadas
de músculo liso (setas) que garantirão que o sangue bombeado pelo coração chegue com pressão aos tecidos.
Nas veias, a túnica média é muito mais delgada, pois o sangue está refluindo ao coração.

- 12 -
Figura 11 - Histologia de artéria e veia.
Fonte: iStock.com

Perceba que as artérias sempre saem dos ventrículos e as veias sempre chegam aos átrios. A artéria que conduz
o sangue do VE para todo o nosso corpo é a maior e principal artéria que temos, a Aorta. A artéria que conduz o
sangue do VD para os pulmões é a Artéria Pulmonar ou Artéria Tronco Pulmonar.
Em relação às veias, as que trazem o sangue do corpo para o AD são as veias cavas superior e inferior. Já as veias
que trazem o sangue enriquecido em oxigênio de volta ao AE são as veias pulmonares. Observe o esquema a
seguir para compreender melhor essa distribuição.

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Figura 12 - Circulação pulmonar e sistêmica.
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2019.

As arteríolas e vênulas são artérias e veias de menor calibre. Nosso sistema circulatório se assemelha à copa de
uma árvore, na qual os galhos principais originam ramos menores, e estes geram ramos menores. Temos
grandes artérias saindo do coração, estas se ramificam em artérias de calibre menor, as arteríolas. Essas
estruturas, por sua vez, ramificam-se em arteríolas cada vez menores até se tornarem tão finas quanto um fio de
cabelo, a esses vasos chamamos de capilares sanguíneos.

VOCÊ O CONHECE?
Você sabe quem foi William Harvey? Ele nasceu em 1578 e viveu até 1657. Foi um médico
britânico. Foi Harvey quem primeiro descreveu a circulação do sangue a partir do coração
corretamente.

Os capilares sanguíneos estão espalhados por todo o tecido conjuntivo e são os vasos responsáveis pela nutrição
tecidual, isso porque em vez de três túnicas, possuem apenas uma, o endotélio. Isso facilita a difusão.
Posteriormente, esses capilares se unem formando vasos de calibre um pouco maior e assim por diante,
formando as vênulas que, por sua vez, formam as grandes veias, até retornar ao coração.
Vocês perceberam que não temos nenhuma artéria saindo da região inferior dos ventrículos? Esse é outro
motivo para a região superior do coração ser denominada “base”, uma vez que nesta região estão apoiados os
grandes vasos, como aprendemos anteriormente.
Quando os ventrículos contraem (sístole cardíaca), o sangue é impulsionado para a região superior, onde estão
as entradas das artérias. Também na região superior estão os átrios. O fluxo sanguíneo mantém a direção correta
por meio de valvas cardíacas.
Entre átrios e ventrículos, temos um conjunto de válvulas que garantem o uni direcionamento do sangue.

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Figura 13 - Valvas atrioventriculares cardíacas direita (tricúspide) e esquerda (bicúspide ou mitral).
Fonte: iStock.com

A valva localizada entre o AD e o VD recebe o nome de Valva Tricúspide; a valva que separa o AE do VE recebe o
nome de Valva Bicúspide ou como também é conhecida Valva Mitral. Essas valvas são suportadas pelas cordas
tendíneas, que se fixam aos músculos papilares dos ventrículos.

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Figura 14 - Anatomia das valvas atrioventriculares.
Fonte: iStock.com

As valvas atrioventriculares se mantêm abertas enquanto o sangue passa do átrio para o ventrículo, porém
quando ocorre a sístole ventricular, o próprio sangue empurra as valvas, fechando-as. Durante o fechamento das
valvas, ausculta-se um som (“tum”). Dessa forma, o sangue não retorna aos átrios, mas é ejetado para as artérias.

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Figura 15 - Funcionamento das valvas cardíacas.
Fonte: iStock.com

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VOCÊ SABIA?
Sempre que as valvas cardíacas se fecham elas emitem um som. As valvas atrioventriculares
emitem um som mais abafado, parecido com “tum”. Dentro das artérias aorta e do tronco
pulmonar também encontramos valvas: são as valvas da aorta e do tronco pulmonar. Ao se
fecharem, essas valvas emitem um som mais metálico, parecido com “tá”. Os sons das valvas
cardíacas são chamados de bulhas e podem ser auscultados. A ausculta consiste no uso de um
aparelho chamado estetoscópio, que permite que escutemos amplificadamente os sons que são
emitidos pelo nosso próprio organismo. Provavelmente algum médico já auscultou as suas
valvas cardíacas! Você sabe em que região do tórax a ausculta é feita? A ausculta da valva da
aorta será feita no 2º espaço intercostal, à direita do esterno e perto da borda esternal. A
ausculta da valva pulmonar será feita no 2º espaço intercostal, à esquerda do esterno, próximo
à borda do esterno. A ausculta da valva tricúspide será feita na parte esquerda do quarto
espaço intercostal, ao longo do esterno e a ausculta da valva mitral será feita no quinto espaço
intercostal do lado esquerdo da linha média clavicular. Observe as imagens abaixo:

Acesse o site <http://www.med.umich.edu/lrc/psb_open/html/repo/primer_heartsound


/primer_heartsound.html/> e aprenda mais sobre o tema.

Podemos agora completar o esquema sobre a circulação do sangue em nosso organismo. Veja abaixo:

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Figura 16 - Circulação do sangue incluindo vasos da base e valvas atrioventriculares.
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2019.

No esquema acima, você estudou o trajeto que o sangue faz no nosso organismo. Para facilitar a compreensão,
costumamos dividir esse trajeto em duas etapas: a pequena e a grande circulação.
A pequena circulação também pode ser chamada de circulação pulmonar e consiste na etapa em que o sangue sai
do ventrículo esquerdo, vai para o pulmão, faz a hematose e volta para o átrio esquerdo. Veja a pequena
circulação no esquema a seguir.

Figura 17 - Circulação do sangue dividida em pequena e grande circulação.


Fonte: Elaborada pelas autoras, 2019.

Agora que você conheceu todas as estruturas cardíacas importantes, vamos verificar o que aprendeu? Para tanto,
realize a atividade a seguir.
Agora, vamos aprender sobre a circulação linfática. Vamos lá?

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3.1.3 Circulação da linfa
O sistema linfático é um sistema paralelo e complementar ao sistema circulatório. Ele participa da remoção dos
restos do metabolismo celular na matriz extracelular. Para compreender melhor como o sistema linfático
funciona em paralelo e complementarmente ao sistema sanguíneo, vamos estudar primeiro o sistema sanguíneo.
O sangue é uma modalidade de tecido conjuntivo com grande quantidade de matriz extracelular entre as células,
o que lhe confere a consistência de um fluido. O sangue é composto por parte celulares (glóbulos vermelhos e
brancos) e parte líquida (que contém água, íons, proteínas, hormônios e etc.) a qual denominaremos plasma.
É a parte plasmática do sangue que pode se difundir para os tecidos adjacentes, nutrindo-os. O processo de
difusão é lento, mais lento do que a velocidade da circulação sanguínea, portanto, a tendência é que esse plasma
comece a se acumular entre os tecidos, causando edema (ou inchaço, como alguns chamam).
A maior parte do líquido extracelular (LEC) retorna aos vasos sanguíneos, mas as macromoléculas não
conseguem passar pela parede do capilar sanguíneo e precisam ser removidas pelo sistema linfático. A função
dos capilares linfáticos é recolher esse líquido extracelular contendo macromoléculas e devolvê-lo à circulação
sanguínea nas grandes veias. A partir do momento que esse líquido é recolhido, nós o chamamos de linfa.
No intestino delgado, os nutrientes provenientes da nossa alimentação são absorvidos pelos capilares
sanguíneos. Porém os lipídeos são macromoléculas e não podem ser absorvidos pelos capilares sanguíneos,
sendo absorvidos então pelos capilares linfáticos.

VOCÊ QUER LER?


Leia o capitulo 34 – Aspectos Morfofuncionais da Microcirculação do livro Fisiologia da autora
Margarida de Melo Alves, 4. ed., e aprenda mais sobre o sistema linfático e sua relação com o
sistema circulatório.

Por causa do grande teor de gordura, a linfa do intestino delgado fica esbranquiçada e recebe um nome especial:
quilo.

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Figura 18 - Localização do sistema linfático associado ao sistema cardiovascular.
Fonte: Shutterstock.com

Mas por que devolver a linfa à circulação sanguínea? Por dois motivos, o primeiro é porque ainda nessa linfa
existem nutrientes que podem ser utilizados pelas células, portanto, retornar à circulação significa dar uma nova
chance de se difundirem. O segundo motivo é que, ao mesmo tempo que as células absorvem muitos nutrientes
plasmáticos, elas também excretam muitos resíduos metabólicos, que comumente chamamos de toxinas. Para
serem excretadas do nosso corpo, é necessário que sejam enviadas aos rins, o meio de transporte de quase tudo
no nosso corpo é a corrente sanguínea.

É muito comum também que nesse líquido intersticial se acumule algum antígeno. Para que este não fique

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É muito comum também que nesse líquido intersticial se acumule algum antígeno. Para que este não fique
circulante em nosso corpo, temos os linfonodos. Linfonodos são órgãos arredondados, semelhantes a um grão de
feijão, localizados em meio aos vasos linfáticos, que contêm em seu interior células de defesa (linfócitos).
Assim, para conhecer as funções do sistema linfático, clique nos itens abaixo.

Sistema auxiliar de drenagem tecidual

Retorna o excesso de líquido extracelular (lec) e proteínas plasmáticas para a corrente sanguínea.
Além disso, mantém o volume sanguíneo normal e elimina variações locais na composição química
do líquido intersticial (a pressão no capilar sanguíneo impulsiona água e soluto para o líquido
intersticial, que retorna à corrente sanguínea por meio dos vasos linfáticos – a ruptura do vaso
linfático calibroso causa queda abrupta do volume sanguíneo).

Defesa do organismo

Produz, mantém e distribui os linfócitos.


Absorção de lipídeos

Absorve lipídeos e vitaminas lipossolúveis nas vilosidades intestinais.

Os principais grupos de linfonodos estão situados no pescoço (linfonodos cervicais), na axila (linfonodos
axilares), no cotovelo (linfonodos cubitais), posteriormente ao joelho (linfonodos poplíteos) e na virilha
(linfonodos inguinais).

VOCÊ QUER VER?


Veja no objeto 3D abaixo a distribuição dos linfonodos e dos vasos linfáticos no nosso
organismo. Movimente a imagem e aplique o zoom para compreender em que posição do
corpo encontramos esses órgãos.

Quando um linfonodo recebe grande quantidade de antígenos, como no caso de uma infecção, os linfonodos
ficam edemaciados e por vezes proeminentes. Esse aspecto é popularmente conhecido por íngua; o termo
científico, no entanto, é linfonodo infartado.
Agora que você conheceu os principais grupos de linfonodos e vasos linfáticos, realize a atividade abaixo e teste
seus conhecimentos sobre o assunto.
Além dos linfonodos já descritos, as tonsilas, o baço e o timo constituem órgãos linfáticos. As tonsilas palatinas,
popularmente chamadas de amígdalas, quando ficam edemaciadas causam dor de garganta, porque
provavelmente algum antígeno está tentando invadir seu sistema respiratório e digestório. Veja na imagem
abaixo a posição dos órgãos linfoides em nosso organismo.

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Figura 19 - Principais constituintes do sistema linfático: tonsilas, timo, plexo mamário, ducto torácico, linfonodos
intestinais, linfonodos inguinais, baço e linfonodos axilares.
Fonte: Shutterstock.com

Para você compreender melhor a formação da linfa e o funcionamento do sistema linfático, assista a videoaula!
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1552497697&entry_id=1_gbmhuv3v
Diferente do sistema cardiovascular, o sistema linfático não possui uma bomba propulsora, a gravidade dificulta
esse retorno da linfa ao coração. A movimentação da linfa ocorre pela movimentação do nosso corpo, ao
caminhar, por exemplo, os músculos dos membros inferiores empurram esse líquido para cima.
Por isso, é muito comum pessoas que trabalham muito tempo em pé ou sentadas terem os pés edemaciados.
Portanto, se você quer ajudar o sistema linfático a trabalhar, mexa-se!

A rede de vasos linfáticos começa no tecido com os capilares linfáticos. Os capilares linfáticos formam uma

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A rede de vasos linfáticos começa no tecido com os capilares linfáticos. Os capilares linfáticos formam uma
extensa rede na matriz extracelular de nossos tecidos. No intestino delgado, esses capilares linfáticos
absorveram os lipídeos oriundos da digestão, formando uma linfa leitosa, esbranquiçada, chamada de quilo. Por
causa da coloração esbranquiçada do quilo, os capilares linfáticos do intestino receberam o nome de vasos
lácteos.
Os capilares linfáticos se fundem para formar vasos maiores, chamados de vasos coletores. Os vasos coletores se
unem e formam os troncos linfáticos. Temos NOVE troncos linfáticos no nosso organismo. Para saber mais sobre
eles, clique nos itens abaixo.


Tronco jugular direito e esquerdo: drenam a linfa da cabeça e do pescoço.

Tronco subclávio direito e esquerdo: drenam a linfa dos membros superiores e da parede do tórax.

Tronco broncomediastinal direito e esquerdo: drenam a linfa das vísceras do tórax.

Tronco intestinal: drena a linfa do intestino.

Tronco lombar direito e esquerdo: drenam a linfa dos membros inferiores e da parede do abdome.

Os troncos linfáticos se unem e formam dois ductos linfáticos. Confira a seguir.


Ducto torácico: formado pelos troncos lombares e intestinais que se unem, formando a cisterna do quilo. Da
cisterna do quilo, o ducto torácico tem um trajeto ascendente pelo tórax, no qual recebe a linfa do tronco
broncomediastinal esquerdo, subclávio esquerdo e cervical esquerdo. O ducto torácico drena a linfa dos
membros inferiores, do abdome, da região esquerda do tórax, do membro superior esquerdo e do lado esquerdo
da cabeça e do pescoço. Desemboca na circulação sanguínea.
Ducto linfático direito: formado pelos troncos broncomediastinal direito, subclávio direito e jugular direito. O
pequeno ducto linfático direito drena a linfa do membro superior direito, da região torácica direita e do lado
direito da cabeça e do pescoço. O ducto torácico se abre na veia subclávia esquerda, misturando a linfa ao plasma
sanguíneo.

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VOCÊ SABIA?
Os vasos linfáticos contêm válvulas para evitar o refluxo da linfa. As válvulas mantêm a
movimentação da linfa em uma só direção. O linfedema é a perturbação da circulação linfática
por obstrução ou compressão de um vaso linfático ou mal funcionamento das válvulas
linfáticas. Pode causar desconforto e até mesmo dor de acordo com a quantidade de líquido
acumulado nos tecidos.

