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Acidente do Trabalho, um evento danoso 1

1 Introdução

O desconhecimento da dinâmica dos Acidentes de Trabalho por parte dos


supervisores e encarregados tem levado a ocorrência desses tipos de acidentes, muitos deles,
primariamente previsíveis.

Eventos onde a complacência de deixar os funcionários trabalharem sem seguir


normas básicas de segurança ou sem portarem os Equipamentos de Proteção Individual
colaboram para elevar número de acidentes e aumentar a gravidade das lesões.

Tentamos aqui dar uma visão genérica dos conceitos, causas, efeitos e medidas
preventivas de questões associadas à segurança do trabalho dando, inclusive, um alerta sobre
a legislação pertinente e a responsabilidade civil e penal frente a ela e a sociedade.

A segurança do trabalho busca, a despeito dos benefícios financeiros para a


empresa ou empregador, a preservação da saúde e a boa qualidade de vida dos trabalhadores.

A OMS – Organização Mundial de Saúde define:

• Saúde é o bem estar físico, mental e social do indivíduo.

• Qualidade de vida é a percepção do indivíduo diante de sua posição na vida, no


contexto da cultura e valores e, também, em relação aos seus objetos, expectativas,
padrões e preocupações.

2 Acidente do trabalho

2.1 Conceito legal (Lei 8.213 de 24 de julho de 1991).

Art 19. “Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo


exercício do trabalho e serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho
dos segurados referidos no inciso VII do Art 11 desta Lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda
ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho”.

§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e


individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.

§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de


cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.

§ 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da


operação a exercer e o produto à manipular.

Procurando tornar mais abrangente a proteção ao trabalhador e imputar às


empresas uma maior responsabilidade sobre o exercício profissional daqueles que lhes
prestam serviços, temos:

Art 20. “ Consideram-se acidente do trabalho nos termos do artigo anterior, as


seguintes entidades mórbidas:”

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I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou


desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é
realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I.

§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:

a) a doença degenerativa;

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela


se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto
determinado pela natureza do trabalho.

§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação


prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é
executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente
do trabalho.

Art 21. Equiparam-se ao acidente do trabalho, para efeito desta Lei:

I – o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido causa única haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade
para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação.

II – o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário de trabalho em


conseqüência de:

a) ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiro, inclusive


companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa


relacionada com trabalho;

c) ato de imprudência, negligência ou imperícia de terceiro, inclusive


companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de


força maior.

III – a doença proveniente da contaminação acidental do empregado no exercício


de sua atividade.

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de


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trabalho:

a) na execução de ordem ou realização de serviço sob autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo


ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por


esta dentro de seus planos para melhorar a capacitação da mão-de-obra, independente do meio
de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,


qualquer que seja o meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do
segurado.

§ 1º Nos períodos destinados à refeição ou


descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades
fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado
é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação


de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente outra
origem, se associe ou superponha às conseqüências do anterior.

2.2 Conceito prevencionista

Acidente de trabalho é uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que


interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo
útil e/ou lesões nos trabalhadores e/ou danos materiais.

2.3 Classificação dos Acidentes do Trabalho

Os acidentes do trabalho são classificados para facilitar estudos que evitem sua
recorrência e para determinar parâmetros estatísticos.

São três as espécies de acidentes de trabalho:

2.3.1 Doenças do trabalho ou mesopatias

Não têm o trabalho sua causa única ou exclusiva, ela resulta das condições nas
quais o trabalho é realizado. As condições excepcionais ou especiais do trabalho determinam
a quebra da resistência orgânica fazendo aparecer ou agravar uma doença existente.

2.3.2 Doenças profissionais ou tecnopatias:

A natureza do trabalho é sua causa única e são típicas de algumas atividades


profissionais como a silicose, leucopenia, hidrargirismo, tenossinovite.

2.3.3 Acidente do trabalho tipo:

Assim classificados quando o resultado nocivo do evento é imediato não


importando as causas, ao contrário das doenças onde os efeitos são progressivos.
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2.3.4 Quanto à origem

2.3.4.1 Acidente no trabalho:

É o que ocorre quando o funcionário está efetivamente a


serviço da empresa, isso é, ocorre no período de tempo contido entre a
abertura e fechamento do registro de ponto.

