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Introdução à contabilidade

1 Introdução à contabilidade ...........................................................................................................2


2 Generalidades...............................................................................................................................3
2.1 Divisões da contabilidade ....................................................................................................3
3 Conceitos fundamentais ...............................................................................................................4
3.1 Noções e elementos constitutivos do património.................................................................4
3.2 Factos patrimoniais ..............................................................................................................5
3.3 Equação Fundamental da Contabilidade..............................................................................6
4 Inventário e Balanço ..................................................................................................................11
4.1 O inventário: noção e classificação....................................................................................11
4.2 O Balanço: noção e classificações .....................................................................................13
4.3 Estrutura patrimonial..........................................................................................................18
4.3.1 Estrutura económica e financeira...............................................................................18
4.3.2 O activo ......................................................................................................................18
4.3.3 O passivo....................................................................................................................19
4.3.4 Fundo de maneio (FM) ..............................................................................................19
4.3.5 Capitais permanentes (CP).........................................................................................19
5 A Conta ......................................................................................................................................19
5.1 Noção .................................................................................................................................19
5.2 Partes constitutivas.............................................................................................................20
5.3 Representação gráfica ........................................................................................................21
5.4 Classificação das contas.....................................................................................................23
5.4.1 Contas do Activo........................................................................................................24
5.4.2 Contas do Passivo ......................................................................................................25
5.4.3 Contas de Situação Líquida ou Capital Próprio.........................................................25
5.4.4 Contas de gestão.........................................................................................................25
5.4.5 Outras contas..............................................................................................................26

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
1 Introdução à contabilidade
As empresas como já vimos, são conjuntos organizados de meios materiais e humanos, virados para a
produção de bens e serviços. As empresas são constituídas sem um horizonte temporal definido, com um
ciclo de vida limitado que pode ser dividido em três fases:

¾ Institucional, em que se decide da sua criação, através da obtenção e combinação dos recursos
necessários para a sua entrada em funcionamento;
¾ Funcionamento ou de execução, na qual se desenvolve todo o processo de transformação, ou seja, o
da produção de bens e serviços, com vista à obtenção de certos resultados;
¾ Liquidação, na qual se procede à extinção da empresa.

A fase da execução é a mais longa sendo necessário dividi-la em intervalos de tempo em que se apuram
resultados. A cada um desses períodos coincidindo com os anos civis, designa-se por período administrativo.
A parte da gestão correspondente a cada período administrativo, denomina-se exercício económico.

No desenvolvimento da sua actividade económica, a empresa estabelece relações umas viradas para os
aspectos internos e outras para os aspectos externos. Estas relações traduzem-se em fluxos de bens e serviços
aos quais correspondem fluxos monetários.

Fluxos da empresa:

Fluxos reais Fluxos monetários

Fornecedores
(materiais, mão
despesas Compras pagamentos Fornecedores
de obra …)
Custos
Produção Caixa / depósitos
Proveitos

Receitas Vendas Compradores


Compradores recebimentos
Zona interna

A análise dos fluxos evidencia três ópticas:

¾ A financeira, que diz respeito ao endividamento da empresa perante o meio exterior. Nesta óptica
distinguimos despesas, que correspondem à remuneração dos factores produtivos e as receitas que
correspondem à remuneração das vendas efectuadas e/ou dos serviços prestados. As despesas e
receitas provocam saídas e entradas de valores monetários para a empresa.
¾ A segunda óptica é a económica ou produtiva que tem a ver com a transformação e incorporação de
diversos materiais, mão-de-obra, etc, até se atingir o produto ou serviço final. Os valores
incorporados e gastos na produção designam-se por custos; os produtos acabados de fabricar e aptos
para a venda são os proveitos.
¾ A terceira óptica é a de tesouraria ou de caixa e corresponde às entradas e saídas monetárias da
empresa. Podemos distinguir os recebimentos, que correspondem à entrada de valores monetários
para a empresa e os pagamentos que dizem respeito às saídas de valores monetários.

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
2 Generalidades
A contabilidade nasceu pela necessidade que os homens sentiam de preencher as deficiências de memória,
procedendo a um processo de classificação e registo, para recordar as variações de determinadas grandezas.

A contabilidade primitiva visava sugerir as limitações da memória e constituir meio de prova para entidades
em litígio.

Método contabilístico – é constituído por um conjunto de registos relativos às grandezas que se pretendem
observar e às variações aumentativas e diminutivas que essas grandezas possam sofrer. Estas grandezas são
apresentadas graficamente num diagrama em T, a que se chama conta.

O desenvolvimento das unidades de produção determinou o aperfeiçoamento do método contabilístico. A


contabilidade é uma fonte de informação que pode facultar a todo o momento o andamento dos negócios.

A contabilidade hoje em dia é um instrumento de gestão, pois permite fornecer dados históricos e actuais que
ajudam na escolha de alternativas num processo de planeamento e que apoiam o seu controlo.

A contabilidade aparece definida como a ciência dos processos descritivo-quantitativos utilizados na


análise, registro, interpretação e controlo dos factos de gestão. A contabilidade visa assim “quantificar”
tudo quanto ocorre numa unidade económica fornecendo, simultaneamente os dados para a tomada de
decisões de gestão.

2.1 Divisões da contabilidade


As divisões da contabilidade relacionam-se com o facto de a empresa ser um sistema aberto que permanece
em constante relação com o meio exterior, em particular com os clientes, com os fornecedores e com o
próprio Estado, tendo assim uma zona externa. Por outro lado a actividade produtiva da empresa desenvolve-
se numa zona interna que combina os vários recursos (materiais, mão de obra, etc.) com vista à produção de
determinados bens e serviços.

Assim a contabilidade aparece classificada como:

Contabilidade externa ou geral, a que regista as operações externas da empresa, tal como o apuramento do
lucro e a elaboração do balanço anual.

Contabilidade interna (ou analítica de exploração), a que regista as operações realizadas no seio da
empresa (internas). Tem como objectivo o apuramento dos resultados não globais (por produtos, por
departamentos, etc.), assim como dos custos unitários nas diversas fases de produção, os consumos, etc.
A contabilidade geral, dá-nos a situação económico-financeira da empresa, a contabilidade interna permite
um controle mais directo e pormenorizado da actividade da empresa.

A contabilidade interna permite um controlo mais directo e pormenorizado da actividade da empresa.Tendo


em consideração o período a que a revelação dos factos diz respeito, teremos:

Contabilidade previsional, exprime os resultados das previsões e permite a elaboração de planos de


actividade fundamentados e a formulação de regras. Traduz a estrutura e a actividade desejáveis no futuro. É
conhecida pela orçamentologia, ciência que estabelece os orçamentos, documentos que resumem em número
e valores as actividades a desenvolver no futuro imediato

Contabilidade histórica – dá a conhecer o que efectivamente se fez e proporciona uma visão retrospectiva
da gestão. Mostra-nos até que ponto os objectivos fixados foram alcançados. É uma contabilidade que
reflecte o passado, sendo contudo fundamental para o estabelecimento e controle da contabilidade
previsional.

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
3 Conceitos fundamentais

3.1 Noções e elementos constitutivos do património


Toda a unidade económica para exercer a sua actividade necessita de um certo conjunto de valores como
máquinas, edifícios, mercadorias, dinheiro, ferramentas, etc. O conjunto de valores económicos (activos e
passivos) utilizados pela unidade económica no exercício da sua actividade constitui o património.

A empresa no desenvolvimento das suas actividades estabelece relações que constituem direitos e
obrigações. Assim, aparecem dívidas a receber (créditos da empresa ou débito de terceiros) que representam
valores pertencentes à empresa; e dívidas a pagar (débitos da empresa ou créditos de terceiros), que
representam valores pertencentes a terceiros e que a empresa se obriga a pagar. Tanto as dívidas a receber
como as dívidas a pagar, são consideradas também valores integrantes do património.

Cada componente de um dado património, denomina-se elemento patrimonial. O património é um conjunto


de elementos heterogéneos sendo necessário transformá-los e referi-los a uma mesma unidade no caso de
Moçambique MT. Estes elementos são valores.

