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Nome do Advogado
1. DA EXPOSIÇÃO FÁTICA
O Autor, Luiz Alberto, celebrou um negócio jurídico com o Réu, que se caracterizava
na compra de um medicamento que tinha como finalidade inibir a rejeição do transplante de
rim da sua filha, Liliane Nunes, de 08 (oito) anos de idade. A filha do Autor, é portadora de
diabetes do tipo I e já realizou três cirurgias de transplante de rim, entretanto, não obteve
sucesso nenhum, uma vez que há rejeição do órgão. O quadro clínico da menina era grave,
correndo risco de morte.
Os esforços realizados pela família somente amenizaram o problema, uma vez que
realmente fazia-se necessário a intervenção cirúrgica para um transplante com sucesso, sem
rejeição. Em 05 de Julho de 2016, a médica da família, dra. Maria Roboredo, os comunicou
que havia um remédio em fase de experimentação que inibia a rejeição do transplante de rim.
Porém, ainda não estava disponível no mercado. Liliane, filha do Autor, certamente não
aguentaria esperar o medicamento entrar no mercado. Em 15 de Julho de 2016, foi baixada
uma portaria pelo Ministério da Saúde que permitia a comercialização do referido remédio,
estipulando seu valor de mercado em R$1.500,00 (um mil e quinhentos reais).
Contudo, em 17 de julho de 2016, Liliane foi internada no CTI do Hospital EMEC,
ficando o Autor e toda a família da menina desesperada com seu estado de saúde. O Réu, que
ajudava no tratamento da mesma, ciente do risco de morte que ela corria e dos remédios que
necessitava, procura o Autor, Luiz Alberto e o informa que o medicamento ainda irá demorar
para ser efetivamente comercializado, no entanto, ele tinha conseguido através de um
laboratório um frasco, instruindo que esse era o único existe no Brasil.
O Autor, que não vislumbrava outra saída para sua filha naquele momento, manifesta
interesse em adquirir o remédio, sendo o único meio de salvar a pequena Liliane. Thomas,
aproveitando-se da situação, estipula a quantia do medicamento em R$16.000,00 (dezesseis
mil reais), a qual foi paga por Luiz Alberto, na presença das enfermeiras Janice Costa e
Gabrielle Martins, mediante a entrega do recibo do qual consta o valor efetivamente pago,
acostado aos autos.
Levando-se em consideração que o Autor, diante da situação narrada, assumiu uma
obrigação excessivamente onerosa, premido da necessidade de salvar sua filha, roga pela
anulação do negócio jurídico pactuado. Cumpre salientar que o Autor tentou resolver a
situação supramencionada de forma administrativa, a qual não logrou êxito. Neste diapasão,
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sem outra alternativa, o Requerente busca proteção de seus direitos ensejando a presente ação
de anulação de negócio jurídico, conforme fundamentos a seguir explanados.
O Código Civil, no seu Capítulo IV, do livro III, dá a essas falhas de vontade a
denominação de “defeitos dos negócios jurídicos”, os quais se subdividem em defeitos ou
vícios de consentimento e defeitos ou vícios sociais. In Casu, vislumbramos o defeito do
negócio jurídico em razão do estado de perigo, vejamos o que determina o artigo 156 do
Código Civil:
Diante dos fatos narrados, restou provado que o Réu, beneficiando-se da premente
necessidade do Autor em socorrer sua filha, que corria risco de vida, induziu-o a comprar o
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medicamento por um preço excessivo ao que deveria ser comercializado no mercado, obtendo
vantagem econômica e ilícita, o que caracteriza o vício alhures descrito.
Assim, a sanção a ser aplicada ao ato eivado de estado de perigo é a sua anulação,
tendo em vista que é evidente a obrigação excessivamente onerosa, bem como, que o
Réu, tinha conhecimento da situação que o Autor estava vivenciando, aproveitando-se
disso para tirar proveito da situação, como também, enriquecer sem causa.
“Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico:
(...)
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores”. (Grifo Nosso).
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3. DOS PEDIDOS
b) Seja desfeito o negócio jurídico ora celebrado, tendo em vista que o mesmo foi
realizado com vício de consentimento;
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Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados,
especialmente prova testemunhal, depoimento pessoal da parte e inspeção judicial.
Por fim, manifesta o interesse na audiência conciliatória, nos termos do artigo 319,
inciso VII, do Código de Processo Civil.
Nestes termos
Pede Deferimento.
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