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CURSO PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL

PRÁTICAS E POSSIBILIDADES DA GESTÃO EDUCACIONAL

MUTUM-MG

2015
PRÁTICAS E POSSIBILIDADES DA GESTÃO EDUCACIONAL

MUTUM- MG

2015
Mutum-MG

2015
Dedicamos o presente trabalho a Deus que nos criou e
fez sermos criativos e perseverantes. As nossas famílias
que nos deram apoio incondicional.

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter nos dado saúde e força para superar as dificuldades.Ao Centrode
Ensino Técnico e Superior Capixaba, a seu corpo docente, direção e administração
que oportunizaram a nós, abrirmos um novo horizonte de aprendizado, nos cercando
de confiança no mérito e ética.A nossas famílias pelo amor, incentivo e apoio
incondicional.E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte desse processo de
aprendizagem.
SUMÁRIO

1RESUMO...............................................................................................................5

2APRESENTAÇÃO....................................................................................................6

3 OBJETIVOS..........................................................................................................9

3.1OBJETIVO GERAL................................................................................................9

3.2OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................9

4 JUSTIFICATIVA....................................................................................................9

5 DESENVOLVIMENTO........................................................................................10

5.1GESTÃO EDUCACIOANAL: SUAS PRÁTICAS E IMPLICAÇÕES....................10

5.2GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA...................................................14

5.3INTERAÇÃO ESCOLA E COMUNIDADE...........................................................20

5.4A IMPORTÂCIA DO PLANEJAMENTO NA GESTÃO EDUCACIONAL.............24

6 CONCLUSÃO.....................................................................................................28

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................29
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1. RESUMO

Este trabalho tem por objetivo entender a Gestão Educacional e sua contribuição
para a organização e o desenvolvimento do trabalho escolar,apresenta uma reflexão
a respeito da concepção atual de gestão escolar, legalmente implantadana escola
pública pelo poder governamental. Frente às mudanças provocadas por um
processo intenso de globalização das sociedades, o que tem proporcionado
alterações no comportamento e no modo de vida das pessoas, tal reflexão se torna
a cada dia um desafio a ser administrado com alto nível de habilidades a todos os
envolvidos nas instituições escolares e acerca da Gestão Educacional.

No contexto educacional pode-se considerar a gestão escolar como recente,


advinda das necessidades e mudanças no contexto escolar, se organizando para
atender as demandas atuais, ou seja, formar cidadãos críticos e ativos para a
inserção na sociedade. Aliado a estes fatores, o gestor escolar deverá proporcionar
abertamente o processo de democratização e participação autônoma de todos os
envolvidos com a comunidade escolar, promovendo a discussão e a socialização
dos problemas enfrentados, haja vista que seu papel fundamental é garantir uma
gestão eficaz.

Ao falarmos em processo de gestão democrática, abordaremosnaturalmente a


questão da participação e do trabalho coletivo. No contexto da educação brasileira,
tem sido dedicada muita atenção à gestão na educação que, enquanto um conceito
novo, supera o enfoque limitado de administração, se assenta sobre a mobilização
dinâmica e coletiva do elemento humano, sua energia e competência, como
condições básicas e fundamentais paraa melhoria da qualidade do ensino. E a
transformação da própria identidade da educação brasileira e de suas escolas, ainda
carentes de liderança clara e competente, de referencial teórico-metodológico
avançado de gestão, de uma perspectiva de superação efetiva dasdificuldades
cotidianas, pela adoção de mecanismos e métodos estratégicos para a solução dos
seus problemas.

Compete à gestão escolar estabelecer o direcionamento e a mobilização capazes de


sustentar e dinamizar a cultura das escolas, de modo que sejam orientadas para
resultados, ou seja, um modode ser e de fazer caracterizado por ações conjuntas,
associadas e articuladas.Consideramos que uma boa gestão se consolida pelo
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compromisso eparticipação dos sujeitos sociais envolvidos no processo, ou seja, a


gestão democráticanão deve ser algo que se alcance por decreto. A compreensão
da complexidade do trabalho pedagógico, só acontece com a percepção da
importância da contribuição individual e da organização coletiva, sendo este o
grande desafio.

É necessária uma mudança estrutural que envolva efetivamente a escola como um


todo, contribuindo paraqueosprofissionaisdaeducaçãointeressadosemassumiras
funções e responsabilidades de diretor escolar, possam orientar a sua preparação
inicial para fazê-lo mediante uma visão abrangente de seu trabalho; oferecer aos
sistemaseredesdeensinouminstrumentodeapoionaescolhade diretores escolares:
estimularentrediretoresescolares,a criação daculturadedesenvolvimentocontínuo de
competência para o exercício de suas funções gestoras e responsabilidades de
liderança na escola.Buscamos, assim, investigar ecompreender, a cultura escolar
existente sobre a Gestão Educacional.

Palavras-Chave: Democracia. Gestão Educacional. Gestor Escolar.

2. APRESENTAÇÃO

A educação tem como função promover estratégias que efetivem a formação do


cidadão e a prática da cidadania. A escola como uma instituição precisa saber que
deve formar sujeitos que possam inserir-se na sociedade de modo a modificá-la
positivamente. O ambiente escolar e meio social devem manter uma relação de
reciprocidade para o bom andamento da educação. Por isso tem-se a percepção de
que há a necessidade de uma mútua colaboração entre a esfera social e a dimensão
escolar, principalmente, em relação ao meio externo do local a que as unidades de
educação pertencem.

O processo de redemocratização política, que foi marco característico da década de


80, no Brasil, tornou evidente que as mudanças a serem efetuadas nas áreas
econômicas, social, cultural, política e educacional de uma sociedade que pretende,
efetivamente, se tornar democrática, demandam a existência de uma estrutura
descentralizada e participativa para a administração de seus serviços, exigindo, para
tal, a implementação de modelos institucionais e organizacionais que se
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contraponham àqueles que dão sustentação às políticas públicas marcadamente


centralizadoras e autoritárias.

Gestão é uma expressão que ganhou corpo no contexto educacional acompanhando


uma mudança de paradigma no encaminhamento das questões desta área. Em
linhas gerais, é caracterizada pelo reconhecimento da importância da participação
consciente e esclarecida das pessoas nas decisões sobre a orientação e
planejamento de seu trabalho. O conceito de gestão está associado ao
fortalecimento da democratização do processo pedagógico, à participação
responsável de todos nas decisões necessárias e na sua efetivação mediante um
compromisso coletivo com resultados educacionais cada vez mais efetivos e
significativos.

