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SUMÁRIO
ENERGIA
Os 9 dias de greve dos caminhoneiros contra a elevação dos preços do diesel provocou uma grave
crise de abastecimento de alimentos e combustíveis em todo o Brasil. O episódio também deixou
claro que, mesmo tendo uma matriz energética equilibrada entre recursos renováveis e não reno-
váveis, o país ainda é muito dependente do petróleo.
Diante desta crise, é importante você aprender um pouco mais sobre alguns importantes conceitos
exigidos em questões que envolvem Geografia e Atualidades – como matriz energética.
Matriz energética é o conjunto dos recursos de energia empregados pelo mundo, por uma região ou
por um país. Todos os países calculam periodicamente os recursos de que dispõem, quanto de
energia produzem e suas finalidades. Uma das matrizes mais utilizadas é a que considera a oferta
de energia – a soma da energia produzida domesticamente e da importada, deduzidas as exporta-
ções.
Fontes de energia primárias São os recursos obtidos da natureza: petróleo, xisto, carvão mineral,
lenha, cana-de-açúcar, mamona, soja, urânio, água, sol, ventos.
Fontes de energia secundárias São os recursos derivados dos primários, como diesel, gasolina e
querosene (petróleo), biodiesel e etanol (biomassa de cana-de-açúcar e milho, por exemplo) e ele-
tricidade (recursos hídricos).
Energia renovável É aquela produzida com fontes primárias que rapidamente se renovam ou po-
dem ser renovadas, poluentes ou não. São exemplos disso os produtos agrícolas como a cana e o
milho, da qual extraímos combustíveis, além do vento e da luz solar.
Energia não renovável É aquela produzida com fontes primárias que demoram muito tempo para se
repor e, a princípio, acabarão. É o caso do petróleo, do carvão mineral, do gás natural, que levam
milhões de anos para se formar.
UMA TERCEIRA CATEGORIA DE CLASSIFICAÇÃO REFERE-SE À POLUIÇÃO GERADA PELA
FONTE:
Fontes limpas São as que emitem na produção e no consumo nenhum ou pouco volume de gases
do efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), um dos grandes responsáveis pelo aquecimen-
to global.
Fontes sujas São o oposto, as que emitem gases do efeito estufa. Note que nem toda fonte renová-
vel é limpa. A lenha, por exemplo, é renovável porque vem de árvores que podem ser replantadas;
mas é extremamente poluente quando queimada.
Comparada à matriz energética mundial e à da maioria dos países, a matriz brasileira é muito equi-
librada. As fontes renováveis são responsáveis por 43% de toda a energia ofertada no país. Mas
repare que a maior parte de nossa energia é obtida a partir de fontes não renováveis, principalmen-
te do petróleo. Confira:
Apesar dos avanços tecnológicos das últimas quatro décadas, proporcionados pela Revolução Técnico-
Científico Informacional, o principal recurso da matriz energética é o mesmo desde a Segunda Revolu-
ção Industrial (1850) – o petróleo – tendo o carvão como segundo maior demanda e o gás natural em
terceiro. Neste caso, apesar dos investimentos em fontes alternativas – solar, eólica, geotérmica, man-
têm-se os combustíveis fósseis como a principal forma de obtenção de energia em nível mundial.
Combustíveis fósseis são originados a partir da decomposição de restos de seres vivos, depositados em
partes mais baixas da crosta terrestre. Neste caso, podemos perceber que cerca de 85% da matriz
energética mundial é baseada em recursos finitos, emitindo cada vez mais CO na atmosfera, alteran-
do as condições climáticas do planeta.
ECONOMIA MUNDIAL
As transformações econômicas mundiais ocorridas nas últimas décadas, sobretudo no pós segunda
guerra mundial, são fundamentais para entendermos as dinâmicas de poder estabelecidas pelo
grande capital e, também, pelas grandes corporações transnacionais. Além delas, não podemos
deixar de mencionar a importância crescente das instituições supranacionais, que atuam como ver-
dadeiros agentes neste jogo de interesses, como por exemplo, o Fundo Monetário Internacional
(FMI), o Banco Mundial, entre outros.
O cenário que se afigura com a chegada destes novos agentes econômicos é imprescindível para
compreendermos o significado da chamada globalização econômica. Esta tem como característi-
cas:
-A ruptura de fronteiras, ou seja, tal ruptura é atribuída à dinâmica do capital, que circula livremente
pelo globo, sem respeitar a delimitação de fronteiras territoriais;
-Perda da soberania local, ou seja, países, estados e cidades tem que se submeter à lógica do ca-
pital para conseguir gerar lucro em seus orçamentos;
-Expansão da dinâmica do capital, fato que se relaciona à ruptura de fronteiras, ou seja, o capital se
dirige agora também à periferia do capitalismo, uma vez que as transnacionais compreenderam que
a exploração (no sentido de explorar a força de trabalho diretamente) dos países subdesenvolvidos
promoveria grandes lucros para estes.
No entanto, as sucessivas crises geradas pelo capitalismo mostraram que o papel do Estado não
se apagou, como pensavam alguns, pelo contrário, em momentos de crise financeira, o Estado é
chamado a ajudar as empresas em dificuldade econômica. Portanto, o papel do Estado no contexto
de globalização reestruturou-se, passando este a atuar como um salvador dos excessos e econô-
micos promovidos pelas empresas nacionais ou internacionais, controlando taxas de juros, câm-
bios, manutenção de subsídios em setores estratégicos, bem como fiscalizando, direta e indireta-
mente, os recursos energéticos.
O surgimento dos blocos econômicos coincide com a mudança exercida pelo Estado. Em um
primeiro momento, a ideia dos blocos econômicos era de diminuir a influência do Estado na eco-
nomia e comércio mundiais. Mas, a formação destas organizações supranacionais fez com que o
estado passasse a garantir a paz e o crescimento em períodos de grave crise econômica. Assim, a
iniciativa de maior sucesso até hoje foi a experiência vivida pelos europeus.
A União Europeia iniciou-se como uma simples entidade econômica setorial, a chamada CECA
(Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, surgida em 1951) e depois, expandiu-se por toda a
economia como “Comunidade Econômica Europeia” até atingir a conformação atual, que extrapola
as questões econômicas perpassando por aspectos políticos e culturais.
Além da União Europeia, podemos citar o NAFTA (North American Free Trade Agreement, surgido
em 1993); o Mercosul (Mercado Comum do Sul, surgido em 1991); o Pacto Andino; a SADC (Co-
munidade de Desenvolvimento da África Austral, surgida em 1992), entre outros. A busca pela am-
pliação destes blocos econômicos mostra que o jogo de poder exercido pelas nações tenta garantir
as áreas de influência das mesmas, controlando mercados e estabelecendo parcerias com nações
que despertem o interesse dos blocos econômicos.
Além disso, o jogo de poder também está presente internamente aos blocos, ou seja, existem paí-
ses líderes dentro do bloco, que acabam submetendo os outros países do acordo aos seus interes-
ses. Assim, nem sempre a constituição de um bloco econômico é benéfica a todos os membros; por
exemplo, a constituição do NAFTA (México, Canadá e EUA) fez com que a frágil economia mexica-
na aumentasse ainda mais sua dependência em relação aos EUA, o Canadá, por sua vez, passou
a ser considerado uma extensão dos EUA, dada sua subordinação à economia de seu vizinho.
MERCOSUL
Com mais de duas décadas de existência, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) é a mais
abrangente iniciativa de integração regional da América Latina, surgida no contexto da redemocrati-
zação e reaproximação dos países da região ao final da década de 80. Os membros fundadores do
MERCOSUL são Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, signatários do Tratado de Assunção de
1991.
A Venezuela aderiu ao Bloco em 2012, mas está suspensa, desde dezembro de 2016, por des-
cumprimento de seu Protocolo de Adesão e, desde agosto de 2017, por violação da Cláusula De-
mocrática do Bloco.
Todos os demais países sul-americanos estão vinculados ao MERCOSUL como Estados Associa-
dos. A Bolívia, por sua vez, tem o “status” de Estado Associado em processo de adesão.
O livre comércio intrazona foi implementado por meio do programa de desgravação tarifária previsto
pelo Tratado de Assunção, que reduziu a zero a alíquota do imposto de importação para o universo
de bens, salvo açúcar e automóveis. A União Aduaneira, estabelecida pela TEC, está organizada
em 11 níveis tarifários, cujas alíquotas variam de 0% a 20%, obedecendo ao princípio geral da es-
calada tarifária: insumos têm alíquotas mais baixas e produtos com maior grau de elaboração, alí-
quotas maiores.
DADOS BÁSICOS
Os membros fundadores (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e a Venezuela, que completou seu
processo de adesão em meados de 2012, abrangem, aproximadamente, 72% do território da Amé-
rica do Sul (12,8 milhões de km², equivalente a três vezes a área da União Europeia); 69,5% da
população sul-americana (288,5 milhões de habitantes) e 76,2% do PIB da América do Sul em
2016 (US$ 2,79 trilhões de um total de US$ US$ 3,66 trilhões, segundo dados do Banco Mundial).
Se tomado em conjunto, o MERCOSUL seria a quinta maior economia do mundo, com um PIB de
US$ 2,79 trilhões. O MERCOSUL é o principal receptor de investimentos estrangeiros diretos (IED)
na região. O bloco recebeu 47,4% de todo o fluxo de IED direcionado à América do Sul, América
Central, México e Caribe em 2016 (dados da UNCTAD). O bloco constitui espaço privilegiado para
investimentos, por meio de compra, controle acionário e associação de empresas dos Estados Par-
tes. A ampliação da agenda econômica da integração contribuiu para incremento significativo dos
investimentos diretos destinados pelos Estados Partes aos demais sócios do bloco.
O MERCOSUL NA ATUALIDADE
#tratamento do tema de proteção mútua de indicações geográficas entre Estados Partes do MER-
COSUL;
#Ainda há muito avanços necessários para consolidar o Mercado Comum previsto no Tratado de
Assunção, em todos os seus aspectos: a livre circulação de bens, serviços e outros fatores produti-
vos, incluindo a livre circulação de pessoas; a plena vigência da TEC e de uma política comercial
comum; a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais; e a convergência das legislações
nacionais dos Estados Partes.
#Na área institucional, é fundamental tornar o MERCOSUL mais ágil, moderno e dinâmico. Tam-
bém há espaço para avançar na racionalização da estrutura institucional do Bloco, tornando-a mais
enxuta, transparente e eficiente.
#Nas área de cidadania e das políticas sociais, as metas estão dadas pelo Estatuto da Cidadania e
pelo PEAS. Entre as prioridades estabelecidas pelo Brasil, destacam-se a facilitação da circulação
de pessoas no MERCOSUL, por meio da modernização e simplificação dos procedimentos migrató-
rios, e a plena implementação do sistema de mobilidade acadêmica do MERCOSUL.
A Venezuela cumpriu apenas 25% do total de acordos e 80% das mais de 1.200 norma técnicas
que estão no tratado de adesão e normas do bloco econômico. Apesar de outros países, como a
Argentina, descumprirem algumas normas internas, a Venezuela teve a suspensão por outros fato-
res graves.
O Brasil contou com o apoio da Argentina e Paraguai para a decisão de suspensão da Venezuela,
que tem direção política em alguns aspectos opostas à dos membros do Mercosul. A postura do
presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, por exemplo, é considerada ditatorial e antidemocrática.
Esses fatores contribuíram para a retirada do país do bloco.
3. Outros motivos
Em 2016, o país sentiu mais forte a crise e teve falta de produtos e serviços básicos, como água,
alimentos e energia elétrica. O Mercosul possui principalmente interesses econômicos e a situação
crítica da economia venezuelana influenciou significativamente para a suspensão por tempo inde-
terminado da Venezuela como membro do bloco.
