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Vigilância Sanitária, Saúde

Ambiental e Saúde do
Trabalhador
Saúde do Trabalhador

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Raquel Josefina Oliveira Lima

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Unidade Saúde do Trabalhador

Thinkstock/Getty Images
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Saúde do Trabalhador
• Constituição Federal de 1988
• De que Forma Alcançar a Atenção Integral?

Temos como objetivo discutir a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e


da Trabalhadora, bem como conhecer as ações de vigilância epidemiológica e
vigilância sanitária focadas na promoção e proteção da saúde dos trabalhadores
e na recuperação e reabilitação dos mesmos, submetidos aos riscos e agravos
advindos das condições de trabalho.

Nessa unidade, iremos apresentar a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora


para que você desenvolva as competências necessárias para atuar no cenário do trabalho, seguindo
os princípios, as diretrizes e as estratégias determinadas pelas três esferas de gestão do Sistema
Único de Saúde (SUS) para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador.
Destacaremos, ainda, as ações de vigilância necessárias para a promoção e a proteção da saúde
dos trabalhadores, que atuam na redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de
desenvolvimento e dos processos produtivos

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Unidade: Saúde do Trabalhador

Contextualização

Para iniciarmos esta unidade, convidamos você a conhecer uma pouco sobre
a nossa temática, saúde do trabalhador. Para tanto, assista a entrevista do
Coordenador da Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Carlos Vaz. Nela,
ele destaca pontos importantes sobre a Política Nacional de Saúde do Trabalhador.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dcR5JmwZ-Po

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Saúde do Trabalhador

A Saúde do Trabalhador se constitui hoje como uma área da Saúde Pública, seu objeto de
estudo e intervenção são as relações entre o trabalho e a saúde. Como um componente da
Saúde Pública, está integrada aos princípios do SUS e tem como objetivo a:

[...] promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do


desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e
condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e
prestação da assistência aos trabalhadores por meio do diagnóstico, tratamento
e reabilitação (BRASIL, 2001).

Antes de partirmos para a exploração dessa área, é importante o entendimento de quem se


enquadra no termo trabalhador.

Diferente do que alguns podem imaginar, o termo trabalhador não é empregado apenas
para os que possuem empregos formais; trabalhadores são todos os homens e as mulheres
que exercem atividades, nos setores formais ou informais, para o sustento próprio e/ou de
dependentes (BRASIL,2001).

Assim, estão incluídos nesse grupo: todos os que trabalham ou trabalharam como empregados
assalariados; trabalhadores domésticos, avulsos, agrícolas e autônomos; servidores públicos;
trabalhadores cooperativados; e empregadores (proprietários de micro e pequenas unidades de
produção). Nesse cenário, destaca-se: aqueles que exercem atividades não remuneradas (que
auxiliam a um membro da família que possui atividade econômica, por exemplo), aprendizes,
estagiários e os que estão afastados definitivamente ou temporariamente do trabalho (por
doença, aposentadoria ou desemprego) também são trabalhadores (BRASIL,2001).

Como puderam perceber, grande parte dos indivíduos enquadram-se na categoria de


trabalhador, assim, tornou-se necessário a criação de diretrizes que possibilitassem uma relação
entre o ambiente de trabalho e a saúde adequada.

Vamos conhecer os marcos legais para as ações de saúde do trabalhador?

O primeiro marco legal está descrito na Constituição, conforme podemos verificar a seguir:

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Unidade: Saúde do Trabalhador

Constituição Federal de 1988

Art. 200 – Ao SUS compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
Inciso II – executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de
saúde do trabalhador;
Inciso VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho. (BRASIL,1988)

Além disso, em 1990, surge outra lei que corrobora para melhor definir as diretrizes necessárias
para a organização das ações de saúde do trabalhador, a Lei Orgânica:

Lei no 80.080, de 19/9/90 – Lei Orgânica da Saúde


Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):
Inciso I - a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador; e
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; (BRASIL,1990)

Em 2002, a criação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST)


veio para definir como devem ser realizadas as ações da saúde do trabalhador dentro das
estruturas das secretarias. Uma das estratégias para implementação dessas ações foi a criação
da Rede de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, os CEREST.

