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Afasias e Lateralização Hemisférica

14 DE OUTUBRO – CÉREBRO E COMPORTAMENTO – TRANSCRIÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO HEMISFÉRICA

Dentro dessa especialização, temos uma assimetria morfológica, funcional e comportamental. Algumas
funções são representadas igualmente em ambos os hemisférios, como a visão, e outras lateralizadas
em apenas um, como a fala.

O hemisfério direito está mais envolvido em tarefas de exploração visual e espacial, empenhando-se na
percepção dos grandes conjuntos, agindo como um sintetizador. Também é responsável pela posição das
partes do corpo durante o movimento e relações espaciais dos objetos.

O hemisfério esquerdo está mais envolvido em tarefas de seleção de


detalhes, agindo como um analizador. Também é o grande responsável
pela linguagem, função de utilizar peças de informações que se
combinam e que se analisam nos seus elementos constituintes.

A principal generalização que se pode fazer das especialidades funcionais hemisféricas é a de que o lado
direito percebe e comanda as funções globais, enquanto o esquerdo se encarrega de funções mais
específicas.

Hemisfério direito: Hemisfério esquerdo:

 Música e prosódia;  Lingaugem, escrita e leitura;


 Relações espaciais;  Relação temporal;
 Funções globais;  Funções específicas;
 Reconhecimento de outras faces;  Reconhecimento da própria face;
 Categorias gerais de objetos.  Categorias específicas de objetos;
 Cálculos.

Embora cada lado do cérebro seja dominante em


atividades específicas, ambos estão capacitados
em todas as áreas, achando-se distribuídas em
todo o córtex cerebral principalmente antes dos 10
anos de idade. Ou seja, existe tecido cerebral que
pode se especializar bastante no córtex cerebral.
Lesões antes dos 10 anos, então, podem levar a
especialização completa de determinada área pelo
outro hemisfério. Depois dos 10 anos é mais difícil e
o que pode ocorrer é uma adaptação incompleta.

O hemisfério esquerdo toda iniciativa do que é auditivo


temporal e o direito, do que é visual espacial.

Na imagem ao lado temos acima o processo de ouvir, entender e


responder (A1 e A2 → W → B → M1) e, abaixo, ler, inerpretar e
responder (V1 → W → B → M1).

EVELYN DE BRITO NOGUEIRA – TURMA X


LINGUAGEM

É a mais lateralizada das funções, a maior parte de seus


mecanismos é operada pelo hemisfério esquerdo na
maioria dos seres humanos (96 a 99% dos destros e
70% dos sinistros). Em sinistros e ambidestros, a
linguagem está no hemisfério direito em 15% ou em
ambos os hemisférios em 15%.

Paul Broca foi o primeiro a trazer o conceito de


dominância, de que o lado esquerdo domina o direito e
seria, portanto, o hemisfério dominante. Mas hoje já cai
esse termo e considerados a importância de ambos os
hemisférios. Na verdade o que existe é uma
especialização hemisférica, na qual um lado é
importante para tais coisas e o outro, para outras.

As áreas mais importantes da linguagem no hemisfério


esquerdo são perissilvianas. O lado direito é
responsável pela leitura de mapas, relação espacial,
formas geométricas complexas, musicalidade e
reconhecimento do tom emocional da voz (prosódia).

A união entre as areas de Wernicke e Broca é feita pelo fascículo arquedo.

A língua mãe é aprendida do lado esquerdo, já outras línguas, no lado direito. Então, pessoas que lesam o
hemisfério esquerdo e sabem outro idioma, podem desaprender a língua mãe e falar no idioma aprendido.

MODELO DE WERNICKE ATUAL

É um modelo expandido, já que a linguagem é


o modo de expressão e de compreensão do
pensamento, o que exige que as áreas
linguísticas interajam com todas as demais
áreas cerebrais.

Um exemplo desse conceito conexista da


linguagem é a prosódia: o hemisfério
esquerdo busca os elementos afetivos nas
áreas correspondentes do hemisfério direito
através das comissuras cerebrais, ou seja, o
circuito é inter-hemisférico.

HABILIDADES MOTORES

O hemisfério esquerdo produz movimentos mais precisos da mão e da perna direitas na maioria das
pessoas do que o hemisfério direito é capaz de fazer com os membros esquerdos. A assimetria
comportamental mais comum é o predomínio do uso da mão direita.