No património distinguimos duas classes de elementos patrimoniais: o activo que representa o conjunto de
valores que se possui e tem a receber e o passivo que representa aquilo que se tem a pagar.

Exemplo 1:

Património da empresa Y:

Activo
Numerário (dinheiro) ……………………………… 20 000,00 MT
Edifício…………………………………………….. 280 000,00 MT
Viatura……………………………………………... 120 000,00 MT
Dívidas a receber…………………………………... 80 000,00 MT

500 000,00 MT
Passivo

Dívidas a pagar (fornecedores) …………………… . 30 000,00 MT


Empréstimos bancários ……………………………… 70 000,00 MT
______________
100 000,00 MT

Num património há a considerar dois aspectos distintos:


• A sua composição;
• O seu valor.

Quanto à composição, o património engloba um conjunto de elementos heterogéneos (elementos


patrimoniais) com um determinado valor, como sejam as mercadorias, numerário, edifícios, etc.

O activo de um património é um conjunto de valores positivos, sendo o passivo um conjunto de valores


negativos. O valor do património corresponde assim à soma algébrica das duas classes de elementos. No
exemplo anterior teríamos:

Activo ………………………………………………….… 500 000,00 MT


Passivo ……….................................................................... – 100 000,00 MT
Valor do património ou situação líquida …………………. 400 000,00 MT

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
A expressão numérica do valor do património chama-se: situação líquida, capital próprio ou património
líquido. A situação líquida representa o conjunto de valores que pertence efectivamente ao proprietário da
empresa. Esta, no seu início coincide com o capital social com que a empresa se constituiu.

Em relação à situação patrimonial podem ocorrer três factos:

1) O activo ser superior ao passivo, havendo um excesso de valores activos sobre os passivos. A situação
líquida diz-se activa, representando o capital próprio.
2) O activo e o passivo são iguais, não havendo, neste caso situação líquida, ou seja é nula.
3) Num último caso o activo pode ser inferior ao passivo. Neste caso existe um excesso de valores passivos
sobre os activos. A situação líquida diz-se passiva e é considerada negativa.

3.2 Factos patrimoniais


O património é sujeito a transformações mantendo-se dinâmico. As transformações ocorridas no património
podem resultar de acontecimentos normais ou voluntários que resultam de operações normais da empresa
(compras, pagamentos, vendas, etc.) ou de acontecimentos extraordinários ou involuntários independentes da
vontade da empresa (incêndios, roubos, quebras, etc.). Tanto umas como outras constituem factos
patrimoniais que aparecem associados a tudo aquilo que implique variações, no património. A observação,
classificação, registo e contrlo destes factos patrimoniais constitui o trabalho contabilístico.
Os factos patrimoniais classificam-se em dois tipos:
— factos permutativos, quando provocam uma alteração na composição do património, mas não no seu
valor. Ex: compra de mercadorias; pagamento de uma dívida; aquisição de um edifício, etc;
— factos modificativos, quando implicam, além da variação na composição uma alteração no valor do
património. Ex.: venda de mercadorias com lucro; venda de um valor móvel (ou outro) por um preço
inferior, ou superior, ao representado no património, etc.

Exemplo 2:

O património de uma empresa é constituído por:

ACTIVO PASSIVO
Numerário ………………..50 000 MT Dívidas a pagar ……………. 60 000 MT
Mercadorias……………… 80 000 MT Empréstimo a reembolsar …. 40 000 MT
Móveis diversos …………180 000 MT
Depósitos em bancos…….140 000 MT
____________ ____________
450 000 MT 100 000 MT

O valor deste património será:


Situação líquida = 450 000 MT —100 000 MT = 350 000 MT

Considerem-se as seguintes duas operações:

1) Depósito no Banco ………………………. 20 000 MT


2) Venda de mercadorias, a pronto pagamento, por 30 contos, que lhe haviam custado 25 contos.

A primeira operação implicou:


— saída de numerário no valor de 20 000 MT (caixa -20 c)
- entrada do mesmo valor nos depósitos em Bancos (Dep. em Bancos + 20 c)

O património após a primeira operação ficou constituído:

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
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ACTIVO PASSIVO
Numerário …………..... 30 000 MT Dívidas a pagar ……………. 60 000 MT
Mercadorias…………… 80 000 MT Empréstimo a reembolsar…… 40 000 MT
Móveis diversos ……….180 000 MT
Depósitos em bancos…. 160 000 MT
_______________ ___________
450 000 MT 100 000 MT

Verifica-se uma alteração na composição do património (os elementos patrimoniais apresentam uma
extensão diferente) mas o seu valor mantém-se (350 000 MT).
Este é um exemplo de um facto patrimonial permutativo.

A segunda operação origina:


— entrada de numerário no montante de 30 000 MT (valor de venda)
__ diminuição das mercadorias no valor de 25 000 MT (preço a que estavam em armazém as mercadorias
saídas).

O património após esta operação, apresenta-se da seguinte forma:

ACTIVO PASSIVO
Numerário……………………. 60 000 MT Dívidas a pagar………………… 60 000MT
Mercadorias…………………... 55 000MT Empréstimo a reembolsar………. 40 000MT
Móveis diversos………………180 000MT
Depósitos em bancos ……….. 160 000MT
___________ ___________
455 000 MT 100 000 MT

Após esta última operação verifica-se uma alteração não só na composição do património, como também no
seu valor. Este último é agora 355 contos, ou seja, sofreu um acréscimo de 5 contos, que corresponde ao
ganho obtido na venda das mercadorias. Temos, nesta segunda operação, um facto patrimonial
modificativo.

3.3 Equação Fundamental da Contabilidade


Consideremos a seguinte transacção: aquisição de uma viatura por 200 000 MT. Esta operação deve ser
escriturada nos registos contabilísticos do comprador por aquele valor, independentemente do valor de
avaliação da viatura. Quando o comprador adquiriu a viatura, obteve a propriedade da mesma. A esta
propriedade é atribuído um certo valor, normalmente expresso em Meticais, sobre o qual incidem direitos do
mesmo valor. Pode dizer-se que o valor de uma propriedade é igual ao valor dos direitos que tem o seu
proprietário. Esquematicamente:

Valor das propriedades = Valor dos direitos sobre estas propriedades

No exemplo acima mencionado, o comprador paga integralmente, com valores patrimoniais próprios, a
viatura. Teremos então:
Valor da viatura (propriedade) = Valor dos direitos do proprietário
(200 000 MT) (200 000 MT)

Como a viatura é um valor activo, será:

ACTIVO = CAPITAL PRÓPRIO (S. L. Activa)

Mas consideremos agora que o comprador contrai um empréstimo de 80 c para


aquisição da viatura. Neste caso será:
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Valor da viatura = Valor dos direitos de terceiros + Valor dos direitos do proprietário
200 000 MT = 80 000 MT + 120 000 MT

Como os direitos de terceiros representam dívidas a pagar, isto é, valores passivos, teremos:

Valor da viatura = Direitos de terceiros s/ a viatura + Direitos do proprietário s/ a viatura


ACTIVO = PASSIVO + CAP. PRÓPRIO ou SLA

O Activo pode designar-se por Capital Total ou Financeiro, ou seja, é o montante de valores utilizados
pela empresa no desempenho da sua actividade.

O Passivo é o Capital Alheio, ou, seja, o conjunto de valores utilizados pela empresa mas que não são de
sua pertença. São os valores sobre que incidem direitos de terceiros.

A Situação Líquida (SL) é o Capital Próprio, ou seja, representa o montante de recursos postos à
disposição da empresa pelos seus proprietários. Representa valores sobre os quais incidem direitos do
proprietário.

Como se sabe, devido ao uso, as viaturas estão sujeitas a quebras de valor.

Imagine-se então que a referida viatura, dado o seu desgaste, sofreu uma redução de valor de por ex. 40
contos.

Após este facto, teremos:

Valor actual + Quebra verificada = Valor dos direitos + Valor dos direitos
da viatura de terceiros do proprietário
160 000 MT + 40 000 MT = 80 000 MT + 120 000 MT
Neste exemplo o passivo é nulo.

