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Q1 A figura 1 mostra, em corte, um recipiente cilı́ndrico de paredes adiabáticas munido de um pistão adiabático

vedante de massa M = 2 kg e raio R = 5 cm que se movimenta sem atrito. Este recipiente contém um mol
de H2 na temperatura Ti = 27 o C e submetido à pressão atmosférica Po , devido a uma trava externa que
fixa a posição do pistão. Verifica-se que após a trava ser liberada o pistão passa a executar um movimento
oscilatório.

a) (0,5) Determine a pressão Pe , o volume Ve e a tempe-


ratura Te do gás, quando, no decorrer deste movi-
mento, o pistão passar pela posição de equilı́brio.

b) (0,5) Mostre que se o cilı́ndro for suficientemente longo, o movimento oscilatório do pistão será harmônico
simples de perı́odo s
2 M Ve C
τ= 2 , sendo γ= P .
R γPe CV
c) (0,5) Usando as condições iniciais, obtenha a expressão para o volume do gás V (t) em função do tempo.
d) (0,5) Desenhe num diagrama P × V o processo termodinâmico seguido pelo gás em cada ciclo de oscilação,
especificando os valores numéricos das variáveis P , V e T nos estados extremos do sistema.
e) (0,5) Determine o trabalho W realizado em cada meio ciclo de oscilação do pistão.

GABARITO Q1 a) Inicialmente, a condição de equilı́brio para o pistão será dada por


Fpres. + M g = 0 =⇒ (Pe − Po ) A = M g =⇒ Pe = Po + M g/A =⇒ Pe = 1, 025 atm .
Pela equação de estado do sistema temos que Vi = (RTi )/Pi . Usando isto e o fato de que a
transformação durante o movimento é adiabática, então
 1/γ  1/γ
γ γ Pi Pi RTi
Pi V i = Pe V e =⇒ Ve = Vi =⇒ Ve = =⇒ Ve = 24, 2 litros .
Pe Pe Pi
Para obtermos a temperatura de equilı́brio basta usarmos que
Pe V e
Te = =⇒ Te = 302, 2 K = 29, 2 o C .
R

b) Quando solto a equação de movimento do pistão será obtida por


d2 y d2 y
FR = M ŷ = Fpres. + M g =⇒ M ŷ = [P (y) − Po ] Aŷ − M gŷ ,
dt2 dt2
sendo y a posição do pistão relativa ao fundo do recipiente, P (y) = Pe + ∆P e V (y) = Ve + ∆V .
Contudo, sendo a transformação adiabática, teremos que
 
Pe
Pe Veγ = cte. =⇒ ∆ Pe Veγ = 0 =⇒ Veγ ∆P +γPe Veγ−1 ∆V = 0 =⇒ ∆P = −γ

∆V .
Ve

1
Nesta altura, se considerarmos que ∆V = A(y − ye ) = Ay 0 , sendo y 0 a posição do pistão relativa à
sua posição de equilı́brio, então teremos que
     
APe APe Mg APe
∆P = −γ y 0 =⇒ P (y) = Pe − γ y 0 =⇒ P (y) = Po + −γ y0 .
Ve Ve A Ve

Portanto, levando este resultado na equação de movimento encontraremos


s
d2 y 0 A2 P e d2 y 0 γA2 Pe
 
M 2 ŷ = −γ y 0 ŷ =⇒ + ω2 y0 = 0 , sendo ω= ,
dt Ve dt2 M Ve

cuja solução será da forma y 0 (t) = yA cos (ωt + φ) e com perı́odo


s
2π 2 M Ve
τ= =⇒ τ= 2 ,
ω R γPe

já que A = πR2 .


c) O volume do gás com o passar do tempo será dado por

V (y) = Ve + ∆V = Ve + Ay 0 =⇒ V (t) = Ve + AyA cos (ωt + φ) .