BREXIT
No dia 23 de junho de 2016, os cidadãos do Reino Unido participaram de um plebiscito em que po-
diam escolher entre duas opções: o Reino Unido permanecer (“remain”) ou deixar (“leave”) a União
Europeia. No fim das contas, venceu a opção pela saída dos britânicos da UE, com 52%. Sem dú-
vida, esta é uma decisão de grandes proporções para aquele país, para a Europa e para todo o
mundo. Vamos entender um pouco melhor as implicações do Brexit.
O QUE É BREXIT?
A sigla Brexit é uma junção de “Britain” e “exit”, que em português significa saída do Reino
Unido (da União Europeia). O Brexit, opção que venceu o plebiscito, consiste basicamente no des-
membramento, por parte do Reino Unido, do bloco da União Europeia.
Surgida após a Segunda Guerra Mundial e desenvolvida ao longo de décadas, a União Eu-
ropeia é um bloco econômico acordado entre vários países europeus (com a saída do Reino Unido
serão 27 países-membros), cujo objetivo maior é promover a integração e a cooperação entre tais
países, em diversos aspectos: econômicos, culturais e políticos.
União Europeia existe até hoje, mais de sete décadas após o fim da Segunda Guerra, e já alcançou
acordos de integração em um nível inédito na história mundial: abertura comercial, formação de um
mercado comum europeu, acordo de livre circulação de pessoas e até a unificação monetária (o
Euro é a moeda oficial de 19 países europeus atualmente).
A União Europeia tornou-se uma forte organização política, com significativo poder de decisão na
vida dos europeus. Possui um parlamento e também uma corte de justiça. Tudo isso são feitos que
não encontram paralelo na história mundial: vários Estados soberanos optaram por se integrar e até
mesmo abrir mão de parte de suas soberanias, por entender que a cooperação entre si traria mais
benefícios para si.
Por esse motivo, milhões de pessoas têm migrado incessantemente de países da África e do Orien-
te Médio para a Europa. A onda de imigrantes assusta muitos europeus, que muitas vezes reagem
com xenofobia em relação a essas pessoas.
A campanha pelo Brexit certamente foi muito fortalecida pela percepção de que o Reino Unido es-
tava sendo prejudicado pela facilidade com que muitos estrangeiros conseguiam migrar para o pa-
ís. A alegação de que o país não possui controle efetivo sobre suas próprias fronteiras por causa da
União Europeia pesou bastante para o resultado final.
Além da questão da imigração, também há o argumento de que a União Europeia cria uma situação
injusta entre seus membros, em que os países com economias mais fortes (como Alemanha, Fran-
ça e Reino Unido) sustentam os países economicamente mais fracos e endividados (Espanha, Por-
tugal, Grécia, Itália, etc).
Por fim, é preciso notar que o Reino Unido é um país que guarda algumas diferenças com seus
vizinhos. O país fica em uma ilha e sua vocação marítima o alçou à condição de maior império do
mundo no século XIX, com colônias espalhadas por todo o globo. É daí que vem a famosa frase “O
sol nunca se põe no império britânico”.
O sentimento nacionalista britânico, portanto, pode ter sido um apelo para que a população da ilha
(principalmente os ingleses e galeses) deixasse seus pares europeus. Membro da UE desde 1973,
o Reino Unido sempre teve uma participação titubeante no bloco. Um exemplo disso é que o país
nunca adotou o euro como moeda (a libra esterlina continuou circulando). O país também não par-
ticipou completamente do acordo de Schengen, que não era originalmente parte da União Euro-
peia, mas desde 1997 faz parte do quadro jurídico; tal acordo criou um espaço de livre circulação
de pessoas entre países europeus, sem a necessidade de controle de passaporte.
Com a vitória da saída do Reino Unido da União Europeia, abre-se um período de incerte-
zas, afinal, essa é a primeira vez que um membro decide deixar a união. O primeiro-ministro britâ-
nico, David Cameron, que fez campanha pela permanência de seu país, já declarou que renunciará
ao seu cargo em outubro, afirmando que um novo primeiro-ministro deve conduzir as negociações
de saída do bloco. Agora, Reino Unido e União Europeia terão de fazer intensas negociações, que
definirão como será a relação entre eles de agora em diante.
Veja no infográfico abaixo como funciona, de acordo com o artigo 50 do Tratado de Lisboa, o pro-
cesso de saída de um membro da União Europeia:
OS “TIJOLOS” DA ECONOMIA – BRICS
Os números são astronômicos: juntos, os Brics - o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul - ocupam 26,46% da área total da Terra, reúnem 42,58% da população mundial e res-
pondem por 22,53% do PIB do planeta.
Mas, na medida em que crescem em importância, suas diferenças acabam se tornando mais pro-
nunciadas desde que o termo foi criado, há 16 anos.
Naquela ocasião, o britânico Jim O'Neill, então diretor de pesquisas econômicas do banco de inves-
timentos Goldman Sachs, cunhou a sigla ao assinalar a importância cada vez maior desses países,
sobretudo, da China, para o crescimento da economia mundial.
Mas, hoje, no campo econômico, os Brics têm tido desempenhos muito diferentes. A Índia é a única
que continua a crescer. A China ainda mantém uma taxa de crescimento bem maior do que a mé-
dia mundial, mas menos vigorosa do que no passado. Já Brasil e Rússia se revelaram "grandes
decepções".
Já no campo político, disputas territoriais entre China e Índia elevaram as tensões entre os dois pa-
íses. Como resultado, o futuro do grupo vem sendo colocado em xeque.
Especialistas citam como exemplos do estreitamento das relações entre esses países não só o es-
tabelecimento de um fundo de US$ 100 bilhões à disposição de qualquer membro do grupo no ca-
so crises de liquidez, como também o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também chamado
de "Banco dos Brics", voltado para o financiamento de projetos em países em desenvolvimento.
Os Brics são excelente veículo para Pequim se movimentar geoeconomicamente para além de sua
vizinhança asiática. Daí os primeiros projetos financiados pelo NBD centrarem-se em energia limpa.
A China investe mais em tecnologia eólica e fotovoltaica do que todo o resto do mundo. A constru-
ção institucional dos Brics 2.0' não é pouca coisa. Agrupamentos como o G7 jamais foram além de
declarações sobre a conjuntura global.
O presidente americano Donald Trump assinou um documento que coloca fim à participação dos
Estados Unidos no Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (o TPP), negociado durante
anos por seu antecessor Barack Obama e que tinha a adesão de 12 países da região Ásia-Pacífico.
TPP
O tratado foi assinado por 12 países: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, No-
va Zelândia, Peru, Cingapura, Estados Unidos e Vietnã, que representam 40% da economia mun-
dial e um terço do comércio global.
O TPP, que visa reduzir barreiras comerciais em algumas das economias com o crescimento mais
rápido da Ásia e se estender do Canadá ao Vietnã, não pode entrar em vigor sem os Estados Uni-
dos.
Ele precisa da ratificação de pelo menos seis países que respondam por 85% do Produto Interno
Bruto (PIB) combinado dos países membros.
OBAMA DIZ QUE SEM TPP CHINA DECRETARÁ REGRAS DO COMÉRCIO MUNDIAL
Várias organizações não governamentais o questionam por alegar que há normas pouco transpa-
rentes para os trabalhadores e o meio ambiente. Argumentam ainda que viola normas soberanas
de países-membros e limita o acesso a medicamentos.
Resposta da China
A China tem buscado promover sua própria versão de um pacto comercial da Ásia-Pacífico,
chamado de Parceria Abrangente Econômica Regional (RCEP, na sigla em inglês), que exclui os
Estados Unidos e cria uma área de livre comércio de 16 nações, incluindo a Índia, o maior bloco do
mundo nesse âmbito, abrangendo 3,4 bilhões de pessoas.
Trata-se de um acordo comercial mais tradicional, que envolve cortar tarifas em vez de abrir eco-
nomias e estabelecer padrões trabalhistas e ambientais como o TPP faria.
CRISES MUNDIAIS
ENTENDA O QUE CAUSOU A CRISE FINANCEIRA DE 2008
O crédito fácil e a disseminação de um investimento "podre" pelo mundo todo estão na raiz da crise
financeira de 2008.
Por volta de 1998, os bancos dos Estados Unidos começaram a emprestar dinheiro a muita gente
que não tinha como pagar.
Mesmo quem estava desempregado e não tinha renda nem patrimônio conseguia ser aprovado
pelo banco para receber um financiamento. E poderia dar a própria casa como garantia para vários
empréstimos.
Esse tipo de crédito era conhecido como “subprime” (de segunda linha). O volume de financiamen-
tos desse tipo era gigantesco.
CDOS E CALOTE
Os bancos passaram, então, a misturar essa dívida de alto risco (pouca chance de ser paga) com
dívidas de baixo risco (de clientes com bom histórico de pagamento) e montar vários pacotes, as
chamados CDO (obrigações de dívida com garantia).
Eles vendiam as CDOs para investidores do mundo todo, sobretudo na Europa. Quando os norte-
americanos que tomaram os empréstimos pagassem o valor devido, o dinheiro iria para quem com-
prou a CDO, com juros. Os compradores eram levados a acreditar que estavam fazendo um ótimo
negócio, porque os juros eram altos.
Eles não sabiam exatamente que tipo de dívida havia dentro da CDO que estavam comprando,
mas as agências de classificação de risco (Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s), depois criticadas
por seu papel na crise, garantiam que eram investimentos de alta qualidade.
O problema é que os devedores não pagaram suas dívidas. Como essas dívidas estavam nas
mãos de bancos e fundos de investimentos do mundo todo, houve um efeito dominó no mercado.
SEGUNDA-FEIRA NEGRA
Em 15 setembro de 2008, marco da crise, um dos bancos de investimentos mais tradicionais dos
Estados Unidos, o Lehman Brothers, foi à falência, e as Bolsas do mundo todo despencaram. A
data ficou conhecida como segunda-feira negra.
Em seguida, outros bancos anunciam perdas bilionárias. Foram meses de muita instabilidade no
mercado.
Para tentar evitar quebradeiras em série, governos de vários países anunciam planos de socorro à
economia, injetando bilhões em bancos.
RECESSÃO E DESEMPREGO
Mesmo assim, a crise não ficou só no setor financeiro. Os Estados Unidos e outros países, incluin-
do o Brasil, entraram em recessão. O desemprego disparou, sobretudo entre os mais jovens, e mui-
tas empresas faliram.
Os efeitos da crise de 2008 foram sentidos no mundo todo durante anos. Até hoje, oito anos de-
pois, o nível de emprego em vários países não retor-
nou aos patamares anteriores ao colapso.
CONSEQUÊNCIAS NO BRASIL
Antes restrita aos bancos, o primeiro reflexo da crise sobre as empresas brasileiras não-financeiras
apareceu no dia 25 de setembro de 2008. Foi o dia em que a Sadia anunciou que havia tido um
prejuízo milionário com investimentos em derivativos tóxicos. Era a primeira empresa a registrar
perdas ligadas diretamente à crise financeira nos Estados Unidos.
O prejuízo inicial foi avaliado em R$ 760 milhões, mas no fechamento do trimestre (outubro – de-
zembro), as perdas foram de R$ 2,042 bilhões e acabaram culminando na fusão da companhia com
a Perdigão, que deu origem à BRF. Na carona da Sadia, a Aracruz também perdeu dinheiro com
derivativos e registrou um prejuízo de R$ 3 bilhões no quarto trimestre de 2008.
Endividada, a empresa acabou fechando um acordo de aquisição com a VCP e, juntas, as duas
empresas criaram a Fibria.