A escola, enquanto instituição social e política vêm passando por vários processos e
mudanças no conhecimento, organização e formas de pensar. Essas mudanças
dão novas características as nossas realidades política, econômica e social. Com
todas essas mudanças articuladas e trazidas a tona, a partir de documentos e
legislações especificas, a escola viu-se, obrigatoriamente, com a necessidade de se
adaptar aos novos tempos então instituídos. A gestão escolar neste contexto,
ganhou espaço de análise, de discussão e de implementação no interior das
escolas.

Instituído legalmente pela LDB, o termo gestão escolar refere-se a um princípio


constitucional que regulamenta ou que orienta as ações dentro do universo escolar.
Dourado (2007), em artigo que trata das políticas e gestão da educação básica no
Brasil, dando ênfase aos limites e perspectivas quanto a sua implantação, sinaliza
que:

A gestão educacional tem natureza e características próprias, ou seja,


tem escopo mais amplo do que mera aplicação dos métodos, técnicas
e princípios da administração empresarial, devido às suas
especificidades e aos fins a serem alcançados. Ou seja, a escola,
entendida como instituição social, tem sua lógica organizativa e suas
finalidades demarcadas pelos fins político-pedagógicos que
extrapolam o horizonte custo-benefício stricto-sensu. (DOURADO,
1997, p. 924)

A gestão educacional  nacional é baseada na organização dos sistemas de ensino


federal, estadual e municipal e das incumbências desses sistemas; das várias
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formas de articulação entre as instâncias que determinam as normas, executam e


deliberam no setor educacional; e da oferta da educação pelo setor público e
privado. A gestão escolar, trata das incumbências que os estabelecimentos de
ensino possuem, respeitando as normas comuns dos sistemas de ensino. Cada
escola deve elaborar e executar sua proposta pedagógica; administrar seu pessoal e
seus recursos materiais e financeiros; cuidar do ensino-aprendizado do aluno,
proporcionando meios para a sua recuperação; e articular-se com as famílias e a
comunidade, proporcionando um processo de integração.

A gestão educacional está ligada a quatro componentes que lhe são praticamente
indissociáveis: participação, democracia, autonomia e autocontrole. A participação é
a melhor maneira de assegurar a democratização da escola, possibilitando o
envolvimento de toda a comunidade escolar na tomada de decisões e no
funcionamento da organização escolar, proporcionando assim um maior
conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e das relações da
escola com a comunidade. Destaca-se ainda a relevância que tem o Projeto Político
Pedagógico e o Conselho Escolar na democratização da escola. Ambos são pilares
que sustentam o caráter democrático da gestão, sem a efetiva atuação desses dois
fatores, não há como conceber uma gestão democrática na prática.

Vamos abordar a gestão democrática conceituando-a e caracterizando-a de forma a


esclarecer a sua importância para o melhoramento da educação,bem como ressaltar
a influência e importância que há na integração da comunidade com a escola,
mostrando que há possibilidades e medidas práticas que propiciem essa inter-
relação. Toda escola necessita de uma administração, porém quando esta se dá de
forma democrática, percebe-se o quanto se pode avançar de maneira positiva rumo
a uma boa educação.

Ao longo desta pesquisa vamos refletir sobre a importância da participação de todos


para a efetivação de uma gestão democrática e participativa, que busque
cotidianamente a construção da autonomia da unidade escolar.A prática é uma
atividade inescapável ao conhecimento ao qual possuímos por Gestão Educacional,
logo, são prioritários os objetivos de se refletir sobre a articulação existente entre
gestão, conhecimento, escola, sociedade e discutir a necessidade, as possibilidades
9

e os conceitos da gestão educacional por meio de uma perspectiva sócio


pedagógica.

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Analisar a Gestão Educacional e a importância da participação de todos para a


efetivação de bons resultados, refletindo possibilidades e conceitos por meio de uma
perspectiva pedagógica.

3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Compreender a Gestão Educacional como um todo, em seus conceitos e


possibilidades.

Entender que a participação é o melhor caminho para obter o sucesso da Gestão


Democrática.

Informar característicasda Gestão Educacional no processo pedagógico.

4. JUSTIFICATIVA

A gestão de escolas públicas nos atuais sistemas de ensino brasileiro tornou-se foco
de discussão por merecer grande relevância como mecanismo de melhoria da
qualidade e desenvolvimento das nossas organizações educacionais. Outro fator de
suma importância é o papel que deve ser desempenhado pelos gestores para que o
processo democrático e autônomo seja parte da qualidade e do desenvolvimento
educacional nestas Instituições de Ensino.

O presente estudo é justificado pela necessidade de conhecimento e compreensão


acerca das complexas possibilidades que norteiam a Gestão Educacional e se
propõe analisar a Gestão como processo de democratização e busca pela qualidade
educacional, onde gestores e docentes devem proporcionar um espaço de interação
de saberes e delegação de poder em prol da aprendizagem significativa do aluno,
construindo mediações capazes de garantir que os obstáculos nãose constituam em
10

imobilismo, que as diferenças não sejam impeditivas da ação educativa coerente,


responsável e transformadora. Esse contexto relacional implica em buscar o objetivo
comum que é o desenvolvimento integral do aluno e de todo o processoeducacional
e pedagógico.

5. DESENVOLVIMENTO

5.1. GESTÃO EDUCACIOANAL: SUAS PRÁTICAS E IMPLICAÇÕES

Os sistemas educacionais, como um todo, e os estabelecimentos de ensino, como


unidades sociais especiais, são organismos vivos e dinâmicos, fazendo parte de um
contexto sócio econômico-cultural marcado não só pela pluralidade, como pela
controvérsia que vêm, também, a se manifestar na escola; portanto, com tais
características devem ser também as escolas entendidas. Ao serem vistas como
organizações vivas, caracterizadas por uma rede de relações entre todos os
elementos que nelas atuam ou interferem direta ou indiretamente, a sua direção
demanda um novo enfoque de organização e é a esta necessidade que a gestão
educacional procura responder. Ela abrange, portanto, a dinâmica das interações,
em decorrência do que o trabalho, como prática social, passa a ser o enfoque
orientador da ação de gestão realizada na organização de ensino.

A gestão escolar constitui uma das áreas de atuação profissional na educação


destinada a realizar o planejamento, a organização, a liderança, a orientação, a
mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos
necessários à efetividade das ações educacionais orientadas para a promoção da
aprendizagem e formação dos alunos.

Gestão, no âmbito escolar, refere-se àcapacidade de gerir recursos e promover com


maestria o processo de ensino-aprendizagem tendo por base a formação completa
daquele que lhe é posto, tendo em vista as necessidades sociais e o caráter
formativo do mesmo.Conceituar gestão escolar é relacionar educação, cidadania e
exercício político em todos os momentos formativos.

