Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(1)
A presente síntese esquematiza, de forma breve, as matérias tratadas nas aulas práticas identificadas, e
não dispensa a frequência às aulas teóricas e a consulta dos manuais de referência, bem como as leituras
suplementares recomendadas.
1
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
2
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
3
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
Relevância penal:
a) Dignidade punitiva – referência à ordem axiológica constitucional;
b) Carência de tutela penal – necessidade da pena (artigo 18.º/2 da CRP).
4
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(2)
Ponto 28 e ss. da Fundamentação.
5
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
→ Quanto ao método dos prazos, e quanto a uma perspectiva que defenda a não
inconstitucionalidade de causas de exclusão da ilicitude ou um afastamento da
punibilidade através da ponderação de valores, que entenda que o método dos
prazos conduz a uma desprotecção jurídica da vida intrauterina nas primeiras
10 semanas de gravidez, fazendo prevalecer a liberdade da mulher grávida:
➢ O TC faz referência ao Acórdão n.º 288/98, no qual se defende que o
legislador numa lógica de harmonização dos interesses em presença –
livre desenvolvimento da personalidade da mulher e vida humana
intrauterina, tendo em conta o critério dos prazos e circunstâncias, em vez
de considerar que um interesse seria hierarquicamente superior ao outro;
➢ Não considerou que a vida intrauterina estaria desprotegida durante as 10
semanas de gravidez, mas que esta seria prevalecente nas últimas
semanas, enquanto nas primeiras se conferiria um maior relevo à
autonomia da mulher;
➢ A rejeição da protecção jurídica da vida intrauterina no âmbito do método
dos prazos só se verificaria se na nossa ordem jurídica não houvesse meios
legais de protecção da maternidade;
6
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
PRIMEIRAS 10 SEMANAS:
7
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
→ Decisão: o TC decide com base no que fora afirmado no Acórdão n.º 288/98,
no qual se entendeu que não havendo uma imposição constitucional de
criminalização da situação em apreço, cabe na liberdade de conformação
legislativa a opção entre punir criminalmente ou despenalizar a IVG. Neste
sentido, as duas respostas – afirmativa ou negativa – não constituiriam uma
solução jurídica incompatível com a Constituição.
(3)
Ponto 11.3 e 11.4 até ao ponto 11.4.12 da Fundamentação; e declarações de voto.
8
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
9
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
➢ TC considera que as normas dos artigos 1.º, n.º1, alínea e) e 142.º, n.º 4,
alínea b), 2.º, n.º 2 e 6.º, n.º2 da Lei n.º 16/2007 não são inconstitucionais.
→ Período mínimo de reflexão
➢ O TC considerou que o prazo de 3 dias era adequado e que se tratava de
um prazo mínimo, e que em caso de persistência de dúvidas da gestante
no termo do período, a intervenção, no limite das 10 semanas, poderia ser
retardada.
➢ A duração do período de reflexão não estaria ferida de
inconstitucionalidade.
→ Violação do direito à saúde física e psíquica da mulher
➢ No decurso da consulta obrigatória, prevê-se que a grávida seja informada
das consequências que a IVG poderá ter na sua saúde, que pode constituir
um desincentivo.
➢ A preocupação pela tutela da saúde é demonstrada quando se exige que a
IVG seja efectuada por médico, ou sob a sua direcção, em estabelecimento
de saúde oficial ou oficialmente reconhecido, impondo-se ainda aos
estabelecimentos a adopção de medidas que garantam uma boa prestação
do serviço.
➢ TC considerou que a Lei não desprotegia a saúde física e psíquica da
mulher.
→ Violação do direito à liberdade e do princípio da proporcionalidade
➢ Em causa estaria a insuficiência informativa que impossibilitaria uma
escolha consciente, ideia contrária ao disposto no artigo 142.º, n.º 4, alínea
b), do CP, bem como ao disposto no artigo 2.º, n.º 2 da Lei n.º16/2007 –
toda a informação prevista como de prestação obrigatória deve ser
directamente fornecida no acto da consulta e não após a sua efectivação.
➢ Nesta linha, o TC rejeita a invocada inconstitucionalidade dos referidos
artigos.
→ Não participação do progenitor masculino no processo de decisão sobre a IVG
10
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
11
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
Relevância penal:
c) Dignidade punitiva – referência à ordem axiológica constitucional;
d) Carência de tutela penal – necessidade da pena (artigo 18.º/2 da CRP).
(4)
Ponto 4 da Fundamentação e declaração de voto.
(5)
Ponto 7 da Fundamentação e declarações de voto.
12
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(6)
Apesar de em todos os casos o TC ter sido chamado a pronunciar-se sobre múltiplas questões de
constitucionalidade, limitámos a nossa análise ao problema da conformidade constitucional da
incriminação consagrada no artigo 169.º, n.º 1 do CP.
13
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
→ Declarações de voto:
➢ Acórdão n.º 396/2007 - Conselheira Maria João Antunes:
▪ A eliminação da exigência de “exploração de uma situação de abandono
ou necessidade” – operada pela Lei 65/98 de 2 de Setembro – contraria
a evolução em matéria de crimes sexuais, marcada por um paradigma de
intervenção mínima do direito penal.
▪ Trata-se, como sabemos, do ramo do direito que afecta, mais
directamente, o direito à liberdade (artigo 27.º/1 e 2 da CRP), o que
implica que a sua intervenção se deva limitar ao necessário para a tutela
de bens jurídicos que não obtêm protecção adequada e suficiente de outra
forma.
▪ Neste sentido, com a eliminação daquela exigência, não se verifica uma
necessidade de restrição do direito à liberdade enquanto direito
necessariamente implicado na punição (artigo 18.º/1 e 2 e 27.º/1 e 2 da
CRP).