Dias depois de as duas empresas apresentarem os prejuízos, o então presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, afirmou que a crise era um tsunami nos Estados Unidos, mas se chegasse no Brasil, não
passaria de uma marolinha.
Lula e sua equipe econômica apostaram no mercado interno para manter o crescimento do país.
Para estimular o consumo e fazer a economia girar, o governo baixou os juros (de 13,75% para
8,75% ao ano em 2009), diminuiu a alíquota de impostos para produtos da linha branca, materiais
de construção e automóveis e liberou bilhões de reais em depósitos compulsórios para os bancos,
com o intuito de estimular o setor financeiro a emprestar mais. O Brasil se apoiou na expansão do
consumo interno e conseguiu se consolidar como um mercado forte. Não houve por aqui nenhum
impacto muito terrível, como o aumento do desemprego que se viu na Europa e nos Estados Uni-
dos.
Mesmo com os estímulos, o Brasil não ficou imune à crise. O PIB nacional, que fechou o ano de
2008 em 5,2%, chegou ao final de 2009 com resultado negativo: -0,3%. Enquanto isso, a economia
mundial registrava PIB de -0,6%, tendo de um lado, os Estados Unidos com a economia encolhen-
do -3,1% e, de outro, a China, crescendo 9,2%.
Passados cinco anos, o saldo da crise econômica mostra o sistema financeiro com um endivida-
mento menor, mas ainda longe do ideal, os Estados Unidos decidindo se retiram ou não as políticas
de estímulo à economia e a Europa ainda lutando para voltar a crescer. O cenário mais preocupan-
te está em países como Espanha e Grécia, que ainda enfrentam taxas de desemprego perto de
30%.
Para o Brasil, o desafio maior é administrar a política monetária para evitar um "tsunami" com o
possível fim dos estímulos do Fed à economia americana. Se as medidas atingirem a economia do
país, que não passe de uma marolinha.
DEFINIÇÕES DE RECESSÃO
Já o Codace define como recessão a "fase cíclica marcada pelo declínio na atividade econômica
disseminada entre diferentes setores econômicos". Por essa metodologia, o comitê aponta, que
desde o início da recessão até o primeiro trimestre deste ano, houve uma taxa média de contração
de 1,1% em termos anualizados.
Duração da recessão
Ainda de acordo com o relatório, a taxa de contração da economia sugere que a extensão da
atual recessão seria de pelo menos quatro trimestres. O tempo é mais longo que a duração média
das cinco recessões anteriores: a última, vista durante a crise financeira internacional, durou dois
trimestres, de outubro de 2008 a março de 2009. A anterior a esta teve igual duração, do primeiro
ao segundo trimestres de 2003.
RECESSÃO DE 2014
Entre abril de 2014 e dezembro de 2016 foram onze trimestres de quedas praticamente contínuas
do Produto Interno Bruto na mais longa recessão no Brasil desde 1992. Somente em outubro de
2017 é que o Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos) conseguiu identificar que o perí-
odo de retração havia acabado e que o país iniciava a atual lenta recuperação.
A medição pela ótica da demanda mostrou que o governo até tentou manter seus gastos no
início da crise, mas não teve fôlego por causa dos problemas nas contas públicas. Com o desem-
prego, principalmente a partir de 2015, a capacidade de consumo das famílias também diminuiu - é
este o componente mais pesado do PIB pelo lado da demanda. Nenhum componente, porém, che-
gou perto da queda do investimento. A chamada “formação bruta de capital fixo” caiu quase 30%.
Ela mede todo gasto que é feito para aumentar a produção e a riqueza, gerar mais PIB. Isso englo-
ba desde a compra de uma máquina até a construção de infraestrutura. Com o aperto na economia,
o investimento - que não é um gasto obrigatório - é quem mais sofreu. A queda no investimento
ajuda a alongar o ciclo vicioso.
A RETOMADA
A fase atual é a de recuperação. Nos três primeiros trimestres de 2017, para os quais já existem
resultados disponíveis, o PIB foi positivo. As previsões são de que a economia cresceu cerca de
1% no ano que passou. Na avaliação do Codace, a recuperação “é lenta”. Em documento publica-
do no fim de 2017, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda divulgou as proje-
ções para os próximos PIBs trimestrais. O crescimento estimado para o 4º trimestre de 2017 é de
0,3%. Para 2018 a projeção fica entre 0,7% e 0,8% em todos os trimestres.
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
O QUE É ETNICIDADE?
Diferentemente do tão criticado conceito de raça, que via os agrupamentos humanos diferenciados
unicamente pelos fatores biológicos, a ideia de Etnicidade é um conceito que se refere ao contexto
das diferenças sociais entre os grupos. A Etnicidade diz respeito às particularidades das práticas
sociais e crenças que um determinado grupo preserva e reproduz.
As diferenças sociais ocorrem a partir do contato de um indivíduo ou grupo com outros indivíduos
ou agrupamentos com diferenças culturais. Portanto, a noção de identidade é construída sempre
por meio do contato com o diferente. Só é possível para um sujeito se reconhecer dentro de uma
dada cultura, quando ele percebe que esta possui diferenciações em relação às demais culturas.
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO
Há uma equivocada tentativa de enquadrar todos os sujeitos sociais em uma visão cultural homo-
gênea, o que de fato não ocorre, porque a história dos grupos humanos é diferenciada, variando
em conformidade com os locais nos quais viveram, bem como com os processos evolutivos pelos
quais passaram.
Ainda assim, existem sujeitos que não aceitam o diferente, o que se torna ainda pior quando além
do desprezo, geram-se atos violentos contra aqueles que são considerados distintos. O preconceito
é pautado em opiniões e posturas negativas em relação aos elementos que diferenciam os sujeitos,
já a discriminação diz respeito às ações de separação cultural, alguns grupos aceitam apenas
membros de sua própria cultura, rejeitando os demais.
A etnofobia é um conceito que tem sido utilizado como forma de explicar o mesmo fenômeno do
racismo, em um contexto em que se evita falar em raça, por conta do peso estritamente biológico
da ideia, substituindo pela noção de etnia, que abrange a realidade social, entendendo-se que os
homens são constituídos a partir das práticas sociais históricas.
O CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE
O conflito entre Israel e Palestina, oficialmente, já dura mais de meio século e parece ainda estar
longe de uma solução definitiva. A sua origem está vinculada à ocupação das potências imperialis-
tas europeias, sobretudo o Reino Unido.
A Inglaterra, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), lutava para derrotar o Império Turco-
Otomano a fim de ocupar a região que hoje corresponde ao Oriente Médio. Durante essa guerra, os
britânicos prometeram territórios tantos aos árabes, que já ocupavam a região, quanto aos Judeus,
que se encontravam completamente espalhados pelo mundo.
Com o incentivo dos ingleses, o povo Judeu inaugurou então um movimento chamado sionismo,
que nada mais era do que a ida do povo Judeu em direção à Terra Prometida. Durante a luta entre
britânicos e turco-otomanos, ocorreu então uma intensa migração de Judeus para a região.
Com a queda do Império Turco-Otomano, a região da Palestina passou a protagonizar várias dispu-
tas e conflitos entre judeus e árabes. Os ingleses, protagonistas do episódio, tentaram, em vão,
realizar um acordo entre as duas frentes de disputa. Então, logo após a Segunda Guerra Mundial,
resolveram entregar o caso à ONU (Organização das Nações Unidas).
Em 1947, a ONU realizou então a partilha da Palestina, com a criação do Estado de Israel. De
acordo com a divisão, 57% do território (cerca de 14 mil km²) ficaria com Israel, enquanto os outros
43% (pouco mais de 11 mil km²) pertenceriam aos árabes. Além disso, a cidade de Jerusalém –
sagrada para árabes, judeus e cristãos – tornou-se um território internacional administrado pela
ONU.
A então recém-fundada Liga Árabe recusou a proposta, uma vez que os árabes compunham a mai-
or parte da população (cerca de 70%) e, mesmo assim, ficariam com um território menor e mais
fragmentado que o judeu. Apesar dos protestos, tal divisão se manteve e o Estado de Israel foi
fundado em 1948.
Logo após a partilha realizada pela ONU, os israelenses promoveram uma ampla invasão imperia-
lista e territorial sobre os países árabes vizinhos. Tal fato ocasionou a fuga de centenas de milhares
de palestinos para diversos países do Oriente Médio. Com isso, em 1949, Israel aumentou de 57%
para 75% a posse do território da Palestina e ocupou a porção oeste de Jerusalém. O que mais
revoltou a comunidade árabe foi a posição da ONU, que não impôs sanções contra Israel, graças à
grande influência dos Estados Unidos dentro do órgão, aliados dos israelenses.
Em 1964, os árabes fundaram a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) para lutarem
pela criação do Estado da Palestina e para defenderem os seus territórios da expansão israelense.
Posteriormente, em 1993, a OLP teve seu nome alterado para Autoridade Palestina (AP).
Entre os vários conflitos árabe-israelenses, um dos mais emblemáticos foi a Guerra dos Seis Dias,
pois, em exatos seis dias, o Estado de Israel, que detinha apoio dos EUA, estendeu ainda mais o
seu território, ocupando a Península do Sinai, no Egito, áreas da Síria e da Jordânia e completando
a ocupação da cidade de Jerusalém.
Em 1979, Israel chegou a devolver a Península do Sinai para o Egito, mas continuou ocupando ou-
tras áreas que havia invadido, como as Colinas de Golã, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Essas
regiões foram devolvidas à AP em 2005.
Em 1987, a região protagonizou um dos mais terríveis e sangrentos episódios desse conflito,
a Intifada. Tal episódio, também chamado de “Revolta das Pedras”, aconteceu quando civis pales-
tinos, em protesto à intervenção israelense, começaram a atirar pedras contra os soldados de Isra-
el. No fim, centenas de crianças palestinas foram mortas, assim como alguns soldados israelenses.
Esse foi apenas mais um episódio de uma guerra marcada pelos avanços tecnológicos e bélicos de
um lado (Israel) contra o amadorismo e falta de equipamentos do outro (Palestina).
O conflito entre Israel e Palestina parece estar longe de terminar, pois ambas as frentes não abrem
mão da ocupação da cidade de Jerusalém, sagrada para ambas as culturas. Além disso, tanto os
palestinos defendem o fim de Israel quanto os israelenses defendem a total ocupação da região da
Palestina. Além disso, até hoje o Estado da Palestina não é oficialmente reconhecido. Veja no ma-
pa abaixo a atual divisão territorial da região da Palestina.
No dia 06 de dezembro de 2017, o então Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconhe-
ce Jerusalém como capital de Israel e ordena transferência de embaixada americana. A decisão é
considerada polêmica, uma vez que os palestinos querem Jerusalém Oriental como capital de seu
futuro Estado. Israel considera Jerusalém sua capital eterna e indivisível.
"Hoje finalmente reconhecemos o óbvio: que Jerusalém é a capital de Israel", disse Trump.
"Isso é nada mais nada menos do que o reconhecimento da realidade. Também é a coisa certa a
fazer. É algo que tem que ser feito".
Atualmente, Israel ainda é detentor da maior parte do território. A Palestina encontra-se amplamen-
te fragmentada em Cisjordânia, Faixa de Gaza e Colinas de Golã.
O ESTADO ISLÂMICO
Formado em abril de 2013, o Estado Islâmico é um grupo terrorista sunita criado por dissidentes da
Al-Qaeda do Iraque que atuam principalmente na Síria e também no próprio país, mas que nos úl-
timos anos tem realizado ataques mortais na Europa.
