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Fluídos

Um fluido, em contraste com um sólido, é uma substância que pode escoar. Um fluido sempre ocupa o
volume de qualquer recipiente que o contém, pois suas moléculas não guardam suas posições relativas.
Para fazer a análise de um fenômeno envolvendo um fluido deveríamos considerar a ação de cada
molécula ou grupo de moléculas, porém isso se torna um tanto quanto complicado para o momento. Assim,
vamos estudar os fluidos considerando um meio contínuo, hipotético que nos permite dar um tratamento
matemático mais simples, menos complicado, ou seja, uma descrição razoavelmente aproximada dos
fenômenos em estudo. Então, neste caso vamos desconsiderar, por exemplo, a viscosidade do fluido, a
tensão superficial e, ainda, tomaremos o fluido como incompressível. Aqui, dividiremos o estudo em duas
partes: hidrostática e hidrodinâmica. A primeira, estuda os fluidos em repouso num referencial fixo no
recipiente que os contém, considerando o equilíbrio das pressões que atuam em qualquer elemento de
volume. A segunda, a hidrodinâmica, estuda os fluidos em movimento num referencial fixo na tubulação pela
qual eles escoam. Contudo, como esse estudo é complexo e difícil, envolvendo matemática mais
sofisticada, vamos estudar os fenômenos que podem ser descritos apenas com os princípios de
conservação da massa e da energia, o primeiro levando à equação da continuidade e o segundo, à equação
de Bernoulli.

Pressão

Um sólido, por ser rígido, pode experimentar a ação de uma força que atue sobre um ponto, por
exemplo, aplicar uma força sobre um único ponto de uma mesa ou um êmbolo. Um fluido, contudo, só
experimenta a ação de uma força através de uma superfície. Assim, a grandeza relevante aqui é a pressão,
definida como o cociente do módulo da força normal pela área da superfície sobre a qual atua:

módulo da força
P=
Área
F
P=
A
Unidade: N/m2 = 1 Pa (1 Pascal) (S.I)

A pressão ao nível do mar é dada por :

1 atm = 101,325 kPa (1 atmosfera é a pressão do ar ao nível do mar)

Para dar a ideia de atuação sobre todos os pontos de uma superfície, uma pressão é representada por
várias flechinhas, enquanto que força é aplicada em um único ponto e é representada por uma flecha. Veja
figura 1.
F

P

Pressão Força

Figura 1, adaptada da referência 1.

Exercício 1

Discuta o seguinte fato do cotidiano: para caminhar sobre a areia da praia, sapatos de salto alto não
são tão eficientes quanto tênis.
Exercício 2

Determine a pressão exercida por uma enfermeira quando a mesma aplica uma força de 50 N a um
êmbolo circular da seringa que tem um raio de 1,1 cm.

Densidade (ρ): pode variar de ponto a ponto em uma extensão da substância. Definimos a densidade (ou
massa específica) de um corpo como o cociente de sua massa pelo seu volume

m
ρ= (massa específica )
V
Unidade: kg/m3

Desse modo, vemos que a densidade de cada material depende do volume por ele ocupado. E o
volume é uma grandeza física que varia com a temperatura e a pressão. Isso significa que,
consequentemente, a densidade também dependerá da temperatura e da pressão do material. Por
exemplo, o que “pesa” mais, 1 kg de chumbo ou 1 kg de algodão? Na realidade, eles possuem a
mesma massa, ou seja, o “peso” deles é o mesmo. A diferença entre 1 kg de chumbo e 1 kg de algodão
consiste na densidade, pois 1 kg de chumbo concentra-se em um volume muito menor que 1 kg de algodão.
A densidade do algodão é pequena porque sua massa espalha-se em um grande volume.

Rascunho: fatores de conversão

1L=103 cm3 = 10-3m3

Densidade da água (ρa).

1 g 1kg 100 cm 3 1000 kg


ρa=( )( )( )= a 4°C.
cm3 103 g 1m m3

/ m3 / dm3 / cm3 / mm3


00 1 000 000 000

1dm3 = 1L (litro).

A figura 2 mostra a densidade de algumas substâncias quando sua temperatura é de 0 ºC, a menos que
outra temperatura seja indicada.

Figura 2, adaptada da referência 2.

