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identidade em Cristo
Traduzido do original em inglês
Slave : the hidden truth about your identity in Christ
Copyright ©2010 by John McArthur
ISBN: 978-85-8132-236-0
Capa
Folha de Rosto
Créditos
Prefácio
1. Uma Palavra Oculta
2. História Antiga, Verdade Eterna
3. O Escravo Bom e Fiel
4. O Senhor e Mestre (Parte 1)
5. O Senhor e Mestre (Parte 2)
6. Nosso Senhor e Nosso Deus
7. O Mercado Escravo do Pecado
8. Preso, Cego e Morto
9. Salvo do Pecado, Escravizado Pela
Graça
10. De Escravos a Filhos (Parte 1)
11 . De Escravos a Filhos (Parte 2)
12. Pronto a Encontrar-se com o
Mestre
13. As Riquezas do Paradoxo
Apêndice: Vozes da História da
Igreja
Editora Fiel
PREFÁCIO
John MacArthur
1
UMA PALAVRA OCULTA
E u sou Cristão”
O jovem rapaz não disse nada mais,
perante o governador Romano, mesmo
tendo sua vida em jogo. Seus acusadores o
pressionavam novamente, buscando fazê-lo
tropeçar ou forçá-lo a negar a fé. Porém, mais uma
vez ele respondeu com a mesma sentença curta:
“Eu sou Cristão”.
Era a metade do Século Segundo, durante o
reinado do Imperador Marco Aurélio.(1) O
cristianismo era ilegal, e em todo o Império
Romano os crentes enfrentavam ameaças de
prisão, tortura ou morte. A perseguição era
intensa, especialmente no sudeste da Europa,
onde Sanctus, um diácono de Viena, havia sido
preso e levado a julgamento. O jovem foi
repetidamente ordenado a renunciar a fé que
professava. Mas ele não se deixava dissuadir. “Eu
sou Cristão”
Não importava o que lhe era perguntado, sua
resposta era sempre a mesma. De acordo com
Eusébio, o historiador da igreja primitiva, Sanctus
“se cingiu contra (seus acusadores), com tal
firmeza, de forma a nem mesmo dizer o seu nome,
nação ou cidade a qual pertencia, nem se era
escravo ou livre, mas dava a mesma resposta a
todas as questões, na língua romana: Eu sou
Cristão.”(2)
Quando finalmente ficou óbvio que não diria
nada mais que isto, foi condenado a severa tortura
e à morte pública, no anfiteatro. No dia de sua
execução, foi forçado a passar por duas fileiras de
homens munidos de açoites, foi submetido a feras
selvagens e atado a uma cadeira de ferro em brasa.
Com estas coisas, seus acusadores intentavam
fazê-lo desistir, convencidos de que sua resistência
sucumbiria ante a dor do tormento. Mas, como
Eusébio relata, “Mesmo assim, eles não ouviram
uma só palavra de Sanctus, exceto a confissão que
ele balbuciara desde o começo”.(3) Suas palavras na
hora da morte manifestavam um compromisso
imortal. Sua contínua expressão se repetiu
durante todo o julgamento: “Eu sou Cristão.”
Para Sanctus, toda a sua identidade —
incluindo seu nome, cidadania e estatus social —
estava em Jesus Cristo. Assim, melhor resposta
não poderia ser dada às questões que lhe faziam.
Ele era um cristão, e esta designação definia tudo
a seu respeito.
Esta mesma perspectiva foi compartilhada
por muitos outros, na igreja primitiva. Alimentou
os seus testemunhos, fortaleceu suas resoluções e
confundiu seus opositores. Quando eram presos,
estes corajosos crentes confiantemente
respondiam assim como Sanctus, com uma
afirmação sucinta de sua lealdade a Cristo. Como
um historiador explicou sobre os primeiros
mártires:
PROPRIEDADE EXCLUSIVA
Como vimos no capítulo 2, a lei romana
considerava os escravos como “uma propriedade
em absoluto controle de um dono.”(8) Os servos
contratados, assim como os empregados da
atualidade, podiam escolher seus mestres e
podiam parar de trabalhar, caso quisessem, mas os
escravos não tinham escolhas. Fossem eles
vendidos à escravidão ou nascidos assim, os
escravos pertenciam inteiramente ao seu
possuidor.
O Novo Testamento suscita este tema, ao
explicar tanto o passado pecaminoso do crente
quanto o seu relacionamento presente com Cristo.
(9) Embora tenhamos nascido escravos do pecado,
tendo herdado de Adão uma condição de
escravidão, fomos comprados por Cristo, por sua
morte na cruz.(10) Fomos comprados por preço;
portanto, não estamos mais sob a autoridade do
pecado. Ao contrário, estamos sob a posse
exclusiva de Deus.(11) Cristo é nosso novo Mestre.