O grupo sunita controla vastas regiões de Raqqa e Deir Ezzor, territórios que o Observatório Sírio
para os Direitos Humanos estima ser de 95 mil quilômetros quadrados, ou mais de metade da mas-
sa de terra síria. Com a apreensão dos campos de gás e petróleo de Arak e al-Hail perto de Palmi-
ra, eles também controlam grande parte do fornecimento de eletricidade de toda essa região.
O grupo terrorista é controlado por Abu Bakr al-Baghdadi. O comandante teria nascido em Samar-
ra, norte de Bagdá, em 1971, e se juntado à rebelião que começou a surgir no Iraque logo depois
da invasão liderada pelos EUA em 2003. As informações sobre o líder terrorista são de difícil aces-
so.
Algumas informações apontam que ele já era um militante jihadista durante a era de Saddam Hus-
sein. Outros sugerem que ele foi radicalizado durante os quatro anos em que foi mantido em Camp
Bucca, uma academia dos EUA no sul do Iraque, onde muitos comandantes da Al-Qaeda foram
presos.
Cerca de 30 países formaram em 2014 uma coalizão para lutar contra o EI, sob a liderança dos
Estados Unidos. A aliança segue basicamente as linhas apresentadas pelo presidente Barack
Obama: ataques aéreos, apoio às forças locais, uso da inteligência e fornecimento de assistência
humanitária.
Entre os países que fazem parte da coalizão estão: Estados Unidos, Austrália, Dinamarca, Bélgica,
França, Alemanha, Turquia, Canadá e Reino Unido.
O Estado Islâmico é adepto da doutrina de guerra total sem limites e restrições – não há, por
exemplo, arbitragem ou transigência quando se trata de solucionar disputas mesmo com rivais suni-
tas.
E, ao contrário da organização que lhe deu origem, a al-Qaeda, o Estado Islâmico não recorre à
teologia para justificar os crimes.
A violência tem suas raízes no que pode ser identificado como "duas vertentes", segundo a escala
e a intensidade da brutalidade.
A primeira, liderada por discípulos de Sayyid Qutb – um islamita egípcio radical considerado o teóri-
co supremo do jihadismo moderno -, tinha como alvo regimes árabes seculares pró-Ocidente ou o
que chamavam de "inimigo próximo", e, no geral, demonstrava moderação no uso da violência polí-
tica.
Após o assassinato do presidente egípcio Anwar Sadat, em 1980, essa insurgência islamita se dis-
solveu até o final dos anos 90 ao custo de 2 mil vidas. Muitos dos militantes haviam seguido para o
Afeganistão nos anos 80 para combater um novo inimigo global – a União Soviética.
A jihad ("guerra santa") afegã contra os soviéticos deu origem à segunda vertente que, mais tarde,
ganhou um alvo específico – o "inimigo distante": os Estados Unidos, e em menor grau, a Europa.
Essa segunda onda foi encabeçada por um multimilionário saudita que virou revolucionário, Osama
Bin Laden.
Bin Laden fez um grande esforço para racionalizar o ataque da al-Qaeda aos Estados Unidos em
11 de setembro de 2001, chamando-o de "jihad defensiva", ou retaliação contra a dominação ame-
ricana das sociedades muçulmanas.
Consciente da importância de arrebanhar corações e mentes, Bin Laden enviou sua mensagem aos
muçulmanos e até a americanos como uma espécie de auto-defesa, e não agressão.
Esse tipo de justificativa, no entanto, não tem relevância para o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi,
que não parece se importar com o que o mundo pensa da sanguinolência dos ataques do grupo.
Em contraste às duas primeiras vertentes, o EI professa ação violenta sem qualquer preceito teóri-
co ou teológico e em nenhum momento demonstrou ter um repertório de ideias que sustente e nu-
tra a sua base social. Trata-se de uma máquina de matar alimentada por sangue e armas.
Indo além da doutrina de Bin Laden de que "quando as pessoas veem um cavalo forte e um cavalo
fraco, por natureza vão escolher o mais forte", a vitória por meio do terrorismo de al-Baghdadi indi-
ca a amigos e inimigos que este é um "cavalo vencedor".
"Saia do caminho ou você será esmagado; junte-se a nós e faça história" parece ser o lema do EI.
Evidências cada vez mais fortes mostram que, nos últimos meses, centenas senão milhares de an-
tigos e obstinados inimigos do EI, como a Frente al-Nusra e a Frente Islâmica, responderam ao
chamado de al-Baghdadi.
A ETERNA PRIMAVERA ÁRABE SÍRIA
Com seis anos recém-completados, a guerra civil na Síria tem origens que passam pela Primavera
Árabe, no Oriente Médio e na África, e por outros episódios do complexo contexto geopolítico da
região. Mais de 400 mil mortes e cinco milhões de refugiados depois, o país passa por um dos seus
momentos mais delicados, em meio ao aumento da tensão após bombardeios dos Estados Unidos
a uma base aérea síria numa quinta-feira 06 de março de 2017.
Os desdobramentos do conflito, que já causam impactos internacionais, podem ser agravados após
a ofensiva norte-americana em reação a um ataque com armas químicas ocorrido dias antes.
A Guerra Civil da Síria é um conflito que se estende desde 2011 entre vários grupos armados. O
Observatório Sírio de Direitos Humanos já estimou como consequência do conflito mais de 470 mil
mortos e mais de 11 milhões de refugiados sírios, dos quais 4,9 milhões migraram para fora do pa-
ís. O conflito começou como consequência da repressão do governo sírio contra os protestos popu-
lares durante a Primavera Árabe e hoje tomou proporções de sectarismo religioso.
CAUSAS DO CONFLITO
A Síria é governada pela família al-Assad desde a década de 1970 de maneira ditatorial. Bashar
al-Assad só assumiu o país em 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad. O governo de
Bashar sofreu inúmeras críticas pela corrupção e pela falta de liberdade política. Essas críticas to-
maram novas proporções com a Primavera Árabe.
A Primavera Árabe aconteceu quando a população de inúmeros países árabes manifestou-se exi-
gindo democracia e melhores condições de vida em seus países. Os protestos iniciaram-se no final
de 2010, na Tunísia, e espalharam-se por outros países, como Líbia e Egito. Na Síria, os protestos
iniciaram-se em março de 2011, na cidade de Deraa, no sul da Síria. A resposta do governo sírio
foi violenta, o que motivou novas rebeliões em diferentes partes da Síria, como na capital, Damas-
co, e Aleppo, a maior cidade da Síria.
À medida que a repressão do governo contra os protestos populares aumentava, formaram-se gru-
pos de resistência. Esses grupos logo se transformaram em milícias armadas, que partiram ao ata-
que na tentativa de expulsar as tropas de Assad de suas regiões e derrubar o governo sírio. Esses
exércitos rebeldes foram inicialmente formados por civis e militares desertores.
A ONU e a Liga Árabe movimentaram-se para buscar saídas diplomáticas ao conflito, entretanto,
os cessar-fogos negociados nunca foram respeitados. Assim, a escalada da violência na Síria to-
mou proporções de guerra civil.
A principal força rebelde é o Exército Livre da Síria, que surgiu em julho de 2011. Esse grupo pos-
sui características seculares (não está sujeito a nenhuma ordem religiosa) e, portanto, é consi-
derado um grupo rebelde moderado. A oposição rebelde, entretanto, passou a contar
com grupos extremistas de tendência jihadista, como o Jabhat Fateh al-Sham, anteriormente
conhecida como Frente Al-Nusra.
A partir de 2013, o Estado Islâmico, antigo braço armado iraquiano da Al-Qaeda, aproveitou-se da
instabilidade da Síria e aderiu a grupos rebeldes de jihadistas sunitas. Entretanto, como o Estado
Islâmico cresceu rapidamente, ele se autoproclamou um Califado em territórios na Síria e no Ira-
que. O califado é uma espécie de reino baseado na lei islâmica, a sharia. A guerra que havia co-
meçado por razões políticas tomou proporções religiosas.
Outras frentes de guerra surgiram com pequenos grupos rebeldes, principalmente de tendências
fundamentalistas. Outro grupo de destaque foi os curdos, que se mobilizaram ao conflito a partir de
2014, quando o Estado Islâmico passou a perseguir a minoria curda da Síria. As tropas curdas atu-
almente mantêm o controle das regiões ao norte da Síria, na região chamada de Rojava.
Com a guerra sendo travada entre diferentes grupos, o conflito espalhou-se por diversas frentes.
Assim, mudanças e movimentações das tropas acontecem a todo momento na Síria.
ARMAS QUÍMICAS
Recentemente, em virtude do ataque americano contra a base aérea do governo sírio na cidade de
Homs, as relações entre Rússia e Estados Unidos ficaram abaladas. A Rússia e o Irã manifestaram
sua insatisfação ao ataque feito pelos Estados Unidos ao governo sírio (aliado russo).
Os Estados Unidos realizaram essa intervenção porque atribuem a Bashar al-Assad o ataque quí-
mico que aconteceu em abril de 2017 contra a cidade de Khan Sheikhoun. As armas químicas
usadas em Khan Sheikhoun resultaram em 86 mortes pelo altamente tóxico gás sarin.
VÍTIMAS DA GUERRA
Aylan Kurdi, o menino refugiado sírio de três anos cujo afogamento causou consternação ao redor
do mundo, tinha escapado das atrocidades do grupo autointitulado "Estado Islâmico" na Síria.
Não há previsão de quando a guerra civil síria chegará ao fim. Em virtude da alta complexidade dos
grupos que lutam entre si e da alta interferência estrangeira na região, o conflito segue sendo ali-
mentado. Além disso, a existência do Estado Islâmico deu uma nova dimensão ao conflito.
A guerra que se estende por seis anos e já resultou em 470 mil mortes gerou uma crise internaci-
onal de refugiados. Estima-se que mais de 11 milhões de sírios sejam refugiados e que aproxima-
damente 5 milhões estejam fora do país.
Após seis anos de conflito, a população civil é quem mais sofre, principalmente as crianças.
O menino Omar Daqneesh, 5 anos, logo após ser resgatado de um bombardeio na cidade de Alep-
po
Atribuem-se crimes de guerra a todas as partes do conflito, como genocídios de civis, além de dois
ataques com armas químicas. A guerra resultou na destruição de grande parte do acervo histórico
existente no país, principalmente pela ação do Estado Islâmico.
BOKO HARAM
O Boko Haram é um grupo terrorista surgido na Nigéria que, muitas vezes, é denominado como
“grupo radical islâmico”, pois as suas ações correspondem ao fundamentalismo religioso de comba-
te à influência ocidental e de implantação radical da lei islâmica, a sharia. O nome Boko Ha-
ram significa “a educação não islâmica é pecado” ou “a educação ocidental é pecado” na língua
Hausa, um idioma bastante falado no norte do território nigeriano.
O surgimento do Boko Haram ocorreu em 2002, como uma seita religiosa, fundada
por Mohammed Yusuf na cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, na Nigéria. Para Yusuf
e os seus seguidores, a cultura ocidental reproduzida na sociedade seria a principal razão para os
males do país, sendo necessária a sua erradicação para combater a corrupção e o descaso das
autoridades para com o povo. O líder atual do Boko Haram é Abubakar Shekau.
Com o passar do tempo, o Boko Haram foi se tornando um grupo militar cada vez mais bem arma-
do, recebendo vários treinamentos e ações de formação por parte da Al-Qaeda do Magreb e de
alguns outros grupos militares radicais existentes na região setentrional da África. Em 2009, com a
morte de Mohammed Yusuf durante um confronto armado, o Boko Haram tornou-se uma organiza-
ção militar totalmente radical. No entanto, somente em 2013 os Estados Unidos passaram a consi-
derar, oficialmente, o Boko Haram como grupo terrorista, que é hoje um dos maiores da atualida-
de.