Ora sabe-se que a quebra ocorrida constitui um prejuízo ou perda, ou ainda e o que é o mesmo, uma situação
líquida passiva (negativa)

Virá então:
Valor actual + Quebra verificada = Direitos de terceiros + Direitos do proprietário
da viatura s/ a viatura s/ a viatura

ACTIVO + S. L. PASSIVA = PASSIVO + S. L. ACTIVA

Esta expressão corresponde à Equação Fundamental da Contabilidade:

ACTIVO + S. L. PASSIVA = PASSIVO + S. L. ACTIVA


ou ainda

ACTIVO = PASSIVO + SITUAÇÃO LÍQUIDA ACTIVA — SITUACÃO LÍQUIDA PASSIVA

Exemplo 3
Património uma empresa X:
Activo ……………………………………………………… 1 600 C
Passivo ……………………………………………………… 400 c
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Com base nestes valores se determina que:

Situação líquida = Activo – Passivo = 1 200 c

A equação verifica-se visto:

Activo (1 600 c) = Passivo (400 c) + S. Líq. Activa (1 200 c)

Vimos atrás que o Activo representa o capital total ou financeiro, o passivo o capital alheio e a situação
líquida o capital próprio. Diremos, no exemplo citado que «X» dispõe na sua actividade de recursos no valor
de 1 600 contos, os quais foram obtidos da seguinte forma: 400 contos de terceiros por meio de créditos e 1
200 do próprio.

Isto possibilita-nos uma outra reflexão. De um lado, o Activo (e situação líquida passiva) representa as
aplicações dadas aos capitais. Por outro lado o Passivo e a Situação Líquida Activa, as origens desses
mesmos capitais. Em síntese: o primeiro membro da equação fundamental representa as aplicações de
capitais, enquanto que o segundo membro representa a sua origem, O Passivo representa uma origem alheia,
ou seja, capitais utilizados pela empresa mas propriedade de terceiros. A. S. L. Activa representa uma origem
própria.

Os factos patrimoniais, alterando o património, afectam necessariamente os elementos da equação


fundamental. Contudo, não podem alterar a igualdade da referida equação. Qualquer que seja o facto
patrimonial, a igualdade mantém-se sempre, porquanto para cada aplicação de fundos, terá que haver a
correspondente origem.

Vejamos, por meio de um exemplo, a forma como se verifica, por um lado a alteração dos elementos
patrimoniais, e por outro, a manutenção da igualdade referida.

Exemplo 4
Suponhamos que o comerciante K inicia a sua actividade, com um capital de 1 000 contos (representado em
dinheiro), dedicando-se à comercialização de produtos electrónicos.
Os valores iniciais seriam representados por:

ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO


Caixa 1 000 000 MT Capital 1 000 000 MT

Após estar constituído efectuou as seguintes operações:

1) Compra de mobiliário para montagem do estabelecimento: 100 contos. Esta operação vai originar:
- saída de caixa do valor de aquisição (100 contos)
- criação de um novo valor activo — mobiliário diverso, que representa um elemento em que foi aplicado
capital.
2) Compra a crédito de 10 máquinas calculadoras ao preço unitário de 6 c, uma das quais ficará ao serviço da
empresa.

Serão movimentadas:
- mercadorias, pela entrada de 9 máquinas calculadoras, com as quais fará comércio (9 x 6 000 MT = 54 000
MT);
- equipamento, pela aquisição de uma máquina para uso do comerciante (6 000MT).

Estes elementos são ambos activos, visto representarem valores que passaram a pertencer ao comerciante.
— fornecedores será criada no passivo, visto que esta operação originou uma dívida do comerciante. A
dívida a pagar corresponde à globalidade da compra (10 x 6 000 MT = 60 000 MT) e representa o direito do
credor em receber esta quantia dentro de certo prazo.

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3) Venda ao Sr. F de 2 calculadoras ao preço unitário de 8 000MT, pagando este 50 % da compra e
comprometendo se a entregar o restante dentro de um mês.
Esta venda vai originar:
— aumento das disponibilidades em caixa (8 000MT); aparecimento de nova rubrica no activo que
representa uma dívida a receber, isto é, o direito a receber do Sr. F em data futura 8 000 MT (clientes);
— diminuição de mercadorias pelo custo das máquinas vendidas. Saem duas máquinas que ao preço unitário
de 6 000MT, totalizam a importância de 12 000 MT;
— aparecimento de um ganho (lucro), que irá aumentar o capital próprio do comerciante (4 000MT).
4) Pagou ao seu fornecedor 60 % da dívida resultante da operação 2).
Neste caso, serão diminuídos, dois elementos: um do activo e outro do passivo, pelo mesmo valor.
— diminui caixa, visto haver uma saída de dinheiro (36 000 MT) diminui fornecedores, visto ter sido paga
parte da dívida em questão (36 000 MT).
5) Pediu um empréstimo ao BPD de 200 contos, ficando esta quantia, deduzida dos juros pagos
antecipadamente de 5 contos, depositada no referido Banco e à ordem do comerciante.

Esta operação vai implicar:


- aumento do passivo, na medida em que o comerciante se obriga ao reembolso do empréstimo contraído
(200 000 MT);
— aumento do activo, pelas novas disponibilidades que ficaram depositadas à sua disposição (195 000MT);
— uma diminuição do capital próprio pelo juro obrigado a pagar. Recebendo apenas 195 000 MT e
obrigando-se a pagar 200 000MT o comerciante vê o seu capital suportar a diferença entre o recebido e o
valor a pagar.

Analise-se em pormenor o quadro I aonde são registadas as operações descritas, com base na equação
fundamental da contabilidade.

Como se pode verificar, a igualdade da equação fundamental da contabilidade é sempre mantida. Isto é
possível devido aos registos compensatórios efectuados em cada operação. Aqui aparece um novo princípio
contabilístico: toda e qualquer operação dá azo ao registo em pelo menos dois elementos patrimoniais.
Qualquer facto patrimonial não altera apenas o valor de um elemento patrimonial, mas sim pelo menos de
dois.

O Capital Próprio ou Situação Líquida só é alterado pelos factos patrimoniais modificativos. Estão neste caso
os factos referentes às operações (3) e (5). Os restantes são necessariamente permutativos.

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Caixa + Mobiliário diverso + Mercadorias + Equipamento. + Clientes + Dep. em Bancos = Fornecedores + Emprést. Bancário + Cap. Próprio

1 000 000 - - - - - - - 1 000 000


(1) -100 000 + 100 000 - - - - - - -
_______ __________ ______
900 000 100 000 1 000 000

(2) - - + 54 000 + 6 000 - - +60 000 - -


______ __________ ________ ________ _______ ______
900 000 100 000 54 000 6 000 60 000 1 000 000

(3) + 8 000 - -12 000 - + 8 000 - - - + 4 000


__________ ________ ___________ _______-_ __________ ___________ ________
908 000 100 000 42 000 6 000 8 000 60 000 1 004 000

(4) - 36 000 - - - - - - 36 000 - -


______ _________ _________ ________ _______ - _______ _ _______
872 000 100 000 42 000 6 000 8 000 24 000 1 004 000

(5) - - - - - + 195 000 - + 200 000 - 5 000


________ ________ __________ _________ ______ _________ _______ _________ _______
872 000 100 000 42 000 6 000 8 000 195 000 24 000 200 000 999 000

1 223 000 1 223 000

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4 Inventário e Balanço

4.1 O inventário: noção e classificação


O inventário consiste numa relação (rol, lista) dos elementos patrimoniais com a indicação do seu valor.
Proceder a inventário consiste, pois, em analisar os elementos de um dado património, descrevê-los e
atribuir-lhes um valor.

No inventário devemos considerar três fases:


a) identificação, em que se verifica quais os elementos patrimoniais existentes;
b) descrição e classificação, em que os elementos serão apresentados e repartidos pelas classes a que dizem
respeito;
c) valorização, acto de atribuição de um valor a cada elemento patrimonial.

