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Edição | 1ª
relacionamento abusivo.
Sumário
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Epílogo
Agradecimentos
Nota da autora
Sobre a autora
A todas as princesas presas no abismo e precisando de um resgate:
Você já pensou que o seu príncipe encantado pode ser preto?
A vocês duas. Que iluminam minha vida e merecem ser
cuidadas como ninguém mais no mundo.
AeF
OLIVER
Eduarda Campbell.
Convidar Eduarda para vir comigo ao casamento do meu
filho, apenas para que eu não ficasse sozinho enquanto a mãe dele
das poucas amizades que fiz no Rio — que fosse minha namorada
de mentira pelo fim de semana.
Ela já representou esse papel uma vez, então não foi difícil
minha cama que ela vai encerrar o dia, faz algo dentro de mim dizer
que isso é o certo. Ela é a pessoa certa, e não Catherine.
Eduarda não só não olha pra mim desse jeito, como já deixou bem
claro sua posição a respeito de homens mais velhos: ela não tem
interesse.
ela dormindo no meu peitoral, isso não é algo que eu possa ignorar.
DUDA
seu peito;
● A única pessoa que não vai te abandonar é você mesma
e...
● O amor é uma ação.
— Sim, senhor.
— Ipanema, certo? — confirmo pelo retrovisor.
sim.
— Teria problema se eu pegasse duas? Essas balinhas são...
Duda: Obrigada por avisar, tá? Eu poderia ter feito alguma coisa.
Duda: Te amo.
Felipe.
OLIVER
O CEO transferido.
até gosto do jardim que “cerca” os muros, mas o quintal ser 100%
gramado é fruto das escolhas de Catherine. Quando ficou decidido
que eu seria transferido de São Paulo para o Rio, a empresa estava
não tinha tempo para administrar a mudança para cá, então foi a
Cath que escolheu a casa, quando ainda estávamos juntos e nem
algum dia.
latidos. — Mesmo? O meu dia também foi bom. Mas eu não tive a
sorvete, são olhos tão pidões que quase sinto dor no peito em me
fingir de desentendido, mas isso é para o bem dele, que late mais
uma vez e começa a me lamber quando estendo a mão para tocar
sua cabeça. Sei que o menino quer colo, mas ainda estou com a
dia inteiro. Então faço um cafuné em sua cabeça e entro para tomar
um banho.
Quando saio do banho, encontro Buddy ao pé da minha
quarto onde ficam as coisas dele e limpo suas patas para que
possamos passar um tempo juntos no sofá da sala vendo TV. Em
afinal: dar bons jantares e festas e, com sorte, quando eu for o CEO
que abriu a casa para um terço dos funcionários da empresa, eles
pseudoestrangeiro recém-chegado.
DUDA
Mas também têm dias como esse, que eu posso sair de casa
quase sete anos não precisa entender esses pormenores, ele nem
sabe o que é um Instagram.
me preocupo mais. Deixo o menino livre, ele sabe que não pode ir
onde meu filho passa os dias quando o pai tem algum trabalho
diurno — ele estava com uma blusa tão pequena que, se levantasse
com quantidade do que com beleza, então é bom que Felipe fique
Trouxe meu filho para ver um filme comigo e agora ele sumiu. Isso é
cinema comigo.
comprei.
adianta fazer isso. Não pode mesmo dar dinheiro pra quem mata
bichinhos, entendeu? — pergunta de cenho franzido, como se
aquela fosse uma orientação que me foi dada há muito tempo, mas
eu esqueci.
Fani: Felipinho?
cabeça.
Mas ele também merece uma boa mãe e, por mais que eu
estuda um tempo.
ajudam.
Quando me sinto pronta, sento de frente para a minha amiga
antes de falar:
consegui negar, não tenho como negar, Lavínia. Vou acabar pedindo
férias às meninas do IG e contratando uma babá para passar algum
ele era ruim o tempo inteiro. A gente gostava de passear com e sem
o Felipe, gostávamos de jogar com ou sem o nosso menino,
coisa que se pareça com uma amizade, mas não tem respeito, não
pode ser a base do amor, amiga.
— Você acha que eu não digo isso para mim mesma todos os
dias? Ou, pelo menos, sempre que vou buscar o Felipe e o Márcio
por mim, que faleça. Mas pelo meu filho. Meus pais se separaram
muito cedo e eu fiquei sozinha com a minha mãe, que não era
próprio filho pela primeira vez em seis anos, ele vai aprender na
prática.
Felipe. Você não teria como ficar com ele agora e sempre diz que
não quer tirar o menino da casa do pai e dos avós para confiar a
conversa comigo para que eu compreenda que não sou uma mãe
ruim por não morar com meu filho e que eu não deveria me sujeitar
OLIVER
faremos no team building[2] que ele sugeriu para “me enturmar” com
agrada.
sentamos.
chamando o garçom.
raciocínio dele.
team building.
algo com todos, não vou estar em time nenhum, então não suscita
preferência, e vai ser bom para as equipes também. Penso que
podemos sortear as equipes em algum site, assim todo mundo
pergunta assim que seu prato está vazio, e não sei se ele está
realmente interessado ou se só está perguntando porque o RH
deveria “cuidar” para que tudo saia bem para mim, mas sou sincero.
estabelecer aqui de uma vez. Criar laços. Em São Paulo foi fácil,
porque eu era casado e, mesmo que meu filho não morasse com a
gente, estava lá todo fim de semana. Então ter mudado de emprego,
abraçando a namorada.
parar de trabalhar por pelo menos uma hora — diz a ele com uma
revolta fingida na voz e, logo em seguida, vira de frente para mim.
onde.
— Muito prazer — digo às duas.
mundo.
— Eduarda, não pode dizer uma coisa dessas pro meu chefe
— A sua filha vai pra sua casa ver você — Eduarda o corrige.
— E todas elas vão dormir lá no apê no fim do dia, então eu não
preciso estar no churrasco para vê-la — a garota se defende.
— Exagerada.
— O Oliver é igualzinho, amor. Se eu mandar um e-mail para
Não sei por que Eduarda trabalha tanto. Eu faço isso porque
não tenho outras opções, mas não quero explicar minha solidão,
então só encolho os ombros, assumindo minha culpa enquanto
— Como assim?
— Ah, não. É algo pra mostrar que ele é gente boa, todo
mundo pode levar acompanhantes — Daniel intervém me
encarando.
de framboesa acabou.
na minha cara esse tempo todo. — A que não fala e tem bala de
framboesa.
— Sou a que não fala e tem bala de framboesa, sim, mas sou
uma motorista 4.8 estrelas. Justamente porque não falo muito, já
sexta, Eduarda.
amei trabalhar.
queríamos e pelo menos um de nós está muito feliz com isso, mas
não queria pensar sobre isso ou sobre ela essa noite, mas dar uma
noite incrível para dividir com a Lavínia quando sair daqui, mas você
se importaria de ficar até o fim da festa? — pergunto meio
humilhado.
nenhum.
DUDA
dizer é que hoje foi a primeira vez que saí do meu apartamentinho
de vestido, salto alto, cabelo com a tinta retocada e muito bem
chapado — afinal, o que é uma mulher de cabelo liso sem o drama
recepcionou.
silêncio:
de volta.
atravessar o gramado.
pronta.
aproximar.
namorado.
Por qual motivo digo isso? Não sei. Mas meu coração
disparou tanto com a frase dele que eu diria qualquer coisa para
passarinha.
minha.
Que vergonha.
responde.
— Márcio.
Márcio?
entreolhamos agora.
tocar de volta.
— Você não precisa dar satisfação da sua vida pro seu ex,
batidas.
próximas palavras.
pergunta se divertindo.
ofendendo.
encontrar alguém que seja bom para mim, que goste de mim e
queira estar comigo. É por isso que segurar essa vela hoje está me
— Claro que sim. Você vem? — ele pergunta a ela, que nega
possa controlá-la.
— Parar, parou, né? Mas ele não está convencido. Você foi lá
aquela hora e tal, mas não estamos juntos, juntos ao longo da noite,
né? Ele não é idiota — digo enquanto entramos na mansão e, juro
corredor.
tenha percebido...
contar a iluminação.
prazo, pode vir aqui domingo assistir à corrida — ele brinca e meu
corada.
— Daniel. Minha proximidade com Daniel, e a sua com
Lavínia.
— Vinte dias.
inglês tão perfeito, com um sotaque britânico tão lindo, que meu
coração de fã de Harry Potter falha uma batida.
Márcio e seu olhar, de raiva e posse, cai sobre mim. Mas não
OLIVER
E riu.
farsa, dizendo:
— Não vou te apresentar para ninguém, você não precisa
com Eduarda sobre Harry Potter e videogames. Mas ela tem uma
vibe mais atual e eu sou chegado nos clássicos. Mario e Sonic, para
ser exato.
você um segundo?
— É sério?
por causa dele, Eduarda não se afasta quando ele se vai. A garota
continua escorada a mim e parece estar confortável aqui. Enquanto
“Ela é linda.”
qualquer coisa para entender por que Eduarda está tão vermelha de
vergonha ouvindo Lavínia falar.
estão interessados.
sim.
direção.
— Seu ex te chamou.
aí?
ligo para o número dela novamente. Não leva nem cinco segundos
para ela gritar um animado “achei!”. Aliviado, saio do carro e a
espero do lado de fora.
caindo.
da calça.
Não lembro qual foi a última vez que fui para uma balada na vida,
mas, com certeza, eu ainda achava que cinco da manhã era cedo.
Rio removendo minha maquiagem. A Eduarda do passado teria
Mas não sem antes saber o que Márcio queria falar sobre
casa ou chegando.
— Ah, é... Ele tem, você sabe, perguntado quando você volta
pra casa.
Mas eu também sinto sua falta, também quero você aqui de novo.
desligar.
homem me deixa.
Eu: Quem?
Fani: Juro! Quando foi que todo mundo nesse grupo passou a
gostar de homem mais velho?
choque. Ela é casada com um cara quase dez anos mais velho;
Lavínia e Daniel têm dezessete anos de diferença e, caso eu e
vocês.
Amanda: Lavínia, menos informações.
Fani: Será que quando vocês transarem, você vai gemer OMG?
oportunidade!
Amanda: Eu também.
com ele essa noite, eu poderia ligar e ele com certeza atenderia,
castos que tive com Oliver por causa daquela troca de mensagens
não exatamente o quê sonhei, então vira e mexe entra uma cena
aleatória de beijos e carinhos em lugares que eu não gosto nem de
trabalha com maquiagem e, para o post que preciso fazer, ela fez
Príncipe: Peraí.
Príncipe: Pronto.
— Feliiiipe.
— Mamãããe.
gosta, é de festa.
gente vai à casa de festa escolher um tema bem legal, pra gente
comer.
OLIVER
A última coisa que eu quero é ser inconveniente, então
Eduarda. Tá aí uma coisa que não sei sobre ela: que horas a
workaholic[5] acorda.
dele.
— Ah. Oi, Oliver. — A voz dela traz surpresa. Claro que traria.
— Acho que se você tentar sair para dirigir, vai saber do que
estou falando.
você vá sair.
— Pronto.
jantar comigo.
os ombros.
— E aí você janta comigo ou minha lábia parou de funcionar
com você também? — provoco.
— Tá tudo bem eu só... Não faço ideia da última vez que tive
concluir.
Quando ela não termina, ergo seu queixo com a mão livre.
risada deliciosa.
— Até.
DUDA
acabou com a minha vida também e, por mais que eu ame meu filho
com todo o coração, a última coisa que eu precisava era ser uma
mãe solo de vinte e cinco anos. Uma mãe solo que nem mora com o
filho.
oposto. Nenhuma das minhas amigas sabe a verdade, mas nos dois
encontros originados do meu tinder, eu simplesmente fugi.
Fugi.
Saí correndo.
queria ter dito que nada agrada mais uma mulher do que o cara a
convidar para um encontro e, de fato, levá-la a algum lugar que ele
escolheu. Em vez de ficar perguntando: “Aonde você quer ir?”, como
se não soubesse o que fazer com uma mulher, mas não consegui.
consegui pegar:
que não deu nem quinze reais, e o homem me pagou com uma nota
de cem.
pelo menos duas vezes por dia, por mais evasiva que ela tenha
sido, algumas coisas não podem ser negadas. Se por um lado é um
tanto quanto assustador saber que ela já viveu tanta coisa mesmo
sendo tão nova, por outro eu volto a questionar minha própria sorte.
ironicamente.
ansiedade.
tento acalmá-lo. — Deixa a Isa, ela vai ter o tempo e o jeito dela de
sentir as coisas.
— Ah, pai. É que a gente vem pra cá terça, né? Queria ter
— Eu estou feliz por ela, não estou feliz por mim — digo e
Peter gargalha.
nas suas fotos, o senhor para de fingir sofrência pela mamãe — ele
me repreende.
tempo que disserto sobre o assunto, minha cabeça vai até Eduarda.
certos.
— Oliver.
— Pronto.
Caminho até o meu quarto em busca de uma esponja — as
me dá vontade de rir.
que nunca consegui fazer com meu ex-marido, porque ele odiava
semicerrados.
a bolsa no sofá.
— Boa noite, meu amor. Você não deveria estar com o seu
namorado? — Pergunto confusa.
me abraçar.
lá embaixo a esperando.
Isso acontece toda sexta-feira que ela vem para casa, o que
é raro, porque na maioria das vezes ela vai direto para a casa dele.
dele ver a corrida no domingo, mas como amigos, não tem nada
você dizer que não tá rolando que eu vou acreditar, não precisa me
esconder coisas.
episódio.
Balanço a cabeça positivamente e ele se vai.
É só... que você surta. E eu não quero que você chegue a ponto de
mais.
Deixar minha casa e meu marido não foi fácil, por pior que
com alguns balões de gás. Não dou conta de montar uma festa
inteira e ainda entregar posts de três clientes antes das 18h.
OLIVER
Não lembro a última vez que fiquei tão nervoso para receber
um amigo. Acordei às 8h, tomei café da manhã, corri na orla de
na sala. Duda não precisa comer se não quiser, e acho que nem vai
querer, quer dizer... Ela almoçou com o filho há uma hora, e eu
acabei de comer. Não sei por que pensei que tanta coisa fosse
necessária.
— Eduarda? — pergunto.
porta.
— Ótimo. — Ela sorri para mim, como faz quando fica sem
palavras.
cômodo.
— Nossa, é bonito aqui, né? — comenta olhando em volta,
disse: “Não sei por quem torcer, eu amo os dois”. E eu sorri com a
expressão sofrida dela. Mas, agora, quase tapei os ouvidos com o
— Hum... Eu sei, mas... Ah. Sei lá, vai que alguém fica sem
perna? — ela sussurra, como se as palavras dela pudessem fazer
mais contida agora, ainda que solte uns palavrões vez ou outra.
caminhar, eu o faço.
Chegamos à cozinha e ela observa a mesa com tudo o que
comprei para hoje.
seria melhor ter uns salgados assim também — digo ligando o forno
com o tabuleiro dentro. — Mas me diz uma coisa, como você
— Meu pai — ela diz com um riso, mas ele é triste. — Todo
mundo gostava muito de futebol, mas meu pai era só das corridas,
— Talvez...
um levantar de sobrancelha.
dela volta a se erguer, mas, dessa vez, percebo que é sua indicação
para que eu continue. — Meu filho vai se casar, na fazenda da
casamento do seu filho? E quantos anos ele tem? Você não tinha
cozinha.
bunda, mas é ainda pior porque ela já tem outra pessoa, então... —
apelo.
— Como assim?
— E a longa?
— A longa é que... — Esfrego as duas mãos nas pernas. —
amor de Deus, para ela voltar pra mim e tentar fazer nossa relação
funcionar a distância — falo rápido e as palavras tropeçam em meu
voz morre porque eu acho que, em trinta e oito anos de vida, nunca
soei tão patético.
DUDA
namorado.
mim.
quando?
você pode levar o Felipe, se precisar, tenho certeza de que ele vai
gostar, é espaçoso, bonito, tem um rio...
— Não. Não vou enfiar meu filho num lugar que ele não
conhece ninguém. — Eu me sinto quase ofendida pela proposta. —
um tempo que ele devia ir ficar com ela, mas nunca dá.
— Tem quase um mês que eu te conheço, e ontem foi o
primeiro sábado que você viu o seu filho. Agora está me dizendo
que nem sua mãe o vê quando deveria. Você não acha isso
estranho?
— Como assim?
quer que quisesse fazer nos dias em que o Peter devesse estar com
isso.
para nos sentarmos do lado de fora, onde tem uma pequena mesa e
podemos ficar com a vista desse quintal maravilhoso.
— Não dê, em hipótese alguma, salgadinho pro cachorro —
ele diz quando o cão corre em nossa direção.
labrador mais bonito que já vi na vida, não que tenha visto muitos.
dele enquanto ele lambe minhas mãos e late gentilmente para mim.
— Você é tão fofinho, Buddy.
Tão dócil que nem parece que vai ficar do meu tamanho se
decidir se colocar sobre duas patas.
bem, é verdade.
cautela.
— Você quer saber se eu gosto dele? Não. Penso em reatar?
Todo dia, três vezes por dia. Quero voltar a morar com meu filho,
afinal. Mas, gostar... Não gosto — digo com incômodo.
Ele tenta reatar, sabe? Não sempre, mas Márcio age como se eu
estivesse de férias e, uma hora, fosse voltar para casa. E eu não
vou, então é isso, é tão... — Procuro uma palavra que traduza o
parecidas, nossa.
— Você não precisa falar se não quiser — ele diz e sua mão
se abre, acariciando meu rosto.
fazer. Nem das escolhas que eu fiz, como a minha mãe gosta
sempre de jogar na minha cara, nem das coisas que suportei, como
minhas amigas amam me lembrar. Então, começo a falar:
eu surtei no seu carro foi porque sempre ligo pro Felipinho antes de
dormir. — Faço uma pausa enrolando o cabelo num coque. — Era
um fim de semana, e o pai dele estava trabalhando, então eu sabia
— Existe um motivo para você não poder ficar com ele? O pai
dele tem a guarda ou algo do gênero? — ele diz me entregando o
mundo. Eles ainda amam os filhos. Mas você está se culpando por
não conseguir estar com o Felipe. Acho que você tá pegando muito
pesado consigo.
— Como assim?
literalmente dizendo que você não conseguiria uma pessoa boa pra
você, e eu não entendi o porquê. — Oliver toca minha mão, que
está entre nós dois. — Agora, te conhecendo um pouco mais, eu
— É, ele é assim.
— Mas?
CEO[8] estava calma em São Paulo, mas mudar para o Rio mexeu
me sentei para jantar. Uma vez que eu, Daniel e Paulinho ainda
cama.
que arrumou o quarto, essa mulher não mima apenas Buddy, como
podemos ver.
Respiro fundo e esfrego minhas mãos no rosto, a exaustão
dos últimos dias aparece com força, mesmo que eu saiba que hoje é
um dia normal, comum e provavelmente o ponto de paz no meio do
meu corpo está tão tenso. No entanto, sei do que ele precisa para
relaxar.
água, deixando que ela leve embora pelo menos um pouco do meu
cansaço. Pego o sabonete líquido, o cheiro dele me lembra terra em
momentos.
Eduarda.
Tiro a mão do meu pau tão rápido que quase bato no box.
semana dela, mas nem sempre minha amiga está com humor para
limpezas, então Lavínia marcou com uma faxineira para vir limpar.
dirijo à pizzaria mais próxima. Vou morrer num dinheiro aqui, mas
faço uma última corrida quando estiver indo para casa e fica tudo
certo.
sombra de você.
Responde de imediato.
Eu: Ah, tudo bem também, você está esperando alguém ou veio
comer pizza de terno e gravata sozinho mesmo?
— O que você, um grande CEO que habita uma mansão, faz numa
reles pizzaria às 23h de sexta-feira? — pergunto com um gole em
minha bebida.
está?
riso.
— Cê teve Orkut?
— Isso é sério?
— E aí o “nome” pegou?
Campbell. Mas sei lá, acho que não dá pra você me apresentar
pizza.
— Bom, acho que seria uma história tão interessante quanto
seguida, porque desde que ele sentou aqui eu esqueci que deveria
estar comendo.
pequena curva.
dizer: “Entendi, mas eu não vejo assim”. Nada contra brancos, tá?
Você é minha amiga e é — ele ironiza.
— CEO de quê?
disso.
Gosto muito.
um escândalo.
o tom cansado.
quinta?
— Claro, 16h eu estarei na porta da sua casa — ele responde
encarando o celular.
dele.
Penso em Oliver.
Saio do banho.
Penso em Oliver.
Coloco um pijama:
que dessa vez, não preciso criar um homem perfeito fictício para me
dar prazer, porque hoje eu tenho total consciência de quem eu
quero aqui comigo:
Oliver.
OLIVER
coisa?
em frente.
Respiro fundo e deixo um riso fraco escapar, pensando no
quanto gostaria mesmo de ter seguido. Mas não segui. Por mais
que Eduarda tenha habitado minha mente por mais tempo do que
minha... querida.
“My love” quase voa dos meus lábios, mas consigo trocar a
Ela é linda.
— Obrigado.
Eu: Você pode comprar qualquer coisa que não seja verde.
Mando a mensagem, finalmente me levantando e indo tomar
Eu: Não, desculpa. Você não pode usar tons de vermelho! Não sei
de onde tirei o verde...
absurda.
sobre o vestido, então, entre uma reunião e outra, resolvo ligar para
ela, só para checar se está tudo bem ou se ela não vai dar para
trás.
— Atrapalho?
— Sim.
tarde com meu filho e não tive tempo ontem, mas vou hoje, com
certeza...
— Tem certeza?
deixando-a à vontade.
— Não tenho ideia, que horas você sai? — Ela bufa antes de
responder.
risinho cínico em sua voz e uma risada sai de mim antes que eu
acabe com os sonhos dela.
também.
trabalho e outro.
começa às 14h30min, mas não deve demorar mais que uma hora,
DUDA
Essa tem tudo para ser uma boa semana. Quer dizer, passei
o primeiro fim de semana inteiro com meu filho em mais de um mês
Quer dizer, por que mesmo eu estou fazendo isso? Por que
dele?
mente: dizer que eu estou fazendo isso só pelo Oliver seria mentir.
que tem sido a minha vida desde o divórcio e para fazer algo que
empresa.
como eu venho reagindo ao Oliver, ela me disse que parece até que
eu estou num filme de comédia romântica e que, em algum
hoje, não é agora que vou começar. Ainda mais quando falamos do
homem mais fora do meu alcance de todos os tempos.
Eu: Dois mil e seiscentos reais um top com uma saia. JURO.
nenhum — digo descartando duas. — Não vai rolar esse azul bebê,
não tô grávida. Esse musseline de seda é lindo, mas ficaria mais
bonito de outra cor. — O rosa que ela me trouxe é tão claro que fico
curtinho com uma saia longa. Ficou lindo, mas não bate, não me
encantou, então tiro as peças e vou em direção ao outro.
são visíveis, mas tem. E ele seria perfeito, se não fosse vermelho,
do look correndo.
— Sim?
— Por quê?
digo a ele.
trava e o verde dos olhos dele escurece, ele entendeu o que eu quis
dizer.
— Ah, ótimo. Agora, você vai fazer sua ligação e eu vou ver
como fico no vestido que escolhi para o casamento — digo, porque
provador.
para esse cabelo segurar o nó, pelo menos por alguns segundos,
para eu ver como meu colo fica nesse vestido, sem o cabelo por
cima do decote.
no rosto.
ele quanto pelo conjunto vermelho, então, no fim das contas, não
preciso sofrer pelo que não posso ter.
Caminhamos até o estacionamento e encontramos o carro de
Oliver com tranquilidade. Nem todo mundo no Rio de Janeiro tem a
personalidade necessária para ter um carro amarelo.
desvirtuou.
Oliver.
algumas fofocas com as quais ela foi edificada nas corridas de Uber.
Daniel RH: Cuida bem dela, hein? Ou Lavínia vai atrás de você.
amiga.
Peter: A ruiva com quem o senhor não tinha nada há uma semana?
DUDA
— A Catherine sabe que você não gostava. Não com ela, não
com outras pessoas. Mas comigo você gosta. Baby — digo soltando
seu casamento ruim, eu preciso saber sobre ele, você não acha?
mesmo uma explicação maior, acho que essa é a coisa mais sincera
que já disse em toda a minha vida. Ele me traiu por anos, ele foi
ruim por anos, ele foi um péssimo pai por anos... Um dia eu só
cansei e disse: “É a vez dele de cuidar da casa e do Felipe” e fui
mim no sofá.
Sei lá o porquê.
dar.
— Ah, mas você nem vem com essa de me dar roupa cara
balanço o indicador entre nós dois — vai ser um Uma Linda Mulher
ou qualquer coisa assim.
— Eu estou calma, só não quero que você ache que, sei lá,
para trás.
— Eduarda. Calma. — Ele apoia as duas mãos nos meus
ombros.
— Juro que se você me pedir para ficar calma mais uma vez,
eu vou dar com meu joelho nas suas bolas. — Vejo-o segurar o riso.
dois no sofá.
Oliver gargalha tanto, mas tanto que aposto que ainda não se
deu conta de que suas mãos estão em volta da minha cintura me
trás.
quer ser beijada então, não é? — Ele ergue o braço direito e coça a
nuca. — Bom, acho que podemos encerrar nossa noite. Eu te levo
em casa.
quero que ele faleça. — É tarde, Babe. Eu vou te levar em casa, não
foi uma pergunta.
Lavínia.
ser brincadeira.”
Envio uma resposta avisando que estou chegando e bloqueio
a tela.
— Fica à vontade.
— Bom, Felipe não está, então vou comer sem culpa — digo
animada ao me sentar.
— Aonde você foi depois da loja de roupas, hein? — Lavínia
está virando as batatas fritas dos nossos combos num prato, e seu
tom não esconde que ela já tem suas desconfianças.
hambúrgueres.
que valorize seus pontos fortes e unhas muito bem afiadas para o
próximo fim de semana — Lavínia conclui e eu gargalho.
Ela continua me enchendo de perguntas, e eu vou
para matar as saudades. Vou até meu quarto com a caixa e a coloco
em cima da cama, não consigo me impedir de me olhar de novo e
de novo no espelho me imaginando no meu vestido.
Então respondo:
fácil falar sobre... tudo com você. Espero que a gente ainda tenha
assunto para conversar durante o fim de semana.
Eu: Acho que você gostou mais do vestido do que eu. Devia voltar
na loja e comprar.
Oliver: Eu não tenho como fazer isso, era um modelo único e você
está com ele na sua caixa.
Leio a mensagem três vezes antes de abrir a caixa e ver que
o conjunto vermelho está embaixo do dourado.
amanhã.”
uma festa — só porque eu sou o cara que não tem muitos amigos
para me tirarem de casa e senti que talvez com ela fosse o mesmo.
companhia dela.
que, diante de tudo o que aconteceu nos últimos tempos, não estou
puxar assunto com Eduarda agora e dizer pela terceira vez quão
linda ela está, numa combinação não muito convencional de
macacão social preto e tênis, seja só isso: carência.
quanto a Eduarda por perto, fez com que eu quisesse viver mais
momentos bons com ela; estar próximo a uma mulher tão forte e
com a cabeça.
bem lá, quer dizer, você não conhece ninguém — digo batucando no
volante.
— Mas não foi você quem disse que é um evento pra
quarenta pessoas e que não conhece muita gente porque são quase
todos amigos do casal? — Vejo-a descruzar as pernas e cruzar para
o outro lado.
fim de semana. Você vai ver. — Pisco para ela e posso vê-la corar.
é fucking perfect.
DUDA
era que cada família pudesse ter o seu espaço, e não só um quarto
agitada na cidade.
por onde entramos. Oliver explica que tem outra entrada, mas que,
conhecer.
Seu Oliver, o senhor não perdeu tempo, hein? Linda demais a moça.
conduz até o canto direito, onde fica uma escada branca com
corrimão prateado, e nós subimos. Assim que eu piso no andar de
cima, dou de cara com um rapaz branco, alto e forte. O típico pós-
graduando da Zona Sul, que bate ponto em barzinho de Botafogo
toda sexta.
Um gato.
— Oi, desculpa — ele diz, em inglês, sem graça e saindo do
para ele.
mulher abre.
Olho-a de cima abaixo duas vezes, rapidamente, tentando
demais.
menino?
que tem certeza sobre ela e, de repente, tudo só... não é o que você
esperava?
doloroso...
— Gut-wrenching[13]?
querendo dizer.
— Oliver, que papo profundo é esse? Vamos achar seu filho?
Quero tomar um banho — digo andando em direção ao corredor.
— Não. Peraí, você não precisa fazer isso agora. — Ele me
de volta à área externa, não queria falar sobre isso com risco do
rapaz me ouvir.
Oliver para de caminhar e me olha.
— O pai do Peter sou eu — diz pausadamente. — Mas, não.
O David não vem — Oliver diz com tanta convicção que eu quase
me desculpo por ter ofendido vossa senhoria, de tão sério que ele
padrinhos já o deixaram.
abotoaduras da camisa.
meses.
casa dele.
embora, que mal notei o tempo passando. Então me mudei pro Rio,
sozinho.
— E...? — pergunta depois que fico em silêncio por tempo
demais.
— a última parte sai num sussurro. — Mas não aconteceu. Ela está
— Mas?
como se ele tivesse perdido uma piada. — Pensei que tivesse ficado
claro.
— Uma amiga. Uma muito boa, por sinal. A primeira que fiz
no Rio.
— Oi, Cath. — Sorrio para ela, que vem até mim com o
namorado a tiracolo. — Deixa eu te apresentar o Henry.
— Claro, claro.
DUDA
Eu me odeio por pensar que ele é sexy quando fica tão sério.
levantando toda hora dos barris onde estamos sentados, e que são
acolchoados, então é bem confortável; e o teto é iluminado por
Pobre Oliver.
deles.
quis muito viver um desses. Mas percebi, ao longo dos anos, que
de um velório.
largo dele.
soar como duplo sentido, mas soou, pelo menos para mim, que sei
qual foi meu último pensamento.
aposto que o Peter não vai se incomodar se você sair daqui — digo
para ele.
celeiro, tá? Tenham uma boa noite — Peter diz e nós assentimos.
levanta.
A da moldura da polaroid.
uma foto de vocês, prometo que vai ser rápido — Peter diz sorrindo
um tanto quanto nervoso para Oliver, que pisca para ele num sinal
carrego Oliver pela mão. — Duda, você está tão linda — ela diz
— É o cansaço — justifico.
alguns cliques, volta a orientar. — Agora abraça ela por trás, e você
forte.
Oliver.
hidromassagem e um quarto...
visto que só tinha uma cama, mas acho que nenhum de nós dois
pensou muito no que isso significava.
juntos, você dirigiu de São Paulo até aqui, isso não faz sentido.
— Claro que não vou. Nós vamos dividir. Isso é uma cama
king size, dá pra gente rolar aí — ela diz como se eu não estivesse
enxergando a cama. — Vou tomar outro banho antes de deitar, você
vai também?
que sim, porque achou que eu tomaria o banho com ela. — Quer
pensei: que bom que ela está aqui comigo. E a base desse
bagagem e eu não quero fazer parte de mais uma muda das dores
saia.
Mas assim que chego no quarto vejo o quanto minhas
calça de cetim.
Seguro o riso.
hein.
Gargalho.
Babe.
ótima e uma boa amiga. E eu tinha certeza de que era só isso, mas
minha certeza foi embora no segundo em que acordei.
DUDA
Não me lembro a última vez que dormi tão bem e de maneira tão
confortável. Estico a mão na intenção de pegar meu celular na
mesinha de cabeceira, mas não tem nada aqui. Então tento me virar
e percebo que não consigo, porque Oliver invadiu meu espaço na
cama.
Eu: Bom dia pra quem está num casamento aleatório, fingindo ser a
My God.
posso pegar algo pra gente comer aqui. Depois disso, você tem uma
partilha.
poucos são as que conheço e preciso fingir para todas elas que as
coisas estão bem entre Eduarda e eu, mas não faço ideia de se isso
é real. Quando eu a apresentava como minha namorada, o sorriso
minha ex-mulher.
Assim que me sentei aqui, percebi por que eu não quis vir
por saber que, com Eduarda aqui, eu nunca tentaria nada com a
Cath.
galerias por lá. Além disso, teve o voltar para casa, né? — Ela me
gente viveu, você tem quase duas décadas das minhas memórias.
tempo, nós dois paramos. Acho que isso marca quando o amor de
casal acaba, não é? Quando sua prioridade é o “eu”, e não mais o
“nós”...
agora.
— Pode sim.
tom no final.
as dores.
ele disse que aquela era a sexta vez que ele ia a uma exposição
minha. — O riso apaixonado dela me fere, mas não é no coração, é
no ego. — Ele também é artista — adiciona.
— Também esculpe?
paixão dele.
não fiz aquilo sorrindo, por mais que você duvide. Então, conheci o
Henry, foi algo instantâneo, eu me apaixonei por ele em uma hora
abrir para todo mundo, afinal, como você disse, eu estava feliz. —
Cath me lança um sorriso triste. — E ninguém achou normal...
que se casaria com um cara negro, sete anos mais jovem do que
irmãos não têm nada a ver com a minha vida. — Exala o ar com
— Como assim?
minha vida sem ela, mesmo sem saber quem ela era. — Arrumamos
— Exato. — Sei que deveria parar por aqui, mas não consigo.
passou por tanta coisa que eu sinto, sinto que preciso estar lá por
ela, sabe? Porque ninguém mais vai estar... — digo e o peso dessas
palavras me assusta, porque não sei o que é real ou não.
“Gosto?”
para ela sem motivo, não mandar mensagem para ela toda noite... A
falta que eu sinto de estar com ela é o que me fez perceber que eu
minha mão.
— O quê? — pergunto realmente sem saber.
correndo em círculo.
— Foi modo de falar. — Ela ri. — Estou feliz por nós dois. Eu
— Ah, eu... Não acho que isso seria possível pra gente. —
O quanto é bom estar com ela, sorrir com ela, ficar com ela...
O quanto eu gosto de estar perto da Eduarda.
cômodo.
DUDA
artes que mandei para ela. Encaro o celular, quase 16h, o jantar vai
ser servido às 18h e Oliver provavelmente vai me matar, porque eu
não vou estar pronta.
você agora.
— Tudo bem — ele diz derrotado. — Vou dar uma volta então
levanta.
nervoso e ansioso, e talvez seja pelo motivo óbvio: meu filho está se
casando.
Imaginei esse momento várias vezes desde que meu garoto
família.
Eduarda Campbell.
Convidar Eduarda para vir comigo ao casamento do meu
filho, apenas para que eu não ficasse sozinho enquanto a mãe dele
já seguiu em frente, parecia mesquinho. Mas era a única saída.
minha cama que ela vai encerrar o dia, faz algo dentro de mim dizer
que isso é o certo. Ela é a pessoa certa, e não Catherine.
Eduarda não só não olha pra mim desse jeito, como já deixou bem
claro sua posição a respeito de homens mais velhos: ela não tem
interesse.
ela dormindo no meu peitoral, isso não é algo que eu possa ignorar.
DUDA
senti tão deslocada quanto achei que me sentiria aqui. Quer dizer,
todo mundo fez perguntinhas sobre “como é namorar o pai do noivo”
isso”, então, servi o melhor dos conteúdos a elas. Já sabia que era
boa em fazer coisas simples parecerem incríveis nos posts de
Instagram que crio para minhas clientes e, agora, descobri que sou
ótima em fazer o mesmo na vida real.
Infelizmente, como aconteceu na última vez que eu estive tão
porque queria mostrar que ainda sou o cara legal por quem você se
apaixonou, você...
número dele.
— Pontual como sempre, meu amor — ele diz com um
sorriso na voz.
Entro no banheiro e abro a torneira para evitar que Oliver —
ou qualquer outra pessoa que porventura venha aqui — ouça o que
estou dizendo.
patética acha que eu sou, então tento deixar explícito para ele que
a ser a sua galinha dos ovos de ouro e você poder trabalhar menos
nesses empreguinhos.
— Márcio, cala a boca. Foi assim que eu criei nosso filho, foi
nunca fez questão de pagar, então você não fala dos meus
de você...
— Não fala do meu filho. Não fala dele porque, até agora,
os sapatos.
Não que tenha me agredido alguma vez, ele nunca fez isso. — Para
de ser estúpida, você acha que esse cara vê o que em você? Quer
o que contigo? Acorda, ele só quer te comer — Márcio grita e eu
engulo em seco.
festa para vir aqui dizer algo que me fizesse parecer menos patética
diante dele.
desdém.
— Existe uma possibilidade, uma grande possibilidade, de o
Oliver só estar comigo por sexo — digo por fim, encarando a mulher
bonita e desejável que eu sei que sou. — E, Márcio, por mim, está
tudo bem.
mim, porque tem outra coisa que ele faz por mim que você nunca
outro dia?
então estou dizendo a você: ele quer uma mulher pra chamar de
alto 24/7, me leva pra jantar em restaurantes caros num dia, numa
minutos de diálogo.
o telefone.
não ajo assim, não tento humilhar alguém para me sentir melhor.
Mas eu não aguentava mais deixar que Márcio controlasse
uma idiota.
tudo bem?
— Não. — Sou sincera, porque não tenho condições de voltar
para a festa.
— Posso entrar? — ele pede num tom tão preocupado, que
eu apenas digo sim.
negativamente. Não quero falar nada para não deixar uma onda
maior de lágrimas me invadir. — Está tudo bem, pode falar comigo
fazer isso se você deixar — expõe, dando um passo para mais perto
de mim.
o reflexo dele. — Cuidar. Eu tinha quatorze anos quando meu pai foi
embora. Ele mora no Equador, eu já te disse isso?
— Não, você não fala muito do seu pai — Oliver diz enquanto
acaricia meus ombros.
— Ele construiu uma nova e perfeita família lá — explico. —
mãe, de achar que vou ser insuficiente para o meu filho pra sempre,
de trabalhar tanto para dar conta das minhas contas e as da minha
criança... Mas, acima de tudo — suspiro profundamente, com
cansaço, e exalo o ar —, eu tô cansada de a minha vida ser só isso,
sabe?
— Como assim? — Oliver pergunta e, em seguida, é sua vez
de virar a garrafa.
— Eu nunca sou... vista. Nunca sou só a Duda. Acho que
escolhi morar com Lavínia, e não com a minha mãe, porque com a
minha amiga eu posso ser só eu, mas tirando uma pessoa no
mundo, só sou vista quando meu quarteto se reúne e nosso “dia das
atenção e eu o encaro.
— Às vezes eu acho que vê mesmo — rebato. — Estou aqui
com você hoje justamente por isso. — Sorrio para ele. — Você me
cabeceira.
— Porque ela era. — Rio lembrando da menina bonita que
acreditava nas pessoas e tinha sonhos maiores do que a própria