A medida que a linfa vai passando pelos linfonodos que estão nos trajetos dos vasos linfáticos, ela vai sendo
filtrada até atingir a corrente sanguínea. Veja nos esquemas abaixo o trajeto da linfa de acordo com a região do
corpo.

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Figura 20 - Trajeto da linfa por segmento corpóreo.
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2019.

O trajeto da linfa não é completamente correspondente dos lados direito e esquerdo do corpo, sendo bastante
desproporcional o calibre do ducto torácico e do ducto linfático direito.
Para testar os conhecimentos adquiridos até aqui, realize a atividade proposta abaixo.
Vamos avançar nos estudos da estrutura e função do sistema circulatório? Agora que já conhecemos o coração,
os vasos sanguíneos e linfáticos, será mais fácil compreendermos o papel desse sistema na manutenção da
homeostase.

3.2 Ciclo e débito cardíaco


A pequena e a grande circulação ocorrem constantemente durante a vida, formando um ciclo. A cada batimento
cardíaco esse ciclo se renova. Já ouviu falar que, mesmo após a morte de uma pessoa, o coração pode continuar
funcionando por alguns momentos? Obviamente estamos falando de uma causa de morte não cardíaca, mas sim,
isso é possível e muito comum. Essa capacidade cardíaca de se manter vivo, independente de outros sistemas
ocorre graças ao Sistema de Condução Elétrica do coração.
Na região superior do AD, encontramos um grupo de células especializadas, denominadas marcapasso, que em
conjunto formam uma região que chamamos de nó sinusal ou nó sinoatrial. Essas células têm a capacidade de
entrar em potencial de ação sem um estímulo, pois a presença de sódio no MEC já é suficiente para iniciar o
processo de despolarização.
Assim que essas células geram o potencial de ação, as células musculares estriadas cardíacas que se localizam ao
redor das células marcapasso são estimuladas a também se despolarizar. Assim como um condutor elétrico, em
milésimos de segundos, os dois átrios se encontram em potencial de ação, ou seja, em sístole.
Somente dois tipos de células são passiveis de fazer potencial de ação: neurônios e células musculares. Nenhum
outro tipo celular ou tecido possui tal capacidade. As valvas atrioventriculares são formadas por tecido
conjuntivo, portanto, a propagação elétrica que deveria continuar para os ventrículos, ao chegar nas valvas,
cessa.
Porém, na região do septo interatrial existe um segundo nó, o nó atrioventricular. Somente quando o estimulo
elétrico alcança esse grupo de células, o potencial de ação consegue ser propagado para os ventrículos.
Devido a esse processo, o impulso elétrico do nó sinusal faz com que os átrios se contraiam. Até que o nó
atrioventricular despolarize, ocorre um pequeno atraso na condução do impulso, para que este então seja
conduzido aos ventrículos. Esse atraso é necessário para que os ventrículos se encham do sangue provindo dos
átrios. Se esse atraso não ocorresse, o impulso do nó sinusal se espalharia por todo o coração simultaneamente,
fazendo com que átrios e ventrículos se contraiam ao mesmo tempo. Se átrios e ventrículos tivessem a sístole
(contração) no mesmo instante, como o coração se encheria de sangue? Seria impossível! Portanto, átrios devem
se contrair (sístole) enquanto ventrículos estão relaxados (diástole) e vice-versa: ventrículos em sístole
enquanto átrios em diástole.

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Figura 21 - Complexo estimulante do coração.
Fonte: iStock.com

Na imagem acima você vê as células marcapasso localizadas na região do nó sino atrial que se despolarizam,
propagando esse potencial de ação para as células musculares dos átrios (direito e esquerdo). Contudo, esse
impulso só consegue migrar para os ventrículos por meio da região do nó atrioventricular que, por sua vez,
conduz o impulso elétrico para os ventrículos por meio do feixe atrioventricular (feixe de His), até atingir ambos
os ventrículos.
Dessa forma, o coração garante seu funcionamento independente de outros sistemas. Uma pessoa em estado
vegetativo teve morte cerebral, mas o coração continua atuando e enviando sangue para que os demais órgãos
continuem funcionando graças ao sistema estimulante do coração (marcapasso cardíaco).
Em média, uma pessoa adulta em repouso possui de 60 a 80 batimentos cardíacos por minuto (bpm), isso é o
que o complexo estimulante do coração permite. Porém, esses batimentos precisam ser alterados de acordo com
a necessidade fisiológica, como uma prática esportiva, por exemplo. A partir daí, precisaremos da influência do
sistema nervoso. No entanto, esses mecanismos de controle da pressão arterial serão estudados adiante, no
próximo capítulo.

VOCÊ QUER VER?


Veja no objeto 3D abaixo o coração e as estruturas anatômicas cardíacas. Movimente a imagem
e aplique o zoom para compreender como as valvas, as câmaras cardíacas e os vasos da base
interatuam para permitir que o ciclo cardíaco aconteça.

A contração cardíaca é mediada também por um potencial de ação, mas ele não pode ser rápido, como o de um

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A contração cardíaca é mediada também por um potencial de ação, mas ele não pode ser rápido, como o de um
neurônio. A contração precisa ser duradoura para que o sangue tenha tempo de sair completamente. Você se
lembra do potencial de ação do neurônio? Este acontecia em três etapas e necessitava de apenas dois íons: sódio
e potássio. Mas lembre-se de que para um músculo contrair, precisamos também de cálcio. Sendo assim, o
potencial de ação das células musculares estriadas cardíacas é composto por quatro etapas. São elas:
despolarização, repolarização temporária, platô, repolarização. Como ilustrado no gráfico a seguir.

Figura 22 - Potencial de ação de uma fibra muscular cardíaca. Fisiologia, revisão e questões comentadas.
Fonte: Constanzo, 2014.

Perceba que a etapa 0 corresponde à despolarização, causada pelo influxo de sódio no MIC (meio intracelular). Já
a etapa 1 corresponde à repolarização temporária, há abertura de canais de potássio e este começa a sair para o
MEC (meio extracelular). Por sua vez, a etapa 2 corresponde ao platô, o cálcio está armazenado no retículo
sarcoplasmático (RS) e durante o potencial de ação o RS lança o cálcio no MIC. Por fim, na etapa 3, o cálcio
retorna ao RS e há apenas a saída de potássio.
Não há hiperpolarização, pois nesses milissegundos de potencial de ação a célula marcapasso já inicia sua nova
propagação estimulante.
Não confunda essa curva de potencial de ação cardíaco com as ondas vistas num eletrocardiograma. As ondas
vistas nesse exame correspondem ao complexo estimulante do coração.

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Figura 23 - Ciclo cardíaco – eletrocardiograma.
Fonte: Shutterstock.com

Como pudemos ver na imagem anterior, as ondas do eletrocardiograma correspondem às despolarizações e às


repolarizações nas diferentes regiões do coração. Dessa forma, o médico consegue visualizar se a pessoa está
tendo alguma deficiência na estimulação ou condução elétrica cardíaca.

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VOCÊ SABIA?
As pessoas que possuem algum mau funcionamento nesse complexo estimulante do coração
desenvolvem arritmia cardíaca e por isso necessitam colocar, por meio de uma cirurgia, um
marcapasso. Esse equipamento recebe esse nome pois irá fazer exatamente a mesma função
das células marcapasso originais. As arritmias fazem com que os sons (bulhas) do coração
apresentem alteração. O popularmente conhecido “sopro” no coração é um som anômalo que
normalmente ocorre em decorrência de uma má formação em alguma valva cardíaca ou nos
septos que separam átrios de ventrículos e por isso permite o refluxo de sangue. Muito comum
em crianças, pois logo após o nascimento o coração ainda não está completamente pronto.
Porém, caso persista, mesmo após a fase adulta, alguns tratamentos podem ser necessários;
em casos mais graves cirurgias com a substituição da valva defeituosa por uma valva cardíaca
de porco ou artificial. Para conhecer os sons anômalos durante a ausculta cardíaca, tanto de
arritmias quanto de sopros, acesse o link disponível em: <https://www.practicalclinicalskills.
com/heart-lung-sounds-reference-guide/>.

Antes de lermos sobre o ciclo cardíaco, assista à videoaula.


https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1552498265&entry_id=1_hzkugvkt
O ciclo cardíaco é o período que vai desde o início de um batimento cardíaco até o início do próximo. Durante
esse ciclo, a sequência de eventos elétricos e mecânicos deve se repetir, enviando um fluxo sanguíneo adequado
para todas as partes do corpo. O ciclo cardíaco se caracteriza por uma sequência de contrações (sístoles) e
relaxamentos (diástoles).
Vamos considerar como sendo a primeira fase do ciclo cardíaco, a sístole ventricular. Nessa fase, os ventrículos
se contraem para ejetar o sangue para dentro das artérias. Para que isso ocorra, é necessário que as valvas mitral
e tricúspide estejam fechadas e que, conforme os ventrículos se contraiam, a pressão do sangue aumente e force
as valvas da aorta e do tronco pulmonar a se abrirem. A abertura das valvas da aorta e pulmonar permitirá a
saída do sangue do coração e sua distribuição para o organismo.
Na sequência da sístole (contração), ocorrerá o esvaziamento dos ventrículos, pois o sangue foi para o
organismo. Quando os ventrículos esvaziam, eles entram em diástole (relaxamento) e a redução na pressão
ventricular faz com que haja entrada de sangue no ventrículo. Para que o sangue que está na aorta e no tronco
pulmonar não retorne ao coração, as valvas da aorta e pulmonar se fecham. Após esse primeiro momento, a
valva mitral e a valva tricúspide se abrem, permitindo que o sangue que está nos átrios entre nos ventrículos.
Quando os ventrículos estiverem quase cheios, os átrios se contraem e preenchem os ventrículos
completamente. Agora, com os ventrículos bem cheios, um novo ciclo pode começar e os ventrículos se contraem
ejetando novamente o sangue no interior das artérias.

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VOCÊ QUER LER?
Para consolidar tudo que você aprendeu neste capítulo e viu na videoaula, leia o capítulo 7 –
Sistema Circulatório, do livro Anatomia & Fisiologia.
SPRINGHOUSE. Anatomia & Fisiologia - Série Incrivelmente Fácil. [Minha Biblioteca].
Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2445-6/>.

O eletrocardiograma é um exame que capta sinais elétricos captados do sistema de condução durante o ciclo
cardíaco. Vamos fazer a relação entre eles?
O ciclo cardíaco consiste nas seguintes cinco fases. Para conhecê-las, clique nas abas abaixo.
Contração
Fechamento das valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) e das valvas arteriais (valva
ventricular
da aorta e pulmonar).
volumétrica
Ejeção Pressão do ventrículo excede a pressão nas artérias e as valvas arteriais (valva da aorta e
ventricular pulmonar) abrem, permitindo a ejeção, saída do sangue dos ventrículos.
Relaxamento
Todas as valvas estão fechadas. Ocorre a diástole atrial.
isovolumétrico
Enchimento As valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) se abrem e ocorre enchimento de 70% do
ventricular volume dos ventrículos.
Sístole atrial Supre os ventrículos com 30% do sangue remanescente.
No eletrocardiograma, são captadas fundamentalmente três ondas: a onda P, o complexo QRS e a onda T. Veja na
figura abaixo.

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Figura 24 - Traçado típico de um eletrocardiograma.
Fonte: Shutterstock.com

A onda P corresponde à despolarização atrial, momento em que os átrios iniciarão a sístole. O complexo QRS
corresponde à despolarização ventricular, momento em que os ventrículos darão início à sístole. E a onda T
corresponde à repolarização ventricular, momento em que terá início a diástole ventricular.

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CASO
Ariovaldo, 60 anos, chegou ao pronto socorro com dor de forte intensidade no tórax há duas
horas. Ariovaldo contou que a dor irradiava para o membro superior esquerdo e para a
mandíbula. Ele também relatou que tem diabetes, pressão alta e é tabagista de dois maços/dia
há 35 anos. O paciente relatou ainda que sua mãe faleceu de infarto agudo do miocárdio (IAM),
aos 50 anos. No exame físico, Ariovaldo apresentou bulhas normofonéticas sem sopros e
pressão arterial de 180x11mgHg. Imediatamente, o paciente foi medicado e tratado com
melhora parcial dos sintomas. Foi realizado um eletrocardiograma (ECG) de urgência que
evidenciou alterações na onda T, a qual corresponde à repolarização ventricular, com
diagnóstico clínico de IAM.
O IAM ocorre quando há necrose das células do miocárdio. Frequentemente, é causado por
obstrução das artérias coronárias e obesidade; a hipertensão e o tabagismo são importantes
fatores de risco. No caso de Ariovaldo, houve lesão na parede dos ventrículos, pois o
eletrocardiograma apresentou alteração na onda T. Dessa maneira, sabemos que, após o
infarto, poderá ser mais difícil para Ariovaldo manter um débito cardíaco adequado, já que o
débito depende da força de contração da parede ventricular. Você sabia que alguns atletas
também a presentam alteração na onda T? É claro que é uma alteração diferente da que vimos
em Ariovaldo, mas também pode ocorrer. A atividade física aeróbia pode levar ao crescimento
do miocárdio (hipertrofia) como uma forma de o coração se tornar mais eficiente e aumentar o
débito cardíaco. A hipertrofia ventricular em atletas pode levar à uma onda T atípica no
eletrocardiograma, sem, no entanto, significar lesão miocárdica.

O eletrocardiograma é uma ferramenta importante para que os médicos e os profissionais de saúde, como
fisioterapeutas e educadores físicos, conheçam as condições de saúde e eficiência cardíaca. Muito da reabilitação
de cardiopatas e da preparação física de atletas é decidido por esses profissionais, a partir dos dados observados
no eletrocardiograma. Vamos verificar se você realmente compreendeu o ciclo cardíaco e sua relação com o
eletrocardiograma?
Seu coração é uma máquina fenomenal! O volume de sangue ejetado pelos ventrículos a cada minuto é chamado
de débito cardíaco. Se a sua frequência cardíaca aumenta, o débito também aumenta. Normalmente, o coração
bate cerca de 70 vezes por minuto durante o repouso (frequência cardíaca de repouso) e ejeta um volume
sistólico de cerca de 70 ml a cada contração. Se fizermos o cálculo, veremos que em um adulto normal, por
minuto, o débito é de 70 contrações X 70 ml = 4900 ml de sangue por minuto.
Agora, veja a imagem abaixo.

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Figura 25 - Aferição da frequência cardíaca.
Fonte: Shuterstock.com

Imagine que você tenha realizado uma atividade física e que sua frequência cardíaca subiu para 120 batimentos
por minuto. Quanto é o seu débito nesse momento? Vamos ver? Fazendo as contas:
Débito cardíaco = Frequência cardíaca X volume sistólico
Débito cardíaco = 120 X 70 = 8400 ml/min
Então, 8,4l de sangue seria o volume ejetado do seu coração, por minuto, a uma frequência de 120 batimentos
por minuto. Percebeu o quanto seu coração trabalha? Imagine o quanto ele consome de energia! Para manter a
homeostase, é necessário que o pulmão ajuste o seu funcionamento de acordo com o funcionamento do coração.
Na sequência, você vai estudar sobre o tecido epitelial e o sistema respiratório. Fique atento!

