Você está na página 1de 9

O ESTUDO DA SINTAXE

Etimologicamente, sintaxe vem do grego sýntaxis e significa ordem, combinação,


relação. A sintaxe é a parte da gramática que se preocupa com os padrões
estruturais dos enunciados e com as relações recíprocas dos termos nas frases
e das frases no discurso, enfim, com todas as relações que ocorrem entre as
unidades linguísticas no eixo sintagmático (linha horizontal imaginária).

AS LEIS SINTÁTICAS
ANÁLISE SINTÁTICA
A Análise sintática estuda a estrutura do período, divide e classifica suas orações,
observa a função da palavra na oração ou no período.

FRASE é todo e qualquer enunciado de sentido completo, pode ser formada por uma
simples palavra, uma oração ou um período. A frase pode ou não ter verbo.
EXS.: Adeus!
Silêncio!
A inesquecível cantiga de amor

ORAÇÃO é o conjunto de palavras organizadas em torno de um verbo. Para que haja


oração é necessário um verbo e cada verbo forma uma oração. Assim haverá tantas
orações quantos forem os verbos existentes no período.

EXS: “Era uma época agitada na minha vida. Eu fazia faculdade de Direito, trabalhava num
escritório e ainda estudava para concursos públicos. Comecei a usar um remédio que o
neurologista havia receitado para a minha tia. Não tive nenhum efeito colateral e senti um belo
aumento na minha concentração. Na época das provas, eu aumentava a dose.”

- Há no parágrafo 10 orações
PERÍODO é a frase expressa através de uma ou várias orações terminadas por
ponto, ponto de exclamação, ponto de interrogação ou reticências. O período pode
ser simples (quando possui uma só oração) ou composto (quando possui mais de
uma oração).

EXS.: “Era uma época agitada na minha vida. / Eu fazia faculdade de Direito, trabalhava num
escritório e ainda estudava para concursos públicos. / Comecei a usar um remédio que o
neurologista havia receitado para a minha tia. / Não tive nenhum efeito colateral e senti um belo
aumento na minha concentração. / Na época das provas, eu aumentava a dose.”/

- Há no parágrafo 5 períodos

Os termos da oração são formados por palavras que se relacionam entre si e cada
um desses termos desempenha uma função. O termo pode ser formado por uma ou
várias palavras.

Exemplo:
Luana desfila (o termo sujeito é Luana)
A bela Luana desfila (o termo sujeito é A bela Luana)

Obs. Veja que o termo “A bela Luana” é formado por 3 palavras. Quando o termo é
formado por um conjunto de palavras, há sempre uma que se destaca – é a mais
importante –, a ela damos o nome de núcleo. Assim, no termo sujeito “A bela
Luana” o núcleo é Luana.

TERMOS DA ORAÇÃO

Os termos da oração são classificados de acordo com a importância que exercem


dentro da oração. São:

1. Termos essenciais da oração: sujeito e predicado

2. Termos integrantes: complemento verbal, complemento nominal

3. Termos acessórios: adjunto adnominal, adjunto adverbial, aposto, vocativo.

ANÁLISE SINTÁTICA DO PERÍODO SIMPLES


Por Cynthia Cordeiro Chalegre
Graduada em Letras-Português (USP, 2011)
SUJEITO
Sujeito — Para pensar e falar das coisas, recorremos, em português, à
predicação, distinguindo um ser da ação ou processo que lhe atribuímos.

O Pedro lê um livro.
Verificamos que um dos constituintes desta frase serve para identificar
- o ser de que falamos — “O Pedro”
- a ação que lhe atribuímos — “lê um livro”.
O primeiro é o sujeito e o segundo o predicado.
O sujeito é normalmente representado por uma forma nominal, isto é, um
substantivo ou mais substantivos:

Ex.: Instituições ambientais realizam operações na fronteira.

EX.: Instituições e grupos ambientalistas realizam operação na fronteira.

Elementos equivalente a uma forma nominal – substantivo

Ex.: Eles realizam operação na fronteira. (pronome pessoal)

Ex.: Isso é uma mega operação. (pronome demonstrativo)

Ex.: Os ambientalistas avançaram na floresta. Os três se perderam. (numeral)

Ex.: Um não é sempre chocante. (palavra substantivada)

Ex.: Alta floresta sem fogo e mais natureza foi slogan da campanha de 2002.
(frase nominal substantivada)

Ex.: É importante cuidar do meio ambiente. (oração reduzida)

É importante que se cuide do meio ambiente. (oração desenvolvida)

CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO

Sujeito simples — É aquele que designa um só ser ou um conjunto de seres.


Ex.:O carro é meu.
Ex.: As crianças gostam de praia.

