Você está na página 1de 6

Trabalho de Filosofia da Educação

sobre John Dewey e Darcy Ribeiro

Nome: Júlia Almeida Ribeiro Rocha

RIO DE JANEIRO, OUTUBRO DE 2021

DARCY RIBEIRO COMO EDUCADOR (RELAÇÃO COM ANISIO TEIXEIRA)

Darcy Ribeiro foi um sociólogo, antropólogo, educador, escritor e indigenista brasileiro,


defensor da causa indígena e da educação pública e de qualidade. Seus estudos
publicados em vasta produção bibliográfica são centrais para o entendimento da cultura
indígena e da formação do povo brasileiro. Darcy foi um intelectual de ponta no Brasil.
Darcy foi um dos principais defensores da educação pública brasileira na segunda
metade do século XX. Diplomado em ciências sociais, e em 1946 dedicou os primeiros
anos da vida profissional ao estudo de diversas etnias indígenas. Entre a década de 1950
e o início dos anos 60, ajudou a criar a universidade de Brasília, ocupou os cargos de
ministro da educação e de chefe da casa civil no governo de João Goulart. Após o golpe
militar de 1964, Darcy Ribeiro teve seus direitos políticos caçados e se exilou em países
da América Latina, retornou ao Brasil em 1976, eleito vice-governador do Rio de
Janeiro na gestão de Leonel Brizola, Darcy assumiu a secretaria de cultura e implantou
centros integrados de ensino público, os CIEP’s. Na década de 1990 chegou ao senado
federal contribuiu para consolidar a universidade do Norte fluminense, e ocupou a
cadeira de número 11 da academia brasileira de letras. Em 1995, Ribeiro publicou o seu
último livro, O Povo Brasileiro, sendo talvez a sua obra mais ampla e completa sobre a
formação antropológica do Brasil. Em 17 de fevereiro de 1997, o antropólogo morreu
na cidade de Brasília, em decorrência de complicações causadas por um câncer,
descoberto em 1995. De acadêmico à indianista, de militante político à burocrata, o
intelectual natural de Montes Claros, interior de Minas Gerais, percorreu trajetórias
díspares, o que lhe permitiu uma formação profícua e sui generis tanto na prática
política quanto na intelectual. Aliás, foi através da mistura e do mútuo envolvimento
entre o pensar e o agir para transformar a realidade que Darcy se confrontou com os
limites de suas escolhas tanto quanto com as restrições histórico-estruturais de nossas
instituições. Durante dez anos, trabalhando junto aos índios e aos sertanejos, Darcy
desenvolveu um olhar crítico sobre a realidade brasileira a partir da maioria da
população, às margens do acesso à riqueza material das nossas terras. Por outro lado,
sua formação acadêmica positivista e estruturalista e sua experiência política -
comunista na juventude e trabalhista em fase posterior permitiram-lhe seguir por
caminhos que, se inicialmente não se dialogavam, posteriormente, se confrontaram e
levaram-no a compreender ambas as posturas dotadas de limites transformadores. Foi
dessa fusão de consciências, expressa numa abertura singular para a revisão de
conceitos, que Darcy moldou sua atuação política e construiu seu entendimento sobre a
América Latina e o Brasil. Falar de Darcy e da importância de estudá-lo no âmbito dos
Estudos Organizacionais requer apresentá-lo aos poucos, ainda que brevemente, em
tópicos para, em um esforço que a própria vida tratou de exercer, uní-lo em um só.
Assim, discorremos sobre suas experiências indigenistas, sobre a persona intelectual,
sobre o educador e militante pela educação e sobre o homem político. Distinguiu-se por
elaborar uma teoria explicativa da formação do povo brasileiro e pela singular
capacidade de conjugar ideias e ações. Criou os CIEPs no Rio de Janeiro (Centros
Integrados de Educação Pública), instituições idealizadas no Brasil para a experiência
de escolarização em tempo integral, voltadas para as crianças das classes populares,
tentando atender suas necessidades e interesses, a Universidade Estadual do Norte
Fluminense, a Universidade de Brasília e o Museu do Índio. Foi também senador da
República, ministro da Educação e vice-governador. Como político, ousou apostar na
transformação e na construção de uma sociedade mais justa. DVD realizado com o
apoio da Fundação Darcy Ribeiro e apresentado pela antropóloga Gisele Jacon de
Araujo Moreira, com pós-graduação no México, no que aborda a vida e obra de um dos
intelectuais mais importantes do Brasil. A especialista fala das ideias de Darcy e de sua