Portaria 1679/02 – Cria a Rede Nacional de Atenção Integral


à Saúde do Trabalhador (RENAST) no contexto da Rede de
Atenção à Saúde
A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) é constituída por uma
rede de Centros de Referência de Saúde do Trabalhador (CEREST), que se concretiza por meio da
realização das seguintes ações de vigilância e de assistência em todos os níveis de atenção:
• Gestão;
• Informação;
• Definição;
• Compartilhamento.

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Assim, os CERESTS são considerados polos irradiadores estratégicos nas ações de
matriciamento da RENAST no SUS.
Em 2013, foi criada a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora que alinha-
se com o conjunto de políticas de saúde no âmbito do SUS, considerando a transversalidade
das ações de saúde do trabalhador com o trabalho como um dos determinantes do processo
saúde-doença.
A Política observará os seguintes princípios e diretrizes:
I – Universalidade;

II – Integralidade;

III – Participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social;

IV – Descentralização;

V – Hierarquização;

VI – Equidade; e

VII – Precaução.

Para fins de implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora,


deve-se considerar a articulação entre:

I – as ações individuais, de assistência e de recuperação dos agravos, com ações coletivas, de


promoção, de prevenção, de vigilância dos ambientes, processos e atividades de trabalho,
e de intervenção sobre os fatores determinantes da saúde dos trabalhadores;
II – as ações de planejamento e avaliação com as práticas de saúde; e
III – o conhecimento técnico e os saberes, experiências e subjetividade dos trabalhadores e
destes com as respectivas práticas institucionais.

Portaria Nº 1.823, de 23 de Agosto de 2012 Institui a Política


Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora tem como finalidade:

[...] definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados


pelas três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o
desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na
vigilância, visando a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a
redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e
dos processos produtivos (BRASIL, 2012).

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Unidade: Saúde do Trabalhador

De que Forma Alcançar a Atenção Integral ?


É necessário ampliar o olhar para todas as áreas que possam afetar a saúde do trabalhador.

Fonte: BRASIL. Diário Oficial da União. Portaria No 1.823, de 23 de Agosto de 2012 Institui a Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora. Publicada no DOU Nº 1.823 seção 01, de 24/08/2012

Para alcançar a atenção integral ao trabalhador, é necessária a busca contínua por informações que
possibilitem o conhecimento desse cenário, para que, dessa forma, as ações possam ser planejadas
de forma a atender às reais necessidades nas três esferas do governo: federal, estadual e municipal.

Fonte: BRASIL. Diário Oficial da União. PORTARIA Nº 1.823, DE 23 DE AGOSTO DE 2012 Institui a Política Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora. Publicada no DOU Nº 1.823 seção 01, de 24/08/2012

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Assim, para o alcance da atenção integral na saúde do trabalhador, é necessário ter a
clareza de que nosso olhar deve ir além do processo laboral, uma vez que as condições de vida
e familiares poderão ter reflexos na saúde desse trabalhador e no desenvolvimento de suas
atividades laborais. É necessário, portanto, ampliar o olhar para além do processo laboral e
considerar os reflexos do trabalho e das condições de vida dos indivíduos e de suas famílias.
Dessa forma, os equipamentos de atenção e de vigilância em saúde deverão articular-se para
favorecer o mapeamento da situação e a tomada de decisão. Para isso, é necessário que os
equipamentos tenham:
• Integração;
• Articulação;
• Transversalidade;
• Transdisciplinaridade;
• Interdisciplinaridade;
• Resolutividade;
• Responsabilização;
• Acolhimento;
• Integralidade

Assim. o Programa Nacional de Saúde do Trabalhador define no Cap. II, art. 8, como objetivos:
• Fortalecer VST e a integração com os demais componentes da Vigilância em Saúde;
• Promover a saúde e ambientes e processos de trabalho saudáveis;
• Garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador;
• Conceber que a relação entre saúde e trabalho deve ser identificada em todos os pontos e
todas as instâncias da rede de atenção.