A gestão escolar é o meio pelo qual as instituições educacionais são conduzidas e


organizadas, tendo em vista os fatores econômicos, políticos, estruturais,
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pedagógicos, sociais, dentre outros. É a partir das ações da gestão que a escola
toma posse de seus métodos e perspectivas para o desenvolvimento dos processos
educativos. Aliada a ela, surge à democratização da mesma que tem sido um
assunto constante no meio educacional. Afinal, essa concepção de gestão tem
trazido novos horizontes para a educação brasileira, pois proporciona avanços de
significativa relevância para a educação, tais como o envolvimento da comunidade
escolar na escolha do diretor da escola e a implantação dos conselhos escolares
com papel deliberativo e decisório.

O conceito de Gestão Educacional é relativamente recente e de extrema


importância, na medida em que desejamos uma escola que atenda às atuais
exigências da vida social: formar cidadãos críticos, oferecendo, ainda, a
possibilidade de apreensão de competências e habilidades necessárias e
facilitadoras da inserção social. Isto permite pensar gestão no sentido de uma
articulação consciente entre ações que se realizam no cotidiano da instituição
escolar e o seu significado político e social, atendendo bem a toda a população,
respeitando e considerando as diferenças de todos os seus alunos, promovendo o
acesso e a construção do conhecimento a partir de práticas educacionais
participativas, que fornecem condições para que o educando possa enfrentar
criticamente os desafios de se tornar um cidadão atuante e transformador da
realidade sociocultural e econômica vigente, e de dar continuidade permanente aos
seus estudos.
As dimensões de organização da Gestão Educacional dizem respeito a todas
aquelas que tenham por objetivo a preparação, a ordenação, a provisão de recursos,
a sistematização e a retroalimentação do trabalho a ser realizado. Elas objetivam
garantir uma estrutura básica necessária para a implementação dos objetivos
educacionais e da gestão escolar. Elas diretamente não promovem os resultados
desejados, mas são imprescindíveis para que as dimensões capazes de fazê-lo
sejam realizadas de maneira mais efetiva (Lück, 2008).
O movimento pelo aumento da competência da escola exige maior habilidade em
umagestão, a formação de gestores escolares passa a ser uma necessidade e um
desafio para os sistemas de ensino.A sua diversidade, a multiplicidade de
competências, e de outro, a dinâmica constante das situações, que impõe novos
desdobramentos e novos desafios ao gestor, não se pode deixar de considerar
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como fundamental para a formação de gestores, um processo de formação


continuada, em serviço, além de programas especiais e concentrada sobre temas
específicos.
O gestor escolar sob esse novo paradigma passa a atuar de forma mais dinâmica,
comprometido com os destinos da instituição escolar, responsabilizando todos os
atores da instituição escolar e da comunidade escolar no fazer pedagógico.Para
Pazeto (2000), o gestor escolar deve ter suaqualificação pautada em uma formação
básica sólida em educação e no domínio das ciências que lhe dão fundamentação;
qualificação científica e técnica em gestão de instituições; e formação continuada,
que permita a associação de conhecimentos e experiências, aprimorando, assim,

seu desenho pessoal e institucional.


Pensando nas habilidades e conhecimentos em áreas: administrativas;
relacionamento interpessoal e pedagógico, elencando as principais habilidades e
conhecimentos que os profissionais da gestão, precisam refletir de modo que
possam liderar de forma competente uma escola, independentemente do nível de
escolaridade que esta ofereça. Na área pedagógica a autora Lück (2005) sugere:

Compreensão dos fundamentos e bases da ação educacional;


Compreensão da relação entre ações pedagógicas e seus resultados
na aprendizagem e formação dos alunos; Conhecimento sobre
organização do currículo e articulação entre seus componentes e
processos; Habilidade de mobilização da equipe escolar para a
promoção dos objetivos educacionais da escola; habilidade de
orientação e feedback ao trabalho pedagógico. (LÜCK, 2005, p. 85)

Essa dimensão associa-se ao desenvolvimento do trabalho no sentido de buscar


parcerias, articular a comunidade escolar na representatividade dos conselhos
escolares, nas ações que envolvem o trabalho no cotidiano escolar, trazendo a
comunidade exterior para o interior da escola, ou seja, abrir as portas do espaço
educacional para que toda a comunidade possa usufruir e participar das decisões
decorrentes daquele ambiente educacional. O gestor escolar na dimensão política
exerce o princípio da autonomia que requer vínculos mais estreitos com a
comunidade educativa, os pais, as entidades e organizações paralelas à escola.
Segundo Libâneo (2004) “autonomia é a faculdade das pessoas de autogovernar-se,
de decidir sobre seu próprio destino”.
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O gestor escolar passou a teruma gama de ações inerentes ao seu dia a dia de
trabalho, além das já tradicionais administrativas, absorvendo também os aspectos
pedagógicos. Não há como ser a linha de frente de uma instituiçãoeducacional, seja
ela pública ou privada, sem ter um panorama e sem dimensionar a realidade das
relações interpessoais que se concebem em seu interior. A escola, mesmo dentro de
um macro social maior, é um dos locais privilegiados onde as relações acontecem e
se consolidam.
As escolas públicas como não são organismos isolados, dependem do sistema
central, das políticas e da gestão pública, possuem uma autonomia relativa,A escola,
e o gestor por consequência, é subordinada àsleis e asdeterminações de âmbito
municipal, estadual, nacional e federal. A escola e seu gestor devem ser e seguir
aquilo que a sociedade necessita estando, sempre, em concordância com os
preceitos orientados pelos órgãos pertinentes como o MEC, por exemplo. Pauta-se
no planejamento, na organização, na orientação e o controle de suas atividades
internas estando sujeita a adequação eaplicação das diretrizes gerais que recebem
dos níveis superiores da administração do ensino.Vale acrescentar que os gestores
dos organismos governamentais também possuem papel de grande relevância na
gestão escolar, pois cabe aos organismos governamentais de nível central elaborar
e apresentar um currículo básico, que contenha a normalização comum a todos os
alunos, e espaço reservado para os temas de interesse local.
Os gestores educacionais atuam como avaliadores do sistema de ensino e das
escolas; como garantidores dos recursos financeiros necessáriose suficientes para
propiciar educação de qualidade para todos. O principal desafio da escola é a
complexidade do processo de ensino que, para seu desenvolvimento e
aperfeiçoamento, faz-se necessário a participação consciente da equipe gestora e
de toda a comunidade escolar.
A qualidade da gestão educacional tem reflexos diretos no desempenho de
docentes, técnicos e alunos, com benefícios significativos para as comunidades e a
sociedade. Os avanços tecnológicos e as novas exigências do mundo do trabalho
têm requerido das direções escolares competências e habilidades para um trabalho
educacional ajustado às mudanças constantes. Assim, os níveis de escolaridade,
informações e leituras do diretor escolar devem estar em consonância com as
demandas sociais e com os desafios que a escola enfrenta no cotidiano da
comunidade, para que a vivência escolar seja contemporânea e qualificada.
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A autonomia delegada à escola permite a busca por soluções coerentes e