2.3.4.2 Acidente de trajeto

É o que ocorre quando o funcionário desloca-se da residência


para o trabalho ou quando, terminado o trabalho, desloca-se desse para
sua residência. Nesse tipo de acidente é necessário que o funcionário
tenha efetuado seu deslocamento sem desviar-se do itinerário.

2.3.5 Quanto aos danos

Acidente com danos materiais: é o acidente que causa apenas danos ao patrimônio
da empresa ou de terceiros, qualquer que seja o tamanho e o valor.

O Acidente com danos pessoais: é o que causa apenas lesões físicas aos
funcionários qualquer que seja a extensão dessas lesões.

Acidente com danos materiais e pessoais: é o que causa, ao mesmo tempo, danos
físicos aos funcionários e danos ao patrimônio.

2.3.6 Quanto às conseqüências

Acidente sem afastamento: é o acidente no qual a vítima pode exercer sua


atividade normal, no mesmo dia do acidente ou no dia seguinte em horário normal.

Acidente com afastamento: é o acidente que provoca incapacidade temporária,


incapacidade permanente ou morte da vítima.

Incapacidade temporária é a perda da capacidade de trabalho por um período


limitado de tempo menor ou igual a um ano. Exemplo: fratura de uma das pernas.

Incapacidade permanente parcial é a redução por toda vida da capacidade de


trabalho. Exemplo: perda de um dos olhos.

Incapacidade permanente total é a perda total da capacidade de trabalho. Exemplo:


perda dos dois olhos.

3 Causas dos acidentes

Inúmeras são as causas de um acidente. Geralmente ele é fruto de uma seqüência


de falhas (materiais, de projetos, de manutenção, de processos, humanas) que se
potencializam mutuamente, em um período de tempo variável, culminando com o evento
danoso.

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Durante o processo evolutivo da gênese do acidente há, quase sempre, indicadores
do mal que se processa e constitui a detecção desses indicadores uma das bases para evitar a
eclosão dos acidentes.

3.1 Atos inseguros

Os atos inseguros são definidos como causas de acidentes que


residem apenas no fator humano, isto é, aqueles que decorrem da execução
das tarefas de forma contrária às normas de segurança,

Analisando-se os fatores que podem levar os trabalhadores a


praticarem o ato inseguro, pode-se diminuir sua ocorrência e até eliminá-lo.

3.1.1 Causas da prática de atos inseguros

Incompatibilidade entre homem e função por fatores


constitucionais. Exemplo: sexo, idade, coordenação motora, capacidade visual, etc..

Fatores circunstanciais são os que estão influenciando o desempenho do indivíduo


no momento. Exemplo: problemas familiares, alcoolismo, doença, etc.

Desconhecimento dos riscos da função. § 3º art 19 da Lei 8.213 de 24/7/1991

Desajustamentos relacionados com certas condições específicas do trabalho.


Exemplo: problemas com a chefia.

Fatores da personalidade são os que fazem parte das características da


personalidade do trabalhador, manifestando-se por comportamentos impróprios. Exemplo:
brincalhão, desatento, desleixado, etc.

3.2 Condições inseguras

Condições que, presentes no ambiente de trabalho,


colocam em risco a saúde e a vida do trabalhador devido à
possibilidade dele acidentar-se. Essas condições apresentam-se como
deficiências técnicas:

A Na construção e instalações com áreas


insuficientes, pisos fracos e irregulares, excesso de ruído e vibrações,
instalações elétricas impróprias, etc.

B Layout dos equipamentos, falta de proteção das


partes móveis, falta de manutenção adequada, ferramentas gastas ou
quebradas, etc.

C Na proteção ao trabalhador.

3.3 Ordem e limpeza

No ambiente de trabalho muitos fatores de ordem física (cor, luminosidade,


temperatura, ruído) exercem influência psicológica sobre as pessoas, interferindo de maneira
positiva ou negativa no comportamento humano. Neste contexto, a ordem e a limpeza
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exercem influência positiva no comportamento do trabalhador.

As pessoas que trabalham num ambiente desorganizado sentem uma sensação de


mal-estar que poderá agravar um estado emocional já comprometido com outros problemas.
Como exemplo de ambiente desorganizado temos:

A Obstáculos que impeçam o trânsito normal das pessoas entre máquinas e


corredores.