O principal objetivo do Boko Haram atualmente, além de combater os princípios e legados oci-
dentais deixados pela colonização britânica no país, é a construção de uma república islâmica. Pa-
ra conseguir esse objetivo, o grupo terrorista utiliza muitos métodos radicais, incluindo a realização
de atentados e o sequestro para realizar avanços territoriais. O Boko Haram também age por meio
do sequestro de mulheres, utilizando-as para a obtenção de resgates e, principalmente, negocian-
do-as como escravas sexuais.
A ação mais notória do grupo até hoje ocorreu em abril de 2014, quando o Boko Haram sequestrou
cerca de 276 mulheres entre 16 e 18 anos. Segundo relatos de algumas das que conseguiram es-
capar, os militantes utilizavam-nas como escravas sexuais e vendiam-nas para membros da orga-
nização a um preço médio de 12 dólares. Indícios posteriores também afirmaram que boa parte das
mulheres foi utilizada em diversos combates.
Não há números concretos sobre a ação do Boko Haram, mas estima-se que o grupo terrorista já
tenha executado mais de três mil pessoas, número que se eleva continuamente a cada conflito
ocorrido. O grupo já tomou boa parte do território da Nigéria, sobretudo as suas áreas ao norte e a
nordeste, em um mapa difícil de ser representado, pois, a cada mês ou semana, um nova cidade é
tomada ou perdida para as tropas do governo nigeriano, realinhando as fronteiras da república ra-
dical islâmica.
Os milhares de combatentes e militantes do Boko Haram vêm lutando não tão somente contra as
tropas governamentais da Nigéria, mas também contra o apoio de outros países. Chade e Níger,
que formam uma coalização africana, vêm atuando no território nigeriano para combater as ações
da milícia terrorista, que eventualmente realiza atividades fora da Nigéria e ameaça, com uma pos-
sível expansão, os países circunvizinhos, principalmente Camarões, que já sofreu alguns atenta-
dos.
As ações do Boko Haram são uma demonstração da expansão da atividade de grupos terroristas
pelo mundo, algo que se intensificou nos períodos posteriores à Guerra Fria. O líder jurou, inclusi-
ve, uma lealdade a outro grupo terrorista radical, o Estado Islâmico. Essa postura não se trata, ao
menos por enquanto, de uma aliança entre os dois grupos, mas pode indicar um paralelo sem igual
para o crescimento da ação de grupos radicais pelo mundo.
AULA 07 – POLÍTICA
POLÍTICA
ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO
OPERAÇÃO LAVA JATO
A mais profunda investigação sobre corrupção já realizada no Brasil expôs as relações promíscuas
entre o setor empresarial e o poder público
Deflagrada em 2014 pela Polícia Federal, a Operação Lava Jato é a mais ampla investigação sobre
corrupção já realizada no Brasil. Ela atingiu em cheio todo o sistema político brasileiro, revelando as
entranhas do financiamento partidário-eleitoral. Corruptos e corruptores, empresários e políticos
têm sido alvo das investigações e muitos deles já foram julgados e condenados.
O resumo abaixo nos ajudará a entender como funcionava o esquema fraudulento revelado
pela Lava Jato:
É uma operação deflagrada em 2014 pela Polícia Federal para investigar um amplo esquema de
corrupção na Petrobras envolvendo funcionários da estatal, empreiteiras e diversos partidos políti-
cos.
O nome fazia referência a uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de veículos, em Brasí-
lia, usada para movimentação de dinheiro ilícito de uma das organizações investigadas inicialmen-
te.
Parte do dinheiro da propina ia para o funcionário corrupto (da Petrobras) e parte ia para os parti-
dos. Muitas vezes essa propina era dirigida para o financiamento de campanhas eleitorais.
– O que é caixa-dois?
Até 2014, as campanhas eleitorais podiam ser financiadas por doações de empresas. O caixa-dois
é o dinheiro não contabilizado, muitas vezes proveniente de propina, que ultrapassava o teto defini-
do por lei.
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, é responsável pelas investigações da Polícia
Federal e do Ministério Público. Ele autoriza procedimentos como escutas telefônicas e julga os
acusados.
É a prerrogativa que algumas autoridades possuem de serem julgadas pelo Supremo Tribunal Fe-
deral (STF). É o caso de presidentes da República, ministros de Estado e membros do Congresso
Federal (deputados e senadores).
AS DOAÇÕES ELEITORAIS
A principal linha de investigação da Lava Jato rastreia as doações eleitorais. Até a eleição de 2014,
a lei autorizava doações de empresas a candidaturas. Era muito frequente que um mesmo grupo
econômico doasse para todos os candidatos de um pleito. Para os críticos desse modelo de doação
privada, era uma forma de os empresários projetarem sua influência sobre os políticos eleitos – ou
seja, as empresas esperam algum retorno dos candidatos eleitos, seja na forma de privilégios em
contrações de obras e serviços ou na votação de temas de interesse dos doadores no Congresso.
Mas a Lava Jato está mostrando que essa prática é bem mais ampla do que se imaginava. Muitas
das doações eram, na verdade, repasses a servidores e políticos do excedente cobrado em contra-
tos superfaturados firmados com os governos. Ou seja, a vencedora de uma licitação cobra muito
mais do que determinada obra ou serviço valem, pega uma parte da sobra para si e distribui a outra
em forma de pagamento de propina para políticos.
O CAIXA 2
As doações eleitorais até 2014 eram permitidas, mas deveriam respeitar os limites definidos por lei,
que estipulava um teto eleitoral. Contudo, muitas candidaturas burlavam essa lei para poder ampliar
seu poder econômico durante a campanha eleitoral e conseguir vencer a disputa. Para isso elas
recorriam ao caixa 2. Trata-se do dinheiro que não é contabilizado oficialmente, nem declarado à
receita federal, proveniente principalmente das doações privadas aos partidos políticos.
Em muitos casos, o caixa 2 é abastecido justamente pela propina proveniente dos contratos super-
faturados de obras publicas citada no item anterior. Ou seja, a empresa doadora tenta interferir
economicamente na disputa eleitoral para que o seu candidato vença e perpetue o esquema de
vantagens indevidas em contratos com o governo.
Muito em função da evolução das investigações da Lava Jato, em 2015, o Supremo determinou que
somente pessoas físicas podem doar às campanhas eleitorais, regra que começou a valer a partir
das eleições de 2016.
A ODEBRECHT
A Lava Jato também mostrou que um grupo de empreiteiras formou um cartel no início dos anos
1990 para decidir entre elas a distribuição dos contratos da Petrobras com valores superfaturados.
As maiores construtoras brasileiras participaram do esquema, mas nenhuma como a Odebrecht,
uma gigante responsável por inúmeras obras importantes no país. Seu primeiro grande ciclo de
crescimento ocorreu durante a ditadura, quando passou a atuar no setor público.
Desde então, a Odebrecht tem sido um dos maiores contemplados com verbas federais. Não por
coincidência, o grupo também é um dos principais doadores de partidos políticos. No âmbito da La-
va Jato, seu nome apareceu em praticamente todos os depoimentos e ela foi associada a políticos
de vários partidos, de governos e opositores, e das diversas instâncias da esfera política.
Acuada, a empresa confirmou ter participado “de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do
sistema partidário-eleitoral do país”. E, em dezembro, a Odebrecht assinou com o Ministério Público
Federal um termo de leniência – como é chamada a delação premiada das empresas. Nesse termo,
a Odebrecht confessou fraudes em contratos, pagamentos de propinas e lavagem de dinheiro.
ULTIMAS FASES DA OPERAÇÃO LAVA JATO EM 2018
A Polícia Federal deflagrou a 48ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Integração, com
o objetivo de investigar casos de corrupção ligados aos procedimentos de concessão de rodovias
federais no Estado do Paraná que fazem parte do chamado Anel Da Integração.
Policiais Federais cumprem 50 mandados de busca e apreensão e 7 mandados de prisão temporá-
ria nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo.
A Polícia Federal deflagrou a 49ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Buona Fortuna,
com o objetivo de investigar pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos e políticos por
parte de consórcio de empreiteiras diretamente interessado nos contratos de construção da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte.
Policiais Federais cumprem 9 mandados de busca e apreensão, nos estados do Paraná e São Pau-
lo.
A Polícia Federal deflagrou a 50ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Sothis II, com o
objetivo de apurar o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos e atos de lavagem de
dinheiro subsequentes em contratos da Transpetro.
Policiais Federais cumprem três mandados de busca e apreensão, nos estados da Bahia, Paraná e
São Paulo.
A Polícia Federal deflagrou a 51ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Dejà Vu, objeti-
vando reunir elementos probatórios da prática dos crimes de corrupção, associação criminosa,
fraudes em contratações públicas, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e de lavagem de
dinheiro, dentre outros delitos.
Policiais Federais cumprem 23 ordens judiciais, sendo quatro mandados de prisão preventiva,
dois mandados de prisão temporária e 17 mandados de busca e apreensão, nos estados do Rio de
Janeiro, no Espírito Santo e São Paulo.
A PF deflagrou nova operação apurando crimes praticados contra subsidiárias da Petrobras, como
a Petrobras Química S/A (Petroquisa). O esquema criminoso identificado em várias contratações
da Petrobras repetiu-se em suas subsidiárias. Cerca de 40 policiais federais cumpriram 11 ordens
judiciais – 1 mandado de prisão preventiva, 1 mandado de prisão temporária e 9 mandados de bus-
ca e apreensão –, cumpridas nas cidades do Rio de Janeiro, Recife e Timbaúba, as duas últimas
no Estado de Pernambuco. As informações e provas demonstram que favoreceu-se o grupo Ode-
brecht na obtenção de contratos em troca de repasses de recursos a funcionários da empresa, em
valores em espécie ou remessas para contas bancárias estabelecidas no exterior. Direcionavam-se
as contratações estabelecendo-se parâmetros que só empresas do grupo investigado atenderiam
Polícia Federal deflagou uma nova fase da operação, tendo Beto Richa como alvo de busca e
apreensão. A nova etapa cumpriu 36 mandados judiciais em Salvador (BA), São Paulo (SP), Lupio-
nópolis (PR), Colombo (PR) e Curitiba (PR). A investigação apurou um pagamento milionário de
vantagem indevida em 2014 pelo setor de propinas da Odebrecht em favor de agentes públicos e
privados no Paraná, em contrapartida ao possível direcionamento do processo licitatório para inves-
timento na duplicação, manutenção e operação da PR-323. Ainda segundo a PF, os crimes investi-
gados na atual fase são corrupção ativa e passiva, fraude à licitação e lavagem de dinheiro.
54ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada em Portugal. De acordo com o MPF, houve o cum-
primento de cinco mandados de busca e apreensão em endereços, em Lisboa, relacionados a um
operador financeiro que já foi alvo da 51ª etapa da Lava Jato: Mário Ildeu de Miranda. O objetivo
das buscas foi apreender documentos e dispositivos eletrônicos escondidos no país que pudessem
identificar provas de outros crimes ainda não denunciados. A Polícia Federal (PF) informou que o
material apreendido será compartilhado com o Brasil para as investigações em curso. O Ministério
Público de Portugal teve autorização judicial para cumprir os mandados de busca e apreensão gra-
ças a uma cooperação internacional com o MP brasileiro. Foi a segunda fase da Lava-jato no âmbi-
to internacional.
