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José Milton de Araújo

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CURSO DE

CONCRETO ARMADO

Volume 1
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JOS É MILTON DE ARA Ú JO
Professor Titular - Escola de Engenharia da FURG
Doutor em Engenharia

CURSO DE

CONCRETO ARMADO

Volume 1

Editora DUNAS
CURSO DE CONCRETO ARMADO

1
Copyright Editora DUNAS
APRESENTAÇÃ O

Este Curso dc Concreto Armado é dirigido aos estudantes de


graduação em Engenharia Civil e aos profissionais ligados à á rea de
projeto estrutural. Para uma melhor apresenta çã o, a obra foi dividida
em quatro volumes, com uma sequ ência que nos parece apropriada
do ponto de vista did á tico.
N ão é nossa inten ção abordar todos os aspectos relativos ao
tema, o que seria impraticável cm virtude de sua abrangência. Nosso
ú nico objetivo é apresentar um curso completo c atualizado sobre os
mé todos de cá lculo das estruturas usuais de concreto armado. Em
particular, o Curso é dedicado ao projeto das estruturas dos edif ícios.
Nesta terceira edição dc Curso dc Concreto Armado, fizemos
diversas altera ções, além da inclusã o dc novos conte ú dos e exemplos
numéricos. O leitor irá constatar que novos procedimentos dc projeto
foram adotados, em relação à edi ção anterior. No volume 1 , por
exemplo, foram alterados os limites para o dimensionamento à flexão
simples com armadura dupla , para garantir que as vigas tenham uma
maior ductilidade no estado limite ú ltimo. Diversas inovações sobre
o cá lculo de lajes maciças, lajes nervuradas c lajes cogumelo foram
introduzidas nos volumes 2 c 4. No volume 3, inclu í mos novos
conteúdos sobre o contraventamcnto dos edif ícios e o
dimensionamento dos pilares. No volume 4, acrescentamos um
capí tulo sobre o projeto estrutural cm situa ção dc incêndio. Além
disso, foram incorporados ao texto os mais recentes resultados dc
nossas pesquisas relacionadas ao projeto das estruturas dc concreto
armado. Enfim, esta edição sofreu uma completa rcestruturação,
tanto em termos de conteú do, quanto em lermos de procedimentos de
projeto.

Rio Grande, Setembro dc 2010.

José Milton
PLANO DA OBRA

Volume 1 : Propriedades dos materiais para concreto armado. Fun ¬


damentos de segurança. Flexã o normal simples: dimensionamento e
verifica ção de seções retangulares e seções T. Esforço cortante.
SUM Á RIO

1. MATERIAIS PARA CONCRETO ARMADO 1

1.1 - Introdução 1
1.2 - Concreto em compressão simples 2
-
1.3 Concreto em tração simples 8
11
1 . 4 - 0 módulo de deformação longitudinal do concreto
1.5 - Relações tensão-deformação para o concreto 16
1.6 - Evolução das propriedades do concreto 19
-
1.7 Resistência do concreto sob carga de longa dura çã o
1.8 - Comportamento reológico do concreto O
1.9 - Fluência do concreto to
1.10- Retração do concreto so
)

1.11- Aços para concreto armado N


1.12- Considerações sobre o concreto annado CN
1.13- A durabilidade das estruturas de concreto annado so
2. FUNDAMENTOS DE SEGURANÇ A DAS ESTRUTURAS
DE CONCRETO ARMADO 59

2.1 - Estados limites 59


2.2 - As ações nas estruturas 63
65
2.3 - Ações de cá lculo e combinações de ações
2.4 - Resistências de cá lculo 76
2.5 - Avaliação da segurança estrutural 77

3. FLEX ÃO NORMAL SIMPLES


Dimensionamento de Seções Retangulares 85

3.1 - Hipóteses básicas do dimensionamento 85


3.2 - Diagramas tensão-defonnaçâo dos materiais 86
3.3 - Domínios de dimensionamento 88
3.4 - Diagrama retangular para o concreto 92
3.5 - Determinação do momento limite para seções
retangulares com annadura simples 93
3.6 - Dimensionamento de seções retangulares com
armadura simples 101
3.7 - Dimensionamento de seções retangulares com
armadura dupla 105
3.8 - Roteiro para o dimensionamento de seções
retangulares 112
3.9 - Exemplos de dimensionamento 113
-
3.10 Tabelas para o dimensionamento de seções
retangulares 119
-
3.11 Cálculo da armadura m ínima 122

4. FLEX ÃO NORMAL SIMPLES


7. ANCORAGEM E EMENDAS DAS BARRAS
DA ARMADURA 217

7.1 - Ancoragem por aderê ncia 217


7.2 - Tensão de aderê ncia 220
7.3 - Tensão ú ltima de aderência 223
7.4 - Comprimento de ancoragem reta 226
7.5 - Banas com ganchos 227
7.6 - Outros fatores de redução do comprimento de
ancoragem 233
-
7.7 Ancoragem em apoios de extremidade 237
7.8 - Armadura transversal nas ancoragcns 247
7.9 - Emendas das barras da armadura 249

REFER Ê NCIAS BIBLIOGR Á FICAS 255


Cap í tulo 1

MATERIAIS PARA CONCRETO ARMADO

-
1.1 Introdu çã o

Concreto é o material resultante da mistura dos agregados


(naturais ou britados) com cimento e á gua. Em função de
necessidades espec í ficas, são acrescentados aditivos qu í micos
( retardadores ou aceleradores de pega, plastificantes e
superplastificantcs, etc.) e adi ções minerais (escórias de alto-forno,
pozolanas, í f leres calcá rios, microssí lica, etc.) que melhoram as
caracter ísticas do concreto fresco ou endurecido.
A resistê ncia do concreto endurecido depende de vá rios
fatores, como o consumo de cimento e de á gua da mistura , o grau de
adensamento, os tipos de agregados e de aditivos, etc. Quanto maior
-
é o consumo de cimento e quanto menor c a relação água cimento,
maior é a resistência à compressão. A relação á gua-cimento
determina a porosidade da pasta de cimento endurecida e, portanto,
as propriedades mecânicas do concreto. Concretos feitos com
agregados de seixos arredondados c lisos apresentam uma menor
resist ê ncia do que concretos feitos com agregados britados* l .
)

Concreto armado c o material composto, obtido pela


associação do concreto com barras de aço, convenientemente
colocadas em seu interior. Em virtude da baixa resistê ncia à tração
do concreto (cerca de 10% da resistê ncia à compressã o ), as ban as de
aço cumprem a função de absorver os esforços de traçã o na estrutura.
As banas de a ço també m servem para aumentar a capacidade de
carga das peças comprimidas.
O funcionamento conjunto desses dois materiais só é poss í vel
graças à aderê ncia. De fato, se não houvesse aderência entre o aço e
o concreto, não haveria o concreto armado. Devido à aderência, as
deformações das barras de aço são praticamcntc iguais às
defonnações do concreto que as envolve. Em virtude de sua baixa
resistência à tra ção, o concreto fissura na zona tracionada do
Materiais para concreto armado 3

alguns regulamentos de projeto, adota-se a resistê ncia cú bica, obtida


cm cubos dc 15 cm ou 20 cm dc lado. No Brasil c nas
-
recomenda ções do CEB*14 51, adota-se a resistência obtida cm corpos
de prova cilindricos. Em geral , os ensaios são realizados na idade
padrão de 28 dias, convencionando-se que esta c a idade em que a
estrutura deverá entrar cm carga .
Os corpos de prova cil í ndricos devem possuir uma rela ção
altura/di â metro igual ou maior do que 2 ( cm geral, adota-se uma
relação igual a 2). Para concretos feitos com agregados de di â metro
máximo igual ou inferior a 38 mm, adota-se o corpo de prova
cil í ndrico com 15 cm de di â metro e 30 cm dc altura. No caso de
concretos com agregados dc diâmetro máximo superior a 38 mm
(concreto massa), adotam-se corpos de prova maiores.
Alternativamente, faz-se o pcnciramcnto do concreto, para eliminar
os agregados com diâ metros superiores a 38 mm, e adotam -se
correlações entre as resistências obtidas nos corpos dc prova 15 x30
com as resistências do concreto integral * 31.
Devido a fatores dc natureza aleatória, como a falta de
homogeneidade da mistura, graus de compactação diferentes para
corpos dc prova diferentes, dentre outros, verifica-se
experimentalmente uma razoá vel dispersão dos valores da resistê ncia
obtidos cm um lote de corpos de prova. Assim, reconhecendo que a
resistê ncia do concreto, fc , c uma vari á vel aleat ória, deve-se
recorrer à Teoria das Probabilidades para uma an á lise racional dos
resultados. Usualmente, admite-se que a função densidade de
probabilidade das resistê ncias segue a curva normal de Gauss,
conforme é indicado na fig. 1.2. 1 .
Dc acordo com a fig. 1.2. 1 , definem-se a resist ê ncia média à
compressão do concreto, fcm , c a resist ê ncia característica à
compressão, fc . A resist ê ncia característica c um valor tal que
^
existe uma probabilidade dc 5% dc se obter resistê ncias inferiores à
mesma. De acordo com a equação da distribuição normal de
-
probabilidades, tem se que
fck = fcm - 1.645S ( 1.2. 1 )

CEB - Comité Euro-Intemational du Bé ton foi dissolvido em 1998 e,


juntamente com a FIP, deu origem à F1B - Fédé ration Internationale du
Bé ton, com sede na Su íça.
4 Curso de Concreto Armado

onde S é o desvio padrã o das resistências, dado por

S ( 1.2 . 2 )

sendo f c j os valores gen é ricos da resist ê ncia obtidos em n corpos


de prova de concreto.
Materiais para concreto armado 5

caracter ística especificada no projeto. Neste caso, fcm pode ser


estimada por
=
fcm fck + Af ( 1.2.3)

onde Af é um valor definido nas normas de projeto.


Os concretos são classificados em grupos de resistê ncia, grupo
I e grupo II, conforme a resistência característica à compressão / [ / - .
Dentro dos grupos, os concretos normais sã o designados pela letra C
seguida do valor da resistê ncia característica à compressão aos 28
dias de idade, expressa em MPa .
Os concretos de massa específica normal são aqueles que,
depois de secos em estufa, apresentam uma massa especifica
compreendida entre 2000 kg/ m ' c 2800 kg/nv . Gcralmentc, para
efeito de cá lculo, adota-se o valor 2400 kg/ m3 para o concreto
simples e 2500 kg/ m ' para o concreto armado.
Na tabela 1.2. 1, indicam-se os grupos e as classes de
resistência padronizados pela NBR -8953< ft|.

Tabela 1.2. 1 - Classes de resistê ncia do concreto


Grupo I CIO 05 C20 C 25 C30 C35 C40 C 45 C50
Grupo 11 C55 C60 C70 C80

Para concreto armado, deve-se empregar a classe C 20 ou


superior( fc/ . > 20 MPa ). Para concreto protendido, deve-se
empregar a classe C25 ou superior.,
Segundo a NBR-6118( 7 a classe C 15 pode ser usada apenas
(

em fundações c cm obras provisórias.

A resistência à compressão do concreto depende de vários


fatores, como( l ,S ):
-
- composição (consumo e tipo de cimento, fator água cimento, etc.);
- condições de cura ( temperatura e umidade);
- velocidade de aplicação da carga (ensaio está tico ou dinâmico);
- duração do carregamento (ensaio de curta ou de longa duração);
- idade do concreto (efeito do envelhecimento);
- estado de tensões (compressão simples ou multiaxial);
- forma e dimensões dos corpos de prova.
6 Curso de Concreto Armado

Em rela çã o à forma dos corpos dc prova, o CEB/90 5 ) ,


apresenta os valores da tabela 1.2.2, que permitem correlacionar a
resistê ncia característica obtida em corpos de prova cil í ndricos,
fck ,cil » com a resistência característica obtida em corpos de prova

c ú bicos de 15 cm de lado, fckyC h . Observa-se que o CEB define a
classe Cl 2 no lugar da classe CIO da NBR -8953.

Tabela 1.2.2 - Valores da resist ê ncia caracter ística ( MPa )


Classe C 12 C 20 C30 C40 C50 C60
Materiais para concreto armado 1

Observa-se que, reduzindo a altura do corpo de prova, ocorre


ura aumento da resistência à compressão. Esse aumento de
resistência decorre do impedimento à deformação transversal,
causado pelas placas de aço da m áquina de ensaio. Entretanto, esse
efeito é pequeno quando a relação altura/diâ metro do corpo de prova
é superior a 2.
Em vista desses fatos, a norma brasileira NBR -6118< 7 ) e o
45
CEB*' ’ padronizam suas recomendações em fun ção de uma
resistência à compressão obtida em corpos de prova cil í ndricos de
15 cm de diâ metro c de 30 cm de altura.
É interessante salientar que, do ponto de vista mecâ nico, a
qualidade do concreto é definida pelo valor de sua resistência
caractcrística fc , já que a resistê ncia m édia sozinha não fornece
^
informações sobre a variabilidade dessa propriedade. Esse fato é
ilustrado na fig. 1.2.3, onde são indicadas as distribuições de
probabilidade das resistê ncias de dois concretos com a mesma
resistê ncia média fcm .

CD
O
"

co
;o
"
co concreto 1
XI
o
Q _
O)
T3
(D
-O 5% concreto 2
03
~a
03
c
(D
o
->
^ ^ ^
ck2 ck 1 cm fc
Fig. 1.2.3 - Densidades de probabilidade da resistê ncia à compressão
de dois concretos
*
A citaçã o CEB é utilizada em lodos os volumes desta obra para referenciar
os códigos-modelo do extinto Comité Euro-Intemational du Bé ton.
8 Curso ilc Concreto Armado

Conforme se observa na fig. 1.2.3, as resistências do concreto


1 apresentam uma menor dispersã o em tomo do valor médio. Isto
reflete diretamente no valor da resistência caracter ística, indicando
que fck i > fck 2 Logo, apesar de possu írem a mesma resist ê ncia
média, o concreto 1 c de melhor qualidade que o concreto 2.
A resist ência do concreto dependente do estado de tensões.
Por exemplo, em um estado de compressã o biaxial , verifica-se
cxperimentalmente que ocorre um aumento da resistência*9*. Para
duas tensões de compressão iguais, a resistência à compressã o é
Materiais para concreto armado 9

Tra ção direta


Pu p
¥vz ^ fcl= Pu/A

Compressão diametral

Pu
! ¥sP=2Pu/(^dh )

Flexão de vigas

r r fc.n=6aPu/ ( bh 2)
I b

Fig. 1.3.1 - Ensaios para a determinação da resistência à tração

O CEB/90 define dois valores caractcrísticos para a resistê ncia


à tração: um valor inferior, fclk inf , c um valor superior, fclksup .
Esses valores caractcrísticos correspondem aos quantis de 5% e 95%,
respectivamente, e são dados por

fetk ,inf
—’
® 7 fctm ’ fetk ,sup
—^ fetm (1.3.2)

Os valores característicos da resistência à tração são


empregados no projeto no sentido desfavorá vel. Por exemplo, o valor
10 Curso de Concreto Armado

caracter ístico inferior inf ® usado para determinar a resistência


da aderência entre o concreto e as barras da armadura (capí tulo 7).
Por outro lado, para o cá lculo da á rea mí nima da armadura de flex ã o
( cap í tulo 3) , emprega-sc o valor caracter ístico superior
fcUr. Sllp .
Nas verifica ções relativas aos estados limites de utiliza çã o
( Volume 2 ), interessa é a resposta m édia da estrutura. Assim , para o
cálculo da abertura das fissuras c para a avaliação das flechas de
vigas, emprega -se a resist ê ncia m édia à tra çã o fctm .
Materiais para concreto armado 11

No dimensionamento dos elementos estruturais, a resistê ncia à


tração é desprezada , pois ela tem pouca importância na capacidade
de carga da estrutura. Entretanto, na verificação das deformações da
estrutura sob as cargas de serviço, é importante levar em conta a
colaboração do concreto tracionado. Nesses casos, pode-se empregar
a equa ção (1.3.1 ) para a estimativa de fctm em fun ção da resist ê ncia
caracteristica fcl< adotada no projeto.

1.4 - 0 módulo de deforma çã o longitudinal do concreto

O concreto apresenta um comportamento nã o linear, quando


submetido a tensões de certa magnitude. Esse comportamento é
decorrente da microfissura çã o progressiva que ocorre na interface
entre o agregado gra údo c a pasta dc cimento.
O diagrama tensão-deformação ( <Tt. — ec
) , obtido cm um
ensaio dc compressão simples, é da forma indicada na fig. 1.4.1,
onde se observa que não há proporcionalidade entre tensão e
deformação (o material não obedece a Lei de Hooke). O trecho
descendente do diagrama é obtido em um ensaio com velocidade de
deformação controlada .
Na fig. 1.4. 1, Ec é o módulo de deformação longitudinal
tangente, representando a inclinação da reta tangente à curva na
origem do diagrama . Analogamente, o módulo secante Ecs
representa a inclinação da reta que passa pela origem e corta o
diagrama no ponto correspondente a uma tensão da ordem dc 0,4fc ,
sendo fc a resistência à compressão simples.
-
Expcrimcntalmcntc, verifica se que o módulo de deformação
tangente, Ec , depende do valor da resistê ncia à compressão do
concreto. O mesmo ocorre com as deformações ea
e £u indicadas
na fig. 1.4. 1 . Como uma simplificaçã o, é usual admitir os valores
/
médios £a s 2°/00 e £u = 3,5 l OQ . Para o coeficiente dc Poisson do
)

concreto, normalmcnte adola-se o valor 0,2.


12 Curso de Concreto Armado

1,

0 , 4fc -
Materiais para concreto armado 13

O módulo secante é dado por

Ecs = 0,85£c ( 1.4.2)

A expressão (1.4. 1 ) é vá lida para concretos feitos com


agregados de quartzo (granito c gnaisse). Essa expressão deve ser
multiplicada por 1,2 se forem usados agregados de basalto, por 0,9
para agregados de calcá rio e por 0,7 para agregados de arenito.

b ) Rela çã o do AC1

Segundo o AC1, o módulo secante Ecs é dado por


7dt
^
"

Ecs = 4730 > MPa ( 1.4.3)

Considerando a equa ção ( 1.4.2), obtém-se a expressão do



módulo tangente ( Ec Ecs 0,85) , na forma
/

c ) Relação da NBR -6118


^
Ec = 5565 y[ f , MPa ( 1.4.4)

A expressã o para o módulo de deforma ção longitudinal do


concreto adotada pela NBR-6118 é derivada do AC1. Na verdade, a
NBR -6118 adota a mesma expressão do ACI, fazendo apenas um
pequeno arredondamento no coeficiente 5565. Assim , a expressão
para o cá lculo do m ódulo tangente, apresentada na NBR-6118, é
dada por

Ec = 5 6 0 0 ,M P a ( 1.4.5)

De acordo com a NBR-6118, o m ódulo secante é obtido com o


emprego da expressão ( 1.4 . 2 ).
Observa-se que, nas expressões do ACI e da NBR -6118, o
módulo de deforma ção longitudinal é dado em fun ção de f c .
^
14 Curso de Concreto Armado

A rigor, o módulo de deforma çã o longitudinal do concreto é


uma fun çã o de sua resist ê ncia media fcm e n ão da resistência
caracter ística /c/. . Desse modo, quando a resistê ncia m édia real do
concreto for conhecida , ela deve ser usada diretamente na expressão
( 1.4. 1 ). Na fase de projeto, a resistência media deve ser estimada,
podendo-se adotar fcm J ck + 8 MPa , conforme sugere o CEB/90 .
= '

Tem sido mostrado em diversos estudos* 11,12,13) que os modelos


de previsão do m ódulo de deformaçã o longitudinal do concreto, com
base na raiz c ú bica da resistê (
Materiais para concreto armado 15

50 -

.
X
CL
O
40
kt
óíAÍ
8
(

E 30-
«wí u»
sdeucalnote 20

10
* A = NBR-6118
ó
M A B = melhor ajuste

0 i
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0
\1/2
(fcm) . com fcm em MPa
Fig. 1.4.2 - Relação entre Ecs e

50

CL 40 * 7• X A'
O

LU
CU
c
•;
cu 20
O
=; A = CEB
X 10
A B = melhor ajuste

0 (i 0.5 l 0 í 5 20 22

(W10) , com fcm em MPa

Ecs e (/ /10)^
3
Fig. 1.4.3 - Relação entre C
16 Curso de Concreto Armado

O m ódulo dc deformação longitudinal do concreto depende de


diversos fatores, sendo a resistê ncia à compressão apenas um deles.
As propriedades elásticas dos agregados, por exemplo, têm uma
grande influ ê ncia sobre o m ódulo de deformação do concreto e sã o
consideradas na formula çã o do CEB/90.
Assim, nenhum modelo teórico é capaz de prever exatamente
o valor do m ódulo de deformação longitudinal do concreto. Esses
modelos sã o empregados na fase de projeto. Durante a execu çã o da
estrutura, é necessá rio realizar ensaios, na idade especificada no
projeto, para comprovar que o concreto
Materiais para concreto armado 17

< C -0,
7 se ec > £u ( 1.5.3 )

onde, na equa ção ( 1.5. 1), 7J = £C E0 .


/
Conforme será visto no cap í tulo 3, essas expressões sã o
empregadas no dimensionamento de seções de concreto armado .
Nesses casos, no lugar da resistê ncia media fcm , deve ser adotada
uma resistência reduzida, conforme será mostrado no cap í tulo
seguinte. Entretanto, aqui será adotado o valor médio da resistê ncia
para fazer uma comparação entre as vá rias expressões.

b ) Equa ção de Dcsavi e Krishnan

Dcsayi c Krishnan"'1 propuseram a seguinte expressão para


representar o diagrama tensão-deformação do concreto:

( 1.5.4 )

onde Ec é o módulo de deformação longitudinal tangente.


Para que a expressão ( 1.5.4) forneça uma tensã o igual a fcm
quando £c — £0 , isto é, /7 = 1 , c necessá rio que Ec = 2 fcm j £0 .
Assim, a equação ( 1.5.4) é escrita na forma

( 1.5.5)

c ) Equa çã o do CEB

O CEB( 4'5) adota a seguinte relaçã o tensão-deformaçã o para o


concreto cm compressã o simples:

( 1.5.6)

onde
18 Curso de Concreto Armado

£°_
k=
^fcm
( 1.5.7 )

Na expressã o ( 1.5.6), n ã o é necessá rio introduzir nenhuma


restri ção quanto ao valor do m ódulo de deformação longitudinal.
Assim, o módulo Ec pode ser obtido através da equação (1.4.1).
Na fig. 1.5. 1 , sã o apresentados os diagramas tensã o-
delbrma ção obtidos com essas três expressões, considerando uma
resistência m o
Materiais para concreto armado 19

Para o concreto tracionado, normalmente, admite-se um


comportamento el ástico linear com ruptura frá gil. Entretanto, no caso
do concreto armado, o concreto tracionado entre fissuras fornece
uma significativa contribuição para a rigidez da estrutura. Assim , na
verificação das deformações da estrutura sob as cargas dc servi ço, é
necessá rio elaborar algum modelo capaz de representar esse
comportamento. Esse assunto é tratado cm detalhes no Volume 2.
Conforme já foi dito, para o dimensionamento dos elementos
estruturais, a resistência à tra ção do concreto é desprezada.

1.6 - Evolu çã o das propriedades do concreto

As propriedades do concreto, como o módulo de deforma ção


longitudinal c as resistê ncias à tração c à compressão, sofrem uma
continua variação no tempo, em virtude das rea ções quimicas
decorrentes da hidratação do cimento. Esse fenô meno, denominado
envelhecimento, ocorre durante praticamente toda a vida ú til da
estrutura, sendo muito acentuado nos primeiros dias após a
concretagem.
As propriedades do concreto em uma idade t dependem do
tipo de cimento e das condições de cura (temperatura e umidade).
Segundo o CEB/90< S ), para uma temperatura dc cura igual a 20°C, a
resistência média à compressão do concreto em uma idade t dias,
fcm (t ) , pode ser obtida através da expressão

/;„, (') = PcMfcm ( 1.6 . 1 )

onde fcm é a resistê ncia média aos 28 dias de idade.


A função J3CC ( t ) , que representa a evolu çã o da resistência no
tempo, é dada por

Pcc ( f ) = expj s 1 ( 1.6. 2 )

onde s é um coeficiente que depende do tipo de cimento empregado


e tem os seguintes valores:
20 Curso de Concreto Armado

s = 0,20 para cimentos dc endurecimento rápido (cimento de


alta resistência inicial CP V - ARI);
s = 0,25 para cimentos de endurecimento normal (cimento
comum CPI e cimento composto CP II) ;
5 = 0,38 para cimentos de endurecimento lento (cimento de

.
alto forno CP III c cimento pozolânico CP IV)

Na fí g. 1.6.1, representa-se a variação da resistência à


compressão do concreto com a idade, de acordo com a equação
Materiais para concreto armado 21

resistê ncia com o tempo 11. Por isso, são necessá rias algumas
'
precauções ao se fazer a concretagem em dias muito frios. Se a
temperatura ambiente for inferior a 5°C, é recomendá vel suspender a
concretagem . Caso isto n ã o seja possí vel, devem ser tomadas
algumas medidas para aumentar a temperatura de lançamento do
concreto, como o aquecimento da á gua de amassamento e dos
agregados' 2,16 .

Quando se deseja acelerar o processo de endurecimento do
concreto, pode-se realizar a denominada cura a vapor. Neste caso,
depois de transcorridas cerca de 4 horas da concretagem, eleva-sc
gradualmente a temperatura ambiente ( por meio dc vapor) ate uma
temperatura limite. Essa temperatura c mantida durante um certo
período, rcduzindo-sc cm seguida até atingir a temperatura ambiente.
Por sua natureza, a cura a vapor é adequada para peças pre¬
fabricadas.
No caso das estruturas dc concreto massa (as barragens sã o um
exemplo t í pico), o problema se inverte. Nessas estruturas, nã o há a
necessidade dc uma grande resistência nos primeiros dias, já que as
tensões dc compressão no concreto durante a fase construtiva são
muito pequenas. A grande preocupa ção consiste cm reduzir o calor
gerado na massa de concreto devido à hidratação do cimento. Em
vista do grande volume dc concreto que é lançado em cada etapa da
concretagem, a temperatura do concreto pode subir muito al é m da
temperatura ambiente. Ao se resfriar para atingir o equilí brio térmico
com o ambiente, surgem tensões de tração que podem fissurar o
concreto. Assim, nessas estruturas o que se faz é a pré- refrigera ção
do concreto (adicionando gelo à á gua de amassamento e resfriando
os agregados) para que a temperatura má xima atingida n ão fique
muito acima da temperatura ambiente.
Para levar cm conta a hist ória dc temperatura a que o concreto
é submetido durante o período de envelhecimento, deve-se
considerar sua maturidade cm vez dc sua idade real. Concretos com a
mesma idade real , mas que foram curados cm temperaturas
diferentes, possuem maturidades diferentes e, portanto, resistê ncias
diferentes.
Em geral, as formulações dispon í veis nos códigos de projeto
são limitadas a um valor máximo da temperatura. Por exemplo, a
formula ção do CEB/90 para levar cm couta os efeitos da temperatura
nas propriedades do concreto é válida até uma temperatura m áxima
dc 80°C.
22 Curso de Concreto Armado

Segundo o CEB/90, o efeito da temperatura na maturidade do


concreto pode ser levado em conta, substituindo-se a idade real t por
uma idade equivalente te , dada por
n
4000
' £ A' exP 13,65
e=
/ =1
/
273 + 7}
( 1.6.3 )

,
onde A / - é o número de dias em que a temperatura foi igual a 7 C
Materiais para concreto armado 23

sofre pouca influ ê ncia da temperatura existente durante o per


íodo de
endurecimento.
-
Na fig. 1.6.3, representa se uma história de temperatura t í pica ,
empregada nos processos de cura a vapor. Na fig. 1.6.4, apresenta se -
a variação teórica da resistência à compressão com a idade,
considerando-sc essa história de temperatura. A curva teó rica,
correspondente a uma temperatura constante T=20°C, também c
apresentada. O coeficiente s que define o tipo de cimento foi
considerado igual a 0,25.
Conforme se observa na fig. 1.6.4, a cura a vapor acelera
significativamente o processo de endurecimento do concreto. Para a
hist ória de temperatura considerada, a idade teó rica equivalente
(dada pela expressão ( 1.6.3)) ao final da cura (duração de 14 h ) é
superior a 2 dias.