3.3 Tecido epitelial e sistema respiratório


Para estudarmos o próximo sistema, precisamos antes compreender melhor mais um dos tecidos fundamentais.
Isso porque a função do sistema respiratório só é possível graças ao tecido epitelial.
Apenas relembrando, o tecido epitelial não é uma especialização do tecido conjuntivo, portanto, aquelas
características básicas do tecido conjuntivo não se aplicarão ao tecido epitelial. Na realidade elas são bem
opostas, observe no quadro abaixo.

Quadro 1 - Comparação entre as características do tecido conjuntivo e do tecido epitelial.


Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.

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Podemos encontrar o tecido epitelial de duas formas: revestimento ou glandular. O tecido epitelial de
revestimento, como o nome mesmo sugere, apresenta-se revestindo superfícies externas, como a pele; ou
internas, como a superfície dos órgãos. É o tecido que faz limite entre dois meios e garante proteção e absorção.
Já o tecido epitelial glandular apresenta a capacidade de secreção de substâncias. Estudaremos melhor o tecido
glandular mais adiante.
De qualquer forma, o tecido epitelial não se mostra sempre igual, independentemente do local, ao contrário,
pode apresentar formas celulares e quantidades de camadas celulares diferentes.
Em relação à forma celular, podemos classificar o tecido epitelial em três tipos: pavimentoso, cúbico ou cilíndrico
(colunar ou prismático).

Figura 26 - Classificação do tecido epitelial quanto à forma celular.


Fonte: Shuterstock.com

Mas o tecido epitelial também pode ser classificado quanto a quantidade de camadas celulares. Se apresentar
uma única camada celular, denominaremos simples. Porém, apresentando duas ou mais camadas,
denominaremos estratificado. Observe o quadro comparativo a seguir, para melhor compreensão dessa
classificação.

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Figura 27 - Classificação do tecido epitelial quanto a forma e quantidade de camadas celulares.
Fonte: Shutterstock.com

Agora, observe no quadro abaixo esses tecidos em lâminas.

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Quadro 2 - Tecido epitelial de revestimento.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2019.

Quanto maior o número de camadas celulares, maior a variação nas formas celulares, observe na sequência.

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Figura 28 - Formas celulares do tecido epitelial estratificado.
Fonte: Shutterstock.com

Sabemos que se trata de um tecido epitelial estratificado, mas você sabe qual é a forma celular? Consideraremos
o formato das células que estão mais profundas, cuboides, ou das mais superficiais, achatadas? Para essas
situações, padronizou-se que o tecido seria classificado pela camada mais superficial, portanto, pavimentoso. O
motivo pelo qual a forma celular varia tanto, tem a ver com outra característica do tecido epitelial, a falta de
vascularização.
Veja abaixo as características do epitélio de revestimento.
O único tecido vascularizado é o tecido conjuntivo, portanto ele estará associado a todos os demais tecidos,
incluindo o epitelial. A nutrição tecidual vem por difusão, célula a célula. Quanto mais distante do tecido
conjuntivo a camada estiver, menos nutrientes ela receberá, isso faz com que a célula comece a diminuir seu
tamanho até a apoptose. Quando fazemos um procedimento de esfoliação da pele, estamos na realidade
retirando essas camadas mais superficiais de células que estão morrendo.
Toda regra tem a sua exceção. Pois bem, vamos apresentar duas exceções: o tecido epitelial pseudoestratificado
ciliado (epitélio respiratório) e o tecido epitelial de transição (urinário).
Observe a lâmina abaixo que apresenta várias alturas de núcleos e, portanto, podemos aferir que seja um tecido
estratificado. Porém, quando analisamos a forma celular, o que encontramos na realidade é uma única camada
celular, com células em formatos diversos, portanto um “falso estratificado”, chamado de pseudoestratificado.

Figura 29 - Lâmina e esquema ilustrando o tecido epitelial pseudoestratificado ciliado.


Fonte: Shutterstock.com

O epitélio pseudoestratificado é encontrado nas vias aéreas, nas quais é chamado de epitélio respiratório. A

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O epitélio pseudoestratificado é encontrado nas vias aéreas, nas quais é chamado de epitélio respiratório. A
presença dos cílios favorece em muito a função das vias aéreas, que estudaremos mais adiante.
Por fim, outra exceção é o tecido epitelial de transição, ou como também encontramos na literatura, urotélio, por
ser um tipo de epitélio frequente nas vias urinárias.

Figura 30 - (A) Lâmina histológica do tecido epitelial de transição. A esquerda, a bexiga urinária relaxada e à
direita, estendida. (B) Esquema ilustrando a transição de forma do epitélio de uma bexiga vazia e cheia.
Fonte: Junqueira; Carneiro, 2018, p. 75.

Observe que as células do tecido epitelial não se misturam com o tecido conjuntivo. Isso porque o tecido epitelial
possui uma especialização chamada lâmina basal, uma camada de gel e proteínas adesivas que
compartimentaliza os tecidos e ao mesmo tempo serve de barreira filtradora para as substâncias transportadas
entre os tecidos.
Agora que sabemos as funções do tecido epitelial e de que forma ele pode ser classificado, poderemos
compreender melhor as funções dos demais sistemas, a começar pelo sistema respiratório.

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VOCÊ QUER LER?
Quer saber mais sobre o tecido epitelial e de que forma ele pode ser importante para sua
profissão? Leia o capítulo 4 – Tecido Epitelial do livro Histologia Básica, dos autores Junqueira
e Carneiro 13. ed.

O sistema respiratório é um sistema que possui as seguintes funções: respiração, olfação e fonação. Composto
por diversos órgãos tais como: mariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões.

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Figura 31 - Órgãos que compõem o sistema respiratório.
Fonte: iStock.com

O ar é uma mistura de gases que compõem a atmosfera terrestre. Dessa mistura, para o nosso organismo, o
oxigênio é a parte mais importante.
Se eu perguntasse a você com qual órgão respiramos, provavelmente sua resposta seria: pulmões. Você está
correto, mas se pegarmos o ar da forma como ele está e já o inserirmos no pulmão, muito provavelmente

mataríamos as células pulmonares. Por isso, o sistema respiratório é composto por outras estruturas, além do

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mataríamos as células pulmonares. Por isso, o sistema respiratório é composto por outras estruturas, além do
pulmão. Serão essas estruturas que irão preparar o ar até a hematose (troca de gases entre pulmões e vasos
sanguíneos).
O nariz, por exemplo, que vemos ao olharmos uns para os outros, é apenas uma parte desse órgão; é o que
chamamos de nariz externo. Internamente, o nariz é formado pela cavidade nasal. No interior da cavidade nasal,
encontramos as conchas nasais e o septo nasal. Toda a cavidade nasal é recoberta por um tecido epitelial
secretor de muco. Esse tecido tem por objetivo umidificar o ar e fazer com que pequenas partículas de sujeira
grudem no nariz, impedindo de descer até os pulmões.
Além disso, a cavidade nasal possui um tecido conjuntivo extremamente vascularizado, fazendo com que o ar
seja aquecido. Veja, a nossa temperatura corporal oscila em torno de 36,5° a 37°C, a temperatura do meio
ambiente é diferente disso, por isso, precisamos aquecer o ar para não necrosar as células.
Os espaços entre as conchas nasais são os meatos nasais, nestes, existem pequenos orifícios que comunicam a
cavidade nasal com os ossos pneumáticos do crânio. Pensando no ponto de vista do sistema esquelético, essa
comunicação é ótima, pois o ar entra nessas cavidades ósseas tornando o crânio mais leve. Por outro lado,
também é extremamente vantajoso para o sistema respiratório, pois é mais uma região de aquecimento e
umidificação do ar. Esses ossos pneumáticos são chamados de seios paranasais. Veja essas estruturas nas
imagens abaixo.

Figura 32 - (A) Estruturas anatômicas da cavidade nasal. (B) Seios paranasais: seio frontal, seio maxilar, células
etmoidais e seio esfenoidal.
Fonte: iStock.com

Também é na superfície das conchas nasais, situadas na região mais superior da cavidade nasal, que
encontramos o nervo olfatório, que nos garante a função do olfato.

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Figura 33 - (A) Localização do nervo olfatório, responsável pela percepção de odor. Após a passagem pelo nariz,
o ar é conduzido para a faringe. A faringe é um canal muscular em comum com o sistema digestório, isso significa
que neste canal há passagem de ar e de alimentos. (B) Partes da faringe.
Fonte: Shutterstock.com/iStock.com

Inferiormente à faringe, encontraremos a laringe, uma estrutura altamente complexa formada por várias
cartilagens. A cartilagem mais superficial e mais proeminente é a cartilagem da tireoide, popularmente chamada
de “gogó” ou “pomo de adão”. A cartilagem da tireoide recebe esse nome por ser a cartilagem de apoio da
glândula tireoide.

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Figura 34 - Estrutura anatômica da laringe.
Fonte: Shutterstock.com

Apesar de muitos pensarem que somente homens tem essa cartilagem, as mulheres também têm, porém são
menos proeminentes. Isso está relacionado aos níveis de testosterona de cada um.
Essa cartilagem serve de suporte também para outra cartilagem de extrema importância, chamada epiglote.

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Figura 35 - Vista lateral da laringe em um corte sagital.
Fonte: iStock.com

Repare que enquanto você engole qualquer tipo de alimento, você não respira. Isso porque a sua epiglote está
fechando o canal respiratório.

VOCÊ QUER VER?


Enquanto você respira, sua epiglote se mantém aberta para a passagem do ar, porém quando
engolimos, a epiglote fecha o trato respiratório e obriga o alimento a passar para o trato
digestório. Assista o vídeo de deglutograma na sequência e veja a deglutição em um paciente
normal, no qual o alimento passa da faringe e depois para o esôfago. Logo depois, assista em
um paciente com disfagia (dificuldade de deglutição), como o alimento passa da faringe e
invade as vias aéreas. Observe a importância da epiglote para a deglutição.
Disponível em: <https://youtu.be/CjLvG7rz684/>.

Inferiormente à epiglote e posterior à cartilagem da tireoide, temos as pregas vocais, erroneamente chamadas de

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Inferiormente à epiglote e posterior à cartilagem da tireoide, temos as pregas vocais, erroneamente chamadas de
cordas vocais. As pregas vocais são duas pregas mucosas que vibram com a passagem, tal vibração emite som, a
nossa voz.
Anatomia viva: quer sentir a vibração das pregas vocais? Encontre no seu pescoço onde fica a cartilagem da
tireóide (popularmente conhecida como pomo de Adão), coloque seus dedos sobre ela. Veja na imagem na
sequência como palpar a cartilagem da tireóide:

Figura 36 - Palpação da laringe.


Fonte: iStock.com

Palpe suavemente a região e emita um som vibratório, por exemplo: zzzzzzzzzzzzzzzzzzz bem forte! Sentiu a
vibração das pregas vocais? É exatamente nessa posição do pescoço que elas se localizam e onde sua voz é
produzida.

VOCÊ QUER VER?


Agora que você sentiu a presença das pregas vocais durante a palpação da laringe, você quer
vê-las funcionando? As pregas vocais também podem ser visualizadas por exames de imagem.
Assista o vídeo de uma nasofibrolaringoscopia e compreenda melhor o funcionamento dessas
pregas: <https://youtu.be/dpRPYD-rEqE/>.

Assim que o ar passa pela laringe, chega a um canal formado por cartilagens e músculo liso que se localiza

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Assim que o ar passa pela laringe, chega a um canal formado por cartilagens e músculo liso que se localiza
anteriormente ao esôfago, chamado traqueia. Internamente, a traqueia é formada pelo tecido epitelial
pseudoestratificado ciliado; esses cílios auxiliam na limpeza do ar. Ao final da traqueia, encontramos uma
bifurcação que dá origem a dois novos canais, os brônquios principais. Esses brônquios se ramificam em
segmentos cada vez menores, denominados bronquíolos.

3.3.1 Traqueia e brônquios


A medida que os brônquios se ramificam e passam a serem chamados de bronquíolos, a nomenclatura muda não
apenas porque são menores, mas também porque a composição tecidual também se altera. Veja na imagem a
seguir.

Figura 37 - Composição tecidual do sistema respiratório.


Fonte: Constanzo, 2014.

Observe a tabela e entenda o motivo de termos estudado o tecido epitelial antes de entrarmos em discussão
sobre o sistema respiratório. No interior da traqueia temos os seguintes tecidos: tecido epitelial
pseudoestratificado ciliado, tecido cartilaginoso, tecido muscular, para só então depois destes todos
encontrarmos o tecido conjuntivo rico em vascularização. Você percebe que são muitas barreiras a serem
percorridas pelo oxigênio até o sangue?

Agora, reparem em como essas quantidades de tecidos começam a se tornar escassas à medida que os ductos se

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Agora, reparem em como essas quantidades de tecidos começam a se tornar escassas à medida que os ductos se
tornam menores, até chegarmos aos sacos alveolares que não possuem cartilagens, nem músculos e nem cílios.
Apenas um tecido epitelial simples pavimentoso, ou seja, uma única barreira de células “achatadas”. Percebem
como agora o processo de difusão pode acontecer de maneira mais simples?
Portanto, o que temos é o seguinte: da cavidade nasal até alguns bronquíolos o ar estará apenas sendo conduzido
(filtrado, umidificado e aquecido), e somente na região dos alvéolos (porção final dos bronquíolos respiratórios)
é que teremos o processo de hematose. Chamaremos a primeira porção de zona de condução do ar e a segunda
de zona respiratória.
Mas e os pulmões? Pois bem, os pulmões são um conjunto de alvéolos e bronquíolos, como você pode observar
na imagem abaixo.

Figura 38 - Composição pulmonar.


Fonte: Shutterstock.com

Cada alvéolo é envolto por muitos capilares sanguíneos (capilares que estão vindo lá da artéria pulmonar) com
sangue empobrecido de oxigênio. Por outro lado, cada alvéolo contém ar enriquecido de oxigênio, dessa forma,
por difusão, ocorrem as trocas gasosas (hematose).

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Figura 39 - Alvéolos pulmonares cobertos pelos capilares sanguíneos, nos quais ocorrerá a troca gasosa.
Fonte: iStock.com

Após passar pelos brônquios, o ar chega aos pulmões. Os pulmões formam a parte respiratória das vias aéreas.
Eles são em número de dois e ficam na cavidade torácica, apoiados sobre o músculo diafragma. Os pulmões
apresentam um ápice, superior, e uma base. O pulmão direito é formado por três lobos (superior, médio e
inferior), que são separados pelas fissuras oblíqua e horizontal. O pulmão esquerdo tem somente dois lobos
(superior e inferior), separados pela fissura oblíqua.

