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Deus fala através do trovão

Já havia dois dias que os israelitas, acampados próximo ao Sinal,


estavam se preparando para a grande teofania. No terceiro dia, Deus
enviou tão impressionantes sinais que o povo tremeu de medo.

Trovões e relâmpagos, uma nuvem espessa cobriu a montanha, forte


som de trombetas, todo o Monte Sinai fumegava e tremia
violentamente. “O som da trombeta ia aumentando cada vez mais.
Moisés falava, e o Senhor lhe respondia através do trovão” (Ex 19, 19).

Deus, então, ordenou a Moisés que subisse ao Monte Sinai, e ali lhe
revelou os Dez Mandamentos, ou Decálogo, e deu-lhe duas “tábuas de
pedra, escritas com o dedo de Deus” (Ex 31, 18).

Os Dez Mandamentos podem ser assim resumidos1:


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1 – Amar a Deus sobre todas as coisas
2 – Não tomar seu santo Nome em vão
3 – Guardar domingos e festas
4 – Honrar pai e mãe
5 – Não matar
6 – Não pecar contra a castidade
7 – Não furtar
8 – Não levantar falso testemunho
9 – Não desejar a mulher do próximo
10 – Não cobiçar as coisas alheias

Lei natural

“O Decálogo contém uma expressão privilegiada da ‘lei natural’.”2 E a


lei natural é a “ordenação divina da criatura racional para seu fim
último, gravada na natureza humana e percebida pela luz da razão”.3

Devido aos pecados cometidos, os homens ficaram com a luz da razão


obscurecida. Deus, então, revelou os Dez Mandamentos para dar-lhes
o conhecimento completo das exigências da lei natural.4

“A Lei imposta por Deus é bela e ordenada. Ela compreende dois


grupos de Mandamentos: os que dizem respeito ao relacionamento do
homem com Deus e os que tratam das relações dos homens entre si.
Três Mandamentos pertencem ao primeiro grupo, sete ao segundo”.5

Por isso, os Mandamentos foram gravados em duas tábuas: três em


uma, e sete em outra.6 Os Dez Mandamentos formam um todo
inseparável; por essa razão, transgredir um deles é infringir todos os
outros. São essencialmente imutáveis; a s no coração de cada
pessoa7.

O primeiro Mandamento

O primeiro Mandamento é o mais importante e sintetiza os outros. O


verdadeiro amor não é uma questão de sentimento; darprimazia ao
sentir significa sentimentalismo, principal ingrediente do romantismo.
Amar é fundamentalmente um ato da vontade, que significa querer
bem. E quem realmente ama a Deus deseja que Ele seja glorificado e
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obedecido por toda a Humanidade.

Santo Agostinho, em sua obra “A cidade de Deus”, divide a


Humanidade em dois grandes grupos: os que vivem segundo o
homem, constituindo a cidade terrena; e os que vivem de acordo com
Deus e formam a cidade celestial.

E esclarece que dois amores fundaram essas duas cidades: “o amor


próprio até o desprezo de Deus, a terrena; e o amor de Deus até o
desprezo de si próprio, a celestial”.8

Vemos assim como o egoísmo é o principal inimigo do amor a Deus.


Quem realmente pratica o primeiro Mandamento coloca a

Deus no centro de tudo quanto


pensa, quer ou faz; e quem se põe no centro caminha para a adoração
de si mesmo, a egolatria.

Amor à Santa Igreja

Conforme afirmou Nosso Senhor Jesus Cristo, os Mandamentos se


resumem nestes dois: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo (cf. Mc 12, 30-31). Se o modelo do amor 3/5
ao próximo

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é o amor a si mesmo, resulta que este último é bom.

O reto amor a nós mesmos consiste em querer o bem de nossa alma e


nosso corpo, visando nossa santificação para a maior glória de Deus. É
exatamente isso que devemos desejar para nosso próximo, ou seja,
seu bem espiritual e material, tendo em vista sua salvação eterna.

Precisamos amar o próximo não por humanitarismo, mas por amor a


Deus, para praticarmos a virtude teologal da caridade, a qual assim se
define: “É a virtude pela qual Deus é amado por causa de sua infinita
perfeição e o próximo é amado por amor a Deus”.9

E quem ama a Deus, ama a Igreja Católica Apostólica Romana, a qual é


o Corpo Místico de Cristo; reza, sacrifica-se, luta para que ela seja
exaltada. E também para que os inimigos dela sejam derrotados.
Ensina São Tomás de Aquino:

É evidente que quanto mais intensamente tende uma potência para


algo, mais facilmente também repele o que lhe é contrário e
incompatível. Assim, pois, sendo o amor um movimento para o amado,
como diz Santo Agostinho […] o amor intenso trata de excluir tudo o
que lhe é contrário10.

Que Nossa Senhora nos conceda a graça de aumentar nosso amor a


Deus e a sua Santa Igreja, bem como ao próximo por amor a Deus. Por
Paulo Francisco Martos – (In “Noções de História Sagrada” – 27)

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1 Catecismo da Igreja Católica, n. 2051.


2 Idem, n. 2070.
3 Dictionnaire de Théologia Catholique. Paris: Letouzey et ainé. 1926,
v. 9. 1ª parte, coluna 878.
4 Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2071.
5 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A ordem natural e os Dez
Mandamentos. In Dr. Plinio, março
2010, p. 21.
6 Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2067.
7 Cf. Idem, n. 2069 e 2072.
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8 A cidade de Deus. Livro XIV, capítulo 28.
9 Dictionnaire de Théologie Catholique. Paris: Letouzey et ainé. 1926,
v. 2, 2ª parte, coluna 2217.

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