(12) Como Paulo fala em Romanos: “Graças a Deus
porque, outrora, escravos do pecado, contudo,
viestes a obedecer de coração à forma de doutrina
a que fostes entregues; e, uma vez libertados do
pecado, fostes feitos [escravos] da justiça” (Rm.
6.17–18).
Como cristãos, somos parte de “um povo
exclusivamente seu” (Tito 2.14), tendo-nos
juntado à multidão daqueles que “são de Cristo
Jesus” (Gl. 5.24) e que O adoram como nosso
“Senhor no céu” (Cl. 4.1). Assim como os escravos
do primeiro século recebiam novos nomes de seus
senhores terrenos,(13) também cada um de nós
receberá um novo nome de Cristo. Ele mesmo
prometeu, em Apocalipse 3.12, ao que vencesse:
“Gravarei também sobre ele o nome do meu Deus,
o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém
que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o
meu novo nome.”
Os crentes, no estado eterno, servirão o
Senhor como seus escravos, para sempre. “e na sua
fronte está o nome dele” (Ap. 22.4). A imagem é
inevitável, como um comentarista explica: “
‘Escrever o nome sobre’ alguma coisa é uma
expressão figurativa comum em Hebraico, para
denotar que se tomou posse absoluta de algo e a
tornou completamente sua”.(14) Receberemos o
nome de Cristo, porque seremos eternamente sua
possessão exclusiva.
SUBMISSÃO COMPLETA
Ser um escravo não significava apenas
pertencer a alguém, mas também estar sempre
disponível para obedecer, em tudo, àquela pessoa.
O único dever do escravo era cumprir os desejos do
mestre; e o escravo fiel era desejoso de assim o
fazer, sem hesitação ou queixas. Afinal, “os
escravos não tinham outra lei, a não ser a palavra
de seu senhor; não possuíam qualquer direito
pessoal; eles eram absoluta possessão de seu
mestre, e sujeitos a prestar-lhes inquestionável
obediência.”(15)
Com base nesta imagem, repetidas vezes o
Novo Testamento conclama os crentes a fielmente
obedecerem ao Mestre. Como explica um autor:
Assim como Cristo é o Senhor, o cristão é um escravo, devendo
obediência sem questionamento. Paulo compara, explícita e
literalmente, a vida espiritual com a escravidão (e.g.Cl. 3.22-
24), fala de marcas de escravo, selo da possessão de Cristo, e
elabora em detalhe a concepção do cristão, como tendo sido
comprado e pertencendo ao seu Senhor: “não sois de vós
mesmos...porque fostes comprados por preço”. Estar vivo,
afinal, significa trazer “fruto para o meu trabalho” — o
escravo existe somente para trabalhar! (I Co. 6.9,20; Fp. 1.22).
Assim representada, a consagração é uma completa submissão
moral à reivindicação absoluta de Cristo e seu direito de
propriedade.(16)
DEVOÇÃO SINGULAR
A vida de um escravo, na época do Novo
Testamento, pode ter sido difícil, mas era
relativamente simples. Os escravos tinham um
alvo principal: realizar o desejo de seu mestre. Em
áreas nas quais lhes eram dados comandos diretos,
era exigida sua obediência; nas áreas em que não
eram dados comandos diretos, eles precisavam
encontrar formas de agradar seu mestre o melhor
que pudessem. Este tipo de dedicação focada, que
marcou a escravidão do primeiro século, também
caracterizou o cristianismo bíblico. Como os
escravos, também devemos ser dedicados, só e
totalmente, ao nosso Mestre. O que deve ser nossa
maior preocupação está resumido nas palavras de
Cristo: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo
o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu
entendimento e de toda a tua força” (Marcos
12.30). Tal devoção exclusiva torna impossível
servir a Deus e a outros senhores ao mesmo
tempo. Não podemos, simultaneamente, servir a
Deus e ao dinheiro; adorar o verdadeiro Deus e aos
ídolos; ou viver de acordo com o Espírito e com a
carne.(17)
Em tudo devemos fazer “o que é agradável
diante dele” (Hb. 13.21). Esta era a motivação por
trás das palavras aos Coríntios: “É por isso que
também nos esforçamos, quer presentes, quer
ausentes, para lhe sermos agradáveis” (2 Co. 5.9).