➢ Acórdão n.º 641/2016 - Conselheiro Lino Rodrigues Ribeiro:
14
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
15
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
16
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
a) DIGNIDADE PUNITIVA
17
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
Objectivos: identificar o problema dos fins das penas e conhecer as diferentes teorias;
compreender a respectiva aplicação prática e analisar criticamente o impacto de cada uma
das propostas à luz dos princípios fundamentais do direito penal; identificar e distinguir
as sanções penais; conhecer a noção de medidas de segurança.
18
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
19
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
20
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
21
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
22
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
15 anos
DESNECESSÁRIA
9 anos: medida óptima de
tutela dos bens jurídicos e
expectativas da
comunidade
5 anos e 6 meses
4 anos: limiar mínimo defesa
INEFICAZ do ordenamento jurídico
3 anos
Teorias absolutas
Teorias absolutas
≠ Teorias relativas
Teorias absolutas
• A pena corresponde à • A pena traduz-se num mal
compensação do mal do para quem a sofre, que se
crime, e é função exclusiva justifica apenas para alcançar
do facto que se cometeu. finalidades preventivas.
23
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
24
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
25
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
• FIGUEIREDO DIAS
→ As finalidades prosseguidas pela pena só podem ter natureza preventiva;
→ O exercício do poder punitivo do Estado justifica-se enquanto meio de
preservação dos bens jurídicos essenciais ao livre desenvolvimento do
indivíduo na comunidade;
→ Deste modo, a pena criminal partilha desses fins, procurando prevenir a prática
de futuros crimes;
→ Por esse motivo, a finalidade primordial da pena há-de ser a da tutela
necessária dos bens jurídico-penais no caso concreto, traduzida pela
necessidade de tutela da confiança e das expectativas da comunidade na
manutenção da vigência da norma violada;
→ Consequentemente, poderá afirmar-se que a finalidade primária da pena
consiste no restabelecimento da paz jurídica comunitária abalada pelo crime
26
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
27
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
28
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
29
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(7)
Atendendo ao carácter marcadamente descritivo desta parte da matéria, não se tratou destes pontos em
sede de aula prática. No entanto, será importante conhecer as bases legais relevantes neste contexto.
30
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
≠
41.º/1 CP). (…)
31
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
33
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(8)
Uma vez mais, tratando-se de uma matéria eminentemente descritiva, estes princípios não foram tratados
à exaustão, no contexto de aula prática. Todavia, para compreensão da estrutura do direito penal, será
essencial conhecer o respectivo conteúdo.
34
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
35
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
36
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(9)
Cfr. supra, os critérios indicados pela Professora MARIA FERNANDA PALMA a este propósito: eficácia
concreta da incriminação, falta de alternativas à penalização da conduta e inexistência de efeitos colaterais
que neutralizem ou contrariem as vantagens da incriminação.
37
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
→ MARIA FERNANDA PALMA: este princípio não é objecto de uma formulação legal
tão nítida como o princípio da legalidade;
→ O princípio da culpa assume um tríplice significado:
1) Como fundamento da pena;
2) Como factor de determinação da medida da pena;
3) Como princípio da responsabilidade subjectiva.
1) Princípio da culpa como fundamento da pena
→ Não é unânime:
→ Argumento principal: o princípio da culpa pressupõe uma ideia de
responsabilidade penal alheia aos fins de Estado de Direito democrático e
social - não é racional atribuir à culpa a função de legitimar a realização dos
fins do Estado;
→ Direito Penal é legítimo porque os seus comandos e proibições tal como o
processo que conduz à sua aplicação, realizam ideias culturais de
justiça/expectativas da sociedade;
→ Esta afirmação pressupõe a relação do princípio da culpa com a ideia de
justiça: o princípio só pode ser fundamento da pena no pressuposto da
realização de justiça:
➢ Censurabilidade ético-pessoal não torna a pessoa num instrumento do
poder ou da sociedade:
38
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
→ FIGUEIREDO DIAS
→ Quando menciona a discussão acerca das teorias absolutas, refere-se ao facto
de que em última análise o que está em causa, é “tratar o homem segundo a
sua liberdade e a sua dignidade pessoais”, e tudo conduz directamente ao
princípio da culpa como máxima do Direito Penal humano.