E, para alcançar os objetivos, é definido no cap. III, art. 9, as seguintes estratégias:


• Integração da Vigilância Saúde do Trabalhador com a Vigilância em Saúde e Atenção
Primária em Saúde;
• Análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos trabalhadores;
• Estruturação da RENAST no contexto da Rede de Atenção à Saúde:
o Ações de Saúde do Trabalhador junto à Atenção Primária Saúde;
o Ações de Saúde do Trabalhador junto à Urgência e Emergência; e
o Ações de Saúde do Trabalhador junto à Atenção Especializada (Ambulatorial
e Hospitalar).

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Unidade: Saúde do Trabalhador

• Fortalecimento e ampliação da articulação intersetorial;


• Estímulo à participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social;
• Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos;
• Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.

Dessa forma, foram instituídos os CERESTs com a função de prover retaguarda técnica
especializada em saúde do trabalhador para o conjunto de ações e serviços da rede SUS.
Essa retaguarda deve ser organizada segundo o método de apoio matricial às equipes
de referência das diversas instâncias da rede de atenção, promoção e vigilância em saúde,
garantindo funções de: suporte técnico, educação permanente, assessoria ou coordenação de
projetos de assistência, promoção e vigilância à saúde dos trabalhadores no âmbito da sua área
de abrangência; além de atuar como articulador e organizador das ações intra e intersetoriais de
saúde do trabalhador (BRASIL, 2012).

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Material Complementar

Leituras interessantes para enriquecer o seu conhecimento sobre o assunto desta unidade:

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área


Técnica de Saúde do Trabalhador Caderno de saúde do trabalhador: legislação /
Ministério da Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Área Técnica de Saúde
do Trabalhador; elaborado e organizado por Letícia Coelho da Costa. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2001. 124 p. (Série E. Legislação de Saúde; 5)

BRASIL. Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador Manual de


Gestão e Gerenciamento. Hemeroteca Sindical Brasileira: São Paulo, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em


Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador Trabalhar sim! Adoecer, não!: o processo de construção
e realização da 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador : relatório ampliado da 3ª CNST
on line / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em
Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 224 p.: il. (Série D.
Reuniões e Conferências) Modo de acesso: Word Wide Web: www.saude.gov.br/svs.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde


Secretaria de Vigilância em Saúde. Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS Protocolo
da mesa nacional de negociação permanente do Sistema Único de Saúde – mnnp – SUS.
Protocolo – Nº 008/2011 – Institui as Diretrizes da Política Nacional de Promoção
da Saúde do Trabalhador do Sistema Único de Saúde – SUS, 2011.

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Unidade: Saúde do Trabalhador

Referências

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo:


Imprensa Oficial do Estado de São Paulo S.A., MESP, 1988.

BRASIL. Diário Oficial da União. Lei nº 8080/90. Dispõe sobre as


condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
financiamento dos serviços correspondentes e das outras providências. Brasília ­
DF, 19 de setembro de 1990.

BRASIL. Ministério da Saúde do Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde


no Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos
para os serviços de saúde. Ministério da Saúde do Brasil. Organização
Pan-Americana da Saúde no Brasil; organizado por Elizabeth Costa Dias;
colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al. Brasília: Ministério da Saúde do
Brasil, 2001. 580p.

BRASIL. Diário Oficial da União. PORTARIA Nº 1.823, DE 23 DE AGOSTO


DE 2012 Institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora. Publicada no DOU Nº 1.823 seção 01, de 24/08/2012.

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Anotações

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www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000

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