Dessa forma se considerarmos as condições iniciais do problema


( (
dV (0) Vi = Ve + AyA cos φ φ=0
V (0) = Vi , = 0 =⇒ =⇒
dt −ωyA sen φ = 0 yA = (Vi − Ve )/A

portanto levando isto na equação para V (t) encontraremos

V (t) = Ve + (Vi − Ve ) cos (ωt) =⇒ V (t) = [24, 2 + 0, 4 cos (13, 6 t)] litros .

d) O sistema descreverá um processo adiabático cı́clico cujos estados extremos são definidos por

 
Vi = 24, 6 litros
 Vf = 23, 8 litros


Pi = 1, 00 atm e Pf = Vi /Vf Pi = 1, 05 atm
 
Ti = 300 K Tf = Pf Vf /R = 303, 6 K
 

que se encontra ilustrado diagrama P × V acima.


e) Usando o fato de que o processo é adiabático (Qif = 0) e a primeira lei da termodinâmica, teremos
que a variação da energia interna do sistema e o trabalho realizado sobre ele serão dados por

∆Uif = −Wif = cV Tf − Ti =⇒ ∆Uif = −Wif = 74, 8 J ,

onde usamos o fato de que, para este gás, cV = 5R/2 .

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Q2 A figura 2 mostra um fio composto de dois pedaços emendados de fios de aço e alumı́nio de mesma área
3
de seção transversal a = 1 mm2 com densidades volumétricas ρ1 = 7, 80 g/cm , no caso do aço, e
3
ρ2 = 2, 60 g/cm para o alumı́nio. Sabe-se que o fio de aço tem L1 = 86, 6 cm de comprimento, que na
extremidade do fio de alumı́nio está dependurado um bloco com M = 10 kg de massa e que a distância
entre a junção dos fios e a roldana de suporte é L2 = 60 cm. Ao usar uma fonte externa de frequência
variável para criar ondas transversais no fio composto, determine:

a) (1,0) a velocidade de propagação v das ondas progressi-


vas em cada pedaço do fio composto;

b) (1,0) a frequência mais baixa fo a ser ajustada na fonte


que originará uma onda estacionária com nodo na
junção dos fios;

c) (0,5) os comprimentos de onda λ em cada pedaço e o número n de nodos observados para esta onda
estacionária no fio composto.

GABARITO Q2 a) s s s
s s
T Mg Mg Mg (10 kg) × (9, 8m/s2 )
v1 = = = = = = 112m/s
µ1 ρ1 V1
L1
ρ1 aL1
L1
ρ1 a (7800kg/m3 ) × (10−6 m2 )
s s s
T Mg (10 kg) × (9, 8m/s2 )
v2 = = = = 194m/s
µ2 ρ2 a (2600kg/m3 ) × (10−6 m2 )

b) Tratando-se de um fio com extremidades fixas então sabemos que

λ1 = 2L1 /n1 e λ2 = 2L2 /n2 ,

portanto s s
v n Mg v n Mg
f1 = 1 = 1 ; f2 = 2 = 2 .
λ1 2L1 ρ1 a λ2 2L2 ρ2 a
Contudo a vibração acontece no mesmo fio de modo que devemos ter f1 = f2 e impondo esta
condição nas expressões que encontramos anteriormente obteremos
r
n1 L1 ρ1 5
= = .
n2 L2 ρ2 2

Assim sendo, os menores valores inteiros que satisfazem a condição acima serão n1 = 5 e n2 = 2
de forma que levando qualquer um deles nas expressões obtidas para f1 ou f2 , encontraremos que
fo = 323 Hz.
c) Os comprimentos de onda em cada pedaço do fio composto será dado por

2 2
λ1 = L = 34, 6 m ; λ2 = L1 = 60 m .
5 1 2
Por sua vez o número total de nodos no fio composto
terá o valor n = n1 + n2 + 1 = 8 . A figura abaixo
ilustra o modo de vibração da corda para esta situação.