➢ “Não pode haver pena sem culpa e a medida da pena não pode em caso
algum exceder a medida da culpa”
➢ Atribui mérito às doutrinas absolutas: concepção retributiva teve o mérito
irrecusável de ter erigido o princípio da culpa em princípio absoluto de
toda a aplicação da pena e ter levantado um “veto incondicional à
aplicação de uma pena criminal que viole eminentemente a dignidade da
pessoa”;
39
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
→ Não está previsto na CRP mas decorre dos princípios da legalidade (artigo 29.º
CRP), da culpa, da ofensividade e da necessidade da pena, contrapondo-se ao
direito penal do agente;
→ O crime tem de ser um facto objectivo e com existência na realidade exterior,
como um comportamento certo e determinado;
40
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
41
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
42
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
43
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
44
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
→ Enquadramento normativo:
➢ Artigo 40.º/1 do Decreto-Lei 15/93 de 22 de Janeiro (“DL 15/93”): «quem
consumir ou, para o seu consumo, cultivar, adquirir ou detiver plantas,
45
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
46
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
1) CONTRA-ORDENAÇÃO
→ Lei 30/2000 – necessidade de descriminalização do consumo:
➢ Separação consumo (contra-ordenação) e tráfico (crime); e
➢ Sentido global e irrestrito (descriminalização de todo o consumo)
→ Princípio da legalidade (artigo 29.º/1 da CRP): exigência de lei escrita, estrita,
prévia e certa:
➢ Certeza, clareza ou previsibilidade da estatuição
▪ Clara, precisa, acessível e previsível;
▪ Legislador deve fixar os limites entre os comportamentos permitidos e
proibidos (previsibilidade da condenação por certo comportamento);
▪ Esta previsibilidade depende, em larga medida, do conteúdo do texto em
causa;
➢ FIGUEIREDO DIAS: esquecimentos/lacunas/deficiências de
regulamentação funcionam contra o legislador, a favor da liberdade;
➢ Proibição da analogia (artigo 1.º/3 do CP) – interpretação permitida
(teleologicamente fundada; funcionalmente justificada);
→ Artigos 2.º/1 e 2 e 28.º Lei 30/2000:
➢ Disfunção normativa ou vazio sancionatório:
▪ Tipicidade/legalidade/não retroactividade in malam partem e proibição
de analogia impedem a recondução aos artigos 21.º ou 25.º (tráfico):
▪ O consumo nunca fora punido no contexto do 21.º, portanto esta hipótese
traduziria uma aplicação analógica de normas incriminadoras
expressamente proibida pelo artigo 29.º/1 e 3 da CRP e pelo artigo 1.º/3
do CP;
▪ Para além disso, não faria sentido que um agente que detivesse 11 doses
fosse agora punido com uma pena de 1 a 5 anos – quando o artigo 40.º/2
47
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
do DL 15/93 previa uma pena de prisão até 1 ano ou até 120 dias de multa
– num contexto de desagravamento do consumo;
→ Impossibilidade de enquadrar estas condutas no crime do artigo 40.º/2 do DL
15/93:
➢ Interpretação restritiva da norma revogatória (artigo 28.º da Lei 30/2000)
– redução teleológica: princípio da legalidade opõe-se, por causa da
revogação expressa operada:
1) Esta construção interpretativa não respeita a função de garantia do
princípio da legalidade, que exige a qualidade da lei, previsibilidade e
acessibilidade: perceber as consequências sancionatórias de uma acção
ou omissão;
▪ O requisito da qualidade da lei refere-se à necessidade de a norma
descrever, de um modo preciso e não susceptível de interpretações
díspares, a natureza, o âmbito e o círculo material da conduta proibida;
2) O artigo 28.º da Lei 30/2000 é peremptório, directo e com alcance
imediatamente apreensível:
▪ A revogação expressa de uma norma penal incriminadora não é
compatível, na perspectiva de garantia plena do princípio da legalidade
penal, com uma interpretação que privilegie uma (possível) compreensão
no plano sistémico, contrariando, pelo mecanismo interpretativo de
compatibilidade (óptima) de sistemas, o efeito da revogação expressa;
▪ Ao encurtarmos o sentido e alcance da revogação, provocamos uma
extensão que faz permanecer parte da norma incriminadora, apesar da
revogação, contrariando decisivamente o conteúdo essencial do princípio
de aplicação in melius em casa de sucessão de leis sancionatórias; opera-
se, por esta via, uma ampliação da incriminação que afecta a legalidade
material;
▪ Este exercício metodológico corresponde, por isso, a uma extensão da
norma revogada, que seria determinada pela teleologia que uma
particular concepção do intérprete considerasse presente no plano do
48
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
49
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
51
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(10)
Contra, FARIA COSTA, que refere não encontrar nenhuma razão que tivesse levado o legislador a querer
continuar a punir como crime, em função de um critério meramente quantitativo, uma conduta que decidiu
despenalizar. No entanto, opõe-se a este argumento a circunstância de não se ter tratado de uma
despenalização irrestrita, justificando-se, por isso, a previsão do artigo 2.º/2 da Lei 30/2000.
52
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
→ Enquadramento:
(11)
Tal como o anterior, este acórdão não foi tratado no contexto das aulas práticas, mas deve ser
devidamente examinado, em articulação com o acórdão uniformizador de jurisprudência supra indicado.
53
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
54
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
DIREITO PENAL
(12)
Algumas das hipóteses apresentadas não foram discutidas ou resolvidas em aula prática. A respectiva
inclusão na presente síntese destina-se a servir de exemplo, para estudo dos alunos.
(13)
As resoluções apresentadas constituem uma mera proposta de solução, não pretendendo esgotar todas
as vias de argumentação possíveis. Visa-se apenas fornecer um indicador quanto à forma de exposição
sugerida.
57
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
No mesmo dia é aprovada uma portaria que inclui nesse período os meses de Maio
a Outubro de 2017 e 2018.
Aprecie a constitucionalidade da norma que constava do n.º 9 do artigo 274.º do
Código Penal.
59
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
Com o intuito de determinar se A poderá ser condenado pelo crime previsto no artigo
176.º-A, n.º 1 do CP, cumpre averiguar do preenchimento dos elementos típicos da
incriminação. Em primeiro lugar, dir-se-á que o agente assume a qualidade de maior, tal
como descrita no tipo incriminador. Todavia, não se afigura claro que o meio utilizado
por A se reconduza à noção de “tecnologias de informação e de comunicação”, constante
do artigo 176.º-A, n.º 1 do CP. Efectivamente, impõe-se determinar se um bilhete no
caderno corresponde ao meio referido na norma. Estamos, por isso, perante uma questão
de interpretação da lei penal, associada ao princípio da legalidade – em concreto, à
exigência de lei estrita (artigo 29.º, n.º 1 e 3 da CRP e artigo 1.º do CP). De acordo com
este corolário, só será considerada típica a conduta que se encontre descrita na norma,
numa clara articulação com os princípios da segurança jurídica e da culpa. Em
consequência, encontra-se vedado o recurso à analogia em direito penal (artigo 1.º/3 do
CP). Isto dito, haverá que discernir os limites da interpretação proibida e permitida,
aferindo se, no caso descrito, o conceito de “tecnologias de informação e de
comunicação” poderá ainda abarcar um bilhete no caderno.
