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v.3 - n.7 - Julho - Dezembro 2008
Semestral
Artigo:
Autores:
Marciane Rigo 1
Claudecir Bleil 2
1
Especialista em Auditoria Contábil – IDEAU, Getúlio Vargas, RS - marcianerigo@hotmail.com
2
Mestre em Ciências Contábeis – UNISINOS, São Leopoldo, RS - claudeciregp@tolrs.com.br
Auditoria das Demonstrações Contábeis: um estudo da
Evidenciação e Transparência das Informações em uma
Cooperativa de Crédito Rural
Resumo: Na atual conjuntura do mercado empresarial existem vários fatores determinantes para as empresas
serem competitivas, dentre os quais pode-se destacar a contabilidade, que através de suas técnicas e relatórios
pode proporcionar aos gestores informações relevantes para o processo da tomada de decisões. A auditoria é uma
dessas técnicas que pode propiciar aos gestores uma melhor avaliação de seus controles internos e também dar
mais credibilidade aos registros e demonstrações contábeis, visando demonstrar transparência aos associados.
Sendo assim, buscou-se verificar por meio de um estudo de caso em uma cooperativa de crédito rural, a Cresol
Getulio Vargas, qual o nível de transparência e evidenciação das informações publicadas, tendo como base as
demonstrações contábeis, notas explicativas e pareceres de auditoria dos últimos três exercícios da organização.
Como resultado verificou-se que as notas explicativas e os pareceres de auditoria em várias situações não
mencionam os motivos das oscilações mais significativas das principais contas do Balanço Patrimonial e da
Demonstração do Resultado do Exercício o que dificulta uma melhor análise e compreensão pelos usuários da
informação, principalmente os associados. Também se destacou a importância e o papel da auditoria nas
demonstrações contábeis, pois são instrumentos que visam gerar transparência e evidenciação da atual situação
das cooperativas, transmitindo transparência e confiabilidade aos associados.
Abstract: In the current situation of enterprising market there are many determinant factors that leads companies
to become competitive, among them accounting are pointed out, because through its techniques and reports,
managers are able to get important information for their process of taking decisions. Audit is one of these
techniques, providing managers a better assessment of their internal controls and also assuring major credibility
for reports and accounting demonstrations, aiming to demonstrate transparence to the associates. This way, a
case study was developed about a rural credit cooperative, Cresol Getúlio Vargas, which empathizes the level of
transparence and disclosure of the published information, based on accounting demonstrations, explicative
receipts and audit opinions of the last three exercises of the organization. As result, it was checked that the
explication receipts and the audit opinions in many situations do not mention the reason for the major varies of
the mean accounts of Patrimonial Balance and Exercise Demonstration Result, what hinders a better analyses
and comprehension by the information user, meanly the associates. The audit role and its importance on
accounting demonstrations were also pointed out, because these instruments intend to generate transparence and
disclosure of the cooperatives current situation, transmitting safety for the associates.
1 INTRODUCÃO
2
A função da contabilidade é estudar e controlar o patrimônio das empresas, e para
tornar mais eficiente esse controle, tem-se a auditoria que através de suas técnicas pode
confirmar a veracidade das demonstrações contábeis, dando uma maior credibilidade nas
informações. Para buscar a modernização e o sucesso dos seus negócios, os gestores das
organizações procuram utilizar planos com métodos e medidas denominados controles
internos que buscam a eficiência operacional, diminuição de desperdícios, maior confiança e
segurança quanto ao processo da tomada de decisões, visando proteger seus ativos.
Para uma melhor compreensão do sistema empresa e seus controles faz-se necessário
identificar conceitos relacionados a auditoria e controles internos, e a relevância que os
mesmos possuem dentro de uma organização. Com isso os gestores podem obter maior
exatidão, integridade e autenticidade das informações, bem como evidenciar maior
transparência em sua gestão.
De acordo com Almeida (1996) a função da auditoria não é somente a detecção de
erros ou fraudes, mas sua atividade deve ser entendida como de assessoramento a
administração quanto ao desempenho das atribuições definidas para cada área da empresa
mediante os objetivos por ela determinados. As organizações utilizam a auditoria para fazer
uma análise do controle interno, e também a auditoria das demonstrações contábeis através do
seu parecer que é emitido pelo auditor independente, visando dar maior credibilidade aos
registros contábeis.
Para Magalhães, Lunkes e Muller (2001) a auditoria surgiu como parte do sistema
capitalista, sendo que em 1314, na Inglaterra foi criado o cargo de auditor, em conseqüência
da necessidade de confirmar os registros contábeis como meio de controlar a evolução do
comércio mundial. Mas a Revolução Industrial no século XVIII e a expansão do capitalismo
abriram novos campos para a auditoria, pois houve o surgimento de grandes empresas, a
necessidade do controle do patrimônio, tributação do imposto de renda, grandes companhias
inglesas do comércio e navegação, criando assim a necessidade de desenvolver ferramentas de
auditoria para controlar e fiscalizar a evolução do comércio.
