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URGENTE
Representação nº 2/2022-G4P/ML•
REPRESENTAÇÃO,
COM PEDIDO CAUTELAR
•
ML4
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Resolução nº 296, de 15 de setembro de 2016.
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I – DOS FATOS
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https://www.metropoles.com/distrito-federal/falta-de-monitores-ameaca-aprendizado-de-alunos-com-deficiencia-
no-df
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https://agenciabrasilia.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2022/01/28.1.-Educador-Social-Volunt%C3%A1rio-
portaria_63_esv_dodf_20_28jan2022.pdf
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https://www.educacao.df.gov.br/abertas-as-inscricoes-para-educador-social-voluntario/
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para auxiliar estudantes com necessidades educacionais especiais e/ou deficiência ou TEA,
oportuno trazer à baila o art. 7º da Portaria nº 63/2022, in verbis:
“Art. 7º O ESV selecionado, pela sua formação, para auxiliar os estudantes com
necessidades educacionais especiais e/ou deficiência e Transtorno do Espectro Autista
(TEA) desempenha suas atribuições, sob a orientação da Equipe Gestora e Pedagógica
da Unidade Escolar, em articulação com o professor do Atendimento Educacional
Especializado/Sala de Recurso (quando houver), quais sejam:
I - auxiliar os estudantes com necessidades educacionais especiais e/ou deficiência e
Transtorno Espectro Autista (TEA) nas atividades diárias, autônomas e sociais que
seguem:
a) refeições;
b) uso do banheiro, escovação dentária, banho e troca de fraldas;
c) locomoção nas atividades realizadas na Unidade Escolar e atividade extraclasse;
d) para se vestirem e se calçarem;
e) atividades recreativas no parque e no pátio escolar.
II - realizar, sob a presença e a supervisão do professor, o controle da sialorreia (baba) e
de postura dos estudantes, bem como ajudá-los a se sentarem/levantarem em/de cadeira
de rodas, carteira escolar, colchonete, vaso sanitário e brinquedos no parque;
III - acompanhar e auxiliar os estudantes cadeirantes, que fazem uso de órtese e/ou
prótese, tanto nos espaços escolares a que eles necessitem ir, como em outros fora do
ambiente escolar;
IV - auxiliar os estudantes que apresentam dificuldades na organização dos materiais
escolares;
V - informar ao professor regente as observações relevantes relacionadas aos estudantes,
para fins de registros e/ou encaminhamentos necessários;
VI - acompanhar e auxiliar os estudantes durante as atividades em sala de aula e
extraclasse que necessitem de habilidades relativas à atenção, à participação e à
interação;
VII - auxiliar o professor no apoio aos estudantes que apresentam episódios de alterações
no comportamento, quando necessário, conforme orientação da Equipe Gestora;
VIII - favorecer a comunicação e a interação social dos estudantes com seus pares e
demais membros da comunidade escolar.” (Grifos acrescidos).
A par do rol de incumbências definido na norma, resta claro que o educador social
desempenha tarefa relevante no processo de desenvolvimento e aprendizado dos alunos,
sendo ator essencial para a garantia da dignidade e incolumidade física e mental dos alunos que
demandam cuidados especiais. Logo, na ausência de quantitativo suficiente de servidores
públicos da carreira de assistência à educação para suporte operacional às atividades de
cuidado, higiene e estímulo de crianças no âmbito de competência da SEE/DF, tarefa que poderia
ser desempenhada pelos monitores de gestão educacional, na forma do art. 3º, III, da Lei nº
5.106/2013, a atividade dos educadores sociais voluntários ganha ainda mais relevo.
Sob essa ótica, tem-se que o auxílio dos agentes honoríficos em questão deveria
ser ofertado para todo e qualquer aluno que demonstre dele necessitar, tendo em conta a
dignidade da pessoa humana, a necessidade de atendimento educacional especializado aos
estudantes com deficiência, a continuidade do serviço público, a isonomia e a proteção da
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confiança legítima.
Dessarte, não parece desarrazoado concluir que o Poder Público distrital poderá
negligenciar necessidades básicas de alunos com necessidades educacionais especiais e/ou
deficiência ou TEA matriculados no ensino médio, porquanto apenas 23 escolas da etapa final
da educação básica (art. 35 da LDB5) disponibilizam ensino em tempo integral, conforme
informações disponibilizadas pela SEE/DF6. Na forma apontada, o provável atendimento
inadequado também pode prejudicar o escorreito funcionamento dos Centros de Línguas e
das Escolas Técnicas do Distrito Federal. Assim, em face da disponibilização de serviço
essencial apenas na educação infantil e no ensino fundamental, não se descarta ofensa ao
princípio da isonomia, ante o tratamento díspar conferido para estudantes com necessidades
assemelhadas.