Com esse propósito, poderemos recorrer a dois critérios sugeridos pela doutrina: o
sentido possível e previsível das palavras – correspondente à posição da Professora
Fernanda Palma; e o critério da intencionalidade normativa típica – proposto por
Castanheira Neves. O primeiro critério elencado alude ao sentido comunicacional
perceptível do texto, e não das palavras isoladamente. Ou seja, haverá que considerar o
texto no respectivo significado social, associando-o à essência do proibido, revelada pelo
sistema na concreta norma incriminadora. Assim, o texto jurídico surge ainda como
condição essencialmente pré-determinante da interpretação permitida em direito penal.
Ao invés, o critério da intencionalidade normativa típica propõe que se determine a
norma do caso concreto, com recurso a diferentes condições de validade (legal,
dogmática, sistemática e institucional). Segundo esta perspectiva, o sentido jurídico da
expressão não é limitado pelo sentido possível das palavras, mas obtido através da análise
das condições mencionadas. Relativamente à condição legal, trata-se da necessidade de o
concreto juízo incriminatório ter fundamento efectivo numa norma penal positiva; no que
respeita à condição dogmática, reconduz-se à apreensão do sentido normativo da
incriminação, com recurso aos modelos normativo-racionais compreendidos no tipo, à
60
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
luz da doutrina e jurisprudência sobre a matéria; a condição sistemática, por seu turno,
pretende garantir a inobservância de contradições entre a solução proposta para o caso
concreto e situações idênticas tratadas pelo sistema; a condição institucional propõe um
controlo pelo STJ, de forma a assegurar a unidade do Direito.
Aplicando os critérios mencionados à hipótese descrita, diremos que, recorrendo ao
sentido possível e previsível das palavras, dificilmente se considerará um bilhete num
caderno como uma tecnologia de informação e comunicação. De facto, o uso social desta
expressão refere-se tipicamente a meios de comunicação electrónica, associados à
internet. Paralelamente, o núcleo de protecção da norma (essência do proibido) parece
referir-se a uma situação de especial vulnerabilidade do bem jurídico protegido,
provocada pelo facto de o menor poder desconhecer o respectivo interlocutor. Assim,
apenas com recurso a uma interpretação proibida se reconduziria o bilhete no caderno à
noção de tecnologia de informação e comunicação.
Em sentido idêntico parece apontar o critério da intencionalidade normativa típica,
especialmente no que respeita ao preenchimento da condição dogmática. Com efeito, se
por um lado dispomos de uma norma penal positiva que poderia fundamentar um juízo
incriminatório (artigo 176.º-A, n.º 1 do CP), resulta inequívoco que o cenário relatado não
se reconduz ao sentido normativo da proibição. Nos termos já explicitados, o “núcleo
axiológico-normativo fundamentante” da incriminação corresponde à acrescida
necessidade de protecção do menor, causada pela falsa sensação de segurança criada pela
utilização de tecnologias de informação e comunicação.
A este propósito, releva recordar a função de tutela subsidiária de bens jurídicos
assumida pelo direito penal, em observância dos princípios da ofensividade,
proporcionalidade e necessidade da pena (artigo 18.º/2 da CRP). Representando as
sanções penais a forma de limitação mais intensa de direitos, o recurso a elas apenas se
justificará para a protecção das condições essenciais de liberdade. Nesse sentido, poder-
se-ia questionar se o artigo 176.º-A do CP não constitui uma forma de tutela demasiado
antecipada de um bem jurídico que poderá nem chegar a ser lesado.
61
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
→ Jurisprudência alemã(14):
➢ Pode o ácido clorídrico ser considerado uma arma para efeitos de roubo
agravado (§ 250 do Código Penal alemão)?
▪ Tribunal Federal alemão: interpretação extensiva teleológico-objectiva;
▪ ROXIN: conceito “arma química” utlizado na linguagem corrente; o
sentido literal não exigiria a restrição da noção de arma aos instrumentos
que operam mecanicamente;
▪ Fim de protecção da norma – emprego de métodos especialmente
perigosos revela um maior desvalor da acção, que impõe uma punição
mais severa.
→ Jurisprudência portuguesa:
➢ Pode uma seringa contaminada ser considerada uma arma para efeitos de
preenchimento do tipo de roubo agravado (p.e.p. pelos artigos 210.º/1 e
2b) do CP)?
▪ STJ (acórdão STJ 08/02/1996 - Costa Pereira):
▪ O STJ construiu a sua fundamentação esclarecendo que o receio e o temor
provocados pela utilização de uma arma constituem o motivo da agravação
da conduta. Equivale isto a afirmar que a intenção normativa subjacente ao
preceito em causa se prende, de certo modo, com a tutela da posição da
(14)
Exemplo referido em Arthur Kaufmann, Filosofia do Direito, Fundação Calouste Gulbenkian, pág. 128.
62
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
63
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
“Artigo 4.º
Proibição de fumar em determinados locais
64
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
2 - É ainda proibido fumar nos veículos afetos aos transportes públicos urbanos,
suburbanos e interurbanos de passageiros, bem como nos transportes rodoviários,
ferroviários, aéreos, marítimos e fluviais, nos serviços expressos, turísticos e de
aluguer, nos táxis, ambulâncias, veículos de transporte de doentes e teleféricos.”