VOCÊ SABIA?
A bronquite é uma inflamação de brônquios e a bronquiolite é uma inflamação de bronquíolos.
Já a asma é uma inflamação mais crônica de bronquíolos, na qual estes, devido à inflamação,
tornam-se mais estreitos, dificultando a passagem de ar.

Veja os pulmões, seus lobos e fissuras na imagem abaixo.

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Figura 40 - Morfologia do pulmão.
Fonte: Shutterstock.com

Externamente, os pulmões são revestidos pelas pleuras parietal e visceral, um tecido seroso de proteção que
sintetiza o líquido pleural. Esse líquido permite o deslizamento de uma pleura sobre a outra, reduzindo o atrito e
mantendo a pressão que permite a mecânica respiratória.
Agora que você conheceu os órgãos do sistema respiratório, vamos fazer uma verificação dos seus
conhecimentos por meio do exercício abaixo.
Você viu até agora o trajeto do ar desde a cavidade nasal até os pulmões e o que vai acontecendo com ele. Mas
como o processo de respiração é possível? Por que o ar entra ou sai? Alguém controla a respiração? Todas essas
perguntas serão agora respondidas.
Para que a respiração seja efetiva, três etapas são necessárias. Vamos conhecê-las? Clique nos cards e confira!
Etapa 1
Ventilação pulmonar, ou seja, a capacidade que o nosso corpo tem de fazer o ar entrar e sair.
Etapa 2
Hematose, ou seja, a troca gasosa, difusão entre alvéolos e vasos sanguíneos.
Etapa 3
Transporte de gases até os tecidos.
O objetivo da nossa respiração é levar o oxigênio para as células (pois é a partir dele que as células produzem
ATP), portanto, o objetivo é alcançar a terceira etapa. Qualquer dificuldade que haja em qualquer uma dessas

etapas poderá levar à falta de oferta de oxigênio para as células e, como consequência, à necrose tecidual. Além

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etapas poderá levar à falta de oferta de oxigênio para as células e, como consequência, à necrose tecidual. Além
disso, não é simplesmente cumprir as três etapas, precisamos também fazer com que ora elas aconteçam mais
rapidamente, ora mais lentamente, de acordo com a necessidade dos tecidos.
Vamos compreender o funcionamento de cada uma das etapas: a ventilação pulmonar é uma etapa mecânica que
envolve a contração e o relaxamento de alguns músculos, tais como, diafragma e músculos intercostais. Veja
abaixo suas localizações.

Figura 41 - Localização anatômica dos principais músculos respiratórios.


Fonte: Shutterstock.com

Os músculos intercostais recebem esses nomes justamente por se posicionarem entre as costelas. Ao contraírem,
eles tracionam as costelas, aumentando a cavidade torácica no sentido anteroposterior. Por outro lado, observe a
posição anatômica do músculo diafragma, ao contrair, ele puxa as costelas para baixo, aumentando a cavidade
torácica no sentido superior-inferior. Dessa forma, a pressão interna corporal se torna menor do que a pressão
externa, o ar tende a entrar e os pulmões têm espaço para se encher de ar. Para esse processo de entrada de ar
nos pulmões, damos o nome de inspiração.
Por outro lado, para que o ar saia para o meio externo, basta acontecer o relaxamento desses músculos; a
pressão interna aumenta e o ar tende a sair. Para esse processo, damos o nome de expiração.
Vale ressaltar que o processo inspiratório é um processo ativo, a contração dos músculos exige gasto energético;
já a expiração é um processo passivo. Outra característica importante é que apesar de se tratarem de músculos
estriados esqueléticos, temos sobre eles um controle involuntário do sistema nervoso na maior parte das vezes.
Você consegue decidir respirar mais rápido ou mais devagar, ou simplesmente parar de respirar, mas quando os
níveis de oxigênio no sangue começam a diminuir, você volta a respirar mesmo contra vontade. Esses músculos
respiratórios são controlados por um automatismo, de maneira que podem se contrair mesmo quando não
estamos controlando. Portanto, você até tem certo controle sobre sua respiração, mas é limitado.

Existe ainda o que chamamos de respiração forçada, que acontece quando você decide respirar fundo ou em

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Existe ainda o que chamamos de respiração forçada, que acontece quando você decide respirar fundo ou em
práticas esportivas, por exemplo. Nessas situações, além dos músculos que já vimos, temos o auxílio de mais
outros: o músculo esternocleidomastóideo, os escalenos, os intercostais internos e os músculos abdominais. Veja
abaixo as suas localizações.

Figura 42 - Músculos principais e acessórios da respiração.


Fonte: Silverthorn, 2010.

Esses músculos auxiliarão na inspiração, aumentando ainda mais o espaço interno, ou seja, diminuindo a pressão

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Esses músculos auxiliarão na inspiração, aumentando ainda mais o espaço interno, ou seja, diminuindo a pressão
interna para que o ar possa entrar; e na expiração, diminuindo ainda mais a cavidade, ou seja, aumentando a
pressão interna para que o ar saia.
Chamamos de volume corrente a quantidade de ar expirado em cada respiração normal. O volume inspirado em
uma respiração forçada recebe o nome de capacidade vital. Aprenda no infográfico abaixo sobre os volumes e as
capacidades pulmonares.
Agora que sabemos como o ar consegue entrar e sair e que o sistema nervoso é capaz de controlar esse processo,
podemos seguir em frente para a segunda etapa: hematose.
Não basta ter um pulmão cheio de ar, lembre-se de que nosso objetivo é fazer com que o oxigênio contido no ar
chegue até os demais tecidos. Portanto, a segunda etapa consiste na capacidade de retirar desse ar o oxigênio e
difundi-lo para o sangue; ao mesmo tempo, o sangue enriquecido com gás carbônico (produto do metabolismo
celular) precisa excretá-lo para o meio externo.
Esse processo ocorre por difusão simples, ou seja, sem gasto energético, a favor do gradiente de concentração.
Como já explicado anteriormente e como você pode ver na imagem abaixo, o ar que chega aos alvéolos tem uma
concentração maior do que o sangue em oxigênio. Por outro lado, o sangue possui maior concentração em gás
carbônico do que o ar contido nos alvéolos. Logo, esses gases se difundem do meio mais concentrado para o
menos concentrado.

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Figura 43 - Processo de hematose e difusão tecidual.
Fonte: Shutterstock.com

Esses gases percorrem a corrente sanguínea de duas formas: diluídos no plasma sanguíneo (cerca de 2%
apenas) e fixados numa proteína chamada hemoglobina (98%), contida no interior das hemácias.

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Figura 44 - Transporte de oxigênio pela hemoglobina.
Fonte: Shutterstock.com

Cada hemoglobina possui quatro sítios de ligação, aos quais atribuíram o nome grupo heme. Para que o oxigênio
possa se ligar a esse grupo heme, é necessário a presença de um átomo de ferro. Cada hemoglobina consegue
carregar cerca de quatro oxigênios.
A partir daí, o oxigênio é carregado pelo sangue para todo o corpo e à medida que as hemácias vão passando
pelos capilares sanguíneos, ocorre a terceira etapa: a perfusão tecidual, também por difusão simples.

VOCÊ O CONHECE?
Louis Pasteur em 1881 descobriu a existência de uma bactéria chamada estreptococo
pneumonia, maior agente causador de pneumonia no mundo. Ela causa uma infecção
pulmonar que dificulta a ventilação pulmonar.

Agora, assista à videoaula sobre o sistema respiratório e reforce os conceitos aprendidos até aqui!

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https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
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O próximo tema de estudo é acerca do epitélio glandular exócrino. Vamos lá?!

3.4 Epitélio glandular exócrino, tubo digestório e glândulas


anexas
O tecido epitelial, estudado anteriormente possui além da função de revestimento, a função glandular. Glândulas
são, portanto, formadas por células epiteliais que, isoladamente ou em grupo, possuem a capacidade de secreção
de substâncias. Funcionalmente, existem dois tipos principais de glândulas: exócrinas e endócrinas. Para
conhecer sobre elas, clique nas abas abaixo.

Glândulas exócrinas

São glândulas que secretam substâncias para o meio externo ou para o interior de uma cavidade.
Exemplo: glândulas lacrimais, glândulas salivares, glândulas sudoríparas, entre outras.

Glândulas endócrinas

Secretam substâncias para o interior dos vasos sanguíneos e estas são carregadas para todo o
corpo por meio do sangue. A essas substâncias damos o nome de hormônios.

Neste capítulo, estudaremos as glândulas exócrinas, já as endócrinas serão estudadas mais adiante.

Figura 45 - Morfologia das glândulas.


Fonte: Shuttersctok.com

Geralmente, as glândulas exócrinas são constituídas por unidades secretoras, nas quais é sintetizada e secretada

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Geralmente, as glândulas exócrinas são constituídas por unidades secretoras, nas quais é sintetizada e secretada
a secreção, e por ductos excretores que conduzem a secreção. Essas glândulas podem apresentar de uma a várias
unidades secretoras e, um ou muitos ductos excretores.

Figura 46 - Regiões da glândula exócrina.


Fonte: Shuttestock.com

A ramificação nas glândulas exócrinas é critério para sua classificação. As glândulas com ducto único são
denominadas glândulas simples, as glândulas com ductos ramificados são as glândulas compostas. Por fim, as
glândulas com unidades secretoras ramificadas são denominadas glândulas ramificadas.
Ainda podemos classificar as glândulas exócrinas quanto à forma das unidades secretoras. Há dois tipos de

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Ainda podemos classificar as glândulas exócrinas quanto à forma das unidades secretoras. Há dois tipos de
formato de unidades secretoras: glândulas tubulosas, em forma de tubos, e glândulas acinosas ou alveolares,
que são arredondadas.
Veja na imagem abaixo alguns exemplos de glândulas exócrinas.

Figura 47 - Classificação das glândulas exócrinas.


Fonte: Shutterstock.com

Sobre o produto secretado, ele pode ser de origem proteica (glândula serosa) ou de mucinas (glândula mucosa).
Facilmente identificado em cortes histológicos pela sua coloração, geralmente, o produto mucoso não é corado
facilmente, mostrando-se mais claro do que quando comparado a uma glândula serosa.

Figura 48 - Glândula serosa (A) e glândula mucosa (B).


Fonte: Shutterstock.com

As glândulas também apresentam três formas principais de secretar seus produtos: merócrina, apócrina ou
holócrina. Clique nas abas a seguir e aprenda mais sobre elas.
Merócrina

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holócrina. Clique nas abas a seguir e aprenda mais sobre elas.
Merócrina
Quando a secreção presente em vesículas é transferida por exocitose.
Apócrina
Quando uma delgada região do citoplasma apical da célula é eliminada juntamente aos grãos de secreção.
Holócrina
Na região próxima ao ducto excretor as células involuem, morrem e se rompem. Todo o conteúdo das células se
transforma em secreção, que é então conduzida ao longo do seu ducto.
Veja abaixo as características do epitélio glandular.
A compreensão do que é e de que forma as glândulas exócrinas se apresentam será importante para a
compreensão do funcionamento do sistema digestório.
Se te perguntássemos qual a função do sistema digestório, provavelmente você diria digerir. Não está errado,
apenas incompleto. Isso porque digerir significa quebrar em moléculas menores. Os alimentos que nós
consumimos são formados por nutrientes importantíssimos para a sobrevivência de nossas células, portanto,
mais do que quebrar em moléculas menores, precisamos distribuir esses nutrientes para cada um de nossos
tecidos.
Nosso sistema digestório é formado por uma série de estruturas que desempenharão funções desde a preensão
do alimento até a eliminação daquilo que não será absorvido pelo nosso corpo, ou seja, da boca ao ânus.
A cavidade oral será responsável pela preensão, mastigação, digestão e deglutição do alimento. No interior da
boca, encontraremos os dentes. Temos quatro tipos de dentes: incisivos, caninos, pré-molares e molares, que
desempenham funções de corte e maceração dos alimentos.

Figura 49 - Dentes humanos.


Fonte: iStock.com

Os dentes não são ossos. São estruturas rígidas e esbranquiçadas que se articulam com a mandíbula e a maxila.

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Os dentes não são ossos. São estruturas rígidas e esbranquiçadas que se articulam com a mandíbula e a maxila.
Sua função é participar da mastigação, com o auxílio de alguns músculos. Alguns desses músculos, já conhecidos
por nós como o m. masseter, serão os principais responsáveis pelo processo de movimentação da mandíbula,
gerando a mastigação dos alimentos.

Figura 50 - Localização anatômica do músculo masseter.


Fonte: iStock.com

Porém, os dentes estão localizados em uma “meia lua” fixa. Por isso, caso os alimentos caiam fora da localização
dos dentes, eles não serão mastigados. Assim, para minimizar as possíveis consequências desse problema, temos
o músculo bucinador. O músculo bucinador forma o limite lateral da cavidade oral, as bochechas.

Figura 51 - Músculo bucinador, localização anatômica.

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Figura 51 - Músculo bucinador, localização anatômica.
Fonte: Shuttersttcok.com

Dentre outras funções, esse músculo será responsável por jogar o alimento que caiu no vestíbulo da boca para a
região mais central da cavidade oral. Outro músculo importante na função de preensão será o músculo orbicular
da boca. Cada vez que mordemos um alimento e o jogamos para a cavidade oral a boca se fecha, mantendo o
alimento no seu interior. O músculo principal responsável por essa ação é o músculo orbicular da boca. O
músculo orbicular da boca também forma os lábios superiores e inferiores.

Figura 52 - Músculo orbicular da boca (interior do círculo amarelo).


Fonte: Shutterstock.com

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Fonte: Shutterstock.com

O limite superior da boca é formado pela maxila e pelo osso palatino (já conhecido anteriormente), revestido por
epitélio e mucosa, a qual chamaremos de palato duro. Posteriormente ao palato duro, encontraremos o palato
mole, formado por músculos que auxiliarão no processo de deglutição do alimento. A porção final do palato mole
é uma região chamada de úvula palatina (popularmente conhecida como campainha ou sininho), que impedirá
que o alimento suba para a cavidade nasal.

Figura 53 - Limite superior da cavidade oral.