Os crentes devem viver “para o seu inteiro agrado”
(Cl. 1.10), andar de modo a “viver e agradar a
Deus” (1 Ts. 4.1), e fazer aquilo que é “agradável a
Deus” (Rm. 14.18). Somos chamados a buscar a
sua glória em tudo que fazemos, desejando nos
conduzir de um modo digno de seu nome.(18) Em
última instância, a única coisa que importa é a
aprovação e a recompensa do Mestre. Para o
escravo fiel, esta é uma motivação suficiente.
DEPENDÊNCIA TOTAL
Como participante da família do seu senhor,
os escravos eram completamente dependentes dos
mestres nas necessidades básicas da vida,
incluindo alimentação e abrigo. Suas refeições
normalmente consistiam de milho, e por vezes
outros grãos ou pão. “Além de milho ou pão, o sal
e óleo também eram comumente providos. Nem
carne, nem vegetais faziam parte da dieta regular
dos escravos, mas, ocasionalmente, quando o figo
e outras frutas não eram abundantes, recebiam
uma pequena quantidade de vinagre, peixe salgado
ou azeitonas.”(19) Em relação à habitação, os
escravos domésticos viviam usualmente com seus
mestres, seja em senzalas separadas ou, quando a
família era pequena, onde houvesse
disponibilidade de espaço.(20) Embora isso fosse
básico, da perspectiva atual tais provisões eram
geralmente adequadas. Além do mais, isto dava
uma vantagem significativa sobre os que não eram
escravos. Ao contrário das pessoas livres, os
escravos não precisavam se preocupar em achar
algo para comer ou um lugar para dormir. Visto
que suas necessidades eram supridas, eles podiam
se concentrar inteiramente em servir o seu mestre.
Mais uma vez, o paralelo com a vida cristã é
impressionante. Como crentes, podemos nos
concentrar nas coisas que Deus nos chamou a
fazer, confiando que Ele vai suprir nossas
necessidades. “Não vos inquieteis, dizendo: Que
comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos
vestiremos? Porque os gentios é que procuram
todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que
necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro
lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas.” (Mt. 6.31-33).
Aqueles cuja maior prioridade é agradar a Deus
podem estar certos de que Ele tomará conta deles.
(21)
Ninguém entendia este princípio melhor do
que o apóstolo Paulo. Como um “escravo de
Cristo”, ele havia desistido de tudo para servir o
seu Senhor. Seu ministério não foi fácil,
humanamente falando. Ele foi repetidamente
espancado, preso, posto em perigo e ameaçado de
morte. No entanto, e apesar de tudo, Deus sempre
o proveu com tudo de que ele precisava, para que
pudesse cumprir fielmente o seu ministério. “Não
andeis ansiosos de coisa alguma”, ele escreveu aos
Filipenses, “em tudo, porém, sejam conhecidas,
diante de Deus, as vossas petições, pela oração e
pela súplica” (4:6)
No mesmo capítulo, ele explica que aprendeu
o segredo de viver contente, não importando as
circunstâncias. Consequentemente, ele podia
declarar: “Tudo posso naquele que me fortalece”
(v. 13). O contentamento de Paulo resultava,
tanto por confiar em Cristo completamente,
quanto por avaliar corretamente suas
necessidades. Como ele esclareceu a Timóteo:
“Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos
contentes.” (1 Tm. 6:8).
Baseando-se em toda uma vida de confiança
no Mestre, Paulo podia seguramente dizer aos
Filipenses: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza
em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma
de vossas necessidades” (4.19). Ele havia
igualmente dito aos Coríntios: “Deus pode fazer-
vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo
sempre, em tudo, ampla suficiência,
superabundeis em toda boa obra” (2 Co. 9:8). O
próprio Paulo dependia de Cristo a cada dia,
descansando nas promessas de Deus para ele:
“Minha graça te basta, porque o poder se
aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co. 12.9). Mesmo em
meio a circunstâncias aparentemente terríveis,
Paulo permaneceu confiante e grato.(22) O simples
fato de saber que estava aos cuidados do Mestre
tornou-lhe possível enfrentar qualquer
dificuldade. Como ele escreveu aos crentes em
Roma:
RESPONSABILIDADE PESSOAL
Em tudo que faziam, os escravos do primeiro
século prestavam conta inteiramente aos seus
senhores. Afinal de contas, a avaliação do mestre
era a única coisa que importava. Se o mestre
estivesse satisfeito, o escravo igualmente se
beneficiaria. Uma vida inteira de fidelidade
poderia até mesmo ser, eventualmente,
recompensada com uma alforria, ou liberdade.