condizentes, para concretizar esta nova proposta de educaçãoé fundamental que
haja abertura para que todos os segmentos possam dar suas opiniões, que tenham
liberdade de expor suas ideias, discuti-las, escolher amelhor e executar as ações e
projetos com apoio da direção e equipes que fazem parte da comunidade escolar.
Onde todos trabalham, tomam decisões e assumem responsabilidades em conjunto.
Nesse sentido, a gestão escolar, deve ter a consciência do seu papel pedagógico,
pois o produto final de todas as ações da gestão, bem como de toda a equipe da
escola (docentes e demais funcionários) deve ser a educação em si. A partir do
momento em que os gestores tomam posse desse saber, todos os seus esforços se
traduzirão em estratégias para garantir um processo de ensino aprendizagem que se
dê de maneira eficaz. Desta forma, a gestão ganha um formato democrático, onde
todos buscam em conjunto a melhoria da educação.
A gestão pedagógica compreende a ação coletiva e integral focada no propósito
único de educar o aluno, na busca continuada para desenvolver no alunado
competências para lidar de forma produtiva com a realidade interna e externa, além
de provê-los, com oportunidades de melhores chances de êxito na vida.

5.2. GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA

A participação popular e a gestãodemocráticafazem parte da tradição das chamadas


“pedagogias participativas”, sustentando que elas incidem positivamente na
aprendizagem. Pode-se dizer que a participação e a autonomia compõem a própria
natureza do ato pedagógico. Formar para a participação não é só formar para a
cidadania, é formar o cidadão para participar, com responsabilidade,do destino de
seu país; a participação é um pressuposto da própria aprendizagem. O Documento-
Referenciada primeira Conferência Nacional de Educação (Conae) refere-se à
qualidade da educação, associando este tema ao da gestão democrática. Não há
qualidade na educação sem a participação da sociedade na escola. A melhoria da
qualidade da educação e das políticas educacionais está intrinsecamente ligada à
criação de espaços de deliberação coletiva.
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A gestão democrática das escolas públicas brasileiras está prevista tanto na


Constituição Federal de 1988,Art. 206, quanto na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/1996), em seu Art.3o, inciso VIII, ao
ressaltar que o ensino público será ministrado com base no princípio da
gestãodemocrática.

A gestão democrática como princípiopedagógicoe como preceitoconstitucional não


se restringe à escola. Ela impregna todos os sistemas e redes de ensino. O princípio
constitucional da gestão democrática também não se limita à educação básica: ela
se refere a todos os níveis e modalidadesde ensino. É preciso deixar claro que a
gestão democrática não está separada de uma certada concepção da educação.
Não tem sentido falar de gestão democrática no contexto de uma educação
tecnocrática ou autoritária. Ela deve ser coerente com uma concepção democrática
e emancipadora da educação.

A escola democrática e descentralizada passou, concomitantemente, a ser


autônoma, tendo independência para gerir sua variedade de abrangências, mediante
o compromisso de promover a participação de todos os elementos envolvidos no
contexto educacional: direção, professores, pais, profissionais e demais elementos
interessados, pertencentes à comunidade local, e a responsabilidade de prestar
contas sob seus atos. Preconizando a participação como busca pela qualidade da
educação, tornando-se foco de atenção da comunidade educacional, enquanto
enfoque novo, desafiador, superando as limitações administrativas arraigadas nas
instituições de ensino.

Diante dessa concepção de gestão escolar que focaliza a escola como determinante
de sua ação, como responsável por seu sucesso ou insucesso, como centro da
autonomia entendida como descentralização dos recursos financeiros públicos, o
foco dessa gestão está centrado na escola na figura do gestor. Assim, a
responsabilidade da gestão escolar está situada na função de diretor/a, que
representa os interesses do Estado para gerenciar os recursos públicos enviados às
escolas para suprir suas necessidades emergenciais de manutenção. Dessa forma,
está iniciada uma nova fase da gestão escolar, que insere a participação da
comunidade na manutenção da escola pública.
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É importante ressaltar que a autonomia da escola compreende uma conquista


contínua, que requer tanto a preparação da escola quanto dos indivíduos para a
autonomia pessoal como prerrogativa necessária para a qualidade da educação
(FREITAS, 2000).

A gestão democrática implica um processo de participação coletiva. Sua efetivação


na escola pressupõe instâncias colegiadas de caráter deliberativo, bem comoa
implementação do processo de escolha de dirigentes escolares, além da
participação de todos os segmentos da comunidade escola.

As discussões acerca das modalidades de escolha dedirigentes escolares no Brasil


vêm a partir da década de 1980, adquirindo papel significativo nos estudos
realizadospelos pesquisadores interessados na democratização da educação e
daescola. Entre esses estudos, situam-se aquelas abordagens que indicam que a
modalidade de escolha influencia no processo de democratização da gestão escolar.

O processo de eleição de diretores é muito variado nos estados e municípios que o


adotam. O colégio eleitoral pode incluir toda a comunidade escolar ou ser restrita a
parte dela, com diferentes ponderações para o voto dos professores, funcionários,
estudantes e pais. Em alguns casos, há definição legal e operacional para o
andamento e a transparência do processo, como data, local, horário, regras de
propaganda e de debates. Em outros, a comissão eleitoral se incumbe de
regulamentar as diferentes etapas da eleição. É fundamental garantir a participação
de todos e ter consciência de que a eleição não é a cura para todos os problemas da
escola.

A gestão democrática abarca o caráter opinativo dos envolvidos no processo de


ensino aprendizagem, o professor como agente decisivo nas práticas que levam a
aprendizagem não pode se tornar alheio ao que propõe a gestão de caráter
democrático. Afinal, é o docente que sente na pele todos os fatores sociais, já
citados anteriormente, que interferem em sala de aula.Assim, o docente precisa
possuir o conhecimento sobre o que vem a ser gestão democrática,conceito básico,
já que essa gestão deve ser norteada por ações que influirão diretamente no
cotidiano da sala de aula.O docente precisa ter a consciência de que existe um todo
mais amplo no trabalho norteado por uma administração de cunho democrático,
buscando sempre aprofundar-se no assunto e não deixando que tais ideias sejam
17

afogadas no trabalho rotineiro habitual da escola.“À medida que o educador,


enquanto educador compreende a importância social do seu trabalho, a dimensão
transformadora da sua ação, a importância social, cultural, coletiva e política da sua
tarefa, o seu compromisso cresce” (RODRIGUES, 2003, p. 66).

