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EDUCAÇÃO DE MERCADO

Vlademir José Luft

Primeiro, em tempos mais remotos, foram os trabalhadores da terra. Depois os


artesãos. Com o advento da máquina vieram os operários da indústria. A maior influência
do Estado trouxe com ela os burocratas. Em tempos mais recentes, com a chegada dos
sistemas magnéticos, impôs-se o trabalhador virtual. Em todos eles uma necessidade
básica: o homem.

Nos primeiros momentos, da população mais humilde nada era exigido a não ser
sua força de trabalhado, com a qual a classe dominante criava e acumulava sua riqueza. Em
tempos atuais nada mudou, para aqueles que detinham a força de trabalho não restou outra
coisa que não a revolta e a inconformidade com o acirramento da situação na qual a falta de
informação tem levado a maioria da população mundial ao total alijamento de qualquer
sistema de produção.

Como exemplo poderíamos citar os concursos públicos para vagas na limpeza


urbana de grandes cidades onde é comum encontrarmos pessoas portadoras de diploma
universitário concorrendo.

Quatro motivos poderiam ser citados como decorrentes deste processo. O


primeiro de que a formação obtida por este indivíduo é frágil a ponto de não lhe garantir a
condição de postulante a uma vaga dentro da área de sua formação acadêmica; segundo a
inexistência, ou o sucateamento, da grande maioria dos cursos profissionalizantes a nível de
segundo grau; terceiro a quantidade de mão-de-obra excedente; e quarto o baixo nível desta
mão-de-obra excedente.

Com relação a este excedente de mão-de-obra, desqualificado em nosso entender,


pensamos que a responsabilidade está no sistema educacional implantado nas últimas
décadas e que atinge frontalmente as classes mais desfavorecidas da sociedade. Este
sistema tem levado o estudante a evadir-se da escola, em todos os seus níveis, e a não mais
ser preparado para atividades essenciais da sociedade e sim preparar os mais favorecidos,
intelectual e financeiramente, para assumir as poucas vagas existentes no sistema
universitário público, que por sua vez também é deficiente e segregador.

A educação atual, que busca qualificar pela informação, não necessariamente a


melhor informação mas pela maior quantidade dela, tornou-se uma mercadoria e seus
produtores, as escolas, deixaram de ser um agente da educação para tornarem-se seus
empresários. É dessa forma que temos visto escolas, a nível básico, fundamental e superior,
anunciando e concorrendo, com todas as regras de mercado, na busca de mais alunos.
Alunos estes que passaram a ser clientes, com todos os direitos, inclusive de reclamações
no PROCON. Agora faltam apenas as escolas terem selo de qualidade, com um “ISO
qualquer coisa”.
É lamentável estarmos falando sobre isso, quando deveríamos estar discutindo a
melhor educação e não a sua vulgarização. Educação é investimento da mais alta prioridade
e apenas com ele um país como o Brasil deixará de ser de terceiro mundo.

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