Quando a densidade de um corpo é maior do que a da água, ele afunda, e quando a densidade de um
corpo é menor do que do que a densidade da água, ele flutua. Por exemplo, a densidade do alumínio é 2,7 ,
o que significa que o volume de alumínio possui 2,7 vezes a massa de uma volume igual de água. Em sua
maior parte, os sólidos e os líquidos expandem muito pouco quando aquecidos, e contraem muito pouco
quanto submetidos a um aumento da pressão externa. Como estas variações de volume são relativamente
pequenas, podemos aproximar, considerar, que as densidade dos sólidos e líquidos são independentes da
temperatura e pressão.

Exercício 3

Uma sala de estar tem 4,2 m de comprimento, 3,5 m de largura e 2,4m de altura. (a) Qual é o peso do
ar contido na sala se a pressão do ar é de 1 atm? (b) Qual é o módulo da força que a atmosfera exerce, de
cima para baixo, sobre a cabeça de uma pessoa, que tem uma área da ordem de 0,04 m 2?

Exercício 4

Um recipiente cilíndrico, com 5 cm de diâmetro e 14 cm de altura, está completamente cheio de


glicerina. Ambos são mantidos a 0 ºC. (a) Calcule o módulo do peso da glicerina. (b) Calcule a pressão
exercida pela glicerina no fundo do recipiente.

Exp. de Torricelli

A Terra está envolvida por uma camada de ar, a atmosfera. A pressão exercida pela atmosfera sobre a
superfície da Terra é chamada de pressão atmosférica (P at ). A pressão atmosférica está associada ao peso
da atmosfera. Torricelli introduziu mercúrio em um tudo de 1m aberto em uma de suas extremidades e
fechado na outra. Quando o tudo estava completamente cheio, o tubo foi invertido derramando o mercúrio
em um recipiente. Esse derramamento aconteceu até que a pressão do lado de fora fosse igual a pressão
exercida pela coluna de mercúrio dentro do tubo. A coluna de mercúrio dentro do tubo foi de h=76 cm. Em
outras palavras, a pressão atmosférica é equivalente à pressão de uma coluna de mercúrio de 760 mm de
altura, ao nível do mar, a 0 o C e em um local onde o módulo da aceleração gravitacional tem o valor g =
9,81 m/s2. Com isso foi possível determinar a pressão atmosférica (P at). (veja figura 3)

kg m N
P at =ρhg gh=13,6×10−3 3
9,81 2 0,76 m=1,01×105 2
m s m

Figura 3, adaptada da referência 3.

Fluidos em repouso

É sabido que a pressão em um corpo mergulhado em um lago aumenta com a profundidade e diminui
com altitude, à medida que o corpo é afastado da superfície do lago. Para um liquido com a densidade
aproximadamente constante é possível mostrar que a pressão aumenta linearmente com a profundidade
(Teorema fundamental da Hidrostática). Na figura 4 é mostrado uma coluna de líquido de área da seção
reta A. Para suportar o peso do líquido na coluna de altura Δh, a pressão na base (P) é maior que a pressão
no topo (P0).
O peso do líquido é dado por: Fg= mg = (ρV)g = ρ (A Δh) g
A força resultante para cima é igual ao peso do líquido, assim podemos escrever a seguinte equação:
PA−P 0 A=ρ A Δ h g
Para todos os efeitos, essa porção de fluido mantém sua forma cilíndrica como se fosse um corpo rígido e,
por isso, tem sentido falarmos nas forças que atuam nele. Como a área é comum em todos os termos da
equação anterior, temos que:
P−P 0=ρ g Δ h

Figura 4, adaptada da referência 3.

P=P 0 +ρ g Δ h (ρ constante) (função linear)

Essa expressão mostra que a pressão só depende da profundidade, não importa a quanto de volume tem o
recipiente e a forma do do mesmo. Como Δh= h-h 0 e se considerarmos que h0=0 (na superfície) e P0=Pat a
equação anterior fica da seguinte maneira:

P=P at +ρ g h
Essa equação nos fornece corretamente a pressão em todos os pontos do fluido ao longo de um mesmo
plano horizontal ( a pressão é a mesma em todos os pontos de mesma profundidade).