“Artigo 25.º
Punibilidade
1 - As infrações ao disposto no artigo 4.º, n.º 2, são punidas com pena de prisão
até 2 anos ou com pena de multa até 120 dias.”
a) Imagine que ao artigo 4.º é aditado um n.º 3, o qual dispõe o seguinte: “A definição
de transporte turístico e de aluguer para efeitos da presente lei constará de portaria”.
Aprecie esta alteração.
65
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
e aluguer” consta de portaria, e não da Lei X/2019, que consagrou a relevância criminal
da conduta.
Em primeiro lugar, a norma penal em branco suscita problemas de
constitucionalidade formal, nos termos dos artigos 29.º e 165.º, n.º 1, alínea c) da CRP,
que consagram o princípio da reserva de lei. Mas a norma penal em branco suscita
também problemas de constitucionalidade orgânica, nos termos do artigo 165.º, n.º 1,
alínea c) da CRP. Tal poderá suceder, por exemplo, quando a lei remete para decreto-lei
não autorizado. Por fim, a norma penal em branco convoca problemas de
constitucionalidade material. Segundo o princípio da legalidade, que encontra
consagração no artigo 29.º, n.º 1 da CRP e no artigo 1.º, n.º 1 do CP, a lei deve ser prévia,
certa, escrita e estrita. Assim sendo, a norma penal em branco poderá colidir com a
vertente de lei certa, mas também com os princípios da tipicidade e da culpa, e com a
função de orientação de comportamentos da norma penal.
Segundo o critério construído pelo Tribunal Constitucional (Acórdão n.º 427/95),
a norma penal em branco será legítima se ela contiver um critério de ilicitude e permitir
identificar o bem jurídico protegido, bem como o desvalor resultado e a acção perigosa
que se proíbe. Será legítimo que a norma integradora se limite a concretizar tecnicamente
o critério de ilicitude, pois será a Assembleia da República a definir o proibido, através
de um critério suficientemente apreensível pelo destinatário.
No caso em questão, ainda que aceitemos que o critério da ilicitude já resulta
suficientemente claro da norma penal em branco, a verdade é que a definição dos termos
legais feita pela portaria, densificando o critério normativo, acaba por inovar em relação
ao mesmo, na medida em que se torna instrumento essencial para o intérprete-aplicador
conferir sentido à própria norma legal. Numa formulação alternativa, diremos que, apesar
de ser possível discernir, genericamente, o intuito do legislador, a delimitação da concreta
acção perigosa que se pretende proibir apenas resulta possível através da conjugação da
lei e da portaria. Deste modo, não se afigura suficiente apreender que o bem jurídico
protegido é a saúde, e que a conduta vedada é fumar. Impõe-se, por exigências de culpa
e segurança jurídica, que a lei esclareça a extensão da proibição nela consagrada,
delimitando, desde logo, os locais abrangidos por esta incriminação. Nestes termos, a
norma deve ser tida por inconstitucional.
66
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
Só assim não seria se às indicações feitas na portaria pudesse ser atribuído mero valor
de prova pericial – pois então o juiz não estaria vinculado às mesmas e a concretização
conteudística do critério legal continuará a ter por ponto de referência decisivo a norma
legal. No entanto, atendendo ao próprio teor a norma incriminadora de base, afigura-se-
nos este um cenário de difícil verificação(15).
b) Anacleto, entusiasmado com a visita a Lisboa do seu primo indiano, Ravi, decide
adquirir um tuk-tuk para mostrar a cidade ao seu primo. No dia em que Ravi chega
a Lisboa, Anacleto leva-o de tuk-tuk até Belém. Mas o que ele não sabia era que Ravi
era um fumador inveterado, pelo que este fumou durante toda a viagem.
Independentemente da resposta à questão anterior, considerando a conduta
descrita, Ravi praticou o crime previsto nos artigos 4.º e 25.º da Lei n.º X/2019?
A questão implica verificar se a norma poderia ser interpretada no sentido de punir a
conduta de Ravi, por este ter fumado dentro do tuk-tuk durante a viagem até Belém, ou
seja, se tal interpretação ainda se integra dentro dos limites da interpretação permitida em
Direito Penal, ou se tal interpretação deve entender-se como proibida. Para este efeito,
devemos indagar se o tuk-tuk que Anacleto adquiriu para mostrar a cidade de Lisboa ao
seu primo indiano cabe na previsão normativa “serviços turísticos e de aluguer”, e, por
isso, o tuk-tuk de Anacleto estaria abrangido pela proibição de fumar em determinados
locais, incluída no artigo 4.º, n.º 2. Ou, se pelo contrário, tal conclusão implicaria uma
violação da proibição de analogia in malam partem, que encontra consagração no artigo
1.º, n.º 3, do Código Penal (doravante CP).
Segundo uma perspetiva estritamente literal, Anacleto utilizou o tuk-tuk para fins
pessoais e não para fins turísticos, e adquiriu o tuk-tuk através de um contrato de compra
e venda e não através de um contrato de aluguer.
Contudo, segundo o entendimento da Professora Fernanda Palma, o sentido possível das
palavras deve ser obtido situando-as no conjunto do texto legal, integrando no sentido
possível do texto o sentido comunicacional percetível do mesmo e a sua adequação à
(15)
Solução proposta pelos critérios de correcção relativos à prova de Direito Penal I (TAN), da época de
recurso, ano lectivo 2016/2017, publicados em https://www.fd.ulisboa.pt/wp-
content/uploads/2017/02/Direito-Penal-I_TAN_Helena-Mourao_15.02.2017.pdf
67
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
c) Sem prejuízo da resposta à alínea anterior, suponha que a conduta ali descrita foi
praticada em janeiro de 2019. Poderia Ravi ser julgado pela prática do crime
previsto nos artigos 4.º e 25.º da Lei n.º X/2019?