Fonte: Shutterstock.com

E a língua? Pois bem, ela fica no assoalho da cavidade oral e terá um papel importantíssimo em diversas ações no
processo interno da boca. Por possuir fibras musculares em diversos sentidos, ela será capaz de movimentos

nessas mesmas direções. Auxiliando por exemplo o músculo bucinador, enquanto este joga o alimento para o

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nessas mesmas direções. Auxiliando por exemplo o músculo bucinador, enquanto este joga o alimento para o
centro da cavidade oral, a língua joga para a periferia. O movimento alinhado dos dois músculos faz com que o
alimento fique exatamente ao alcance dos dentes.
Além disso, na superfície superior da língua, encontraremos a maior concentração de papilas gustativas (que
possuem terminações nervosas – quimiorreceptores), que são responsáveis pelo paladar. Existem em torno de
quatro tipos de papilas gustativas: papilas fungiformes, papilas foliadas, papilas circunvaladas e papilas
filiformes.
De maneira geral, a percepção de sabor acontece conforme a figura abaixo.

Figura 54 - Áreas de sabor na língua humana: doce, salgado, azedo, amargo e umami.
Fonte: Shutterstock.com

Além disso, a língua também auxiliará no processo de deglutição, que abordaremos mais adiante.
O processo de mastigação é classificado como uma digestão mecânica na cavidade oral. No entanto, teremos
também a digestão química, que será realizada com o auxílio de algumas glândulas acessórias denominadas
glândulas salivares.
Essas glândulas são exócrinas e sua substância secretada para a cavidade oral é a saliva. Essas glândulas estão
espalhadas por toda a cavidade oral, secretando a todo o momento, a fim de garantir a umidade necessária no
interior da boca. No entanto, durante a ingestão a produção é aumentada.
Existem duas classificações para as glândulas salivares: maiores e menores. Há três pares de glândulas salivares
maiores: as glândulas parótidas, submandibulares e sublinguais. Já as glândulas salivares menores são as
glândulas labial, bucal e palatina, encontradas respectivamente nos lábios, bochechas e palato.
Daremos mais ênfase às glândulas salivares maiores, por serem as maiores produtoras de saliva, sendo que das
três, priorizaremos a glândula salivar parótida.

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Figura 55 - Localização anatômica da glândula parótida e seu ducto parotídeo.
Fonte: Netter, 2014.

Essa glândula secreta a saliva e a libera para seu ducto (ducto parotídeo) que, assim como a glândula, está
localizado na região externa à cavidade oral. Esse ducto adentra a cavidade oral e libera a saliva na região
posterior da cavidade no vestíbulo da boca.
Sobre a constituição química da saliva, temos três tipos principais: aquelas que produzem uma saliva rica em
amilase, outras que produzem uma saliva rica em mucina e ainda aquelas que chamamos de mistas, por
produzirem ambos os tipos.
A amilase é uma enzima que digere componentes de origem amido, ou seja, carboidratos de maneira geral.
Portanto, a digestão desse grupo alimentar é iniciada na região oral, graças a presença dessas glândulas. A
secreção de mucina (muco) se faz necessária uma vez que o alimento irá passar por canais estreitos que podem
ser lesionados por atrito com o alimento. A secreção da glândula parótida é do tipo serosa, rica na proteína
amilase.

VOCÊ SABIA?
A parotidite é a infecção viral da glândula parótida, conhecida popularmente como caxumba. A
caxumba pode ser fatal para crianças pequenas e trazer complicações como a infecção dos
testículos (orquidite) e possível esterilidade masculina e meningite. A melhor maneira de se
prevenir da caxumba é a vacinação. A vacina para caxumba é muito segura (gestantes e
imunodeprimidos devem consultar o médico antes de se vacinar) e pode ser tomada
gratuitamente em postos de saúde do SUS. Não deixe de se vacinar com a tríplice viral e
vacinar as crianças pequenas. Para saber mais acesse o site do Ministério da Saúde. Disponível
em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/caxumba/>.

O processo de deglutição se inicia com o levantar da língua, o alimento desliza para a região posterior da boca e a
úvula palatina protege a cavidade nasal, a fim de garantir o sentido único de direção do alimento. Este, será
conduzido para um canal já conhecido anteriormente por nós, a faringe.
Diferente do ar, o alimento não prosseguirá para a laringe, uma vez que a epiglote fechou o canal respiratório.
Portanto, o alimento prosseguirá a caminho do esôfago.

Tanto faringe quanto esôfago serão responsáveis pela condução do alimento de uma região a outra. Isso

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Tanto faringe quanto esôfago serão responsáveis pela condução do alimento de uma região a outra. Isso
acontecerá graças ao muco que envolve o alimento e ao peristaltismo exercido pela musculatura do esôfago.
O esôfago é um tubo de músculo liso que se inicia na altura de sexta vértebra cervical e se estende até o
estômago. Conforme o alimento passa através do esôfago, as glândulas esofágicas secretam muco, que lubrifica o
bolo e protege o esôfago do atrito provocado por alimentos mal mastigados.
O estômago é uma bolsa muscular localizada na cavidade abdominal, mais voltado para a porção esquerda do
abdome. Anatomicamente, o estômago é formado pelas seguintes regiões: cárdia, fundo gástrico, corpo gástrico,
piloro.

A função principal do estômago é a digestão mecânica, quando formada por músculos, ou química e quando
formada pela secreção de enzimas.
Quando o alimento chega ao estômago através da cárdia, a parede do estômago se distende e estimula o
estômago a liberar gastrina. A gastrina aumenta as contrações do estômago e a secreção de suco gástrico pelas
glândulas gástricas. O pH dessa secreção é extremamente ácido, varia de 0,9 a 1,5 e forma o suco gástrico que
contém pepsina, ácido clorídrico, fator intrínseco e enzimas proteolíticas. Diariamente são secretados pela
mucosa gástrica de dois a três litros de suco gástrico.
A pepsina contida no suco gástrico é uma enzima de pH ácido e com ação proteolítica. Portanto, aquele alimento
que veio da região oral com pH neutro deverá ser acidificado para poder ser digerido. Dessa forma, no interior
do estômago será secretado, além da pepsina, o ácido clorídrico (HCl), a fim de acidificar a cavidade estomacal.
Daí surge o questionamento: esse ácido não faz mal ao epitélio estomacal? Faria, se não fosse um epitélio
adaptado. Entre as células de revestimento, encontraremos glândulas mucosas que produzem uma camada
protetora contra o ácido e protegem o estômago da autodigestão.

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VOCÊ O CONHECE?
Barry J. Marshall e J. Robin Warren ganharam o prêmio Nobel da medicina em 2005 pela
descoberta da Helicobater Pylori. A gastrite é a inflamação crônica na mucosa do estômago
pela bactéria Helicobacter Pylori e é responsável por sintomas como sensação de dor no
estômago, náusea e ou vômitos. Acredita-se que a incidência de gastrite na população
brasileira seja de até 70% e seu agravamento pode levar à úlcera e até câncer.

Justamente porque apenas o epitélio gástrico está preparado para essa condição que se faz necessário dois
esfíncteres, cuja função é manter o alimento ácido no interior do estômago. Esses esfíncteres são a cárdia e o
piloro, que farão limite à região superior do estômago com o limite inferior do esôfago e o limite inferior do
estômago com a porção inicial do intestino delgado, respectivamente.

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Figura 56 - Localização dos esfíncteres cárdia e piloro.
Fonte: Shutterstock.com

Um mau fechamento da cárdia poderá resultar em refluxo gastroesofágico. Sabe aquela sensação de queimação
quando você vomita ou quando apenas o alimento tenta retornar ao esôfago? Pois bem, essa sensação ruim é
devido ao epitélio esofágico não estar tão bem protegido quanto o epitélio estomacal.
As contrações peristálticas do estômago transformam o bolo alimentar em pequenas partículas e o misturam
com sucos gástricos, formando uma massa semilíquida, o quimo. Em seguida, o quimo é conduzido em direção ao
antro pilórico e é liberado no intestino delgado, dando início à fase intestinal da digestão.
O intestino delgado é um tubo muscular de aproximadamente seis metros de comprimento. Anatomicamente
possui três regiões: duodeno, jejuno e íleo.

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Figura 57 - Regiões do intestino delgado: duodeno, jejuno e íleo.
Fonte: iStock.com

No duodeno proximal, as glândulas de Brunner também secretam grandes quantidades de muco para lubrificar e
proteger o duodeno contra sucos potencialmente corrosivos do quimo ácido e suco gástrico. O duodeno produz
ainda os hormônios secretina e colecistocinina. As células absortivas consistem em um grande número de
microvilosidades densamente juntas sobre uma membrana plasmática, que contém os mecanismos de
transporte para absorção e produz enzimas para a etapa final na digestão.
A região inicial, duodeno, é também responsável pela digestão lipídica. Associadas a ele temos duas glândulas
anexas de extrema importância: fígado e pâncreas.

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Figura 58 - Posição do fígado (A) e do pâncreas (B) no abdome.
Fonte: iStock.com

O fígado é a maior glândula do nosso corpo, com múltiplas funções. Aqui, queremos destacar a síntese e a
secreção de Bile. Popularmente, acredita-se que a bile seja a responsável pela digestão lipídica. No entanto, não
é. As principais células que compõem o fígado são os hepatócitos, estes sintetizam a bile e a conduzem por uma
rede de ductos até a vesícula biliar, e lá ela é armazenada. Durante o processo de digestão alimentar, a vesícula
libera no interior do duodeno (por meio de um ducto chamado colédoco) a bile, que terá por função a
emulsificação da gordura.
Sabe quando você vai lavar louça e se depara com uma panela extremamente gordurosa? O que geralmente você
faz? Deixa de molho na água com detergente, certo? E após algum tempo a gordura está mais fácil de limpar. Essa
é a ideia da bile, ela emulsiona a gordura para que seja digerida.
Mas, então, quem digere a gordura? O suco pancreático, produzido pelo pâncreas.
O pâncreas é uma glândula mista que compõe o nosso corpo, isso significa que ela tem capacidade exócrina e
endócrina. Neste momento, vamos nos ater a capacidade exócrina. A função exócrina do pâncreas compreende
células que secretam mais de 1.000 ml de enzimas digestivas todo dia. Os ácinos de células produtoras de
enzimas liberam suas secreções dentro dos ductos que emergem no ducto pancreático. Entre as substâncias
secretadas pelo pâncreas temos as proteases e a lipase.
A lipase, assim como a bile, é secretada para o interior da cavidade duodenal por meio de um ducto (ducto
pancreático), sendo assim, logo que o alimento sai do estômago e adentra a cavidade intestinal, inicia-se a
digestão lipídica e, ao longo de jejuno e íleo, os nutrientes serão absorvidos.

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Figura 59 - Glândulas anexas ao duodeno.
Fonte: Shutterstock.com

O intestino delgado possui duas funções principais: absorção de nutrientes e digestão lipídica. Todos os
nutrientes que foram digeridos até o momento serão absorvidos no jejuno e no íleo para a corrente sanguínea.
Por isso, o comprimento intestinal é tão importante, pois aumenta as chances de absorção dos nutrientes.
Múltiplas projeções da mucosa intestinal aumentam a área de superfície para absorção no jejuno e no íleo. Essas
projeções são chamadas de vilosidades intestinais. As contrações intestinais e as várias secreções digerem
carboidratos, proteínas e gorduras, possibilitando à mucosa intestinal absorver esses nutrientes para a corrente
sanguínea.
Após passar ao longo dos seis metros de intestino delgado, o restante do alimento que não foi absorvido passa
para o intestino grosso. Este possui cerca de 1,5 m de comprimento e tem por função principal a absorção de
água para a corrente sanguínea e a formação das fezes.

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Figura 60 - Localização anatômica do intestino grosso.
Fonte: iStock.com

O íleo se comunica com o intestino grosso numa região chamada ceco. De lá, o alimento passa pelo colo
ascendente do intestino grosso, colo transverso, colo descendente, colo sigmoide, reto e ânus, por onde é
excretado ao ambiente.

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Figura 61 - Regiões anatômicas do intestino grosso. (B) Comunicação entre intestino delgado e grosso.
Fonte: Shutterstock.com

Agora que você conheceu os órgãos do sistema digestório, vamos fazer uma verificação dos seus conhecimentos
por meio do exercício abaixo.
Na próxima atividade vamos testar outros conhecimentos adquiridos. vamos lá?!
Confira, no vídeo a seguir, os órgãos que fazem parte do sistema digestório e o trajeto que o alimento faz desde o
momento em que ele entra pela boca até a saída das fezes pelo ânus.
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Antes de finalizar seus estudos sobre a circulação, a respiração e a digestão, leia com atenção a síntese do

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Antes de finalizar seus estudos sobre a circulação, a respiração e a digestão, leia com atenção a síntese do
capítulo. Você terá a oportunidade de rever, de forma geral, o que estudamos até aqui, além de relembrar os
principais pontos abordados.

Síntese
Você estudou neste terceiro capítulo que o sistema respiratório é formado por diversas estruturas anatômicas
que possuem papel fundamental na preparação do ar até a chegada aos pulmões. Você viu ainda que todas essas
estruturas são fundamentais, uma vez que caso elas não exerçam seu papel, a hematose não será possível. E sem
esta, não atingiremos nosso objetivo principal, ofertar o oxigênio aos tecidos (perfusão).
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• aprender de que forma trabalha o nosso coração e o trajeto do sangue pelo nosso corpo;
• conhecer as estruturas anatômicas dos sistemas respiratório e cardíaco;
• conhecer sobre o sistema linfático e sua importante função na manutenção da homeostase;
• conhecer as estruturas que compõem o sistema respiratório, bem como aprender sobre as três etapas da
respiração: ventilação, hematose e perfusão;
• aprender que os sistemas linfático, cardíaco e respiratório estão intimamente integrados entre si e com
os sistemas anteriormente estudados.

Bibliografia
COSTANZO, L. S. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
JUNQUEIRA, U. L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica: Texto & Atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2018. [Minha Biblioteca]. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527732178/
>.
MOORE, L. K.; DALLEY, F. A.; AGUR, R. A. M. Anatomia Orientada para Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2019. [Minha Biblioteca]. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books
/9788527734608/>.
NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
TORTORA, J. G.; DERRICKSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia, 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2018. [Minha Biblioteca]. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books
/9788527728867/>.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. [Minha
Biblioteca]. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714041/>.

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ESTRUTURA E FUNÇÃO HUMANA

CAPÍTULO 4 - FORMAÇÃO DA URINA E


REPRODUÇÃO
Juliane Cristina de Souza Silva Brito / Vivian Alessandra Silva

-1-
Introdução
Estamos chegando ao fim de nossa disciplina. Até agora, pudemos estudar os diferentes sistemas que compõem
o nosso corpo e a forma incrível como eles interagem influenciando o funcionamento uns dos outros na
manutenção da homeostase. Este último capítulo apresentará dois sistemas que interagem de tal forma que
encontraremos estruturas anatômicas em comum ou muito próximas umas das outras.
Você poderá, então, compreender de que maneira nossos rins funcionam, para que produzimos a urina e como
ela é formada. Em um segundo momento, estudaremos o sistema genital masculino e feminino, quais os órgãos
envolvidos na reprodução e de que forma ela é garantida.
Esperamos que aproveitem a leitura e o aprendizado! Bons estudos!