O
Cu m
O
<D
Tu
cp 40
3
ro
OJ
CL ao
E
CD

0
0 2 6 8 10 1? 14

Idade ( horas )
Fig. 1.6.3 - Hist ória de temperatura (cura a vapor )
Materiais para concreto armado 25

1.6
8
1.4
§
9
LLJ
1.2 s=0,38
'
•V
s=0,20
LU
O Q8
ira
O-’
ro Q6
cr 0.4

0.2

00
0 100 200 300 400
Idade do concreto ( dias)

Fig. 1.6.5 - Variação do módulo de deformação longitudinal do


concreto com a idade

Conforme se observa, a equação ( 1.6.4) superestima o módulo


nas primeiras idades e subestima o mesmo em idades mais
avanç adas.
As equações anteriores devem ser usadas apenas como uma
estimativa da evolução das propriedades do concreto com a idade.
Elas s ão bastante úteis na fase de projeto. Para uma avaliação mais
precisa, é necessário realizar ensaios em várias idades e determinar a
lei de evolução para o concreto a ser empregado na obra.

Exemplo: Durante a execução de uma estrutura, são moldados


diversos corpos de prova para determinação das propriedades
mec ânicas do concreto. O concreto usado deve atender aos valores
especificados no projeto para a resistência característica à
compressão c para o módulo de deformação longitudinal. Em geral, a
idade de referência é de 28 dias.
Entretanto, se o construtor efetuar a concretagem c esperar 28
dias para realizar os ensaios, ele poderá ter a desagradável surpresa
de constatar que o concreto usado não atende aos valores mínimos
26 Curso de Concreto Armado

exigidos no projeto. Neste caso, as interven ções necessá rias para


corrigir o problema poderã o ser muito onerosas, em virtude do
adiantado estágio da construção. Por outro lado, ele n ão pode parar a
execu çã o da obra e ficar esperando 28 dias para saber se o concreto
empregado é satisfatório.
Por isso, é sempre conveniente realizar ensaios em idades de
controle inferiores à quela especificada no projeto. Com base nos
-
valores obtidos cm uma determinada idade, podem se empregar as
equa ções anteriores para estimar as propriedades do concreto na
Materiais para concreto armado 27

A partir do valor estimado /CT„ = 33,6 MPa , pode-se


empregar a equação ( 1.4. 1 ) para obter Ec aos 28 dias:
33,6 /
/ 13
Ec = 21500 32202 MPa
\ 10 J
Alternativamente, podc-sc empregar a equação (1.6.4 ). Para
isto, deve-se primeiro calcular o módulo Ec ( l ) cm função da
resistência fcm ( j ) = 23 MPa:

(
£ c 7 ) = 21500

í 23 V 3
— ^
= 28380
lioj
MPa

Sc o valor experimental de Ec ( j ) for conhecido, ele deve ser


utilizado no lugar deste valor calculado.
Empregando a equaçã o ( 1.6.4 ), obtém-se

gç (7 ) 28380
Ec 34315 MPa
PcÁ lf 1
/
-y 0,684
Observa-se que a primeira alternativa é mais conservadora.
Logo, o valor Ec = 32202 MPa deve ser considerado como uma
estimativa do m ódulo tangente aos 28 dias.
Esses valores estimados de /c/r. e de Ec devem ser
considerados apenas para uma tomada de decisão quanto à
continuidade normal da obra. Na idade especificada no projeto,
usualmcntc 28 dias, é necessá rio realizar os ensaios para atestar a
conformidade do concreto empregado.

1.7 - Resistê ncia do concreto sob carga de longa dura çã o

Outro fen ômeno que ocorre com o concreto é a redu ção de sua
resistê ncia sob carga de longa duração. Esse fenômeno, descrito por
Riisch i 7), é conhecido como Efeito Riisch. A redução da resistê ncia é
(
28 Curso de Concreto Armado

contrariada pelo aumento de resist ência decorrente do


envelhecimento. Devido a esses efeitos contrários, a resistência do
concreto passa por um mínimo, cujo valor depende da idade de
aplicação da carga.
No ensaio convencional para a determinação da resistência à
compressão, o concreto é levado à ruína em pouco tempo após o
iní cio do carregamento (ensaio rápido). Se a velocidade de aplicação
da carga for reduzida, resultando em uma maior duração do ensaio,
ocorre uma diminuição da resistência, conforme é ilustrado na fig.
Materiais para concreto armado 29

Em uma estrutura de concreto armado, uma parcela


significativa das cargas é aplicada e mantida constante durante
praticamcnte toda a vida da estrutura. Assim , o projeto deve ser
elaborado de forma a se obter uma situação semelhante àquela
representada pelo ponto B. Em outras palavras, devem-se limitar as
tensões de compressã o no concreto em 0,8 fcm .
Segundo o CEB/90, a resistência à compressão sob carga
mantida, fcm sus { t , t0 ) , pode ser obtida através da expressão

fcm,susi
^^ o
^
) Pcc ( t ) fic ,sus * to ) fcm U -7- 1 )

onde fcm c a resistência media aos 28 dias de idade obtida no ensaio


rá pido, { l ) é a lun ção de envelhecimento dada na equação
Pcc
( 1.6.2 ) c (3C sus {tJ 0 ) leva cm conta a redu ção da resistência com a
duração do carregamento.
A fun çã o (/ , / „) é dada por
Pcsus
t0 ) = 0,96 - 0,12{ln [72(/ - tQ )]} /
l 4
Pcsus (1.7.2 )

onde / ca idade do concreto no instante considerado e t 0 é a idade


no momento da aplicação da carga .
Na fig. 1.7.2, aprescnta-sc a variação da resistência à
compressã o com a idade, de acordo com a equaçã o ( 1.7. 1 ). Nessa
figura , o concreto apresenta uma resistência média aos 28 dias
fcm 20 MPa (obtida no ensaio convencional ) c c carregado em
=
dois instantes diferentes ( / 0 = 28 dias e = 180 dias).
ta
Conforme se observa na fig. 1.7.2, a resistência passa por um

mí nimo. A duração do carregamento, t t0 , cm que o m í nimo
ocorre é de aproximadamente 2,8 dias para ta = 28 e dc 41 dias para
ío = 180 .Os valores m í nimos da resistência sã o 0,79 /c.m e
0,89 fcm , conforme a carga seja aplicada aos 28 dias ou aos 180 dias
de idade, respectivamente.
30 Curso cie Concreto Armado

Para levar em conta esse efeito, e considerando que em uma


estrutura real nem todas as cargas são aplicadas na idade
convencional de 28 dias ( c além do mais, nem todas as cargas são dc
longa duração), as normas de projeto limitam a máxima tensão de
compressão no concreto cm 85% de sua resistência (os fatores de
segurança são introduzidos no capí tulo seguinte).


oo 25-|
Q.
to=180 dias
Materiais para concreto armado 31

Em virtude dos efeitos do envelhecimento, a fluência do


concreto depende, além da duração do carregamento, da idade de
aplicação das cargas. O comportamento do material també m é
influenciado pela troca de água com o meio ambiente. Quanto mais
seco for o meio externo, maiores serão a fluê ncia e a retra ção. Uma
vez que a troca de água é facilitada cm um elemento estrutural
esbelto, a fluência e a retração serão tanto maiores, quanto menores
forem as dimensões do elemento.
A temperatura ambiente é outro fator que afeta as deformações
do material. A elevação da temperatura acelera o processo de
envelhecimento e també m o fenô meno da flu ê ncia . Para temperaturas
abaixo de 5°C, a fluência praticamente cessa. Dentre os outros
fatores que afetam o comportamento reol ógico do concreto incluem-
se o tipo de cimento, os aditivos e as propriedades elásticas dos
agregados*3 .’
A fluência e a retraçã o apresentam uma série de efeitos
indesejá veis, como: aumento das flechas dc lajes c vigas; perdas de
protensão em estruturas dc concreto protendido; aumento da
curvatura de pilares devido à fluê ncia, o que introduz momentos
fletores adicionais; fissura çã o das superf ícies externas devido à
retração; introdução de esforços indesejá veis em estruturas
aporticadas devidos à retração ( e, també m, à dilatação té rmica ), o
que exige a adoção de juntas; etc.
Por outro lado, a fluê ncia do concreto contribui
favoravelmente para a eliminação de concentrações de tensões ( em
nós de pórticos, por exemplo ) e dc tensões impostas por recalques de
apoios em estruturas hiperestá ticas( 2 ).
Diversas formulações tê m sido propostas para representar esse
complexo fenômeno*5' l !i ). Neste livro, apresenta-se a formulação
proposta pelo CEB/90. Nessa formulação, a deformação total cm um
instante / , dc um elemento dc concreto carregado no instante
t0 com uma tensão constante Oc { / 0 ) , é dada por

( ) = £ci {t0 ) + £cc (/ ) + £cs (/ ) + £cT (/ )


£c / ( 1 - 8.1 )

onde

£c j { tQ ) = deformação inicial no instante dc aplicação da carga;


32 Curso de Concreto Armado

£cc (/ ) = deformação de flu ência no instante t > t0 \


£cs ( t ) = deforma ção de retraçã o;
£cT (/ ) = deformação térmica (dilatação).

Da equação ( 1.8.1 ), observa-se que uma parcela da


deformaçã o total depende da tensão aplicada , £ca (/ ) , e outra parcela
é independente da tensão, £cn (/ ). Essas parcelas são dadas por
Materiais para concreto armado 33

Em estruturas de grandes dimensões como, por exemplo, as


barragens de concreto massa, a fluência básica é predominante. Em
estruturas esbeltas, como as estruturas usuais dos edifí cios, a fluência
por secagem torna-se importante.
Além disso, verifica-se experimentalmente que uma parcela da
deformação de fluência é rccupcrável (a deformação elástica
diferida) e outra parcela é irrecuperável (a deformação plástica
diferida).
Na fig. 1.9. 1, indicam- se as variações da deformação de um
corpo de prova de concreto carregado no instante ta . A tensão
aplicada é mantida constante até o instante 11 , quando o corpo de
prova é descarregado. Conforme está indicado na figura, a
defonnação inicial (imediata ao carregamento) é £ci . As
deformações aumentam com o passar do tempo, devido ao fenômeno
da fluência.

Eci

£ ci

..r Pd

Fig. 1.9. 1 - Parcelas da deformação de fluência

Quando o corpo de prova é descarregado, ocorre a recuperação


imediata de uma parcela da deformação. Esta parcela será
aproximadamente igual a £cj , se a tensão aplicada for pequena cm
relação à resistência à compressão do concreto. Com o passar do
tempo, haverá a recuperação da parcela £ej da fluência. Entretanto,
a parcela será residual.
34 Curso de Concreto Armado

Segundo o CEB/90, a deformação de fluência é dada por

<rc ( to )
() (1.9.1)
£cc
‘ Ec
onde Ec é o módulo de deformaçã o longitudinal do concreto aos 28
dias de idade e ) c o coeficiente de fluência.
A linearidade entre a deformação de fluência e a tensão,
Materiais para concreto armado 35

( 1.9.6 )

( I 9.7 )

Nessas expressões, RH é a umidade relativa do ambiente


( %), fcm é a resist ê ncia media à compressã o do concreto aos 28 dias
de idade (em MPa) c h0 c uma espessura equivalente do elemento
estrutural ( em mm ). A resistê ncia média, fcm , é obtida cm função
da resistê ncia caraeter
ística através da equação

fcm ~ fck + 8 , MPa ( 1.9.8 )

A espessura hQ é definida por

( 1.9.9 )

onde Ac é a á rea da seção transversal do elemento cu é o per í metro


em contato com a atmosfera.
A funçã o fic (/ - / „) , que representa o desenvolvimento da
fluência com o tempo, é dada por

( 1.9. 10 )

onde
18
h
^
-2- + 250 < 1500
100
( 1.9. 11 )
36 Curso de Concreto Armado

Para levar cm conta os diferentes tipos de cimento, a equa çã o


( 1.9.7) deve ser avaliada com uma idade modificada t 0 c , dada por

( \cc
9
to c <o
, +1 > 0,5 dias ( 1.9. 12 )
2 t'1,2
\ + o

onde t 0 é a idade de aplicaçã o da carga , corrigida de acordo com a


Materiais para concreto armado 37

hn — 600 mm, o que mostra a grande influência das dimensões dos


elementos estruturais no valor desse coeficiente.

3.0 -
to=7 dias
2.5 -
o.
u to=28 di
8
< 2.0 -
ê
ac 1.5 - to=180 d
s
1.0 -
RH=70%
0.5 -
ho=150 rrm

0.0 I 1
I 1
I
0 200 400 600 ao
Idade do ocncreto (dias)

Fig. 1.9.2 - Efeito da idade de aplicação da carga


no coeficiente de fluência
3.0 -

2.5 - IXFõOrtrru
cu
ho=150
8 2.0 -

a 1.5 -
IXFOOO

8
.s 1.0 -
RTF70%
0.5 -
to=28 dias

i i 1
r
0 200 400 600 800
Idade do concreto (dias)
Fig. 1.9.3 - Efeito espessura no coeficiente de fluência
da
38 Curso de Concreto Armado

Na fig. 1.9.4, são mostradas as variações do coeficiente de


fluência com a umidadc relativa do ambiente para
hn = 150 mm e
/0 = 28 dias. Verifí ca-se que, quanto mais seco for o ambiente,
maior ser á o coeficiente de fluência.

3.0 -1

2.5 - RH=50°A
ro
Materiais para concreto armado 39

denominada sé rie de Dirichlet, para facilitar o seu uso em uma


formulação incremental. O modelo do CEB/90 é apropriado para
esse fim.
O coeficiente final de fluência, (ppode ser obtido da
equação ( 1.9.3 ), tomando-se um valor muito alto para a idade / .
Observa-se que, quando t cresce, o valor da função Pc { í —O
tende a 1 . Logo, o coeficiente final de fluê ncia, (pM = p{ taa ,t ) , é
(
0

igual a (pa . É fácil verificar que, para o caso cm que t0 = 28 dias,


resulta a seguinte expressão

(pM
= 8,2 -sjfck +—8 , com f ç/t em MPa (1.9. 13)

Na tabela 1.9. 1 , são apresentados alguns valores de (ppara


um concreto com fc/( = 20 MPa, de acordo com a equação ( 1.9.13).

Tabela 1.9. 1 - Valores de <p^ para fck = 20 MPa


h ( mm )
()
RH = 50% RH = 70% RH = 90%
50 3,7 2,8 2,0
100 3,2 2,6 1 ,9
150 3,0 2,4 1,8
200 2,9 2,4 1 ,8
250 2,8 2,3 1 ,8
300 2,7 2,3 1 ,8

1.10 - Retraçã o do concreto

Retração é a redu ção de volume do concreto durante o


processo de endurecimento, devido à diminuição do volume de água
dos poros. Usualmente, a retração c dividida em retra ção aut ógena e
retração por secagem (ou retração hidrá ulica). A retra ção autógena
ocorre sem perda de á gua para o exterior e é consequência da
remoção da á gua dos poros capilares pela hidratação do cimento( l ). A
retraçã o hidrá ulica é influenciada pelas condi ções ambientais
40 Curso de Concreto Armado

(umidade relativa , temperatura, vento, etc.). Na prática, a retraçã o


hidráulica inclui , também, a varia ção autógena de volume.
Uma cura prolongada retarda o in ício da retra ção, permitindo
que o concreto alcance uma resistê ncia à tração satisfatória. Com
isso, pode-se evitar uma fissuração prematura. As armaduras també m
sã o eficientes para a limitação das aberturas das fissuras decorrentes
da retra çã o.
Quando o concreto é colocado dentro d ’ á gua, ocorre um
aumento de volume pela absorçã o de á gua . Entretanto, o valor
absoluto da expansã o dentro d’ á gua é bem meno
Materiais para concreto armado 41

3
PRH = — 1,55 1 -
RH
100
se 40% < R H < 99% ( 1.10. 4 )

PRH = +0,25 , sc RH > 99% ( 1.10.5 )

Conforme sc observa na equação ( 1.10.4 ), ate uma umidade


relativa do ambiente próxima de 99%, ocorre retração ( pRH < 0 ).
Após esse valor, o que ocorre é um aumento de volume do concreto,
como é indicado na equa ção ( 1.10.5 ).
A função Ps O
{t ~ » 4UC define o desenvolvimento da
retração com o tempo, é dada por

0,5
t -h
Ps { t -' s ) ( 1.10 . 6 )
350(/7O /100 )2 + í — ts
onde hn é a espessura equivalente do elemento estrutural, definida
na equação ( 1.9.9 ).
Quando o tempo / tende ao infinito, a deformação de retração
£csao = £cs ) tende ao valor £cso . Considerando um concreto
com fc/ .
resulta
— 20 MPa e (5 SC = 5 (cimento de endurecimento normal ),

5
= -63xl 0 para RH = 50% ;
"
£csoo

£csoo = -48x10-5 para RH = 70% ;


5
£csoo = -20x10 "
para RH = 90% .

A formulação adotada pela NBR-6118 é igual à formulação


anterior do CEB/78(4,I8).
42 Curso de Concreto Armado

1.11 - A ç os para concreto armado

De acordo com a NBR-7480 ( iy ), as armaduras para concreto


armado podem ser classificadas em banas e fios . As barras possuem
di â metros m í nimos de 6,3 mm, sendo obtidas por lamina çã o a
quente. Os fios apresentam di â metros m á ximos de 10 mm , sendo
obtidos por trefiiação ou laminação a frio. Na nomenclatura usual de
projeto, tanto as barras laminadas, quanto os fios trefilados, sã o
designados simplesmente por barras da armadura.
Na tabela 1.11. 1 , indicam
Materiais para concreto armado 43

Tabela 1.11. 1 - Características das barras e fios de acordo


com a NBR -7480
Fios Barras Di â metro Área da Massa Perí metro
nominal seção linear (cm )
2
( mm) (cm ) ( kg/ m )
2,4 2,4 0,045 0,036 0,75
3,4 34, 0 ,091 0 , 071 1 ,07
3,8 3,8 0, 113 0,089 1 , 19
4,2 4,2 0,139 0, 109 1 ,32
4,6 4, 6 0 166
, 0 , 130 1 ,45
5 5,0 0, 196 0, 154 1 ,75
55
, 5 , 5 0 , 238 0 , 187 1 ,73
6 6,0 0,283 0 222
, 1 ,88
6,3 6,3 0,312 0,245 1 ,98
6,4 6 , 4 0 , 322 0 ,253 2 ,01
7 7,0 0,385 0,302 2,20
8 8 8,0 0,503 0,395 2,51
9,5 9,5 0 , 709 0 , 558 2,98
10 10 10,0 0,785 0,617 3,14
12,5 12,5 1 ,227 0,963 3,93
16 16,0 2,011 1 ,578 5,03
20 20,0 3, 142 2,466 6,28
22 22 , 0 3 , 801 2 , 984 6 ,91
25 25,0 4,909 3,853 7 ,85
32 32,0 8,042 6,313 10,05
40 40 , 0 12 ,566 9 ,865 12,57

Os fios, obtidos por trefilação, n ã o apresentam um patamar de


escoamento definido, como é mostrado na fig. 1.11.2.
44 Curso de Concreto Armado

E
1
Materiais para concreto armado 45

propriedade, como fazem as demais normas de projeto. Por isto, em


vista da falta de justificativa para o valor de 210 GPa (ver ref. [20]),
neste livro considera-sc sempre Es = 200 GPa .
Para o coeficiente de dilataçã o térmica dos aços, considera -se
o valor 10 5 0C ' , que é o mesmo valor adotado para o concreto.
'

De forma análoga ao que foi apresentado para o concreto,


definc-sc uma tensão dc escoamento caractcrística dos a ços, ,
obtida em um conjunto de corpos dc prova submetidos a tração.
Assim, as barras de aço são classificadas nas categorias CA-25, CA-
50 e CA -60, onde o prefixo CA indica aços para concreto armado e o
n ú mero é o valor dc fx expresso cm kN/cm .
2
^
Dessa forma, ao ser especificado o aço CA -50, significa que se
trata de um a ço para concreto armado cuja tensã o dc escoamento
2
caractcr ística é J\.k = 50 kN /cm .
As barras são das categorias CA -25 e CA -50 c os fios sã o da
categoria CA -60.
As banas podem scr lisas ou nervuradas. As banas lisas
possuem baixa aderência ao concreto c sã o restritas à categoria CA-
25. As barras da categoria CA-50 devem ser nervuradas,
obrigatoriamente. A configuraçã o geométrica das nervuras é dada na
NBR-7480. Os fios da categoria CA -60 podem scr lisos, entalhados
ou nervurados, para melhorar sua aderência ao concreto.
Al é m do ensaio de tra ção, as barras de a ço devem ser
submetidas ao ensaio de dobramento a 180° sem que ocorra ruptura
nem fissuração na zona tracionada. O diâ metro do pino de
dobramento para cada categoria é indicado na tabela 1.11.2.
A NBR -7480 exige que as barras da categoria CA-50 e os fios
CA-60 nervurados tenham marcas dc laminaçã o cm relevo,
identificando o fabricante, a categoria do material e o respcctivo
di â metro nominal . Por exemplo, na marca 1F-50, 1F é a identifica çã o
do fabricante c 50 é a categoria do a ço. A identificação dos fios lisos
e entalhados da categoria CA-60 também deve ser feita por marcas
cm relevo. Poré m, neste caso, a indentificação do fabricante pode scr
feita por meio dc etiqueta. A identifica ção das barras lisas da
categoria CA-25 deve ser feita por etiqueta.
O comprimento de fornecimento das barras e dos fios deve scr
de 12 m, admitindo-se uma tolerâ ncia de ± 1 % . O fornecimento de
46 Curso de Concreto Armado

outros comprimentos deve ser acordado entre o fornecedor e o


consumidor, mantendo-se a tolerâ ncia de ± 1 % .
Na tabela 1.1 1.2, encontram -se indicadas as caracter í sticas
mecâ nicas exig í veis para as barras e os fios de aço destinados a
armaduras para concreto armado.

Tabela 1.11 .2 - Características exigíveis das armaduras


( NBR -7480 )
Categoria CA -25 CA-50 CA -60
2
fyk (kN/cm ) 25 50 60
Materiais para concreto armado AI

J I l i I l W
L i

£ ,
A f

&
7

^ r

0 V M
^
5
/ M
P
/
C» s
/ as=0
Ss>0 Tensões em es=0 Equilíbrio
equilíbrio Deformações imposs í vel
Deformações no Estádio II

G>
Fig. 1.12.1 - Efeito da aderência no comportamento de vigas

Na fig. 1.12.1-a, representa-se uma viga de concreto armado


construí da da maneira usual: as annaduras são colocadas dentro da
forma e o concreto é lançado posteriormente. Neste caso, existe o
contato direto entre o concreto c as barras de aç o e,
consequentemente, uma ligação entre os dois materiais .
Ao ser aplicado o carregamento, a viga se deforma, resultando
uma distribuição linear das deformações normais ao longo da altura
viga, como é indicado na figura. Em virtude da aderência, a
deformação da armadura, £s , é igual à deformação da fibra de
concreto situada no mesmo ní vel. Desse modo, surge uma tensão de
tração na armadura, os — cfs (f v ) , que, juntamente com as tensões
de compressão no concreto, equilibra o momento fletor solicitante.
Considere-se agora uma situação sem aderência, como a
indicada na fig. 1.12. 1 -b. Nesse caso, foi colocada uma bainha dentro
das formas antes do lançamento do concreto. Posteriormente, a barra
tie aço é introduzida na bainha sem que haja nenhuma amarração da
mesma. Ao ser aplicado o carregamento, a viga se deforma, mas a
48 Curso de Concreto Armado

barra dc aço escorrega livremente dentro da bainha. A deformaçã o


espec í fica da armadura é nula e <TV = 0 . Nessa situaçã o, o que se
tem c uma viga dc concreto simples.
Em uma peça fletida de concreto armado, quando a tensão
má xima de tra çã o atinge o valor da resist ê ncia à tra çã o do concreto,
surge uma fissura perpendicular à direçã o da tra çã o. A fissuração é
um processo discreto, ou seja, as fissuras est ão espaçadas em
intervalos mais ou menos regulares ao longo do eixo da peça. Nas
seções fissuradas, apenas o aço resiste aos esforços de tra ção. Essas
Materiais para concreta armado 49

-
1.13 A durabilidade das estruturas de concreto armado

A durabilidade das estruturas de concreto é um dos aspectos


de maior relevâ ncia, dentro da filosofia das modernas normas de
projeto. As exigê ncias relativas à durabilidade est ão se tornando cada
vez mais í r gidas, tanto na fase de projeto, quanto na fase de execução
da estrutura .
Essas novas exigências introduzidas nas normas decorrem, em
grande parte, da falta de atenção com que muitos projetistas c
construtores têm tratado esse tema. Esse descuido com a durabilidade
tem contribu ído para acelerar a deterioraçã o de diversas estruturas
rclativamentc novas. Por outro lado, o conhecimento dos diversos
mecanismos de deteriora çã o das estruturas de concreto tem levado a
essa nova concepção de durabilidade introduzida nas atuais normas
de projeto, dentre as quais se inclui a norma brasileira NBR-6118.
-
As exigê ncias relativas à durabilidade destinam sc a garantir a
conservaçã o das caracter í sticas das estruturas ao longo de toda a sua
vida ú til . Durante esse per íodo, nã o devem ser necessárias medidas
extras de manuten ção ou reparo das estruturas.
Geralmente, as normas de projeto consideram uma vida útil
minima de 50 anos. Para obras de maior importâ ncia, pode ser
necessá rio estabelecer critérios correspondentes a uma vida ú til
maior.
Na consideração da durabilidade, devem ser levados em conta
os mecanismos mais importantes de deterioração da estrutura de
concreto.
Dentre os mecanismos de deteriora çã o relativos ao concreto
-
incluem se a lixiviaçã o provocada pela á gua, a expansão devida à
a ção de á guas c solos contaminados c expansões decorrentes de
reações entre os á lcalis do cimento e certos agregados reativos. A
corrosão c um mecanismo relativo às armaduras.
Alem disso, há vá rios mecanismos de deteriora ção
relacionados às ações mecâ nicas, movimentações dc origem térmica,
impactos, ações c í clicas, etc. Por ú ltimo, devem-se considerar as
a ções tísicas c qu í micas relacionadas à agressividade do ambiente.

Segundo a NBR-6118, a agressividade do ambiente pode ser


classificada de acordo com a tabela 1.13.1 .
50 Curso de Concreto Armado

Tabela 1.13. 1 - Classes de agressividade ambiental


Classe de Agressividade Risco de deteriora ção
agressividade da estrutura
ambiental
I fraca insignificante
II moderada pequeno
III forte grande
IV muito forte elevado
Materiais para concreto armado 51

Ambiente A: ambientes internos secos (com umidade relativa do ar


menor ou igual a 65%).
Exemplos: interiores de apartamentos residenciais e de conjuntos
comerciais, ou ambientes com concreto revestido com argamassa c
pintura.