TD – jan 19 mar 19 J
L1 ○ Lei X/19
(16)
Vide nota de rodapé n.º 15, supra.
68
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
De forma a determinar se Ravi poderia ser julgado pela prática do crime previsto nos
artigos 4.º e 25.º da Lei n.º X/2019, importa considerar a problemática relativa à aplicação
da lei no tempo. Esta questão acha-se associada ao princípio da legalidade penal, mais
especificamente ao corolário da lei prévia, nos termos no qual se exige que a lei
incriminadora seja anterior à prática do facto, pois o agente tem de se poder motivar pela
norma (artigo 29.º/ 1 e 3 da CRP; artigo 1.º/1 do CP). Deste corolário decorre então a
seguinte regra:
69
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
d) Admita que a conduta ocorreu em maio de 2019, tendo Ravi sido acusado pelo
Ministério Público pela prática do crime previsto nos artigos 4.º e 25.º da Lei n.º
X/2019. No entanto, enquanto está a ser julgado, entra em vigor uma norma que
despenaliza tal comportamento.
TD J L2
L1 – X/19 ○
70
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
71
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
TD Condenação 1 ano L2
72
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
73
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
f) Ravi foi condenado em um ano e dois meses de prisão, e já cumpriu seis meses da
pena. Entra em vigor uma norma que, alterando o artigo 25.º da Lei n.º X/2019, fixa
a pena máxima para o crime em questão em um ano de prisão.
TD Condenação 6 meses L2
74
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
75
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
g) Imagine que, em junho, a Lei n.º X/2019 é substituída pela Lei n.º Y/2019, que
veio alterar o referido artigo 4.º, n.º 2, da Lei n.º X/2019, passando agora a norma a
ter a seguinte redação “É ainda proibido fumar nos veículos afetos aos transportes
(17)
Artigo 371.º-A do Código de Processo Penal (abertura da audiência para aplicação retroactiva de lei
penal mais favorável): Se, após o trânsito em julgado da condenação mas antes de ter cessado a execução
da pena, entrar em vigor lei penal mais favorável, o condenado pode requerer a reabertura da audiência
para que lhe seja aplicado o novo regime.
76
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
Uma vez que o facto foi praticado em maio – de acordo com o critério do artigo 3.º do
CP –, seria, em princípio, aplicável a Lei que entrou em vigor em março, a Lei n.º X/2019,
de 2 de fevereiro, visto ser a Lei em vigor no momento da prática do facto, nos termos do
artigo 2.º, n.º 1, do CP.
Contudo, após o momento da prática do facto, entra em vigor um novo diploma, a Lei n.º
Y/2019, que alterando o artigo 4.º, n.º 2, da Lei n.º X/2019, passa a punir a conduta de
fumar nos transportes turísticos e de aluguer apenas caso essa conduta crie perigo para a
integridade física ou para a saúde de terceiros. Estamos, então, perante um problema de
alteração do tipo incriminador por adição de elementos especializadores em relação à lei
antiga. Aparentemente, a conduta de Ravi é crime à luz da lei antiga, mas também à luz
da lei nova, pois a sua conduta criou um perigo para a saúde de Anacleto, ao provocar-
lhe uma forte pneumonia.
Contudo, discute-se se estamos perante uma questão de sucessão de leis penais no tempo
– e aqui teremos de aferir qual será o regime concretamente mais favorável ao arguido –
ou se estamos perante uma descriminalização retroativa total, e não meramente parcial,
da conduta de Ravi.
Caso adotemos o pensamento de Taipa de Carvalho, consagrado na sua monografia
Sucessão de Leis Penais no Tempo, devemos optar pela solução da descriminalização.
Uma vez que a punibilidade se restringe agora aos casos em que o fumo em transportes
turísticos e de aluguer crie perigo para a saúde ou integridade física de terceiros, ao
punirmos Ravi estaríamos a valorar retroativamente como típica uma circunstância que
77
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
não o era no momento da prática do facto. Poderá acrescentar-se que a solução da punição
traduzir-se-ia numa violação do princípio da culpa, pois estaríamos a ficcionar um dolo
do agente em relação a um elemento típico que não existia no momento da prática do
facto. Por fim, poderá acrescentar-se que a solução da punição implicaria uma violação
do princípio da igualdade, pois a punição do agente dependeria de ser dado ou não como
provado o preenchimento do elemento típico no momento da prática dos factos, bem
como uma violação do princípio da função de orientação das normas penais, pois o agente
poderia ter orientado a sua conduta de forma diferente caso a circunstância em causa já
fosse tida por si como típica no momento em que atuou.
Deste modo, a solução passaria pela descriminalização, à luz do artigo 2.º, n.º 2 do CP,
pelo que em julho Ravi já não seria punido.
Contudo, na 3.ª edição da sua monografia, Taipa de Carvalho admite que alguns casos
podemos estar verdadeiramente perante uma sucessão de leis penais no tempo. Desta
forma, quando tal for possível, será aplicada a lei mais favorável ao agente, nos termos
do artigo 2.º, n.º 4 do CP, se também tiver havido alteração da pena. Não obstante, a
solução da descriminalização será mais defensável, mediante as razões supra
mencionadas(18).
Entendimento distinto parece propor a Professora Maria Fernanda Palma, que centra a
discussão desta questão na estrutura dos crimes de perigo. Assim, observando-se uma
modificação do tipo incriminador que consista na passagem de um crime de perigo
abstracto para um crime de perigo concreto, seria possível afirmar uma verdadeira
sucessão de leis penais. De acordo com a Professora, em ambos os casos o perigo releva
para a incriminação: com efeito, num crime de perigo abstracto, surge como fundamento
da tipificação, atendendo ao carácter especialmente perigoso da conduta; de forma
idêntica, num crime de perigo concreto considera-se necessária a prova do perigo.