4.1 Sistema Urinário


Pensando em anatomia geral, talvez o Sistema Urinário seja um dos sistemas mais simples em quantidade de
estruturas anatômicas. Esse sistema é composto por dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e uma uretra,
como você pode observar na figura abaixo.

Figura 1 - Principais estruturas anatômicas que compõem o sistema urinário.


Fonte: MatoomMi, Shutterstock, 2019.

Esse sistema possui diversas funções importantíssimas associadas à manutenção da homeostase. Para conhecê-
las, clique nos itens abaixo.

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Excreção de produtos indesejáveis do metabolismo, de substâncias químicas estranhas, fármacos e
dos metabólitos hormonais.

Regulação do balanço de água e eletrólitos.

Manutenção da osmolaridade e do volume do sangue.

Regulação da pressão arterial.

Regulação do balanço ácido-base.

Secreção, metabolismo e excreção de hormônios.

Em condições extremas de jejum, pode realizar síntese de glicose.

Perceba então que anatomicamente o sistema urinário parece ser simples, mas funcionalmente é um sistema de
alta complexidade. Inclusive, alguns pesquisadores acreditam que ele deveria ser nomeado como Sistema Renal,
uma vez que a produção de urina é apenas uma consequência de tantas funções relevantes.

VOCÊ QUER LER?


Em nossa disciplina, vamos nos ater apenas a parte das funções do sistema urinário, mas caso
você se interesse em aprofundar mais esse conhecimento, te convido a ler a unidade V,
capítulo 26, do livro Fisiologia Humana do autor Arthur Guyton (12 edição).

De todas as estruturas que compõem o sistema urinário, sem dúvida, as principais são os rins. Esses órgãos estão
localizados na cavidade abdominal em uma posição retroperitoneal, ou seja, posterior ao peritônio (membrana
formada por tecido conjuntivo que reveste, protegendo e sustentando, os órgãos abdominais), posterior aos
demais órgãos abdominais (como, por exemplo, fígado e intestinos) e lateral à coluna vertebral.

Figura 2 - Posição anatômica das estruturas que compõem o sistema urinário.

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Figura 2 - Posição anatômica das estruturas que compõem o sistema urinário.
Fonte: Magic mine, Shutterstock, 2019.

Interessante observarmos também que o rim direito se apresenta em uma posição inferior quando comparado
ao rim esquerdo. Isso se deve ao espaço ocupado pelo fígado na cavidade abdominal. Além disso, não são
palpáveis uma vez que estão protegidos pelos últimos pares de costelas (falsas e flutuantes).

Figura 3 - Localização anatômica dos rins.


Fonte: Magic mine, Shutterstock, 2019.

O sangue chega aos rins por meio da aorta abdominal que dá origem às artérias renais, as quais originam vasos
cada vez menores que irão nutrir todo o tecido renal; falaremos mais sobre isso adiante. Em relação à drenagem
renal (veias), as veias renais conduzem o sangue filtrado para a veia cava inferior que, por sua vez, conduz o
sangue novamente ao coração. Acompanhe, na ilustração abaixo, como é essa estrutura.

Figura 4 - Vascularização do rim.


Fonte: Adaptado de Sebastian Kaulitzki, Shutterstock, 2019.

Essa região de entrada e saída de vasos sanguíneos do rim chamamos de hilo renal. É nessa região que também

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Essa região de entrada e saída de vasos sanguíneos do rim chamamos de hilo renal. É nessa região que também
encontramos o canal de condução da urina formada à bexiga urinária, chamado de ureter. Acompanhe, no
destaque, o hilo renal.

Figura 5 - Hilo renal.


Fonte: yusufdemirci, Shutterstock, 2019.

Se fizermos uma secção frontal, observaremos que o rim possui uma região mais externa, denominada córtex
renal, e uma região mais interna, denominada medula renal.
Na região da medula renal, encontramos áreas mais escuras, com formato triangular, as quais denominam-se
pirâmides renais; cada uma delas desemboca em uma região denominada cálice menor. A filtração do sangue e
formação da urina inicia na região cortical e na região das pirâmides renais. Já os cálices menores são condutores
da urina já formada. Os cálices menores se fundem formando os cálices maiores, até desembocar em uma área
comum aos cálices maiores que chamamos de pelve renal. Dessa região, a urina migra para o ureter e bexiga
urinária.

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Figura 6 - Estruturas anatômicas renais internas.
Fonte: Neokryuger, Shutterstock, 2019.

Você já ouviu falar em cálculo renal? Prossiga com seus estudos e aprenda mais sobre o tema.

VOCÊ SABIA?
Os cálculos renais são formados por sais de ácidos inorgânicos ou orgânicos, ou de outros
materiais. Eles podem se formar e se localizar nos cálices renais, ureteres ou bexiga urinária.
Um cálculo renal pode passar do rim para a pelve renal e, depois, para o ureter. Se o cálculo for
cortante ou maior do que o lúmen normal do ureter (aproximadamente 3 mm), poderá causar
distensão excessiva desse tubo muscular fino. Dessa forma, o cálculo ureteral causará forte dor
intermitente (cólica ureteral) enquanto é gradualmente deslocado em direção inferior no
ureter por ondas de contração. O cálculo pode causar obstrução completa ou intermitente do
fluxo urinário. Dependendo do nível de obstrução, que se modifica, a dor pode ser referida
para a região lombar ou inguinal, ou para os órgãos genitais externos e/ou testículo.
A dor extrema pode ser acompanhada por desconforto digestivo intenso (náuseas, vômito,
cólica e diarreia) e resposta simpática generalizada que pode mascarar em vários graus os
sintomas mais específicos.
Fonte: MOORE, L. K.; DALLEY, F. A.; AGUR, R. A. M. Anatomia Orientada para Clínica. 8. ed.
[Minha Biblioteca]. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books
/9788527734608/>.

A unidade funcional do rim se chama néfron. Trata-se de uma estrutura microscópica formada por muitas células
com funções específicas: filtração, reabsorção, secreção e excreção. Cada rim contém aproximadamente um
milhão de néfrons. Antes de compreendermos as funções específicas dos néfrons, vamos conhecer sua

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milhão de néfrons. Antes de compreendermos as funções específicas dos néfrons, vamos conhecer sua
morfologia.
Cada néfron é formado por uma região inicial denominada corpúsculo renal, túbulo contorcido proximal, alça de
henle, túbulo contorcido distal e ducto coletor.

VOCÊ O CONHECE?
Friedrich Gustav Jakob Henle (1809 - 1885) foi um médico, patologista e anatomista alemão
que descobriu a Alça de Henle. É pesquisador fundamental no desenvolvimento da moderna
medicina.

Abaixo você encontrará um esquema didático da morfologia do néfron ilustrando cada parte e a região em que se
encontra no rim: cortical ou medular.

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Figura 7 - Estruturas microscópicas do néfron.
Fonte: CARNEIRO; JUNQUEIRA (2013).

As artérias renais se ramificam em vasos cada vez menores até darem origem às arteríolas aferentes. Essas
arteríolas conduzem o sangue para a região do corpúsculo renal, que é formado pela cápsula de Bowman e
capilares glomerulares. Esses capilares dão origem à arteríola eferente.

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Figura 8 - Corpúsculo renal.
Fonte: Adaptado de sciencepics, Shutterstock, 2019.

Essa arteríola eferente sai da região do corpúsculo renal, porém, continua a acompanhar toda a região de túbulos
contorcidos e alça de Henle; acompanhe na ilustração abaixo.

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Figura 9 - Néfron e sua vascularização.
Fonte: Aldona Griskeviciene, Shutterstock, 2019.

O fato de termos essa arteríola acompanhando todo o néfron garante a ele a execução de todas aquelas funções
citadas anteriormente. Imagine a formação de dois ambientes internos: o que ficar dentro da arteríola eferente
retornará à circulação sistêmica, mas o que ficar dentro dos túbulos do néfron será eliminado em forma de urina.
Quer aprender mais sobre esse tema? Clique nas setas abaixo e confira!
O sangue é formado por plasma e células. O sangue chega ao rim pela artéria renal e ao corpúsculo renal por
meio da arteríola aferente. Nessa região, é iniciada a primeira etapa: filtração do sangue.
Um filtro convencional tem por função limpar uma solução de impurezas. Um filtro de água, por exemplo, tenta
limpar a água de todas as micropartículas de impurezas contidas ali naquela solução. Temos que filtrar o sangue?
Há impurezas no sangue?
Pense na sua alimentação; será que tudo de que você se alimenta é saudável para seu corpo? Será que as
concentrações iônicas contidas na sua alimentação estão de acordo com as necessidades celulares? Obviamente
que não. Para esses excessos precisamos de um filtro seletor.
Além disso, o próprio metabolismo celular irá formar substâncias ditas tóxicas ao seu corpo, sendo necessário,
portanto, eliminá-las.
O corpúsculo renal terá essa função. Os capilares glomerulares estão envolvidos por um grupo de células
chamadas podócitos, que garantem a essa região uma certa “porosidade”. Em outras palavras, assim como num
filtro convencional, somente irá passar por suas frestas aquelas partículas menores, como a água e os íons.
Cerca de 98% do plasma sanguíneo é filtrado. Ficam retidas nos vasos sanguíneos e não são filtradas: as células
do sangue, proteínas, água e glicose. Os íons atravessam essa barreira e são conduzidos aos túbulos proximais.
O corpúsculo renal, responsável pelo processo de filtração, está sendo ilustrado na imagem abaixo. À esquerda,

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O corpúsculo renal, responsável pelo processo de filtração, está sendo ilustrado na imagem abaixo. À esquerda,
num esquema didático, e as demais imagens, são fotomicrografias de lâminas reais.

Figura 10 - Histologia do Corpúsculo Renal.


Fonte: (A) Aldona Griskeviciene, Shutterstock, 2019; (B) e (C) Anna Jurkovska, Shutterstock, 2019.

Porém, se esse volume de 98% ficar contido dentro dos túbulos, será excretado. Será que é interessante eliminar
um volume tão grande e tão rico em nutrientes? Não.
Entramos na segunda e terceira etapas que irão ocorrer no interior dos túbulos contorcidos e na alça de Henle.
Essas etapas são de reabsorção e secreção.
Para compreender melhor como os rins filtram o sangue para formar a urina, assista à videoaula.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
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O esquema abaixo ilustra os elementos e quantidades que são reabsorvidos pelos túbulos do néfron. Observe
que cada região possui maior sensibilidade para alguns íons e menor para outros. Essas quantidades podem ser
alteradas por vários motivos, mas, independentemente disso, sempre com o objetivo de garantir a homeostase
celular. Esse transporte que ocorre entre os túbulos e o vaso sanguíneo se dá por meio de canais transportadores
de membrana (difusão passiva e ativa).

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Figura 11 - Funções exercidas por cada região do néfron.
Fonte: DERRICKSON; TORTORA (2018).

O volume de líquido que entra nos túbulos renais é muito elevado, e parte desse líquido deve ser devolvida à
corrente sanguínea. Chamamos essa devolução do excesso de elementos filtrados de reabsorção tubular. A
reabsorção é a segunda função mais importante do néfron, e 65% da água filtrada a partir da corrente sanguínea
será reabsorvida no túbulo contorcido proximal.
A glicose, os aminoácidos, a ureia e os íons sódio, potássio, cálcio, cloreto, bicarbonato e fosfato são solutos
presentes no filtrado glomerular e, em sua maior parte, são reabsorvidos no túbulo contorcido proximal.
Após passar pelo túbulo contorcido proximal, o filtrado passará para a alça de Henle, na qual mais 15% da água
será reabsorvida. Além da água, a alça de Henle absorverá mais sódio, potássio e outros íons que permanecem
presentes no filtrado.

Depois de passar pela alça de Henle, o líquido entrará nos túbulos contorcidos distais. Nesse local, o resto da

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Depois de passar pela alça de Henle, o líquido entrará nos túbulos contorcidos distais. Nesse local, o resto da
água, entre 10 e 15%, será reabsorvido, bem como o que restou de íons sódio e cloreto. É nesse local que age o
hormônio paratireoidiano, chamado de paratormônio, aumentando ou diminuindo a reabsorção de cálcio de
acordo com as necessidades do organismo.
O produto final de toda essa reabsorção e secreção aos túbulos agora poderá ser chamado de urina, a qual será
excretada pelo ducto coletor e desembocará nos cálices menores até o ureter. Os ureteres são canais formados
por tecido muscular liso que tem a função de condução da urina até a bexiga urinária.

VOCÊ SABIA?
Existem vários tipos de diuréticos, mas todos eles atuam no funcionamento do néfron, seja nas
funções de reabsorção ou secreção. Por exemplo, os diuréticos de alça atuam na alça de
Henle, impedindo a grande reabsorção de sódio dos rins. Além disso, esses diuréticos
produzem o aumento do fluxo. Já os diuréticos tiazídicos atuam no túbulo distal, aumentando
moderadamente a eliminação de urina, e são os únicos diuréticos que também agem como
vasodilatadores sanguíneos, o que também ajuda a diminuir a pressão arterial. Temos, por fim,
os diuréticos poupadores do potássio que atuam nos receptores da aldosterona nos túbulos
distais. Esse tipo previne a perda de potássio, um problema dos outros tipos de diuréticos
acima.

Na bexiga urinária, encontraremos um local de armazenamento dessa urina até que seja eliminada. A bexiga
urinária se encontra na pelve, anterior à vagina e posterior à sínfise púbica, no caso das mulheres. Em homens, a
bexiga urinária está anterior ao reto e posterior à sínfise púbica. Veja a imagem a seguir, ilustrando a posição
anatômica da bexiga urinária em mulheres e homens.

Figura 12 - (A) Posição anatômica da bexiga urinária em mulheres e (B) em homens.


Fonte: Alila Medical Media, Shuttertock, 2019.

O volume máximo de armazenamento da bexiga urinária é em torno de 500mL de urina. Essa capacidade elástica

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O volume máximo de armazenamento da bexiga urinária é em torno de 500mL de urina. Essa capacidade elástica
que a bexiga possui se deve aos tecidos que a compõem, no caso tecido muscular liso revestido por um tecido
epitelial de transição que é capaz de acompanhar tal elasticidade.
O canal que conduz a urina armazenada na bexiga urinária até o ambiente externo é a uretra. Esse canal se
diferencia entre homens e mulheres pelo seu comprimento. A uretra masculina é maior em relação à feminina;
nas mulheres, apresenta um comprimento em torno de quatro centímetros que começa na porção final da bexiga
urinária até o óstio externo da uretra. Por outro lado, nos homens a uretra tem em torno de dezoito centímetros,
uma vez que precisa atravessar o pênis. Veja a imagem a seguir.
A diferença entre comprimento da uretra e a localização do óstio externo da uretra entre homens e mulheres
influenciará inclusive na facilidade de desenvolvimento de algumas doenças como, por exemplo, as infecções
urinárias.
As infecções urinárias são doenças geralmente bacterianas que podem acometer todo o trato urinário, sendo
mais comuns em uretra e bexiga urinária. Entre muitos fatores que podem levar ao desenvolvimento dessa
doença está o comprimento da uretra. Porque a uretra feminina é menor, a chance de um crescimento bacteriano
local e que progrida até a bexiga urinária é maior do que em homens. Além disso, o óstio externo da uretra
feminina se localiza muito mais próximo do ânus do que a masculina, região na qual é muito comum a presença
bacteriana.