Sujeito composto — É aquele que designa dois ou mais seres ou conjuntos


de seres, considerados independentemente.
Ex.: O Antônio e a Sofia são irmãos.
Obs.: Para que o sujeito seja composto é necessário que os seres ou conjuntos
que o constituem sejam diferenciados. O Antônio e a Sofia são irmãos. (sujeito
composto) Eles são irmãos. (sujeito simples)

Sujeito subentendido, oculto ou desinencial — É aquele que, sendo


conhecido, não está expresso na oração.
Ex.: O Antônio e a Sofia são irmãos e estudam juntos.
A segunda oração tem o mesmo sujeito da primeira e por isso não é necessário
exprimi-lo.
Obs.: normalmente ocorre com verbo na 1ª/2ª pessoa do singular ou do plural.
Ex.: Acredito na eficácia da educação.
Acreditamos na eficácia da educação.
Acreditas na eficácia da educação.
Acreditais na eficácia da educação.
Sujeito indeterminado — Trata-se de um sujeito que não podemos, ou não
queremos, identificar. Normalmente implica a colocação do verbo na 3ª pessoa
do plural ou na 3ª do singular acompanhado do pronome se.
Ex.: Dizem que vai haver eleições.
Ex.: Diz-se que vai haver eleições.
Ex.: Acredita-se na eficácia da educação.

Oração sem sujeito


Há em português alguns processos que não são atribuídos a qualquer sujeito.
Diz-se então que o sujeito é inexistente:
• verbos meteorológicos (chover, nevar, trovejar, etc.);
Ex.: Ontem, choveu muito.
• verbo haver, usado no sentido de “existir”;
Ex.; Há muita gente preocupada.
• verbo ser, quando indica tempo;
Ex.:É amanhã que fazemos teste.
• verbos ir, fazer e haver, quando indicam tempo decorrido.
Ex.: Vai para quinze dias que não nos vemos.
Faz quinze dias que não nos vemos.
Há quinze dias que não nos vemos.

PREDICAÇÃO VERBAL

A predicação verbal tem como núcleo dessa declaração um verbo significativo,


ou seja, um verbo que traz uma ideia nova sobre o sujeito. Por essa razão, os
verbos de ligação (ou copulativos) não participam do processo de predicação
verbal, pois não introduzem uma ação, mas o estado do sujeito. Assim,
desempenham a função de introduzir o predicativo do sujeito na oração e formam
o tipo de predicado nominal.

Porém, é necessário dedicar atenção especial a esses casos e ao contexto em


que são aplicados os verbos, pois ora eles atuam como verbos de ligação (ou
copulativos), ora como verbos significativos. Veja exemplos dos verbos ficar,
estar continuar, andar e viver para entender essa diferença:

1. VERBO DE LIGAÇÃO
- Rodrigo ficou doente na madrugada antes da prova. (doente = predicativo do
sujeito) = verbo de ligação
- Fiquei na sala enquanto esperava o atendimento.

As mesas e cadeiras estão deterioradas. (deterioradas = predicativo do


sujeito) = verbo de ligação
- Estavas em casa naquela tarde.

- As flores continuam exuberantes. (exuberantes = predicativo do


sujeito) = verbo de ligação

- Continuamos a marcha em direção à prefeitura.


- Daniel anda cabisbaixo, os amigos vivem preocupados com ele. (anda e
cabisbaixo = predicativos do sujeito) = verbo de ligação
- Andei muito hoje. Vivo bem nesta cidade.

OBS.: Em cada par de orações, temos o seguinte: nas primeiras, o verbo se


comporta como verbo de ligação e introduz um predicativo do
sujeito; nas segundas, o verbo se comporta como significativo, ou seja, introduz
uma informação nova e forma o predicado verbal.
Principais verbos de ligação: ser, estar, permanecer, ficar, tornar-se, andar (no
sentido de estado circunstancial = anda cabisbaixo), parecer, virar, continuar,
viver (expressa um estado constante = vivem preocupados).

Transitividade verbal
Processo por meio do qual a ação verbal se transmite (ou transita) a outros
termos da oração, que atuam como seus complementos.

Dessa forma, quanto à predicação, os verbos apresentam a seguinte


classificação:
1) verbos intransitivos;
2) verbos transitivos diretos;
3) verbos transitivos indiretos;
4) verbos transitivos diretos e indiretos (bitransitivos).

2. VERBOS INTANSITIVOS

Há verbos cujos sentidos não dependem de complementos, pois eles já contêm


em si mesmos uma ideia, uma ação. Esses verbos apresentam, portanto,
predicação completa para constituir um predicado.

EX.: Nossas encomendas chegaram.


As plantas morreram.
Os peixes nadam.
Em agosto, as cerejeiras florescem.

Por outro lado, há verbos que trazem consigo a necessidade de


complementação por outros termos para formarem o predicado. São verbos que
apresentam predicação incompleta e são denominados verbos transitivos. Veja
exemplos:

José puxou a rede no fim da tarde.


No sábado, nós assistimos ao desfile.