Ambiente B: ambientes internos ú midos ou caracterizados por ciclos


de molhagem e secagem.
Exemplos: vestiários e banheiros coletivos, cozinhas e lavanderias
industriais, garagens.

Ambiente C: ambientes externos secos ( com umidade relativa do ar


menor ou igual a 65%).
Exemplos: obras em regiões de clima seco, partes protegidas da
chuva em ambientes predominantemente secos.

Ambiente D: ambientes externos ú midos ou caracterizados por


ciclos de molhagem c secagem.
Exemplos: obras externas cm geral , partes n ã o protegidas da chuva.
Para evitar a deteriora ção prematura e satisfazer as exigê ncias
quanto à durabilidade, devem ser observados diversos crit é rios, nas
fases de projeto, de execu çã o c de utilizaçã o da estrutura. Dentre os
principais crit é rios a serem observados na fase de projeto, dcvcm -sc
incluir a especificação de um concreto de qualidade apropriada, de
cobrimentos m ínimos para as armaduras, a verificação da abertura
das fissuras e o correto detalhamento das armaduras.
A durabilidade das estruturas é altamente dependente das
características do concreto c da espessura e qualidade do concreto do
cobrimento. A qualidade do concreto est á infimamente ligada à
relaçã o água-cimento, pois é esta que determina a porosidade da
massa endurecida e, portanto, a facilidade de penetração de á gua ou
de gases no concreto. Uma vez que existe uma forte correspond ê ncia
entre a rela ção á gua-cimento e a resistência à compressã o do
-
concreto, a NBR 6118 apresenta a tabela 1.13.3, a qual permite
escolher a resistência à compressão do concreto cm fun ção da classe
de agressividade ambiental.
Al é m das exigê ncias de qualidade do concreto, é necessário
especificar um cobrimento m ínimo para as annaduras. Para garantir
52 Curso de Concreto Armado

o cobrimento m í nimo ( cmin ), o projeto e a execu ção devem


considerar o cobrimento nominal ( cnom ), que é o cobrimento
m ínimo acrescido da tolerâ ncia ( Ac ). Assim, as dimensões das
barras das armaduras e os espaçadores de formas devem respeitar o
cobrimento nominal.
Quando houver um adequado controle de qualidade e r ígidos
limites de tolerâ ncia da variabilidade das medidas durante a
execução, pode ser adotado um valor Ac = 0,5 cm. Em caso
Materiais para concreto armado 53

caso de feixes de banas, o cobrimento nominal n ão deve ser menor


que o diâ metro do c í rculo de mesma á rea do feixe (diâmetro
equivalente).
A dimensão máxima caractcrística do agregado gra údo
utilizado no concreto, c/ max , n ão pode superar 20% do cobrimento
nominal, ou seja, c/inax < 1, 2cnom .
Para a face superior dc lajes e vigas que serã o revestidas com
argamassa dc contrapiso, com revestimentos tinais secos do tipo
carpete, madeira, pisos cerâ micos, dentre outros, os cobrimentos
nominais da tabela 1.13.4 podem ser substitu ídos pelo valor dc
l ,5cm. Dc qualquer forma, esse cobrimento nominal não pode ser
menor que o diâ metro da barra ou que o diâ metro equivalente, no
caso de feixes de banas.
A abertura má xima caracterí stica das fissuras, desde que nã o
ultrapasse valores da ordem de 0,2 a 0,4 mm, não tem importâ ncia
significativa na evolu ção da corrosão das armaduras para concreto
armado. No caso dc peças dc edif ícios usuais, podem ser adotados os
seguintes limites para a abertura das fissuras, em função da classe de
agressividade ambiental:

Classe de agressividade 1: abertura máxima de 0,4 mm ;


Classes de agressividade II e III : abertura má xima de 0,3 mm.
Classe dc agressividade IV: abertura máxima dc 0,2 mm.

Em casos específicos, esses limites devem ser reduzidos. Isto


ocorre, por exemplo, nos reservatórios. Nesses casos, os limites para
a abertura das fissuras devem ser especificados dc modo a garantir a
estanqueidade e n ão afetar a funcionalidade da estrutura.
Um bom detalhamento das armaduras lambem é necessá rio
para garantir a durabilidade. As barras devem ser dispostas dentro do
elemento estrutural dc modo a permitir c facilitar o lançamento c o
adensamento do concreto. O congestionamento das barras dificulta o
lançamento, propicia a segrega ção dos componentes do concreto c
impede um bom adensamento, ao dificultar a passagem da agulha do
vibrador. Tudo isto compromete a compacidade final do concreto
endurecido, o que facilita a sua deteriora çã o.
Com o objetivo dc garantir a durabilidade das estruturas de
concreto, devem ser tomadas diversas medidas adicionais, como:
54 Curso de Concreto Armado

-sobre
prever uma drenagem eficiente, capaz de evitar o ac ú mulo de água
as superf ícies de concreto;
- prever acessos de inspeção e manutenção de partes da estrutura
com vida ú til menor, tais como aparelhos de apoio, caixões,
impermeabi 1 izações;
- prever espessuras dc sacrif ício ou revestimentos protetores em
regiões sob condi ções de exposição ambiental muito agressivas;
- definir um plano de inspeção e manuten ção preventiva.
Materiais para concreto armado 55

altura total da seçã o da viga. Conforme se verifica na fig. 1.13.1, o


parâ metro d' para as vigas é dado por

d' = c + 0, + 0,50 (1.13.1)

onde c - cobrimento nominal; </>, = di â metro dos estribos; 0 =


di â metro da armadura longitudinal de traçã o.
A equaçã o ( 1.13. 1 ) c v á lida se todas as barras da armadura
longitudinal de tração estiverem dispostas em uma ú nica camada,
como na fig. 1.13. 1. Essa armadura é colocada na face inferior da
viga, nos trechos de momento flctor positivo. Uma expressã o
semelhante pode ser obtida para o parâ metro d" , cm função do
di â metro </>' da armadura de compressã o ( colocada na face superior,
nos trechos de momento flctor positivo ).
Em geral , d” é menor que d' , pois a armadura de
compressã o possui um di â metro menor que a armadura de tra ção.
Entretanto, para efeito de dimensionamento podem-se desconsiderar

essas diferenças e adotar d" d' .
Na tabela 1.13.5, aprcscntam -sc os valores de d’ calculados
com a equa çã o ( 1.13. 1 ), considerando os seguintes dados:
- cobrimento c : igual aos cobrimentos nominais exigidos para vigas
,=
e pilares na tabela 1.13.4; - estribos: di â metro 0 5 mm.

Tabela 1.13.5 - Parâ metro d’ para vigas e pilares ( cm )


Classe de agressividade 0 = 10 mm 0 = 20 mm
I 3,5 4,0
11 4,0 4 ,5
111 5,0 5,5
IV 6,0 6,5

No caso das lajes, a altura ú til é diferente em cada direção


( dx e dr indicadas na fig. 1.13.1 ), já que uma armadura está
disposta sobre a outra, formando uma malha. Do ponto de vista

prá tico, pode-se considerar um valor ú nico d — h d' para as duas
direções. De acordo com a fig. 1.13.1, tcnr-se
56 Curso de Concreto Armado

d' = c + 0 ( 1.13.2 )

onde (/> é o di â metro médio das armaduras.


Na tabela 1.13.6, apresentam-sc os valores de d' calculados
através da equa ção 1.13.2.

Tabela 1.13.6 - Parâ metro d’ para lajes maci ças ( cm )


Classe de agressividade 0 = 5 mm 0 = 10 mm
Materiais para concreta armado 57

de produ ção c controle da qualidade do concreto. Ao contrário, tal


procedimento pode resultar em um verdadeiro desastre.
Em todo caso, deve-se estar atento para o fato de que os
parâ metros adotados nos exemplos numéricos não servem como
regra geral . Eles devem ser definidos para cada situação particular,
considerando todos os fatores envolvidos.
Capítulo 2

FUNDAMENTOS DE SEGURAN Ç A DAS


ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

2.1 - Estados limites

Alem ilos aspectos económicos e est é ticos, uma estrutura de


concreto armado deve ser projetada para atender aos seguintes
requisitos de qualidade:

I ) segimmçn: dentro de um n í vel de seguranva preestabelecido, a


estrutura deve suportar as ações que lhe são impostas durante a sua
vida útil ( incluindo a fase construtiva ), sem a ocorrê ncia de rupiura
ou perda do equil íbrio estático;

2| hum desempenho cm serviço: nas condições normais de utiliza ção,


as deforma ções da estrutura devem ser suficientemente pequenas
para não provocar danos inaceitá veis em elementos n ão estruturais,
n ão afetar o seu uso ou a sua aparê ncia, nem causar desconforto aos
usuários; o grau de fissuraçào não deve afetar o uso ou a aparência
da estrutura, nem prejudicar a proteção da armadura;

) durabilidade: a estrutura deve se manter em bom estado de


'
conservação sob as influencias ambientais previstas, sem necessidade
tie reparos de alto custo ao longo de sua vida ú til .

Para certos tipos de estruturas, são fixadas condi ções


específicas, como a exigê ncia de resist ê ncia ao fogo, à explosã o, ao
impacto ou à s ações sísmicas, ou exigê ncias relativas à
estanqueidade, ao isolamento térmico ou ac ústico. Além disso,
podem ser fixadas exigê ncias referentes ao impacto ambiental.
Quando algum dos requisitos relativos aos itens ( I ) e (2 ) não é
atendido, considcra-sc que foi alcançado um estado limite. As
exigências relativas à durabilidade deixam de ser atendidas quando
Capítulo 2

FUNDAMENTOS DE SEGURAN Ç A DAS


ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

2.1 - Estados limites

Alem ilos aspectos económicos e est é ticos, uma estrutura de


concreto armado deve ser projetada para atender aos seguintes
requisitos de qualidade:

I ) segimmçn: dentro de um n í vel de seguranva preestabelecido, a


estrutura deve suportar as ações que lhe são impostas durante a sua
vida útil ( incluindo a fase construtiva ), sem a ocorrê ncia de rupiura
ou perda do equil íbrio estático;

2| hum desempenho cm serviço: nas condições normais de utiliza ção,


as deforma ções da estrutura devem ser suficientemente pequenas
para não provocar danos inaceitá veis em elementos n ão estruturais,
n ão afetar o seu uso ou a sua aparê ncia, nem causar desconforto aos
usuários; o grau de fissuraçào não deve afetar o uso ou a aparência
da estrutura, nem prejudicar a proteção da armadura;

) durabilidade: a estrutura deve se manter em bom estado de


'
conservação sob as influencias ambientais previstas, sem necessidade
tie reparos de alto custo ao longo de sua vida ú til .

Para certos tipos de estruturas, são fixadas condi ções


específicas, como a exigê ncia de resist ê ncia ao fogo, à explosã o, ao
impacto ou à s ações sísmicas, ou exigê ncias relativas à
estanqueidade, ao isolamento térmico ou ac ústico. Além disso,
podem ser fixadas exigê ncias referentes ao impacto ambiental.
Quando algum dos requisitos relativos aos itens ( I ) e (2 ) não é
atendido, considcra-sc que foi alcançado um estado limite. As
exigências relativas à durabilidade deixam de ser atendidas quando
60 Curso de Concreto Armado

n ão são observados os critérios de projeto definidos na seção 1.13 do


capítulo 1 .
Assim, em função dos requisitos estabelecidos nos itens ( 1 ) e
(2), são definidos os seguintes estados limites:

Estados limites últimos (ou de ruína)', são aqueles relacionados ao


colapso, ou a qualquer outra forma de ru í na estrutural que determine
a paralisa ção, no todo ou em parte, do uso da estrutura.
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 61

ou por uma deformação plástica excessiva das armaduras (esta ú ltima


sendo uma ruptura convencional).
De acordo com os procedimentos da NBR-6118 e do CEB,
admite-se que, em uma peça fletida, o esmagamento do concreto
ocorre quando:

a ) em seções parcialmente comprimidas, a deformação da borda


/
comprimida atinge o valor 3,5 ° 00 ;

b) em seções totalmente comprimidas, a deformação da fibra situada


a 3/í/7 da borda mais comprimida atinge o valor 2 /0 , onde h é a
altura da seção transversal da peça. ^
Esses valores limites para a deformação de compressão do
concreto correspondem aos valores médios das deformações £0 e
£u que aparecem no diagrama tensão-deformação da fig. 1.4.1 ( ver
seção 1.4 do capí tulo 1).
A deformação máxima de tração das armaduras é igual a
10 ° OG Observa-se que esse valor é bem inferior à deformação de
/
ruptura dos aços (ver tabela 1.11.2 do capí tulo 1). Entretanto, esse
limite é introduzido para evitar deformações plásticas excessivas.

Na fig. 2.1. 1 , são indicados os três casos possí veis de ruptura


de uma seção de concreto armado.
62 Curso de Concreto Armado

3.5°/
3h/7 2°/
JC J' h

seção
seção parcialmente totalmente
comprimida
comprimida
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 63

estado limite ú ltimo foi a instabilidade do equil í brio. Esse problema


é analisado em detalhes no Volume 3.

ei P instabilidade do
V equilíbrio
cr

L w
Prrr = carga de Euler
(,

A
P >

Fig. 2.1 .2 - Instabilidade do equil í brio

2.2 - As a ções nas estruturas

Por definição, as a ções sã o as causas que provocam esforços


ou deforma ções nas estruturas. Usualmente, as forças c as
deformações impostas pelas ações são consideradas como se elas
fossem as próprias ações. De acordo com a NBR -8681 221, as forças
'
são designadas por ações diretas c as deforma ções impostas por
ações indiretas.
Em função de sua variabilidade no tempo, as a ções podem ser
classificadas como permanentes, vari á veis ou excepcionais >.
( 22

a ) Ações permanentes

As ações permanentes são aquelas que ocorrem com valores


constantes, ou de pequena variabilidade, durante praticamente toda a
vida ú til da constru çã o. També m são consideradas como
permanentes as ações que crescem no tempo, tendendo a um valor
limite constante.
64 Curso lie Concreto Armado

As ações permanentes diretas correspondem ao peso pró prio


da estrutura, peso dos demais elementos permanentes da constru ção
(alvenarias, revestimentos, etc.), peso de equipamentos fixos,
empuxos de terra e de outros materiais granulosos n ã o remov í veis,
dentre outros.
As aeòcs permanentes indiretas podem ser os recalques de
apoio, a retra ção e a fluê ncia do concreto, a protensã o (no caso do
concreto protendido ) c imperfeições geom é tricas de pilares.
A variabilidade das a ções permanentes em tomo de sua media
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 65

As ações são quantificadas por seus valores característicos ,


Fç , que são definidos cm função de suas variabilidades.
Para as ações variáveis, os valores caracter ísticos são
indicados em normas específicas c correspondem a valores que têm
de 25% a 35 % dc probabilidade de serem ultrapassados no sentido
desfavorá vel, durante um período de 50 anos. No caso das cargas
acidentais dos edifícios, os valores característicos são fornecidos na
NBR-6120 (Apêndice 1 do Volume 2 ).
As ações variá veis que produzem efeitos favorá veis não são
consideradas como atuantes na estrutura.
Os valores característicos das ações permanentes
correspondem à variabilidade existente cm um conjunto de estruturas
aná logas. Para essas ações, o valor caracter ístico é o valor médio,
correspondente ao quantil dc 50%, seja quando os efeitos forem
favorá veis, seja quando os efeitos forem dcsfavorá veis( 22 ).
No caso dos edifícios, as ações permanentes caractcr í sticas
podem ser obtidas a partir dos pesos específicos dos materiais de
construção fornecidos na NBR -6120 ( Apêndice 1 do Volume 2 ).
No caso das ações cxccpcionais, os valores característicos sã o
valores convencionais que devem ser estabelecidos por consenso
entre o proprietá rio da obra c as autoridades competentes.
Nas verificações relativas aos estados limites ú ltimos, quando
existirem ações variáveis dc diferentes origens, adotam -se valores
reduzidos de combinação dados por y/ í Fk . Os coeficientes y/ G < 1 ,
(

definidos para cada ação vari á vel em particular, levam cm conta que
é pequena a probabilidade dc ocorrência simultâ nea dos valores
característicos de ações variá veis de origens diferentes.

2.3 - Ações de cá lculo e combina ções de a ções

-
As ações de cá lculo F / são obtidas multiplicando se os seus
(

valores caracter
ísticos pelos coeficientes parciais de segurança y / .
No estado limite último, pode-se ainda considerar 7 f = 7 f \7 f 2 >
onde 7 f \ leva em conta a variabilidade das ações e yconsidera
os poss í veis erros de avaliação dos efeitos das ações, por exemplo,
por defici ência do método de cálculo empregado.
66 Curso de Concreto Armado

Para identificar o tipo de ação considerada, o coeficiente y f


pode ser representado por yg para as ações permanentes, por yq
para as a ções variá veis diretas c por ye para as deforma ções
impostas. Esses coeficientes são fornecidos na NBR-8681 para as
diferentes combinações de ações consideradas no projeto.
Um carregamento c definido pela combina ção das ações que
tem probabilidade não desprezí vel de atuarem simultaneamente
sobre a estrutura, durante um determinado per íodo. As combinações
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 67

açã o dc cá lculo Fc/ a ser considerada no estado limite ú ltimo é dada


por

m n

^ d — 7 =1
gjFgk . j + /r/. l Fqk ,\ + Y2.Ya.,Vo,h,U
=
;'
(2.3.1 )

onde Fqkj c o valor caractcr ístico da a çã o vari á vel considerada


como principal c ¥ oiFqky , representa os valores reduzidos dc

combinaçã o das demais ações vari á veis (consideradas secundárias).


Os valores dc y/ j são dados na tabela 2.3. 1 .
()

b ) Carregamento especial e de construção

Os carregamentos especiais são transitórios, com unia duração


muito pequena em rela ção à vida ú til da estrutura, c seus efeitos
podem superar os efeitos produzidos pelo carregamento normal. O
carregamento de constru ção c um carregamento transitó rio
decorrente das diferentes etapas do processo construtivo, sendo
considerado apenas quando há risco de ocorrê ncia do estado limite
nessa fase.

Nesses casos, a açã o dc cá lculo é dada por

m n

^d ~

7 =1
^
+ /í/ ,1 qk ,\ +
^
i -2
Yq ,i ¥ oi ,ef ^qk ,
i (2.3.2)

onde Fgkj representa os valores caracter ísticos das a ções


permanentes, F k | é o valor caractcr í stico da a çã o vari á vel especial
e ¥ ,> í ,ef c o fator dc combinação eletivo dc cada uma das demais
ações variá veis na situação transitória.
Em geral , ~
¥ oi » °ndc ¥ <>í c o fator dc combinação
adotado para o carregamento normal. Entretanto, quando o tempo de
68 Curso de Concreto Armado

atuaçã o da a çã o principal F / kj for muito pequeno, \{/ ot ef


(
_
sendo y/ j j dado na tabela 2.3.1 .

Tabela 2.3. 1 - Fatores de combina çã o no estado limite ú ltimo


A ções Vari á veis Vo ¥2
Variações uniformes de temperatura 0,6 0,3
Pressão dinâmica do vento 0,6 0
Cargas acidentais dos edif ícios quando n ão há 0 ,5 0,3
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 69

Os coeficientes parciais de segurança, y , majoram as ações


permanentes quando elas provocam efeitos desfavoráveis para a
estrutura. Em caso contrá rio, cies sã o tomados com o valor y = 1 .
Na tabela 2.3.2, encontram -sc os valores de yg recomendados
pela NBR -6118 para as ações permanentes de um modo geral. Para
as cargas permanentes dc pequena variabilidade, como o peso
próprio da estrutura, especialmcntc as pré- moldadas, o coeficiente
yg = 1,4 pode ser reduzido para yg = 1,3 .
Tabela 2 , 3.2 - Coeficientes parciais para as a ções permanentes
Carregamentos Para efeitos Para efeitos
desfavorá veis favorá veis
Normais II
vi II

Especiais ou dc rg = v rg = i.o
constru ção
Exccpcionais rg = l 2 rg = l’°
Os coeficientes ye a serem aplicados às ações permanentes
indiretas ( recalques de apoio e retra çã o) sã o indicados na tabela
2.3.3.

.
Tabela 2.3 3 - Coeficientes parciais para os efeitos de recalques
de apoio c dc retra çã o
Carregamentos Para efeitos Para efeitos
desfavorá veis favorá veis
Normais £1N
\
<
II O
Especiais ou de £7 N
(

II o
constru ção
Exccpcionais £ o II « ii
5 o

Os coeficientes parciais y/
( majoram os valores
representativos das a ções vari á veis que provocam efeitos
desfavoráveis para a seguran ça da estrutura. Quando a açã o vari á vel
70 Curso de Concreto Armado

provoca um efeito favorá vel ela não é considerada na combina çã o


das ações. Esses coeficientes sã o indicados na tabela 2.3.4. de acordo
com a NBR-6118.

Tabela 2.3.4 - Coeficientes parciais para as ações vari á veis


Carregamentos A ções variáveis em A ção vari ável
geral, inclu í das as temporá ria
cargas acidentais ( varia çã o de
móveis temperatura )
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 71

Fd - + U 2 Fegk ) + 1,4 Fqk X +


(l,4x0,6iy 2 + 1,2x0,6Feqk )
onde se observam os diferentes valores para os coeficientes parciais
de seguran ça c para os coeficientes de combinação das diversas
ações.

Combina ção 2: o vento c a ação variável principal

Neste caso, a açã o de cá lculo é dada por

= (MFgí + l,2Fsg( ) + l .4F,i,2 +


^( l ,4.v0,5 F/í , + l , 2.vO,6Ffgt )
(

No caso de edif ícios residenciais, de escrit ó rios c casas


comerciais n ã o destinadas a depósitos, pcrmitc-se reduzir os efeitos
da carga acidental /y. | nos pilares e nas fundações para levar cm
conta a pequena probabilidade de todos os andares estarem
completamente carregados ao mesmo tempo. Isso pode ser feito
reduzindo-se as cargas acidentais com os percentuais indicados na
tabela 2.3.5.

Tabela 2.3.5 - Redução das cargas acidentais para a obten çã o


das forças normais nos pilares ( NBR -6120 )
N ú mero de pisos que atuam Redu ção das cargas
sobre o elemento acidentais ( % )
1, 2 e 3 0
4 20
5 40
6 ou mais 60

Para efeito de aplicação da tabela 2.3.5, o forro é considerado


como piso.

Nos procedimentos de projeto, é usual separar a estrutura dos


edif ícios em duas subestruturas com funções distintas. Uma
72 Curso de Concreto Armado

subcstrutura , composta por elementos de maior rigidez, tem por


finalidade resistir às a ções do vento, bem como servir de
contraventamento para o edif ício. Esta é a denominada subestrutura
de contraventamento ( ver Volume 3 ). A outra subestrutura,
denominada subestrutura contravcntada , resiste apenas ao
carregamento vertical, devido às cargas permanentes e às cargas
acidentais.
Logo, os esforços na subestrutura de contraventamento devem
ser calculados para as combina ções de ações dadas nas expressões
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 73

Entretanto, sc os esforços solicitantes forem obtidos através de


uma aná lise linear, os coeficientes y ç podem ser aplicados
dirctamcnte aos esforços solicitantes característicos. De fato, se a
aná lise c linear, um esforço solicitante gen é rico S é dirctamcnte
proporcional ao carregamento dado. Assim, sc o carregamento de
cá lculo for p d = y f p k , onde p k representa as cargas de servi ço, o
esforço de cá lculo S j será

Sd = cPd ~ c7 f P k -
( 2 3.8)

onde c é o fator de proporcionalidade entre as cargas c o esforço


solicitante.
Fazendo a aná lise com as cargas de servi ço p k , resulta o
esforço característico ( ou de serviço ), Sk , dado por

Sk = c p k ( 2.3.9)

Comparando as equações (2.3.8) e (2.3.9), verifica-se que


S j = y fSk . Neste caso, tanto faz aplicar y ç nas cargas de servi ço
c obter diretamente os esforços de cá lculo, quanto obter os esforços
de serviço c depois introduzir os coeficientes y k .
Quando a an á lise for n ão linear, seja pela n ã o linearidade
fisica, decorrente do comportamento mecâ nico dos materiais, seja
pela não linearidade geométrica, decorrente das altera ções da
geometria da estrutura , resulta S j * y fSk . Nesses casos, y k deve
ser aplicado dirctamcnte sobre as cargas de servi ço.
Para as vigas e as lajes, é suficiente adotar uma an á lise linear
para o cálculo dos esforços solicitantes. Nesses casos, trabalha-se
com as cargas de servi ço, obtendo-se os esforços solicitantes de
serviço. Os esforços solicitantes de cá lculo são determinados quando
do dimensionamento das armaduras. No caso dos pilares, para os
-
quais é necessá rio considerar as não linearidades, deve se trabalhar
dirctamcnte com as cargas de cá lculo.
74 Curso de Concreto Armado

Exemplo 1: Cálculo de vigas

Considere-se a viga biapoiada indicada na fig. 2.3. 1,


submetida a uma carga uniformemente distribuí da.
A maneira coneta de se efetuar a análise da viga é conforme
consta na alternativa 1. Neste caso, a viga c carregada com a carga de
c álculo pj = yfpk . O momento flctor de c álculo na seção central
da viga vale
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 75

Exemplo 2: Cá lculo de pilares

Na fig. 2.3.2 apresenta-se um pilar submetido a uma força


normal com uma excentricidade inicial .

Alternativa 1 Alternativa 2
Fig. 2.3.2 - Pilar com força normal excêntrica

No procedimento correto de aná lise, o pilar é submetido à



força nonnal de cálculo Pj y fP , confonne a alternativa 1.
^
Devido à excentricidade et , o pilar está sob flexão composta. A
flecha máxima na seção central do pilar vale Wd e depende da força
de cá lculo Pd . O momento flctor de cá lculo na seção central do
pilar, cm sua configuração deformada , c dado por

Md = Pd {ei + Wd )= yfPk {el + Wd ) (2.3.12)

-
Adotando a alternativa 2, pode se determinar o momento fletor
de serviço

Mk = PM +*k ) (2.3.13)
76 Curso de Concreto Armado

onde IV [ . é a flecha na seção central do pilar, correspondente à força


de serviç o P .
Comparando as equações (2.3.12 ) e (2.3.13), vcrif íca-se que
M í i > y / M k , pois W j > W f .. Neste caso, a ú nica alternativa
correta é a alternativa 1 . A alternativa 2 fica contrá ria à segurança e
n ã o deve ser empregada.

tê ncias de cá lculo
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 77

onde é a tensão de escoamento caractcr ística e ys é o


coeficiente de minoração.
Os valores de yc e ys , indicados na NBR-6118, são
apresentados na tabela 2.4. 1 .
Para a execução de peças nas quais estejam previstas
condições desfavorá veis (como má s condições de transporte,
adensamento manual ou concretagem prejudicada por concentração
de armadura), o coeficiente yc deve ser multiplicado por 1 , 1 .