Mas, se o mestre estivesse insatisfeito, o escravo
poderia esperar uma disciplina adequada,
geralmente algo severo, como açoites. Punições
mais extremas, que incluíam “crucificação, quebrar
ossos, amputações, betume quente, cadeias no
pescoço e estiramento na mesa”(24) eram raras,
mas permissíveis pela lei romana. Um sistema
forte como este, de recompensas e punições,
proviam um poderoso estímulo para que os
escravos trabalhassem com afinco e procedessem
bem.
Da mesma forma, os crentes devem ser
impelidos pela certeza de que um dia estarão
diante de Cristo. O desejo de agradar ao Mestre é
intensificado por saber que “cada um de nós dará
contas de si mesmo a Deus” (Rm. 14.12). “Porque
importa que todos nós compareçamos perante o
tribunal de Cristo, para que cada um receba
segundo o bem ou o mal que tiver feito, por meio
do corpo” (2 Co. 5.10). Cada um de nós, como a
parábola do [escravo] diligente, retratada em
Mateus 25, anseia por ouvir o Senhor dizer
aquelas palavras de júbilo: “Muito bem, [escravo]
bom e fiel…entra no gozo do teu senhor” (vv
21,23). Somos encorajados, por saber que todos os
que perseverarem com fidelidade receberão “a
coroa da justiça, a qual o Senhor, reto juiz, ..dará…
a todos quantos amam a sua vinda” (2 Tm. 4.8).
No contexto da igreja primitiva, um número
significativo de cristãos servia como escravos
romanos. Paulo os encorajou, lembrando que, ao
servirem os senhores terrenos, em ultima análise
estavam servindo ao Senhor. Em tais casos, a
motivação para a obediência passou de um mero
incentivo terreno para uma recompensa celestial.
Aos escravos de Colossos, Paulo escreveu:
“[Escravos], obedecei em tudo ao vosso senhor
segundo a carne, não servindo apenas sob
vigilância, visando tão somente agradar homens,
mas em singeleza de coração, temendo ao Senhor.
Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração,
como para o Senhor e não para homens, cientes de
que recebereis do Senhor a recompensa da
herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo.”
(Cl. 3:22–24; cf. Ef. 6.5–8).
Os senhores cristãos também precisavam
lembrar que possuíam um Mestre celestial. Paulo
continua, exortando aos senhores de escravos em
Colossos, com estas palavras: “Senhores, tratai os
[escravos] com justiça e com equidade, certos de
que também vós tendes Senhor no céu” (Cl. 4.1; cf.
Ef. 6.9).
Lembrar-se do Senhor no céu era uma força
poderosa para os primeiros cristãos — fossem
escravos ou livres. E, da mesma forma, isto deveria
também nos motivar. Não é realmente importante
que a nossa fidelidade seja recompensada nesta
vida. Um dia, estaremos diante de Cristo, para
sermos recompensados integralmente. Que dia
glorioso será aquele! Nas palavras de Charles
Spurgeon:
(1) Matthew Spinka, John Hus at the Council Constance (New York:
Columbia University Press, 1968), 233. O nome “Huss” às
vezes se escreve “Hus.”
(2) Para mais detalhes sobre a vida de John Huss, veja Allen W.
Schattschneider, Through Five Hundred Years (Bethlehem, PA:
Comenius Press, 1974); e Oscar Kuhns, John Huss: The Witness
(New York; Eaton and Mains, 1907).
(3) Martin Luther, Mon. Hus., vol. 1, prefácio, em Herbert Brook
Workman e Robert Martin Pope, eds., The Letters of John Hus
(London: Houder & Stoughton, 1904), 1.
(4) Roger Olson, The Story of Christian Theology (Downers Grove,
IL: InterVarsity Press, 1999), 349.
(5) Husinec é uma República Tcheca nos dias atuais. Seu ultimo
nome é derivado da cidade na qual ele nasceu. Ele abreviou para
“Huss” (ou “Hus”), que significava “Ganso” na linguagem da
Boêmia. Isto se tornou uma espécie de apelido para John Huss
e uma referência na história da Igreja (por Lutero e outros)
quanto ao “ganso que foi cozido”, em referência a ele e à sua
execução.
(6) A Capela foi propositalmente denominada “Bethlehem” ou
“Casa do Pão” porque era um lugar onde a pessoa comum
poderia prontamente ser alimentada da Palavra de Deus.
(7) Matthew Spinka, John Hus’ Concept of the Church
(Princeton, NJ: Princeton University Press, 1966), 10.
(8) 550 Years of Jan Hus’ Witness (Genebra: World Alliance of
Reformed Churches, 1965), 1–2.
(9) David S. Schaff, John Huss: His Life, Teachings and Death after
Five Hundred Years (Eugene, OR: Wipf and Stock Publishers,
1915), 41.