A Polícia Federal deflagrou nova operação em quatro estados. A investigação policial teve como
foco a apuração de casos de corrupção ligados aos procedimentos de concessão de rodovias fede-
rais no Estado do Paraná, que fazem parte do chamado Anel da Integração. Aproximadamente 400
servidores públicos, entre os quais policiais federais, auditores e membros do MPF, participaram
das ações realizadas simultaneamente nos estados, sendo cumpridos 73 mandados de busca e
apreensão, 3 mandados de prisão preventiva e 16 mandados de prisão temporária. A partir da de-
flagração da primeira fase da Operação Integração, com o avanço das investigações, da análise de
todas as provas reunidas e dos acordos de colaboração premiada firmados por alguns investigados
foi possível identificar a existências de núcleos específicos e organizados que atuavam de forma
criminosa para explorar e obter benefícios indevidos a partir dos contratos de concessão de rodovi-
as federais no Paraná. Identificaram-se os núcleos político, técnico, empresarial e de operadores
financeiros. Os investigados responderão pelos crimes de corrupção ativa, passiva, fraude a licita-
ções, lavagem de dinheiro e associação criminosa, entre outros.
PROCESSO HISTÓRICO DO JULGAMENTO DO EX-PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SIL-
VA
O Brasil encara um juízo histórico contra o ex-presidente Lula, neste julgamento que deve ser
lembrado como marco político, do mesmo modo que as jornadas de 2013, ou o impeachment de
Dilma em 2016. Não há exageros nesta afirmação, uma vez que as variáveis em jogo terão conse-
quências práticas para as eleições, e devem ser capitalizadas politicamente por muito tempo. Com
Lula no banco dos réus, o Brasil traz junto seus ressentimentos, passados e presentes, após dois
anos de um processo político aparvalhado que começou no dia 2 de dezembro de 2015.
Naquele dia, o homem, que viria a pedir publicamente que a misericórdia divina intercedesse pelo
Brasil, acatou o pedido de impeachment da ex-presidente Dilma. Eduardo Cunha, então presidente
da Câmara, era ali o homem mais poderoso do país, com o dedo ao alcance da bomba atômica
política. Acabou explodindo junto com ela dois meses depois (talvez atendido pela misericórdia di-
vina) da destituição de Dilma.
A decisão de Cunha, porém, tinha o apoio de uma maioria no Brasil. Pessoas que nunca gostaram
do PT. Outras que gostavam no passado e se desencantaram. E outras ainda que nunca chegaram
a odiar o PT, mas detestavam saber que a Petrobras havia virado a mina de ouro de esquemas
corruptos. Entre esses, estavam também os que padecem de demofobia, que jogaram no ventilador
o ressentimento de ver um país fora do zona de (des)conforto social. Os tais que reclamam de po-
bres nas universidades, aviões ou que acreditam que o Bolsa Família servia para aumentar a prole
da baixa renda. Mas dizer que toda essa massa era homogênea é desonesto. Nada no processo
político brasileiro hoje, aliás, pode ser visto por um filtro maniqueísta. Nem mesmo o juízo de Lula.
A constatação de que o 2 + 2 não é igual a 4 na política brasileira ficou patente entre aquele 2 de
dezembro de 2015 e este 24 de janeiro de 2018. Neste período, o Brasil – e a massa que apoiou o
impeachment de Dilma por práticas ilícitas reveladas por delatores da Lava Jato – encarou uma
realidade bem menos aprazível do que esperava. Assumiu o vice Michel Temer com seu supermi-
nistério masculino. Estabeleceram-se reformas a toque de caixa, gastos públicos foram congelados,
um bom pedaço da Amazônia quase foi rifado. O Congresso deu marcha a ré para conquistas soci-
ais importantes, colocando sob risco até mesmo o direito ao aborto em caso de estupro. Congresso
este que engavetou duas denúncias de corrupção contra Temer, muito embora tenha sido implacá-
vel com as pedaladas de Dilma.
Saiu uma presidente sob o manto da corrupção. Entrou um mandatário, sobre quem pesam suspei-
tas monstruosas que passam por propina da JBS e Odebrecht, favorecimento de uma empresa no
porto de Santos, e até o conluio com o próprio Cunha, preso desde outubro de 2016 em Curitiba.
Mala de dinheiro de seu principal assessor, Rocha Loures. Uma montanha de 51 milhões de reais
no apartamento de seu ex-ministro Geddel Vieira Lima... Corrupção do senador Aécio Neves, que
questionava a idoneidade das contas de campanha de Dilma Rousseff.
O que gerou um desconforto real diante do julgamento do ex-presidente Lula, que pode ser impedi-
do de concorrer à eleição deste ano. É inocente? Não há unanimidade para essa linha de defesa.
Mas, no mínimo, sabe-se que está sozinho pagando o preço de toda a Lava Jato, enquanto outros
políticos no poder encontraram seus artifícios para fugir das garras da lei. Talvez por isso conta-
vam-se em dezenas ou centenas, e não por milhares ou milhões, os manifestantes que celebravam
o julgamento de Lula na avenida Paulista. Nem as panelas, símbolo do fim do Governo Dilma, soa-
ram. Multidão mesmo só em Porto Alegre, na Esquina Democrática, com milhares vestidos de ver-
melho para defender o ex-presidente neste momento.
Muitos que apoiaram a queda de Dilma no passado recente já não escondem ressentimento. Há
uma angústia visível diante do julgamento do TRF-4 sobre o suposto crime de Lula de ter sido be-
neficiado pela OAS com um tríplex no Guarujá. “Tirar o Lula da eleição é um golpe”, diz Luis, de
São Paulo, que apoiou o impeachment. “É uma total palhaçada”, diz Lucia, de Natal, que votou em
Aécio em 2014. A sensação, até a véspera do julgamento, era que a bola já estava cantada e o re-
sultado já era sabido antes do juízo. O mesmo que o teatro do impeachment na Câmara, a votação
das denúncias contra Temer, o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, que também salvou o
presidente.
Uma amostra de que esse incômodo era crescente ficou patente na queda da popularidade do juiz
Sergio Moro, retratada em pesquisas de opinião do instituto Ipsos. A percepção de injustiça passou
por ele, que condenou Lula a 9 anos e meio de prisão em julho do ano passado, pena esta aumen-
tada para 12 anos e um mês pelo TRF-4. Desde então, seu ibope vem caindo. Em dezembro, por
primeira vez, o número de pessoas que desaprovam Moro – 53% – superou os que o aprovam.
Pois Lula candidato também se beneficiou desse incômodo generalizado, ao ver os índices de re-
jeição caírem e seu apoio para que volte à presidência crescer. A despeito de quem viu provas cir-
cunstanciais muito fortes para confirmar a condenação de Lula, como a ex-ministra do Superior Tri-
bunal de Justiça, Eliana Calmon, o Brasil atual passou recibo de um quadro deformado e cheio de
sombras às vésperas da eleição. Talvez Lula já fizesse esse cálculo e por isso viu na candidatura
seu caminho para salvar sua reputação.
Ironicamente, a classe política que apoiou e sentenciou sua queda à espera de herdar seus votos
vive um revés que já havia sido previsto pelo cientista político Rudá Ricci em artigo para este jor-
nal no dia 30 de agosto de 2016. “A direita que hoje celebra a queda de Rousseff será rechaçada
outra vez. O Brasil é um país rico onde a maioria da população é pobre. Não há política liberal que
sustente essa matemática. Desta forma, a esquerda, que hoje se vê acossada, voltará em 2018”,
sentenciava Ricci.
No Brasil do absurdo e de uma justiça que não parece para todos, Lula reforça o papel de vítima.
Beneficia-se também da percepção de que os nós da democracia não estão sendo desatados. Mui-
to pelo contrário, ganha mais um indigesto fantasma neste dia 24. Estende-se o ressentimento so-
bre a vulgaridade que dominou o país e mostra que há um caminho muito mais longo do que se
esperava para alcançar uma sociedade mais sadia.
ITÁLIA E A OPERAÇÃO MÃOS LIMPAS
(MANI PULITE)
A famosa operação Mãos Limpas, desencadeada em 1992 por procuradores da Itália é o modelo
que fascina colegas pelo mundo afora. A Mãos Limpas prendeu 2.993 pessoas, investigou mais de
6.000, durou 4 anos; o eixo era a delação, um delatava 5, 5 delatavam 10 e o processo gerava uma
multiplicação geométrica de réus, delatados pelos réus anteriores.
O eixo central da operação Mãos Limpas foi o “espetáculo de mídia”, de tal ordem que os “donos da
força-tarefa” tentaram passar ao mundo a ideia que foram eles que acabaram com a Máfia, quando
esse processo é muito anterior e foi executado por outros personagens, os juízes Paolo Borsalino e
Giovanni Falcone. – 10 anos antes da Mãos Limpas.
Foi a partir da pista livre de políticos de tradição que surgiu um predador da pior espécie, Silvio Ber-
lusconi, ex-cantor de navio e milionário da TV, que ficou no poder de 1994 a 2011, um finório, de-
pravado e mais corrupto do que os antigos políticos e que só venceu pela falta de adversários, to-
dos eles presos, mortos ou exilados pelas Mãos Limpas.
Nesse sentido a Mãos Limpas foi um monumental fracasso, o espetáculo de combate à corrupção
não acabou com a corrupção, apenas criou uma corrupção nova, com outros personagens mais
rapinantes do que os antigos.
Símbolo nacional anticorrupção, juiz da Lava Jato aceitou convite do presidente eleito e de-
verá fazer parte do novo governo a partir de 1º de janeiro de 2019.
01 DE NOVEMBRO DE 2018
O juiz federal Sérgio Moro aceitou o convite de Jair Bolsonaro (PSL) e deverá ser o ministro da Jus-
tiça no governo do presidente eleito.
Conforme estabelecido pela equipe de Bolsonaro, o Ministério da Justiça deverá passar uma por
uma fusão com recém-criado Ministério da Segurança Pública. Caso isso se confirme, Moro tam-
bém terá gerência sobre a Polícia Federal.
Moro foi alçado ao patamar de símbolo nacional da luta por sua atuação na 13ª Vara Federal de
Curitiba no âmbito da Lava Jato, a maior operação contra a corrupção da história do Brasil. A gran-
de popularidade fez com que o próprio magistrado fosse cotado como um dos possíveis candidatos
a presidente da República nas eleições 2018.
No aniversário de quatro anos da operação Lava Jato, em março deste ano, as penas para réus
dadas somente por Moro, somadas, ultrapassavam 1.860 anos de prisão. No total da operação, de
acordo com números do Ministério Público Federal, até outubro deste ano 140 pessoas foram con-
denadas pela Lava Jato no Paraná, com penas que somam mais de 2.036 anos.
Sergio Moro nasceu em 1º de Agosto de 1972 na cidade de Maringá, no Norte do Paraná. Filho de
professores, formou-se em direito, no ano de 1995, pela Universidade Estadual de Maringá, a
mesma onde o já falecido pai, Dalton, lecionava aulas de geografia. Odete Starki Moro, a mãe do
futuro ministro da Justiça é professora aposentada. Moro é casado com a advogada Rosângela
Wolff, com quem tem dois filhos.
Em 2000, recebeu o título de mestre pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Dois anos de-
pois, tornou-se doutor pela mesma universidade. Ainda na UFPR passou a ministrar aulas de Direi-
to Processual Penal a partir de 2007. Pediu licença do cargo em 2016, para se dedicar à Lava Jato.
Moro virou juiz federal em 1996, um ano depois se graduar. Atuou no Caso Banestado entre 2003 e
2007, quando julgou um escândalo de evasão de dezenas bilhões de reais do Banco do Estado do
Paraná. O caso ocorreu década de 1990.
Na ocasião, foi questionado por decretar prisões preventivas mesmo após decisão contrária de tri-
bunais de instância superior e por determinar à polícia o monitoramento de voos de advogados do
investigado. O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou Moro pelos supostos excessos cometidos. A
Corte encaminhou as contestações ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas o processo foi ar-
quivado.