Quanto ao âmbito, os inventários podem classificar-se em gerais e parciais. Um inventário diz-se geral
quando abarca todos os valores que constituem um dado património; diz-se parcial quando abrange apenas
alguns dos elementos patrimoniais. No inventário geral figuram todos os elementos patrimoniais, no parcial
figura apenas uma parte deles. A inventariação de mercadorias ou dos débitos de dada empresa são casos
representativos de inventários parciais.
Quanto à disposição dos elementos patrimoniais, podem considerar se dois casos distintos:

a) os elementos aparecem dispostos sem obedecer a qualquer ordem. Neste caso o inventário diz-se simples;
b) os elementos aparecem agrupados, segundo a sua natureza, característica ou função. Se isto acontece, o
inventário diz-se classificado.

Os inventários que as empresas elaboram devem ser transcritos para o livro de Inventário e Balanços que é
um dos livros obrigatórios para qualquer comerciante.
Nas grandes empresas, devido à grande extensão dos seus elementos patrimoniais, os inventários gerais
correspondem à reunião de vários inventários parciais que serão elaborados em folhas próprias e em
separado.

Exemplo 5:
Como exemplo de aplicação apresentaremos um caso de inventário simples e de inventário classificado,
referentes a um mesmo património.

a) inventário simples
Inventário do comerciante K, em 1/10 n
Activo
dinheiro em caixa ……………………………………….. 50 000,00 MT
2 máquinas de escrever …………………………………. 6 000,00 MT
4 máquinas calculadoras ………………………………... 30 000,00 MT
um edifício na rua H ………………………………..…. 400 000,00 MT
um frigorífico …………………………………………… 25 000,00 MT
conjunto de estantes …………………………………….. 40 000,00 MT
uma máquina registadora ……………………………….. 12 000,00 MT
uma viatura …………………………………………..….120 000,00 MT
dívidas de:
M. Castro ……………………………………………. 3 000,00 MT
F. Santos ……………….…………………………… 15 000,00 MT
saques
6 s/ B. Carvalho…………….……………………….. 17 000,00 MT
7 s/ C. Matos ……………..…...……………………. 13 000,00 MT
2 secretárias …………………….…...…………………… 12 000,00 MT
4 cadeiras ……………………….……………………..….. 1 000,00 MT
depósitos no BPA …………………………..…………... 145 000,00 MT
2 sofás …………………………………………………..…. 8 000,00 MT
papel, tinta, material diverso………………………………. 3 000,00 MT
Total do activo ………………………………………. 900 000,00 MT

Passivo
dívidas a:
H. Fagundes……………………………..…………… 16 000,00 MT
S. Antunes …....…………………………..…………… 9 000,00 MT
aceites nºs
11, saque de J. Fernandes…………...………………... 18 000,00 MT
12, saque de M. Pereira ………………………………..12 000,00 MT
dívida à Papelaria Progresso …………….……………..… 10 000,00 MT
empréstimo contraído no BA ……………………………..150 000,00 MT
Total do passivo…...………..………………………. 215 000,00 MT

b) inventário classificado
Activo
Disponível
dinheiro em caixa ……………..………………..……… 50 000,00 MT
depósito no BPA ……………………………………….145 000,00 MT 195 000,00 MT

Clientes
M. Castro ………………………………………………… 3 000,00 MT
F. Santos ………………………………………………….15 000,00 MT 18 000,00 MT

Letras a receber
saque n.° 6 s/ B. Carvalho ……………………………….. 17 000,00 MT
saque n.° 7 s/ C. Matos…………………………….………13 000,00 MT 30 000,00 MT

Equipamento de escritório
1 máquina registadora ………………………...………….. 12 000,00 MT
1 frigorífico……………………………………………….. 25 000,00 MT
conjunto de estantes………………………………………. 40 000,00 MT
2 secretárias……………………………………………….. 12 000,00 MT
4 cadeiras …..………………………………………………. 1 000,00 MT
2 sofás……………………………………………………….. 8 000,00 MT 98 000,00 MT

Material de expediente
papel, tinta, material diverso ………………………………… 3 000,00 MT

Imobilizados
um edifício na rua H ………………………………..……. 400 000,00 MT
uma viatura ………………………………………………. 120 000,00 MT 520 000,00 MT

Mercadorias
2 máquinas de escrever…………………………………….. 6 000,00 MT
4 máquinas calculadoras…………………………………… 30 000,00 MT 36 000,00 MT
Total do activo…………………………………. 900 000,00 MT

Passivo
Letras a pagar
aceite n. ° 11, saque de J. Fernandes……………………….. 18 000,00 MT
aceite n.° 12, saque de M. Pereira………………………….. 12 000,00 MT 30 000,00 MT

Fornecedores
___________________________________________________________________________________________ 12
Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
H. Fagundes …………………………………………………16 000,00 MT
S. Antunes …………………………………………………… 9 000,00 MT
Papelaria Progresso ………………………………………….10 000,00 MT 35 000,00MT

Empréstimos Bancários
Empréstimo do BA ………………………………………….. 150 000,00 MT
Total do passivo 215 000,00 MT

NOTA: Inventariar um património não é um trabalho tão fácil quanto parece à primeira vista Há casos em
que se poderão (e deverão) incluir valores ainda não registados e excluir outros que embora existindo já não
pertencem à empresa. Como exemplo, podemos referir que ao proceder-se a um inventário, os bens já
adquiridos, mas que ainda não entraram na empresa, devem ser considerados, o mesmo não acontecendo
àqueles que já tenham sido vendidos mas que ainda não saíram.
Os inventários efectuados periodicamente, denominam-se ordinários. Por sua vez, são denominados
inventários extraordinários aqueles que são elaborados em consequência de condições excepcionais. Os
primeiros são regulares e previsíveis; os segundos são excepcionais e, consequentemente, imprevisíveis.

4.2 O Balanço: noção e classificações


Elaborado o inventário geral torna-se necessário comparar o activo com o passivo para conhecer o valor e
natureza da situação líquida, ou seja o estudo da estrutura patrimonial da empresa. Esta comparação,
constitui o balanço. Assim, enquanto que o inventário constitui apenas um arrolamento (listagem) dos
valores activos e passivos, o balanço, por sua vez leva a cabo a comparação (balanceamento) entre aquelas
classes de valores. São estes aspectos que marcam a sua diferença. Acrescentando a situação líquida ao
quadro do inventário, o balanço constitui o mapa da situação patrimonial da empresa num determinado
momento.

Segundo Dumarchey «o balanço é, pois, a expressão da relação existente entre o activo, o passivo e a
situação líquida».

Em pontos precedentes vimos que a situação patrimonial de qualquer empresa obedece sempre à fórmula:

ACTIVO + S. L. PASSIVA = PASSIVO + S. L. ACTIVA

Ou

ACTIVO = PASSIVO + S. L. ACTIVA - S. L. PASSIVA

Sendo o balanço constituído por dois membros, o primeiro membro engloba o primeiro conjunto de valores:
Activo e Situação Líquida Passiva (ou apenas o Activo se esta última for incluída no segundo membro com
sinal negativo); por sua vez, o Passivo e a Situação Líquida Activa constituem o segundo membro do
balanço.
Como aparece representado um balanço e, consequentemente os seus membros?

Na prática existem dois tipos de representação:


i) representação horizontal, em que o primeiro membro aparece do lado esquerdo, segundo a ordem: Activo;
Situação Líquida Passiva. O segundo membro vem do lado direito, sendo a ordem: Passivo; Situação Líquida
Activa ou a inversa.
ii) representação vertical em que o segundo membro vem imediatamente abaixo do primeiro, mantendo-se a
ordem indicada em i) dentro de cada membro.

Exemplo 6:

O património de F é constituído por:


valores activos …………………………………………… 1 820 contos
valores passivos……………………………………... 780 contos
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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
1) disposição horizontal
Balanço

Activo…………..…………… 1 820c Passivo…………………… 780 c


_____ S. L. Activa………………. 1 040 c
1 820 c 1 820 c

2) disposição vertical
Balanço

Activo…………………………………………………………………….. 1 820 c
Passivo …………………………………………………...……………… 780 c
S. L. Activa ………………………………………………………………. 1 040 c
1 820 c

É claro que se torna desnecessário referir que os membros de qualquer balanço são sempre de igual valor. O
primeiro membro nunca pode ser superior ao segundo e vice-versa, face ao exposto sobre a equação
fundamental.