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Q3 Um fluido gira com velocidade angular constante ω em relação ao eixo vertical central (tomado como eixo
y) de um reservatório cilı́ndrico.
a) (1,0) Mostre que a variação da pressão na direção radial é expressa por

dp
= ρω 2 r
dr

b) (0,5) Faça p = pc no eixo de rotação (r = 0) e mostre que a pressão p


em um ponto qualquer a uma distância r vale
1
p = pc + ρω 2 r2
2

c) (1,0) Assuma que a pressão varia com a profundidade de acordo com


p = ρgh. Mostre que a superfı́cie do lı́quido possui a forma de um
parabolóide de revolução, isto é, uma seção transversal vertical da
2 2
superfı́cie pode ser representada pela curva y = ω2gr .

GABARITO Q3 a) A força resultante sobre um pequeno elemento de volume do fluido de massa dm a uma distância r
do eixo é a responsável pela sua aceleração centrı́peta, logo ela é igual a dF = rω 2 dm. Então
dF dm dp
= −rω 2 =⇒ − rω 2 ρ
dr dr dr

b) Integrando do eixo do cilindro (onde p = pc ) até r temos


Zr
1
p = pc + ρω 2 r0 dr0 = pc + ρω 2 r2
2
0

c) A pressão em qualquer ponto do lı́quido é então dada por


1
p = p0 + ρω 2 r2 − ρgy
2
onde p0 é a pressão na superfı́cie e y é a profundidade medida a partir da superfı́cie. A superfı́cie é
definida por p = p0 , logo
1 2 2 r2 ω 2
ρr ω − ρgy = 0 =⇒ y =
2 2g

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Q4 A estrutura vazia de um balão, junto com a cabine, tem massa 850 kg. Cheio de ar ele adquire um volume
V0 = 6, 0 × 106 litros. Em um belo dia de inverno do ano 1785, em condições normais de temperatura e
pressão (CNTP, i.e., T0 = 273 K e p0 = 1, 0 × 105 Pa), Jacques e Etienne de Montgolfier, cada um com
massa 75 kg, decidem dar uma volta no balão. Considerando o ar como um gás diatômico:

a) (1,3) Calcule a temperatura mı́nima até a qual o ar do balão tem que ser aquecido para subir?
b) (1,2) Determine a quantidade de calor Q necessária para aquecer o ar até a temperatura desejada, calculada
no ı́tem (a).

GABARITO Q4 a) O empuxo ρ0 gV0 tem que ser maior ou igual ao peso total: P = ρ(T )gV0 + M g, onde M = 1000 kg e
ρ(T ) é a densidade do ar quente dentro do balão. Com p0 e V0 constantes, a densidade é proporcional
ao número de moles, que é inversamente proporcional à temperatura: ρ(T ) n(T ) T0
ρ0 = n0 = T . Achamos
então
ρ0 V 0 T 0
T ≥ ≈ 313 K
ρ0 V 0 − M
b) Temos que Cp = 72 R (gás diatômico) e

dT 7 dT
δQ = n(T )Cp dT = n0 T0 Cp = n0 RT0
T 2 T
donde,    
7 T 7 T
Q= n0 RT0 ln = p0 V0 ln = 2, 9 × 108 J
2 T0 2 T0

FORMULÁRIO

cágua = 1, 0 gcal
◦C
cal
cgelo = 0, 5 g◦ C
vsom = 340m/s
Lfusao = 80cal/g (gelo) g = 9, 8m/s2
Lvapor = 2, 256 × 106 J/kg (água) P + 12 ρv 2 + ρgy = cte
1 cal = 4,186 J q q
R = 8, 31 molJ K v = Tµ , v = Bρ
mH mol = 2, 0 /mol
2 g f 0 = vvsom
som +vo
−vf f (aprox. da fonte (f ) e do observador (o))
CP = CV + nR , ρágua = 0, 998 × 103 kg/m3 , ρgelo = 0, 917 × 103 kg/m3
CV = 2q nR ,  q ≡ número de graus de liberdade. ρFe = 7, 8 × 103 kg/m3 , ρar = 1, 3kg/m3
W = nRT ln
Vf Patm = 1, 013 × 105 N/m2
Vi
1
W = γ−1 (pi Vi − pf Vf )

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