O juiz se define como "especializada em crimes financeiros, de lavagem de dinheiro", em seu currí-
culo lattes. Por conta desses atributos, foi convidado, em 2012, pela ministra do STF Rosa Weber
para auxiliá-la no julgamento do mensalão.
Foi em março de 2014 que Sergio Moro entrou de vez no cenário nacional. Inspirada na operação
Mãos Limpas da Itália, a atuação do juiz na Lava Jato o alçou ao patamar de "herói nacional" para a
opinião pública. A maneira com que conduz os processos, no entanto, não é unanimidade. Moro já
foi, inclusive, alvo de ameaças pela internet, o que o obriga a andar de escolta armada desde
2016.
A atuação de Moro à frente da Lava Jato foi alvo de críticas e questionamentos em diversos mo-
mentos. Um deles foi a decisão que determinou a condução coercitiva do ex-presidente Lula em
março de 2016.
Na ocasião, o líder petista foi depor obrigatoriamente à Polícia Federal em uma sala no aeroporto
de Congonhas. Em junho de 2018, em uma decisão por seis votos a cinco, o STF proibiu a condu-
ção coercitiva de investigados para interrogatório após pedido do PT e da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB).
Grampo de Dilma
Outra polêmica gerada por Moro, também em 2016, aconteceu quando o juiz decidiu tornar público
o grampo de uma conversa entre a presidente cassada Dilma Rousseff e o ex-presidente Lu-
la sobre o documento de posse do petista na Casa Civil. Na época, a divulgação agravou ainda
mais a crise vivida por Dilma, que terminaria com o impeachment.
Em ofício ao STF, Moro chegou a pedir desculpas pelo caso e negou que a decisão teve motiva-
ções políticas. Mais tarde, a escuta foi anulada por sentença do então ministro Teori Zavaschi, re-
lator da Lava Jato no Supremo naquela oportunidade.
Em 2018, Sérgio Moro também foi criticado depois de não acatar decisão do desembargador Rogé-
rio Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª região, que determinou a soltura de Lula.
Delação de Palocci
A mais recente controvérsia aconteceu durante o período de campanha eleitoral deste ano. Na se-
mana que antecedeu o primeiro turno das eleições 2018, Moro tornou pública parte da delação
premiada de Antônio Palocci na qual, entre outras coisas, o ex-ministro incriminou Lula e Dilma Ro-
usseff e falou sobre um suposto esquema de arrecadação de propinas na construção de navios-
sonda.
Após a divulgação dos áudios, o PT entrou com uma representação contra o juiz federal no Conse-
lho Nacional de Justiça. O ministro Humberto Martins, corregedor nacional de Justiça, pediu expli-
cações sobre a retirada do sigilo da delação. Em resposta, Moro disse que não "inventou" o depoi-
mento de Palocci e que a decisão de tornar o conteúdo público não teve "qualquer intenção de in-
fluenciar as eleições gerais de 2018".
INDICADORES SOCIAIS
Há um pouco esse costume de tratar indicadores socioeconômicos sem contextualizar com perío-
dos mais amplos da história ou com outras variáveis. As análises de comparação internacional de
indicadores certamente não podem ser vistas apenas assim, em termos de perdendo ou ganhando,
pois não se trata de um rally. Desse modo podem levar a visões equivocadas ou precipitadas. Osci-
lações de curtíssimo prazo são praticamente irrelevantes.
O que deve ser considerado é que até os anos 1930 o Brasil era um dos mais pobres países da
América Latina. A forma de exploração fundiária, a escravidão no século XIX, a relativamente pe-
quena exposição ao comércio com o exterior, foram fatores que levaram a esse atraso.
O desenvolvimentismo aplicado a partir de Vargas, cujos períodos mais expressivos foram
1930-1945; 1951-1960; 1968-1980, no entanto, permitiu que o Brasil reduzisse a defasagem em
relação ao restante do continente.
Mas, não pode ser perdido de vista que, em 1960, o Brasil ainda era paupérrimo. Países andinos
como Colômbia, Equador e Peru tinham renda per capita superior. Hoje nenhum deles tem.
Os países que hoje detém renda e indicadores sociais melhores que o Brasil já estavam nessa po-
sição no início dos anos 60. Em termos de renda per capita em US$ : o Chile, 150% superior; a Ar-
gentina e Uruguai, 300% superior; Cuba, Venezuela e México, entre 50 e 100% a mais.
Nenhum desses países tem hoje renda 50% superior à brasileira, o que denota que nos últimos 50
anos o Brasil é uma história de sucesso, em nenhum momento em meio século houve algum país
latino-americano que houvesse “ultrapassado” o Brasil. Mas isso pode ser relativizado pelo ponto
de partida desprivilegiado.
O importante é que as ondas de desenvolvimento da América Latina, induzidas por modelos de
substituição de importações, por desenvolvimento da agricultura e operações extrativas e/ou por
melhora de condições internacionais de preços, têm sido igual ou melhor aproveitadas pelo Brasil.
A recíproca é verdadeira, as crises por endividamento externo também afetaram o Brasil.
Não se trata de competição, decerto, pois os demais países da América Latina também fazem es-
colhas e acertos, desenvolvendo-se também. O relevante é manter o caminho brasileiro de pro-
gresso relativamente mais rápido. Repetir o sucesso dos últimos 50 anos em ser um dos poucos
países do continente que ultrapassa outros em renda e em índices de desenvolvimento humano.
A posição de potência regional é consolidada. O tamanho dos recursos naturais e de sua popula-
ção garante isso. A aproximação em relação a países que iniciaram antes seu processo de desen-
volvimento (como México e Argentina) indica que decisões acertadas têm sido tomadas, pelos vá-
rios governos brasileiros.
Obter um crescimento de renda per capita em torno de 40% nos próximos 10 ou 12 anos e melho-
rar significativamente os indicadores sociais completarão o quadro, emprestando ao Brasil a legiti-
mação de sua condição de influente nação regional.
Um último adendo em relação a indicadores: o Brasil é uma sociedade complexa e mal dis-
tribuída. Se isoladamente tomados, vários estados brasileiros apresentam indicadores que ombrei-
am aos melhores da América Latina: DF, SP, RJ, RS, ES, SC, PR. É importante não descuidar da
desconcentração do progresso para que em mais uma ou duas décadas essa citação possa ser
estendida a mais estados, o que além de certamente alegrar a todos significará um modelo mais
saudável e sustentável de crescimento.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) foi criado em 1965 por meio de
resolução do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. É a agência líder da rede global de
desenvolvimento da ONU e trabalha principalmente pelo combate à pobreza e pelo desenvolvimen-
to humano.
O PNUD está presente em 166 países do mundo, colaborando com governos, a iniciativa privada e
com a sociedade civil para ajudar as pessoas a construírem uma vida mais digna. Em todas as su-
as atividades, encoraja a proteção dos direitos humanos e a igualdade de gênero e raça.
Por isso, o economista indiano Amartya Sen e o paquistanês Mahbub ul Haq criaram uma metodo-
logia que considerava o papel do Estado para o bem-estar da sociedade.
Com isso, o IDH rompe com a função determinista da análise econômica, baseada apenas em índi-
ces como o Produto Interno Bruto (PIB), consumo, industrialização e renda familiar.
O IDH passou a ser o principal componente do Relatório para o Desenvolvimento Humano (RDH),
produzido pela ONU (Organização das Nações Unidas). Este informe integra o Programa das Na-
ções Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e auxilia as agências das Nações Unidas a elabora-
rem planos de ajuda humanitária.
Na prática, o IDH é utilizado de modo comparativo, para distinguir os países pelo seu grau de de-
senvolvimento socioeconômico.
CRÍTICAS AO IDH
Contudo, algumas críticas são feitas a este índice e suas implicações. Dentre elas, destacam-se a
exclusão das análises de dados ecológicos e de sustentabilidade. Além disso, aponta-se que o IDH
é falho porque mede a quantidade e a qualidade de alguns setores como a educação.
Da mesma forma, o IDH seria apenas um indicativo potencial e que dissimula a desigualdade na
distribuição do desenvolvimento humano pelo globo.
CÁLCULO DO IDH
Para realizar o cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), três fatores são considerados:
educação, saúde e economia.
Vejamos quais são os dados utilizados para cada um desses itens:
Educação
Dois números são levados em conta: a taxa de alfabetização e o tempo de escolaridade. O nível de
alfabetização de uma população revela que todos tiveram oportunidade de receber a educação
mais elementar, adquirindo habilidades de leitura, escrita e matemática.
Já o tempo de escolaridade, mede o tempo que cada cidadão deve permanecer na escola para
considerar-se escolarizado.
Esses dois números podem revelar o quanto está estendida a educação de um território.
Saúde
Acesso à medicina, tratamentos e aspectos que medem a longevidade demonstram as reais condi-
ções de saúde e qualidade de vida local. Todos esses números são considerados para calcular o
IDH.
Economia
Dados como o PIB per capita e taxa de desemprego nos oferecem informações acerca do padrão
de vida e poder aquisitivo alcançado em cada nação.
Escala do IDH
O IDH consiste numa escala de 0,000 até 1 (0 a 1) e quanto mais próximo do nº 1, mais desenvol-
vida é a nação. Por outro lado, quanto mais perto do 0, mais subdesenvolvido é o país.
IDH NO MUNDO
DESIGUALDADE SOCIAL
Desigualdade social é a diferença econômica que existe entre determinados grupos de pessoas
dentro de uma mesma sociedade. Isto se torna uma problema para uma região ou país quando as
distância entre as rendas são muito grandes dando origem a fortes disparidades. Em tese, sempre
haverá desigualdade social, pois é impossível que cada um tenha exatamente as mesmas quanti-
dades de bens materiais.
CAUSAS
Inúmeras são as causas que aumentam a distância entre ricos e pobres. As mais comuns estão:
Má distribuição de renda
Má administração dos recursos
Lógica de acumulação do mercado capitalista (consumo, mais-valia)
Falta de investimento nas áreas sociais, culturais, saúde e educação
Falta de oportunidades de trabalho
Corrupção
CONSEQUÊNCIAS
Se um país não consegue atender as necessidades básicas de grande parte de seus cidadãos,
tampouco irá prosperar de forma equitativa. Umas das consequências mais graves são a pobreza,
a miséria e a favelização. Ademais, a desigualdade social traz:
Fome, desnutrição e mortalidade infantil,
Aumento das taxas de desemprego
Grandes diferenças entre as classes sociais
Marginalização de parte da sociedade
Atraso no progresso da economia do país
Aumento dos índices de violência e criminalidade
A desigualdade social existe em todos os continentes. Há lugares em que os problemas são mais
evidentes, por exemplo, nos países africanos, os quais estão entre os mais desiguais do mundo.
Por sua parte, nos países escandinavos, quase não há diferença entre as classes sociais devido ao
estabelecimento do Estado de Bem-Estar Social após a Segunda Guerra Mundial.
Sem condições de ter acesso saúde e educação, dificilmente uma pessoa terá as melhores oportu-
nidades no mercado de trabalho. Também a dificuldade de acesso aos bens culturais e históricos
pela maior parte da população inibe suas oportunidades.
SISTEMAS ECONÔMICOS
Não há consenso sobre qual o sistema econômico que gera mais desigualdade social. Por um lado,
alguns estudos afirmam que a desigualdade social surgiu com o capitalismo, pois este se baseia na
ideia de acumulação de capital e de propriedade privada. O capitalismo também incita o princípio
da competição e classifica o nível das pessoas baseados no capital e no consumo.
Por sua vez, o socialismo tem como objetivo abolir a propriedade privada, que pertenceria ao Esta-
do, e assim erradicar as classes sociais. No entanto, até agora, todas as experiências socialistas,
fracassaram, pois acabou surgir uma classe dirigente que detinha mais privilégios que os demais.