Nas palavras da Professora “se na lei antiga se dispensava esta prova, abrangendo-se mais
factos, na lei nova há uma restrição que abrange ainda assim os factos causadores de
(18)
Vide nota de rodapé n.º 15, supra.
78
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
perigo”(19). Por essa razão, será viável afirmar uma sucessão de leis penais e determinar
o regime concretamente mais favorável ao arguido (artigo 2.º, n.º 4 do CP).
h) Imagine, em alternativa, que a redação original do artigo 4.º, n.º 2, nos termos da
Lei n.º X/2019, era a seguinte: “É ainda proibido fumar nos veículos afetos aos
transportes públicos urbanos, suburbanos e interurbanos de passageiros, bem como
nos transportes rodoviários, ferroviários, aéreos, marítimos e fluviais, nos serviços
expressos, turísticos e de aluguer, nos táxis, ambulâncias, veículos de transporte de
doentes e teleféricos, criando desse modo perigo para a integridade física ou para a
saúde de terceiros”.
Em junho, a Lei n.º X/2019 é substituída pela Lei n.º Z/2019, que veio alterar o
referido artigo 4.º, n.º 2, da Lei n.º X/2019, suprimindo o excerto “criando desse modo
perigo para a integridade física ou para a saúde de terceiros”, e diminuindo o limite
máximo aí referido para um ano de prisão (mantendo a pena de multa como
alternativa).
Considerando que a conduta de Ravi veio a provocar uma forte pneumonia em
Anacleto, que estava já um pouco debilitado devido a uma constipação inesperada,
ao abrigo de que lei deveria Ravi vir a ser punido em julho pelo facto que praticou
em maio?
TD
Maio 19 Junho 19
L1-X/19 L2-Z/19
(19)
PALMA, Maria Fernanda, Direito Penal – Conceito material de crime, princípios e fundamentos.
Teoria da lei penal: interpretação, aplicação no tempo, no espaço e quanto às pessoas, Lisboa: AAFDL,
4.ª edição (reimpressão actualizada), 2021, p. 177 e ss..
79
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
80
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
81
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
assim sem trazer consigo a expressão de ofensividade para a liberdade sexual – bem
jurídico protegido – pressuposta pela incriminação, que se reconduz a
comportamentos que importem constrangimento da vítima a contacto sexual sério e
objectivo.
Finalmente, releva recordar a função de tutela subsidiária de bens jurídicos assumida
pelo direito penal, em observância dos princípios da ofensividade, proporcionalidade
e necessidade da pena (artigo 18.º/2 da CRP). Representando as sanções penais a
forma de limitação mais intensa de direitos, o recurso a elas apenas se justificará para
a protecção das condições essenciais de liberdade. Nesse sentido, sempre poderá
questionar-se a constitucionalidade desta concreta forma de realização da conduta
típica, por referência aos ditames do conceito material de crime.
2. A faz B abortar, com o seu consentimento (artigo 140.º, n.º 2, do Código Penal).
A não é médico. Imagine que (analise as várias hipóteses separadamente):
a) A provocou o aborto através de uma substância de efeito demorado. Quando
ministrou tal substância a B, o aborto consentido não era punido. Uma semana
depois, entra em vigor a norma constante do artigo 140.º/ 2 do CP. Duas semanas
depois, B abortou.
TD L2 R
L1 ○ 140.º/2 CP Aborto
84
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
85
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
86
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
87
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
c) Abel está a ser julgado, quando entra em vigor uma norma que, alterando o
artigo 140.º/2, do CP, fixa em quatro anos de prisão a pena máxima aplicável
a este crime e estabelece uma atenuação especial de pena nos casos em que
o aborto seja provocado em pessoa que esteja na dependência económica do
agente. Esta circunstância atenuante verifica-se.
TD Julg.
L1 – 140.º/2 CP L2 – 140.º/2 CP
Pena máx: 4 anos + atenuação
especial
88
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
➢ Existe uma lei posterior à lei vigente no MPF (L2), que fixa a pena
máxima do crime de aborto consentido em quatro anos de prisão,
prevendo ainda uma circunstância atenuante – que, no caso, se verifica.
2.1. Determinação da natureza concretamente mais ou menos favorável ao
agente da lei posterior à lei vigente no MPF:
➢ De forma a verificar se a L2 se mostra mais favorável ao agente, importa
proceder a uma análise em concreto, tal como determina o artigo 2.º/4 do
CP:
▪ De acordo com a L1, a pena máxima aplicável a Abel seria de três anos;
▪ Nos termos da L2, a pena máxima aplicável seria de quatro anos,
reduzida de um 1/3, por se observar uma circunstância atenuante (artigo
73.º/1a) do CP); ou seja, a pena máxima situar-se-ia ligeiramente abaixo
dos três anos;
▪ Consequentemente, a L2 revela-se mais favorável a este concreto agente,
pelo que, nos termos do disposto nos artigos 29.º/4, 2.ª parte da CRP e
2.º/4 do CP, seria de aplicar a L2 (igualdade e necessidade da pena);
▪ A propósito destes casos, a doutrina tem discutido a possibilidade de
proceder a uma ponderação diferenciada – por oposição a uma
ponderação unitária – na determinação da lei concretamente mais
favorável ao agente;
▪ Segundo esta posição, o juiz teria a faculdade de compor o regime
definitivo aplicável com partes da regulamentação constante da lei antiga
e outras constantes da lei nova;
▪ Na hipótese em estudo, admitir-se-ia que o juiz utilizasse o limite
máximo de três anos previsto na L1, articulando-o com a circunstância
atenuante consagrada pela L2, o que redundaria numa pena máxima
aplicável de dois anos (3 x 1/3 = 1; 3-1=2);
▪ No entanto, tem-se argumentado contra esta perspectiva invocando a
reserva de lei e exigências de coerência interna do sistema, pugnando-se
pela aplicação de um dos regimes em bloco (ponderação unitária).