Paradoxo Hidrostático

A figura 5 mostra água em um recipiente que possui várias formas (vasos comunicantes).
Aparentemente, pode parecer que a pressão no fundo de cada um é diferente de vido a sua forma. As
quantidades de líquido nos recipientes são diferentes e, por isso, os respectivos pesos têm diferentes
módulos. Porém, como a pressão depende apenas da profundidade, a pressão é a mesma quando medida
na mesma profundidade h. Por exemplo, a pressão é mesma no fluido em todos os pontos a mesma
profundidade h1 (na mesma linha tracejada), assim como a pressão é mesma no fluido em todos os pontos a
mesma profundidade h2 (na mesma linha tracejada). Porém, a pressão em h2 é maior que a pressão em h1. A
diferença de pressão entre as profundidades h1 e h2 é P 2 −P 1=ρ gh .

h1
h2

Figura 5, adaptada da referência 3.


Exercício 5

A pressão da água em uma torneira localizada no segundo andar de um edifício é de 20 N/cm 2.


Calcule a pressão da água em outra torneira, localizada no primeiro andar, 3 m abaixo da primeira.

Exercício 6

Estime a variação de pressão hidrostática entre a pressão arterial no cérebro e no pé de uma pessoa
com 1,8 m de altura. Considere a massa específica do sangue como 1,06 x 10 3 kg/m3.

Teorema de Pascal

Vamos considerar um fluido homogêneo em equilíbrio, isto é, em repouso num referencial fixo no
recipiente que o contém. Então, o teorema fundamental da Hidrostática garante que a diferença de pressão
entre dois elementos de superfície horizontais quaisquer desse fluido é constante e depende apenas do
desnível entre eles. Desse modo, o acréscimo de pressão aplicada em um fluido confinado é transmitida,
sem redução, a todos os pontos do fluido e às paredes do recipiente.”

Δ P=Δ P ext
Uma aplicação importante do teorema de Pascal se dá na máquina simples que chamamos de prensa
hidráulica. Uma prensa hidráulica é formada por dois cilindros comunicantes com êmbolos de massas
desprezíveis que confinam um fluido incompressível em equilíbrio.

Exemplo prensa hidráulica: elevador hidráulico, veja figura 6.

Êmbolo2
Êmbolo1

Figura 6, adaptada da referência 3.

Suponha que o êmbolo 1, com seção reta de área (A 1) , pode deslizar sem atrito no cilindro de menor
diâmetro sobre sobre o efeito de uma força F
⃗1 exercida pela vizinhança. Como esse êmbolo tem massa
F1
desprezível, ele exerce, no fluido, uma pressão dada por: P=
A1
Pelo teorema da Pascal, esta pressão se transmite integralmente a todos os elementos de superfície do
fluido, inclusive àqueles em contato com o êmbolo 2, que tem seção reta de área A 2 e que pode deslizar
sem atrito no cilindro de maior diâmetro. Assim, sobre o êmbolo 2 atua uma força F⃗2 de módulo:
F 2 =PA 2 . As variações de pressão são iguais em todos os pontos do fluido. O volume de liquido
deslocado também é o mesmo, mas como A1<A2 o pistão de área maior desloca uma distância menor.
F1 F2
=
A1 A2
Exemplo

O pistão grande de um elevador hidráulico tem um raio de 20 cm. Qual é a força que deve ser aplicada
sobre o pistão pequeno, de 2,0 cm de raio, para levantar um carro de 1500 kg de massa?

F1 F2
Vamos utilizar a equação = e lembrar que o pistão de A2 (pistão grande) que deve suspender o
A1 A2
carro. Assim, para o caso da força aplicada sobre o pistão pequeno, temos

A1
F 1=F 2
A2
Com os dados fornecidos no enunciado do exemplo

R=20 cm de raio
r = 2 cm de raio
πr²
m= 1500 kg F 1=(1500 kg)(9,81m/ s 2) 2
πR
(2cm)²
F 1=(1500 kg)(9,81m/s 2)
(20 cm)2

F 1=147,15 N Assim, é preciso aplicar uma força muito menor no pistão 1 para levar uma carro cujo
peso é cerca de 14715 N.