(10) Spinka, John Hus’ Concept of the Church, 261.
(11) Ibidem, 121.
(12) Ibidem, 63.
(13) Schaff, John Huss, 225.
(14) Spinka, John Hus’ Concept of the Church, 259.
(15) Ibidem, 261, citando De Ecclesia, 33.
(16) Ibidem, 289.
(17) Schaff, John Huss, 302–3.
(18) Martinho Lutero, Conversas à Mesa, ed. e trad. William
Hazlitt (London: Bell & Daldy, 1872), 203–4.
(19) Deve ser notado que o Catolicismo Romano ainda ensina a
infabilidade e autoridade do papa sobre a igreja. O teólogo
Católico Ludwig Ott, em seus Fundamentos do Dogma Católico
(Charlotte, NC: Tan Books, 1974), explica a visão Católica:
“Como juiz supremo da Igreja, o Papa tem o direito de trazer
todo assunto legal da Igreja perante sua corte, e acatar apelos
em todas as disputas da Igreja. Ele mesmo não é julgado por
ninguém (CIC 1556; Prima sedes a nemine judicatur), porque não
há maior juiz na terra do que ele. Pela mesma razão não há
apelo a uma corte mais alta contra o Papa” (286).
(20) Lutero, Conversas à Mesa, 234.
(21) John Calvin, Institutes of the Christian Religion, 2 vols., trad.
John Allen (Philadelphia: Presbyterian Board of Education,
1921), 1:25.
(22) Ibidem, 1:155.
(23) John Calvin, Calvin’s Commentaries, 22 vols. (Grand Rapids:
Baker, n.d.), 21:198. Calvino comentou sobre Colossenses 2.19.
(24) Calvin, Institutes of the Christian Religion, 1:451–52.
(25) John Calvin, Calvin: Commentaries, ed. Joseph Haroutunian
(Louisville: Westminster John Knox Press, 1958), 362. Calvino
comentou sobre João 12.12–15.
(26) Por exemplo, a coroa Inglesa tentou exercer controle
absoluto sobre a igreja na Escócia, durante o século 17. Para
saber mais sobre a história desses eventos, consulte William G.
Blaikie, The Preachers of Scotland (Edinburgh: T & T Clark,
1888). Na página 97, Blaikie explica: “A tentativa do Estado em
forçar uma nova liturgia na Igreja, sob risco de prisão e altas
penalidades, mostrou a determinação de anular a autoridade de
Cristo e tiranizar Sua herança, mesmo na área mais sagrada da
adoração. Por força de reação, foi lançada sobre a Igreja a
afirmação mais completa das reivindicações de Cristo como
Cabeça da Igreja, e o glorioso privilégio da Igreja em seguir sua
Cabeça divina. “
(27) Charles Spurgeon, “O Cabeça da Igreja,” sermão no. 839,
Metropolitan Tabernacle Pulpit (Pasadena, TX: Pilgrim
Publications, 1982), 14:621. Em outros escritos, Spurgeon
observou que “Cristo não resgatou sua igreja com o seu sangue
para que o Papa pudesse entrar e roubar-Lhe a glória. Ele não
veio do céu para a terra e derramou o seu coração para comprar
o seu povo, para que um pobre pecador, um mero homem, seja
colocado num pedestal e seja admirado por todas as nações,
chamando a si mesmo de representante de Deus na Terra.
Cristo sempre foi o cabeça da igreja “(Charles Spurgeon,"Christ
Glorified,” Metropolitan Tabernacle Pulpit, 60:592).
(28) Charles Spurgeon, “Jesus Nosso Senhor” sermão no. 2806,
Metropolitan Tabernacle Pulpit (Pasadena, TX: Pilgrim Publications,
1977), 48:558.
5
O SENHOR E MESTRE
[PARTE 2]
O s heróis da história da igreja defenderam
Cristo como cabeça, não baseados em
uma opinião arbitrária, mas porque
entenderam esta verdade inequívoca revelada nas
Escrituras. Efésios 5.23 afirma que “Cristo é o
cabeça da igreja”, e Colossenses 1.18 reafirma que
“Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o
princípio, o primogênito de entre os mortos, para
em todas as coisas ter a primazia”. No primeiro
capítulo aos Efésios, Paulo explanou que Deus, o
Pai, “pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para
ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a
qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo
enche em todas as coisas” (vv. 22-23). Outro texto
fala sobre crescermos “em tudo, naquele que é a
cabeça, Cristo” (Ef. 4.15) e “não retendo a cabeça,
da qual todo corpo...cresce o crescimento que
procede de Deus.”(Cl. 2.19).