Na composição destes membros, três casos se podem verificar:

a) Activo> Passivo
então: Activo = Passivo + S. L. Activa

Exemplo:
Balanço

Activo…………..…………… 1 000c Passivo…………………… 600 c


_____ S. L. Activa………………. 400 c
1 000 c 1 000 c

b) Activo = Passivo
A situação líquida é nula.

Balanço

Activo…………..…………… 700 c Passivo…………………… 700 c

c) Activo < Passivo


donde: Activo + S. L. Activa = Passivo
ou
Activo = Passivo - S. L. Activa
Ou seja a situação líquida é negativa.

Exemplo:
Balanço

Activo………………..…………… 800c Passivo………………..…… 950 c


S. L. Passiva……………………… 150 c ______
950 c 950 c

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
Ou ainda.
Balanço

Activo………………..…………… 800c Passivo………………..…… 950 c


______ S. L. Passiva………………… -150 c
800 c 800 c

Esta terceira situação é, sem margem para dúvidas, francamente desfavorável na medida em que as dívidas a
pagar superam o montante do activo. Ou seja, deve-se mais do que se possui e se tem a receber.

O balanço poderá ainda ser sintético ou analítico. Será tanto mais analítico quanto maior for a sua
pormenorização isto é, quanto mais discriminados forem os valores activos e passivos. Por sua vez, o
balanço sintético é aquele em que o grau de pormenorização é mínimo. O mais sintético dos balanços é
aquele que nos dá apenas a conhecer os valores totais do activo, passivo e situação líquida.

Tal como se viu para o inventário, o balanço também pode ser, ou não, classificado. Será classificado quando
os elementos que o compõem são dispostos e ordenados segundo uma certa ordem, dependente das suas
características, natureza ou função. Na prática os balanços são classificados.
A ordenação das rubricas do balanço está normalmente associada a critérios pré-definidos.
Para o 1º membro, ou seja, para o Activo o critério é o da liquidez crescente ou decrescente. Para o 2º
membro, os valores do Passivo são ordenados pelo critério da exigibilidade, crescente ou decrescente e os da
Situação líquida ou Capital Próprio, pela formação histórica dos respectivos valores.

Exemplo 7:
Consideremos o inventário de K, apresentado no exemplo 5.

a) Balanço sintético

Balanço

Activo………………..…………… 900 c Passivo………………..…… 215 c


______ S. L. Activa ………………… 685 c
900 c 900 c

b) Balanço analítico

Balanço

Activo Passivo
Disponível Dívidas a pagar
Caixa ………… 50 000,00 MT Fornecedores … 35 000,00 MT
Dep. em bancos 145 000,00 MT 195 000,00 MT Letras a pagar… 30 000,00 MT
Dívidas a receber Empréstimos…...150 000,00 MT 215 000,00 MT
Clientes ………... 18 000,00 MT Total passivo... 215 000,00 MT
Letras a receber… 30 000,00 MT 48 000,00 MT Sit. Líquida
Existências Capital………….. 685 000,00 MT
Mercadorias...... 36 000,00 MT
Imobilizado
M. admin……..101 000,00 MT
Imóveis……….520 000,00 MT 621 000,00 MT
900 000,00 MT 900 000,00 MT

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
É evidente que estes balanços também poderão ser representados sob a forma vertical. Utilizámos a
horizontal por ser a mais corrente.
Sendo o balanço um mapa de origens (segundo membro> e de aplicações de fundos (primeiro membro),
facilmente se depreende que ele está sujeito a constantes mutações. Aliás, um balanço constitui uma
fotografia da situação patrimonial da empresa, na medida em que dá esta última num dado momento. Estas
mutações são motivadas pela própria actividade da empresa, pois ela submete a uma constante alteração os
seus elementos patrimoniais.
Usualmente o balanço só é elaborado com uma certa periodicidade em geral um ano. Ora, estando o
património em contínua transformação (alteração), o balanço apenas nos dá a conhecer os valores nas datas
da sua elaboração; daí que, um só balanço corresponde a uma situação estática, enquanto que a comparação
de balanços sucessivos representa uma situação dinâmica, porquanto vai dando a conhecer a evolução
patrimonial da empresa.
No início de um exercício económico haverá um balanço inicial com a correspondente situação líquida
inicial; ao fim daquele corresponderá um balanço final e a consequente situação líquida final.
A situação líquida final (a que corresponde ao balanço de fim de exercício) não é senão a situação líquida
inicial (correspondente ao balanço inicial) alterada pelos lucros ou prejuízos do exercício. A diferença entre a
situação líquida inicial e a situação líquida final chama-se situação líquida adquirida.
Teremos: S. L. Final = S. L. Inicial + Lucros - Prejuízos
Saliente-se que, quaisquer que sejam os tipos de operações efectuadas pela empresa durante o exercício
económico, a igualdade entre os membros do balanço não será desfeita, como foi referenciado na equação
fundamental.

Exemplo 8
O senhor Gomes apresentava, em 1 de Novembro, o balanço que se indica a seguir.
No dia 3 de Novembro realizou a seguinte operação:
¾ venda a pronto pagamento de mercadorias por 5 000,00 MT, que lhe haviam custado 3 500,00 MT.
Pretende-se o balanço do senhor Gomes, após o registo desta operação.

Balanço a 1 de Novembro

1º membro 2º membro
caixa ……………………… 15 000,00 MT fornecedores ……………………… 30 000,00 MT
depósitos à ordem ………... 25 000,00 MT capital…………………………….. 60 000,00 MT
mercadorias…………….….. 10 000,00 MT
imobilizado ………………... 40 000,00 MT ___________
90 000,00 MT 90 000,00 MT

Após a operação:
Balanço a 1 de Novembro

1º membro 2º membro
Caixa (+5) ……………….. 15 000,00 MT fornecedores …..………………… 30 000,00 MT
depósitos à ordem ……….. 25 000,00 MT capital……..…………………….. 60 000,00 MT
mercadorias (-3,5) .………. 6 500,00 MT lucros…………………………… 1 500,00 MT
imobilizado …………........ 40 000,00 MT ___________
91 500,00 MT 91 500,00 MT

O lucro de 1 500,00 MT provém da venda de mercadorias por 5 000,00 MT, que havia comprado por apenas
3 500,00 MT.
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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
Exemplo 9
No exercício n, o senhor J. Gonçalves apresentava o seguinte balanço inicial:

Balanço a 1 de Novembro

Activo Passivo
caixa ……………………… 40 000,00 MT fornecedores ………………….……70 000,00 MT
depósitos à ordem ………....120 000,00 MT empréstimo bancário….…………..170 000,00 MT
clientes…………………….. 60 000,00 MT Total do passivo…………….. 240 000,00 MT
mercadorias…………….….. 80 000,00 MT
mobiliário diverso………....140 000,00 MT Sit. líquida
imóveis…………………….400 000,00 MT capital………………………….… 600 000,00 MT
840 000,00 MT 840 000,00 MT

Durante o exercício económico o referido senhor realizou as seguintes operações:

a) Comprou mercadorias por 60 000,00 MT, 50% a pronto pagamento e os restantes 50% a crédito;
b) Vendeu mercadorias por 90 000,00 MT, que lhe haviam custado 70 000,00 MT. Recebeu 60% do valor
desta venda.
c) Pagou dívidas aos seus fornecedores no montante de 45 000,00 MT;
d) Recebeu dos seus clientes 40 000,00 MT;
e) Reembolsou uma fracção de 70 000,00 MT do empréstimo bancário, por meio de transferência bancária.

Representar o balanço do senhor j. Gonçalves no final destas operações.