Aos 18 meses, inicia-se uma tendência relativamente à preferência manual, embora só se solidifique por
volta dos 4 anos. O simples fato de a mãe colocar objetos preferencialmente em uma das mãos do bebê
pode influir da formação de sua lateralidade. A criança se espelha nos pais, se eles são destros, a criança
acaba fazendo as coisas com a mão direita e, com isso, a criança acaba tendendo à destralidade.

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MÚSICA

A linguagem musical é interpretada principalmente pelo hemisfério direito. Sua compreensão implica a
analise sequencial e processamento global da informação, sendo bi-hemisférico com o esquerdo mais
analítico e o direito mais emocional.

A melodia, o timbre e a expressão musical são feitos pelo lado direito, por isso que afásicos e gagos
cantam. Já a grafia musical e o ritmo é pelo lado esquerdo.

Anatomicamente, sabe-se que não existe um centro neurológico específico para a música, como existe
para a linguagem, sendo a função musical difusamente presente em diversas áreas cerebrais, mesmo
naquelas envolvidas com outros tipos de cognição.

CONEXÕES INTER-HEMISFÉRICAS

São feitas pelas comissuras cerebrais, sendo


as principais delas:

 Corpo caloso: maior comissura


cerebral, conecta os lobos superiores;
 Comissura anterior: conecta regiões
inferiores e ventrais do lobo temporal;
 Comissura do hipocampo: conecta
regiões temporais médias.

A forma como o neurocirurgião tinha, antes


dos testes neurofuncionais, de saber onde
ficava o centro da fala do paciente era pelo
teste de Wanda com amital sódico pela
carótida para saber onde era o centro da fala.

EXPERIÊNCIA DO CÉREBRO DIVIDIDO (SPLIT BRAIN)

Foi feito com pessoas que sofreram comissurectomia.


Sabendo que cada lado é responsável pela visal
contralateral, foi feito um experimento que mostrava
letras de um lado e de outro do campo visual e pedia
para a pessoa que ela dissesse a letra mostrada. As
pessoas enxergavam a letra do lado direito e
conseguiam verbalizar qual era, mas a letra mostrada
do lado esquerdo não conseguia ser verbalizada pela
pessoa, contudo, quando pediam para apontar ou
pegar a letra, elas conseguiam com a mão esquerda.
Isso porque os hemisférios cerebrais são responsáveis
pelo lado contralateral.

SÍNDROMES DE DESCONEXÃO

As síndromes do corpo caloso são desconexões inter-hemisféricas e podem ser adquiridas (mais
comumente cirúrgicas, por AVE, alcoolismo, EM, DA) ou congênitas. A sintomatologia pode ser composta
por:

 Anomia tátil esquerda: o lado direito não verbaliza, então a pessoa até sabe qual é o objeto, mas
não consegue nomeá-lo;
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 Alexitimia: dificuldade para expressar sentimentos, pois as emoções do lado direito não passam
para serem verbalizadas no lado esquerdo;
 Fenômeno da mão alienígena: uma mão desfaz o que a outra faz.

A afasia de condução é um tipo de desconexão intra-hemisférica por lesão no fascículo fascículo


arqueado. Essas pessoas compreendem bem, falam fluentemente, mas têm nomeação, repetição e
escrita prejudicadas.

Pacientes com agenegia do corpo caloso têm uma


vida praticamente normal e só percebem o
problema quando passam por algum teste ou
quando sofrem algum distúrbio cerebral.

AFASIAS

São transtornos de linguagem que modificam a capacidade de se comunicar de forma adequada,


resultando na dificuldade de formulação e/ou compreensão da linguagem. As afasias não devem ser
confundidas com disartria (articulação) e disfonia (vocalização).

A causa mais comum é o AVE,


seguida por TCE,
principalmente em acidentes
automobilísticos. Nesses dois
casos, a instalação do quadro é
aguda ou súbita. Outras causas
são tumores, doenças
neurodegenerativas, doenças
infecciosas e outras causas de
lesões cerebrais, como abcesso,
intoxicação e etc.

O tamanho da lesão e tipo da


doença de base vão
determinar o grau da afasia.

Na disartria, os erros de
articulação ou fonação são
consistentes independente da
palavra.

O diagnóstico é clínico
baseado nas características da
fala espontânea, repetição,
compreensão, nomeação,
leitura e escrita. Existem testes
padronizados que podem ser
utilizados. Saber da família se o
paciente está “falando normal”
pode ajudar. Para diagnostico
topográfico pode ser feito TC ou
RNM.

O objetivo do tratamento é retomar o indivíduo ao que ele era antes ou o mais próximo disso.

EVELYN DE BRITO NOGUEIRA – TURMA X

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