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27 e 28 de abril de 2010
Apresentação
O que se procura descrever nesta ocasião é uma proposta de pesquisa em fase final no
Programa de Mestrado em Educação da Universidade Estadual de Maringá, envolvendo
o estudo da política de ensino de língua estrangeira moderna (LEM) da Educação
Básica do Paraná, com um grupo de professores que representam as diversas vozes que
formam a versão final das Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Língua
Estrangeira Moderna (DCE-LE).
A pesquisa tem como objetivo mostrar os fatores que configuram os aspectos políticos
de uma política de ensino de LEM da educação básica do Paraná procurando estabelecer
a relação dessa política com as intenções político-pedagógicas a partir das vozes que
participaram de todo o processo de sistematização e elaboração das DCE-LE.
2 Características da Pesquisa
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Por este motivo, pareceu-nos que a possibilidade de entender os sentidos das políticas
de ensino de LEM seria facilitada se fossemos, guiados pelo referencial teórico de
Mikhail Bakhtin, no sentido de analisar a forma como as vozes das DCE-LE se
articulavam em uma relação dialógica e polifônica. Contudo para que possamos
enunciar um diálogo concreto, quanto aos aspectos teóricos deste trabalho de Mestrado,
faz-se necessário abordarmos os dispositivos teóricos que norteiam a análise de nosso
trabalho.
3 Pressupostos Teóricos
Conforme Bakhtin (2003) são as palavras tecidas a partir de uma multidão de fios
ideológicos, que servirão de trama para todas as relações sociais em todos os domínios.
Desse modo, compreendemos que as bases de todos os estudos na perspectiva
bakhtiniana, referem-se ao caráter interativo da linguagem. Assim sendo, somente será
possível a compreensão da linguagem a partir de sua natureza sócio-histórica.
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Nos estudos bakhtinianos, Faraco (2009) nos permite perceber que a ideologia se
expande para a busca de uma compreensão da noção de valor, de forma intrínseca, no
próprio ser humano.
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relações de valor, que condicionam a forma e a significação do que é dito. Diante disso,
a interação verbal desses interlocutores não se dá só pelo diálogo, mas pelas complexas
forças que se mantêm constante nessas relações (FARACO, 2009).
A relação do sujeito com o seu discurso, seu dizer, é perpassada por outros discursos na
interação dialógica, de forma que não é direta, se dá obliquamente, pois a palavra reflete
e refrata o mundo, dando a este significação.
O dialogismo não se reduz às relações entre os sujeitos nos processos discursivos; pelo
contrário, se refere também ao permanente diálogo entre os diversos discursos que
configuram uma sociedade. É esta dupla dimensão que nos permite considerar o
dialogismo como o princípio que determina a natureza interdiscursiva da linguagem.
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signos neutros, transparentes, já que elas são afetadas pelos conflitos históricos e sociais
que sofrem os falantes de uma língua e, por isso, permanecem impregnados de suas
vozes, seus valores, seus desejos. Assim, a polifonia se refere às outras vozes que
condicionam o discurso do sujeito.
De início, não é demais lembrar que o discurso, seja qual for, nunca é
totalmente autônomo. Suportado por uma intertextualidade, o discurso
não é falado por uma única voz, mas por muitas vozes, geradoras de
muitos textos que se entrecruzam no espaço, a tal ponto que se faz
necessária toda uma escavação “filológico-semiótica” para recuperar
a significação profunda dessa polifonia. Cabe, então, a essa “filologia-
semiótica” detectar toda a rede de isotopias que governam as vozes,
os textos e, finalmente, o discurso (BLIKSTEIN, 2003, p.45).
Em consonância com as asserções até aqui apontadas, percebemos junto a Brait (2003)
que os significados que um sujeito pode atribuir a palavra escola pode significar
diversos sentidos. Se para um sujeito a palavra escola pode corresponder à
aprendizagem, para um outro sujeito pode querer dizer educação. Isso é o que podemos
chamar de interacionismo sócio-verbal.
Dentro dessa perspectiva, é que lançamos mão da teoria bakhtiniana para compor o
quadro teórico de nosso trabalho, como também, o alicerce para a análise de nossos
dados, que se corresponde aos sujeitos entrevistados que apresentaremos mais adiante.
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4 Contexto da Pesquisa
Antes da entrega do instrumento da coleta de dados foi explicado que o objetivo era
levantar dados para um estudo que está sendo desenvolvido no Programa de Pós-
Graduação em Educação: (Mestrado) da Universidade Estadual de Maringá, sob a
orientação do Prof. Dr. Mário Luiz Neves de Azevedo.
O trabalho tem como objetivo analisar as vozes dos sujeitos entrevistados, a fim de
configurar a forma como se correlacionaram as políticas de ensino de língua estrangeira
moderna na educação básica da rede pública de ensino do estado do Paraná. Assim, foi
pedida a colaboração dos 05 (cinco) entrevistados de nosso trabalho.
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Ressalvamos que o pesquisador não participou deste estudo como sujeito de pesquisa,
por tratar-se de um estudo inicial com foco exclusivo nas respostas dos PRP e das PA
que ao serem analisadas, constituem um norte inicial das vozes que articularam o
processo de elaboração das DCE-LE. Ainda esclarecemos que não houve menções
traçando paralelos envolvendo pesquisador e sujeitos de pesquisa (PRP e PA).
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O que nos permite enunciar neste momento é que as vozes que configuraram o processo
de sistematização e elaboração das DCE-LE, são vozes oriundas de outros contextos
discursivos, e sendo assim, nos possibilitaram uma análise de seus discursos enquanto
sujeitos sócio-históricos, propiciando no fechamento da análise dos dados e da pesquisa,
um cenário que possibilitará questionamentos, reconstrução e negociação de novos
significados em outros estudos sobre os aspectos políticos de uma política de ensino de
língua estrangeira moderna.
Referências
______. Estética da Criação Verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.