Resolução:
Após estas operações os membros do balanço sofreram as seguintes alterações:
Operação a)
Mercadorias: (+ 60 000,00 MT)……..novo valor 140 000,00 MT;
Caixa (- 30 000,00 MT) ……………..novo valor 10 000,00 MT
Fornecedores (+30 000,00 MT)………novo valor 100 000,00 MT

Operação b)
Mercadorias: (- 70 000,00 MT)………. Novo valor 70 000,00 MT
Caixa: (+54 000,00 MT)……………... Novo valor 64 000,00 MT
Clientes (+36 000,00 MT)……………. Novo valor 96 000,00 MT
Lucros (+20 000,00 MT)……………… Novo valor 20 000,00 MT

Operação c)
Caixa (-45 000,00 MT)………………... Novo valor: 19 000,00 MT
Fornecedores (-45 000,00 MT) ………. Novo valor: 55 000,00 MT

Operação d)
Caixa (+40 000,00 MT) ………………. Novo valor: 59 000,00 MT
Clientes (-40 000,00 MT) …………….. Novo valor: 56 000,00 MT

Operação e)
Depósitos à ordem (-70 000,00 MT)…. Novo valor 50 000,00 MT
Empréstimos bancários (-70 000,00 MT).Novo valor 100 000,00 MT

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
Representação do balanço após a operação:
Balanço a 31 de Dezembro

Activo Passivo
caixa ……………………… 59 000,00 MT fornecedores ………………….……55 000,00 MT
depósitos à ordem ……….... 50 000,00 MT empréstimo bancário….…………..100 000,00 MT
clientes…………………….. 56 000,00 MT Total do passivo…………….. 155 000,00 MT
mercadorias…………….….. 70 000,00 MT Sit. líquida
mobiliário diverso……….... 140 000,00 MT capital………………………….… 600 000,00 MT
imóveis……………………. 400 000,00 MT lucros…………………………….. 20 000,00 MT
775 000,00 MT 775 000,00 MT

Os lucros aumentam a situação líquida activa por isso a sua inclusão no segundo membro do balanço e nessa
S.L. Os prejuízos constituem a S. L. passiva a havê-los devem ser incluídos no primeiro membro do balanço.
Os resultados são normalmente incluídos no segundo membro do balanço (situação líquida) com sinal +
(positivo), sendo lucros; com sinal – (negativo), sendo prejuízos.

Em síntese, o balanço final é elaborado a partir do inicial, introduzindo-lhe as operacões realizadas


durante o exercício económico. Como a igualdade entre os dois membros é sempre mantida,
podemos mais uma vez referir que num balanço (ou situação patrimonial) a variação de um ou mais
elementos é sempre equilibrada pela variação de outro ou outros elementos.

4.3 Estrutura patrimonial


Como se viu a estrutura patrimonial é representada pelo Balanço. Em seguida analisa-se esta estrutura e o
seu conteúdo:

4.3.1 Estrutura económica e financeira


A estrutura económica de uma unidade é representada pelo activo que é constituído pelos bens e direitos.
Esta estrutura representa o emprego ou a aplicação dada aos recursos financeiros para alcançar os objectivos
propostos.

A estrutura financeira de uma unidade é representada pelo Passivo e pela Situação Líquida. Esta estrutura
representa a origem dos recursos, havendo a considerar os fundos próprios e os fundos alheios.

4.3.2 O activo

a) Activo circulante (AC)


A actividade de qualquer comerciante consiste fundamentalmente na compra e venda de mercadorias, ou
seja, a transformação de disponibilidades em existências e destas naquelas.

Neste ciclo dos elementos patrimoniais activos pode intervir o fenómeno do crédito (vendas a prazo),
implicando a transformação de existências em créditos e destes em disponibilidades.

O activo circulante (AC) é constituído pelos meios monetários (activo disponível), clientes e existências
(activo realizável).

AC = Activo disponível + Activo realizável

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
b) Activo fixo

O activo fixo é constituído pelas imobilizações destinadas a assegurar e auxiliar o funcionamento da


empresa, facilitando ou possibilitando a transformação dos valores circulantes.

4.3.3 O passivo
Nos fundos alheios, regra geral, os débitos a curto prazo são débitos de funcionamento, originados pelas
operações correntes de exploração, enquanto os débitos a médio e a longo prazos são débitos de
financiamento, pois estão estreitamente relacionados com a obtenção de recursos financeiros.

No passivo e situação líquida surge-nos uma arrumação que se relaciona com a sua exigibilidade.

a) Passivo a curto prazo


O passivo a curto prazo é o exigível a curto prazo, cuja liquidação ocorre até um ano.

b) Passivo a médio e longo prazos


O passivo a médio e longo prazos constitui o exigível a médio e longo prazos, cuja liquidação ocorre para
além de um ano.

c) Valores não exigíveis


A classificação de valores não exigíveis, surge-nos em relação à situação líquida.

4.3.4 Fundo de maneio (FM)


Fundo de maneio é a diferença entre o Activo Circulante e o Passivo a curto Prazo, equivale à diferença entre
os fundos permanentes (soma do passivo a médio e longo prazos, com a situação líquida) e o activo fixo.

FM = AC – ECP

4.3.5 Capitais permanentes (CP)


Capitais permanentes são os recursos que se mantém na empresa durante um largo período de tempo. Estão
nesta situação o Passivo a Médio e Longo Prazo e os capitais Próprios da empresa (Situação Líquida).

CP = EMLP + SL
5 A Conta

5.1 Noção
Já foi referido que o património de uma empresa é constituído por um grande e complexo número de
elementos de natureza diferente. Contudo, esses elementos podem ser mensuráveis, ou seja, traduzidos numa
unidade de valor comum. Isto é, transformam-se as matérias ou os objectos em valores, possibilitando a sua
comensurabilidade, que é o mesmo, a comparação entre si. Um televisor e um livro apresentam-se com
características diferentes mas, graças à sua quantificação (tradução na mesma unidade) podem facilmente ser
comparáveis.

É graças a esta quantificação que o trabalho contabilístico se pode levar a cabo nas unidades económicas.
Sem aquela, ele seria não só de difícil execução, como também perdia o seu significado, na medida em que
se referiria, a um conjunto de elementos entre os quais não seria possível estabelecer qualquer relação.

Mas a contabilidade, como conjunto de processos atinentes ao registo, classificação e controlo dos factos
patrimoniais, tornar-se-ia impraticável se o fizesse em relação a cada elemento em particular. Por outras
palavras, o registo, a classificação e controlo não seriam de fácil execução, se a observação fosse feita
elemento a elemento patrimonial.
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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
Daí que consoante a sua natureza ou função que desempenhem na empresa, os valores patrimoniais possam
ser agrupados em classes com características comuns. Chegamos assim à noção de conta, que podemos
definir como um conjunto de elementos patrimoniais expresso em unidades de valor.

Porém numa perspectiva mais prática, a conta aparece associada a uma série de notações ou registos
referentes a um dado objecto, ordenadamente dispostas num quadro. Portanto, na primeira noção a conta
define-se pelas características dos elementos que engloba, enquanto que na segunda, é considerado o aspecto
dinâmico ou evolutivo desses elementos, ou seja, o conjunto dos registos das suas variações. Representam
assim, duas formas distintas de definir uma mesma realidade: a conta representa uma classe de valores ou
elementos patrimoniais, mas a sua disposição é tal que permite registar todas as variações sofridas por esses
elementos.

5.2 Partes constitutivas


Numa conta há a considerar os seus aspectos qualitativo e quantitativo, ou seja a sua compreensão e a sua
extensão.

¾ A compreensão de uma conta é determinada pelas características comuns e específicas dos elementos
nela agrupados, devendo ser evidenciada, pelo título (denominação própria)
¾ A extensão é o valor da conta expresso em unidades monetárias.

O título é a expressão (ou palavra) por que se designa a conta. Deve ser escolhido de tal forma que revele
imediatamente a natureza dos elementos que a compõem, isto é, nos dê a conhecer o seu conteúdo. Tem
como finalidade identificar a conta e distingui-la de todas as outras, pelo que será fixo e mutável. Deve ser
claro no que respeite à característica comum dos elementos a que diz respeito.

Exemplo: os escritórios das empresas estão geralmente equipados com móveis diversos, tais como,
secretárias, estantes, cadeiras e outros. Todos esses elementos possuem a característica comum de se
destinarem ao indispensável apetrechamento dos escritórios; a denominação para a conta que englobe estes
elementos poderá ser, por exemplo, Mobiliário de Escritório.

O valor representa a qualidade, expressa em unidades monetárias contida na conta no momento em que se
analisa. O valor registado na contabilidade deve ser verídico, ou seja, deve estar de acordo com a verdadeira
extensão dos elementos que representa.
Se o título é fixo e imutável, a extensão já não o é. Pelo contrário, ela constitui o elemento variável da conta,
na medida em que os elementos patrimoniais que engloba estão sujeitos a variações contínuas provocadas
pelas operações realizadas.