Através do entendimento do docente no que diz respeito a todos os fatores que


norteiam a gestão democrática, adquire-se uma nova visão que irá modificar de
forma positiva a sua prática pedagógica, pois o fortalecimento do compromisso de
educar traz em si uma gama de novos horizontes para a melhoria do trabalho
realizado pelo professor, sempre tendo a democratização da gestão como uma
bússola que irá orientá-lo em seu dia a dia na escola, no que se refere às suas
atribuições e possíveis contribuições.

Reconhecendo o papel do professor e da escola na conjuntura social, onde o


primeiro assume a responsabilidade com os alunos na promoção de um ensino de
qualidade priorizando a cognitividade e a aquisição dos conhecimentos universais e
a segunda assumindo-se como uma extensão da sociedade, onde os valores
sociais, culturais são dinamizados e lapidados, acredita-se que nos dias atuais,
ambos devem ter no seu bojo de objetivos a ideia de uma escola democrática a
serviço da formação de cidadãos críticos e participativos e da transformação das
relações sociais presentes.

No que diz Gestão Democrática e Participativa, não há como conceber uma gestão
democrática na prática sem falarmos de um dos pilares que sustentam o caráter
democrático da gestão o Projeto Político Pedagógico.O PPP (Projeto Político
Pedagógico) imprime à gestão o fazer democrático na medida em que seja
elaborado de forma participativa, tendo em vista as necessidades da escola e da
comunidade, criando estratégias que irão guiar os trabalhos escolares durante o
período letivo.A educação não pode ser concebida como simples técnicas e
saberes, mas sim como algo organizado, onde sejam justificadas as ações
realizadas, que possua metas a serem alcançadas, enfim que seja trabalhada na
ótica de projeto.A escola precisa e deve possuir um PPP, afinal a educação é
construída de maneira sistemática, dessa forma, esse projeto faz-se necessário para
as instituições de educação que realmente tenham o compromisso de educar e não
simplesmente de cumprir questões burocráticas exigidas por um sistema.
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A estrutura democrática da gestão escolar consiste: O Conselho Escolar sendo o


órgão máximo nas direções das escolas públicas. Associações de Pais, Mestres e
Funcionários que éuma associação civil, entidade jurídica de direito privado,
vinculada à escola, que funciona em prol da qual trabalhamsem fins lucrativos.
Grêmio Estudantilo órgão máximo de representação dos estudantes a serviço da
ampliação da democracia na escola. Conselho de Classe é o colegiado, definido
como reunião liderada pela equipe pedagógica de uma determinada turma.

O Conselho Escolar instituído pela legislação estadual compreende um colegiado


formado por: pais, alunos, professores, direção, equipe pedagógica e funcionários
administrativos edeserviços gerais, além do representante do grêmio estudantil e
dos movimentos sociais organizados. Todas as pessoas ligadas à escola se fazem
representar e decidem sobre aspectos administrativos, financeiros e pedagógicos,
como um canal de participação, que também atua como instrumento de gestão da
própria escola, cuja função é o estudo e planejamento, debate e deliberação,
acompanhamento, controle e avaliação das principais ações da escola, tanto no
campo pedagógico, como no administrativo e financeiro.Quando trabalhado de
forma correta, é uma das práticas mais democráticas que podemos encontrar numa
escola. Já que em sua formação, nota-se que há uma ampla participação por meio
da escola e da comunidade local e na sua atuação, ele efetiva as metas e ações
propostas no Projeto Político Pedagógico e busca manter uma maior transparência
em relação às questões da escola.

Associações de Pais, Mestres e Funcionários é formada por um número ilimitado de


sócios, sendo admitidos pais, professores e funcionários que desejarem se associar
sócios efetivos; alunos e ex-alunos, pais de ex-alunos, ex-professores e demais
membros da comunidade interessados.É composta pela assembleia geral, pelos
conselhos deliberativo e fiscal e pela diretoria. Seus objetivos compreendem a
discussão e colaboração nas decisões sobre as ações para a assistência ao
educando, para o aprimoramento do ensinoe para a integração família-escola-
comunidade; integração da comunidade no contextoescolar; representação dos reais
interesses da comunidade e dos pais dos alunos junto à escola; contribuindo para a
melhoria do ensino e para a adequação efetiva dos planos curriculares; e a
promoção do entrosamento entre pais, alunos, professores, funcionários e membros
da comunidade, através de atividades educacionais, culturais, sociais e esportivas.
19

O Grêmio Estudantil, por meio das suas funções de representação e organização


dos alunos, contribui para a efetivação de uma educação emancipatória e
transformadora,trata-se de uma organização sem fins lucrativos, cuja representação
defende os interesses dos estudantes, possuindo fins cívicos, culturais,
educacionais, desportivos e sociais.

O Conselho de Classe tem como função compartilhar informações sobre a classe e


sobre cada aluno para embasar a tomada de decisões. Engloba professores das
diversas disciplinas, direção, equipe pedagógica e alunos representantes de turma,
que se reúnem para refletir, avaliar e propor ações no acompanhamento do
processo pedagógico da escola Vale acrescentar que a atuação do Conselho de
Classe favorece a integração entre professores, a análise do currículo e a eficácia
dos métodos utilizados; além de facilitar a compreensão dos fatos por intermédio da
exposição de diversos pontos de vista.

Tais fatores estão intimamente ligados à busca da democratização da escola e, em


consonância com as mudanças ocorridas no meio social, buscam garantir um
ambiente escolar favorável ao bom desempenho do processo de ensino
aprendizagem.A gestão democrática vai além de simples ações, que geralmente
contam com a participação de um número maior de pessoas, mas ela caracteriza-se
como um conjunto mais amplo e sistemático, que contempla todas as dimensões
envolvidas na educação, ao passo que cada característica possui suas
particularidades, métodos e estratégias específicas, onde, de maneira organizada, a
gestão tem a função de coordenar e comandar tais ações, tendo em vista o
desenvolvimento das práticas educativas numa ótica democrática, ou seja,
participativa e cooperativa.

Uma forma de encarar a democratização da escola é considerá-la como o


desenvolvimento de processos pedagógicos significativos, pela adoção de um
currículo concreto e vivo que garantam a permanência do estudante no sistema
escolar, eliminando e impedindo o processo de exclusão representado pela evasão
e repetência. Outra forma é a de compreender que a democratização realiza-se
pelas mudanças nos processos administrativos desenvolvidos nos sistemas
educacionais e no interior das escolas, por meio da participação de pais, alunos,
professores e da sociedade civil em geral nas decisões tomadas em assembleias,
20

de eleições para os cargos diretivos e da eliminação das vias burocráticas de


gestão.