Tabela 2.4. 1 - Coeficientes parciais yc e ys


Carregamentos Concreto ( yc ) Aço ( ys )
Normais 1.4 1,15
Especiais ou de 12, 1,15
constru ção
Excepcionais 1 ,2 1,0

2.5 - Avalia çã o da segurança estrutural

Dentro do que foi apresentado anteriormente, a segurança


estrutural é obtida através da introdução dos coeficientes de
ponderação y f , yc c ys c, por isso, esse mé todo de projeto é
denominado método dos coeficientes parciais de segurança. Nas
estruturas usuais, a segurança é verificada isoladamente cm rela ção a
cada um dos esforços solicitantes ( momento fletor, esforço normal,
esforço cortante e momento torçor). Assim, se Sc/ representa os
esforços solicitantes de cá lculo, a segurança é garantida desde que

( 2.5. 1 )

onde Rj representa os esforços resistentes no estado limite ú ltimo,


obtidos com as resistê ncias de cá lculo.
Esse método leva em conta as características probabil í sticas do
problema. De fato, os valores representativos das variá veis
envolvidas no projeto são definidos a partir de suas distribuições de
78 Curso de Concreto Armado

probabilidades. Assim , as resist ências dos materiais e as a ções sã o


consideradas variá veis aleat ó rias.
Entretanto, algumas questões são tratadas de uma maneira
dctermin í stica. Por exemplo, nenhuma referência é feita à s varia ções
das resist ê ncias dos materiais no dom í nio da estrutura, ou seja,
consideram -se as mesmas resistê ncias em todos os pontos da
estrutura. Da mesma forma, as condi ções de vincula çã o c as posi ções
das cargas sã o consideradas dctermin ísticas. Assim , as seções cr í ticas
são fixadas a priori. Por exemplo, em uma viga com armadura
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 79

Seja Pu uma variável aleatória representando a capacidade de


carga da estrutura. Evidentemente, Pu depende de todas as variáveis
aleat ó rias bá sicas que contribuem para a resposta estrutural, como as
resistê ncias dos materiais, as dimensões dos elementos estruturais,
etc. Logo,
Pll = Pll { Xi\ i = l ,..., n (2.5.2 )

onde Xj , com / = 1,..., « , são as vari á veis aleatórias bá sicas que


contribuem para a capacidade de carga.
Se Ps representa as ações impostas à estrutura, a
probabilidade dc falha, p , é a probabilidade que as ações superem
/
a capacidade dc carga , isto é,

^ PiP^ P,)
p ( 2.5.3)

Inversamcnte, a confiabilidade c , isto é, a probabilidade dc


n ão ocorrê ncia do estado limite ú ltimo, c dada por

c = P{ Pu > Ps ) = l - p f ( 2.5.4 )

Esse problema pode ser formulado, por exemplo, em termos


da margem dc seguran ça. A margem dc segurança, M , é definida

como M = Pu Ps , sendo ela própria uma vari á vel aleat ó ria . Neste
caso, a falha corresponde à ocorrê ncia do evento M < 0 .
Sc fM (/;/ ) representa a distribuição dc probabilidade dc M ,
a probabilidade de falha é dada por

Pj- =

^ fM ( m )dm

Admitindo-sc que a margem de seguran ça tem uma m édia


jdM e um desvio padrão aM e definindo a vari á vel reduzida
( 2.5.5 )


s = ( m jdM ) (JM , a equação ( 2.5.5 ) pode ser escrita na forma
/
80 Curso de Concreto Armado

onde P = HM /° M
Pf =
^
£/ A4 ( s )e rMds

é o índice de confiabilidadc.
(2.5 .6 )

Observa-se que, quanto maior for o valor de fi , menor será a


probabilidade de falha, independentemente da distribuição
Por isso, o í ndice ft é uma medida importante do n í vel de
segurança já que, ao menos qualitativamente, ele d á uma ideia sobre
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 81

(
JM J
= (o ,85 Ac < jfcJ2 + Tp
( ( 2.5. 10 )

-
onde crjc é o desvio padrão da resistência e OP é o desvio padrã o
da força normal solicitante.
Ent ã o, dados os valores caractcr ísticos fck c Pk , obté m-sc a
á rea da seçã o transversal de concreto com o emprego da equa ção

(2.5.7). Sc Vfc Gfc fcm é o coeficiente de variaçã o da
/
coeficiente
{
de variação ^—
resistência, tem-se fcm = fckj\ \,(A5V c ) . Se VP =
da ^
força
oPlPm
normal,
co
tem-se
Pm = Pk / \ + l ,645 Kp ) . Dessa forma , dados Vjc- VP
c podem-se
obter todos os termos das equa ções ( 2.5.9) e (2.5. 10 ) e calcular o
índice de confiabil idade /7 = flM /GM .
-
Na fig. 2.5. 1, apresentam se os resultados obtidos
considerando os coeficientes parciais de segurança yy 1,4 c


yc = 1,4 . Nessa figura, admite-se um concreto com fck 20 MPa e
uma força normal característica Pk = 3001< N . O coeficiente de
varia ção da força normal é VP = 0,1 c o valor m édio correspondente
é Pm = 257,62 kN.
Conforme se observa na fig. 2.5. 1 , o í ndice de confiabilidadc
diminui com o crescimento do coeficiente de variaçã o da resistência
do concreto, V /c . Isso indica que o método dos coeficientes parciais
de seguran ça introduz diferentes níveis de confiabilidade,
dependendo da variabilidade das vari á veis de projeto.
Entretanto, o í ndice de confiabilidadc é relativamente alto.
Para um concreto com Vrc = 0,2 , esse í ndice é /7 = 3,5 . Sabendo
que, neste caso, a margem de segurança também é normalmente
distribu ída, a probabilidade de falha pode ser obtida integrando a


equaçã o (2.5.6). Feito isto, resulta p r \ O-4 .
Na fig. 2.5.2, aprcscnta-sc a varia çã o da probabilidade de falha
com o í ndice de confiabilidade ( considerando uma distribui çã o
normal para a margem de segurança).
82 Curso de Concreto Armado

12

(D 10
ftt=20kIPa

o
\
pk= 300kN; t/p=0,1
iõ 8
.55
§ 6
d) (1=3.5
T3
Fundamentos de segurança das estruturas de concreto armado 83

No problema anterior ( seção de concreto simples sob


compressão centrada ), foi bastante fácil encontrar o í ndice de
conf íabilidade correspondente aos crit é rios de projeto adotados.
Entretanto, em situa ções mais gerais nem sempre é tã o simples
calcular esse í ndice. Nesses casos, podem -se adotar mé todos
numé ricos de otimização (denominados mé todos de confí abilidade )
ou podem -sc empregar simulações ( método de Monte Cario) para
avaliar o í ndice de confí abilidade.
O mé todo de Monte Cario foi empregado pelo Autor 23'24’ 25*
para avaliar os í ndices de conf íabilidade obtidos com os '
procedimentos de projeto de vigas e pilares, recomendados pelo CEB
c pela NBR-6118. Nesses estudos verificou se que, na grande
-
maioria dos casos, o índice de confí abilidade é superior a 4 . Mesmo
cm casos extremos de variabilidade da resist ência à compressão do
concreto, o í ndice de confí abilidade foi superior a 3,5 , indicando
uma probabilidade de falha inferior a IO-4 .
Da aná lise realizada, conclui -se que os valores dos
coeficientes parciais de seguran ça, y f , yc c ys , recomendados
anteriormente são suficientes para assegurar uma probabilidade dc
falha pequena . Poré m, n ã o é uma tarefa simples, muito menos
cômoda, estabelecer limites aceitá veis para a probabilidade dc falha.
Isto decorre das consequências que a ru ína de uma estrutura pode
trazer. Além dos preju ízos económicos, vidas humanas podem ser
perdidas e, neste caso, n ã o é poss í vel quantificar o dano causado pela
falha da estrutura.
Entretanto, deve ficar claro que, reconhecendo o cará ter
aleatório das variáveis envolvidas, é imposs í vel projetar uma
estrutura absolutamente segura . Como se observa na equaçã o ( 2.5.6 ),

a probabilidade dc falha só será nula quando fi » . Da definição
-
do í ndice dc confíabilidade, verifica se que essa condição só seria
poss ível se > 0 c se todas as vari á veis fossem determinísticas
(caso cm que OM = 0 ). Evidentemente, essa não é uma situaçã o
real.
Assim , apesar das dificuldades levantadas, é necessá rio
estabelecer uma probabilidade dc falha limite, ou seja , é necessário
aceitar certo risco dc insucesso. Reconhecendo a subjetividade da
84 Curso de Concreto Armado

questã o, o CEB/ 78' 4 ' sugere a adoçã o dos valores dc referência


constantes na tabela 2.5. 1 .

Tabela 2.5. 1 - Probabilidades de falha implicitamente aceitas


N ú mero de Consequ ências Consequê ncias Consequ ê ncias
pessoas económicas econ ómicas económicas
atingidas pequenas graves muito graves
pequeno 10 3
'
10 4
"
105
4
médio IO 10 5 10 *
' '
Capí tulo 3

FLEXÃ O NORMAL SIMPLES


Dimensionamento de Seções Retangulares

-
3.1 Hipó teses básicas do dimensionamento

As hipóteses bá sicas admitidas no dimensionamento de uma


seçã o transversal de concreto armado, submetida à flex ã o simples ou
composta, são as seguintes:

a ) Hipótese das seeões planas

Admite-se que uma seçã o transversal ao eixo do elemento


estrutural indeformado, que inicialmente era plana e normal a esse
eixo, permanece nessa condição após as deforma ções do elemento.
Essa é a hipótese fundamental da teoria de flexã o de barras esbeltas.
Em consequência da hipó tese das seções planas, resulta uma
distribui ção linear das deformações normais ao longo da altura das
seções transversais. Assim, a deformação em uma fibra genérica da
seção é diretamente proporcional à sua distâ ncia ate a linha neutra.

b ) Aderê ncia perfeita

Admitc-sc a existê ncia de uma aderê ncia perfeita entre o


concreto e o aço, ou seja, nenhum escorregamento da armadura é
considerado. Com isso, as armaduras vão estar sujeitas às mesmas
deformações do concreto que as envolve. Logo, a deformação cm um
ponto da seção transversal será calculada de acordo com a hipó tese a ,
independentemente de este ponto corresponder ao a ço ou ao
concreto.

c) Concreto cm tra çã o
86 Curso de Concreto Armado

Despreza-se lotalmente a resistê ncia à tração do concreto.


Com isso, todo o esforço de tra ção é resistido pelas armaduras.
Essa hipótese é perfeitamente justificada em vista da baixa
resistência à tração do concreto. De fato, o concreto tracionado só é
importante nas condições de serviço da estrutura. No estado limite
ú ltimo, para o qual se faz o dimensionamento, o concreto tracionado
d á uma colabora çã o muito pequena para a resist ê ncia.
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares 87

<7t, = 0,85 fcJ 2 , se ec E0 (3.2.1 )

oc = 0,85/ / ,Cí sc £0 < ec £u (3.2.2)

crc. = 0 , se £c > £u (3.2.3 )

onde £O = 0 ,002(= 2% ) , £u = 0,0035(= 3,5% ) , £c c a


defonnaçâo dc compressão e oc
é a tensão correspondente.
Conforme sc observa, a má xima tensão de compressão é igual
a 0,85fcd , sendo fC J a resistê ncia à compressão de cá lculo.
(

b) Acos para concreto armado

Dc acordo com a NBR-6118, podc-sc adotar o diagrama


f g. 3.2.2, para os aços com ou sem
tensão-deformação indicado na í
-
patamar de escoamento. Admite se idêntico comportamento em
tração e compressão.

Lyd, -

'yd

Fig. 3.2.2 - Diagrama tensã o-deforma çã o dos aços

As relações tensã o-defonnação para os aços são as seguintes:


88 Curso de Concreto Armado

<7 S = ES £s , SC £s £ yj (3.2.4 )

,
O' . — f yd » —£ yd (3.2.5 )

onde £ ç é a deformação ( com o sinal positivo) c 7 < S é a tensã o


correspondente.
A deformação de escoamento dc cá lculo, £ vj , c dada por
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares 89

2°/00 3 , 5°/oo

a
3 h /7
2
© ©
© 0
©
lo

10 /oo £yd tração compressão

Fig. 3.3.1 - Dom í nios de dimensionamento

-
Além disso, nesses dom í nios distinguem se as seguintes
solicitações:

- reta a: tração uniforme;


- dom í nio 1: tração não uniforme (flexo-tração) sem tensões de
compressão;
- dom í nio 2: flexão simples ou composta sem ruptura à compressão
do concreto (, < 3,5 ) e com o máximo alongamento permitido
ec
-
^^
para as armaduras (fs = 10 / o ) ;
dom í nio 3: flexão simples ou composta com ruptura à compressão
do concreto c com escoamento do aço (fs > £ yj ) ;
- dom ínio 4: flexão simples ou composta com ruptura à compressão
do concreto c o aço tracionado sem escoamento (fs. < £ yj ) , '

- dom í nio 4a: flexão composta com armaduras comprimidas;


- domínio 5: compressão não uniforme (flexo-compressão), sem
tensões de tração;
- reta b: compressão uniforme.
Logo, na flexão simples a ruptura pode ocorrer nos domínios
-
2, 3 e 4. Na flexo tração, podem ocorrer os dom í nios 1 , 2, 3 e 4 e, na
90 Curso de Concreto Armado

flexo-compressão, os dom í nios possíveis vão do 2 ao 5. Essas


restrições decorrem das condi ções de equil í brio da seção transversal .
Considere-se, por exemplo, a seção da fig. 3.3.2 subnietida à
flexão simples. Para haver o equil íbrio, é necessá rio que uma parte
da seção esteja comprimida e outra parte esteja fracionada. Dessa
forma, a resultante das tensões de compressão no concreto, Rcc ,
juntamente com a resultante de tração nas armaduras, R s j , podem
formar um bin á rio capaz de equilibrar o momento flctor solicitante
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares 91

3, 5°/oo

'r

1 0 /0o £yd
f
Fig. 3.3.3 - Dom í nios poss í veis em flexão simples

Pecas subarmadas: são aquelas que, por possu í rem uma taxa de
armadura muito pequena, rompem no dom í nio 2. Neste caso, a
ruptura ocorre por deformação excessiva da armadura (ruptura
convencional) sem haver o esmagamento do concreto. O tipo de
ruptura é d ú ctil , também denominado de ruptura com aviso pré vio,
em virtude da intensa fissura ção que precede a ruptura.

Pecas normalmcntc armadas: neste caso a ruptura ocorre no dom í nio


3, com esmagamento do concreto e com escoamento da armadura. O
tipo de ruptura é semelhante ao das peças subarmadas.

Pecas superarmadas: são as peças cuja ruptura ocorre no dom í nio 4.


Em virtude do excesso de arma ção, o aço n ão chega a escoar e a
ruptura ocorre por esmagamento do concreto. A ruptura é frágil,
brusca ou sem aviso prévio. Essas peças devem ser evitadas, pois,
além de não darem aviso prévio da ruptura, o aço não é
integralmente aproveitado. No projeto de vigas, consegue-se evitar
esse tipo de situação com o emprego de armadura dupla ( uma
armadura tracionada e outra comprimida ).
92 Curso de Concreto Armado

3.4 - Diagrama retangular para o concreto

Para simplificar o trabalho de cá lculo, a NBR-6118 permite


substituir o diagrama pará bola-ret â ngulo por um diagrama retangular
de tensões no concreto, como é indicado na fig. 3.4.1.

0 , 8x
Flexão normaI simples - dimensionamento de seções retangulares 93

3.5 - Determinaçã o do momento limite para seções


retangulares com armadura simples

Na fig. 3.5.1, indica-se uma seção retangular de concreto


armado submetida ao momento fletor de c álculo Mj . O plano dc
ação do momento fletor contem um eixo de simetria da seção
transversal e a flexão é dita normal. Assim, a linha neutra c
perpendicular a esse eixo de simetria.

eixo de simetria
Md 1
« linha neutra
h .HL.
I
A,s
d

L b
Fig. 3.5. 1 - Seção retangular sob flex ão normal simples

Para caractcrizar a seção transversal, c introduzida a seguinte


notação:
h = largura da seção; /? = altura da seção;
d - altura útil (é a dist ância do ccntroide da armadura ate a borda
comprimida);
As = área da seção da armadura tracionada.
Conforme já foi salientado, no domínio 4 ocorre uma ruptura
frágil que deve ser evitada. A ruptura nos domínios 2 e 3 é do tipo
dúctil, ou com aviso prévio, o que é sempre desejável.
Entretanto, para garantir uma maior ductilidadc das vigas, é
conveniente limitar a profundidade da linha neutra, de modo a se
obter uma ruptura distante do domínio 4. Isto é feito impondo- se a
condição x < X|jm , onde a profundidade limite da linha neutra, X| jm ,
94 Curso de Concreto Armado

3, 5°/oo

d
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares
95

As equações (3.5.3) e (3.5.4) coincidem com (3.5. 1 ) e (3.5.2),


quando J3 — 1 .
Na NBR -6118( 7 ), os valores de £|jni dados cm (3.5. 1 ) c (3.5.2)
são substitu ídos por 0,50 e 0,40, respectivamente. Entretanto, a
NBR -6118 utiliza as mesmas equações (3.5.3) c (3.5.4), o que leva a
uma descontinuidadc da formulação para (i - 1 . Por isso, neste livro
adotam-sc as restri ções originais extra ídas do CEB, representadas
nas equa ções (3.5. 1 ) c (3.5.2 ).
A distribuição de deformações no limite entre os dom í nios 3 c
4 é usualmente denominada de “ deformação balanceada l 0). A

profundidade da linha neutra nessa condição balanceada é dada por'

(3.5.5 )

Durante muito tempo, o dimensionamento à flexão simples foi


feito impondo a restrição x < x / , ou seja , utilizando-sc todo o
}

dom ínio 3. Esse procedimento, inclusive, foi adotado na edi çã o


anterior deste livro. Neste caso, a profundidade relativa da linha
neutra c

( 3.5.6)

e só depende do aço empregado.


-
Considerando os a ços CA 50 e CA -60, fycj — fyk j 1,15 e
Es - 200 GPa , obtem-se os seguintes valores:
£f, = 0,617 para o aço CA-50;
£l, = 0,573 para o aço CA-60.
Observa-se que esses valores são bem maiores que
£lim = 0,45 e £iim = 0,35 , conforme as equações (3.5. 1 ) c (3.5.2).
96 Curso de Concreto Armado

É importante ressaltar que as vigas projetadas com jjm = £/,


^
possuem alguma ductilidade, já que os estribos, sempre existentes,
conferem certo grau de confinamento ao concreto, aumentando a
ductilidade da estrutura. Além disso, sempre existem armaduras de
compressão, mesmo que elas sejam armaduras construtivas, o que faz
com que a linha neutra suba, afastando-se um pouco do dom í nio 4.
Entretanto, com o uso atual de concretos cada vez mais
resistentes, torna-se necessá rio um maior cuidado com o tipo de
ruptura das vigas, devendo-se impor restrições mais severas para a
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções retangulares 97

10.00 -
B.00 -
8 8 00-
o^
t3
8
/ uO -

G 00 -
v ,=0 35 i

8.
5.00-

4.00-
_ _ _ _L =
Esf 2Ç yd £, 0 , 45

£
E
'

2.00-
_ _ _ _L _
esfeJi£) J Ç=0 , 617
Q
I co-
OLOO l ' I I rI -l'
' I ' I 1
I ' I ' I
0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90 1.00
Profundidade da linha neutra Ç= x/d
Fig. 3.5.3 - Variação da deforma ção no aço tracionado com a
profundidade da linha neutra
0.50-|
ruptura frágil
0.45-

0 40-
a Çb=0 , 617
0 35-
/
N 0.30- Ç,lim =0,45
/
\
2
B
a>
0.25-

0.20 -
/ /
/
^= i,m 0 , 35

L 0 15- I /
£ // fupt d ú cti
0.10- <K
/ /,
0.05 -
OLOO
2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0
Curvatura adimensional d>= x,d (x 1000 )
Fig. 3.5.4 - Relações momento-curvatura na ruptura e ductilidade
mínima
98 Curso de Concreto Armado

Obscrva-sc que , para Ç , n ã o há um patamar na rela çã o


momento-curvatura, indicando uma ruptura frágil. Por outro lado,
conscgue-sc visualizar esses patamares para çf < £/, . O limite
£lim —0> 45 garante uma ductilidade m í nima para concretos com
fck < 35 MPa. Para concretos de resistência mais elevada,
f k > 35 MPa, exige-se uma maior ductilidade, devendo-se adotar
£|jm = 0,35. Um estudo detalhado sobre esse tema está disponível
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares 99

0 , 4x., r R cclim

Cl
(M dlirn
zlim

* —
R 50
>

Fig. 3.5.6 - Momento solicitante e resultantes das tensões na situa ção


limite x = jCjjm

De acordo com a fig. 3.5.5, verifica-se que a resultante de


compressã o no concreto é dada por

^cclim 0,8/).V|jm <7C /


Í
( 3.5.7)

Essa resultante atua no centroidc da á rea comprimida pelo


bloco retangular. Assim, o bra ço de alavanca Zynn é dado por

Zlim = «/ -0,4.xlim (3.5.8 )

Aplicando a equaçã o de equil í brio de momentos, tem-se que

M d lim — ^cclim ^lim (3.5.9)

Introduzindo as expressões de /?cc|jm e de Z|jm , resulta o


momento limite

Md lim 0,8fex|jm { d 0,4xlim )acd ( 3.5. 10 )

Definindo o momento limite reduzido


100 Curso de Concreto Armado

e lembrando que Xjjm


^
rtm, = bcl - ( - rim
TcJ

= Ç\\md , chega-sc a
(3.5. 11 )

= 0,8 ( — )
/Aim

.
^ |im
^ l 0,4 |jm (3.5.12)

A expressão (3.5 12) fornece o momento limite adimcnsional ,


Flexão norma! simples - dimensionamento de seções retangulares 101

Observa ção: Sc, na equaçã o ( 3.5. 12 ), for utilizado , como


era usual, obtêm-se os seguintes momentos limites reduzidos:

fl\\ m = 0,372 para aço CA-50;


/Aim = 0,353 para aço CA-60.
Esses valores tradicionais sã o maiores que aqueles
apresentados na tabela 3.5. 1 , os quais são necessá rios para garantir
adequada ductilidade à s vigas. Desse modo, o procedimento atual ,
baseado nos valores de / /|;m da tabela 3.5. 1 , irá fornecer um
pequeno acréscimo na á rea total de aço, quando resultar armadura
dupla. Enquanto resultar armadura simples, nã o haverá alteração na
área de aço.

3.6 - Dimensionamento de se çõ es retangulares com armadura


simples

Na Eg. 3.6. 1, representa-se uma seção retangular de concreto


armado com armadura simples. O momento flctor solicitante de
cá lculo c M j C AS C a área da seção da armadura tracionada . As
demais variáveis são as mesmas definidas anteriormente.

Md

L
A 5 J
Fig. 3.6. 1 - Seção retangular com armadura simples

Na fig. 3.6.2, são indicados os diagramas de deformações, as


tensões c as resultantes das tensões na seção transversal.
102 Curso de Concreto Armado

deformações tensões ocd

x 0 , 8x
V

y V

fyd
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares ] 03

A força dc tração na armadura, Rsj , é dada por

^sd ^s f yd
~~ ( 3.6. 3)

uma vez que o aço escoa nos dom í nios 2 e 3.

As equações dc equil í brio são as seguintes:

Equilí brio de momentos:

Fazendo o equil í brio dc momentos cm rela ção ao ccntroidc da


armadura, resulta
Mj - RCCZ =0 (3.6.4)

c substituindo as expressões de Rcc e dc Z , obtém-se


Mj - Q ,8bx( d - 0,4.Y )<7 . / = 0
(( (3.6.5)

que é uma equação do segundo grau em x .


A equação (3.6.5 ) pode ser resolvida para a obtenção da
profundidade x da linha neutra. Essa equação pode ser
adimensionalizada, definindo-sc os parâ metros

JU
Md ( 3.6.6 )
bd 2 acJ

Ç = x/ d ( 3.6.7 )

Introduzindo ( 3.6.6 ) c ( 3.6.7 ) na equaçã o ( 3.6.5 ) e eliminando


os termos bd 2 <Tcj , resulta uma equa ção do segundo grau em função
do adimensional £ . Essa equa ção possui duas raí zes. Entretanto,
apenas uma delas tem o significado correto ( apenas uma raiz indica
que a linha neutra cai dentro da seção transversal ). A solução
procurada é

£ = 1,25(1 - Vi - 2// ) ( 3.6.8 )


104 Curso de Concreto Armado

Equil í brio dc forç as:

Conforme indicado na fig. 3.6.2, a equa çã o dc equil íbrio dc


forças é
Rsd = Rcc (3.6.9)

Introduzindo as expressões de Rcc e de Rsd dadas nas


equa ções (3.6. 1 ) e (3.6.3), resulta
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções retangulares 105

Para tomar a tabela independente do concreto empregado,


pode-se trabalhar com a taxa mecânica de armadura


As fyd ( 3.6. 14 )
bd Gcd

Observando a equaçã o (3.6.11 ), verifica-sc que

ru = 0,8£ ( 3.6. 15 )

Neste caso, a tabela fornece o valor de ú) ( que independe do


concreto utilizado) com o qual se calcula a á rea de aço através da
expressão

A = a)bd^
fyd
( 3.6. 16 )

Algumas tabelas que fornecem diretamente a taxa mecânica de


armadura são apresentadas na Seção 3.10.

-
3.7 Dimensionamento de se ções retangulares com armadura
dupla

Como foi visto anteriormente, quando / / > // ) iin o


dimensionamento é feito com armadura dupla, para evitar uma
ruptura frá gil. Nesse caso, além da armadura tracionada de á rea As ,
deve-se prever uma armadura comprimida com área A' . Na fig.
3.7. 1, indica-sc a seçã o transversal considerada.
106 Curso í le Concreto Armado

\/
A's d
1
d

4
r
-
10°/Oo
S'

escrever que
I

/
/
s

Z!
/

I
}''
S

6s >8yd

deformações
Xa
.. /
/
/
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções retangulares 107

Na fig. 3.7.2, encontram-se representadas as deformações e as


resultantes das tensões na seção transversal, para o caso em que
* = *l i m -

d'
/

/
8
3, 5°/0o

X|im

Fig. 3.7.2 - Defonnaçõcs e resultantes das tensões na seção

Conforme est á indicado na fig. 3.7.2, a deforma çã o na


armadura tracionada c £ s > £ v j . Logo, a tensã o nessa armadura c
igual à tensã o de escoamento de cá lculo
A profundidade da linha neutra

xa
d - xa

considerado para o caso em que


^105%%
xa
\

f Ví / .
, correspondendo ao final
do domínio 2, c obtida por semelhança de tri ângulos, onde se pode

O dimensionamento com armadura dupla somente será


.
j

> Ça . Se for utilizado o


recurso da redistribuição de momentos, pode ocorrer que
dependendo do valor adotado para o coeficiente de redistribuição
( ver equações (3.5.3) e (3.5.4)). Nesse caso, é recomend á vel
—d = 0,26

,
— Q
.
‘ I
d'

resultantes
^
K Sd

R cclim

F? sd

( 3.7. 1 )
Z|jm

\
108 Curso de Concreto Armado

aumentar as dimensões da seção transversal , evitando-se o uso de


armadura dupla no dom í nio 2. Obscrva-se que essa situação nunca
irá ocorrer se for adotado = 1 (an á lise sem redistribui ção de
momentos).
A deforma ção e's na armadura de compressã o pode ser obtida
por semelhança de triâ ngulos, resultando

lim — d' ]
'

( 3.7.2 )
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares 109

Tabela 3.7. 1 - Tensão ( j'Sí j (kN/cnr ) na armadura de compressão


Concreto fck < 35 MPa fck > 35 MPa
ô CA -50 CA -60 CA -50 CA-60
0,01 43,48 52, 17 43,48 52, 17
0,02 43,48 52,17 43,48 52, 17
0,03 43,48 52,17 43,48 52,17
0,04 43,48 52,17 43,48 52, 17
0,05 43,48 52,17 43,48 52, 17
0,06 43,48 52,17 43,48 52, 17
0,07 43,48 52, 17 43,48 52,17
0,08 43,48 52,17 43,48 52, 17
0,09 43,48 52,17 43,48 52,00
0, 10 43,48 52,17 43,48 50,00
0, 11 43,48 52, 17 43,48 48,00
0,12 43,48 51 ,33 43,48 46,00
0,13 43,48 49,78 43,48 44,00
0,14 43,48 48,22 42,00 42,00
0, 15 43,48 46,67 40,00 40,00
0, 16 43,48 45, 11 38,00 38,00
0, 17 43,48 43,56 36,00 36,00
0, 18 42,00 42,00 34,00 34,00
0, 19 40,44 40,44 32,00 32,00
0,20 38,89 38,89 30,00 30,00

Assim, as forças nas armaduras representadas na fig. 3.7.2 são


dadas por

R sd
^sJ yd ^sd
> sd (3.7.5)

As equações de equil í brio são apresentadas a seguir.

