Você está na página 1de 12

DOCUMENTOS CONSERVADOS EM FORMATO

TECNOLÓGICO EM JOINVILLE E A HISTÓRIA LOCAL

DOCUMENTS CONSERVED IN TECHNOLOGICAL FORMAT IN


JOINVILLE AND THE LOCAL HISTORY
Patrik Roger Pinheiro1
Laudicréia Isabel Sanches 2

Resumo (Item obrigatório)


Vivemos em tempos em que a tecnologia permeia quase tudo em nossa rotina, e as
fontes documentais históricas não deveriam deixar de aproveitar as facilidades
proporcionadas pelo formato digital de documentos. Ainda assim, parece que estamos
mais acostumados a pensar e historiadores mergulhados em pilhas de documentos de
um arquivo municipal. Usando a pesquisa qualitativa, analisaram-se as ferramentas
disponíveis, ao historiador de Joinville, especialmente as que estão online na rede
mundial de computadores. Verificou-se que as hemerotecas digitais possuem apenas um
período relativamente pequeno de tempo à disposição na internet. A hemeroteca
estadual também apresenta problemas de indexação de texto. Quanto à história oral, há
material disponibilizado pelo LHO (Laboratório de História Oral), da Univille, que pode
ser estudo e solicitado pela internet. No que se refere ao Arquivo Histórico de Joinville,
há material conservado em formato tecnológico, alguns dos quais se pode receber por
email, mas praticamente é nula a disponibilização dessas fontes históricas para
pesquisas “online”.

Palavras Chave: Documentos históricos; história local; formato tecnológico

Abstract (Item obrigatório)


We live in a time when technology permeates almost everything in our routine, and
historical documentary sources should not fail to take advantage of the facilities
provided by the digital format of documents. But, it seems that we still are more used to
thinking in historians immersed in piles of documents from a municipal archive. Using
qualitative research, the tools available to the historian of Joinville were analyzed,
especially those that are online on the world wide web. It was discovered that digital
newspaper stores have only a relatively small amount of time available on the internet,
sometimes, also wilth text indexing problems. As for Oral History, there are materials
available from LHO (Laboratory of Oral History), from Univille, which can be studied
and requested by the internet. Regarding the AHJ (Joinville’s Historical Archive), there
are documents preserved in technological format, some of which can be received by
email, but the availability of these historical sources for online research is practically
null.

Keywords: Historical documents; local history; technological format

1
Aluno da Uniasselvi (Centro Universitário Leonardo da Vinci), Joinville, SC. patrikroger@gmail.com.
2
Professora Uniasselvi, Joinville, SC. laudicreia_sanches@hotmail.com.
INTRODUÇÃO

Um professor pede aos seus alunos para fazer uma pesquisa sobre a história de
sua cidade. Não é incomum que eles encontrem facilmente textos prontos na internet
contando como os acontecimentos devem ter se sucedido a nível nacional ou regional.
Já a história local, dependendo do lugar, pode ter maior escassez de textos.
Joinville, por ser sede de instituições de ensino superior, e ter uma rica história,
não é desprovida de estudos sobre sua história. Mas é verdade que um historiador não
deve somente lançar mão de estudos prontos, mas deve ele mesmo estar preparado para
gerar informação.
Também devemos recordar que vivemos em tempos em que a tecnologia
permeia quase tudo em nossa rotina. Pagamento de contas, correspondência, prestação
de contas ao governo, entretenimento... Muitos de nós praticamente não fazemos mais
nada disso sem uso de tecnologias, que muito tem facilitado o acesso a informação (e
até a desinformação). As fontes documentais históricas não deveriam deixar de
aproveitar as facilidades proporcionadas pelo formato digital de documentos.
Ainda assim, parece que estamos mais acostumados a pensar e historiadores
mergulhados em pilhas de documentos de um arquivo municipal. Almeida (2011)
afirma:
Mesmo atualmente, a grande maioria das fontes documentais consagradas no
ofício do historiador ainda encontra sua materialidade no papel:
correspondências, ofícios, requerimentos, atas, inventários, testamentos,
processos, registros paroquiais, periódicos... Existe toda uma tradição
historiográfica baseada nesse suporte específico. Até mesmo o estereótipo do
historiador como “rato de arquivo” não dispensa a alegoria de um cenário de
penumbra, onde um personagem com a postura arqueada e os óculos na ponta
do nariz, analisa papéis amarelados em meio à poeira e ao mofo.