Exercício 7

Uma prensa hidráulica tem êmbolos com seções retas de áreas A 1 = 20 cm2 e A2 = 300 cm2 . Calcule o
módulo da força que o êmbolo 2 exerce sobre a vizinhança quando uma força com módulo de 100 N é
aplicada ao êmbolo 1.

Exercício 8

Considere a prensa hidráulica do exercício anterior. Calcule o módulo do deslocamento do êmbolo 2


sabendo que o módulo do deslocamento do êmbolo 1 é de 12 cm.

Teorema de Arquimedes

“Um corpo total ou parcialmente mergulhado em um fluido em equilíbrio recebe dele um força
(chamada empuxo) vertical, debaixo para cima, de módulo igual ao peso da quantidade de fluido
deslocado pelo corpo”. A força de EMPUXO surge porque a pressão na superfície inferior do corpo é
maior do que a pressão na superfície superior do corpo. Para demonstrar esse teorema, considere um
corpo cilíndrico, com seção reta de área A, altura h, imerso em um fluido em equilíbrio, com densidade ρ,
veja figura 7.

F⃗2

F⃗1

Figura 7, adaptada da referência 1.


Por simetria, a resultante das forças horizontais que o fluido exerce sobre o corpo é nula. Na vertical, o
fluido exerce, sobre o corpo, as forças F⃗1 e F⃗2 , com módulos:

F1=( Patm +ρ g h1) A


e
F1=( Patm +ρ g h2) A

de modo que o módulo da resultante das forças verticais que o fluido exerce sobre o corpo é:

E= F 2−F 1=ρ g(h2−h1) A=ρ ghA


em que hA é o volume do corpo imerso, ρhA é a massa e ρhAg é o módulo do peso da quantidade de fluido
deslocado pelo corpo. Portanto, como a resultante das forças horizontais que o fluido exerce sobre o corpo
é nula, a direção do empuxo é vertical. Como h 2 > h1 , a pressão do fluido a profundidade h 2 é maior do que
a pressão do fluido a profundidade h 1 e o sentido do empuxo é de baixo para cima. Além disso, pela
expressão acima, o módulo do empuxo é igual ao módulo do peso da quantidade de fluido deslocado pelo
corpo. O resultado final não depende da forma do corpo imerso e, por isso, podemos supor que ele seja
válido qualquer que seja a forma do corpo.

E= F gf (peso do fluido deslocado)

E=m f g em que mf é a massa do fluido deslocado.

E=ρ fluido V fluido g


O peso aparente Fgap é dado por:

F gap=F g −E (é o peso que o objeto aparenta possuir quando o mesmo está total ou parcialmente
mergulhado )

Exemplo

Um pedaço maciço de metal pesa 90 N no ar e 56,6 N quando totalmente mergulhado em água. Qual a
massa específica deste metal?

Fg=90 N no ar , com isso a mobjeto=9,17 kg


Fgap= 56,6 N na água

F gap=F g −E E= F g−F gap=90 N−56,6 N =33,4 N

E=m f g (peso do fluido deslocado)

E=ρ fluido V fluido g o volume nessa equação é o mesmo volume do objeto mergulhado, então

m
E=ρ fluido V objeto g , mas como V objeto = ρ objeto
objeto

m m objeto
E=ρ fluido ρ objeto g ρobjeto =ρfluido g
objeto E
kg 90 N kg
ρobjeto =(1×103 3
) =2,69×103 3
m 33,4 N m
Exercício 9

Um corpo maciço, que possui massa 0,5 kg e volume de 1,5 L, flutua com 75% do seu volume dentro
de um fluido. Calcule a densidade do fluido.

Exercício 10

Com uma mola calibrada, um estudante de Física encontrou para a massa de um anel o valor m =
0,039 kg. Com a mesma mola, mas com o anel suspenso por um fio e colocado dentro de um recipiente
com água, sem tocar no fundo, o estudante encontrou o valor m* = 0,037 kg. Com esses dados, calcule a
densidade da substância de que é feito o anel e descubra se ele pode ser de ouro.

Equação da Continuidade

Quando todos os elementos de volume do fluido que passam por um ponto qualquer dentro do tubo o
fazem sempre com a mesma velocidade, num referencial fixo no tubo, o escoamento é chamado de
estacionário, laminar ou lamelar. Em pontos diferentes, as velocidades dos elementos de volume podem ser
diferentes. Um escoamento estacionário pode ser conseguido se o fluido se desloca com velocidade de
módulo relativamente pequeno. A figura 8 mostra um tubo cheio de fluido.