Equil í brio de momentos:

Fazendo o equil í brio de momentos cm relaçã o ao centroidc da


armadura tracionada ( ver fig. 3.7.2 ), resulta
110 Curso de Concreto Armado

M, , - KAi - < d' ) - ltccr,„Zr,m = 0 (3.7.6)

Lembrando, da equa ção (3.5.9), que A/í/ ]im = RCc\\m^\\m e


substituindo a expressão de R'sd , obt é m -se

y _ ^d ^ md \\ (3.7.7)
(rf - rf K,
'
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares 111

( P / liin ). / vd
= — 7 -^à )
/
0) , ( 3.7. 11 )
0 ° sd
onde se observa que o valor de 0)' pode ser tabelado
independentemente do concreto empregado.

Equil í brio de forças:

A equaçã o de equil í brio das forças indicadas na tig . 3.7.2 é


dada por
Rsd ~ + Rcc lim Kd ( 3.7 . 12 )

Substituindo as expressões das resultantes, obté m -se

A's0'sd + Q$ bx\\m 7
< cd
As (3.7. 13 )
fyd
As equa ções (3.7.7 ) e (3.7. 13) permitem calcular as á reas das
armaduras.

Introduzindo ( 3.7.7 ) em (3.7. 13 ) e fazendo as substituições


pelos adimensionais, obt é m-se a taxa geométrica da armadura
Iracionada na forma

sendo As = pbd .
\m'
p +
tFlT ) jLl <3- 7 1 4)
De forma aná loga, obté m-se a taxa mecânica da armadura
( racionada como

sendo
m = 0,8#lin, + £

As = obdcrC i / fyj .
(
(
^
f1 — 0
-
iS (3.7.15)
112 Curso de Concreto Armado

A seguir, apresenta-se um roteiro para o dimensionamento de


seções retangulares sob flex ão normal simples.

-
3.8 Roteiro para o dimensionamento de seções retangulares

Os dados do problema são os seguintes:

a ) dimensões da seção transversal: b , h , d , d' ;


b) propriedades dos materiais: fck , fyk ;
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares 113

Os valores dc Ç yim c de //|im podem ser lidos diretamente da


tabela 3.5. 1 , para o caso (3 = 1 ( sem redistribui çã o dc esforços).

4) Se H < //|jm => armadura simples

= l ,25(l - Vl - 2// ); As = 0 ,SÇ bd


^
fyd
- , 4 = 0.

=
5 ) Se jU > //|im > armadura dupla

Calcular õ £c e ler o' sj da tabela 3.7. 1 ;


d

'S
A
_ V \ i > J >< Kd .
(1 - âWsd ’

^ = (0 ,8

Observa ção: Empregando redistribuiçã o dc momentos ( ? < l ) , se


/
resultar £|jm < 0, 26 c, simultaneamente, fd > / , dcvcm -sc
/ lim
aumentar as dimensões da seçã o transversal. O mesmo deve ser feito

^
se lim — S e / / > //|jn) .

3.9 - Exemplos de dimensionamento

Os exemplos apresentados a seguir referem-se à viga


biapoiada da fig. 3.9. 1 . A viga est á submetida a uma cargadc servi ço
Pk , uniformemente distribu ída ao longo do vã o. A seçã o transversal
da viga é mostrada na figura.
Nos dois exemplos seguintes, considera-sc um concreto com
fck = 20 MPa e o aço CA-50. As resistências de cá lculo sã o dadas
por:
114 Curso de Concreto Armado

fcci
Jcd — — 1— 4 = 14 M Pa => Jcd
fj = 1,4 kN /cm ;2

^
Ocd = 0*85 fed = 12 MPa; => 17
cj = 1,2 kN/cm 2;

fvd =
^— L=
Ys MS
= 43,48 kN/cm2.
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções retangulares |15

As = 0,8
^ ^fyd =
bd - 0,8.1-0,25*15*36*- -
43,48 ^
Logo, A' = 0 e As = 2,98 cm2.

Exemplo 2: Carga dc serviço pk = 35 kN /m


pkl 2 _ 35 Y42
,
Mk 70 kNm
8 8

Mj - y fMk = 1,4*70 = 98 kNm


Mj 9800
/' 0,42
bd 2 <Jcj 15*362 *1,2

// > //|jm = 0,2952 => armadura dupla

'
ô= —dd = —364 = 0 11=>, <T [ J = 43,48 kN /cm 2 (da tabela 3.7. 1 )

•slim = 0.45 ( da tabela 3.5. 1 )


(/^ /^ lim bd Tcj
M
jft- i 4 =[O 8411 + M |
^
e (
, _
j \\m
) fyd

(0,42 - 0,2952)15*36*1,2
s
(1 - 0,11 )43,48


^ ^
0,42 0, 2952 15*36*1, 2
As = 0,8*0,45 +
1 - 0,11 43,48
: 7,46 cm2
116 Curso de Concreto Armado

Observa ção: Se for utilizado o procedimento tradicional apresentado


na edi ção anterior deste livro, no qual £\im = corresponde ao
limite entre os dom í nios 3 e 4, obtem -se os seguintes resultados:
A' = 0,80 cm2 e Av = 8,16 cm2.
Observa-sc que, pelo processo atual , h á uma redução na á rea
da armadura tracionada e um aumento da armadura de compressã o.
A á rea total de a ço, obtida com o processo atual, é
,
Asjo = 2,09 + 7,46 9,55 cm2. A á rea total obtida com o processo
=
Flexão normal simples - dimensionamento de seçõ es retangulares 117

Conforme se observa, as á reas de aço sofrem uma pequena


reduçã o com o aumento do valor de fc . Para o exemplo 1, a
^
redução no valor de As , com a passagem de fck = 20 MPa para
fck 50 MPa , c de apenas 7%. No exemplo 2, essa redu ção c de
~

38% ( na prá tica a redu çã o será menor, pois haverá necessidade de


usar uma armadura construtiva de compressã o cm todos os
exemplos). Entretanto, essa economia cm relação ao consumo de aço
será facilmente anulada pela diferença de preço entre os dois
concretos.
Conclui-se que a especificação de concretos de maior
resist ê ncia n ão resulta em economia significativa, em problemas de
flexã o simples. A economia é conseguida nos pilares, onde se tem
um problema de flexo-compressão, como c mostrado no Volume 3.
Entretanto, o uso de um concreto de maior resist ê ncia c
sempre vantajoso no que se refere à durabilidade da estrutura, como
foi discutido no cap í tulo 1 .

Exemplo 4: Repetir os dimensionamentos anteriores para diferentes


classes de agressividade ambiental.

Para considerar diferentes classes de agressividade ambiental é


necessá rio variar a resistê ncia característica do concreto, fc , e o
^
cobrimcnto nominal das armaduras, cnom , de acordo com as tabelas
1.13.3 c 1.13.4 do cap í tulo 1. Um aumento no valor do cobrimcnto
nominal irá ocasionar uma redução na altura útil d da viga.
Na tabela 3.9.2, apresentam-se os dados que sã o alterados em
fun ção da classe de agressividade ambiental.

Tabela 3.9.2 - Dados alterados conforme a classe de


agressividade ambiental
Classe de fck d
agressividade
1
( MPa )
20
If
2,5
( cm )
36,0
11 25 3,0 35,5
III 30 4,0 34,5
IV 40 5,0 33,5
118 Curso de Concreto Armado

Os demais dados são mantidos, como indicado na fig. 3.9. 1 .


Evidentemente, seria inviá vel projetar a seção da viga com 15 cm de
largura para as classes de agressividade mais elevadas, pois n ã o
sobraria espaço para o lançamento e a vibraçã o do concreto.
Entretanto, será mantida a largura de 15 cm, pois isto n ã o altera as
conclusões a que se pretende chegar.
-
Na tabela 3.9.3, apresentam se os resultados do
dimensionamento.
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares l ] 9

-
3.10 Tabelas para o dimensionamento de seções retangulares

Para facilitar o trabalho de cá lculo, foram preparadas as


tabelas 3.10. 1 e 3.10.2. Essas tabelas são vá lidas para o aço CA-50 c
para concretos com fck < 35 MPa e concretos com fck > 35 MPa ,
rcspectivamcntc.
Para entrar nas tabelas, calcula -se o momento reduzido

Md
/
bdLacd
(3.10. 1 )

Entrando com o valor de jU , obt ê m -se diretamente as taxas


mecânicas de armadura ú) c (ti' , com as quais são calculadas as
á reas de aço

As = ú)bd ^fyd
~ ( 3.10.2 )

A' = dbd —fyd


( ( 3 . 1 0 . 3)

Est ã o previstos quatro valores do parâ metro õ . Se o valor de


ô do problema não corresponder a nenhum dos valores
considerados, podc-sc fazer uma interpolaçã o linear ou pode-se
adotar o valor tabelado imediatamente superior, a favor da
seguran ça . O mesmo procedimento pode ser adotado cm relação ao
momento reduzido / / . As linhas nas quais não são fornecidos os
valores de (ti correspondem à armadura simples, ou seja, A' 0 . =
As tabelas foram preparadas considerando-sc os valores
9 lim = 0,45 , para concretos com fck < 35 MPa , c tfjim = 0,35 ,
para concretos com fck > 35 MPa. Logo, elas podem ser usadas
quando n ã o é utilizado o recurso da redistribui ção de esforços.
120 Curso de Concreto Armado

Tabela 3.10. 1 - Concretos com fck < 35 MPa c Aço CA -50

õ=> 0,05 0,10 0,15 0,20


(0 (0 (0 (0 CD (ú (ú (ú
0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
0,04 0,04 0,04 0,04 0,04
0,06 0,06 0,06 0,06 0,06
0,08 0,08 0,08 0,08 0,08
Flexão normaI simples - dimensionamento de seções retangulares 121

Tabela 3.10.2 - Concretos com fck > 35 MPa c A ço CA-50

õ=> 0,05 0, 10 0, 15 0,20


pl } 0) Cú (ô Cú Cú Cú' Cú CÚ
0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
0,04 0,04 0,04 0,04 0,04
0,06 0,06 0,06 0,06 0,06
0,08 0,08 0,08 0,08 0,08
0, 10 0, 11 0, 11 0, 11 0, 11
0, 12 0, 13 0, 13 0, 13 0, 13
0, 14 0, 15 0, 15 0, 15 0, 15
0,16 0, 18 0, 18 0, 18 0, 18
0, 18 0,20 0,20 0,20 0, 20
0,20 0,23 0,23 0, 23 0,23
0,22 0,25 0,25 0,25 0, 25
0,24 0,28 0,28 0,28 0,28
0,26 0,30 0,02 0,30 0,02 0,30 0,02 0,30 0,03
0,28 0,32 0,04 0,32 0,04 0,33 0,05 0,33 0,07
0,30 0,34 0,06 0,35 0,07 0,35 0,08 0,35 0, 1 1
0,32 0,36 0,08 0,37 0,09 0,37 0,10 0,38 0, 14
0,34 0,38 0, 10 0,39 0, 11 0,40 0, 13 0,40 0, 18
0,36 0,41 0, 13 0,41 0, 13 0,42 0, 15 0,43 0,22
0,38 0,43 0, 15 0,43 0, 15 0,44 0,18 0,45 0,25
0,40 0,45 0, 17 0,46 0, 18 0,47 0,20 0,48 0, 29
0,42 0,47 0, 19 0,48 0,20 0,49 0,23 0,50 0,32
0,44 0,49 0,21 0,50 0,22 0,51 0,25 0,53 0,36
0,46 0,51 0,23 0,52 0,24 0,54 0,28 0, 55 0,40
0,48 0,53 0,25 0,55 0,27 0,56 0 ,31 0,58 0,43
0,50 0,55 0,27 0,57 0,29 0,58 0,33 0,60 0,47
0,52 0,57 0,29 0,59 0,31 0,61 0,36 0,63 0,51
0,54 0,59 0,31 0,61 0,33 0,63 0,38 0,65 0,54
0,56 0,62 0,34 0,63 0,35 0,66 0,41 0,68 0,58
0,58 0,64 0,36 0,66 0,38 0,68 0,43 0,70 0,61
0,60 0,66 0,38 0,68 0,40 0,70 0,46 0,73 0,65
122 Curso de Concreto Armado

Empregando a tabela 3.10. 1 para fazer os dimensionamentos


dos exemplos anteriores, obtcm-se:

Exemplo 1 : / / = 0,18
Neste caso, a solu çã o independe do parâmetro 8 (caso de
-
armadura simples). Entrando na tabela 3.10.1 , obtêm se (O — 0,20 e
COÍ = 0 . As á reas das armaduras são
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções retangulares \ 23

Na fig. 3.11.1, indicam-se as tensões no concreto no Estádio I,


juntamente com eis resultantes na seção transversal. Nessa figura, as
armaduras não foram incluidas, para simplificar os cálculos.

h /2 ec
z h
I0 M Z

R cl
ac=CTc
Fig. 3.11.1 - Deformações e resultantes na seção
de concreto simples

As equações dc equilí brio da seção transversal são escritas na


forma

RCC = RCI ; M = RCCZ (3.11.1)

Do diagrama de tensões representado na fig. 3.11. 1 , obtêm-se

Rc, =
^ (
Jct ;

onde h é a altura e b é a largura da seção.


|
Z = /r (3.11.2)

A fissuração ocorrerá quando a máxima tensão de tração, <Jcl ,


for igual à resistência à tração do concreto, fcl . Substituindo
act = fc, nas equações (3.11.1 ) e (3.11.2), obtém-se

Mr (3.11.3)
6

que é o momento de fissuração da seção de concreto simples.


124 Curso de Concreto Armado

A área m ínima da armadura dc tração, Zs% mjn ,


é obtida
dimensionando-se a seção transversal dc concreto armado para o
momento fletor M,. , como indicado na í
f g. 3.11.2.

^
Rcc
z
Flexão normal simples - dimensionamento de seções retangulares 125

resistência à tração. Assim, na equa ção (3.11.6), deve-se adotar


f :t ~ f VA .sup •
Empregando as relações entre /c/* sup e fck dadas no
>

capí tulo 1 , pode-se escrever

(
0,0784/jf
A.v, in in hh = Pmmbh ( 3.11 .7 )
v fyd /

onde fck c f\. j são dados cm MPa.


Em todo caso, deve-sc respeitar o limite pm\n 0,15% .
Na tabela 3.11.1 , são fornecidas as taxas mínimas /?mjn para
os aços CA -50 c CA -60 e para diversos valores de fck . Nessa
tabela, considera-se J\. j = fvk 1,15 .
/
Tabela 3.11.1 - Taxas mínimas da armadura de flex ão /?n)in (%)
AÇO fck ( MPa )
20 25 30 35 40 45 50
CA -50 0, 15 0, 15 0, 17 0, 19 0,21 0,23 0,25
CA-60 0, 15 0,15 0,15 0,16 0, 18 0, 19 0,20

Logo, se a á rea da armadura tracionada, As , obtida no


dimensionamento for inferior à á rea m í nima, deve-se adotar
•V — in ill •

Nos exemplos apresentados anteriormente, tinha se uma seção -


retangular com dimensões b = 15 cm e h = 40 cm . Para um concreto

com fcj. 20 MPa c o a ço CA-50, a armadura m í nima de tração é

Ass’min = —100
mui ——
— bh = —100- xl 5x40 = 0,90 cm 2.
Esse valor é inferior aos obtidos pelo dimensionamento nos
dois primeiros exemplos. Portanto, irão prevalecer as armaduras
efelivamente calculadas.
*
Cap í tulo 4

FLEXÃO NORMAL SIMPLES


Dimensionamento de Seções T

4.1 - Geometria da seçã o transversal

Apesar dc não serem tão usuais quanto as seções retangulares,


as seções em forma de T são bastante empregadas em pontes, cm
vigas pré- moldadas e mesmo nas estruturas dc edif ícios compostas
por lajes maci ças c vigas. Nestes casos, as dimensões da mesa da
seçã o transversal são determinadas de acordo com as considerações
da NBR-6118, apresentadas ao final deste cap í tulo .
Na fig. 4.1. 1 , represcnta sc uma seção T submetida ao
-
momento fletor de cá lculo M j .

hf -3- cT

A5
A
bw
( >
Fig. 4.1. 1 - Geometria da seçã o T

De acordo com a fig. 4.1. 1, são definidas as seguintes


variá veis:

bw = largura da nervura;
128 Curso de Concreto Armado

bf = largura da mesa;
h = altura total da seção;
hf = espessura da mesa;
d = altura ú til da seção;
As = á rea da armadura tracionada;
A' = á rea da armadura comprimida;
d' = distâ ncia do centroidc de A', até a borda comprimida.
Flexão normal simples - dimensionamento de seções T 129

Utilizando o diagrama retangular para o concreto, a seção


estará comprimida desde a borda superior at é uma profundidade
igual a 0,8,V| jn1 . Observa-se que, se h > 0,8.V| jm , apenas a mesa
f
estar á comprimida c, neste caso, o dimensionamento é idêntico ao de
uma seção retangular com largura b c com altura h . Apesar de se
f
tratar de uma situação extrema (mesa muito espessa), devc - sc estar
atento para esta possibilidade .
Na fig. 4.2. 1, indica-se a parte da seção que é comprimida com
o bloco retangular de tensões, no caso cm que h - < 0,8.
j Yiin) .

K bf
A
/ / /' / / / :^hf
-Avlirr ( 8xiim-hf)
NN °
'

^ wlim

••
I, bw J
Fig. 4.2.1 - Parte da seção comprimida com o bloco retangular
(quando x = X|jm)

Para a obtenção de equações adimensionais, c conveniente


introduzir as relações

hf = Pfd (4.2.2)

bw = Pwbf (4.2.3 )

onde P ç c Pw são adimensionais.

De acordo com a fig. 4.2.1, tem-se:


130 Curso de Concreto Armado

Af = b f h j (área da mesa);

Avlim = ^w (0,8.Y|im — hj- ) (área da parte comprimida da


nervura);
hr
Zj = d — (distância do centroide de A f até a armadura
tracionada);
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções T 131

Introduzindo as expressões de Ap c dadas cm ( 4.2 .4 )


e ( 4.2.5), resulta

^cc lim — rcc\ mbfd 7cd


\
( (4 - 2.9 )

onde

rcc lim = Pf + Pw (° 8£lim Pf ) > “


-
(4 2 - 1 )
°
O momento fletor M /|jin é dado por
(

Md lim — i^ ^
f ^ ^w'lim j&
f 4" ' w' lim ccf (4.2.11 )

Substituindo as expressões (4.2.4 ) a ( 4.2.7), chega-se a

Md lim &cd ( 4.2. 12 )

onde

M\im = P/
f

V
h \ + A (o.8f
2
. |lm -
^ | - 0'4fi
| - PjL
2 /
(4.2. 13 )

Nas tabelas 4.2.1 c 4.2.2 encontram-sc os valores de rcc|jm c


de //|jm , para diversos valores de (3 p c de /?„. . Para identificar a
tabela, é necessário observar se fc < 35 MPaou fck > 35 MPa.
^
As tabelas foram preparadas, considerando-sc os valores de

^ lim dados na equação (4.2. 1 ), ou seja , sem levar em conta o recurso


da redistribuição de esforços.
132 Carso de Concreto A rmado

Tabela 4.2. 1 ( a ) - Valores de rc ]iIT para seção T ( fck < 35 MPa)


,
t 1

fifl
0, 10 0, 12 0, 14 0, 16 0, 18 0,20 0,22
0 ,04 0, 11 0,13 0,15 0,17 0, 19 0,21 0,23
0,06 0,12 0 , 13 0,15 0, 17 0, 19 0,21 0 ,23
0,08 0,12 0, 14 0,16 0,18 0, 19 0,21 0,23
0, 10 0,13 0, 14 0,16 0,18 0 ,20 0,22 0,23
0, 12 0, 13 0, 15 0,17 0, 18 0, 20 0,22 ,
Flexão normal simples - dimensionamento de seções T 133

Tabela 4.2.1 ( b) - Valores de /*cciimpara seção T ( fck > 35 MPa)

pj 0,10 0,12 0,14


fiz
*,0 16 0,18 0,20 0,22
0,04 0,11 0,13 0,15 0, 16 0,18 0,20 0,22
0,06 0,11 0, 13 0,15 0,17 0,19 0,20 0,22
0,08 0,11 0,13 0,15 0,17 0,19 0,21 0,22
0,10 0, 12 0,14 0,15 0,17 0,19 0,21 0,23
0,12 0,12 0,14 0, 16 0,17 0, 19 0,21 0,23
0,14 0,13 0,14 0,16 0,18 0,19 0,21 0,23
0,16 0,13 0,15 0, 16 0,18 0,20 0,21 0,23
0,18 0,13 0,15 0,17 0,18 0,20 0,21 0,23
0,20 0, 14 0,15 0,17 0.18 0,20 0,22 0,23
0,22 0, 14 0, 16 0,17 0,19 0,20 0,22 0,23
0,24 0,14 0,16 0,17 0, 19 0,20 0,22 0,23
0,26 0,15 0,16 0, 18 0,19 0,21 0,22 0,24
0,28 0,15 0,16 0,18 0,19 0,21 0,22 0,24

Pj 0,24 0,26 0,28


Pf *0, 30 0,32 0,34 0,36
0,04 0,24 0,26 0,28
0,06 0,24 0,26 0,28
0,08 0,24 0,26 0,28
0,10 0,24 0,26 0,28
0,12 0,24 0,26 0,28 Dimensionar uma seção
0,14 0,25 0,26 0,28 retangular com largura bj- e
0,16 0,25 0,26 0,28 altura ú til d ( ver capí tulo 3)
0,18 0,25 0,26 0,28
0,20 0,25 0,26 0,28
0,22 0,25 0,26 0,28
0,24 0,25 0,26 0,28
0,26 0,25 0,27 0,28
0,28 0,25 0,27 0,28
134 Curso de Concreto Armado

Tabela 4.2.2(a) - Valores de /yjim para seção T ( fck < 35 MPa)

0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22


0,04 0,10 0,12 0,14 0, 15 0,17 0,18 0,20
0,06 0,11 0,12 0,14 0,16 0,17 0,19 0,20
0,08 0, 11 0,13 0,14 0, 16 0,17 0,19 0,20
0,10 0,12 0,13 0,15 0,16 0,18 0,19 0,21
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções T 135

-
Tabela 4.2.2( b) Valores de // jim para seção T ( fck > 35 MPa )

0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22


0,04 0, 10 0,12 0,13 0,15 0,17 0,18 0,20
0,06 0, 10 0,12 0,14 0,15 0,17 0,18 0, 20
0,08 0,11 0,12 0,14 0,15 0,17 0,18 0,20
0,10 0,11 0,13 0,14 0, 16 0, 17 0,19 0,20
0,12 0, 11 0,13 0,14 0,16 0,17 0,19 0,20
0,14 0,12 0, 13 0, 15 0,16 0,17 0,19 0,20
0,16 0,12 0, 13 0,15 0, 16 0,18 0,19 0,20
0,18 0,12 0, 14 0,15 0,16 0,18 0,19 lj 0,20
0,20 0,12 0,14 0,15 0,17 0,18 0, 19 0,20
0,22 0,13 0,14 0,15 0,17 0,18 0,19 0,21
0,24 0,13 0,14 0,16 0,17 0,18 0,19 0,21
0,26 0,13 0, 15 0,16 0,17 0,18 0,20 0,21
0,28 0,14 0,15 0,16 0,17 0,19 0,20 0,21

0,24 0,26 0,28


fif * ,30 0,32 0,34 0,36
PJ 0
0,04 0,21 0,23 0,24
0,06 0,21 0,23 0,24
0,08 0,21 0,23 0,24
0,10 0,21 0,23 0,24
0,12 0,21 0,23 0,24 Dimensionar uma seção
0,14 0,22 0,23 0,24 retangular com largura b j e -
0,16 0,22 0,23 0,24 altura ú til d (ver capí tulo 3)
0,18 0,22 0,23 0,24
0,20 0,22 0,23 0,24
0,22 0,22 0,23 0,24
0,24 0,22 0,23 0,24
0,26 0,22 0,23 0,24
0,28 0,22 0,23 0,24
136 Curso de Concreto Armado

Assim, o dimensionamento da seção T é feito de acordo com a


seguinte sequ ê ncia:
a ) dado o momento fletor solicitante de cá lculo M j , calcula-se o
momento reduzido

(4.2. 14 )
Flexão normal simples - dimensionamento de seções T 137

onde

Vf - Pf{x
\
~- ( 4.3.3 )
Y
*

Z
T /Z/V/Z
A,
A
Fig. 4.3. 1 - Mesa comprimida com tensão Ocj

Logo, sc JU < flp , significa que a mesa sozinha é capaz dc


absorver o momento flctor solicitante dc cá lculo. Sc / J > /.J f , toma-
se necessá ria a colabora ção dc parte da nervura.

A ) Caso 1: /J < ju f

Neste caso, apenas uma parte da mesa estará comprimida com


o bloco retangular dc tensões. A situa ção é id ê ntica a de uma seçã o
retangular com largura b , c com altura ú til d . Assim, podem-se
empregar as mesmas expressões deduzidas no capítulo 3 para as
seções retangulares, substituindo b por b ç .
O adimcnsional Ç = x/ d , que caractcriza a posição da linha
neutra, é dado por

# = 1,25(1 - Vl - 2// ) ( 4.3.4)

com jd calculado através da equação (4.2.14 ).


138 Curso de Concreto Armado

A taxa mecânica de armadura, (ú , é definida como

As fyd
co (4.3.5 )
bj- ci (7cj
e vale

(ò = 0,8£ (4.3.6 )
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções T 139

Por semelhança com as equações (4.2.5) e (4.2.7), tem-sc

4, = Av (o,8# - /?/ V (4.3.8)

|\ - Í — jrf
Z„= 0,4

^
-

As equações de equil í brio são as seguintes:


(4.3.9)

I ) Equilíbrio de momentos:

Observando a fig. 4.3.2, tem-se

Md = AfZf (Jcj + AwZw<Jcd (4.3.10 )

Como indicado na equação (4.3.1), Mjf = Aj ZfOcd é o -


momento resistido pela mesa. Logo, a nervura deverá absorver a
parcela do momento solicitante Mj -. — MJJ
Substituindo as expressões de Aw e Zw na equação (4.3.10),
obté m-se

(4.3.11)

Introduzindo as defini ções dos adimensionais jl e flj ,


resulta a equação do segundo grau

0,32£ 2 - 0,8£ + // =0 (4.3. 12)

onde
140 Curso de Concreto Armado

(4.3. 13 )

A solu ção da equaçã o (4.3.12) é dada por

/
É = 1,25Í I - T I - 2/ /
*
) ( 4.3. 14 )
Flexão normal simples - dimensionamento de seções T 141

A' °od
d' F sd

7
X /
V
,
0 ,8xlim Fkcclim

/ d
< ^ lim
As
K ,1

Fig. 4.4 . 1 - Resultantes das tensões na seção com armadura dupla

A força na armadura de compressão c R'sd = A' cr' d , onde a


tensão o'sd é calculada exatamente como foi feito no cap í tulo 3. A
força na armadura de tração é Rsd = Asfyd .
novamente reproduzidos na tabela 4.4. 1.