B Objetos, peças, etc. onde se pode tropeçar ou escorregar.

C Piso sujo de graxa, combustíveis ou outras substâncias.

D A limpeza, conservação e manutenção são


muito importantes nas máquinas, equipamentos,
bancadas e ferramentas e as dependências de uso coletivo
merecem atenção especial.

E Bancadas e máquinas devem permanecer


sempre limpas sem acúmulo de resíduos, cavacos,
serragem, etc.

F Estopa, trapo e outros materiais


impregnados de óleo, graxa, combustíveis, etc. devem ser
acondicionados em local adequado.

G Armazenar os materiais em local adequado e de forma segura.

H Manter desimpedido o acesso aos equipamentos de combate a incêndio.

I Instalações sanitárias e vestuário devem ser conservados limpos e


desinfetados.

4 Conseqüências dos acidentes de trabalho

Os acidentes do trabalho podem levar a empresa e/ou a vítima a uma série de


conseqüências desde pequenos danos à propriedade à sua perda total ou de pequena lesão à
perda da vida.

No caso do acidente com lesão a vítima, além de sofrer as penas do tratamento,


sofre a redução do seu salário com graves reflexos na vida social gerando, inclusive,
problemas familiares.

O paciente enviado ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) para


tratamento, apesar do bom atendimento prestado pelas clínicas conveniadas, tem seu salário
reduzido apenas ao básico, enfrentado filas e burocracia enorme para recebê-lo.

Com a redução do salário e a permanência do acidentado em casa durante o


período de convalescença, se este prolongar-se por muito tempo inicia-se os problemas
familiares advindos da redução do nível social antes mantido com as horas extras ou com
outro trabalho paralelo.
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A empresa é sacrificada com a perda da mão-de-obra, é obrigada a pagar os


primeiros 15 (quinze) dias de afastamento do acidentado, tem gastos com treinamento de
substitutos, perde tempo produtivo, sofre punições com multas do governo, tem sua imagem
denegrida perante a sociedade, etc..

O governo gasta na recuperação e reabilitação do acidentado, paga seu salário até


o regresso ao trabalho ou assume o ônus de uma aposentadoria precoce.

O meio ambiente é agredido se houver vazamentos, derramamentos e emanações


de contaminantes ou a completa destruição de um eco-sistema.

Apesar de muitas entidades serem penalizadas financeiramente com um acidente


do trabalho, as maiores implicações recaem sobre a vítima e seus familiares que sofrem as
agruras da convalescença ou funeral tendo que cobrir despesas com o reduzido orçamento.

5 Legislação

Além dos aspectos sociais e administrativos balizadores para a adoção de medidas


mantenedoras do patrimônio e da saúde do homem, existem determinações de ordem jurídica
concernentes ao assunto.

Legalmente os efeitos dos acidentes do trabalho não resultam apenas no


tratamento das lesões ou enterro da vítima, vão mais além, cobrando a responsabilidade Civil
-material e moral -e Penal do empregador e seus prepostos.

5.1 Constituição Federal

Artigo 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a


segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.

Artigo 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na


forma da lei;

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a


indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 (dezoito)


e de qualquer trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição de aprendiz, a
partir de 14 (quatorze) anos.

Artigo 23 - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios:

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II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras
de deficiência.

Artigo 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente


sobre:

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde.

Artigo 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Artigo 197 - São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle,
devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa
física ou jurídica de direito privado.

Artigo 200 - Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos
da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a


saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,
hemoderivados e outros insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do


trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;

V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional,


bem como bebidas e águas para consumo humano;

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de


substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Artigo 201 - A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada.

5.2 Código Civil de 10 de janeiro de 2002

Dispõe sobre as normas das relações entre as pessoas


físicas e jurídicas.

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Artigo 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito.

Artigo 927 - Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem fica obrigado a
repará-lo.

Parágrafo único: haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,


nos caso especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Artigo 932 - São também responsáveis pela reparação civil:


Inciso III: o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele.

Artigo 943 - O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmite-se


com a herança.

Artigo 944 - A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único - Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e


o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.

Artigo 945 - Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do
autor do dano.

Artigo 948 - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:

I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a


duração provável da vida da vítima.