Porém, o que o Novo Testamento quer dizer,
quando fala de Cristo como o “cabeça da igreja”? A
palavra grega para “cabeça” (kephalē) designa
“primeiro ou posição superior”(1), ou “algo
supremo, principal, proeminente”.(2) Seu
significado se interpõe com a palavra Kyrios
(“Senhor”)(3) e “aponta para a posição ou status
superior de Cristo”(4). Dizer que Cristo é o cabeça
da igreja é o mesmo que afirmar que Ele é o Senhor
e Mestre sobre a igreja.
Nos tempos romanos, o “cabeça da família”
possuía “ poderes quase totais sobre os membros
da família, especialmente sobre os seus filhos
(inclusive os filhos adultos) e sobre os escravos”.(5)
Sendo nós participantes da “família da fé” e da
“família de Deus”(6), nossa fidelidade pertence ao
nosso Mestre, o “cabeça da família” (cf. Mt. 10.24-
25), a saber, Àquele a quem “toda autoridade..foi
dada no céu e na terra” (Mt. 28.18).
O Novo Testamento indica que o Pai deu sua
autoridade suprema a seu Filho, “ressuscitando-o
dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita
nos lugares celestiais, acima de todo principado, e
potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que
se possa referir não só no presente século, mas
também no vindouro” (Ef. 1.20-21).(7) Depois da
humilhação e morte de Cristo, “Deus o exaltou
sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de
todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre
todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor,
para glória de Deus Pai” (Fp. 2.9-11). Ele é o Rei
dos reis e Senhor dos senhores; sua exaltação será
eterna, e sua autoridade para todo o sempre.(8)
Como o profeta Daniel explanou: “Foi-lhe dado
domínio, e glória, e o reino, para que os povos,
nações e homens de todas as línguas o servissem; o
seu domínio é domínio eterno, que não passará, e
o seu reino jamais será destruído” (Dn. 7.14).
O maravilhoso testemunho das Escrituras é
que Jesus Cristo é “o Senhor de todos” (Rm.
10.12) e “o cabeça sobre todas as coisas” (Ef. 1.22),
e isto inclui o seu corpo, a igreja.(9)
Consequentemente, a igreja verdadeira é composta
daqueles “que em todo lugar invocam o nome de
nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co. 1.2). Enquanto
os falsos mestres rejeitam seu senhorio, ao menos
na prática, os ministros fiéis alegremente se
submetem à autoridade de Cristo e sua Palavra —
vendo a si mesmos como escravos, no serviço do
Supremo Pastor.(10)
Surpreendentemente, apesar do claro ensino
da Escritura e o testemunho fiel da história da
igreja Protestante, a maioria das tendências do
evangelicalismo contemporâneo combate o
senhorio de Cristo sobre sua igreja. Alguns destes
ataques são grosseiros e teológicos, como o
posicionamento do não-senhorio, do assim
chamado Movimento da Graça Livre (Free Grace
Movement). Este foi um movimento popular há
alguns anos passados, o que me levou a escrever O
Evangelho Segundo Jesus(11) (em 1988) e o
Evangelho Segundo os Apóstolos(12) (em 1993). O
ponto de vista do movimento torce a mensagem
do evangelho, alegando que nem o
arrependimento do pecado, nem a submissão a
Cristo exercem qualquer papel na fé salvadora. Ao
promover uma forma de “crença fácil”, os
defensores da Graça Livre negam, abertamente, a
necessidade do pecador em se arrepender do
pecado e confessar a Jesus como Senhor e Mestre,
no sentido bíblico de total submissão. Ao fazer
isto, ensinam um evangelho totalmente diferente,
“o qual não é outro”, mas uma tentativa óbvia de
“perverter o evangelho de Cristo” (Gl. 1.7).
Hoje, no entanto, as ameaças são muito mais
sutis, principalmente porque o movimento
evangélico contemporâneo tem perdido seu
interesse pela doutrina. O curso do
evangelicalismo predominante é direcionado por
preocupações pragmáticas, não por teológicas. Os
gurus do movimento de crescimento da igreja se
preocupam com o que atrai a multidão, e não com
aquilo que a Bíblia diz. Devido ao bem sucedido
apelo à carne não redimida, os pregadores da
prosperidade fazem do homem o mestre, como se
Cristo fosse um tipo de gênio da lâmpada —
obrigado a conceder saúde, prosperidade e
felicidade àqueles que enviam dinheiro o
suficiente. Mesmo em alguns círculos
conservadores, métodos mundanos pragmáticos
(incluindo humor crasso e discurso grosseiro), e
adaptações quase ilimitadas do que há de pior na
música mundana são defendidos calorosamente,
contanto que obtenham resultados visíveis. A
triste realidade é que a popularidade, não a
fidelidade a Cristo e à sua Palavra, tem se tornado
o novo padrão de medida e a atual marca da
ideologia do não-senhorio.