É comum que uma localidade tenha arquivos no suporte tradicional. Mas, e se os


alunos desejassem realizar pesquisas em arquivos no formato tecnológico, encontrariam
com facilidade? Usando a pesquisa qualitativa para encontrar respostas, analisaremos as
ferramentas disponíveis, especialmente as que estão online na rede mundial de
computadores. Verificaremos que características e ferramentas de buscas ou facilidades
tecnológicas eles possuem ou deixar de possuir.

REFERENCIAL TEÓRICO
Durante algum tempo prevaleceu na historiografia a escola positivista, que
apregoava a ideia de que o documento escrito e originado por instituições oficiais era
uma fonte histórica confiável e deveria prevalecer sobre outras evidências. Obviamente,
a humanidade deixa muitos vestígios de suas ações que vão além de documentos
escritos, vestígios que não deveriam ser ignorados na apuração de fatos que auxiliassem
a elucidar questões sobre o passado
A noção de fonte histórica começou a mudar com a tradição dos Annales,
surgida na França do século XX. “[...] segundo os Annales, o historiador pode escolher
o seu objeto de estudo bem como as inúmeras fontes históricas, desde orais,
iconográficas, audiovisuais, musicais, à literatura e outros.” (FRANÇA et al., 1991).
Com isso, a gama de documentos históricos ampliou-se: Marc Bloch relativizou
a importância dos documentos escritos, o que aumentou consideravelmente a gama de
fontes.

FIGURA 1 – MARC BLOCH, DA ESCOLA DOS ANNALES

FONTE: Wikipedia, acessado em 02 de abril de 2020


(https://pt.wikipedia.org/wiki/Marc_Bloch#/media/Ficheiro:Marc_Bloch.jpg)

Além disso, bem nos recordou Santos et al. (2017, p.50) que “As últimas
décadas do século XIX apresentaram [...] diversas inovações tecnológicas que
permitiram uma relação diferente com as artes, com a memória e com a percepção da
realidade.”
Os autores reforçam os avanços no que se refere à gravação da voz,
mencionando o gramofone, a vitrola, o LP e a fitas K-7, e os Discos Compactos (CDs).
Claro que tudo isso culmina história oral e na possibilidade de registrar e arquivar os
depoimentos.
Os cientistas sociais e historiadores não ficaram insensíveis a esta alteração
na vida cotidiana dos seres humanos no mundo do século XX. Assim, muitos
historiadores passaram a considerar os instrumentos tecnológicos em dois
importantes sentidos. Um primeiro, pelos historiadores das artes, ao
considerar as diferentes expressões de cultura de massa como objeto digno da
pesquisa histórica. Outra e importante visão dos historiadores a respeito foi a
de se utilizar os recursos digitais como fontes para uma melhor compreensão
da realidade. (SANTOS et al. 2017, p.51)

A digitalização de jornais antigos, as edições de jornais on-line, a digitalização


de registros de nascimento, casamento e óbito, as gravações de entrevistas orais, os
acervos mantidos em suporte tecnológico, tudo nos lembra de que 1) não são somente
documentos governamentais que contam a história, e 2) a tecnologia veio para facilitar a
pesquisa histórica.

METODOLOGIA

Com a finalidade de avaliarmos quais facilidades e quais empecilhos estão à


disposição do historiador, pretendemos analisar uma hemeroteca digital nacional e uma
regional, que estejam on-line na internet. Elas são: A BNDigital, uma hemeroteca de
envergadura nacional, e a Hemeroteca Catarinense, hospedada sob os cuidados do
Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina (CIASC).
Empregando a pesquisa qualitativa pretendemos encontrar respostas para as
seguintes perguntas: A hemeroteca em questão possui pesquisa por periódicos
específicos? Podem-se fazer buscas por termos ou períodos específicos dentro de um
periódico? Os periódicos que porventura vierem a ser analisados estão disponíveis na
sua quase totalidade de edições ou há muitas lacunas nesse quesito? Que outras
facilidades ou dificuldades surgiram sem serem previstas?
Este estudo também empregará a pesquisa em buscadores on-line com para
descobrir os esforços locais na sentido de preservar a história oral e documental,
mantendo-as em suporte tecnológico. Através de entrevista ao Arquivo Histórico de
Joinville, analisaremos quais ferramentas tecnológicas este órgão municipal coloca à
disposição da comunidade, e que facilidades ou dificuldades elas apresentam.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

HEMEROTECAS DIGITAIS

Uma hemeroteca é uma coleção ou arquivo de periódicos, como jornais ou


revistas. A etimologia da palavra “hemeroteca” aponta para uma “origem grega, onde
heméra significa ‘dia’ e théke, significa ‘depósito’ ou ‘coleção’” (BUONOCORE, 1976,
apud MEDEIROS, MELO e NASCIMENTO, p. 8). No Brasil, as hemerotecas estão
entrando na era digital.

Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

A Biblioteca Nacional, por ser a depositária do patrimônio bibliográfico e


documental do Brasil, consegue manter a maior hemeroteca digital nacional na internet.
Ela Possui um mecanismo de busca que pode ajudar bastante, para quem quer buscar
uma palavra e estudá-la na mídia local da época (Ver figura 2).

FIGURA 2 – FILTROS DA BNDigital

FONTE: Site da hemeroteca digital da Biblioteca Nacional, acessado em 22 de abril de


2020 (http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/)
Marinho de Sousa Lobo foi chefe de polícia e vereador em Joinville, e deputado
estadual em Santa Catarina. Uma busca por seu nome na Hemeroteca digital, restringida
somente a jornais do estado, resultou em 47 ocorrências. Com isso é possível saber o
que os jornais locais tinham a mencionar sobre a figura local histórica.
No entanto, o material disponível abrange somente uma pequena porção do
tempo de existência alguns desses periódicos. O jornal Catarinense “A Notícia” tem
digitalizado e colocado à disposição na internet somente 14 anos de sua quase
centenária vida. A hemeroteca tem filtros de busca muito bons e jornais com
reconhecimento de caracteres, mas ainda é muito limitado no seu acervo.

Hemeroteca Digital Catarinense

A Hemeroteca Digital Catarinense declara em seu site que tem por objetivo
divulgar o acervo documental de publicações periódicas, em especial jornais editados e
publicados em Santa Catarina a partir do século XIX. Ela surgiu de uma uma parceria
realizada entre o Centro de Ciências Humanas e da Educação (FAED), e o IDCH -
Instituto de documentação e Investigação em Ciências Humanas da Universidade do
Estado de Santa Catarina e a Biblioteca Pública de Santa Catarina - Fundação
Catarinense de Cultura.

FIGURA 3 – FILTROS DA HEMEROTECA CATARINENSE

FONTE: Site da Hemeroteca Catarinense, acessado em 27 de abril de 2020


(http://hemeroteca.ciasc.sc.gov.br/HEMO.html)
Trata-se de uma bela iniciativa para promover fontes regionais e locais
documentadas, mas apesar do avanço tecnológico, tal hemeroteca ainda oferece poucos
recursos de busca. Sua tela inicial oferece uma busca por um título de um jornal
específico, ou por cidades.
Na ausência de um buscador por um termo específico, a hemeroteca deixou de
oferecer uma ferramenta imprescindível, uma vez que poderá levar o pesquisador a ler
infindáveis páginas na busca por uma informação, mesmo na era da informática. A
vantagem é que a Hemeroteca Catarinense traz alguns títulos de jornais ausentes na
BDN Nacional. Mas assim como a primeira, somente algumas poucas edições de cada
jornal foram digitalizados e colocados à disposição na Internet.

A HISTÓRIA ORAL REGIONAL

O que é a história oral? Delgado (2006, p.14) menciona que a própria definição
do que seja a História Oral já se constitui num grande desafio para a comunidade de
historiadores, antropólogos e sociólogos. A própria Delgado (2006, p.15) oferece a
seguinte definição:
A história oral é um procedimento metodológico que busca, pela construção
de fontes e documentos, registrar, através de narrativas induzidas e
estimuladas, testemunhos, versões e interpretações sobre a História em suas
múltiplas dimensões: factuais, temporais, espaciais, conflituosas,
consensuais. Não é, portanto, um comportamento da história vivida, mas,
sim, o registro de depoimentos sobre essa história vivida.

Podemos complementar que História Oral se constitui numa metodologia de


pesquisa na qual se produzem entrevistas orais gravadas e transcritas em textos, que
ficam depositados e registrados em algum Centro de Estudo para posterior emprego
como fontes documentais.
No que se refere à história oral regional, a Univille (Universidade de Joinville)
criou em 1982 a LHO (Laboratório de História Oral). É possível doar uma entrevista
oral para a instituição, e conhecer on-line o acervo.
O interessado pode saber no site do projeto quais fontes historiográficas estão
disponíveis, o que facilita muito para saber se a instituição possui alguma entrevista na
direção da pesquisa a que o historiador se propôs a fazer. O acervo possui 18 entrevistas
de ex-prefeitos, além de relatos sobre história de bairros e Memórias sobre a Revolução
de 1930 em Joinville e sobre a imigração, entre outras.
Para saber quão acessíveis são as fontes orais mantidas pela Univille, foram
enviadas três perguntas ao LHO:
1) O LHO tem todas as entrevistas transcritas?
2) As transcrições estão todas em arquivo digital? Ou algumas só se encontram
impressas?
3) Para obter acesso às transcrições digitais é preciso ir até a Univille? Ou a LHO envia
vocês por algum meio eletrônico?