Figura 8, adaptada da referência 3.

O fluido escoa da esquerda para a direita. Perceba que a tubulação possui A 1 e A2 , à esquerda e a direita
respetivamente, em que A1> A2.

Escoa através da superfície 1, num certo intervalo de tempo Δt uma certa quantidade de massa com o
módulo da velocidade v1.

Δ m 1=ρ1 Δ V 1=ρ1 A 1 v 1 Δ t (à esquerda)

Δm
Vamos definir a vazão mássica como sendo I m= , assim:
Δt
Δ m 1=ρ1 Δ V 1=ρ1 A 1 v 1 Δ t

I m1=ρ1 A 1 v 1
Escoa através da superfície 2, num certo intervalo de tempo Δt uma certa quantidade de massa com
velocidade v2.

Δ m 2=ρ2 Δ V 2=ρ2 A 2 v 2 Δ t (à direita)

I m2=ρ2 A 2 v 2
Se o escoamento é estacionário (escoamento do fluido constante) temos que:

I m1=I m2 a vazão é uma constante (princípio de conservação da massa).


ΔV
Vamos analisar a vazão volumétrica I V 1= = Av .
Δt
I V 1=I V 2 (vazão volumétrica é a mesma em qualquer parte da tubulação)

A 1 v 1= A 2 v 2=constante
Esta é a equação da continuidade e expressa, na Hidrodinâmica, a conservação da massa para um fluido
com densidade constante.

Exemplo

Consideremos a água que sai de uma torneira e se move para baixo, na direção vertical. Por efeito da
interação gravitacional, o módulo da velocidade de escoamento da água aumenta, enquanto ela se afasta
da torneira, num referencial fixo no solo. Então, pela equação da continuidade, à medida que o módulo da
velocidade aumenta, a área da seção reta do jato de água diminui. Confere lá na sua torneira.

Exercício 11

Se um cano hidráulico, da companhia de saneamento, que passa na frente da sua rua possui a área
da seção reta dada por A1 = 0,2 m2 e a água escoa com uma velocidade cujo módulo é v1= 6m/s, qual é a
vazão? Quando esse cano da companhia de saneamento é conectado a rede hidráulica da sua casa que
possui área da seção dada por A 2 = 2x10-3 m2 e a água escoa com uma velocidade cujo módulo é v 1= 600
m/s, qual é a vazão?

Exercício 12

Uma mangueira tem uma extremidade ligada a uma torneira aberta. Um jato de água sai da outra
extremidade. Para que o jato de água tenha um alcance maior, esta extremidade é estreitada. Discuta esse
fenômeno.

Equação de Bernoulli

A Equação de Bernoulli relaciona pressão, a altura e a rapidez de um fluido incompressível, não viscoso em
escoamento estacionário. A figura 9 mostra uma fluido ideal que escoa com uma vazão constante da
esquerda para direita.

Figura 9, adaptada da referência 1.

A figura 9 mostra o escoamento tal que:


y1= altura do centro da A1 em relação ao referencial.
y2= altura do centro da A2 em relação ao referencial.
P1= pressão que o fluido exerce sobre a A1
P2= pressão que o fluido exerce sobre a A2
v1= módulo da velocidade do fluido na seção reta de área A1.
v2= módulo da velocidade do fluido na seção reta de área A 2.

O volume de fluido que entra à esquerda é o mesmo que sai a direita no cano (vazão constante).
Em um referencial fixo na tubulação, as energias dessas duas porções de fluido são dadas por:

1 ² 1 ²
E1= mv 1+ mgy1=ρV ( v 1 +gy 1 ) (energia cinética específica mais energia potencial)
2 2
e
1 ² 1 ²
E1= mv 2+ mgy2=ρV ( v 2 + gy 2)
2 2
Podemos pensar na diferença (E2 − E1) como sendo a variação da energia de uma porção de fluido que se
encontra antes entre as seções 1 e 2 e depois entre as seções 1' e 2' da tubulação. Então, lembrando que
essa variação de energia deve ser associada ao trabalho realizado pelo resto do fluido, podemos escrever:

E2−E 1=F1 Δ x 1−F 2 Δ x 2 ou seja

1 1
ρV ( v ²2+ gy 2 )−ρV ( v ²1+ gy 1)=( P1 −P 2) V
2 2
Rearranjando os termos dessa última equação, temos

1 1
P 1 +ρ gy1 + ρ v 21=P2 +ρ gy 2+ ρ v 22 Eq. de Bermoulli
2 2
1
P+ρ gy+ ρ v 2=constante Eq. de Bermoulli
2
Essa equação expressão o princípio da conservação da energia aplicada a fluidos.