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Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
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https://www.educacao.df.gov.br/educacao-integral-2/
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“Art. 7º O ESV selecionado para auxiliar as turmas no atendimento aos estudantes com
necessidades educacionais especiais e/ou deficiência e Transtorno do Espectro Autista
(TEA) desempenha suas atribuições, sob a orientação da Equipe Gestora e Pedagógica
da Unidade Escolar, em articulação com o professor do Atendimento Educacional
Especializado/Sala de Recurso (quando houver), quais sejam:
I - auxiliar os estudantes com necessidades educacionais especiais e/ou deficiência e
Transtorno Espectro Autista (TEA) nas atividades diárias, autônomas e sociais que
seguem:
a - refeições;
b - uso do banheiro, escovação dentária, banho e troca de fraldas;
c - locomoção nas atividades realizadas na Unidade Escolar e atividade extraclasse;
d - para se vestirem e se calçarem;
e - atividades recreativas no parque e no pátio escolar;
f - atividades relacionadas às aulas de Educação Física dentro e fora da Unidade Escolar.
II - realizar, sob a presença e a supervisão do professor, o controle da sialorreia (baba) e
de postura dos estudantes, como ajudá-los a se sentarem/levantarem em/de cadeira de
rodas, carteira escolar, colchonete, vaso sanitário e brinquedos no parque;
III - acompanhar e auxiliar os estudantes cadeirantes, que fazem uso de órtese e/ou
prótese, em todos os espaços escolares a que eles necessitem ir, como em outros, fora do
ambiente escolar;
IV - auxiliar os estudantes que apresentam dificuldades na organização dos materiais
escolares;
V - informar ao professor regente as observações relevantes relacionadas aos estudantes,
para fins de registro e/ou encaminhamentos necessários;
VI - acompanhar e auxiliar os estudantes durante as atividades em sala de aula e
extraclasse que necessitem de habilidades relativas à atenção, à participação e à
interação;
VII - auxiliar o professor no apoio aos estudantes que apresentam episódios de alterações
no comportamento, quando necessário, conforme orientação da Equipe Gestora;
VIII - favorecer a comunicação e a interação social dos estudantes com seus pares e
demais membros da comunidade escolar.
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(...)
Art. 10. O ESV selecionado para auxiliar os estudantes indígenas desempenha, sob a
orientação e supervisão da Equipe Gestora e Pedagógica da Unidade Escolar o
acolhimento, o acompanhamento das atividades pedagógicas, de aprendizagem, cultura,
saúde, diversidade e outras que se fizerem necessárias, como:
I - auxiliar o acolhimento e a inclusão dos estudantes indígenas no espaço escolar,
apresentando-lhes a rotina e a comunidade escolar;
II - auxiliar os estudantes indígenas na rotina escolar diária;
III - auxiliar na execução de projetos e/ou oficinas, a partir das vivências e experiências
dos estudantes indígenas, conforme Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar e
com vistas à valorização da diversidade étnica e da cultura desses estudantes.
Parágrafo único. As Unidades Escolares com estudantes indígenas, de acordo com o
Censo Escolar/I-Educar ou com as especificidades de cada UE, deve priorizar a
convocação de ESV autodeclarados indígenas para que, por meio da representatividade,
promova-se a valorização da cultura indígena e a inclusão de modo contextualizado.”
(Grifos acrescidos).
Como visto, o regramento anterior, no que alude aos estudantes com necessidades
educacionais especiais e/ou deficiência e TEA, franqueava a possibilidade de auxílio por parte dos
educadores sociais voluntários, independentemente do estabelecimento de ensino frequentado
pelo discente. Tais préstimos também eram oferecidos no tocante aos estudantes indígenas.
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https://www.educacao.df.gov.br/calendario-escolar-2022/
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STJ, Aglnt no AREsp nº 891.249/RJ, Terceira Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Dje de 27/10/2017.
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Ocorre que, às vésperas do retorno das aulas presenciais na rede pública de ensino
do Distrito Federal, previsto para hoje, dia 14/2/2022, frustrando expectativa legítima de
educandos matriculados no ensino médio (inclusive escolas técnicas) e/ou nos centros de
línguas, a SEE/DF, mediante a edição da Portaria nº 63/2022, ao que tudo indica, limitou a
atuação dos educadores sociais voluntários ao ensino em tempo integral, na educação infantil
(creche e pré-escola) e no ensino fundamental.
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direitos sociais encartados no art. 6º da CF/19889. In casu, a omissão do Poder Público local, ao
suprimir assistência indispensável a educandos com necessidades especiais e/ou deficiência e
TEA, assim como para os indígenas, além de impossibilitar a oferta de ensino de qualidade,
em razão da plausível sobrecarga de trabalho para os profissionais de educação, coloca em
risco a incolumidade dos alunos.
“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
(...)
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras
de deficiência;
(...)
