Estimulação Precoce da criança com atraso no desenvolvimento visual

Fonte: Dra. Ana Carla Costa

Reabilitação Visual Especializada © 2017

Um dos sentidos mais importantes no processo de desenvolvimento físico e cognitivo

normal da criança, a visão possui um papel fundamental na promoção da integração das
atividades motora, perceptiva e mental.

A deficiência visual pode na maioria dos casos comprometer o desenvolvimento

neuropsicomotor, o desenvolvimento das habilidades motoras, a cognição e a linguagem. A
diminuição da capacidade visual implica em uma série de comprometimentos no
comportamento infantil, provocados geralmente pela privação de certos estímulos.

Estimulação Visual Precoce - Habilitação Visual

A estimulação visual precoce é um importante recurso para o desenvolvimento da

criança com baixa visão. Trabalha a habilidade para o uso da visão residual em diferentes
tarefas, aproximando do padrão normal do desenvolvimento neuropsicomotor, através de
estímulos específicos por meio de atividades lúdicas que proporcionem melhora da
funcionalidade visual.

Jogo de encaixe de mamãe animais e seus filhotes (um presente recebido da minha
prima em seus primeiros meses); uma garrafa plástica; uma caixinha com bolas coloridas e
bichinhos de borracha; palitos com animais de papelão e dedoches dos 3 porquinhos na
ponta; um potinho com feijões e sagu, uma lanterna e tábuas com furos para transpassar
cadarço. Voilà o meu primeiro kit de estimulação visual.
 Adquirindo consciência visual

Perceber a luz é o caminho inicial para o desenvolvimento da visão. Assim, atividades

de estimulação visual com esse fim baseiam-se principalmente na exposição da luz com
lanterna, objeto luminoso ou que brilhe no escuro (sozinho ou com a luz direcionada para
ele). Aos poucos, você notará o desenvolvimento ou a melhoria da capacidade de focar e
fixar, bem como do desempenho dos músculos oculares ao seguir seus movimentos.

Geralmente bebes com baixa visão bem acentuada apresentam após avaliação inicial
poucas respostas aos estímulos apresentados com luz ambiente. Dessa forma, estimular
usando uma boa lanterna em local escuro é o melhor caminho. Mas, atenção! É preciso cuidar
para não direcionar a luz da lanterna diretamente nos olhos da criança.

Material

Tenha em mãos lanterna; espelhos; objetos luminosos, espelhados ou metálicos; bolas e

brinquedos de diversas cores, formas e tamanhos.
Como fazer

 Deixe o ambiente na penumbra, para que o estímulo luminoso se destaque.

 Trabalhe com um item de cada vez. Coloque-o sobre a luz da lanterna, ou direcione a
luz para que ele se destaque no escuro! Ah… os objetos luminosos dispensam a
lanterna, claro!
 Incentive que a criança pegue o que vê. Ou, no caso dos bebês, leve sua mão ao
estímulo. Permita que toque por instantes o objeto e perceba as diferentes formas e
texturas e sinta-se curiosa em segui-lo quando você o manipular. Além disso, notar o
interesse dela ao pegar o objeto é também uma forma de avaliação de sua percepção
visual e da sua capacidade de coordenação olho-mão. Mas tem o momento de tocar e
o de deixar as mãos aguardando! Domine a atividade, não se deixe dominar…
 Lembre-se de alternar o objeto em posição fixa e em movimento lento, dentro do
campo visual. Teste distâncias entre 10 e 30cm e posições diferentes (baseie-se nos
pontos cardeais do olhar).
 Intercale a atividade com momentos em luz ambiente, e observe quando a criança já
percebe o espaço.
 Torne as atividades de estimulação visual mais lúdicas! Coloque pequenos animais de
borracha, ou bolas coloridas sobre a luz da lanterna, cante, conte histórias, faça sons,
ensine sobre as formas, as cores e relacione com a vivência da criança. Porém….
antes de associar sons aos estímulos visuais, é importante perceber se a criança
observa e explora o estímulo mesmo quando este não é sonoro. Assim, não há dúvidas
de que ela está usando a visão e o som é apenas um artifício para crianças com
dificuldade de concentração, ajudando a manter o foco no objeto por mais tempo.