Como resultado, as Escrituras têm sido
sistematicamente substituídas por qualquer outra
coisa considerada mais relevante ou interessante.
O empreendedorismo do movimento
independente da igreja a tem tornado popular, ao
ponto de milhares de pretensiosos “cristos”
edificarem seus próprios impérios de mídia,
rotulando a si mesmos comoapóstolos e dando
nome de igrejas a suas organizações. Mas estes
ministérios magnatas não estão interessados em
edificar a igreja verdadeira, que é um fato
evidenciado por sua indiferença para com a
verdade proposicional, somado à sua ganância em
ganhar a simpatia do povo, tanto por
minimizarem a Palavra de Deus quanto o senhorio
de Cristo. Eles diluem o evangelho, encurtam
ainda mais seus ralos sermões e adaptam uma
estratégia de marketing para seu ministério. Ao
fazerem isto, rebelam-se contra Cristo!
O Senhor expressa seu governo em sua igreja,
à medida que a Escritura é pregada, explanada,
aplicada e obedecida. Diminuir o papel dominante
da Escritura na vida da igreja significa tratar o
Senhor da igreja como se sua revelação fosse
opcional. É nada menos que um motim. E a
gravidade de tal revolta não se pode medir. Um
ministério não bíblico, uma pregação não
expositiva e um ensino não doutrinal usurpam a
autoridade de Cristo como cabeça, silenciando sua
voz para com suas ovelhas. Este tipo de
abordagem devastadora afasta do corpo de Cristo
a mente de Cristo, produz indiferença para com
sua Palavra e extingue a obra do seu Espírito. E,
ainda, remove a proteção contra o erro e o pecado,
elimina a preeminência e a clareza, desfigura a
adoração, semeia a transigência, desvia a honra
devida ao verdadeiro cabeça da igreja, e o Senhor
não toma com agrado aqueles que roubam a sua
glória.(13)
Salvador Pessoal, Senhor
Pessoal
A inegável afirmação das Escrituras é que
Jesus Cristo é o Senhor da sua igreja, ainda que
muitos dentro das principais correntes do
evangelicalismo atual falhem em refletir esta
realidade em suas ações. Mas, o senhorio de Cristo
não é meramente um conceito corporativo, é
também algo altamente pessoal. Da mesma
maneira que, de maneira coletiva, Cristo é Senhor
de sua Igreja, ao mesmo tempo, necessariamente,
devemos reconhecer seu Senhorio sobre nós
mesmos e sobre todos os outros membros de seu
corpo.(14)
Na época romana, não era incomum que
dezenas, ou até mesmo centenas de escravos,
servissem ao mesmo senhor.(15) Como membros
da extensão familiar, eles prestavam contas ao
mesmo mestre, tanto como grupo quanto
individualmente. O mesmo é verdade em relação à
Igreja, onde Cristo é o cabeça, não meramente do
corpo como organismo, mas também de cada
crente, individualmente. Ele é tanto o Salvador
como, também, o Senhor de cada pessoa que o
invoca (Atos 2.21).
Quando chamamos Jesus de “Senhor”,
estamos claramente O reconhecendo como o único
Mestre. A palavra grega para “Senhor” é Kyrios,
que ocorre cerca de 750 vezes no Novo
Testamento. Seu significado fundamental é
“mestre” ou “dono”, o que faz dela o complemento
relativo da palavra escravo (doulos).(16) Como
Murray Harris explana:
[Satanás] reina,
E guarda em paz os seus bens.
A alma se agrada em usar suas cadeias
E não deseja soltura.
Assim,
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos
de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão [do
pecado], para viverdes, outra vez, atemorizados, mas
recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos:
Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que
somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também
herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com
ele sofremos, também com ele seremos glorificados.
Estas duas passagens destacam verdades
importantes sobre a adoção dos crentes na família
de Deus. Embora fôssemos, anteriormente,
escravizados ao pecado e à condenação da Lei,
fomos permanentemente libertados, através da
nossa adoção na família de Deus. Como filhos
adotivos, desfrutamos do profundo privilégio de
um relacionamento íntimo com nosso Pai celestial,
a quem clamamos com afeição infantil: “Abba!”