Aplicações da equação de Bernoulli e equação da continuidade.

Estrangulamento no tubo

Usando a equação de Bernoulli

1 1
P 1 +ρ gy1 + ρ v 21=P2 +ρ gy 2+ ρ v 22
2 2

y2
y1

Figura 10, adaptada da referência 2.

Como as duas seções retas do tubo estão a mesmas altura (y1=y2)

1 1
P 1 + ρ v 21=P 2+ ρ v 22 =constante
2 2
Usando a equação da vazão
A 1 v 1= A 2 v 2
Como a A1>A2 , temos que a v1<v2 . Assim como em v2 a velocidade é maior, implica que a P2 é menor.

“Quando o ar ou outro fluido passam por um estrangulamento, sua rapidez aumenta e sua pressão
diminui.”

Asa de um avião.

Para discutir o mecanismo de sustentação de um avião no ar, vamos considerar a atmosfera em


repouso num referencial fixo no solo. As asas, assim como outras partes do avião, arrastam sempre com
elas certa quantidade de ar. Contudo, para o nosso argumento, vamos supor que esse não é o caso. Desse
modo, quando uma asa passa por uma região qualquer da atmosfera, os elementos de volume de ar que
estão no seu caminho se afastam de suas posições, deixando-a passar, e depois voltam às suas posições
originais, quando ela já tiver passado. A figura 11 mostra uma asa de uma avião que desloca-se da direita
para a esquerda.

Figura 11, adaptada da referência 3.

Em um referencial fixo no avião, os elementos de volume de ar percorrem linhas de corrente (linhas azuis)
que se separam, umas passando por cima e outras passando por baixo da asa. Devido à forma do perfil da
asa, os elementos de volume de ar que passam por cima dela têm que percorrer uma distância maior do
que os elementos de volume de ar que passam por baixo. Assim, os elementos de volume de ar que
passam pelos pontos acima e abaixo da asa tem velocidades diferentes. Na parte de cima, vemos que as
linhas de corrente estão mais próximas, o que significa que a velocidade na parte de cima da asa é maior.
Por outro lado, na parte de baixo da asa, as linhas de corrente estão mais afastadas umas das outras. Logo,
onde a velocidade é maior, implica em uma pressão menor e onde a velocidade é menor, implica em um
pressão maior. Assim, na parte de baixo da asa, a pressão e maior, o que significa que existe uma força
resultante atuando na asa do avião, de baixo para cima, que lhe dá sustentação.

Vaporizador de perfume

Um vaporizador de perfume é composto de um recipiente para o perfume líquido, dois tubos


conectados em forma de T e uma bexiga de borracha, veja figura 12.

Figura 12, adaptada da referência 1.


Quando pressionamos a bexiga, o ar no seu interior é projetado para fora, passando pela região ao redor do
ponto B com uma velocidade v B num referencial fixo no vaporizador. Enquanto isso, a mistura de ar com
vapor de perfume, em um ponto A qualquer da superfície livre do perfume líquido, permanece em repouso:
vA = 0.
1 1
P A +ρ gy A + ρ v 2A =P B +ρ gy B + ρ v 2B
2 2
Portanto, ignorando a diferença de altura entre os pontos A e B, a equação de Bernoulli permite escrever:

1 2
P A −P B= ρ v B .
2
em que ρ é a densidade do ar. Da última expressão podemos concluir que P A > PB. Devido a essa diferença
de pressão, o perfume líquido sobe pelo tubo e encontra a corrente de ar que vem da bexiga, pulverizando-
se em minúsculas gotas que são levadas para fora do pulverizador.