Eis as respostas do laboratório:

1) Não. Algumas entrevistas possuímos apenas em áudio gravado com suporte digital
ou K7 e documentos conexos (Ficha de Identificação da Entrevista; Termo de Doação
de Entrevista; Biografia; entre outros). 
2) A maior parte delas temos as cópias em arquivo digital e impressa, porém antes da
pandemia* estávamos atualizando nossas listagens e acabamos não encontrando todas
digitalizadas, mas posso garantir que são poucas exceções.  
3) Não. O LHO trabalha com acesso remoto às transcrições, bem como às entrevistas
(com exceção das entrevistas ainda não transcritas e os áudios ainda não digitalizados).
Além do e-mail, também compartilhamos por meio de ferramentas onlines, tais como
Google Drive, Dropbox, MS Teams, Skype, MediaFire, OneDrive, entre outros
(depende da situação).

* Com “pandemia”, a instituição se refere à pandemia de Covid-19, em 2020.


A instituição ainda acrescentou que seu site estaria em reformulação e no segundo
semestre seria lançado com mais recursos.

A HISTÓRIA REGIONAL DOCUMENTADA NO AHJ

O Arquivo Histórico de Joinville se arvore em guardião da memória da cidade,


no sentido de que armazena em documentos uma parte importante da história regional.
Por isso, é uma instituição de valor inestimável para historiadores locais. Estaria o AHJ
entrando a passos largos no mundo digital do século 21 ou ainda estaria engatinhando
nessa direção?
A fim de descobrir o progresso da instituição em formatar os documentos para o
formato tecnológico e, principalmente, disponibilizá-los na internet, foram enviadas 5
perguntas para o Arquivo Histórico. São elas:
1) Há algum material que esteja disponível on-line?
2) Há intenção de disponibilizar mais material? Se sim, quais e quando? Se não,
por quê?
3) Há materiais que nunca serão disponibilizados eletronicamente na internet?
Se sim, quais e por quê?
4) Há materiais guardados em formato tecnológico, mas que não estão na
internet? Quais? 
5) Há catálogos em formato digital dos documentos disponíveis, para que o
pesquisador, sem sair de casa, possa verificar se a visita gerará frutos? Se
sim, como o pesquisador pode acessá-los? Para saber deles o pesquisador
precisa ir até o AHJ?   

As perguntas pretendem oferecer uma visão da realidade da instituição. Por


exemplo, a pergunta 3 poderá dar um vislumbre de quais materiais nunca entrariam para
o formato tecnológico, o que continuaria obrigando o pesquisador a fazer visitas
presenciais ao Arquivo.
Eis as respostas oferecidas pela instituição,