ousadia em apostar na transformação da sociedade, além de destacar suas contribuições
para o ensino. Darcy Ribeiro, educador de vanguarda e com raízes na terra, tinha dito:
(…) Minhas características distintivas talvez sejam contraditórias. A minha vontade foi
sempre tratar de compreender e o gosto de fazer, que me converteram em híbrido de
intelectual e fazedor.
(…) Obras, escritos, cargos, fiz, tentei e exerci muitos. Nisto gastei minha vida. Uns
poucos deles ficaram com a minha marca nos mundos que passei, enquanto passava: um
sambódromo, um parque indígena, museus, muitas bibliotecas, demasiados ensaios,
quatro romances, muitíssimas escolas, algumas universidades. Não é pouco, quisera
mais. Muito mais.
(…) Sou um homem de fazimentos.
O nosso educador sempre estudou os homens, no sentido humano e também
antropológico – sentido mais lato, que engloba origens, evolução, desenvolvimento
físico, material e cultural, fisiologia, psicologia, características raciais, costumes sociais,
crenças etc. -, criando para eles instrumentos úteis para que não precisassem de
ninguém para protegê-los. Tinha como atenção primeira os índios e as crianças, no que
envolve sua educação e raízes, fontes de inspiração para suas luitas e pesquisas. E foi
assim também com o nosso Brasil, pois era preciso alguém para cuidar desse espaço de
terra e politizá-lo para deixar de ser um país dos oprimidos. Darcy ajudou a formar uma
América Latina forte e una, capaz de lutar por seus direitos e se impor perante aos
países ricos. Era grande fã da Inconfidência Mineira, pois achava o movimento a grande
preocupação dos brasileiros com eles mesmos. Excerto da autobiografia “Confissões”
de Darcy Ribeiro publicada pela Companhia das Letras em 1997.
Anísio Spínola Teixeira representou para mim o que fora Rondon em outro tempo e
dimensão. Baixinho, irrequieto, falador, mais cheio de dúvidas que de certezas, de
perguntas que de respostas. Anísio me ensinou a duvidar e a pensar. Ele dizia de si
mesmo que não tinha compromisso com suas ideias, o que me escandalizava, tão cheio
eu estava de certezas. Custei a compreender que a lealdade que devemos é à busca da
verdade, sem nos apegarmos a nenhuma delas. De mim dizia que eu tinha a coragem
dos inscientes, referindo-se à minha ignorância e à ousadia de investir sobre os
problemas educacionais, optando rapidamente entre alternativas.
Anísio exerceu uma influência muito grande sobre mim. Tanto que costumo dizer que
tenho dois alter egos. Um, meu santo-herói, Rondon, com quem convivi e trabalhei por
tanto tempo, aprendendo a ser gente. Outro, meu santo-sábio, Anísio. Por que santos os
dois? Sei lá… Missionários, cruzados, assim, sei que eram. Cada qual de sua causa, que
foram ambas causas minhas. Foram e são: a proteção aos índios e a educação do povo.
Fui para a educação pelas mãos de Anísio, de quem passei a ser, nos anos seguintes,
discípulo e colaborador. O curioso da história de nossas relações de amizade e de
respeito recíprocos é que, de início, Anísio e eu éramos francamente hostis um ao outro.
Para Anísio, eu, como intelectual, era um ente desprezível. Um homem metido com
índios, enrolado com gentes bizarras, lá do mato. Ele não tinha simpatia nenhuma pelos
índios; não sabia nada deles, nem queria saber. Para Anísio, Rondon era uma espécie de
militar meio louco, um sacerdote de reiúna pregando para os índios; uma espécie de
Anchieta de farda. Eu, para ele, era ajudante daquele Anchieta positivista. Um cientista
preparado que se gastava à toa com os índios, aprendendo coisas que não tinham
interesse nem relevância.
Para mim, Anísio era o oposto, um homem urbano, letrado, alienado. Eu o via como
aquele intelectual magrinho, pequenininho, feinho, indignadozinho, que falava furioso
de educação popular, que defendia a escola pública e gratuita com um ardor comovente.
Mas eu não estava nessa. Gostava era do mato, estava era com meus índios, era com os
camponeses, com o povão. Estava pensando era na revolução socialista. Anísio até me
parecia udenista. Eu o achava meio udenóide por sua amizade com o Mangabeirão e por
suas posições americanistas. Seu jeito não me agradava, ainda que reconhecesse nele,
mesmo à distância, uma qualidade de veemência, uma quantidade de paixão que não
encontrava em mais ninguém.