Exemplo

Água escoa a 0,65m/s através de uma mangueira de 3 cm de diâmetro que termina em um bocal de
0,3 cm de diâmetro. (a) Qual é a rapidez com que a água passa pelo bocal? (b) se a bomba, em uma
extremidade da mangueira, e o bocal, na outra extremidade, estão à mesma altura, e se a pressão no bocal
for de 1,0 atm, qual é a pressão de saída da bomba?

A 1 (bomba) A2 (bocal)

(a) Vamos utilizar a equação da continuidade A1 v1= A2 v2 para determinar v2.

A1 π r 21 (1,5 cm)
2
v 2= v 1= 2 v 1= 0,65 m/s=65 m/ s
A2 π r2 (0,15 cm)2

1 1
(b) Vamos utilizar a equação de Bernoulli P 1+ρ gh1 + ρ v 21= P2 +ρ gh2 + ρ v 22 , fazendo as
2 2
devidas simplificações.

Como estão a mesma altura temos que

1 1
P 1+ ρ v 21=P 2+ ρv 22
2 2
1
P 1 =P 2+ ρ(v 22−v 21)
2
1
P 1 =1atm+ (1×103 kg /m3)[(65 m/ s)2−(0,65m/ s)2 ]
2

1
P 1 =1atm+ (1×103 kg /m3)[(65 m/ s)2−(0,65m/ s)2 ]
2
(kg/m³ )(m/s)^2= (kg/m³)m/s²) m = N/m² = Pa

1 atm = 101,3 x 10³ Pa

1 atm
P 1 =1atm+(2112288,75 Pa)( 3
)
101,3×10 Pa
P 1 =1atm+20,85 atm=21,85 atm

Exemplo

Um grande tanque de água, aberto em cima, possuí um pequeno orifício lateral a uma distância Δ h
abaixo da superfície da água, veja figura 10. Determine a rapidez com que a água sai do furo.

Figura 13, adaptada da referência 3.

Neste exemplo, o sistema de referência é o solo. A linhas de corrente tem início na superfície da água
(ponto a) e continuam até o furo em b. Vamos aplicar a equação de Bernoulli aos pontos a e b da figura 13.
Repare que o diâmetro do furo é muito menor do que o diâmetro do tanque, podemos então desprezar a
velocidade da água na superfície (ponto a). Outra observação, a pressão no ponto a é igual a pressão no
ponto b, pois ambos estão em contato direto com atmosfera. Isso nos permite fazer simplificações ma
equação de Bermoulli.

1 1
P a+ρ gha + ρ v 2a=P b +ρ ghb+ ρ v 2b
2 2
Com isso, a equação acima fica.

1
ρ g ha=ρ g h b+ ρ v 2b . Assim temos que
2

v b=√ 2 g(h a −h b) ou

v b =√ 2 g Δ h

Exercício 13

Para melhor combater incêndios em sua comunidade balneária, a brigada anti-incêndio local lhe pediu
para construir um sistema de bombeamento para transportar água do mar do oceano até um reservatório
em cima de uma colina próxima às casas. Se a colina tem 12,0 m de altura e a bomba é capaz de produzir
uma pressão manométrica de 150 kPa, quanta água em (L/s) pode ser bombeada usando-se uma
mangueira de 4,0 cm de raio?

Exercícios 14

Um tanque cilíndrico de grande diâmetro está cheio d’água até uma profundidade D= 0,30 m. Um furo
de seção reta 6,5 cm2 no fundo do tanque permite a drenagem de água. Qual é a velocidade de escoamento
da água, em metros cúbicos por segundo?

Exercícios 15

A água se move com velocidade de 5,0 m/s em um cano cuja seção reta é de 4,0 cm². A água desce
gradualmente 10 m enquanto a seção reta aumenta para 8,0 cm². (a) Qual é a velocidade da água depois
da descida? (b) Se a pressão antes da descida é 1,5 x 10⁵ Pa, qual é a pressão depois da descida?

Referências

1- GEF (Grupo de Ensino de Física) UFSM – http://coral.ufsm.br/gef/.


2- HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Física II. Rio de Janeiro, LTC – Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A., v.1. 2008.
3- TIPPLER, P.A.; MOSCA, G.; Física para Cientistas e Engenheiros: mecânica,
oscilações e ondas, Rio de Janeiro, LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., v.1.
2015.

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