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QUÍMICA

FARMACÊUTICA
AULA 2– PROCESSOS DE DESCOBERTA DOS
FÁRMACOS I

Prof. Edson Alves Machado


Descoberta e uso de fármacos: Histórico
• Antiguidade: uso de produtos naturais com objetivos
medicinais, a partir de fontes animais, vegetais e
minerais. Algumas vezes usados com propósitos
religiosos, venenos de flechas ou cosméticos.
Exemplos: ópio, beladona, curare, dedaleira etc.
(pharmakon: venenos ou remédios).

• Séc. XV: invenção da imprensa - permitiu a ampla


publicação e circulação de herbários e farmacopéias,
levando a um rápido aumento do conhecimento e uso (e
abuso) das ervas e de outros remédios.

• Séc. XIX: extração de substâncias puras de plantas.


⚫ Final do séc. XIX: a busca por medicamentos menos
tóxicos que aqueles de fontes naturais resultou na
introdução de substâncias sintéticas como fármacos.

⚫ Séc. XX: uso disseminado de


substâncias sintéticas, análogas
ou não de produtos naturais.

⚫ Maior compreensão da química dos estados patológicos,


das estruturas biológicas e dos processos: receptor, sítio
ativo, ácidos nucléicos etc.

⚫ Desenvolvimento de novas metodologias


de descoberta de fármacos:
modelagem molecular, química combinatória.
1800 a 1919

Eliezer J. Barreiro* e Carlos Alberto Manssour Fraga


Departamento de Fármacos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, CP 68006, 21944-971 Rio de Janeiro - RJ
ANOS 20 A 30

Eliezer J. Barreiro* e Carlos Alberto Manssour Fraga


Departamento de Fármacos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, CP 68006, 21944-971 Rio de Janeiro - RJ
ANOS 40

Eliezer J. Barreiro* e Carlos Alberto Manssour Fraga


Departamento de Fármacos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, CP 68006, 21944-971 Rio de Janeiro - RJ
ANOS 50

Eliezer J. Barreiro* e Carlos Alberto Manssour Fraga


Departamento de Fármacos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, CP 68006, 21944-971 Rio de Janeiro - RJ
ANOS 60
ANOS 70
ANOS 80

Eliezer J. Barreiro* e Carlos Alberto Manssour Fraga


Departamento de Fármacos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, CP 68006, 21944-971 Rio de Janeiro - RJ
ANOS 90

Eliezer J. Barreiro* e Carlos Alberto Manssour Fraga


Departamento de Fármacos, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, CP 68006, 21944-971 Rio de Janeiro - RJ
1. Fontes naturais
◦ A mais antiga fonte de medicamentos.

◦ Triagem aleatória ou empírica (sorte ou azar): Testa-se


qualquer produto natural contra qualquer doença.

◦ Triagem direcionada de medicamentos caseiros regionais:


uso de uma fonte natural usada como remédio popular ou
observação de uma característica bioativa de uma
determinada fonte.

◦ As substâncias isoladas de fontes naturais são usadas


como protótipos para o desenvolvimento de novos
fármacos.
◦ 1958: 310 substâncias sintetizadas e testadas → 1 em
uso clínico (0,32%).

◦ Hoje: 5.000 substâncias sintetizadas e testadas →


1 novo fármaco no mercado (0,02%).

◦ Introduzir um fármaco novo no mercado é


extremamente caro (~ 359 milhões de dólares para
cada fármaco novo nos EUA).

◦ Duração (descoberta à produção industrial): 7 a


15 anos.

FDA é a sigla de Food and Drug Administration, que significa Administração de Comidas e Remédios
◦Quinina: antimalárico, isolado da casca de Cinchona
officinalis
◦ Reserpina: antidepressivo, isolado da Rauwolfia
serpentina
◦ Penicilina G: antibiótico, isolado de culturas de
Penicillium notatum
◦ Micro-organismos: fonte de inúmeras substâncias
antibióticas (penicilinas, cefalosporinas, cloranfenicol,
tetraciclinas), antineoplásicas, imunossupressoras
(ciclosporina A), antifúngicos (griseofulvina).

◦ Vantagem de serem facilmente coletados, transportados


e cultivados.
Fontes marinhas: importantes fontes de substâncias
bioativas.

Avarol
Alga Chondria armata Peixes da ordem
Esponja Disidea avara Anti-helmíntico Tetraodontiformis
Inibidor do HIV Anestésico local
• Ex:plantas africanas resistentes ao ataque de fungos
foram estudadas e levaram a novos compostos bioativos
(paclitaxel: antitumoral).