Uma expressão de carinho familiar, Abba é
um termo informal Aramaico para “Pai.” Expressa
ternura, dependência e uma segurança infantil,
destituída de qualquer ansiedade ou medo. O
próprio Jesus usou o termo no Jardim do
Getsêmani, quando derramou seu coração ao Pai
(Mc 14.36). O fato de podermos nos dirigir ao Pai
da mesma maneira que Jesus fez, ressalta a
realidade magnífica da nossa adoção. Sermos
considerados “herdeiros de Deus e co-herdeiros
com Cristo” é uma verdade notável que jamais
deveríamos menosprezar.
E pensar que nós, que antes éramos escravos
do pecado, súditos de Satanás e filhos da
desobediência, somos, agora e para sempre,
escravos de Cristo, cidadãos do céu e filhos de
Deus — tal é o gozo e a maravilha da salvação!
Como inimigos de Deus, nem mesmo merecíamos
ser seus escravos, No entanto, Ele fez de nós seus
escravos e seus filhos. Como Alexander Maclaren,
o grande pregador Escocês, explanou: “Se somos
escravos, então somos filhos e herdeiros de Deus,
por meio de Jesus Cristo.”(27)
DE ESCRAVOS A CIDADÃOS
Não era incomum, no primeiro século, que
um escravo romano eventualmente recebesse sua
liberdade e, como resultado, a cidadania.(12) Na lei
Romana, “a alforria formal, concedida por um
mestre que fosse cidadão romano, normalmente
resultava em concessão da cidadania ao ex-
escravo”.(13) Assim, os escravos de cidadãos
romanos, uma vez libertos, também se tornavam
cidadãos romanos.
Os escravos podiam ser postos oficialmente
em liberdade ou serem formalmente alforriados,
de duas maneiras principais. O proprietário podia
esperar até a sua morte para libertar seus escravos;
neste caso, ele fazia provisão para a sua libertação
em seu testamento final. Esta era conhecida como
“alforria por testamento” (testamenta). Ou, se um
mestre desejava libertar seus escravos enquanto
ele ainda estava vivo, empregaria a “alforria por
vara” (vindicta).(14) A alforria por vara envolvia
uma cerimônia simbólica, realizada diante do
magistrado civil local, em que “um terceiro
declarava que o escravo era um homem livre e o
tocava com uma vara (vindicta), rejeitando, assim,
a reivindicação de propriedade do dono. O
proprietário não oferecia qualquer defesa; e o
magistrado, então, dava ganho de causa em favor
do demandante e declarava o escravo como um
homem livre.”(15)
Embora o ex-escravo agora fosse liberto,
jamais era inteiramente independente daquele que
o libertou. Como Murray J. Harris explica: “Ele
ficava permanentemente devedor a prestar certos
serviços (operae) ao antigo mestre, que agora era o
seu benfeitor (patronus), realizando tarefas ao
antigo dono, em vezes e dias específicos, cada mês
do ano.”(16) Por outro lado, o benfeitor também
tinha certas obrigações para com o antigo escravo.
Se o ex-escravo estivesse extremamente
necessitado, o benfeitor deveria provê-lo de
comida e abrigo. Além disso, o benfeitor não
poderia testificar contra o homem liberto, diante
da corte criminal.(17) Somando-se a isto, um
mudança crítica sobre o relacionamento acontecia
no ponto da alforria: “Um escravo não possuía pai,
aos olhos da lei Romana; assim, ao ser libertado,
seu antigo mestre era reconhecido como seu pai
legal”.(18) Uma vez emancipado e recebida a
cidadania, o antigo escravo gozava de muitos
privilégios, inclusive do direito de comprar e
vender propriedades, casar-se com uma cidadã
romana e efetuar um testamento romano.(19) Em
geral, a cidadania romana significava ter direito de
votar, direito de manter uma propriedade e fazer
contratos, ser livre de torturas, ter proteções
especiais contra a sentença de morte e tratamento
igual perante a lei Romana”.(20) A mudança de
posição era tanto imediata quanto surpreendente.
“Esta mudança repentina e dramática de status
era um fenômeno notável. Da noite para o dia,
num estalar de dedos, por assim dizer, um
estranho se tornou genuinamente da família.(21)
A cidadania trazia consigo não apenas um
número de vantagens, mas também um senso de
responsabilidade cívica, inclusive a possibilidade
do serviço militar.(22) Em troca deste status
privilegiado, os cidadãos deveriam demonstrar
lealdade e obediência ao Estado: “O que, então,
implicava ser um cidadão romano? Em essência,
este status significava que o indivíduo vivia sob a
direção e proteção da lei Romana.”(23) Além disto,
no contexto romano antigo, a cidadania era muito
mais do que uma associação superficial com o país
de origem de alguém. Na verdade, era uma parte
integrante da própria identidade da pessoa: