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Vol. 13, Nº. 17, Ano 2010 GRAMATICAIS DOS OPERADORES DO DIREITO
ABSTRACT
The objective of this study is to show the importance of the reading in the
daily one of the people, mainly the operators of the Law. In this direction,
this article comes back to the discussion and to the presentation of some of
these factors. One searches here, initially, to point some of the reasons why
the pupils have more easiness to speak than to write. Also are cited the main
levels of language (cultured, daily, technician) and the importance to adjust
the language to the usual context and the receiver, mainly, the legal variant.
Reading, at last, is estimated basic to express with clarity and precision in
any situation of communication and, mainly, to reach a satisfactory level of
abstraction of ideas, requirement this basic one for the professionals of Law
and any area whose instruments of work is the word.
1. INTRODUÇÃO
O ato de ler é muito importante para desenvolver um vocabulário sólido. A leitura deve
ser influenciada desde cedo, ou seja, antes mesmo da criança iniciar a vida escolar. O
hábito da leitura ajuda na formação de profissionais capacitados a atuar nas mais diversas
áreas, pois estarão aptos a desenvolver um diálogo mais determinado e persuasivo.
A dificuldade que a maioria das pessoas possui no momento em que vão escrever é muito
elevada, pois a forma como falamos no dia-a-dia é diferente da que escrevemos.
falar e constituem bons recursos de linguagem, recursos que, aliás, podem ser lidos, como
um texto, auxiliando na transmissão/compreensão da mensagem.
Já a escrita é, geralmente, mais elaborada, planejada, requer palavras mais
rebuscadas e conhecimentos gramaticais, além de não possibilitar a utilização de recursos
como gestos, expressões fisionômicas, entonação de voz. Talvez aí comecem os problemas
gramaticais.
Ao falar nos comunicamos sem necessariamente, utilizar todas as regras
gramaticais. A pontuação e a acentuação, por exemplo, não são “marcadas” na fala da
mesma forma como devemos marcá-las na escrita. Para marcar pontuação e acentuação
quando falamos, ao invés de sinais gráficos utilizamos a entonação de voz. Mas, no
momento da escrita, como saber se determinada pausa deve gerar uma vírgula ou ponto-
final? Ou quem sabe um ponto-e-vírgula? E quanto à acentuação, como saber em qual
“para” deve-se usar acento se os dois são pronunciados da mesma maneira? E em qual
“de”, em qual “por”? Só mesmo conhecendo as regras gramaticais!
Além disso, também a grafia das palavras pode gerar certas complicações na
hora de escrever. Palavras como “pesquisa”, “exame” e “batizar” têm, todas o som de “z”
e são escritas cada qual com uma letra diferente. Assim ocorre com os “porquês” (ou seria
por que, ou porque, quem sabe por quê?), com “sessão”, “seção”, “cessão”... e muitas
outras poderiam ser listadas, mas o que importa é que essas diferenças entre fala e escrita
acabam gerando dificuldades ao redigir. No entanto, é inegável a importância da grafia
correta das palavras em qualquer documento ou texto, assim como a pontuação é
essencial para pausar a escrita e a entonação ao falar e a acentuação, para melhor
compreensão do que está sendo escrito.
Outro fator importante é saber que existem diferentes níveis de linguagem e que
cada situação/contexto específico pede a utilização de um, ou mais de um, desses níveis.
Podemos utilizar, por exemplo, tanto o nível coloquial, quanto o nível padrão culto, ou até
mesmo dar preferência à linguagem técnica quando falamos, o importante é saber em que
situação cada uma dessas possibilidades será bem-vinda em termos de adequação
vocabular ao contexto e de compreensão da mensagem pelo interlocutor.
Vale lembrar que a variante culta da língua, também chamada padrão culta ou
formal obedece às normas gramaticais e não admite a utilização de gírias ou expressões
regionalistas. É uma linguagem mais “cuidada”, tanto na elaboração de orações quanto
nas escolhas vocabulares, e geralmente é utilizada quando escrevemos. A língua coloquial
é mais usada em conversas cotidianas, no dia-a-dia. Essa forma de expressão foge um
pouco à língua culta, uma vez que permite certos deslizes gramaticais1 e admitindo a
utilização de gírias, variantes informais de linguagem. Já a utilização da linguagem
técnica decorre do universo profissional do falante, ou seja, cada profissão possui termos
técnicos de sua área que nem sempre são bem compreendidos fora desse universo.
Outro fator que implica na problematização da escrita é a leitura, pois quem não
possui o hábito de ler não tem vocabulário, causando muitas vezes repetição de palavras
em um mesmo texto, que poderiam ser substituídas por outras de mesmo sentido. Torna-
se uma leitura embaraçosa, difícil de ser compreendida pelo leitor.
1 Pode-se dizer, coloquialmente, “Tu foi na reunião ontem?”, mas não se pode escrever/falar assim num contexto em que se
exige a utilização da língua culta. Nessa frase, ocorrem deslizes gramaticais que não são aceitos pela norma padrão: “tu” +
“foi” e o uso do “na reunião” quando o gramaticalmente correto é “à reunião”. Se essa oração obedecesse à norma padrão,
precisaria então ser assim escrita/falada “Tu foste à reunião ontem?”.
2 Linguagem própria de certos grupos ou profissões, gíria profissional [...]. (LUFT, 1991)
A linguagem escrita e falada é mencionada de formas diferentes, pois falamos sem utilizar
a gramática adequadamente e devemos escrever gramaticalmente correto, como já foi
citado neste artigo anteriormente.
“Escrever nunca foi e nunca vai ser a mesma coisa que falar”. (GNERRE, 1985,
p.8). Esta afirmação feita por Gnerre3 é muito relevante, porque a forma que falamos nos
diferencia da forma de escrever, falamos muitas vezes sem pensar se é a maneira certa ou
não e ao escrever nos dedicamos mais com atenção para não correr o risco de registrar
coisas absurdas.
A linguagem jurídica deve ser utilizada entre operadores do Direito, não se deve
dialogar com uma pessoa leiga através do vocabulário jurídico, pois o outrem não
entenderá os respectivos dizeres. Por exemplo, os operadores do Direito se utilizarem a
linguagem técnica própria dessa profissão com pessoas leigas na área, além de deixarem o
interlocutor constrangido, correm o risco de não serem entendidos. Assim, qual seria o
sentido de comunicar? Ou seja, haveria mesmo comunicação, num caso desses?
Por outro lado, num tribunal de justiça, ao se dirigirem aos seus iguais, os
procuradores podem falar de acordo com a linguagem técnica. Porém, mesmo nessa
situação, não devem esquecer que estão presentes jurados e até mesmo seus clientes, os
quais não possuem conhecimento técnico jurídico para interpretarem o que se diz. Isto
pode fazer com que o advogado perca sua qualidade de procurador perante os jurados
por não demonstrar aptidão em lidar com o público.
3 GNERRE, Maurizzio, autor do livro Linguagem, escrita e poder, que aborda a questão da linguagem vinculada ao poder.
Além disso, é válido lembrar que existem algumas palavras que já não estão mais
em nosso vocabulário diário, pois foram substituídas por outras mais atualizadas, seja em
nível técnico-jurídico, seja na linguagem cotidiana.
Como exemplos de palavras de uso comum que foram substituídas por outras
mais atuais, tem-se:
• Ceroula = cueca
• Nosocômio = hospital
• Hum = um
• Cincoenta = cinqüenta
3. TIPOS DE TEXTOS
Por conta disso, no Direito é preciso conhecer e trabalhar com os três tipos de
textos.
Para explicar qual foi o motivo para o funcionário ajuizar uma ação contra a
empresa, utiliza-se da narração. É contar o motivo que levou o trabalhador processar a
empresa, como por exemplo: falta de remuneração, horas excessivas de trabalho, não
recebimento de seus direitos como décimo terceiro salário, férias, etc.
Um texto deve ser elaborado de forma que o leitor entenda a mensagem transmitida. É
preciso construir um texto claro, coerente e coeso.
A coesão é a ligação que conecta as idéias de um texto, fazendo com que uma
complemente a outra. “A coesão é sempre explícita, ligando o texto por meio de
elementos superficiais que expressamente costuram as idéias, dando-lhe uma
organização seqüencial”. (Id. Ibid.).
O texto deve ser compreensível para o leitor e gerar o interesse deste, por isso
vale a pena evitar a utilização de palavras desconhecidas que acabam deixando as pessoas
desinteressadas pela leitura.
Dados Estatísticos
Argumento de Autoridade
Argumento de autoridade é tudo aquilo que já foi dito por renomados autores.
Utilizamos muitas citações de autores, principalmente quando ingressamos no ensino
superior. Os acadêmicos usufruem muito das idéias dos autores, citando-os em
4 OAB – Ordem dos Advogados do Brasil é a associação dos advogados do Brasil, que tem por finalidade regulamentar o
“O uso desse recurso leva o receptor a pensar que o locutor tem real domínio
sobre o que está falando, pois além de ter lido e pesquisado sobre o tema, não fala só, tem
o apoio dos ‘fiadores’ citados no texto”. (CRESTANI, 2007, p.79).
O argumento de autoridade presente em nosso cotidiano deve ser por uma boa
razão, talvez porque pensar e possuir um raciocínio lógico é tarefa para especialistas, e se
é para tentarmos blefar sobre certo tema, é melhor seguir os dizeres das autoridades, pois
tentar persuadir sobre determinado assunto de maneira ilícita, é o mesmo que nos
enganarmos e tentarmos enganar os outros.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em nosso dia-a-dia saber falar corretamente faz parte de nosso crescimento como
indivíduos e profissionais. Como comentado anteriormente, no Direito é de muita
importância apresentar conhecimento vocábulo, pois demonstra a capacidade de
entendimento do profissional sobre determinado tema e mostra sua habilidade de atuar
como operador do Direito. É importante também saber os tipos de textos existentes,
porque eles estarão diariamente na vida de um advogado no momento de ajuizar uma
ação, na hora da defesa de seu cliente, ao fazer uma petição inicial, pois o desenrolar dos
fatos exige domínio da Forma descritiva, narrativa e dissertativa.
REFERÊNCIAS
CRESTANI, Luciana. O texto argumentativo e os caminhos do sentido. Contemporânea: Revista
de ciências sociais aplicadas da Faplan. Passo Fundo, 2008, p. 67-82.
DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de português jurídico. 8. ed. São Paulo:
Atlas, 2000.
GNERRE, Maurizzio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
LUFT, Celso Pedro. Mini dicionário Luft. 3. ed. São Paulo: Scipione, 1991.
OAB, Ordem dos Advogados do Brasil. Estatísticas. Disponível em:
<http://www.oabrs.org.br/exame_ordem_estatisticas.php>. Acesso em: 20 jan. 2008.