Percebe-se que os verbos acima, sem os respectivos complementos,


apresentam informação incompleta. A fim de facilitarmos a identificação do verbo
quanto à predicação, podem-se fazer perguntas a ele: puxou - o quê? Assistimos
- a quê?

3. VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS


São os verbos cuja relação com o seu complemento é construída de modo direto,
ou seja, sem a presença de preposições que se interponham entre eles. Assim,
nessa relação, o complemento verbal é denominado objeto direto.
EX.: João trazia suas ferramentas na mala.
(trazia = verbo transitivo direto / suas ferramentas = objeto direto)
EX.: Nós adotamos os cães.
(adotamos = verbo transitivo direto / os cães = objeto direto)

EX.: Naquela noite, ela usou o longo vestido negro.


(usou = verbo transitivo direto / o longo vestido negro = objeto direto)

4. VERBOS TRANSITIVOS INDIRETOS

São aqueles que necessitam de uma preposição para se ligarem ao


complemento verbal, fazendo com que a relação entre eles seja estabelecida de
modo indireto. Seu complemento denomina-se, portanto, objeto indireto.
EX.: Os filhos obedecem aos pais.
(obedecem a - obedecer a = verbo transitivo indireto / os pais = objeto indireto)

EX.: “Ansiava pelo novo dia que vinha nascendo.” (Fernando Sabino)
(ansiava por - ansiar por = verbo transitivo indireto / o novo dia = objeto indireto)

Ele crê na sua absolvição em breve.


(crê em - crer em = verbo transitivo indireto / a sua absolvição = objeto indireto)

Observe que nos casos acima as preposições e os artigos estão contraídos, ou


seja, estão unidos para que formem uma única palavra, mesmo que em alguns
casos sofram alguma redução.

5. VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS

São verbos que necessitam de dois complementos, dois


objetos diferentes - direto e indireto, respectivamente - para transmitirem a
ação verbal.

Ex.: Dona Rosa oferecia refeições aos pobres.


(oferecia – oferecer = verbo transitivo direto e indireto / refeições = objeto direto
/ aos pobres = objeto indireto)

Ex.: A professora ensinou a matéria aos alunos.


(ensinou – ensinar = verbo transitivo direto e indireto / a matéria = objeto direto
/ aos alunos = objeto indireto)

Ex.: O menino entregou a carta para o pai.


(entregou – entregar = verbo transitivo direto e indireto / a carta = objeto direto
/ para o pai = objeto indireto).

Percebe-se que, nos exemplos acima, os verbos “solicitam” que o complemento


indique: o que se oferecia (refeições) e a quem (aos pobres); o que se ensinou
(a matéria) e a quem (os alunos); e o que se entregou (a carta) e para quem (o
pai).

CONTEXTOS DA TRANSITIVIDADE
Em alguns casos, é o emprego do verbo na oração que vai determinar a sua
transitividade. Ou seja, alguns verbos podem apresentar variação na
transitividade a depender do contexto em que forem utilizados. Um exemplo
disso é o verbo pagar. Veja exemplos:

EX.: Ronaldo pagou o boleto. (verbo transitivo direto)


EX.: O menino pagou ao vendedor. (verbo transitivo indireto)
EX.: Paguei o ordenado ao meu funcionário. (verbo transitivo direto e indireto)

TIPOS DE PREDICADO

O predicado é termo da oração que se refere diretamente ao sujeito,


apresentando informações sobre este, e também possui um elemento principal
(núcleo), sendo classificado de acordo com estes núcleos em três tipos:
predicado nominal, predicado verbal e predicado verbo-nominal.

1. PREDICADO NOMINAL

O predicado nominal é aquele onde o núcleo é um predicativo do sujeito,


trazendo ainda um verbo de ligação que liga o sujeito a este predicativo.

EX.: Os estudantes estavam furiosos. (núcleo = predicativo do sujeito)

Vemos no exemplo que o verbo de ligação tem somente a função de unir sujeito
(estudantes) e predicado (estavam furiosos). No entanto, o predicativo furiosos é
o único termo que acrescenta informações importantes sobre o sujeito, sendo,
portanto, o núcleo do predicado.

2. PREDICADO VERBAL

O predicado verbal tem como característica principal a presença de um verbo


significativo (pode ser transitivo ou intransitivo) como núcleo.

Os manifestantes responderam às perguntas. (núcleo = verbo de ação)

No exemplo acima, o verbo responder é a informação mais importante sobre o


sujeito, sendo, por este motivo, o núcleo do predicado.

3. PREDICADO VERBO-NOMINAL

Classificamos um predicado como verbo-nominal quando ele apresenta como


núcleo um verbo e também um predicativo do sujeito ou do objeto. Pode ser visto
como uma união do predicado verbal e do predicado nominal.

O menino chegou cansado da escola. (verbo intransitivo + predicativo do


sujeito)
O tribunal julgou inocente o réu. (verbo transitivo direto + predicativo do
objeto)

Você também pode gostar