Ainda segundo os autores, no Brasil o primeiro parecer de auditoria foi publicado em
1903, relativo a exame nos livros da São Paulo Tramway, Light and Power Company, com
3
matriz em Toronto – Canadá. Em 1909, veio estabelecer-se no Brasil a primeira empresa de
auditoria a Mc-Auliffe Davis Bell & CO, hoje denominada de Arthur Andersen S.C. Porém no
Brasil o desenvolvimento da profissão de auditor foi lento até a regulamentação do mercado
de capitais. Em 1976 com a criação da Comissão de Valores Mobiliários através da Lei n
6.385, que tinha a função de fiscalizar as atividades dos auditores independentes; e o
surgimento da Lei das Sociedades por Ações, Lei n 6.404, a qual veio estabelecer
obrigatoriedade das empresas de capital aberto a publicarem suas demonstrações contábeis,
bem como a auditoria das mesmas.
Isso de fato auxiliou na abertura de novos campos para o trabalho de auditoria.
Atualmente o Banco Central do Brasil, o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
(IBRACON) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), buscam contribuir para que o
trabalho de auditoria se torne cada vez mais amplo e controlado através da emissão de suas
normas.
Porém, o exercício da auditoria independente relaciona-se a empresas integrantes do
Mercado de Capitais e as do Sistema Financeiro. As demais somente são auditadas a pedido
dos seus acionistas ou quando se tem a necessidade de firmar alguns acordos com terceiros,
como financiadores e fornecedores. Em virtude do exposto não são todas as empresas
obrigadas ao exercício da auditoria, mas naquelas onde esta ferramenta é exercida, a
organização transmite confiança, veracidade, credibilidade a outras empresas do mercado, e
também é um controle que auxilia nas tomadas de decisões.
4
[...] uma tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros,
demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração contábil,
visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou
fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorridos,
quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados.
Com base nas colocações dos autores, pode-se dizer, que a auditoria é a técnica
contábil responsável pela avaliação dos controles contábeis das empresas, analisando-os
e classificando-os como fidedignos ou não. Além disso, formula sugestões de melhorias,
visando aperfeiçoar cada vez mais os controles internos das mesmas.
A auditoria através da utilização de suas técnicas, busca a coleta de evidências,
exerce ação preventiva e saneadora. Essa coleta de evidências é feita por meio da análise
de documentos, registros, papéis que normalmente são encontrados dentro da própria
empresa. É necessário também coletar informações com outras organizações que
exercem atividades relacionadas com o patrimônio, para certificar de que aqueles
registros realmente são fidedignos e demonstram a situação atual da mesma.
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a) O referente à identificação das demonstrações contábeis e à definição das
responsabilidades da administração e dos auditores;
b) O relativo à extensão do trabalho; e
c) O que expressa a opinião sobre as demonstrações contábeis.
Os parágrafos que compõem o parecer definido pela norma, estipulam que deve ser
identificado o nome da entidade, o período correspondente e as demonstrações nas quais o
auditor expressa sua opinião. Os pareceres podem ser divididos em Parecer sem Ressalva,
Parecer com Ressalva, Parecer Adverso e Parecer com Abstenção de Opinião.
Parecer sem Ressalva: “O parecer sem ressalva é emitido quando as demonstrações
financeiras da empresa examinadas pelo auditor representam adequadamente a posição
patrimonial e financeira e o resultado das operações de acordo com os princípios
fundamentais de contabilidade” (ATTIE, 1998, p.71). Através desse parecer o auditor
demonstra que as demonstrações financeiras foram elaboradas de acordo com as Normas
Brasileiras de Contabilidade e que não há efeito relevante que afete a demonstração
financeira.
Parecer com Ressalva: “é emitido quando um ou mais de um valor nas
demonstrações financeiras não refletem adequadamente a posição correta, de acordo com os
princípios fundamentais de contabilidade, ou quando o auditor não consegue obter evidências
adequadas que permitam a comprovação desses valores” (ATTIE, 1998, p. 72). Os motivos de
ressalva estão relacionados à não obediência, inconsistência da aplicação dos princípios
fundamentais de contabilidade ou por limitações impostas ao auditor, onde não foi possível o
exame integral das demonstrações financeiras.