A gestão escolar democrática torna-se cada vez maisresponsável pela imagem da


educação pública, à medida que supera a fama de ineficiente e vai perdendo seu
caráter protecionista e assistencialista. Para tanto, a escola pública precisa avançar
em termos de proposta pedagógica, sabendo o que quer e que caminhos seguir
para alcançar seus objetivos, sendo, para tanto, imprescindível que o diretor de
escola, juntamente com o corpo docente e a comunidade tenham bem claro a escola
que se quer e para quem se quer.A educação escolar é uma tarefa social que deve
serdesenvolvida pela sociedade. A participação efetiva e ativa dos diferentes
segmentos sociais na tomada de decisões conscientiza a todos de que são atores
da história que se faz no dia-a-dia da escola.

Um processo de gestão escolar se concretiza com participação, democracia,


parceria, conceitos inovadores e referenciais que o sustentem. O papel da escola é
o de envolver a comunidade, buscando clareza na concepção curricular que
considerar adequada para a construção de uma sociedade justa e para um processo
democrático de gestão escolar.

A reflexão precisa estar presente de forma ininterrupta e contínua, especialmente no


“para quê” e no “para quem” é a formação. É essencial compreender, em primeira
instância, o que é necessário para subsidiar a necessidade social; após, a partir
dessa análise, formular hipóteses, por meio de projetos, que atendam às demandas
da comunidade.

Diante das inúmeras maneiras de se gerir umaescola, sem sombra de dúvidas, a


forma em que exista participação da coletividade na tomada de decisões;na
elaboração e execução de projetos pertinentes à comunidade escolar;na delimitação
de tarefas e hierarquização das funções é a mais valiosa de todas. Por meio dela, a
gestão democrática e participativa, descentraliza-seo poder dasmãos de um único
individuo,atribuindoparticipação e responsabilidade a todos os sujeitos envolvidos e
interessados com o contexto educacional e na formação emancipadora da
sociedade.

5.3. INTERAÇÃO ESCOLA E COMUNIDADE


21

A participação é uma necessidade humana, inerente ànatureza social da pessoa; é a


partir dela que se obtêm instrumentos necessários para a transformação da
realidade de uma sociedade.

A família é a primeira e mais importante instituição sociale precisa ser orientada e


respeitada,permanentemente,em processos humanos, com a formação dos vínculos
afetivos, sobre osquaispoderão repercutir ou não,no desenvolvimento da
personalidade de seus entes queridos.A família precisa viver relações de
reciprocidade permanentee favorecer a solidariedade social, a cooperação entre os
entes queridos e a coletividade, com o apoio do grupo gestor das escolas e das
instituições. A gestão escolar tementender todo esse processo, a fim de qualificaro
atendimentoe a inter-relação.

O fomento dessas interações precisa ser fortalecido por todos e,especialmente pelos
profissionais, gestores escolares e outros que lidam com a pessoa e a família. Isto
certamente oportunizará alternativas ligadas à qualidade do atendimento Nessas
circunstâncias, a família,a sociedade, a escola necessitam construir um novo
conhecimento, a fim de desenvolverpadrões de interação e um conjunto de ações
favoráveispara todos.

A gestão escolar tem na relação escola e família um importante instrumento de


inovação educacional, desde que utilizado numa perspectiva democrática. O
processo de relação escola e família precisam ser analisados numa perspectiva
democrática, para que haja implementação da cultura de parceria construtiva entre
essas duas instituições.

Com a diversificação dos espaços educacionais, tendo em vista as demandas


desencadeadas pela realidade socioeconômica do paíse do mundo, não será mais
possível trabalhar com um universo restrito de pessoas no processo de tomada de
decisões, no âmbito escolar. As instituições família e escola constituem-se em
ambientes necessários para a vida da criança, podendo buscar melhores condições
de comunicação e de entendimento na interação entre si, como forma de
contribuição e deresponsabilidade pelo desenvolvimento social do aluno e da gestão
escolar.
22

A escola não deve ser concebida como a detentora de toda autonomia no que diz
respeito à educação e nem deve colocar-se como tal, pois do contrário os desafios
encontrados no decorrer do ensino se darão numa escala muito maior do que
quando a escola trabalha juntamente com a comunidade levando em consideração
suas peculiaridades e as contribuições que esse trabalho em conjunto poderá trazer
para a educação e consequentemente para o meio social, afinal por mais que a
escola atue sem a participação da comunidade, todo o trabalho realizado se refletirá
futuramente na mesma e na própria sociedade como um todo.

Portanto, o principio participativo no sentido de gerar a democracia na escola não


esgota as ações necessárias para assegurar a qualidade de ensino. Tanto quanto o
processo organizacional, e como um de seus elementos, a participação é apenas
um meio de alcançar melhor e mais democraticamente os objetivos da escola, os
quais se localizam na qualidade dos processos de ensino e aprendizagem. Em
razão disso, a participação necessita do contraponto da direção, outro conceito
importante da gestão democrática, que visa promover a gestão da participação.
Na realidade educacional e, mais especificamente, no cotidiano escolar, a interação
entre escola e família pode ocorrer de forma eficiente se houver uma comunicação
ampla, onde a relação estabelecida entre gestores, professores e pais, por exemplo,
seja realizada num plano que vise relações horizontais. A comunicação poderá,
assim, contribuir para o estabelecimento de um processo de mobilização e, por
conseguinte, a uma participação mais efetiva, favorecendo o processo de ensino e
aprendizagem e colaborando como um dos fatores para uma educação de
qualidade.
Atualmente, a participação da comunidade nas ações da escola torna-se algo de
pertinente relevância, pois a escola reflete várias dimensões a cerca do que ocorre
fora de seus muros, dessa forma não há como não haver uma relação entre as
instituições educacionais e a comunidade onde as mesmas estão inseridas.

A comunidade deve inserir-se no ambiente escolar de forma a propiciar o melhor


andamento da educação. Esse envolvimento se dá de várias formas, afinal a escola
desempenha diversas funções no âmbito educacional, logo a comunidade tem
muitas oportunidades de exercer um papel atuante e transformador, principalmente
para a melhoria do ensino aprendizagem.
23

A participação dos familiares na escola pode acontecer de diferentes maneiras.


Talvez uma das mais importantes formas de atuação da família no espaço escolar
seja através do acompanhamento escolar, pois é bem melhor trabalhar numa escola
onde os pais estão preocupados com o rendimento educacional de seus filhos, é
importante ressaltar que esta preocupação deve ser voltada não somente ao êxito
nas notas, no comportamento do educando, na metodologia utilizada pelos
professores, pela atuação da gestão, dentre outros fatores. O voluntariado também
pode ser uma alternativa para a família se inserir no espaço escolar, assim como,
também buscar inteirar-se sobre o cotidiano da escola, visando sempre o
acompanhamento e colaboração com a educação.