89
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
90
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
92
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
94
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
95
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
1.1. Em Outubro de 2013 entra em vigor uma lei que altera o artigo 158.º, n.º 2
do CP:
TD
15.09.13 17.09.13 Out 13 Dez18
96
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
97
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
98
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
b) Substituindo, por um lado, a actual redacção da al. a) por esta: “For praticada
em casa da vítima”.
TD Out 13 Dez18
15.09.13 19.09.13
99
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
▪ Nesse momento, a lei vigente era a L1, que previa a punibilidade a título
agravado do crime de sequestro de duração superior a dois dias; punindo-
o com uma pena de prisão entre dois e dez anos de prisão (artigo 158.º/2a)
do CP);
▪ Em consequência, de acordo com a lei vigente no MPF, Polideuces seria
punido pela prática de um crime de sequestro agravado, com uma pena
de prisão entre dois e dez anos.
100
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
c) Substituindo a expressão “dois dias”, constante da al. a), pela expressão “três
dias”.
Aumentando ainda, por um lado, o limite máximo da moldura abstracta da
pena em um terço. Acrescentando ao artigo, por outro lado, o seguinte n.º 4:
“O procedimento criminal depende de queixa”.
(20)
Em sentido idêntico, TAIPA DE CARVALHO, Sucessão de Leis Penais, 3.ª edição, 2008, pág. 217 e 218.
(21)
Apresentando um exemplo materialmente semelhante, TAIPA DE CARVALHO, Sucessão de Leis Penais,
3.ª edição, 2008, págs. 202 e 218.
101
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
102
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(22)
Efectivamente, ao abrigo da L1 eram considerados agravados os sequestros que durassem 3, 4, 5 ou
mais dias; ao abrigo da L2, apenas são agravados os sequestros que tenham a duração de 4, 5, 6 ou mais
dias.
103
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(23)
TAIPA DE CARVALHO, Sucessão de Leis Penais, 3.ª edição, 2008, pág. 229.
(24)
Apresentando exemplos materialmente semelhantes, TAIPA DE CARVALHO, Sucessão de Leis Penais, 3.ª
edição, 2008, págs. 221 e ss..
104
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(25)
Sobre esta questão, com exemplos, TAIPA DE CARVALHO, Sucessão de Leis Penais, 3.ª edição, 2008,
págs. 246 e ss..
105
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
106
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(26)
TAIPA DE CARVALHO, Sucessão de Leis Penais, 3.ª edição, 2008, págs. 390 e 392.
(27)
TAIPA DE CARVALHO, Sucessão de Leis Penais, 3.ª edição, 2008, pág. 391.
(28)
MARIA FERNANDA PALMA, Direito Penal – Conceito material de crime, princípios e fundamentos;
Princípio da legalidade: interpretação da lei penal e aplicação da lei penal no tempo, 2019, pág. 179.
107
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
TD Out 13 Dez18
15.09.13 19.09.13
E
Sanção: pena de prisão entre 2 e
10 anos.
- Desde que perpetrado em casa da
vítima.
108
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
109
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
110
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
incorrendo numa pena de prisão até três anos ou numa pena de multa.
1.2. Em Novembro entra em vigor uma lei que aumenta para o dobro os prazos
previstos no artigo 122.º/1 do CP.
(29)
TAIPA DE CARVALHO, Sucessão de Leis Penais, 3.ª edição, 2008, pág. 229.
111
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
TD Nov 13 Dez18
15.09.13 19.09.13
(30)
Note-se que, apesar de a contagem do prazo de prescrição da pena só se iniciar no dia em que transitar
em julgado a decisão que tiver aplicado a pena (artigo 122.º/2 do CP), a determinação da lei aplicável faz-
se com recurso ao critério do tempus delicti (artigo 3.º do CP). Sublinhando este aspecto, TAIPA DE
CARVALHO, Sucessão de Leis Penais, 3.ª edição, 2008, pág. 377.
112
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
TD Abr14 Dez18
15.09.13 19.09.13
L1-158.º/2 CP L2-158.º/2 CP J
Crime público Crime semi-público
113
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
114
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(31)
TAIPA DE CARVALHO, Sucessão de Leis Penais, 3.ª edição, 2008, págs. 390 e 392.
(32)
TAIPA DE CARVALHO, Sucessão de Leis Penais, 3.ª edição, 2008, pág. 391.
115
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
MARIA FERNANDA PALMA, Direito Penal – Conceito material de crime, princípios e fundamentos;
(33)
Princípio da legalidade: interpretação da lei penal e aplicação da lei penal no tempo, 2016, pág. 179.
116
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LECTIVO 2021/2022
DIREITO PENAL I
SUBTURMAS 1, 3 E 12
(34)
Efectivamente, segundo o entendimento proposto por MARIA FERNANDA PALMA, o procedimento
criminal extinguir-se-ia logo em Outubro de 2014, caso Hileira não apresentasse queixa; ao invés,
adoptando a visão de TAIPA DE CARVALHO, o arguido poderia ter que aguardar até à publicação da sentença
em primeira instância para ter a certeza do destino do procedimento (artigo 116.º/2 do CP).
117