Figura 13 - (A) Masculina e (B) feminina.


Fonte: Alexey Blogoodf, Shutterstock, 2019.

Neste capítulo, você estudou as estruturas anatômicas que compõem o nosso sistema urinário, de que maneira a
urina é formada e a influência do rim na manutenção da homeostase celular.
Agora, vamos testar os conhecimentos adquiridos neste tópico realizando a atividade proposta.
Você estudará adiante sobre outros aspectos de sua contribuição na manutenção da homeostase sistêmica.
Como estudamos, o sistema urinário possui diversas funções importantes na manutenção da homeostase, entre
elas, grande influência no controle da pressão arterial. Para aprender mais sobre este tema, clique nas abas
abaixo.
Pressão arterial
A pressão arterial é a pressão exercida pelo fluxo sanguíneo contra a parede das artérias; ela é resultante de
forças como a cardíaca, que impulsiona o fluxo sanguíneo em direção às artérias e, ao mesmo tempo, a força
arterial contrária ao fluxo sanguíneo (resistência vascular periférica).

Vimos no Capítulo 3 que a parede dos vasos sanguíneos é formada por túnicas (íntima, média e adventícia) e que

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Vimos no Capítulo 3 que a parede dos vasos sanguíneos é formada por túnicas (íntima, média e adventícia) e que
a principal diferença entre os tipos vasculares é túnica média, que se apresenta muito mais espessa em artérias
do que em veias, estando ausente em capilares sanguíneos. A ausência em capilares sanguíneos favorece a
perfusão tecidual, porém, o torna um vaso mais frágil. Dessa forma, é importante que artérias e arteríolas
exerçam alta resistência contra o fluxo sanguíneo (resistência vascular periférica) a fim de manter a pressão
interna dos capilares mais baixa e não lesionar o vaso em questão.
Volemia
Portanto, é importante que tenhamos uma pressão sanguínea constante, uma vez que é graças a ela que
conseguimos levar os nutrientes para todas as células do nosso corpo. Para mantermos a pressão arterial
adequada (em média 120/80mmHg), precisamos considerar alguns fatores, como, por exemplo, a força muscular
cardíaca, a resistência oferecida pelas paredes arteriais (como já mencionado anteriormente) e o volume do
fluxo sanguíneo, chamado de volemia.
Alimentação
É nesse terceiro fator que os rins conseguirão influenciar. O coração e os vasos estão adaptados a exercer suas
forças para um volume médio de cinco litros de sangue. Qualquer aumento ou diminuição desse volume irá
influenciar a pressão arterial, portanto, os rins precisam eliminar o volume que esteja em excesso ou preservar o
volume caso esteja abaixo dos limites necessários.
De que maneira esse volume pode ser alterado? Pela sua alimentação. Suponhamos que você beba 1 litro de suco
durante uma refeição. Esse volume passará por todo seu sistema digestório, sendo absorvido pela corrente
sanguínea na região do intestino. Portanto, agora você não possui apenas cinco litros de plasma sanguíneo, mas
possui seis e esse aumento do volume certamente irá influenciar nos valores adequados da sua pressão arterial.
Cabe aos rins eliminarem esse litro em excesso.
Volemia é o nome dado ao volume sanguíneo, que é regulado diretamente pelos rins. Algumas situações do nosso
cotidiano podem influenciar a manutenção renal, como, por exemplo, durante uma drenagem linfática, o volume
linfático é conduzido de volta aos vasos sanguíneos, gerando um aumento da volemia (hipervolemia); isso faz
com que os rins precisem eliminar esse volume em excesso, por isso a diurese tende a aumentar. Por outro lado,
durante uma atividade física, o aumento do gasto energético associado ao aumento da temperatura interna leva
à sudorese, perda de volume plasmático que faz com que nossos rins diminuam a produção de urina a fim de
manter o volume plasmático adequado.
Dentre as formas principais em que os rins exercem esse papel, de manutenção da volemia, está o Sistema
Renina Angiotensina Aldosterona. Trata-se de um sistema formado por diversas proteínas e enzimas
sintetizadas por diversas regiões do corpo com o objetivo de garantir a manutenção da homeostase sistêmica.
A renina é uma enzima produzida pelas células justaglomerulares renais cujas funções principais são gerar
vasocontrições nas arteríolas renais, aumentando a filtração glomerular, e também atuar como enzima na
conversão do angiotensinogênio em angiotensina I (AngI). A Ang I também será convertida por uma enzima
denominada ECA (Enzima Conversora de Angiotensina), em um potente vasoconstritor periférico chamado
Angiotensina II. Seja na sua função parácrina, ou como enzima participante do SRA, a renina produzida pelos rins
terá grande influência no aumento da pressão arterial.
Além disso, os rins são capazes de secretar Aldosterona que, por sua vez, influenciará na reabsorção de sódio nos
túbulos renais.

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Figura 14 - Esquema da cascata clássica de funcionamento do sistema renina angiotensina.
Fonte: joshya, Shutterstock, 2019.

A figura a seguir mostra um esquema simplificado do sistema renina angiotensina, incluindo local de secreção e
local de atuação.

Figura 15 - Influência do SRA na ativação do hormônio aldosterona.


Fonte: joshya, Shutterstock, 2019.

Como você pode perceber, todos os sistemas do nosso corpo têm grande participação na manutenção da
homeostase e se interagem de uma maneira incrível.
A seguir, dando continuidade aos seus estudos deste capítulo, você aprenderá sobre o sistema reprodutor
masculino. Mantenha-se atento!

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4.2 Sistema genital masculino
Esse sistema tem por função principal a perpetuação da espécie, portanto, será formado por órgãos responsáveis
pela formação das células germinativas (espermatozoides) e órgãos responsáveis pela liberação destes no meio
externo.
Além disso, alguns desses órgãos serão responsáveis pela síntese dos hormônios sexuais como, por exemplo, a
testosterona, responsáveis características sexuais.
Os órgãos que compõem o sistema genital masculino são: Testículo, uma rede de ductos condutores (Epidídimo,
Ducto Deferente, Ducto Ejaculatório e Uretra) e glândulas sexuais acessórias (glândula Seminal, Próstata e
glândulas Bulbouretrais), além do Escroto e do Pênis.

Figura 16 - Sistema Genital Masculino.


Fonte: logika600, Shutterstock, 2019.

Antes de nos aprofundarmos no estudo do sistema genital masculino, assista à videoaula.


https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1553253733&entry_id=1_3hu5s6a4
A formação e maturação dos espermatozoides ocorrem nos testículos, que se localizam no interior do escroto. O
escroto é uma bolsa formada por músculos e pele que protege os testículos e faz a termorregulação. Os testículos
precisam estar sempre a uma temperatura de cerca de 35 graus, por isso o escroto garante que a temperatura
fique nesse nível.

Os testículos são glândulas pares de aproximadamente cinco centímetros de comprimento. Internamente, os

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Os testículos são glândulas pares de aproximadamente cinco centímetros de comprimento. Internamente, os
testículos são formados por uma rede de túbulos e, conforme as células germinativas são conduzidas por esses
ductos, são também maturadas. Nos seres humanos, a espermatogênese leva de 65 a 75 dias.

Figura 17 - Anatomia externa e interna do testículo.


Fonte: (A) CSA-Printstock, Istockphoto, 2019; (A) ttsz, Istockphoto, 2019.

Para o amadurecimento das células germinativas masculinas e femininas, é necessária a integração do sistema
genital com outro sistema, o sistema endócrino. Como já vimos anteriormente, o sistema endócrino é composto
por glândulas, ou seja, tecido epitelial especializado em secreção de substâncias na corrente sanguínea.
Essa substância secretada pelas glândulas é chamada de hormônio. Temos diversos hormônios com diferentes
funções reguladoras do nosso corpo; vamos nos ater, neste momento, ao hormônio sexual masculino: a
testosterona.
Assim como o sistema nervoso, o sistema endócrino depende de um feedback para exercer suas funções de
maneira adequada e garantir a homeostase corporal. A essas alças de feedback que permitem a comunicação
entre glândulas chamaremos de eixos hormonais.
O eixo hormonal sexual masculino é formado por três regiões: Hipotálamo, Hipófise e Testículos. O hipotálamo,
como você estudou anteriormente, se localiza no sistema nervoso central, mais especificamente no diencéfalo.
Essa é a região de principal comunicação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino.
O hipotálamo secreta um hormônio chamado GnRh (hormônio regulador de gonadotrofina) que estimula a
glândula hipófise a secretar dois hormônios, o FSH (hormônio folículo estimulante) e o LH (hormônio
luteinizante).
Nos homens, esses hormônios estimularão a produção de testosterona no testículo e a produção e a maturação
dos espermatozoides. A testosterona será responsável pelo processo de divisão celular das células germinativas
no testículo até que elas formem os espermatozoides, além do desenvolvimento das características sexuais
secundárias, como crescimento de pelos, alteração de voz, morfologia corporal, etc.
O esquema abaixo ilustra didaticamente o funcionamento desse eixo hormonal, acompanhe.

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Figura 18 - Funcionamento do eixo hormonal masculino.
Fonte: Elaborado pela professora (2018).

Você sabe qual o efeito dos hormônios esteroidais para o organismo? Acompanhe na sequência.

VOCÊ SABIA?
Muitos homens fazem o uso de hormônios esteroidais, as “bombas”, com o objetivo de
estimular os efeitos secundários da testosterona, como, por exemplo, a hipertrofia muscular.
Porém, o que muitos não sabem é que o fato de haver uma concentração circulante maior de
testosterona do que o normal forma um feedback negativo na produção fisiológica, podendo
inclusive gerar atrofia testicular.

A rede de túbulos do testículo converge para um único túbulo denominado Epidídimo, cuja função é armazenar
os espermatozoides até a ejaculação. Os epidídimos ficam no escroto juntamente com os testículos. Durante a
ejaculação, os espermatozoides do epidídimo serão conduzidos para o ducto deferente, o qual penetra na
cavidade abdominal de maneira ascendente, contorna posteriormente a bexiga urinária, desembocando em uma
região chamada próstata. Dentro da próstata, o ducto deferente se une ao ducto da glândula seminal e forma um
novo ducto chamado de ducto ejaculatório. Veja na imagem na sequência.

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Figura 19 - Formação do ducto ejaculatório.
Fonte: Alila Medical Media, Shutterstock, 2019.

A glândula seminal produzirá parte do sêmen. O sêmen é um líquido que fornecerá aos espermatozoides todo o
aporte energético e nutricional para a sobrevivência fora do sistema masculino. Além disso, a secreção da
glândula seminal ativa o flagelo dos espermatozoides, garantindo a sua mobilidade. A partir dos dutos
ejaculatórios, os espermatozoides são conduzidos para a uretra, onde recebem a secreção prostática.
A próstata é uma glândula cuja secreção confere odor característico ao sêmen. No seu trajeto dentro da uretra, o
sêmen recebe ainda a secreção das glândulas bulbo-uretrais. As glândulas bulbo-uretrais localizam-se próximas
à raiz do pênis e sua secreção é responsável por neutralizar o pH da uretra.
Você deve estar lembrado que pela uretra também passa a urina, cujo pH é muito ácido. O espermatozoide não
suporta este pH baixo e por isso a secreção da glândula bulbo-uretral é tão importante. Finalmente, da uretra os
espermatozoides serão conduzidos para o meio externo.

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Figura 20 - Estruturas internas e externas do sistema reprodutor masculino.
Fonte: corbac40, Istockphoto, 2019.

A seguir, acompanhe o resumo das funções das estruturas anatômicas do sistema reprodutor masculino vistas
até o momento.
A uretra masculina começa na bexiga urinária, atravessa a próstata e passa internamente ao pênis.
Diferentemente do sistema genital feminino, que será estudado mais adiante, o canal de condução da urina ao
meio e do sêmen é o mesmo.
O pênis é formado por duas partes: um corpo esponjoso e dois corpos cavernosos. O corpo esponjoso é a parte
do pênis que fica ao redor da uretra e na parte inferior do pênis.
Já na região superior do pênis, estão os corpos cavernosos do pênis, em par lado a lado. Essa região também é
formada por tecido conjuntivo e é extremamente vascularizada. Os corpos cavernosos têm por função principal
se encher de sangue garantindo a ereção peniana.

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Figura 21 - Anatomia do pênis.
Fonte: ericsphotography, Istockphoto, 2019.

Agora, vamos testar os conhecimentos adquiridos neste tópico. Para tanto, realize a atividade proposta a seguir.
Agora que finalizamos o estudo do sistema genital masculino, chegou o momento de estudarmos o sistema
genital feminino e compararmos as funções dos diferentes órgãos na reprodução. Vamos lá?!

4.3 Sistema genital feminino


O sistema genital feminino, assim como o masculino, é composto por órgãos responsáveis pela formação e
maturação das células germinativas (ovócitos) e por órgãos responsáveis pelo desenvolvimento do embrião.
Podemos didaticamente dividir os órgãos que compõem o sistema reprodutor feminino em órgãos genitais
internos e externos à cavidade pélvica.
Internamente, esse sistema é formado por ovários, tubas uterinas, útero e vagina. O ovário é o órgão responsável
por formação e maturação do ovócito; é a gônada feminina. Trata-se de um órgão par localizado na cavidade
abdominal, lado a lado com o útero.

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Figura 22 - Órgãos internos do Sistema Reprodutor Feminino.
Fonte: FancyTapis, Istockphoto, 2019.

As células germinativas femininas são formadas ainda no período embrionário e, assim que a mulher entra na
puberdade, os hormônios femininos (que serão estudados mais adiante) promovem o amadurecimento dos
ovócitos, tornando-os fertilizáveis. A cada ciclo menstrual um ovócito é liberado pelo ovário.
O ovócito liberado na cavidade abdominal será captado pelas tubas uterinas. As tubas uterinas são órgãos de
músculo liso, pares, que se estendem lateralmente a partir do útero, medem aproximadamente 10 cm de
comprimento e fornecem uma via para o ovócito chegar até o útero. Ocorrendo a fecundação, a tuba uterina é a
via utilizada pelo embrião para chegar até o útero.
As tubas uterinas e os ovários não estão conectados, mas estão localizados de maneira bem próxima. A parte da
tuba uterina que fica mais próxima do ovário é uma região denominada infundíbulo da tuba uterina. Essa
região possui “franjas” chamadas fímbrias da tuba uterina, que estão ligadas à extremidade lateral do ovário. Já
a região pela qual a tuba se conecta ao útero é denominada istmo da tuba uterina. As fímbrias varrem a
superfície do ovário durante o período fértil e captam o ovócito assim que ele é liberado pelo ovário, fazendo
com que ele entre na tuba uterina. A tuba uterina conduzirá então o ovócito na direção do útero.