Pode-se dizer que a participação é real, em uma instituição, quando os atores estão
envolvidos em todos os processos da vida institucional, por suas ações, ou seja, na
tomada, na implementação e na avaliação de decisões. Assim, o desempenho da
organização é resultante dessa participação de todos, nos diferentes níveis e fases
do processo decisório, exigindo-se mudança na cultura organizacional. Para que
essa mudança ocorra, os atores da instituição devem conhecer o objeto da ação
participativa, por intermédio da discussão e do posicionamento coletivo sobre o quê,
para quê, como, quando, onde, com que meios recursos e pessoas contarão para
levar avante um projeto.A ação de participar valoriza o potencial das pessoas e
permite que estas exprimam suas ideias e emoções, desenvolvam relações
pessoais e organizacionais mais autênticas e, enfim, se tornem profissionais mais
autônomos, mais competentes.

Administrar uma instituição educativa torna-se uma tarefa ainda mais exigente, pois
abrange as várias dimensões do espaço interno e externo da escola. Este último,
por sua vez, tem caráter mais exigente, afinal é difícil propiciar meios adequados
para que possa ocorrer à relação mais íntima entre comunidade e escola, logo a
gestão escolar deve ser a principal mediadora tendo em vista estas perspectivas,
buscando, através de suas incumbências e autonomia os meios pelos quais essa
inter-relação se dê de fato.

Só a partir de uma real interação da escola com a comunidade se conseguirá


trabalhar em meio às transformações sociais contínuas, outro fator que influi na
educação e que se inter-relaciona diretamente com o meio comunitário,
24

principalmente tendo em vista os efeitos da globalização.As instituições escolares


devem buscar aproximar-se da realidade comunitária, pois muitas vezes espera-se
apenas que a comunidade busque participar, quando não há um estímulo a essa
participação, com essa postura, a escola começa a adquirir a cara do espaço
comunitário e como consequência, a comunidade se sentirá mais incentivada a
estarem mais presente e atuante na escola.A escola estaria capacitada para agir
dentro do espaço escolar, colaborando e transformando-o de forma positiva e
começando a acabar com as barreiras que possa haver entre escola e comunidade
e que não devem existir para que se assegure uma educação de qualidade e que,
impulsionada pela gestão democrática, seja promotora da cidadania.

5.4. A IMPORTÂCIA DO PLANEJAMENTO NA GESTÃO EDUCACIONAL

O ser humano está sempre procurando compreender os elementos, os movimentos


e os condicionantes que fundam o seu pensamento e a sua prática com o intuito de
redimensioná-los gradualmente em favor dos seus ideais.Nesse contexto, o
planejamento pode ser visto como um processo e ao mesmo tempo como um
mecanismo de reflexão e intervenção, no sentido de organizar, selecionar e decidir
sobre as vias mais adequadas à construção da realidade idealizada, que pode ser
um projeto de natureza pessoal, profissional, institucional ou social.

Podemos entender que a tarefa de planejar é abstrusa, exige sistematização e


envolve diversos aspectos. No âmbito escolar é componente integrante das ações
destinadas à concretização da função social da escola, abrangendo vários âmbitos,
níveis e modalidades como também assumindo diferentes perspectivas e propósitos
no sistema educacional, o planejamento precisa ser frequentemente repensado por
meio de ações capazes de redimensionar a prática educativa e reorganizada de
modo que atenda às demandas e peculiaridades do grupo de trabalho, para que se
transforme, de fato, num instrumento significativo e eficiente para nortear as ações
previstas; fazendo do processo de tomada de decisões uma concepção de
educação e formação humana.

O planejamento não está relacionado somente com o presente, mas principalmente


com o futuro, pois as decisões que serão tomadas no processo de planejamento
estão voltadas para o futuro. [...] Um dos itens de mais destaque no planejamento é
o estabelecimento de objetivos e metas. (Koetz, 2009, pg. 71)
25

Todos os atores da ação educativa devem estar envolvidos no processo de


planejamento participativo, pois a atitude de todos deve estar pautada nos
interesses sociais do grupo, não havendo espaços para preferências. E educação é
direito básico garantido constitucionalmente, não devendo ser visualizada como
regalia de uma minoria.Assim, é preciso entender o planejamento como fundamental
para garantir que os objetivos propostos sejam atingidos, ao todo ou em parte,
conforme a execução das ações efetivamente planejadas.

Em um primeiro momento, é preciso planejar o que efetivamente se deseja fazer,


elencando os pontos a serem transformados e o que deve ser feito para que tais
mudanças aconteçam. A seguir, é preciso preparar os materiais, os recursos e os
indivíduos que estarão ligados diretamente neste processo. O acompanhamento
significa visualizar, de perto, como o processo está se desencadeando para, na
última etapa, propor revisões e mudanças, caso sejam necessárias.O principal foco
deste tipo de planejamento está na realidade na qual a escola está inserida. Assim,
é importante conhecer e diagnosticar as possibilidades existentes na comunidade
local, para que o planejamento e, consequentemente, os resultados alcançados,
sejam condizentes com as demandas sociais existentes. Para isso, a participação de
todos é muito importante.

A atividade de planejamento resulta no projeto pedagógico-curricular, estes propõem


uma direção política e pedagógica para o trabalho escolar, elabora metas, prevê as
ações, institui procedimentos e instrumentos de ação. A ausência deste instrumento
no âmbito escolar implicará no comprometimento eficaz e satisfatório no processo
de ensino e aprendizagem, além da decadência nas articulações educacionais.

O Planejamento Participativo encontra a sua relevância no contexto educacional.


Trata-se da integração das necessidades apontadas por todos os participantes deste
processo de gestão: professores, gestores, diretores, alunos e demais funcionários
da instituição de ensino.É através do planejamento que as escolas desenvolvem
suas propostas educacionais para a sociedade, usando diversos instrumentos como
o Projeto Político Pedagógico (PPP), O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE)
e o Regimento Escolar (RE). Todos elaborados de forma coletiva, prevendo as
diretrizes e realizações administrativas, pedagógicas e financeiras, em consonância
26

com a aspiração da comunidade escolar e com os objetivos delineados no


planejamento do sistema educacional a que pertence.

A participação de diversos representantes sociais no planejamento das ações a


serem executadas no contexto escolar, permite que se atenda às necessidades mais
imediatas, através da elaboração de um Planejamento Participativo coletivo,
baseado no conhecimento e nas informações coletadas cotidianamente, que cada
indivíduo possa compartilhar.Gerir democraticamente uma escola significa, portanto,
conceder espaço a quem tem o que falar e, principalmente, conceder a devida
atenção às demandas que se originam na própria sociedade, onde se opera a
efetiva convivência. Uma gestão democrática é, por fim, a garantia de que a busca
pela educação de qualidade será incessante e que contará com a participação de
todos.