TIPOS DE DESIGUALDADES
Além da desigualdade social, há outras maneiras de avaliar uma sociedade pela maneira que trata
seus integrantes do ponto de vista econômico, regional, racial e de gênero.
ATENÇÃO!
(OBSERVAÇÃO EM ARIAL QUARENTA!!!)
Segundo a ONU, o Brasil é o oitavo país com o maior índice de desigualdade social e econômica
do mundo.
!!! O "Coeficiente de Gini" é uma medida utilizada para mensurar o nível de desigualdade dos paí-
ses segundo renda, pobreza e educação.
!!! Na União Europeia, o país que apresenta maior desigualdade social é Portugal.
!!! Os países com menor desigualdade social são: Noruega, Japão e Suécia.
!!! Os países que apresentam maiores desigualdades sociais são do continente africano: Namíbia,
Lesoto e Serra Leoa.
O Produto Interno Bruto (PIB) é uma forma de mensurar a produção dentro de um determinado
período de tempo. O PIB é calculado a partir da contabilização dos bens e serviços. Assim, o de-
sempenho de cada setor da economia irá afetar sua composição. Desta maneira, o PIB é a soma
de tudo que é produzido numa cidade, estado e país. Fatores determinantes na formação do PIB
são:
I. o consumo da população;
II. os investimentos empresariais em maquinários e contratação de empregados (influenciados pelo
valor dos salários e juros);
III. gastos governamentais em infra-estrutura.
IV. Não estão incluídos neste cálculo os valores das matérias-primas, mão de obra, impostos, ener-
gia e todos os bens de consumo intermediário.
Apesar de cada país possuir seus institutos e metodologias de análise, o cálculo do PIB está pa-
dronizado pelo Manual de Contas Nacionais (System of National Accounts), de 1993.
Este documento foi elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial, a
Comissão das Comunidades Europeias, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Renda per capita é o PIB de um país ou de uma região dividido pelo número de seus habitantes.
Esse cálculo pode aparecer distorcido em países que têm uma grande população. Tomemos como
exemplo Brasil e Suíça.
Se pegarmos o PIB de ambos os países em 2016, vamos ver que a Suíça tem um PIB de 659,8
bilhões de dólares e o Brasil de 1,796 trilhão de dólares. Isto significa que o Brasil é mais rico que a
Suíça? Não. Porque a Suíça vai dividir sua riqueza com uma população de oito milhões de pesso-
as, enquanto o Brasil o fará com uma população de 206 milhões de habitantes.
Por isso, a renda per capita entre os dois países ficaria assim:
Um suíço tem uma renda per capita de 78 812,65 dólares enquanto o brasileiro teria 8 649,95 dóla-
res. Assim, já temos outra visão da economia entre os dois países.
No entanto, a renda per capita pode não ser um bom indicador para analisar a riqueza de uma na-
ção, visto que nem todos os habitantes da Suíça terão 78 812,65 dólares para gastar.
Da mesma forma, nem todos os brasileiros vivem com 8 649,95 dólares. Esses dados encobrem
as desigualdades sociais num país.
Nesta tabela, verificamos quais são os países que detém a maior renda per capita no mundo:
A paridade de poder de compra oferece um cálculo mais aproximado e elimina as possíveis dispa-
ridades que o câmbio pode apresentar no PIB de um país. Entretanto, esse método de comparação
também possui uma série de críticas e limitações.
O que é a paridade de poder de compra (PPC)? A paridade do poder de compra (PPC) – em inglês,
purchasing power parity (PPP), é um parâmetro que corrige o cálculo do Produto Interno Bruto,
aproximando o seu valor da real capacidade econômica de um país. Muito utilizado para compara-
ções internacionais, o PIB por Paridade de Poder de Compra (PPC) consegue remover as distor-
ções causadas pelas diferentes taxas de câmbio, custos de vida e rendimentos da população –
demonstrando com mais assertividade a produção total da economia um país.
Formulado originalmente pelo economista sueco Gustav Cassel, o método PPC é baseado na ideia
de que o câmbio tende a se desvalorizar ao mesmo tempo que o nível de preços na economia au-
menta. Dessa forma, o PIB por PPC relaciona a capacidade aquisitiva de uma economia com o
custo de vida do local, para entender qual é o seu verdadeiro poder de compra.
Na verdade, essa forma de cálculo acaba gerando uma distorção considerável, já que qualquer va-
riação no câmbio também irá mudar o resultado do PIB. Logo, a PPC tenta minimizar essa disfor-
midade, adicionando no cálculo do PIB as diferenças de rendimentos de cada população e o nível
de preços praticado em cada país. Isso gera um parâmetro melhor para comparar o poder de com-
pra entre uma economia e outra.
Para formular a paridade de poder de compra, são escolhidos alguns produtos básicos, para formar
uma espécie de “cesta internacional”. O preço desta cesta na moeda local de cada país é compa-
rado ao preço da mesma cesta em dólares – a moeda utilizada como referência.
Dessa comparação, encontra-se a PPC de um país em relação ao dólar americano. Por isso, os
Estados Unidos, país padrão do dólar, possui uma PPC = 1, e todos os demais países apresentam
ganho no PIB em dólar PPC. Dessa forma, ao comparar efetivamente o preço de produtos em vez
da taxa de cambio entre moedas, o multiplicador utilizado na PPC para igualar dois PIBs diferentes
fica menos distorcido e mais próximo da realidade econômica.
Nos últimos anos, o volume de investidores estrangeiros atuantes do mercado de capitais brasileiro
aumentou consideravelmente e, ao mesmo tempo, empresas brasileiras passaram a investir no
mercado externo através das bolsas de valores, se capitalizando por meio de valores mobiliários
estrangeiros.
Com a participação das empresas nacionais no mercado externo, as práticas adotadas no Exterior
passaram a ser mais transparentes, empregando princípios de governança corporativa. Dessa for-
ma, investidores brasileiros passaram a lidar com acionistas mais exigentes e sofisticados, o que
vislumbrou a necessidade de utilização da teoria da PPC como instrumento de previsão de taxa de
câmbio para investimentos de longo prazo.
Nos dias de hoje é importante considerar que a utilização dessa teoria auxilia a criação de parâme-
tros usados no sistema bancário, o que gera aumento da credibilidade e previsibilidade das taxas
de câmbio e de juros em nosso País.
O ÍNDICE BIG MAC
Criado pela revista The Economist, o Índice Big Mac é uma pesquisa comparativa semestral que
considera o sanduíche como uma cesta padronizada de bens produzidos localmente, já que, no
mundo todo, esse alimento utiliza basicamente hambúrguer, alface, queijo, cebola e pão.
DISCUSSÕES SOCIAIS EM PAUTA NACIONAL E MUNDIAL
Mudança na lei recebeu 129 votos a favor e 125 contra; texto segue para o Senado.
(14/06/2018)
A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou a descriminalização do aborto até a 14ª se-
mana de gestação e estendeu o prazo em casos de estupro, risco de vida para a mãe e mal-
formação fetal. Agora, falta um obstáculo: o Senado. A profunda divisão da socieda-
de argentina sobre a descriminalização do aborto foi visível no centro de Buenos Aires. À esquerda
se manifestam os que se opõem ao aborto. À direita, os partidários de que esta prática deixe de ser
feita na clandestinidade e seja legal, segura e gratuita.
O aborto é ilegal na Argentina exceto se a vida da mãe corre perigo ou a gravidez for fruto de estu-
pro. A lei, que remonta a 1921, contempla penas de prisão de um a quatro anos para as mulheres
que interromperem a gravidez. Os deputados que tornaram pública sua oposição a mudar a legisla-
ção foram sempre maioria e se prevê que predominarão na votação.
A fratura social e política alcança até mesmo os partidos políticos. Exceto à esquerda, com uma
posição unânime a favor do aborto, os demais blocos estão divididos. No Mudemos, a coalizão
conservadora encabeçada pelo presidente Mauricio Macri, quase dois terços se opõem à lei. Na
kirchnerista Frente para a Vitória, 53 de seus 59 legisladores votarão a favor. O único deputado so-
cialista da Argentina, Luis Contigiani, renunciou ao partido, mas não a sua cadeira, depois da en-
xurrada de críticas internas que recebeu ao anunciar que seu voto será pelo não.
Após o anúncio do uso da internação voluntária como principal vetor da política de combate ao
crack promovida pela gestão de João Dória Jr. em São Paulo, a prefeitura mudou o discurso e afir-
mou que incluirá também algumas propostas do programa De Braços Abertos, idealizado durante
o governo anterior, de Fernando Haddad, como a redução de danos.
“OS TRAFICANTES NÃO SÃO O PROBLEMA”
Anunciado no início deste ano, o programa foi marcado pela ação da Polícia Militar em conjunto
com medidas consideradas duras em comparação com o que era feito na gestão anterior com o
programa De Braços Abertos.
Enquanto a antiga política anticrack do município era focada principalmente na redução de danos,
que conta com a diminuição gradativa do uso de drogas em espaços de uso controlado,
o Redenção tinha como pilares a internação compulsória, a promoção da abstinência e a apreen-
são de usuários.
O novo anúncio incorporou medidas do antigo programa e promete "aprimorar" aquelas que não
considera ideal. Segundo Guerra, o De Braços Abertos será mantido para os 349 beneficiários, e os
hotéis de moradia e uso controlado da substância "devem ser mantidos, mas ainda não é possível
afirmar".
REDENÇÃO
O crack é uma droga de extermínio. É feita com o que tem de pior e deixada aos moradores de rua
como única fuga de uma vida miserável, ou seja, o crack existe por uma questão de classe e o
exército de reserva segue sendo exterminado. Faz-se necessário a legalização de todas as drogas
sob controle de quem usa e trabalha. As drogas não são um mal por si só, pois na verdade deveri-
am ser um direito, pois expandir nossa consciência deve ser uma escolha individual.
O prefeito João Doria anunciou essa semana, sua proposta para a população em situação de
rua e dependente química, o programa "Redenção". A primeira questão a ser colocada sobre
o projeto de Doria é o nome. O que significa dizer que um morador de rua e usuário de droga
na Cracolândia precisa se redimir? Aparentemente o prefeito retirou este nome de alguma
igreja evangélica. Na região da Luz, onde o prefeito declarou que vai focar sua atenção, es-
sas igrejas costumam se propor a "ajudar" as pessoas em situação de rua sob a condição de
que se convertam ao cristianismo. Há também organizações católicas, espíritas, umbandis-
tas, candoblecistas e tantas outras que tem figuras conhecidas na região. Será que este no-
me visa parceria com estes grupos religiosos ou enxerga que o tratamento dessas pessoas
precisa se dar de acordo com uma visão religiosa? De qualquer forma o estado ainda deve
ser laico.
Mas não é nenhuma novidade que a atuação da prefeitura em relação a população em situa-
ção de rua não seja a ideal. Quem é morador da região se recordará que a gestão Kassab,
juntamente com Alckmin, sitiou a região da Luz com a Polícia Militar. Seu governo foi res-
ponsável por uma política higienista que torturava os usuários de crack. Sob o efeito da dro-
ga ou não, os moradores de rua eram obrigados a se tornar andarilhos fugitivos da polícia,
que os perseguia incessantemente. Além disso, foi proposta pelo antigo prefeito a interna-
ção compulsória, ou seja, sua gestão tratava essa questão social e de saúde como se fosse
criminal, retirando também o direito do usuário ao seu próprio corpo. O objetivo dessas me-
didas era acelerar a dita "revitalização" do centro a fim de facilitar a especulação imobiliária.
Esquerda Diário, 18 de novembro de 2018.