Os valores de < j'sd , em função do parâ metro S d' d , são /
Logo, aplicando a equação de equilí brio de momentos, resulta
a taxa mecâ nica da armadura de compressão (ver equação (3.7.10) do
capí tulo 3)

_ (A - Alim ) fyd (4.4. 1 )


(1 - sKd

sendo que os momentos reduzidos //|jm e jU são definidos nas


equações (4.2.13) e (4.2.14), respectivamcnte.
A á rea da armadura de compressão é dada por

A'5 = ú)' bfd


f
^ -
fyd
(4.4.2)
142 Curso de Concreto Armado

Aplicando a equação de equilí brio de forças e substituindo a


expressão de R c c d a d a cm (4.2.9), obtém -sc a taxa mecânica da
armadura tracionada ( ver a semelhan ça com a equa çã o (3.7. 14 ) do
capitulo 3)

®
~ iVí
= r lh" + S' (4.4.3)
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções T 143

4.5 - Roteiro para o dimensionamento de seções T

O dimensionamento de seções T pode ser feito de acordo com


a seguinte sequ ê ncia dc cálculos:

a) /1 = Md ( momento reduzido solicitante)


bfd acd

J?dL’. fen = ° 45 > «


*f 3 =
Pw
^ l^
bf ’
1
im
> fck 35 MPa
= 0,35 , se fck > 35 MPa
Se ft f > 0,8 1 , dimensionar uma seção retangular com
^
largura bj- e altura ú til d , como no capítulo 3.

b) Calcular rcc|iin e //|im através das equações (4.2.10) e (4.2.13),


ou ler esses valores diretamente das tabelas 4.2. 1 e 4.2.2.

c) Dimensionamento com armadura simples ( / < /| ):


/ / im

Calcular fdf =

Caso 1 ) 3 < 3 f
=> - l- - 2/í
(t )

^
Caso 2) fl > / If => U
*
A,
+ 3/

( Vl - 2/ )
<D = Pf (\ - p„) + /3„ l -

A área da armadura de tração c As — ú)bj-d ° cd .


fyd
144 Curso de Concreto Armado

d ) Dimensionamento coin armadura dupla ( f l > //|jm ):

Calcular ô = d' j d e retirar a tensão (T'sc / da tabela 4.4. 1 .

V O ) (Jxd => áS = afbjd


f yd
Flexão normal simples - dimensionamento de seções T 145

10

36cm
A -

A
I3J
Fig. 4.6. 1 - Dimensões da seçã o T

Neste caso, tem se:-


20
TC / = 0,85 fcc/
(
( — 0,85 —1 ,4 = 12 MPa => <Tcj = 1,2 kN /cm 2

fvd
yd = =—
1,15
= 43,48 kN /cm2
Ys
Os adimensionais que definem a geometria sã o:

Pr — —/dr = —3610 = 0,28


?
; pww = 2bsL = l12± = 0,20
’ bf 60

^ lim = 0,45 , pois fck < 35 MPa

Pf < 0,8
^ |jm = 0,36 => dimensionamento como seção T

Entrando nas tabelas 4.2. 1 c 4.2.2 com pj - 0 ,2 % e


Pw -
= 0,20 , obtêm se rcc|im = 0,30 c fl ] im = 0,25 .
146 Curso de Concreto Armado

A ) Exemplo 1: Md = 150 kNm

Md 15000
0,16
~
bfd Gcd 60 x36 2 xl,2
Flexão normal simples - dimensionamento de seções T 147

B ) Exemplo 2: Mj — 250 kNm


Md 25000
M 0,27
b / - d 2 crcci 60 x36 2 xl ,2

Como (.1 > /t|;m = 0,25 , a solução será com armadura dupla.

õ= —dd' = -36—4 = 0,1 1 => <y\ j = 43,48 kN /cm 2 (da tabela 4.4. 1 )

l l - <5 J (J ,J l 1 - 0,11 J 43,48


A' = cobfd —fyd— = 0,022x60x36x - -- - > A'S
43,48 = = 1,31 cm 2

0,27 - 0, 25
0,30 + : 0,322
^ ^ ccliin \- ô 1 - 0,11

A , = abfd
' ^fyd- = 0,322x60x36x ——=
43,48
> A. = 19,20 cm2

Como As > As mjn , adota-se As = 19,20 cm2.

4.7 - Determinação da largura efetiva da mesa

Na fig. 4.7. 1 , indica-se uma seção transversal t ípica dos pisos


de edifícios constitu ídos por vigas e por lajes maciças. Havendo uma
ligação adequada entre a laje e a nervura da viga, uma parte da laje
colaborará para a resistê ncia e para a rigidez da viga. Assim, as vigas
podem ser projetadas como vigas T com uma mesa de largura bp .
148 Curso de Concreto Armado

bf mesa colaborante
M-
-r -+-
I I

b,
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções T 149

laje superior

laje inferior

seçã o duplo T

Fig. 4.7.2 - Piso com laje dupla

A solução indicada na fig. 4.7.2, apesar de ser ideal do ponto


de vista da capacidade resistente, tem o inconveniente da perda de
formas, al ém de n ã o permitir uma ú nica concretagem do piso.
Considerando a flexão do conjunto formado pelas nervuras c
-
pela laje do piso, tem se uma distribuição variável das tensões dc
compressão na mesa, como c indicado na fig. 4.7.3.

b3 b
ri —
U — 1- i

°cd
y
t
bJ2

Fig. 4.7.3 - Variação das tensões de compressão na mesa


150 Curso de Concreto Armado

Conforme se observa, a tensão de compressão é má xima na


nervura, onde ela alcan ça o valor de cá lculo (7ccf . Em seguida , a
tensão sofre uma redu ção, valendo (Tv a uma distâ ncia y da face da
nervura. Uma vez que o dimensionamento da seção é feito com a
tensã o máxima 17C( { , toma-se necessá rio definir a largura efetiva da
,
mesa , b - , de tal forma que a resultante das tensões de compressão
seja igual ao valor obtido considerando as variações de <7 X . Para que
Flexão norma! simples - dimensionamento de seções T 151

bf
I •

b4 b2
4- 4- -

N
b„
4-

Fig. 4.7.4 - Largura efetiva da mesa segundo a NBR -6118

Os trechos b\ c 63 indicados na fig. 4.7.4, medidos a partir da


face da nervura fict ícia, são dados por

0,1 c/ 0,1c/
lh < b3 ( 4.7.3 )
0,5/22 b4

em que a representa a dist â ncia entre os pontos de momento flctor


nulo.
A dist â ncia a pode ser estimada cm lun çã o do comprimento /
do tramo considerado, como:

- viga simplesmente apoiada: a = /


- tramo com momento em uma só extremidade: a = 0,75/
- tramo com momentos nas duas extremidades: a = 0,60/
- tramo em balanço: o = 21
Alternativamente, a dist â ncia a pode ser obtida mediante o
exame dos diagramas de momentos flctores na estrutura.
152 Curso de Concreto Armado

Portanto, a largura efetiva da mesa é dada por

bf = b3 + ba + bl (4.7.4 )

Evidentemente, para uma nervura central tem-se


1
bf = bf + ba + bf , onde bf
e h\ correspondem aos valores de b\
medidos a partir das faces esquerda c direita da nervura fict ícia,
respectivamcntc. Para uma nervura isolada, a largura efetiva da mesa
-
Flexão normal simples dimensionamento de seções T 153

abertura

2 2
/ \

bf bf
Fig. 4.7.6 - Largura efetiva da mesa na presença de abertura na laje

Exemplo: Determinar a largura efetiva da mesa das vigas indicadas


na fig. 4.7.7. As vigas são simplesmente apoiadas com vão / = 5 m.

Para todas as vigas, tem se: -


=
a = l 500 cm (vigas simplesmente apoiadas );
hj = 5 cm (espessura da mesa);
b2 = 50 cm (distância entre nervuras);
ba = bw = 8 cm ( largura da nervura fict ícia, pois não há m ísulas).
-1
T 1

V1 V2 V3

L 8 JL 50 1Ir—8 1H 50
1 8 11
r
unidade: cm
-
Fig. 4.7.7 Piso do exemplo ( laje nervurada)

0,1a = 0,1x500 = 50cm


b\1 < < => b1, = 25 cm
0,5ò 0,5x
154 Curso de Concreto Armado

VigaVl: bf = ba + bi = 8 + 25 = 33 cm
Vigas V2, V3, etc.:
bf = ba + 2b = S + 2 x 25 = 58 cm
}

f g. 4.7.8.
As seções das vigas são indicadas naí

1
13.5 ' -
1
L_
1
X5
Cap í tulo 5

FLEXÃ O NORMAL SIMPLES


Verifica çã o da Capacidade Resistente

5.1 - Defini çã o do problema

Os cap í tulos 3 c 4 foram dedicados ao dimensionamento de


seções de concreto armado submetidas à flexão normal simples.
Conforme foi apresentado, o dimensionamento consiste em
determinar as dimensões da seção transversal c as armaduras
necessá rias para garantir o equil í brio no estado limite ú ltimo
(definido atrav és dos dom í nios de dimensionamento ).
Na realidade, ao enfrentar esse problema procura-se, de in í cio,
-
fazer um pré dimensionamento da seção de concreto. Assim,
conhecidas as dimensões da seção, o que se faz é calcular as á reas
das armaduras para um momento fletor solicitante de cá lculo M / . A
(

segurança global obtida nesse processo é dada pela combina çã o dos


coeficientes parciais y f , yc e ys .
O dimensionamento constitui o trabalho diá rio dos projetistas
das estruturas de concreto armado. Entretanto, em muitas situações,
há a necessidade de resolver um outro tipo de problema: a
verificação da capacidade resistente.
O problema da verificação da capacidade resistente na flexã o
normal simples pode ser colocado da seguinte forma: “ dada uma
seção transversal de concreto armado com todas as dimensões e as
armaduras conhecidas, procura-sc o momento fletor que leva a seçã o
à ru í na” . Esse problema surge, por exemplo, em reformas e
ampliações, quando se pretende mudar as condi ções de carregamento
de vigas e lajes. Interessa saber se a viga já constru ída resistirá à s
novas cargas decorrentes da ampliação.
A princ í pio, pode-se pensar em realizar um dimensionamento
da seção transversal da viga (com o momento fletor devido ao novo
-
Flexão normal simples verificação da capacidade resistente 157

5.2 - Seção retangular com armadura simples

-
Na fig. 5.2.1, indica sc uma seção retangular submetida à
flexão normal simples. As dimensões da seção, b eh , a altura ú til,
d , e a á rea da armadura tracionada, As , são conhecidas.

d
h A

Fig. 5.2.1 - Seção transversal

0 diagrama tensão-deformação do aço é indicado na fig. 5.2.2.

fY .

ES
ErVE
1
>
ey £S

Fig. 5.2.2 - Diagrama tensã o-deformação do aço

No diagrama tensão-deformação da fig. 5.2.2, a tensão de


escoamento é representada genericamente por fy . Logo, a
158 Curso de Concreto Armado

/
deformação de escoamento é £ y = fy Es , onde Es c o módulo de
elasticidade do aço.
Analogamente, a resist ê ncia à compressão do concreto será
designada por fc , adotando-se o valor 0,85 fc no diagrama
retangular simplificado.
Quando se procura o momento de ru ína de cá lculo, Muc/ ,
deve-se trabalhar com as resistê ncias de cá lculo, isto c, fy = fyj e
-
Flexão normal simples verificação da capacidade resistente 159

Caso 1 ) Domínios 2 e 3

Neste caso, a profundidade da linha neutra, x , fica limitada ao


intervalo

0 x < xh (5.2.2 )

A deformação da armadura é £s > £ y e, consequentemente, a


tensão na armadura é cxs
=f y.
Caso 2 ) Dominio 4

A profundidade da linha neutra está situada no intervalo

xh < x < d (5.2.3)

e o aço não atinge o escoamento.


A deformação da armadura é obtida do diagrama indicado na
f g. 5.2.4.
í
3, 5°/c

>
XI
/
/
Jd -x

es
-
Fig. 5.2.4 Defonnação da armadura no dom ínio 4

De acordo com a fig. 5.2.4, tem-sc

£s _ d-x
(5.2.4)

de onde resulta
160 Curso de Concreto Armado

d-x
£S = 3 5°/ OO
X
(5.2.5)

Considerando o diagrama tensão-deformação do aço indicado


na fig . 5.2.2, a tensão na armadura é dada por

d-x
/ ^s
3' 3 ° oo
X
( 5.2.6 )
Flexão normal simples - verificação da capacidade resistente 161

Rs = Asas (5.2.9)

Aplicando as equações de equilíbrio, resulta:

a) Equil í brio de forcas:

Rcc - Rs = 0 (5.2.10)

Substituindo as expressões de Rcc e Rs , chega-se a


0 ,8bxac - Asos = 0 (5.2.11 )

onde os = fy , se x xb , e <T5 é uma função de x (equação


(5.2.6)), se x > xb .

b) Equil í brio de momentos:

MU = RCCZ (5.2.12)

Substituindo as expressões de Rcc e de Z , resulta


Mu = 0,8bx( d -0,4X )<7C (5.2.13)

A equação (5.2.11 ) fornece a profundidade da linha neutra, x ,


c a equação (5.2.13) fornece o momento de ru í na,
Mu . Entretanto,
como existem dois casos possí veis para o cá lculo da tensão na
armadura, é necessário fazer um teste para saber se a ruptura ocorre
nos domínios 2 c 3 ou no dom ínio 4.

O seguinte procedimento pode ser empregado:

1 ) Admitc-se que a ruptura ocorre no dom ínio 2 ou no dom í nio 3,


isto é, adota-se <JS = f y . A equação (5.2.11 ) fornece a posição da
linha neutra, na fornia
162 Curso cie Concreto Armado

( 5.2. 14 )

2) Se resultar x < xb , significa que a hipótese anterior estava


correta. Com este valor de x , calcula-se o momento de ru í na através
da equação (5.2.13).

3 ) Sc resultar x > xb , significa que a ruptura ocorre no dom í nio 4 (a


Flexão normal simples - verificação da capacidade resistente 163

O concreto possui uma resist ê ncia à compressão característica


fcj. — 20 MPa e o aço é o CA-50. Determinar o momento de ru í na
de cá lculoMud , adotando os coeficientes parciais de seguran ça
7c = 1.4 e r, = U 5 .
Neste caso, deve-se trabalhar com as resistências de cá lculo
dos materiais:

f 14 MPa
Yc 1.4 =

<C
7 = 0,85Jc = 12 MPa => cc = 1,2 kN/cm 2
_ fyk =_ 50 = 43,48 kN/cm
fy =
7—T U 5 "
2

fy 43,48
Es 20.000 ^°/ oo

Da equação (5.2.1 ), obtém -se X/, = 22,2 cm.


A primeira estimativa da profundidade da linha neutra é dada
por (equação (5.2. 14))

.
x 1,25
_ _
= ^ ——
sfy .
1,25
_ _ 3x43,48 _
— 9,06 cm
boc 15x1,2

Como x < xb , significa que esse resultado est á correto (a


seção não é superarmada). Da equação (5.2.13), obtém-se o
momento de ru ína de cá lculo

Mud = 0,8x15x9,06(36 - 0,4x9,06 )1,2 = 4224 kNcm


Logo, Mllci — 42,24 kNm .
164 Curso de Concreto Armado

Exemplo 2 :

Resolver o exemplo anterior considerando uma á rea de aço


As — 9 cm 2.

A primeira estimativa da posiçã o da linha neutra é dada por

AJy J9 Ç 41 M 27,2 cm.


1, 25
-
Flexão normal simples verificação da capacidade resistente 165

/
3,5° OQ\ Assim, devem ser considerados os dois casos seguintes
para o cálculo das deformações nas diversas camadas da armadura.

• o dn

A, di
Mu

• •
b

Fig. 5.3. 1 - Seção transversal

Caso 1 ) Dom í nio 2

Neste domínio, tem-se

0 5í x —13,—5 d 1i (5.3.1 )

conforme pode ser deduzido da fig. 5.2.3.

Na fig. 5.3.2, indica-se a distribuição das deformações no


dom ínio 2.
Empregando a semelhan ça de tri â ngulos, verifica-se que a
deformação £sj da camada genérica da armadura é dada por

' x -d A
*si = ' /
0 ° oo (5.3.2)
166 Curso de Concreto Armado

~
1
T Ê
si /
X
d
>’
drx
Flexão normal simples - verificação da capacidade resistente
167

f
x — dj
£si /
3,5° 00
, x
(5.3.4)

Logo, dada a profundidade da linha neutra, calcula se


- a
deformação em cada camada da armadura com o empre
go das
equações (5.3.2) e (5.3.4), conforme o caso. Entrando no diagra
ma
tens ão-deformação do aço, obtém-sc a tensão
<JSÍ cm cada camada
dc aç o.
Na fig. 5.3.4, indicam-se a resultante de compressão no
concreto e a forç a na camada genérica da armadura.

oc
<- Rcc
0 , 8x «-
dI
;
< -

> Ivl
Rsi Z

drdi

Fig. 5.3.4 - Resultantes das tensões na seção

A resultante dc compressão no concreto,


Rcc , c o braç o dc
alavanca, Z , são dados por

Rcc = 0 ,8bxac (5.3 .5)

Z = dK - 0,4x ( 5.3.6)

A forç a na camada genérica de armadura é

Rsi = (5.3.7)

onde Asi é a área de aç o da camada i.


168 Curso de Concreto Armado

Empregando as equações de equil í brio, resulta

n
Rcc +Y, A' la' i = Q (5 3- 8)
=1
1
n
Mu = RCCZ + £ Asiasi {dx - d,- ) ( 5.3 .9 )
;' =1
Flexão normal simples - verificação da capacidade resistente 169

Em seguida , calcula-se / j = / (JCj ) c testa-sc a convergê ncia.


Se onde tol é uma tolerâ ncia preestabelecida, a
convergência foi alcan çada e X \ é considerada a solu çã o do
problema.
Se a convergência n ão for alcan çada , deve-se reduzir o
intervalo solução c iterar novamente. Para isto, avalia-sc o produto
P \ = fof\ • Se resultar pi > 0 , como indicado na fig. 5.3.5, adotam -
se xa = X ] e f0 = J \ . Se p\ < 0 , devem-se fazer
xu
.
/«, = / •
= X| e
Com o novo intervalo, desta vez menor que o anterior, rcpetc-
se o cá lculo de ,V| com o emprego da equação (5.3.11 ) e assim ,
sucessivamente, ate a convergência. Encontrada a profundidade da
linha neutra , calcula-se o momento de ruína com o emprego da
equa ção (5.3.9).

f(x ) f

>
X
Xu

Fig. 5.3.5 - Processo da bissecantc

Exemplo 1:

Determinar o momento de ru í na de cá lculo da seção


transversal indicada na fig. 5.3. 6. A seção é armada com 7 barras de
170 Curso de Concreto Armado

16 mm na zona tracionada e 2 barras de 16 mm na borda


comprimida. O concreto possui fc / . 20 MPa e o aço c o CA -50.
=
4

28
32
40
-
Flexão normal simples verificação da capacidade resistente 171

x = 21,73 cm ; Mud = 125,54 kNm.


O momento dc mina obtido desta forma c igual a 97% do
momento de mina com a disposição real das barras.

Exemplo 2:

Considere-se a seção retangular com duas camadas dc


.
armadura indicada na fig 5.3.7 e os seguintes dados:
- momento flctor de servi ço: M / . = 30 kNm ;
- concreto: fck = 20 MPa;
- aço CA-50;
- coeficientes parciais: yj- — 1,4 ; yc — 1,4 ; ys — 1,15 .

Dimensionar a seçã o e calcular o coeficiente de segurança


global.
.. 4 ..

A's

As
/\
15

Fig. 5.3.7 - Seção com duas camadas dc armadura

Dimensionando a seção, obtcm-sc As = 2,98 cm2 e A' =0


(solu ção com armadura simples).
O coeficiente global dc segurança, S , é definido por

S
_ Muk
(5.3. 12 )
Mk
172 Curso c/e Concreto Armado

onde Mj. é o momento solicitante caracter ístico e Mut. é o


momento de ru í na obtido com as resist ê ncias características.
Logo, para a determina çã o do momento de ru í na, dcvc-sc
trabalhar com fc = fck e fv = f .,k . Empregando o algoritmo
anterior, resulta

Muk = 49,29 kNm; 5= —49 29 = 1,64 .


-
Flexão normal simples verificação da capacidade resistente 173

bf

1 0 , 8x

h di

• ©

Fig. 5.4.1 - Seção T

Caso 1 ) 0,8.x hJ =
> x < 1,25hy
Neste caso, apenas a mesa está comprimida com tensão
constante Oc . As expressões necessá rias são

Rcc = 0,8b fXOc (5.4.1)

Z = d\ -0 ,4 x (5.4.2)

Caso 2) x > 1,25 hy


A nervura també m estará comprimida, resultando

Rcc ( Af Ar K
~ (5.4.3)

«„.Z = ( (/ Z/ + /l „,Z„. )cr .


/ (
(5.4.4)

Af = bjhf ; Aw = bw (o ,Sx - hf ) (5.4.5)

hr hf
zf = d\ ; Zw = d { -0 ,4 x -
^ ~ (5.4.6)
Capí tulo 6

ESFORÇO CORTANTE

6.1 - Introdu çã o

.
Considerc -se a viga biapoiada da fig. 6.1 1, submetida a duas
cargas concentradas iguais e equidistantes dos apoios. Na mesma
figura estão indicados os diagramas de momentos flctorcs c de
esforços cortantes na viga.

/V
pi r ~
A
// /
a l- 2 a a
hi m - k- ->

M + M

V +

Fig. 6.1.1 - Carregamento e esforç os solicitantes

No trecho entre as cargas, o único esforç o solicitante é o


momento fletor M , enquanto nos trechos de comprimento a atuam
o momento fletor e o esforç o cortante V .
176 Curso cJe Concreto Armado

Na fig. 6.1.2, estão indicadas as componentes das tensões em


um elemento infinitesimal localizado entre as duas cargas.

>f \ r

x
Esforço cortante 177

Ty:X
-
^xy
ax Ox

^xy
T **yx
~

^ ay=0

Fig. 6.1.3 - Tensões normais e de cisalhamcnto

Enquanto não aparecer a primeira fissura, a viga sc encontra


no Estádio I e a análise pode ser feita com as fórmulas clássicas da
Resistência dos Materiais. Quando a tensão principal de tração, Oj ,
atinge a resistência à tração do concreto, surge uma fissura inclinada
c a viga entra no Estádio 11. No estado fissurado, não mais se aplicam
as fórmulas mencionadas.
Na fig. 6.1.4, indicam-se as trajet órias das tensões principais e
as orientações das fissuras ao longo do eixo da viga.

>r > f

‘vBjcfe
-A:
compressã o tração /] fissuras
Fig. 6.1.4 - Trajetórias das tensões principais e orientação das
fissuras em uma viga llctida
178 Curso de Concreto Armado

Excluindo-se fatores de natureza aleatória, pode-se dizer que


as fissuras são perpendiculares à direção das tensões principais dc
tra çã o <7[ . Assim, no trecho entre as cargas as fissuras sã o verticais ,
pois o esforço cortante é nulo nesse trecho. Entre as cargas e os
apoios, as fissuras são inclinadas devido ao esforço cortante.
Em virtude da baixa resistência à tração do concreto, a
fissura ção de uma viga dc concreto armado c um processo inevitá vel
Dessa forma, a an á lise deve ser feita sempre no Est á dio II, através de
algum modelo comprovado experimentalmente.
Esforço cortante 179

bielas de estribos
compressão
7\
>

\ »
R

banzo tracionado
fissuras
banzo de compressão
\ RCC

f s z
->
Rsd
/
\ estribos vertica S

Fig. 6.1.5 - Analogia da treliça de Mõrsch

-
6.2 Treliça generalizada de M õ rsch

Na fig. 6.2.1 , indica-se um trecho da viga submetido ao


esforço cortante de cá lculo V j e a treliça idealizada cm seu interior.
O â ngulo de inclinação das bielas é igual a 6 c os estribos est ão
inclinados de um â ngulo a cm relação ao eixo da viga .
180 Curso de Concreto Armado

Vd

\ s,
cc

/ 82
Z
V /
Esforço cortante 181

( /.

()
s

í Vd 1 Vd
Seção S1 Seção S2
-
Fig. 6.2.2 Forças nas barras da treliça

Na fig. 6.2.3, representa-se uma biela simples submetida à


força de compressão Fc . Essa força atua cm uma á rea
Ac = bwhQ ,
onde bw é a largura da viga c ha é a dimensão normal à força
Fc ,
dada por
ha - ac sen 0 (6.2.4)

s Fc

''
. Ac
()

a,

Fig. 6.2.3 - Solicitação na biela inclinada


182 Curso de Concreto Armado

Introduzindo a expressã o de ac dada na equaçã o (6.2.1 ),


obté m-se a tensão de compressão na biela, <TC = FcjAc , na forma

erc. bwZ (cotg6 +Fccotg flrjsen 6 (6.2.5 )

Substituindo a expressão de Fc dada em (6.2.2), resulta


Esforço cortante 183

A tensão dada cm (6.2.9) deve ser limitada para evitar o


esmagamento da biela de compressão. Para levar em conta a reduçã o
da resistência à compressão do concreto provocada pelas fissuras
inclinadas, devc-sc limitar ac
< fcdr , onde fcdr é a resist ê ncia à
compressão reduzida. De acordo com o CEB/90, essa resist ência
reduzida é dada por

/
fcdr = 0 ,60 -Â L ) fed = 0.60avfcd ( 6.2. 11 )
\ 250 /
com fck em MPa.
Fixando # = 45° , flr = 90° c fazendo <7C < fcdr , resulta

^wd — ^wu (6.2 . 12 )


onde Twu — 0,27OivJ ç j .
A tensã o convencional de cisalhamcnto
Twd deve ser
calculada para a menor largura bw da seção transversal da peça
(quando a largura for variá vel ).
A treli ça apresentada na fig. 6.2. 1 c composta por diagonais de
tração simples, com um espaçamento igual a . A partir desse
ac
modelo, foi obtida a força de tração na diagonal, conforme a equação
(6.2.3 ). Entretanto, o espa çamento real dos estribos deve ser menor
que ac , para evitar o surgimento de uma fissura n ã o interceptada por
barras da armadura transversal. Assim, é necessário fazer a
correspond ê ncia entre o modelo idealizado e a situa çã o real .
-
Na fig. 6.2.4, indicam se os estribos da armadura transversal
na configuração idealizada e a disposição realmente adotada no
projeto. A á rea da seçã o transversal de um estribo, considerados
todos os seus ramos, é igual a e o espaçamento dos mesmos ao
longo do eixo da viga é s . Logo, a á rea total da armadura no trecho
de comprimento ac c dada por

As = ~
s
As\ ( 6.2. 13)
184 Curso de Concreto Armado

diagonais
tracionadas estribo

w
Esforço cortante 185

Asw mvd , cnr / m ( 6.2. 17 )


Zfu / (cotg # + cotgflr ) sen a

Substituindo Z = 0,90c/ e a equa ção (6.2. 10), chega-se a

Asw = , cm2/m ( 6.2. 18 )


fyd (cotg <9 + CO tg flrjsen a

-
6.3 Treliça cl á ssica tlc Mõ rsch

No modelo da treliça clássica de Mõrsch, admite-se que as


bielas de compressão estejam inclinadas a 45° cm relação ao eixo da
viga. Substituindo 0 = 45° na equa ção (6.2. 18), resulta

ASW -fydlOOMuir ,) ,
cm / m (6.3. 1 )
(1 + cotgcrjsen a

Os resultados experimentais indicam que esta equaçã o fornece


uma armadura excessiva. Isto ocorre porque no modelo da treli ça
cl ássica não são considerados diversos fatores que contribuem para a
resistê ncia ao esforço cortante, como a contribuição do concreto
tracionado entre fissuras, o engrenamento do agregado gra ú do, a taxa
da armadura longitudinal , a inclinação do banzo comprimido, dentre
outros.
Esses efeitos podem ser considerados, especificando-se um
â ngulo 9 < 45° para a inclinação das bielas de compressão.
Alternativamente, a armadura transversal pode ser calculada com
uma tensão convencional de cisalhamcnto reduzida . Adotando-se
esse segundo procedimento, a equação (6.3. 1 ) é escrita na forma

100 bwTj
A.vtv , cnr /m (6.3.2)
/ V / ( l + cotgcir )senc!r
(
186 Curso de Concreto Armado

Td = \,n{ Twd - Tc ) (6.3.3)

e Tc é um fator de redução.