A origem da ação do planejamento se desenvolveutendo como referência o mundo


do trabalho, apresentando uma concepção, inicialmente,de natureza burocrática,
nas chamadas escolas de administração. Na verdade, o formalismo e a
burocratização do processo de planejamento no campo da educação decorrem das
marcas deixadas por esses modelos de organização do trabalho, voltados apenas
para a eficiência e eficácia da gestão e funcionamento da escola.

O planejamento estratégico é um processo gerencial que visa à formulação de


objetivos organizacionais, de modo que, necessita levar em consideração as
relações entre o ambiente interno e externo à organização e sua evolução esperada,
ou seja, nada mais é do que consolidar as ideias que por si só não produzem
resultados positivos, pois é na implementação dessas ideias que a organização
passa a obter o melhor da estratégia. O planejamento consiste na identificação, na
análise e na estruturação dos propósitos da Instituição rumo ao que se pretende
alcançar, levando em consideração suas políticas e recursos disponíveis, atuando
nos níveis: estratégicos, táticos e operacionais.

Esta definição é bem clara quando consiste na identificação de propósitos, onde faz
com que os gestores educacionais reflitam sobreos objetivos da Instituição, bem
como oferece a oportunidade de realizar uma análisena estruturação desse
propósito, levando em conta suas condições políticas e financeiras, que definirão o
futuro da instituição de ensino.
27

Dado o seu caráter processual e de atividade permanente de reflexão e ação, o


planejamento deve ser flexível, ou seja, deve permitir ajustes nos objetivos e nas
estratégias durante a sua execução. Ou seja, as ações definidas nos planos devem
estar sujeitas a um processo de avaliação constante, para as retificações
necessárias nos percursos definidos.Lembrando que o planejamento é um processo
realizado por pensamento interativo e diferentes dimensões que considera a
realidade, sendo esta complexa e dinâmica, não podendo ser praticado de forma
linear, observando uma etapa e um aspecto de cada vez.

A organização administrativa faz-sepossível com direcionamentos apontados no


planejamento, pois, de nada adianta uma gestão sem direcionamentos
econfluências de necessidades do coletivo. A importância do planejar no contexto da
gestão se dápelo fato de ser uma ferramenta que vem assegurar
astrajetóriaspedagógicas,políticas e sociaisdo ambiente escolar, tal como uma base
de sustentação. Planejar é o primeiro passo para uma educação de qualidade, pois
dinamiza toda a organização escolar a fim de efetivar intenções, assim como
estruturarmudanças estratégicas da prática pedagógica do profissional da educação,
proporcionando uma tomada de consciência do caráter político de sua atuação como
formador de novas gerações.

Na atualidade é importante compreendermos o planejamento como elemento


fundamental da gestão escolarecolocá-lo num contexto mais amplo, ou seja, situá-lo
a partir da década de noventa, onde a educação ganha novo destaque na pauta de
discussões nacionais, entendida como direito social garantindo por lei e como pilar
fundamental na construção de uma sociedade mais justa e na promoção do
desenvolvimento econômico dos municípios, estados e do próprio país.

O planejamento educacional é visto como parte da administração que


trazàsuperfície intenções e mobilizações de recursos, pessoas objetivando metas e
fins claros para os participantes deste processo. Éferramenta resultante dos diálogos
pedagógicos no âmbitoda administração, algo que registra e diagnostica a realidade
escolar.É à base da açãoprofissionalizante necessária a pratica político-educacional,
pelo papel de deixar claras as intenções políticas envolvendo o processo de
discussão, tomada de decisão e negociação de registro do mesmo. Desta forma,não
28

pode ser visto como processo imóvel e neutro, mas sim como algo criativo e digno
de mutações.

O planejamento deve ser flexível, ou seja, deve permitir ajustes nos objetivos e nas
estratégias durante a sua execução, tendo em vista que possui caráter processual e
é uma atividade permanente de reflexão e ação.

Dessa forma, o processo de planejamento da escola deve ser visto como um


mecanismo que pode contribuir para a superação do imobilismo da comunidade
escolar e para o desenvolvimento da ação coletiva. Por maior complexidade que
envolva a organização escolar, é imprescindível ter uma interação entre gestores,
professores e alunos, obtendo um suporte estrutural cuja dinâmica concretiza o
fenômeno educativo com instrumentos de ação de ordem objetiva, coerente e
flexível.

6. CONCLUSÃO

Concluímos que a gestão escolar é um enfoque de atuação, um meio e não um fim


em si mesmo. O fim último da gestão é a aprendizagem efetiva e significativa dos
alunos, de modo que, no cotidiano que vivenciam na escola desenvolvam as
competências que a sociedade demanda, dentre as quais se evidenciam pensar
criativamente. Para tal, torna-se necessário que exista uma comunicação também
eficaz entre os líderes e os seus liderados, criando um ambiente útil de confiança e
de interação, luminar da motivação e da busca pelas realizações de todos, tendo o
aluno como norte de todo o trabalho desenvolvido.

A qualidade educacional está intimamente ligada à atuação do gestor, pois a boa


qualidade é resultado da gestão eficaz. Não existe boa qualidade da educação, se
não existirem profissionais competentes, que organizem eficazmente todas as
dimensões escolares de forma a se articularem em prol de um objetivo maior: o
alcance dos resultados almejados. Sendoa realização do trabalho em equipe a fonte
inesgotável de superação e valorização do profissional e do grupo de trabalho.

È evidente que chegar a ter uma escola que reúne as características de um


ambiente escolar democrático é uma tarefa árdua e contínua que deve ser a
29

principal incumbência da gestão, se esta se fizer também democrática.Só o fato das


instituições escolares possuírem um Projeto Político Pedagógico elaborado a partir
dos anseios escolares e comunitários e um Conselho Escolar que funcione com a
participação de membros da escola e da comunidade já pode caracterizar um
grande avanço no sentido de democratização da educação e da participação da
comunidade como meta e consequência.

É função da educação é fornecer meios significativos que levem ao melhoramento


social e em contrapartida efetive seu papel como instituição de educação. Porém
isso só acontecerá de fato se a gestão escolar agir de forma democrática, buscando
a integração com a comunidade e levando em consideração todos os aspectos que
o meio comunitário possa vir a demonstrar para que se chegue a uma educação que
reflita positivamente os benefícios que há na integração e participação de todos no
processo educacional.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LÜCK, Heloísa. Planejamento em orientação educacional. 17. ed. Petrópolis:


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30

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São Paulo: Cortez, 2003.

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