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à
pesquisa e à inovação;
(...)
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
(...)
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
(...)
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
(...)
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
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A par do contexto fático apresentado, cediço que o aparente descaso para com
alunos com necessidades especiais, deficiência, TEA e indígenas matriculados no ensino médio
da rede pública de ensino local deflagra inobservância da obrigação positiva do Poder Público
local prevista nos aludidos dispositivos constitucionais e violação ao princípio da legalidade.
É importante trazer à baila que a CF/1988, em seu art. 227, estabelece como dever
do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à
educação e à dignidade, “além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência”. Sobreleva-
se, portanto, o princípio da prioridade absoluta.
No âmbito local, o art. 3º, VI, da LODF definiu como objetivo prioritário do
Distrito Federal o atendimento das demandas da sociedade, entre outras, na área de educação.
No mesmo sentido é a dicção do art. 224 da LODF, in verbis:
“Art. 224. O Poder Público deve assegurar atendimento ao educando, em todas as etapas
da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar,
transporte, alimentação e assistência à saúde.” (Grifos acrescidos).
Por sua vez, o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), em seu art.
28, institui, entre outras obrigações voltadas à efetivação do direito à educação da pessoa com
deficiência, que incumbe ao Poder Público assegurar, acompanhar e avaliar: o aprimoramento dos
sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e
aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem
as barreiras e promovam a inclusão plena; a adoção de medidas individualizadas e coletivas
em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com
deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem em
instituições de ensino; e a oferta de profissionais de apoio escolar.
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Tendo esse contexto normativo como norteador, vê-se que o Distrito Federal, ao
executar os termos da Portaria nº 63/2022, não observará de maneira adequada o dever
constitucional de fornecer educação e todos os outros meios correlatos de atendimento ao
estudante, configurando afronta aos princípios da legalidade, moralidade, eficiência, e
interesse público, que regem a atuação da Administração Pública do Distrito Federal (art. 19 da
LODF). Na visão Ministerial, de igual modo, a postura da SEE/DF não se mostra consentânea
com os postulados da continuidade dos serviços públicos, da isonomia e da proteção da
confiança.
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)” (Grifos
acrescidos).
Por essas razões, parece claro que há não apenas afronta aos arts. 1º, III, 6º, 23, II e
V, 37, 205, 208, III, e 227 da Constituição Federal, aos arts. 3º, VI, 19 e 224 da LODF, ao art. 4º,
VIII, da Lei nº 9.394/1996 e ao art. 28 da Lei nº 13.146/2015, mas sim a patente incompatibilidade
dos fatos acima verificados com os princípios da legalidade, eficiência, isonomia, dignidade da
pessoa humana, proteção e integração social das pessoas com deficiência, interesse público,
moralidade, continuidade do serviço público e confiança, demandando, portanto, a atuação desta
Corte de Contas.
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No que tange ao perigo da demora, também entende o Ministério Público que ele se
encontra presente, considerando o início do ano letivo de 2022 na data de hoje, 14/2/2022. Assim,
não há garantia de auxílio no que tange à alimentação, locomoção e higienização de todos os
estudantes da Unidades Escolares da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal.
Por essas razões, requer o Parquet que o Plenário, inaudita altera pars, adote
medida de urgência, a fim de que a SEE/DF, até ulterior deliberação plenária, garanta o auxílio
previsto no art. 7º da Portaria nº 63/2022, a ser executado por educador social voluntário, ou
servidor público competente, para todos os alunos que comprovadamente demandem as
atividades prestadas pelos aludidos agentes, inclusive no ensino médio (compreendendo as
escolas técnicas) e nos Centros de Línguas.
IV – DO PEDIDO
Ante todo o exposto e considerando que esta Corte de Contas é competente para
apreciar a questão em comento, uma vez que a ela compete apurar denúncias sobre irregularidade
e ilegalidade de atos praticados pela Administração Pública, bem como zelar pela correta aplicação
da Lei e dos recursos públicos, o Ministério Público de Contas requer ao Plenário que:
II – adote medida cautelar, inaudita altera pars, para que a SEE/DF, até ulterior
deliberação plenária, garanta o auxílio previsto no art. 7º da Portaria nº 63/2022,
a ser executado por educador social voluntário, ou servidor público
competente, para todos os alunos que comprovadamente demandem as
atividades prestadas pelos aludidos agentes, inclusive no ensino médio
(compreendendo as escolas técnicas) e nos Centros de Línguas.;
III – com fulcro no art. 230, § 7º, do RI/TCDF, conceda prazo à SEE/DF para,
querendo, apresentar os esclarecimentos que entender pertinentes quanto aos fatos
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narrados;
IV – encaminhe os autos ao Corpo Técnico para instrução, a fim de apurar as
irregularidades destacadas nesta Peça.
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