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Figura 23 - Regiões anatômicas da tuba uterina.
Fonte: Magic mine, Shutterstock, 2019.

Um espermatozoide geralmente encontra e fertiliza um ovócito ainda no interior da tuba uterina. A fertilização
pode ocorrer até aproximadamente 24 horas após a ovulação e o embrião formado chegará ao útero ao final do
sexto dia de gestação. Caso não haja fecundação, esses ovócitos serão conduzidos até o útero, se desintegrarão e
serão eliminados através da vagina ao meio externo.
Já no útero, encontraremos um local no qual esse óvulo fecundado poderá se implantar e o embrião se
desenvolver. O útero é um órgão de músculo liso situado entre a bexiga urinária e o reto. Em mulheres que
nunca engravidaram, ele possui cerca de sete centímetros e meio de comprimento.

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Figura 24 - Localização anatômica do útero (vista lateral da cavidade abdominal).
Fonte: Hank Grebe, Istockphoto, 2019.

O útero é formado por três camadas: a camada mais interna denominada endométrio (tecido epitelial de
revestimento), a camada média denominada miométrio (tecido muscular liso), e a camada mais externa
denominada perimétrio (tecido conjuntivo).
O endométrio é o tecido de revestimento interno uterino; será o local inicial de fixação do embrião. Caso não haja
fertilização do ovócito e chegada de um embrião ao útero, o endométrio descama e é eliminado na menstruação.

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VOCÊ QUER VER?
Anatomia viva. Você faz alguma ideia de como se parecem os órgãos genitais internos de uma
mulher? É possível visualizá-los através de vídeos de cirurgia laparoscópica.
Assista aos vídeos abaixo, nos quais você verá o útero e o ovário em uma mulher de verdade.
Observe a coloração e a mobilidade desses órgãos. A cirurgia foi realizada para o tratamento
da endometriose. A endometriose é uma doença na qual há o crescimento excessivo do
endométrio, muitas vezes para fora da cavidade uterina. Normalmente, o tratamento é
hormonal, mas quando o endométrio cresce para fora do útero, o procedimento cirúrgico é
necessário. Bom vídeo!
Para compreender quais são os órgãos no interior da pelve, clique no link: <https://www.
imaios.com/br/e-Anatomy/Torax-abdomen-pelve/Pelve-feminina-Laparoscopia>.
Agora, para ver a cirurgia da endometriose clique em: <https://youtu.be/fuxqTFfVAB8>.

O miométrio é a região do útero formada por tecido muscular e, portanto, capaz de exercer a contração para
auxiliar no nascimento e o perimétrio. Trata-se do tecido seroso mais externo do útero, responsável por
sustentar o útero em sua posição anatômica, proteger e nutrir os tecidos adjacentes.
Anatomicamente, o útero possui algumas regiões: Fundo uterino, Istmo uterino, Corpo uterino e Colo uterino,
como você pode observar na figura abaixo.

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Figura 25 - Regiões anatômicas do útero.
Fonte: LAROSA (2018).

Observe na imagem que o colo do útero se encontra dentro do canal vaginal, numa região superior do canal
denominada fórnice da vagina. A vagina tem aproximadamente nove centímetros de comprimento e tem por
função principal ser o local de recebimento do pênis e o local de saída do feto. É também a última região que
compõem os órgãos genitais internos. A porção mais inferior da vagina forma o óstio da vagina (abertura da
vagina para o exterior), que pode ser recoberto por uma membrana fina e mucosa em formato de anel, chamada
hímen. O hímen se rompe após as primeiras relações sexuais.
A região genital externa feminina ou também chamada de pudendo feminino consiste em: monte do púbis, lábios
maiores do pudendo, lábios menores do pudendo, clitóris e vestíbulo da vagina. Quer aprender mais sobre essa
região? Clique nas setas abaixo e confira!
O monte do púbis é uma elevação de tecido adiposo recoberto por pele e pelos pubianos que protegem a sínfise
púbica. A partir dele, partem duas pregas de pele longitudinais, denominadas lábios maiores do pudendo, que
também são recobertos por pelos pubianos; são homólogos (correspondentes) ao escroto.
Medialmente aos lábios maiores do pudendo estão duas pregas de pele menores chamadas lábios menores do
pudendo. Os lábios menores do pudendo são desprovidos de pelos pubianos, são homólogos (correspondentes)
à parte esponjosa do pênis.
O clitóris é uma região pequena extremamente inervada e vascularizada, localizado na junção anterior dos
lábios menores do pudendo. A região entre os lábios menores do pudendo é o vestíbulo da vagina. No interior do
vestíbulo estão o óstio da vagina e o óstio externo da uretra.
Agora, observe na figura abaixo o pudendo feminino.

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Figura 26 - Pudendo feminino.
Fonte: blueringmedia, Istockphoto, 2019.

Na sequência, faça a atividade prevista para esta seção de estudo.


Vimos até o momento as estruturas anatômicas responsáveis pelo desenvolvimento das células germinativas
femininas (ovócitos), o trajeto a ser percorrido por elas e o local de fixação e desenvolvimento do embrião. A
seguir, estudaremos de que maneira todo esse processo acontece, sob a influência hormonal.

4.4 Ciclo ovariano e uterino


Agora que você já conhece os órgãos genitais femininos, vamos assistir à videoaula para conhecer como os
hormônios controlam o ciclo menstrual?
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1553253813&entry_id=1_3epzert3
Para o amadurecimento das células germinativas femininas, precisaremos da ação do hipotálamo, da hipófise e
dos ovários. Os hormônios sexuais produzidos nos ovários são o estrógeno e a progesterona.
O eixo hormonal feminino é bem parecido ao masculino que estudamos anteriormente.
A seguir, veremos um esquema do funcionamento do eixo hipotalâmico hipofisário ovariano, envolvendo não
somente glândulas como também os hormônios secretados e o feedback envolvido na manutenção do eixo.

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Figura 27 - Funcionamento do eixo hormonal feminino.
Fonte: Elaborado pela professora (2018).

Vamos conhecer as funções de cada um desses hormônios da regulação do ciclo menstrual? Clique nas abas e
confira!

FSH

Promove o crescimento folicular, amadurece o ovócito, estimula os ovários a secretar estrógeno.


LH

Estimula o desenvolvimento dos folículos ovarianos, estimula os ovários a secretar progesterona,


estimula as células do folículo em desenvolvimento a produzir androgênios. Além disso, estimula a
ovulação.

Estrógeno e progesterona

Promovem o desenvolvimento e manutenção das estruturas reprodutivas femininas,


características sexuais secundárias (distribuição do tecido adiposo nas mamas, no abdome, no
monte do púbis e nos quadris; tom da voz; uma pelve ampla; e o padrão de crescimento de pelos
no corpo) e mamas; aumentam o anabolismo proteico; baixam o nível sanguíneo de colesterol;
inibem tanto a liberação de GnRH pelo hipotálamo quanto a secreção de LH e de FSH pela adeno-
hipófise, formando assim o feedback negativo; mantêm o endométrio para a implantação de um
óvulo fertilizado e preparam as glândulas mamárias para a secreção de leite.

A seguir, você encontrará uma imagem ilustrando os hormônios produzidos pelo hipotálamo e pela

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A seguir, você encontrará uma imagem ilustrando os hormônios produzidos pelo hipotálamo e pela
adenohipófise referentes ao eixo sexual feminino. Além disso, a ilustração também traz uma representação da
ação desses hormônios sobre a maturação dos folículos e os efeitos uterinos após a estimulação do ovário.

Figura 28 - Esquema ilustrando as oscilações hormonais que ocorrem durante os ciclos menstruais e ovarianos e
as ações hormonais.
Fonte: DERRICKSON; TORTORA (2018).

Durante a puberdade, as mulheres entram em seu período fértil, que compreende a fase que vai em média dos 12
anos até os 50 anos. Durante essa, fase as mulheres apresentam alterações cíclicas no ovário e no útero. Como
esse ciclo ocorre em períodos aproximados de um mês, ele é chamado de ciclo menstrual.
Em cada ciclo menstrual, um ovócito é amadurecido e liberado pelo ovário e o útero é preparado para receber
uma possível gestação. O eixo hipotálamo-hipófise-ovário controla as alterações hormonais necessárias. Para
facilitar nosso estudo, dividiremos o ciclo menstrual em duas etapas: o ciclo ovariano e o ciclo uterino. Para
aprender mais sobre eles, clique nas abas abaixo.
Ciclo ovariano
O ciclo ovariano corresponde a uma série de eventos nos ovários que ocorrem durante e após a maturação do
ovócito.
Ciclo uterino
O ciclo uterino corresponde a uma série de eventos no endométrio do útero para prepará-lo para a chegada de
um embrião. Quando a fertilização não ocorre, parte do endométrio descama e um novo ciclo é iniciado.
Agora, vejamos quais as fases do ciclo reprodutivo feminino. Fique atento!
Fases do ciclo reprodutivo feminino
A duração do ciclo reprodutivo feminino dura em média 28 dias e pode ser dividido em quatro fases: a fase
menstrual, a fase pré-ovulatória, a ovulação e a fase pós-ovulatória. Para conhecê-los, clique nos itens abaixo.

Corresponde à menstruação e dura aproximadamente os 5 primeiros dias do ciclo. Por

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Corresponde à menstruação e dura aproximadamente os 5 primeiros dias do ciclo. Por
convenção, considera-se o primeiro dia da menstruação como sendo o primeiro dia do ciclo.
O fluxo menstrual do útero consiste na eliminação de 50 a 150 mℓ de sangue arterial, líquido
Fase menstrual
tecidual, muco e células epiteliais do endométrio descamado. A descamação do endométrio
ocorre porque há redução dos níveis de progesterona e estrogênios fazendo com que ocorra
uma vasoconstrição do endométrio, levando as células endométriais à morte e consequente
descamação. O endométrio descamado passa da cavidade uterina pelo colo do útero e vagina
até o meio externo.
A fase pré-ovulatória é o período entre o fim da menstruação e a ovulação. Tem a duração de
6 a 13 dias em um ciclo de 28 dias. Nessa fase, teremos por ação do FSH no ovário: o
Fase pré-
amadurecimento de um folículo e o aumento da produção de estrogênio pelas células
ovulatória
foliculares. No útero, os estrogênios liberados para o sangue pelos folículos ovarianos em
crescimento estimulam o reparo do endométrio e ocorre a sua proliferação e espessamento.
A ovulação corresponde à ruptura do folículo maduro e a liberação do ovócito para o interior
da cavidade pélvica; geralmente ocorre no 14º dia em um ciclo de 28 dias. Para a ovulação
Ovulação
ocorrer, é necessário que a hipófise secrete uma grande quantidade de LH, que atuará no
ovário.
A fase pós-ovulatória corresponde ao período entre a ovulação e o início da menstruação
seguinte. Dura cerca de 14 dias em um ciclo de 28 dias, do 15º ao 28º dia. Depois da ovulação,
as células do folículo que restaram dentro do ovário adquirem receptores para o LH e passam
a produzir progesterona. A progesterona atua no útero e faz com que o endométrio
Fase pós-
espessado se torne secretor. No endométrio, as glândulas uterinas, sob ação da progesterona,
ovulatória
vão aumentar a secreção de glicogênio e outros nutrientes para o embrião que pode ou não
chegar. Se houver fertilização, há aumento da liberação de LH pela hipófise e consequente
aumento na produção de progesterona pelo ovário. Se não houver fertilização, a secreção de
progesterona pelo ovário vai diminuindo e um novo ciclo começa.
Agora, vamos conhecer ainda mais sobre o ciclo, observando o infográfico abaixo.
O ciclo reprodutivo feminino pode ser influenciado por muitos fatores, incluindo o peso corporal, a alimentação
e atividade física. Mulheres atletas estão sujeitas a uma condição conhecida como Tríade da mulher atleta:
transtorno alimentar, amenorreia e osteoporose.

VOCÊ QUER LER?


O ciclo reprodutivo feminino pode ser controlado para evitar que a mulher engravide de
maneira indesejada. Há muito métodos de controle de natalidade que podem utilizar o
conhecimento da fisiologia humana para evitar a gestação. Leia mais sobre controle de
natalidade no livro:
TORTORA, J., G.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia, 14ª edição. 2018.
Pag. 1081. [Minha Biblioteca]. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#
/books/9788527728867/>.

Muitas atletas estão sob grande pressão para perder peso e treinar exaustivamente para melhorar o
desempenho. É frequente que elas desenvolvam transtornos alimentares, baixo peso e uma rotina extenuante de
atividades físicas. A amenorreia é ausência de menstruação e, em atletas mulheres, está relacionada com a

redução na secreção de LH e FSH. Como os estrogênios participam do processo de fixação do cálcio nos ossos, as

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redução na secreção de LH e FSH. Como os estrogênios participam do processo de fixação do cálcio nos ossos, as
atletas perdem grande quantidade de mineral e podem desenvolver osteoporose precocemente.
Na sequência, você poderá relacionar a secreção dos hormônios hipofisários e os ovarianos a cada fase do ciclo
menstrual. Vamos lá?
Você percebeu como é complexo o ciclo reprodutivo feminino? Vimos como a hipófise controla a secreção de
hormônios no ovário e como os hormônios ovarianos modificam as características do útero. Toda essa incrível
maquinaria é essencial para que as mulheres façam a manutenção da homeostase.

Síntese
Neste capítulo, estudamos o aparelho urogenital e aprendemos como o nosso organismo elimina os resíduos
metabólicos, forma a urina e se reproduz.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• conhecer sobre o sistema urinário;
• aprender o funcionamento do sistema genital masculino e feminino;
• identificar os ciclos ovariano e uterino.

Bibliografia
CARNEIRO, José; JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa. Histologia básica - Texto e Atlas. 12 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2013.
LAROSA, Paulo Ricardo R. Anatomia humana: texto e atlas. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
MOORE, L. K.; DALLEY, F. A.; AGUR, R. A. M. Anatomia Orientada para Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2019. [Minha Biblioteca]. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books
/9788527734608/>.
TORTORA, J. G.; DERRICKSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia, 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2018. [Minha Biblioteca]. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527728867/
>.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. [Minha
Biblioteca]. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714041/>.

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