Você está na página 1de 3

1

Disciplina: Psicologia Social - 3º Período - Curso de Psicologia


Data: 06 de dezembro de 2021
Docente: Prof.ª Dra. Juliana Nóbrega
Discente: Maria Cecília Dias Pereira Bastos

Fichamento: Apontamentos sobre a História da Psicologia Social no Brasil

Neste artigo é apresentado como a psicologia social nasceu no Brasil, seus


apontamentos, suas motivações, seu compromisso político e suas diferentes
abordagens teóricas-metodológicas.
A psicologia Social no Brasil se inicia através de uma “crise de referência”, a
qual estava trazendo questionamentos referente ao conhecimento hegemônico do
modelo norte-americano, o eixo positivista da ciência e o modelo biologicista que a
psicologia estava se baseando.
Urge a necessidade de comprometer a psicologia com as transformações
sociais necessárias ao povo latino-americano, tal necessidade é graças
principalmente ao contexto histórico de 1960 e 1970 na américa latina. Um cenário
marcado de repressão político - cultural dos regimes autoritários permitiram que
surgisse um movimento de questionamento e insatisfação, os quais foram mais
fortalecidos durante os Congressos da Sociedade Interamericana de Psicologia. As
abordagens teóricas metodológicas da psicologia social apresentadas pelas autoras
nesse artigo são a análise institucional, a psicologia socio – histórica, a teoria das
representações sociais e a abordagem construcionistas. Ambas possuem entre si o
caráter crítico de se contrapor as bases epistemológicas do conhecimento, a noção
de considerar a centralidade da linguagem nas produções de conhecimento,
radicalizar o potencial transformador da ciência e romper com o paradigma
positivista da ciência.
A Análise Institucional é composta por uma mescla de perspectivas
francesas, argentinas e “nativas” característica de nosso processo histórico de
emergência e expansão da AI. Especificamente no Brasil ela nasce no Setor de
Psicologia Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Setor utilizou
a AI francesa como um de seus referenciais ao trazer para a universidade pautas
como alfabetização de adultos, saúde pública, antipsiquiatria, análise de discurso e
conteúdo, psicossociologia francesa, práticas comunitárias e a relação entre
2

psicologia e poder. Nasce nesse contexto a inspiração de produzir uma psicologia


social comprometida com as necessidades da população, especialmente com as
classes populares.
A Psicologia Sócio – Histórica no Brasil também se desenvolve na década de
1970, por um grupo de professores e estudantes da Pontifica Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP). A psicologia sócio-histórica buscava fugir do modelo que
separava a teoria da prática e o indivíduo da sociedade presente na ciência
positivista. Surge uma psicologia que se compromete com a transformação da
realidade brasileira, que considera o conhecimento científico como práxis, unidade
entre saber e fazer. Nesse período na PUC – SP vão ser desenvolvidos por Silvia
Lane, projetos que possuíam como finalidade a prevenção em saúde mental da
população trabalhadora de um bairro periférico em São Paulo, em conjunto com o
desenvolvimento de ações educativas e de atendimento ambulatorial.
A teoria das representações sociais se refere aos saberes populares e do
senso comum, elaborados e partilhados coletivamente com o objetivo de construir e
interpretar o real. O termo foi cunhado pela primeira vez por Moscovici, o qual
percebeu que os meios de comunicação difundiam uma série de conceitos
psicanalíticos, o quais eram incorporados á linguagem cotidiana de diferentes
grupos sociais de uma forma livre. Tais conceitos ao serem utilizados de forma
simples na vida das pessoas traziam um sentido a realidade, dessa forma, a teoria
das representações sociais busca explorar esse processo de transformação de
noções acadêmicas em ideias do senso comum.
A abordagem construcionistas é um constante movimento que induz o
questionamento daquilo que é considerado normal, natural e comum na nossa
sociedade, demonstra uma postura crítica e reflexiva, seus principais autores se
preocupam com o antiessencialismo, ou seja, a crença de que não há na nossa
sociedade uma natureza intrínseca, ou essência, não havendo também uma
verdade absoluta. A postura construcionista nos convida a problematizar a
essencialidade do mundo social e natural, bem como entender a historicidade e o
caráter situado de nossas maneiras.
A partir das ideias das autoras, fica claro a sua intenção no final do artigo, a
qual é além de apresentar uma breve história sobre a psicologia social, é também
demonstrar que quando há a presença de um determinado conhecimento, ele
implica a ausência de outro conhecimento. Ou seja, ao produzir conhecimento não
3

devemos utilizar da pretensão de possuir um saber global, universal e totalizante,


erro que as ciências naturais cometem frequentemente. Todo fazer científico
depende do lugar que está sendo produzido e do seu contexto histórico,
pressuposto que a psicologia social carrega consigo.

Referências Bibliográficas:

CORDEIRO, Mariana Prioli; SPINK, Mary Jane Paris. Apontamentos sobre a História
da Psicologia Social no Brasil. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de
Janeiro, v. 18, n. 4, p. 1068-1086, 2018.

Você também pode gostar