1) No momento apenas as listas de imigrantes transcritas, traduzidas e


digitalizadas.
2) Sem dúvida. Esta é uma de nossas maiores demandas e prioridades. A
intenção é disponibilizar grande parte do acervo do Arquivo Histórico,
especialmente os conjuntos documentais mais procurados e acessados pelo
público, como mapas, projetos arquitetônicos, jornais, listas de imigrantes
(as originais), fotos.
3) A princípio não há.
4) Sim. Fotos, mapas, jornais, listas de imigrantes e projetos arquitetônicos.
5) Apenas as listas de imigrantes. Os demais catálogos em formato digital estão
a disposição do público no Arquivo Histórico.
O trabalho parece estar caminhando, já que a resposta nº4 mostra que fotos,
mapas, jornais e projetos arquitetônicos já estão digitalizados, mesmo que ainda não
estejam na internet. Já há algumas facilidades tecnológicas, como por exemplo, uma
lista em PDF descrevendo personagens e locais históricos que apareceram em fotos. As
fotos estão digitalizadas no AHJ e é possível pedi-las por email. A busca pode ser feita
no texto do PDF.
Outros catálogos que oferecem uma busca por métodos tecnológicos são:
a) Inventário do Fundo Conselho Municipal de Joinville (1869 - 1890)
b) Inventário do Fundo Intendência Municipal de Joinville (1891 - 1894)
c) Inventário do Fundo Superintendência Municipal de Joinville
Além deles há um computador no local com indexação para outros documentos
guardados na instituição, facilitando a busca por parte do historiador.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo se propôs a analisar facilidades (ou a ausência delas) ao buscar por
fontes historiográficas locais em formatos tecnológicos.
Sobre as hemerotecas digitais, tanto a BDN digital quanto a Catarinense
possuem filtros que permitem ao usuário realizar uma busca por periódicos específicos.
Porém, só a primeira permite uma busca por data.
Há muitas lacunas nos períodos digitalizados. O já citado exemplo do Jornal “A
Notícia”, de Joinville, demonstrou que se o pesquisador regional desejar fazer uma
busca da Joinville pós-Segunda Guerra, vai ter que fazê-lo presencialmente, no acervo
físico doado pelo “A Notícia” à comunidade, conforme noticiado pelo site do jornal
(Redação NSC, 2018).
A Hemeroteca Catarinense complementa a DBN Digital com outros jornais
antigos digitalizados. Claro que o serviço realizado por essas instituições são louváveis.
No entanto, nem uma nem outra hemeroteca digital abrange os primórdios de Joinville
até a época atual. Se desejar realizar uma pesquisa cuidadosa sobre a história local sob a
ótica da imprensa, o pesquisador ainda precisará pesquisar à maneira antiga.
Sobre a História Oral, o LHO (Laboratório de História Oral) surpreendeu
positivamente, ao mencionar que as mesmas são enviadas pela internet ao pesquisador,
se estiverem armazenadas em formato digital, seja o áudio da entrevista, seja a
transcrição. Fica claro que a instituição ainda tem muito trabalho a fazer, tanto na
digitalização de transcrições antigas, quanto na de áudios gravados apenas em mídias
físicas. No entanto, o fato de o historiador não ser obrigado a ir até a Univille para
analisar uma entrevista oral mantida em formato digital vai ao encontro da ideia de
aproveitar as vantagens da tecnologia atual.
A ressalva está no fato de que a descrição acervo não torna claro algumas vezes
de modo mais específico o que os entrevistados abordam em suas declarações. Seria um
problema ouvir uma entrevista toda ou ler toda a sua transcrição para perceber que a
fonte historiográfica não ajudou na pesquisa. Esse é um risco que o historiador
comumente corre, mas que a tecnologia pode amenizar.
Quanto ao Arquivo Histórico de Joinville, a instituição deixou clara a intenção
de colocar seu acervo à disposição na internet, passando os documentos para o formato
tecnológico. A resposta à pergunta nº2 mostrou que inclusive tem sido uma das maiores
demandas que o órgão enfrenta.
Mas ficou evidente de que no momento praticamente nada está “online”, a não
ser uma lista de imigrantes em formato PDF. Nessa lista se pode descobrir quem veio,
quando e em que navio. Então em termos de facilidades pela internet, o AHJ ainda não
oferece facilidades.
Também ficou claro que os passos estão sendo dados, já há muito material
digitalizado, que pode ser obtido por email. Mas para saber da existência desse material,
o pesquisador precisará se deslocar até o instituto.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Fábio Chang de. O historiador e as fontes digitais: uma visão acerca da
internet como fonte primária para pesquisas históricas. AEDOS. Volume 3, número 8,
2011. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/aedos/article/view/16776/11939. Acesso em:
31de março de 2020.

DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. História oral: memória, tempo identidades.


Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

FRANÇA, Cyntia Simioni et al. Introdução aos Estudos Históricos. Londrina:


Educacional, 2014.

MEDEIROS, Rildeci; MELO, Érica Simony Fernandes de; NASCIMENTO, Maria do


Socorro do. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS.
XV., 2008, São Paulo. Hemeroteca Digital Temática: Socialização da Informação
em Cinema. Disponível em:
<http://www.repositorio.ufrn.br:8080/jspui/bitstream/1/2964/1/SNBUHemerotecaCine
ma.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2018.

REDAÇÃO NSC. "AN" doa acervo para comunidade de Joinville. NSC Total, Mai.
2018. Disponível em: < https://www.nsctotal.com.br/noticias/an-doa-acervo-para-
comunidade-de-joinville>. Acesso em: 04 mai. 2018.

SOUZA, Evandro André de (org.). História em foco. Indaial: Uniasselvi, 2017.

Você também pode gostar