Parecer Adverso: “O parecer adverso é emitido quando o auditor verificar efeitos e
condições que, em sua opinião, comprometem substancialmente as demonstrações financeiras
examinadas, a ponto de não ser suficiente a simples ressalva no parecer” (ATTIE, 1998, p.
74). Ele exprime a opinião do auditor de que as demonstrações financeiras não representam
adequadamente a posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, mutações
patrimoniais, e das origens e aplicações de recursos de acordo com as normas e princípios
fundamentais de contabilidade.
Parecer com Abstenção de Opinião: “Quando o auditor não conseguir obter
comprovação suficiente para fundamentar sua opinião sobre as demonstrações financeiras
tomadas em conjunto, ele deve declarar que esta impossibilitado de expressar sua opinião
sobre estas”(ATTIE, 1998, p.75). O parecer com abstenção de opinião é aquele em que o
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auditor deixa de emitir opinião sobre as demonstrações contábeis, por não ter obtido
comprovação suficiente para fundamentá-la.
3 CONTROLE INTERNO
Esta definição de controle interno é ampla, pois ela reconhece que ele não esta
somente relacionado as funções dos departamentos operacionais, mas sim de todos os
departamentos da empresa, desde a administração até a produção. Segundo as Normas de
Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis – Resolução 820 de 17/12/97
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4 EVIDENCIACÃO DAS DEMONSTRACÕES FINANCEIRAS
5 METODOLOGIA
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uma vez por semestre, sendo que o plano estabelecido de auditoria é conforme as normas do
Bacen. Os auditores são os contadores das cooperativas, sendo que os que trabalham no Rio
Grande do Sul deslocam-se para Santa Catarina para realizar auditoria nas cooperativas, e os
de Santa Catarina vêem para o Rio Grande do Sul para desempenhar aqui o trabalho,
ocorrendo um rodízio entre os auditores.
Também por determinação do Bacen é obrigatório que as cooperativa de crédito
realizem auditoria das demonstrações financeiras (auditoria externa), relativas ao
encerramento do exercício social. A Cresol Central contrata uma empresa de auditores
independentes para realizar este trabalho em suas filiadas. Porém as demonstrações do ano de
2006 foram desempenhadas pela própria Cresol Central, pois a Resolução 3.106/2003
permitia isso, mas a Resolução 3.442/2007 trouxe algumas alterações na regulamentação
sobre a auditoria independente, não permitindo mais que a Central realizasse este trabalho.
12
6.2.2 Análise da Evidenciação e Transparência das Demonstrações Contábeis
A seguir foi feita uma análise dos indicadores mais relevantes no balanço patrimonial
da Cresol Getúlio Vargas e a sua relação com as notas explicativas, buscando verificar o nível
de evidenciação e transparência entre as mesmas.
Tabela 4 - Endividamento
2005 2006 2007
Ativo Total 1.931.686,03 72,27% 3.120.599,57 79,30% 5.895.107,22 85,15%
Passivo Total 1.396.054,40 2.474.504,29 5.019.866,26
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Analisando a tabela acima sobre o endividamento, conclui se que o mesmo teve
progressão nestes três anos, comprometendo mais de 80% dos bens e direitos totais da
cooperativa em relação as suas obrigações. Em virtude disso seria importante que a
administração desse uma atenção especial a este índice, pois se o mesmo continuar crescendo
neste ritmo em poucos anos todo o ativo estará comprometido para as obrigações.
Com relação ao Capital Circulante Líquido a cooperativa nos anos de 2005 e 2006
possui um Capital Circulante Líquido Positivo. Porém no ano de 2007 as obrigações da
cooperativa foram superiores as suas disponibilidades de curto prazo, sendo necessário que a
mesma buscasse recursos para suprir essa deficiência financeira, sendo que isto não está
explicado nas Notas Explicativas.
7 CONSIDERACÕES FINAIS
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Também é necessário que o parecer de auditoria faça menção a estas variações,
sendo ele e as Notas Explicativas instrumentos de transparência e evidenciação da situação
econômica, financeira e patrimonial da cooperativa, transmitindo com isso maior
confiabilidade às empresas parceiras e aos seus associados.
Destaca-se também que não basta apenas existir um setor de auditoria na
organização, pois deve-se fazer um diagnóstico da possível cumplicidade dos controles
internos, ou seja, verificar se os mesmos estão atingindo seus objetivos, trazendo
confiabilidade aos relatórios contábeis, financeiros, buscando a eficiência operacional e
preservando os interesses da organização.
REFERÊNCIAS
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MAGALHAES, Antônio Deus; LUNKES, Irtes Cristina; MULLER, Aderbal Nicolas.
Auditoria das Organizações: metodologias alternativas ao planejamento e à
operacionalização dos métodos e das técnicas. São Paulo: Atlas, 2001.
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