Adotando a 90° , chega-sc a

A s w = 100b w , enr /m (6.3.4 )


I Esforço cortante

6.4 - Critério dc projeto da NBR -6118


187

A seguir são apresentadas as considerações da NBR-6118


sobre o dimensionamento ao esforço cortante de vigas de concreto
armado. Essas considerações são aplicáveis às peças lineares com
armaduras de cisalhamento c nas quais bw < 5d , sendo
bw e d a
largura e a altura útil da seção transversal, respectivamente.
A tensão convencional de cisalhamento, Twj , é dada por

_
^wd Xd
M
(6.4.1 )

onde Vj é o esforço cortante de cá lculo.


A dimensão bw representa a largura das seções retangulares
ou a largura da nervura das seções T. Se a largura da nervura for
variá vel, dcve-sc adotar a menor largura ao longo da altura útil.
Para evitar o esmagamento da biela de compressão, deve-sc
impor a restrição
Twd < Twu (6.4.2)

A tensão limite Twu é dada por

Twu = 0 ,21avfcd ( 6.4.3 )

sendo fcd a resistência de cá lculo à compressão do concreto c

a = \ - JsL (6.4.4)
250
com fck cm MPa.
Se a desigualdade dada em (6.4.2) n ão for atendida, devem-se
alterar as dimensões da seção transversal da peça.
A tensão Tj , para o cálculo da armadura transversal, é dada
por
= M l (í-w - rc. ) > 0
^ ( 6.4.5 )
188 Curso de Concreto Armado

onde Tc é dado na NBR-6118 em fun ção da resistê ncia à tração de


cá lculo do concreto.

Adotando-se o coeficiente de minora ção da resistê ncia


yc = 1,4 , pode-se escrever

Vl { fck ) /
23
~ > Ml*3 (6.4.6 )
Esforço cortante 189

- Estribos verticais:

Asw = 100bw fyd , cm2/m (6.4. 10 )

- Armadura inclinada a 45°:

Asw = 1006 — j= ~— , cm 2/m


lt
,
^ (6.4. 11 )
vlfyd
"

A tensão dc escoamento fV / a ser adotada nos cá lculos n ão


(

deve ser maior que 435 MPa ( igual à tensão dc escoamento dos a ços
CA-50 ). Logo, mesmo que o a ço empregado seja o CA -60, o cá lculo
dos estribos deve ser feito como se o aço fosse o CA -50.
A seção da armadura calculada n ão deve ser menor que a
armadura m í nima, .vvv, min especificada na NBR -6118. Os valores
^ i

dc Asw,mm s3o:

- Estribos verticais:
^.
' su' min
• Pw,m\n > cm / m (6.4.12)

- Armadura inclinada a 45°:


\ 00 bw
^ .min
íw
~ Pw,min , Cill 2/ m (6.4.13)

onde

Pn-,min = 0,2
^ Jyk

sendo fclm a resistê ncia média à tra ção do concreto e f k a tensão


de escoamento característica do aço.
(6.4. 14)

Se a largura da nervura for vari á vel , adota-se para bw , nas


equa ções (6.4. 12) e (6.4.13), a largura media ao longo da altura ú til .
190 Curso de Concreto Armado

Na tabela 6.4.1, apresentam-se os valores de /? vv> mjn para


algumas classes de concreto.

Tabela 6.4. 1 - Valores de pw^ m\n (%) para o aço CA-50


fek ( MPa ) 20 25 30 35 40 45 50

Pn'.min 0,09 0,10 0,12 0,13 0, 14 0, 15 0, 16


Esforço cortante 191

Segundo a NBR-6118, a tensã o de escoamento do a ço a ser


adotada nos cá lculos não pode ser superior a 435MPa. Logo,
fyd = 435 MPa.
- Esforço cortante máximo (caracter ístico):
£í/ = 15f 4 = 30 kN
2 2

- Esforço cortante de cá lculo:


Vd = yfVk = 1,4x30 = 42 kN
- Tensão convencional de cisalhamento:

°.°97 kN/cm => rwd = 0 97


V , 4?
wd r— , = 12x36 =
* = -bwd , MPa

- Tensão de cisalhamento limite:

r =o
4 #^ o
4 ii)
- ' 4 = 3 5 Mpa
'

- Verificação da biela de compressão:

Uma vez que Twd = 0,97 MPa é menor que twu = 3,5 MPa,
não há necessidade de modificar as dimensões da seção.

- Cálculo da armadura transversal:


2/ 3 2/3
Tc = y/ y (Jck ) = 0,09(20) = 0,66 MPa

rd = 1,1 l(rw - rc ) = 1,11(0,97 - 0,66 ) = 0,34 MPa


192 Curso de Concreto Armado

Asw = 100/ .,,


)
= 100x12x — = 0,94 cm2/m
fyd 435

pw min = 0,09% ( tabela 6.4. 1 )

4w, min = Pw.min 1 °°^ v = W*!2 = 1,08 cm2/m


Esforço cortante 193

8.00-,

E~
CN "

o, 6.00 - fck=20 MPa


<
cn
§ 4.00- fck= 30 MPa
u)
c
CD

CD
fck=40 MPa
1
CD
2.00 )
E
<
0.00- I
T T
T T T n
20 40 60 80 100
Esforço cortante Vk ( kN )
Fig. 6.4.2 - Variaçã o da á rea de estribos com a resistê ncia à
compressão do concreto

Conforme se observa na fig. 6.4.2, as três retas sã o paralelas,


exceto quando o dimensionamento resulta cm armadura minima.
Assim , o aumento no valor de fcic ocasiona uma redu ção constante
no valor de Asw , independentemente do esforço cortante Vk . Isto
ocorre devido à parcela Xc na expressã o (6.4.5 ).
Entretanto, no caso do esforço cortante, o aumento do valor de
fck P0Í C ser decisivo para garantir a segurança contra o
'
esmagamento das bielas, em virtude da equação (6.4.2 ).

6.5 - Força na armadura longitudinal de traçã o

Na fig. 6.5. 1 , indica-se um trecho de viga com uma fissura


inclinada passando pelo ponto médio entre duas bielas sucessivas
( ponto A ).
194 Curso de Concreto Armado

s
R cc

0 a A,'
Esforço cortante 195

R cc
fissura —*
4

inclinada
Z

A
Rsd
A x ai
H »

Fig. 6.5.2 - Forç a na armadura longitudinal

A força de tração na armadura longitudinal no ponto A,


situado na seção S|, c Rsj . Entretanto, essa força, juntamente com a
resultante de compressão Rcc , deve equilibrar o momento fletor
solicitante na seção Si.
Logo, a força Rsd c dada por

KsJ ~ (6.5.3 )
^
onde Mt / = V lx
(
é o momento fletor na seção S| e AA-/ = Vj ítj .
/ (

Observa-sc que a forç a na armadura tracionada em uma seção


de abscissa x é proporcional ao momento fletor solicitante em uma
seção vizinha, dela afastada de uma distância igual a a . Assim, ao
/
detalhar a armadura longitudinal de tração da viga, deve-se
considerar um diagrama de momentos fletorcs deslocado de ct no
/
sentido desfavorável, conforme c indicado na fig. 6.5.3.
196 Curso de Concreto Armado

ft J 1
w %
/
/
cA.

AM'd
Esforço cortante 197

cot gd - cot ga -
\
—^ — —^ )(l + cotg«)-2cotga
wd ~
c
' (6.5.8)

Substituindo (6.5.8) em (6.5.7), chcga-se a

at = d

^^ (l + cotg«)-cotg«

Segundo a NBR-6118, o valor de at c obtido da equação


(6.5.9), devendo-se respeitar os seguintes limites:
(6.5.9)

a) se toda a armadura transversal for inclinada a 45°

a/ > 0 ,2d (6.5.10)

b) nos outros casos (estribos verticais)

a/ 0,5d (6.5.11)

c ) para lajes sem armadura transversal calculada

a , = ,5d
l (6.5.12 )

-
6.6 Peças dc altura variá vel

Considere-se a viga com altura variável indicada na fig. 6.6.1.


A altura da viga e o momento flctor, em valor absoluto, crescem no
mesmo sentido.
A força de traçã o na armadura pode ser decomposta em uma
componente horizontal Rsd cos J3 cem uma componente vertical

AVd = Rsd sen /? (6.6.1)

onde fico â ngulo de inclinação da face da viga.


198 Curso de Concreto Armado

M' d
Esforço cortante 199

V
AVd
RsdC0SP

t
Fig . 6.6.2 - Viga com altura e momento íletor crescendo
cm sentidos opostos

A decomposição da força de tra ção na armadura longitudinal é


idêntica ao caso anterior. Entretanto, o esforço cortante na seçã o S é
dado por

a
ta» ( 6.6.5)

c a varia ção da altura da viga tem um efeito desfavorá vel .


Logo, em peças de altura vari á vel deve-se considerar o esforço
cortante corrigido indicado nas equações (6.6.4 ) e (6.6 .5), onde o
momento fletor c dado em valor absoluto.
Nessas expressões, nã o deve ser considerada uma inclina ção
em cada face da viga superior a 1 :3. Quando o valor absoluto do
esforço cortante tiver sido diminu ído pelo emprego da equação
( 6.6.4 ), a armadura transversal deve ser calculada considerando
rc = 0 . Nas peças curvas também deve ser adotado = 0 .
rc
Deve ser observado que há a necessidade de se fazer uma
correção nas armaduras longitudinais, calculadas com as equa ções
dos capí tulos anteriores. Isto ocorre porque a componente horizontal
da força na armadura c apenas Rxj cos (5 — Asfyj cos /3 . Então, a
200 Curso de Concreto Armado

armadura obtida no dimensionamento à flex ão simples deve ser


/
multiplicada pelo fator l cos /? .

-
6.7 Seções pró ximas aos apoios

Considere-se a viga da ftg. 6.7. 1 , submetida a uma carga


uniformemente distribu í da em sua face superior. A viga está apoiada
em pilares, de forma que a carga e as reações de apoio est ão
Esforço cortante 201

Para o caso indicado 11a fig. 6.7.1, a NBR -6118 permite


calcular a armadura transversal com o esforço cortante reduzido
Vn/
na seção S situada à distâ ncia d / 2 da face do apoio. Assim, a tensã o
T j , empregada no dimensionamento da armadura, será dada por

( 6.7. 1 )

Entretanto, para a verificação da tensão no concreto, não c


permitida tal redu çã o. Logo, essa verificaçã o permanece dada por

( 6.7.2 )

Em geral, a redução do esforço cortante devido ao


carregamento distribu ído é pequena, n ã o resultando em uma
economia significativa da armadura . Por isso, usualmentc essa
redução é desconsiderada no projeto das vigas dos edif ícios.
-
Na fig . 6.7.2, indica se uma viga submetida a duas cargas
concentradas aplicadas próximas aos apoios. Novamente, as cargas e
as reações de apoio est ão aplicadas em faces opostas da viga.
Sc a distâ ncia a do ponto dc aplicação da carga até o centro
do apoio for pequena, uma parcela da carga será transmitida ao pilar
através de bielas inclinadas e, portanto, as forças nos estribos serã o
reduzidas. Evidentemente, quando a = 0 , a carga est á aplicada
diretamente no pilar e n ão há necessidade dc estribos na viga para
esse carregamento.
Assim, quando a carga concentrada estiver aplicada a uma
distâ ncia a < 2d do centro do apoio, a NBR-6118 permite calcular a
armadura transversal com o esforço cortante reduzido
Vrcl dado por

Vr* = vA
2d
~<
Vd ( 6.7.3 )
202 Curso de Concreto Armado

f d

1
Esforço cortante 203

<
/
vdi! / Viga Vs
hs
hP
L* i

»p I 2
< M
Pd
A
VS IA 3
Vp

1
Fig. 6.8.1 - Apoio indireto

Esse sistema estrutural pode ser calculado da seguinte


maneira:
- a viga secundária Vs está apoiada no pilar 3 e no ponto A da
viga Vp c recebe a carga concentrada P \ a reação no apoio A c
ít

igual a Vj ;
- a viga principal Vp est á apoiada nos pilares 1 e 2 e recebe a
força de c álculo Vj aplicada no ponto A.
A forç a V l é transmitida à viga principal atrav és de bielas
(

inclinadas, conforme indicado na fig. 6.8. 1 . Entretanto, essa forç a


est á aplicada no banzo inferior da viga principal e é necess
ário
transferi-la para o banzo superior, através de uma armadura de

suspensão”. A área da armadura de suspensão,
As , é dada por

As = , cm2
I fyd
( 6.8. 1 )

onde fyj é a tensão de escoamento de c álculo do aço.


204 Curso de Concreto Armado

Geralmente, a armadura de suspensão é dimensionada para a


totalidade da reação de apoio Vj . Quando as duas vigas tiverem suas
faces superiores no mesmo n ível, como indicado na íf g. 6.8.1, pode-
se considerar uma força reduzida12,20 dada por

(6.8.2 )
hn
Esforço cortante 205

6.9 - Armadura dc costura

No cap í tulo 4 foi mostrado que, em pisos de concreto armado,


uma parte da laje colabora como mesa de compressão dc uma viga T.
Entretanto, para haver o funcionamento como viga T, essa parte da
laje deve ser ligada à nervura da viga através de uma armadura ,
denominada armadura de costura.
Considcrc-sc um elemento infinitesimal tomado ao longo do
eixo dc uma viga T, como indicado na fig. 6.9. 1. Na seção SI atuam
o momento fletor dc cá lculo M j c o esforço cortante de cá lculo V .
ít
A resultante dc compressão no banzo superior dc concreto c ,
Rcc a
força dc tração na armadura longitudinal é Rsj c o braço de
alavanca é Z .

Md+ AMd
n

Md Vd
VAVd
<

RCC R CC+ ARCC



-> -
z Z + AZ
<-* -
Rsd
.
Rsd +ARsd
Fig. 6.9. 1 - Esforços em um elemento de viga

Do equil í brio de momentos fletores na seção Sl , tem-se

Md RCCZ ( 6.9. 1 )
206 Curso de Concreto Armado

Analogamente, a equação de equil íbrio na seção S2 é dada por

Md + A Md = ( Rcc + ARcc\Z + AZ )
. (6.9 . 2 )

onde AMd , ARcc e AZ são variações infinitesimais.


Introduzindo ( 6.9. 1 ) em (6.9 .2) e desprezando a variação AZ
do bra ço de alavanca , resulta

A
Esforço cortante 207

á rea = A1
4
V '
J

xc ^ cc = Aocd
S
ri
z

•• R£d

-
1 ^ 4
Fig. 6.9.2 Tensões de compressão no banzo superior

A resultante de compressão pode ser decomposta em uma


parcela, atuante na nervura, e em outras duas, atuantes nas abas
laterais de área A\ . A resultante de compressã o em cada uma das
abas laterais é RC = A\ (TCCI e considerando a equaçã o (6.9.7),
resulta
^
Rci
^ A
Rcc

Na fig. 6.9.3, representa-se um segmento infinitesimal de uma


( 6.9 .8 )

das abas laterais da mesa de compressã o.


Devido ao esforço cortante Vj , a força de compressã o Rc\
sofre uma variaçã o A /fc,| ao longo do comprimento infinitesimal
dx . Considerando a equaçã o (6.9.8), tem-se

, „
A Rc ] = —AA, —dRdx—,.,. dx, (6.9.9 )

O equil í brio só é possível na presen ça das tensões de


cisalhamento Ta nas ligações entre a mesa e a nervura da viga ,
208 Curso de Concreto Armado

f g. 6.9.3. A equação de equil í brio é escrita


conforme é indicado na í
na fonna

T0 hfdx = ARL\
. (6.9. 10 )

onde h i é a espessura da mesa.


Esforço cortante 2

*o Ui 4A A
h7 «/ (6.9.1

O dimensionamento da armadura de costura é feito com ba


no modelo de treliça representado na fig. 6.9.4.

biela

’ 1
Fc

e Io
FS
z nervura

ac estribo

Fig. 6.9.4 - Treliça na mesa da viga T

Considerando um trecho da viga de comprimento ac igual


espaçamento entre as bielas de compressão obtcm-se as seguin
,
equações de equilí brio:

Fccosd = r achf
0 (6.9.1

Fs = Fc sen 6 (6.9.1
210 Curso de Concreto Armado

onde Fc é a força de compressão na biela, Fs é a força de tração na


armadura de costura e ach é a á rea de contato entre a nervura c a
^
aba lateral, na qual atua a tensã o de cisalhamento Ta .
A força de compressão Fc atua na á rea Ac = hjh
0
, onde
ha = ac sen 6 é a dimensão normal à força ( ver a semelhança com
a fig . 6.2.3). Considerando a equa çã o (6.9.14), a tensã o na biela de
compressão. Oc = Fcj Ac , c dada por
Esforço cortante 21

Essa força deve ser resistida pelos estribos colocado


horizontalmente na mesa. Portanto, o cá lculo da armadura de costur
segue os mesmos passos apresentados na seção 6.2.
Se As| c a á rea da seção transversal de um estribo
considerados todos os ramos que fazem a ligação mesa -nervura, c .
c o espaçamento dos mesmos ao longo do eixo da viga, a força d
tração resistente c dada por

(6.9.21

Fazendo Fsr = Fs , chega-se a

s
= 1,1\bw AIHfydíL (6.9 . 22
^
Essa equa ção fornece a á rea de aço em um comprimento s d
viga, sendo expressa cm enr /cni . Para obter a seção da armadura em
um metro de comprimento, Asj , basta multiplicar a equa çã o (6.9.22
por 100. Com isto, chega-sc à expressão

tl , cm2/m
Asf = 100bw '
A J yd
( 6.9.23

onde
Tc / 1,11 ru. /
( ( 6.9.24

Neste caso, a tensão Tj é calculada sem o fator de redução T


empregado no dimensionamento ao esforço cortante, já que as biela
de compressã o est ão inclinadas a 45°.

A armadura calculada deve ser maior que a armadura m í nima


estabelecida na NBR-6118 como

1,5 enr/m (6.9.25


212 Curso de Concreto Armado

Observa-se que o dimensionamento da mesa de uma viga T c


análogo ao dimensionamento de sua nervura. A nervura c
dimensionada ao esforç o cortante, com o procedimento da seção 6.4.
Desse dimensionamento, resultam os estribos verticais a serem
colocados na nervura. Alem disso, é necessário verificar as tensões
de compressão inclinadas na mesa (equação (6.9. 17)) e calcular os
estribos horizontais da armadura de costura ( equação ( 6.9.23)).
Na fig. 6.9.5, indica-se o detalhe das armaduras na seção T.
Esforço cortante 213

6.10 - Lajes sem armadura de cisalliamento

As lajes podem ser executadas sem armadura transversal,


desde que a tensão convencional de cisalhamcnto
Twd seja menor
que um determinado valor limite. A tensã o limite,
rU7í ] , depende da
resistê ncia do concreto, da espessura da laje c da taxa de armadura
longitudinal do banzo tracionado.
A NBR -6118 dispensa o uso de armadura transversal nas lajes
quando
*wd ^ *wu \ (6- 10.1)

onde Twd = Vd / ( bwd ) c a tensão convencional de cisalhamcnto.


Para lajes submetidas à flex ã o simples, tem-sc

Twul = k( l ,2 + 40p, )rrd (6.10. 2)

onde Trd = 0,25 fctd , sendo fctd a resistê ncia à traçã o de cá lculo
do concreto, obtida por fctd = fctkMjyc .
Considerando as expressões para fclk jnf dadas no Cap í tulo 1
e adotando yc = 1,4 , resulta

Trd = 0,038(/; a. )2/3 ,


, MPa ( 6.10.3 )

Na equação (6.10.2), P\ representa a taxa de armadura


longitudinal de tração que se estende ate n ão menos que d + /
alé m da seção considerada . Quando a verifica ção é feita na seçã*o do
nec

apoio, p\ representa a armadura que chega ao apoio e a í c ancorada,


conforme indicado na fig. 6.10. 1.
O coeficiente k que aparece na equação ( 6.10.2 ) tem os
seguintes valores:
- para lajes onde 50% da armadura inferior não chegam ate o
apoio: k = 1 ;
214 Curso de Concreto Armado

- para os demais casos: k


útil da laje em metros.
— —
1,6 d > 1 , onde d é a altura

A ,

i
i d d
I - I
us
4
bw
i 4
Esforço cortante 215

Twu ] = l,53(l ,2 + 40x 0, 1 /100 )x0,28 = 0,53 MPa

No limite, quando TW / = rH7/ 1 , o esforç o cortante de cá lculo


(


será V j max bwdtwu| .
(

Os esforços solicitantes nas lajes são calculados para uma


faixa dc largura unitária, dc modo que bw = 1 m. Assim , adotando
bw = 100 cm, d = 7,5 cm c Twu ( = 0,053 kN /cm2, resulta Vd max
em kN/m.
Logo, o máximo esforço cortante de cá lculo, para 0 qual ainda
é permitido dispensar o uso dc armadura transversal , é dado por

Vdmax = 100x7 ,5x0,053 = 39 ,8 kN /m


O má ximo esforço cortante caractcrí stico c

vk inax = -
,

^ = 28,4 kN/m

Supondo que a laje c simplesmente apoiada nas quatro bordas ,


a carga uniformemente distribu í da que corresponde a esse
esforço cortante será sempre maior que 2V max / / . Logo,
^
Pk > = n,4 kN /l112
Em uma laje do tipo considerado , a carga dc servi ço usual c da
ordem dc 5 kN /m 2 ( considerando o peso próprio, o revestimento e a
carga acidental ). Essa carga é muito inferior à carga limite e,
portanto , não haverá necessidade de armadura transversal .
Assim , nos casos correntes dos edif í cios residenciais e dc
escritórios, a espessura das lajes é determinada pela flexão ( para
resultar armadura simples e para satisfazer os estados limites de
utilização) . Por isso, geralmente não é necessário verificar o esforço
cortante no projeto das lajes maciças dos edif ícios.
Cap í tulo 7

ANCORAGEM E EMENDAS DAS


BARRAS DA ARMADURA

-
7.1 Ancoragem por ader ê ncia

A ancoragem das banas da armadura pode ser feita por


aderência ou por dispositivos especiais, corno placas de ancoragem.
As ancoragcns por aderência são mais baratas e por isso são sempre
usadas, quando se dispõe de um comprimento necessá rio para as
mesmas.
Na fig. 7.1. 1, representa-se uma barra de a ço solid á ria a um
bloco de concreto e submetida a uma força de tração de cá lculo Rsc .
/
Devido à aderência entre o concreto e o aço, surgem tensões
tangenciais Tb na interface entre os dois materiais. Dessa maneira, a
força de traçã o na barra de aço é transferida ao concreto ao longo do
comprimento //, .

^ T
>
R sd
L * b
>

Fig . 7.1. 1 - Tensões de aderê ncia

As tensões de aderência Tb são variá veis ao longo do


comprimento de ancoragem lb . Entretanto, para efeito de projeto é
suficiente considerar o valor médio de cá lculo fbcj .
218 Curso de Concreto Armado

Se a tensã o na barra é igual à tensão de escoamento de cá lculo


do a ço, fyj , a força R c dada por
^
ntp 2
R sd
^sfyd ^ . / yd ( 7.1 . 1 )

onde (j) é o diâ metro da barra .


Essa força deve ser equilibrada pelas tensões de aderê ncia que
Ancoragem e emendas das barras da armadura 219

>
R',sd

<— >. tração


compress ão
Fig. 7.1.2 - Trajetórias das tensões principais na ancoragem

As tensões de compressão <7 V , necessárias ao equilíbrio,


propagam-se pelo concreto a partir da extremidade da barra,
conforme indicado na fig. 7.1.2. Na direção transversal à barra
surgem tensões de tração, cuja resultante produz o esforç o de tração
transversal denominado esforço de fendilhamento. O valor máximo
do esforço de fendilhamento é aproximadamente igual a
/
RSí / 4 , nos
casos de ancoragem por aderência 2 .
*’
Em virtude das tensões de tração, surge sempre o risco de
aparecerem fissuras longitudinais ou de fendilhamento na região da
ancoragem. Se o cobrimcnto de concreto, c , for pequeno em relação
-
ao diâmetro da barra, ele pode romper se, como indicado na fig.
7.1.3.
Os efeitos desfavor áveis do fendilhamento podem ser
eliminados quando existe uma compressão transversal na zona da
ancoragem, como ocorre nos apoios diretos das vigas. Se essa
compressão não existir, c necessário colocar uma armadura
transversal, ao longo do comprimento de ancoragem, capaz de
absorver os esforços de fendilhamento.
220 Curso de Concreto Armado

Por isso, a NBR-6118 exige que, à exceção das regiões sobre


apoios diretos, as ancoragens por aderência sejam confinadas por
armaduras transversais ou pelo próprio concreto. Neste último caso,
é necessário que o cobrimcnto da barra ancorada seja maior ou igual
a 30 e que a dist ância entre barras ancoradas também seja no
mínimo igual a 30 .
Ancoragent e emendas das barras da armadura 221

ao corte, o que permite uma ligação efetiva entre o aço e o concreto.


A aderê ncia mecânica també m ocorre nas barras lisas, devido a
irregularidades superficiais sempre existentes, porem o seu efeito é
bem menor que nas barras nervuradas.
A resistência da aderê ncia é determinada cm ensaios de
arrancamento, como ilustrado na fig. 7.2. 1.

TA
concreto
o

ITT t- T I T
0
p
>r

Fig. 7.2. 1 - Ensaio de arrancamento

A barra dc aço está ligada ao bloco de concreto através do


comprimento dc ancoragem l0 , A força de traçã o P é incrementada
at é a barra ser extra ída do corpo de prova . Durante o ensaio, mede-se
o deslocamento relativo da barra de a ço, A , na extremidade
indicada .
A tensão de aderência m édia, , é dada por

P _ P
( 7.2 . 1 )
222 Curso de Concreto Armado

Na fig. 7.2.2, indicam-se as relações entre a tensão de


aderê ncia, Tj , e o deslocamento relativo, A , para as barras lisas e
para as barras ncrvuradas.
A tensão de aderê ncia de cá lculo, fbcj , é aquela que
corresponde a um deslocamento convencional da extremidade da
bana, como indicado na fig. 7.2.2. Observa-se que, para as barras
lisas, a força ú ltima de ancoragem é atingida logo depois de vencida
a adesã o c iniciado o escorregamento. Por isso, as normas de projeto
exigem o emprego de ganchos nas extremidades das barras lisas
Ancoragem e emendas das barras da armadura 223

-
7.3 Tensã o ultima de ader ê ncia

O valor ú ltimo da tensã o de aderência de cá lculo, é


definido na NBR-6118 cm funçã o da qualidade da aderência . Essa
qualidade é medida pela conformação superficial e pelo di â metro das
barras de a ço, pela resistência do concreto c pela localização das
barras na estrutura.
Nos casos de concretagem sobre formas fixas, consideram -se
cm uma situaçã o de boa aderê ncia, os trechos das baixas que estejam
em uma das posições seguintes:

- com inclinação não inferior a 45° cm relação a horizontal;


- horizontais ou com inclinaçã o menor que 45° sobre a horizontal,
desde que localizadas no má ximo 30 cm acima da face inferior da
peça ou da junta de concretagem mais próxima, quando h < 60 cm,
ou desde que localizadas a mais de 30 cm abaixo da face superior ou
da junta de concretagem mais próxima, quando h > 60 cm.