JOHN DEWEY E O PRAGMATISMO

John Dewey foi um filósofo norte-americano defendia a democracia e a liberdade de


pensamento como instrumentos para a maturação emocional e intelectual das crianças.
Dewey é o nome mais célebre da corrente filosófica que ficou conhecida como
pragmatismo, embora ele preferisse o nome instrumentalismo, uma vez que, para essa
escola de pensamento, as ideias só têm importância desde que sirvam de instrumento
para a resolução de problemas reais. Dewey abraçou a filosofia do Pragmatismo durante
a década de 1890. Para o pragmatismo, conceitos filosóficos e abstratos só possuem
significados à medida que podem ser utilizados de forma prática. Dewey entende que o
pensamento é uma capacidade humana que evoluiu para servir aos interesses da nossa
sobrevivência e do nosso bem-estar, logo, o pensamento deve ter utilidade prática,
conceitos filosóficos como a democracia, precisam ser vividos, precisam ser colocados
em prática na vida e por meio da vida, isso deve ser feito por exemplo através da
educação, das experiências educacionais.
Ele escreveu inúmeros livros de indicando como os valores democráticos deveriam ser
transformados em ações sociais concretas. Quando as crianças chegam a escola, elas
não são páginas em branco, nas quais os professores podem escrever os saberes da
humanidade, a criança já é intensamente ativa, e a escola dever reconhecer essa
atividade e orientá-la, é preciso reconhecer que a criança traz quatro impulsos inatos,
segundo Dewey; o de comunicar, construir, perguntar, e se expressar da forma mais
precisa possível. Elas trazem ainda interesses e atividades relacionadas ao seu lar, ao
seu entorno social, todos esses impulsos, interesses e experiências são matéria-prima
que o estudante traz e que a escola precisa saber utilizar e investir para o crescimento
ativo deles.
O pragmatismo se reflete de uma maneira bastante evidente na teoria educacional de
Dewey, que procurava conciliar os aspectos teóricos e práticos da aprendizagem, na
ligação entre ensino e prática cotidiana, dando grande ênfase à ideia de experiência
como um processo ativo, um processo contínuo de criação de conexões de saberes. A
filosofia pragmatista de Dewey “tem como eixo central o interesse de base psicológica
gerado por situações da experiência de vida no ambiente social. Dewey concebeu a
educação como um processo de contínua reconstrução da experiência humana na
sociedade” (ZANATTA, 2012, p. 109).
Dewey exerceu a função de professor de Filosofia na Universidade de Michigan, onde
ensinou a partir de 1884. Três anos mais tarde publicou seu primeiro livro, Psychology,
onde propôs um sistema filosófico que conjugasse o estudo científico da psicologia com
a filosofia clássica alemã. Esse livro foi importante para o passo seguinte da carreira de
Dewey, o cargo de professor de Filosofia Mental e Moral na Universidade de
Minnesota, que assumiu em 1888. No ano seguinte, porém, regressou à Universidade de
Michigan para se tornar chefe do Departamento de Filosofia. Em 1894 saiu de Michigan
para a recém-criada Universidade de Chicago, onde logo passaria a liderar os
departamentos de Filosofia e de Pedagogia, este criado por sua sugestão. No final da
década de 1890, Dewey começou a afastar-se da sua visão basicamente neo-hegeliana e
a adotar uma nova posição, que viria a ser conhecida mais tarde como pragmatismo.
Depois de problemas na política interna do Departamento de Educação da Universidade
de Chicago, Dewey abandonou a instituição para se ligar à Universidade de Columbia,
em Nova Iorque, onde permaneceu até ao fim da sua carreira no ensino, em 1930.
Continuou, no entanto, a ensinar como Professor Emérito até 1939, e continuou a
escrever e a intervir socialmente até às vésperas da morte.
REFERENCIAS:

https://www.revistadarcy.unb.br/edicao-n-23/dossie/61-pioneiros-dossie

https://www.academia.org.br/academicos/darcy-ribeiro/biografia

http://www.memorial.org.br/antigo/darcy-ribeiro-2/

https://propi.ifto.edu.br/index.php/jice/5jice/paper/view/6361/3304

http://m.sabedoriapolitica.com.br/products/john-dewey-pragmatismo-educacao-e-
democracia/

https://revistas.pucsp.br/cognitio/article/download/5789/4105

https://www.scielo.br/j/ss/a/Wv6XLVVPCYXvZfmwNhGH9gb/?lang=pt&format=pdf

Você também pode gostar