◦ Pode levar a desequilíbrio ecológico, se for feito de


maneira extrativista, sem replantio.
Paclitaxel (taxol)

Taxus brevifolia
Venenos e toxinas
• Teprotido extraído de uma cobra venosa do Brasil foi usado como
composto condutor para os medicamento antihipertensivos como o
cilazapril e captopril.

Toxina do Clostridium botulinium é responsável pelo envenenamento


(botulismo) contudo é usado em tratamento de beleza (evita os
espasmo do músculo).
MEDICINA TRADICIONAL
• Ruibarbo tem propriedades laxativas devido à presença de
antraquinonas. Estas foram usadas como composto condutor no
design do Danthron.
• Ópio já era conhecido no Egipto antigo;

• Reserpina obtida da árvore da cobra na Índia;

• Salicina obtida da árvore do salgueiro;


• Digitalis era conhecida na Inglaterra medieval;
• Arbusto de coca obtêm-se a cocaína.
NOVOS FÁRMACOS A PARTIR DOS JÁ
1. EXISTENTES
Modificando a estrutura de modo a evitar os problemas
com a patente, mas mantendo ou aumentando a
actividade terapêutica. Exs:.
NOVOS FÁRMACOS A PARTIR DOS JÁ EXISTENTES
Melhorando os efeitos secundários e eliminando a atividade
biológica principal.
Ex sulfonamidas além da atividade antibacteriana tem atividade
hipoglicémia, pelo que são usadas no tratamento dos diabetes; é
o caso da tolbutamida.
Similarmente foi desenvolvido a clorotiazida a partir
da sulfonamida que é um diurético.
Cloropromazida (usado na psiquiatria como
neuroléptico) obtida a partir da prometazina (anti
histamina com efeitos secundários sedativos).
DESCOBERTAS POR ACASO
1. Gás mostarda usado na 2ª guerra mundial, é usado na leucemia uma
vez mata as células brancas do sangue;

2. Trabalhadores na indústria de explosivos usam o TNT que causa


dilatação dos vasos sanguíneos. Fármacos foram desenvolvidos no
tratamento da angina de peito.
3. Trabalhadores na indústria da borracha: Dissulfiram evita a oxidação
normal do álcool, sendo portanto usado no tratamento do alcoolismo
crónico.
– Practolol que é antagonista b-adrenergico do coração, tem um
grupo amida que o torna hidrofilico impedindo-o de entrar no
cérebro.
– Viagra também foi descoberto por acaso num projeto tinha
como objetivo o desenvolvimento de farmacos para o coração.
– Clonidina era usada como vasoconstritor nasal e nas espumas
de barbear, tornou-se num importante anti-hipertensivo.

– Isoniazida inicialmente usado como agente antituberculose, é


hoje usado como inibidor da monoamina oxidase no
tratamento da depressão.
- Cloropromazina sintetisado como anti-histaminico no choque ciruurgico.
Foi testado em doentes maniaco depressivos onde tem um efeito
tranquilizante na esquizofrenia.

- Imipramina sintetizado como análogo à cloropromazina é usado para aliviar


a depressão. Deu origem a uma serie de compostos chamados
antidepressantes triciclicos.

- Aminoglutetimida usado como anti-epiléptico. Hoje é usado como


anti-cancerigeno inibindo a enzima aromatase.

- Ciclosporina A diminui ou suprime a resposta imunologica nos


transplantes. É usado como antibiótico

- Os alcalóides vincristina (Oncovina) e vinblastina são usados no tratamento


da doença de Hodgkin e foram descobertos por acaso na pesquisa de
farmacos hipoglicémicos.
GRUPOS FUNCIONAIS EXISTENTES NOS FÁRMACOS
–Grupos funcionais hidroxilos: formam ligações de
hidrogênio. Desaparecem ou tornam-se mais fracas
quando o grupo é transformado num ester.
–Grupos funcionais amino: formam ligações de
hidrogénio e iónicas ( as + importantes). Transformam-se
em amidas.
–Anéis aromáticos: estão envolvidos em interacções de
Van der Waals. A sua hidrogenação torna a sua estrutura
não plana.
–Duplas ligações: estão envolvidos em interacções de
Van der Waals. A sua hidrogenação diminui a força destas
ligações e causa impedimento estereo.
- As cetonas: estão envolvidos em ligações de hidrogénio e
interacções dipolo-dipolo.
- As amidas: estão envolvidos em ligações de hidrogénio. A
reducção a amina quebra a ligação envolvendo o oxigénio
do grupo carbonilo.
- Isosteres: são ou grupos de átomos que têm a mesma
valência; ex: SH, NH2, e CH3 são isoster de OH, enquanto
S, NH e CH2 são isosteres do O. Ex: Propranolol.

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