Os trechos das barras cm outras posições, e quando do uso de


formas deslizantes, devem ser considerados cm uma situaçã o de m á
aderê ncia.

Na íf g. 7.3. 1 , são ilustrados os casos poss í veis para


concretagem sobre formas fixas.

O valor de cá lculo da tensã o ú ltima de aderência é obtido com


o emprego da expressã o

fbd ~ ;/ l Th
'73 fetd ( 7.3. 1 )

onde fckj é o valor de cá lculo da resistência à traçã o do concreto,


obtido a partir da resistência caractcr ística inferior fcl / . i n f , e os
coeficientes // levam cm conta os demais fatores que influenciam na
resistência da aderência.
224 Curso de Concreto Armado

(B) boa aderência (M) má aderência


M
-E
c B HTSco f%
_
t
E
li
L <
CD
V/ L B
Ancoragem e emendas das barras da armadura 225

fed
fvA inf
,
(7.3.2)
7c

onde yc é o coeficiente de minoração da resistência do concreto.


É conveniente escrever a expressão ( 7.3. 1 ) cm termos da
resistência à compressão de cá lculo do concreto fcd . Para isto,
-
adota se a relação entre fctk inf c fck dada no cap í tulo 1 .
Considerando as expressões ( 1.3. 1 ) c ( 1.3.2 ) do cap í tulo 1 ,
pode-se escrever
fctk , inr = 0,2 iya. 2/ 3 , MPa ( 7.3 . 3 )

Considerando os valores / /1 = 2,25 ( para barras nervuradas),


// 2= 1,0 ( para situações de boa aderência ), //3 = 1,0 ( para barras com
(f> < 32 mm ) c o coeficiente de minoração da resistência do concreto

yc = 1,4 , combinando as equações (7.3. 1 ), (7.3.2) c (7.3.3), c


lembrando que fck = ycfcd , chega-se à expressão

fhd / MPa
= 0 ,42{ fcd )2\ ( 7.3.4)

A expressão ( 7.3.4) c v á lida para barras nervuradas cm uma


situa çã o de boa aderê ncia, desde que (j) < 32 mm .
Considerando apenas os casos usuais cm que </> < 32 mm , para
as situações de boa aderência, a tensão de cá lculo f ) ! é dada por
)(

fbd ~ k 0,42(/ct/ )2/3 , MPa ( 7.3.5 )

onde A' = 1,00 para barras nervuradas, k = 0,62 para banas


entalhadas c k = 0,44 para banas lisas.
Para as banas em situações de má aderência, a expressão
(7.3.5) deve ser multiplicada por 0,7. Logo, o comprimento de
ancoragem será 43% maior para as barras em posi ções de m á
226 Curso de Concreto Armado

7.4 - Comprimento de ancoragcm reta

Quando a á rea de aço efetivamente adotada no projeto, Axe ,


for superior à á rea de a ço exigida pelo cá lculo, Asca/ , o
comprimento de ancoragcm pode ser reduzido, já que a tensã o na
armadura é inferior à tensão de escoamento. Nesses casos, o
comprimento de ancoragcm necessá rio, / /, nec , é dado por
Ancoragem e emendas das barras da armadura 227

As barras constituintes dc feixes devem ter ancoragem reta,


sem ganchos, e devem atender à s seguintes condições:

a ) quando o di â metro equivalente do feixe for menor ou igual


a 25 mm , o feixe pode ser tratado como uma barra ú nica, dc di â metro
<pn , valendo todas as prescrições para ancoragem dc barras isoladas;

b) quando o diâ metro equivalente for maior que 25 mm, a


ancoragem deve ser calculada para cada bana isolada, defasando as
suas extremidades para reduzir os efeitos de concentrações de
tensões de aderência; essa defasagem das extremidades n ão deve ser
inferior a 1 ,2 vezes o comprimento de ancoragem de cada barra
isolada;

c) quando, por razões construtivas, n ã o for poss í vel proceder


como recomendado no item (b), o feixe pode ser tratado como uma
barra ú nica de diâmetro ipn ; neste caso, é obrigat ó rio o emprego de
armadura transversal adicional na regi ão da ancoragem.

O comprimento de ancoragem das banas comprimidas


també m é calculado com a expressã o ( 7.4. 1 ). Nesses casos, as barras
só podem ser ancoradas com ancoragem reta.

7.5 - Barras com ganchos

Uma maneira eficiente para reduzir o comprimento de


ancoragem consiste no emprego dc barras com ganchos dc
extremidade. Nesse caso, uma parcela da força na barra de aço é
transmitida ao concreto por meio das pressões de contato no trecho
curvo da barra, conforme é indicado na fig. 7.5. 1.
A tensã o de compressão <Tc / no plano do gancho depende da
}

tensão na armadura, <7 Ç / , do di â metro da barra, <p , c do raio de


(

dobramento, R . Dc uma forma simplificada, essa tensão pode ser


representada por

( 7.5. 1 )
onde /cj c um fator de proporcionalidade.
228 Curso de Concreto Armado

<gn
_y i4>
Ancoragem e emendas das barras da armadura 229
I
m í nimos indicados na fig.7.5.2. Para as barras lisas, os ganchos
deverão ser sempre semicirculares.
Nos ganchos dos estribos, os comprimentos m í nimos são de
50 > 5 cm para o Tipo 1 e o Tipo 2 e de 100 > 7 cm para o Tipo 3.
Este ú ltimo tipo de gancho nã o deve ser utilizado para estribos de
banas e fios lisos.

2 <t) 4d>

CL
Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3

Fig. 7.5.2 - Tipos de ganchos

Os diâmetros m í nimos de dobramento dos ganchos e estribos


exigidos pela NBR -6118 sã o indicados na tabela 7.5. 1 .

Tabela 7.5. 1 - Diâ metros m í nimos de dobramento


( ganchos c estribos )

Bitola CA-25 CA-50 CA-60


0 < 20 40 50 60
0 > 20 50 80
Para estribos de bitola n ã o superior a 10, o di â metro m í nimo
de dobramento é igual a 30 .
As barras lisas tracionadas devem ser ancoradas com gancho,
obrigatoriamente. Poré m , as banas que forem sempre comprimidas
devem ser ancoradas apenas com ancoragens retil íneas, pois os
ganchos aumentam o risco de fendilhamento na extremidade da
barra. Nas barras sujeitas a esforços alternados de tração e dc
compressão, deve-se fazer a ancoragem sem ganchos. N ão é
recomendado o emprego de gancho para banas de 0 > 32 mm .
230 Curso de Concreto Armado

Para levar em conta o efeito favorável do gancho, o


comprimento de ancoragem pode ser reduzido cm relaçã o à
ancoragem reta , como indicado na fig. 7.5.3.

fC
Ancoragem e emendas das barras da armadura 231

Devido ao espraiamento das tensões de compressão


decorrentes do esforço normal Nj , as armaduras do pilar já seriam
desnecess á rias em uma seçã o situada a uma profundidade JC do topo
da sapata ou do bloco ( ver cap í tulo 8 do Volume 4). Ou seja, as
armaduras podem ser efetivamente ancoradas na região superior do
bloco( 2 l ). Entretanto, por prud ência, procura-se garantir que a sapata
ou o bloco permitam que as barras do pilar tenham um comprimento
de ancoragem m í nimo igual a 0,6 / , , aproximadamente.
/

|Nd

/ / /
/ / \ \ \
\ \ \
(Q
MTT: - k\
,

\\\ w
N
\ u
CD
'
/ / \ \
\
\w O
V/ / \
v \| A V' // J - \ \ N|
II
A

A i < A

Sapata Bloco
Fig. 7.5.4 — Ancoragem das barras de arranque dos pilares

Observa-se que as extremidades das barras do pilar sã o


dobradas com ganchos a 90° c apoiadas sobre a armadura horizontal
da sapata ou do bloco. Se a armadura do pilar estiver comprimida,
ela será ancorada no seu trecho superior, de modo que o gancho
estará livre de tensão. Assim, n ão se est á fazendo uma ancoragem de
barras comprimidas com gancho, pois o gancho tem a ú nica
finalidade de facilitar o posicionamento das barras do pilar.
Por outro lado, se algumas barras do pilar estiverem
tracionadas, devido à presença de momentos flctorcs, o gancho
entrará em ação, permitindo que se adote / ,
/ IWC s 0,6//, ( neste caso,
tem-sc a superposição dos efeitos favoráveis do gancho e de um
grande cobrimento de concreto).
Devido à ampliaçã o da á rea carregada dentro da sapata ou do
bloco, a tensão na armadura do pilar diminui muito rapidamente com
a profundidade x, como se mostra na fig. 7.5.5 para um pilar de
232 Curso de Concreto Armado

seção quadrada com 20 cm de lado e dois valores da taxa de


armadura p .

Topo da sapata
o
p=1%
2
0=4%
4

E 6
Ancoragem e emendas das ban as da armadura 233

1
a
i
a
TT
/ I
i II I
s II l
5 / 44 - l
i I I \
i I I l
i I
( > =a
|
« -
<-
4»a >

Í Í
Fig. 7.5.6 - Ancoragem das barras de arranque do pilar nos blocos
sobre uma estaca

7.6 - Outros fatores de redu çã o do comprimento de ancoragem

-
Al ém dos ganchos, permite se considerar outros fatores de
redução do comprimento de ancoragem . Dentre os fatores favorá veis
para a ancoragem incluem-se a coloca çã o de barras transversais,
soldadas ou não, o emprego de maior cobrimento de concreto e a
existê ncia de pressão transversal na regi ão da ancoragem.
No caso do emprego de barras transversais soldadas à barra
que está sendo ancorada, devem scr obedecidas as seguintes
condições, conforme a fig. 7.6. 1 :

a) o diâ metro 0,da barra soldada deve ser maior ou igual a 0,60 ,
sendo 0 o diâ metro da bana que est á sendo ancorada;
b) a distâ ncia da barra transversal ao ponto dc in ício da ancoragem
deve ser maior ou igual a 50 ;
c ) a resistência ao cisalhamento da solda deve superar a força
m í nima dc 0,3 Asfyj ( isto é, 30% da resist ê ncia da bana que est á
sendo ancorada ).
234 Curso de Concreto Armado

0,>0,6(1)
ID - JJ -
>50 >50
< H k-
ib,nec ib,nec
i - -
«-

:o -
Ancoragem e emendas das barras da armadura 235

Tabela 7.6. 1 - Coeficientes de redução do comprimento de


ancoragem para barras tracionadas
Coeficiente «| : Forma das barras
barras retas, sem gancho « 1 ,=
barras com gancho ou laço
= 0,7 se Cj > 3</>
«1 = 1 se cd < 30
Coeficiente a2 : Barras transversais soldadas
barras retas, com gancho ou laço a 0,7 2 =
Coeficiente «3 : Cobrimento das armaduras
barras retas, sem gancho C
a3 = \ 0,15 </
<P ^
com 0,7 < «3 < 1
ban as com gancho ou laço _ 3 Z>
«3 = 1 0,15
C í/
<
<P
com 0,7 < «3 < 1
Coeficiente «4 : Barras transversais n ã o soldadas
barras retas, com gancho ou laço « 1 - kX 4 =
com 0,7 < «4 < 1
Coeficiente «5 : Pressão transversal p em MPa
barras relas, com gancho ou laço « 1 0,04 p
0,
5 = —
7 <« <1 5

Ao usar a tabela -
7.6. 1 , deve se impor a restrição
«3«4«5 > 0,7 .
No caso de ancoragem de barras comprimidas, só as reduções
relativas aos coeficientes «2 c «5 sã o permitidas. Neste caso, deve-
se considerar «| = «3 = «4 = 1 . Os coeficientes « c a sã o os
2 5
mesmos indicados na tabela 7.6 . 1 .
Da tabela 7.6.1 , observa-sc que barras relas com cobrimcnto
cd superior ao diâ metro 0 permitem redu çã o ( «3 < 1 ). No caso de
236 Curso de Concreto Armado

barras com gancho, esse cobrimento deve ser superior a 30 para se


considerar essa redução. Nesse caso, os coeficientes OC\ e a3 se
sobrepõem.
Na fig. 7.6.2, indica- se a determinação do cobrimento para
baixas retas, ganchos e laç os horizontais.

barras retas ganchos laços


— v — — —
Ancoragem e emendas das barras da armadura 237

TI1 AS - A. Ast
1 >. ! 1
1
ô*
I 'k
A
/* !
1
1 1
\

k =0 ,1 k =0 , 05 k =0
Fig. 7.6.3 - Valores do coeficiente k

Nas ancoragens de telas soldadas compostas por fios lisos ou


com mossas, podem -se adotar os mesmos critérios de barras
ncrvuradas, desde que o n ú mero n de fios transversais soldados ao
longo do comprimento de ancoragem atenda a relação
n > 4 As ca/ j Ase .
7.7 - Ancoragem em apoios de extremidade

No cap í tulo anterior, foi mostrado que, em decorrência das


fissuras inclinadas, a força na armadura longitudinal dc tração cm
uma seção transversal da peça c proporcional ao momento fletor
solicitante em uma seçã o vizinha, dela afastada dc uma distâ ncia O .
/
-
Assim, nos apoios dc extremidade deve se considerar uma força dc
tra ção na armadura longitudinal dada por

AMj ~ AMd
Rsd Z d
( 7.7. 1 )

onde Z é o braço de alavanca, que pode scr tomado como sendo


aproximadamente igual à altura ú til d da seção transversal da peça.
O incremento de momento, A Md , é igual a

,
A Md = a Vd ( 7.7.2 )

onde Vj é o esforço cortante de cá lculo ( igual à reação dc apoio).


Assim , a força a scr ancorada nos apoios de extremidade das
vigas e das lajes é dada por
238 Curso de Concreto Armado

* «/ =
^
a

onde Uf é obtido da equação (6.5.9) do capítulo anterior.


(7.7.3)

Portanto, a armadura calculada, As ca/ , para a determinação


do comprimento de ancoragem nos apoios de extremidade, c

s ,cal — sd fyd (7.7.4)


Ancoragem e emendas das barras da armadura 239

f /? + 5,50
h,nec [ 6cm
(7.7.5)

sendo (j) o diâmetro da barra e R o raio de dobramento do gancho.


O limite R + 5 ,5<p tem por finalidade garantir que o in ício da
curva de dobramento do gancho fique dentro da regi ão do apoio,
conforme indicado na fig. 7.7.2.
O trecho reto que é exigido antes do in ício da dobra de
ancoragem tem por finalidade evitar que o gancho atue à plena carga,
possibilitando o fendilhamento do concreto. Na verdade, o gancho
-
sozinho é capaz de ancorar toda a força de tração( 2 2 l >. Em virtude da
compressão transversal existente nos apoios, esse trecho reto pode ter
apenas o comprimento indicado na equação ( 7.7.5). O mesmo não
ocorre se o gancho terminar fora do apoio e, neste caso, o
comprimento mínimo do trecho reto c dado na equação ( 7.4.3).
face do apoio

í,h
\
\
t
s
± <l>
4,54) t
1

1R + 5, 54>
^ 6 cm
Fig. 7.7.2 - Gancho nos apoios de extremidade

Quando o apoio de extremidade da viga for estreito, poderá


,
resultar lf nec > lb,disp » onde lb,nec ® comprimento de ancoragem
°
com gancho, respeitados os limites da equação ( 7.7.5), e Ibjisp ®
comprimento disponível dentro do apoio. Neste caso, não é possí vel
°
fazer a ancoragem com gancho. Uma alternativa para fazer a
ancoragem c o emprego de grampos adicionais, conforme indicado
na fig. 7.7.3.
240 Curso de Concreto Armado

grampos de
di â metro Z.

Fsd d
>
->
I b.disp i b, l
"
I
Rsd=(a /d )Vd
Ancoragem e emendas das ban as da armadura 241

FSd

>_
T

"" Rsd.n
Ib.disp

Rsd ,n Rsd

Ib.nec
Fig. 7.7.4 - Modelo dc biela e tirante para ancoragem com grampos
em apoios de extremidade

A força nã o
ancorada é igual a
Rsd ,n = Rsd ( [ - lb ,disp / lb,necJ -
Essa foi 9a é transferida aos '

grampos através da biela de compressã o, a qual est á submetida à


força Fc = RS ít njcosO . A resultante dc tra çã o nos grampos c
Fsj = Fc cos 0 , dc onde resulta a expressão ( 7.7.6).

Exemplo:

Considere a viga biapoiada indicada na fig. 7.7.5.


A viga se apoia nos pilares PI e P2, ambos com 20 cm de
largura. O vão livre c l 1 = 580 cm e o vão de cá lculo, definido como
(

a dist â ncia entre os eixos dos pilares de apoio, é / = 600 cm


( / = 6 m). A viga é solicitada por uma carga de serviço
uniformemente distribu ída p / = 20 kN /m . As dimensões da seção
t

transversal també m sã o indicadas na fig. 7.7.5.


O concreto possui fc = 30 MPa e o aço da armadura
longitudinal é o CA -50.
^
242 Curso de Concreto Armado

P1 1 P2
60
55
20.
<- Jo=580 cm 20
AS,

pk=20 kN/m
i

k-
20 w
-
JST seção transversal
Ancoragem e emendas das barras da armadura 243

ser cortada, ficando com um comprimento reduzido, c as outras dua


barras passam corridas de apoio a apoio.
Todas as três barras da viga devem ser ancoradas. Para a barr
mais curta, deve-se fazer uma ancoragem no vão. Para as duas barra
que passam corridas, devem-se fazer as ancoragens nos apoios d
extremidade. Em todos os casos, tem-se ancoragem em zona de bo
aderê ncia. O estudo detalhado do escalonamento das armaduras da
vigas c apresentado no Volume 2.

C) Ancoragem no vão

Neste caso, a á rea de aço calculada é igual à á rea obtida n


dimensionamento para o momento flctor, ou seja, As caj = 5,61 cm2
A á rea de aço existente corresponde à seção das três barras, isto é
Ase = 6,03 cm2.
- resistência da aderência:

fed
cd = í1^,4- = —1,4 = 21,43 MPa

fhd = 0 A2 { fccl )2/ 3 = 0, 42( 2 l ,43 p => fM = 3,24 MPa


- comprimento básico de ancoragem:
, f f yd 1,6 434,8 , ..
4 fh., 4 3,24

onde f v j = 500/1,15 = 434,8 MPa c a tensã o de escoamento d


cá lculo do aço CA -50.

- comprimento m í nimo de ancoragem:


Para ancoragem no v ão, rela ou com gancho, o compriment
mí nimo de ancoragem é dado pelo maior dos valores
244 Curso de Concreto Armado

0 ,31b — 0 3*54 = 16,2 cm


,
1b,min — " 100 = 10x1,6 = 16 cm
10 cm

° °’ lb,min = I ? cm.
L g

- comprimento de ancoragem reta:


Ancoragem e emendas das barras da armadura 245

- armaduras nos apoios dc extremidade:


A área da armadura calcula nos apoios é dada por

As.cul °LLL
d J yd
onde O/ c o deslocamento horizontal do diagrama dc momentos
flctores, conforme apresentado na seção 6.5 do cap í tulo 6.
Para as vigas dos edifícios, podc-sc adotar at d , como uma=
simplificaçã o a favor da segurança. Desse modo, obtém-se

Vi 84
As'cal = ^ As’cal = 193 Cnr
743ÃS
Como apenas duas barras de 16 mm chegam até os apoios da
viga, tem-se Ase = 2 x 2,01 = 4,02 cnr .

- comprimento de ancoragem reta:


As ,cal 1,93
/bjiec 1b 54JC /b ,nec 26 cm
Ase 4,02 ^
O comprimento m í nimo dc ancoragem reta é l [, mjn = 17 cm,
como foi visto anteriormente.
Como lb nec > lb min , dcvc-sc adotar lb mc = 26 cm.

Observa-sc que n ã o é poss í vel fazer a ancoragem reta, pois o


pilar tem apenas 20 cm dc largura. Descontando 3 cm do cobrimento
das barras ( supondo a classe II dc agressividade ambiental ), sobram
apenas 17 cm para se fazer a ancoragem, o que é bem menor que
lb>nec = 26 cm. Neste caso, deve-se fazer a ancoragem com gancho.
246 Curso de Concreto Armado

- comprimento de ancoragem com gancho:


1 93
= 0,7x54x —4,—02 b nec
'
= 18 cm

O comprimento m í nimo de ancoragem com gancho, nos


apoios de extremidade das vigas, é
Ancoragem e emendas das barras da armadura 247

prá tica, as barras seriam prolongadas até a extremidade do pilar,


adotando-se todo o comprimento dispon í vel , ou seja , lb nec = 17 cm.

-
7.8 Armadura transversal nas ancoragens

Conforme foi indicado na fig. 7.1 .2, na regi ã o das ancoragens


surgem tensões de traçã o transversais que podem provocar o
fendilhamento do concreto c, consequentemente, prejudicar as
condi ções de ancoragem. O esforço má ximo de fendilhamento ocorre
no terço extremo do comprimento de ancoragem e vale
aproximadamente 25% da força ancorada 2 .
’’
As tensões de tra çã o podem ser eliminadas quando h á uma
compressão transversal à barra ancorada , como ocorre nos apoios das
vigas. Entretanto, nos locais onde essa compressão não existe ou é
insatisfatória, deve-se prever uma armadura capaz de resistir ao
esforço de tração transversal. A armadura transversal deve ser
distribu í da ao longo do comprimento de ancoragem 1 / , nec c deve ser
capaz dc resistir a 25% do esforço de uma das barras ancoradas.
-
Havendo barras de diâmetros diferentes, considera sc a barra dc
maior di â metro.
Em geral , a armadura transversal já existente, como os estribos
para o cisalhamento ou a armadura de suspensão nos apoios
indiretos, é suficiente para absorver o esforço de fendilhamento.
Porem, quando a armadura longitudinal é disposta em vá rias
camadas, c necessá rio prever uma armadura transversal adicional . Sc
os estribos já existentes tiverem um espaçamento pequeno ( de no
máximo 10 cm ), a armadura transversal pode ser constitu ída por
barras suplementares, como indicado na fig. 7.8. 1 . Entretanto, é
sempre prefer í vel o emprego dc estribos adicionais, dc altura
reduzida, envolvendo a armadura longitudinal*21>.
Nas ancoragens das barras comprimidas, uma parcela da força
é transmitida ao concreto através da ponta da barra . As pressões de
ponta introduzem um esforço transversal de traçã o que pode romper
o cobrimento de concreto. O esforço de fendilhamento ( igual a 25%
da força ancorada) deve scr resistido por estribos colocados ao longo
do comprimento + 40 . Pelo menos um estribo deve ser
248 Curso de Concreto Armado

colocado ao longo do comprimento 4(j) além da extremidade da


barra, conforme est á indicado na fig. 7.8.2.
Ancoragem e emendas das harms da armadura 249

-
7.9 Emendas das barras da armadura

As emendas das barras da armadura devem ser evitadas


sempre que poss í vel. Quando necessá rio, as emendas podem ser
feitas por traspasse, através de solda, com luvas rosqueadas ou com
outros dispositivos devidamente justificados. As emendas com solda
ou luvas rosqueadas exigem um controle especial para garantir a
resistência da emenda.
A emenda por traspasse é mais barata, por ser de fácil
execuçã o, e faz uso da própria aderência entre o a ço c o concreto. De
acordo com a NBR -6118, esse tipo de emenda não é permitido para
barras de bitola superior a 32 ( <p > 32 mm ), nem para tirantes e
pendurais ( peças lineares de seção inteiramente tracionada ).
No caso de feixes, o di â metro do círculo de mesma á rea, para
cada feixe, não pode ser superior a 45 mm. Al ém disso, as banas
constituintes do feixe devem ser emendadas uma de cada vez sem
que, em qualquer seção do feixe emendado, resultem mais de quatro
banas.
Nas emendas por traspasse, a transferência da força dc uma
barra para outra se faz através de bielas comprimidas inclinadas,
como indicado na fig. 7.9. 1 . A distâ ncia livre entre as banas
emendadas deve ser no m á ximo igual a 4(p .

< C

/77 i
t
~ < 4(j)

ot
«-
Fig. 7.9. 1 - Emenda por traspasse
250 Curso de Concreto Armado

O comprimento do traspasse, lol , das barras tracionadas é


dado por
1ot ~
^oJb,nec — ^ ot ,min (7 - 9.1 )

onde Ijy nec é o comprimento de ancoragem, dado na expressão


(7.6. 1 ), e aol > 1 é um coeficiente que leva cm conta as piores
condições na regi ã o da emenda, em rela ção à ancoragem de uma
barra isolada.
Ancoragem e emendas das barras da armadura 251

lo,
<

Fig. 7.9.2 - Emendas na mesma seção

A NBR-6118 estabelece uma proporção máxima de barras


tracionadas que podem ser emendadas na mesma seção, conforme a
tabela 7.9.2.
Quando se tratar de armadura permanentemente comprimida
ou de distribuição, pcrmite-sc que todas as barras sejam emendadas
na mesma seção.

Tabela 7,9.2 - Proporção m áxima de barras tracionadas emendadas


Tipo de barra Situação Carregamento
está tico dinâmico
alta aderê ncia em uma camada 100% 100%
em mais de uma camada 50% 50%
lisa 0 < 16 mm 50 % 25%
(p > 16 mm 25% 25%

O comprimento do trecho de traspasse das barras


comprimidas, loc , é dado por

1oc h>,nec — l )C ,min


(
( 7.9.3 )

com o valor m í nimo dado por


20cm
'oc,inin — ‘ \ 5 <f>

,
0 ,6 / ,
( 7.9.4 )
252 Curso de Concreto Armado

Para as barras comprimidas , CXoc = 1 , resultando loc = 1/ , nec ,


porque uma parte da força é ancorada pelo efeito de ponta.

Na regi ão das emendas por traspasse surgem esforços de


tração que devem ser resistidos por uma armadura transversal . A
armadura transversal melhora a ductilidade na regi ão da emenda ,
evitando uma ruptura brusca por descolamento do cobri mento de
concreto, como indicado na fig . 7.9 . 3 .
Ancoragem e emendas das barras da armadura 253

c) Se a < \ Q(p , onde a é a distâ ncia entre as duas barras mais


próximas de duas emendas na mesma seção, como na fig. 7.9.2, a
armadura transversal de costura deve ser constitu ída por estribos
f g. 7.8. 1 .
fechados, como indicado na í

A armadura transversal deve concentrar-sc nos terços


extremos da emenda c seu espaçamento, medido na direção das
barras emendadas, não deve scr maior que 15 cm . No caso de
emendas de barras comprimidas, pelo menos uma barra da armadura
transversal deve ser colocada ao longo do comprimento 4 (f) além da
extremidade da emenda.
-
Na fig. 7.9.4, indicam se as disposições das armaduras
transversais nas emendas por traspasse.

<15cm
As,/2
M
* -
<-
J

lo,/3 lo,/3 >


< — v
lo, <
-

Barras tracionadas

As,/2
<15cm
<t>

\í*i<<-
U/3 >
loc
loc/3
—4|
(
M !-
>

Barras comprimidas
Fig. 7.9.4 - Armadura transversal nas emendas
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