A conta constitui a base de toda a escrituração, dado que é a partir dela que se desenvolve todo o trabalho
contabilístico. Como tal, a conta deve obedecer a requisitos próprios, para que o trabalho se processe com
fundamento e regularidade.

Os requisitos essenciais a que a conta deve obedecer, são:


¾ A homogeneidade. Uma conta só deve conter os elementos que obedeçam à característica comum que
ela define. Assim, a dívida de um cliente à empresa, nunca poderá ser registada numa conta que não
indique uma dívida a receber, ou seja, a conta em que aquela for registada deve incluir apenas os
elementos que possuam a mesma característica: valores que a empresa tem direito a receber.

¾ A integralidade. A conta deve incluir todos os elementos que gozam da característica comum por ela
definida. Deste modo a conta Mercadorias, deverá incluir todos os tipos de mercadorias transaccionadas
pela empresa, assim como as suas variações.

Em suma, a conta deve ser «homogénea» e «integral» dado que só poderá admitir movimentos ligados com a
respectiva classe de valores, não excluindo qualquer deles.

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
5.3 Representação gráfica
A cada conta corresponde um gráfico ou quadro, que constitui o dispositivo prático para acompanhar as suas
variações quantitativas. Inscrevendo-se neste quadro a extensão inicial da conta e as variações seguintes,
consegue saber-se a todo o momento o valor dos elementos patrimoniais que agrupa.

No aspecto gráfico, a conta apresenta-se normalmente na forma de um T. Sobre o traço horizontal indica-se o
título da conta, podendo ainda distinguir-se um lado esquerdo e um lado direito.
Esquematicamente:

Título da conta

Lado esquerdo Lado direito

O lado esquerdo é designado de <(débito)> ou «deve» e o lado direito de «crédito» ou «haver».


As variações aumentativas da conta de uma pessoa devedora constituem o seu débito (aumentando o débito
de um devedor, ele deve mais) e as diminutivas o seu crédito, tal como as variações aumentativas da conta de
uma pessoa credora (aumentando o crédito de um credor, ele tem a haver mais) e as diminutivas constituem
o seu débito.

Por extensão do princípio das contas pessoais às contas de coisas e de factos, os termos «débito» e «crédito»
ou «deve» e «haver» respectivamente, não representam mais do que variações aumentativas ou diminutivas
no valor das respectivas contas.

Graficamente teremos:

Deve (Débito) Título da conta (Crédito) Haver

Os valores registados no débito denominam-se débitos e os registados no crédito denominam-se créditos.

— debitar uma conta significa inscrever uma certa quantia no lado do débito;
— creditar uma conta é efectuar o registo dum valor no lado do crédito.

A diferença entre o débito e o crédito duma conta, no momento considerado, chama-se saldo dessa conta.

Ao balancear uma conta, ou seja ao comparar o seu débito com o seu crédito, podem ocorrer três hipóteses:
9 D > C — o saldo diz-se devedor (Sd);
9 D = C — o saldo diz-se nulo (So);
9 D < C — o saldo diz-se credor (Sc).

Uma vez determinado o saldo, este adiciona-se ao lado cuja soma for de menor valor, obtendo-se assim uma
igualdade entre os dois lados da conta.
Atendendo às três hipóteses consideradas anteriormente, teremos:

9 D>C Sd donde: D = C+Sd

9 D= C So donde: D=C

9 D<C Sc donde: D+Sc = C

Uma conta sem saldo diz-se saldada.

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Notas de apoio à disciplina de técnicas empresariais (Departamento de eng. Electrotécnica) – compiladas por
Gabriela Rebello da Silva, extracto do livro “Elementos de Contabilidade Geral”
O saldo da conta corresponde à sua extensão, ou valor, num determinado momento.
Fechar uma conta corresponde a somar as colunas dos valores do débito e do crédito — depois de as saldar
previamente — sublinhando com dois traços (trancando) cada soma.
Reabrir uma conta é inscrever o saldo na coluna dos débitos, se na conta fechada o mesmo era devedor; ou
inscrever o saldo na coluna dos créditos, se na conta fechada o mesmo era credor.

Dispositivos da conta

A disposição apresentada anteriormente, em forma semelhante a um T, não é a única existente. É-lhe


atribuída a denominação de dispositivo horizontal ou bilateral, sendo o seu traçado o seguinte:

Débito (Deve) Título da conta Crédito (Haver)


Data Descrição Valor Data Descrição Valor

É também utilizado o dispositivo vertical ou unilateral que comporta as seguintes subdivisões: de coluna
simples; de coluna dupla; e, de coluna dupla com saldos à vista.

O disposto vertical ou unilateral de coluna simples tem apenas uma coluna para inscrever o valor dos débitos
e dos créditos. Poderá apresentar-se da seguinte forma:

Título da conta
Data Descrição Valor D/C

O dispositivo vertical ou unilateral de coluna dupla, tem duas colunas: uma para os débitos e outra para os
créditos:
Título da conta
Data Descrição Débito Crédito

O dispositivo vertical ou unilateral de coluna dupla com saldos à vista, tem as mesmas duas colunas e ainda
uma ou duas outras para os saldos apurados após cada registo:

Título da conta

Data Descrição Débito Crédito Saldo

Título da conta

Data Descrição Débito Crédito Saldos


Devedores Credores

Embora qualquer conta possa ser escriturada em qualquer dispositivo, vamos, de seguida, referir as
vantagens e inconvenientes dos vários dispositivos da conta, que foram apresentados.

O dispositivo unilateral de coluna simples, tendo a vantagem de mostrar o saldo à vista, apresenta a grande
desvantagem de, se houver erro de soma ou de subtracção de uma verba, ficarem erradas todas as operações
subsequentes, sendo normalmente difícil a detecção de tais erros. Por tal motivo, pouco se usa actualmente.

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O dispositivo unilateral de coluna dupla com saldos à vista, apresenta a vantagem de se conhecerem estes a
qualquer momento sem necessidade de somar as colunas das variações aumentativas e diminutivas. Quando
a coluna dos saldos é única, obriga a assinalar a natureza de cada saldo; quando a coluna dos saldos é dupla,
estes aparecem nitidamente separados segundo a sua natureza. Este último dispositivo é actualmente dos
mais usados, por se prestar à escrituração mecanográfica.

O dispositivo bilateral apresenta a vantagem de separar completamente, em lados distintos da conta, os factos
que originam variações aumentativas dos que originam variações diminutivas e a desvantagem de não ter o
saldo à vista, obrigando para a sua determinação, à soma das colunas dos débitos e dos créditos.

5.4 Classificação das contas


No ponto anterior, definiu-se conta como uma classe de valores patrimoniais com denominação própria e
com extensão numérica. Podendo estes valores ser concretos e abstractos, a conta terá assim, por objecto,
elementos concretos — os que compõem o Activo e o Passivo e, elementos abstractos — os correspondentes
à Situação Líquida.

As contas classificam-se em contas do activo, do passivo, de situação Líquida, de Gestão e outras contas.

Dentro destas grandes classes inserem-se outras de âmbito mais reduzido, cujos elementos patrimoniais
foram agrupados em obediência a um determinado ponto de vista ou característica.

As contas podem, pois, ter um âmbito mais ou menos vasto, compreenderem mais ou menos elementos
patrimoniais, isto é, serem mais ou menos simples, ou mais ou menos complexas. Uma conta é tanto mais
simples quanto maior identidade houver nos elementos que agrupa; e, tanto mais complexa quanto maior for
a diversidade dos mesmos.

De um modo geral, denominam-se:


¾ Contas simples ou elementares, as que agrupam elementos com características muito comuns e,
portanto, não comportam maior divisão;
¾ Contas complexas, colectivas ou gerais, as que agrupam contas simples ou elementares, ou que nelas
se subdividem.

As contas que são subdivisões de outras, chamam-se subcontas ou contas divisionárias.


As contas dizem-se do ‘1°, 2.°, 3.», ... nésimo grau, conforme sejam sub divisões doutras ou, inversamente,
integracão delas.
Partindo de uma conta colectiva, que se diz do 1 . ° grau, as suas subdivisões imediatas serão
respectivamente do 2.°, 30, nésimo grau.
É claro que sendo a conta colectiva subdividida em contas divisionárias ou sub- contas, é natural
que a sua extensão seja igual à soma das extensões das suas subcontas. Portanto, em qualquer
momento, o débito duma conta colectiva é igual à soma dos débitos das suas subcontas e o seu
crédito igual à soma dos créditos das mesmas.
Por vezes reúnem-se numa só conta elementos patrimoniais que pertencem aos dois membros do
balanço (activo e passivo). Tais contas são denominadas mistas. Por exemplo, as contas «Outros
Devedores» (do activo) e «Outros Credores» (do passivo), são por vezes reunidas numa única conta
denominada «Outros Devedores e Credores)> onde se registarão as variações das dívidas a receber
e das dívidas a pagar.
Nas contas mistas, para apuramento da situação real ao fim de determinado período, deve efectuar-
se a discriminação entre os valores activos e os valores passivos, separando-os, ainda que sob o
mesmo título da conta.

Devido à grande generalidade de algumas contas, estas são divididas em outras contas mais
específicas e, necessariamente, de maior significado, cujos saldos deverão ser transferidos para as
contas de que fazem parte. As primeiras, ou seja, as que tratam de valores de maior generalidade
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dizem-se principais; as segundas, que resultam do desdobramento das principais para efeitos de
registo contabilístico e cujo saldo se deve transferir para aquelas, dizem-se subsidiárias.
Resumindo, diremos que existe um desdobramento horizontal ou paralelo entre as contas principal e
subsidiária, e um desdobramento vertical ou descendente entre as contas colectiva e divisionária.

Teremos então numa primeira classificação:

5.4.1 Contas do Activo


(Compreendem todos os elementos patrimoniais activos — aqueles com a característica de serem
propriedade do titular do património). Neste podemos distinguir as seguintes contas:

a) Contas de disponibilidades (meios monetários)


™ Caixa: Inclui as notas de banco e moedas, cheques, vales postais (nacionais e estrangeiros);
™ Depósitos à ordem: Regista o movimento das contas bancárias (à ordem) das empresas.

b) Contas de créditos
Registam as dívidas de terceiros a receber pela empresa e distinguem-se várias, consoante a natureza das
operações e das entidades devedoras:
™ Depósitos com pré-aviso
™ Depósitos a prazo
™ Clientes
™ Empréstimos concedidos e obtidos
™ Sector público e estatal
™ Sócios e associados
™ Outros devedores e credores - Respeita às dívidas de terceiros que não estejam abrangidas pelas
contas anteriores.
c) Contas de existências
Pode haver vários tipos de contas de acordo com a empresa em estudo:

™ Mercadorias: Respeita aos bens existentes na empresa com destino à venda e não sujeitos a qualquer
transformação no seu seio; no seu preço de custo devem ser incluídas as despesas adicionais de
compra. (Essencialmente empresas comerciais);

Nas empresas industriais:

™ Bens adquirido com vista à sua incorporação nos produtos finais.


¾ Matérias primas;
¾ Matérias subsidiárias;
¾ Matérias de consumo.
™ Bens provenientes da actividade industrial ou transformadora
¾ Produtos acabados e semi - acabados;
¾ Subprodutos, resíduos, desperdícios e refugos;
¾ Produtos e trabalhos em curso.

™ Embalagens comerciais retornáveis.

Os três tipos de contas acima referidas. Contas de disponibilidades; contas de créditos e contas de existência,
constituem o Activo Circulante, sendo o primeiro tipo aquele que representa os meios monetários e os outros
dois o activo realizável.

d) Contas de imobilizações
Os bens e direitos adquiridos para rendimento e/ou controle de outras empresas, ou para serem utilizados na
própria actividade empresarial com carácter de permanência são relevados nas seguintes contas:

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™ Aplicações Financeiras, inclui as participações de capital e outros títulos adquiridos pela empresa
para rendimento ou controlo de outras empresas. Devem ser também aqui englobados os títulos da
dívida pública e os empréstimos de financiamento concedidos. (Imobilizações Financeiras);
™ Imobilizações corpóreas, onde se classificam os bens tangíveis, tais como terrenos, edifícios
(administrativos, fabris e outros), equipamento de transporte (camionetas, automóveis, motociclos,
etc., para uso da empresa), máquinas, ferramentas, e equipamento administrativos (mesas, cadeiras,
estantes, máquinas de escritório, aquecedores, etc.)
™ Imobilizações incorpóreas, inclui elementos patrimoniais sem existência física, tais como trespasses,
patentes, marcas, alvarás, licenças, concessões, gastos de constituição e de organização da empresa, de
aumentos de capital, estudos e projectos.
™ Imobilizações em curso
™ Custos plurianuais, inclui gastos que se reflectem por vários anos, nomeadamente campanhas
publicitária e conservação plurianual.

As contas de imobilizações constituem como se deve depreender o Activo Fixo.

5.4.2 Contas do Passivo


(Compreendendo todos os elementos patrimoniais passivos — as obrigações pecuniárias que o titular do
património terá de satisfazer). São as seguintes as contas:

a) Fornecedores - Engloba todas as dívidas a pagar, resultantes da aquisição, pela empresa, de bens e
serviços, com excepção dos destinados ao imobilizado.
b) Empréstimos concedidos e obtidos - Engloba os financiamentos contraídos pela empresa, particulares
ou não.
c) Estado e outras entidades públicas - Abrange as operações com a Administração Central e Local e ainda
com as Instituições de Previdência, à excepção de transacções ou financiamentos.
d) Sócios e associados
e) Outros devedores e credores - Respeita às dívidas para com terceiros, que não estejam contempladas
nas contas precedentes.

Note-se que o exigível a curto prazo engloba todas as dívidas até um ano, abarcando nomeadamente as
contas de fornecedores e sector público estatl, enqanto o exigível a médio e longo prazo engloba as três
restantes contas, nomeadamente.

5.4.3 Contas de Situação Líquida ou Capital Próprio


(englobando os valores patrimoniais abstractos por que se traduz a diferença entre o Activo e o Passivo).
Destacam-se:

a) Capital, para as sociedades esta conta respeita ao capital nominal subscrito. Regista também o capital
fixado dos estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada e o capital inicial das empresas
públicas. Para as empresas em nome individual esta conta compreende não só o capital inicial e adquirido,
mas ainda as operações de natureza financeira com o respectivo proprietário.
b) Reservas (legais, estatutárias, livres, reavaliação), são contas constituídas em geral à base da retenção
de lucros, visando o aumento dos meios de acção das empresas (auto - financiamento), etc.
c) Resultados, visa o apuramento do resultado de cada exercício económico.

5.4.4 Contas de gestão


Neste tipo de contas surgem-nos as Contas de Custos e Contas de Proveitos

a) Custos
™ Custo de existências vendidas e consumidas;
™ Subcontratos;
™ Fornecimento e serviços de terceiros;
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™ Impostos;
™ Despesas com pessoal;
™ Despesas financeiras;
™ Outras despesas e encargos;
™ Amortizações e reintegrações do exercício;
™ Provisões do exercício.

b) Proveitos
™ Vendas de mercadorias e produtos;
™ Prestação de serviços;
™ Subsídios destinados à exploração;
™ Receitas suplementares;
™ Receitas financeiras correntes,
™ Receitas de aplicações financeiras;
™ Outras receitas.

5.4.5 Outras contas


a) Contas de resultados anormais, que podem ser extraordinários para o exercício (resultados
extraordinários do exercício) e de exercícios anteriores (resultados de exercícios anteriores).
b) Contas de correcção do activo, temos as seguintes:
ƒ Provisões para cobranças duvidosas;
ƒ Provisões para depreciações de existências;
ƒ Provisões para imobilizações financeiras.
c) As amortizações e reintegrações, pretendem relevar o desgaste funcional dos equipamentos. Estas
contas utilizam-se também para relevar a obsolescência económica ou tecnológica os equipamentos.

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