Artigo 949 - No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum
outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

Artigo 950 - Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício
ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

Artigo 951 - O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização
devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou
imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para
o trabalho.

Verifica-se no Código Civil que terceiros podem ser responsabilizados civilmente


sem exigência do requinte da gravidade da culpa, bastando-a em grau mais leve.

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5.3 Código Penal

Dispõe sobre os bens tutelados pelo estado como a integridade física e a vida.

Artigo 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente. Pena
-Detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Artigo 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele


devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
relevante. Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público, e
reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa se o documento é particular.

Para caracterização de crime, toma-se necessária a existência do elemento


subjetivo dolo ou culpa, e além disso que o fato praticado seja típico, ante jurídico e culpável.
É imperioso provar-se que o acidente ocorreu em virtude de manifesta negligência em
observar as normas mínimas de segurança do trabalho.

A responsabilidade será do superior que tinha poderes para alterar a situação de


risco, daquele que tinha o dever de informar as irregularidades existentes, bem como fornecer
os equipamentos de proteção individual e coletiva, de fiscalizar e dar treinamento.

Deve necessariamente haver o nexo de causa entre o acidente e o trabalho para a


atribuição de responsabilidade. Não havendo o nexo não há que se cogitar de responsabilidade
penal.

O Poder Judiciário entende que a responsabilidade do INSS, como segurador


obrigatório, baseado na responsabilidade objetiva, não isenta de indagar-se a culpa do
empregador, notadamente se seu comportamento configurar a existência de dolo ou de culpa.

5.4 Legislação complementar

Legislação complementar existente e alguns pareceres de tribunais de justiça


estaduais, os quais, unidos a outros formarão a jurisprudência sobre a matéria.

Súmula 229 do Supremo Tribunal Federal - “A indenização acidentária não exclui


a do Direito Comum, em caso de dolo ou culpa grave do empregador”.

Lei 5.316/67 - “É admissível a subsistência da indenização de Direito Comum


coexistindo com os benefícios acidentários. Comprovada a culpa grave do empregador na
ocorrência do acidente do trabalho, impõe-se a procedência de ação indenizatória”.

Parecer do Tribunal da Justiça do Rio de Janeiro - “Indenização acidentária, por


força de seguro social, não exclui a do Direito Comum, tendo por fonte o ilícito, se ocorrer
culpa grave ou dolo. O uso, por preposto do empregador, de coisa perigosa, causadora de
dano, sem as cautelas devidas constitui culpa grave”.

Decisão do 2º Tribunal de Alçada Civil –SP - “São acumuláveis as indenizações


acidentária e as de Direito Comum quando apurada no comportamento patronal a existência
de dolo ou de culpa grave”.

Artigo 172 da lei 611/92 Regulamento dos Benefícios da Previdência Social - “O


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pagamento pela Previdência Social das prestações por acidente do Trabalho não exclui a
responsabilidade civil da empresa ou de outrem”.

Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça - “São cumuláveis as indenizações por


dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”.

As citações anteriores referem-se apenas a responsabilidade Civil, entretanto, os


acidentes do trabalho podem, apuradas suas causas, ser objeto do Direito Penal com todas
suas implicações.

5.5 Direitos do acidentado

Lei 8.213 de 24/7/1994, artigo 18 - O Regime Geral da Previdência Social


compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de
acidente do trabalho expressas em benefícios e serviços:

5.5.1 Aposentadoria por invalidez

Artigo 43 - Aposentadoria por invalidez será devida a partir do dia imediato ao da


cessação do auxílio-doença, ressalvado o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo.

§ 1º - Concluindo a perícia médica inicial pela a existência de incapacidade total e


definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez, quando decorrente de acidente do
trabalho, será concedida a partir da data em que o auxílio-doença deveria ter início.

§ 2º - Durante os primeiros 15 (quinze) dias de afastamento da atividade por


motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário ou, ao segurado
empresário a remuneração.

5.5.2 Auxílio doença

Artigos de 58 à 64 - “O auxílio doença será devido ao acidentado que ficar


incapacitado para o seu trabalho por mais de 15 (quinze) dias consecutivos”.

Artigo 60 O auxílio doença será devido ao segurado empregado e empresário a


contar do 16º (décimo sexto) dia do afastamento da atividade, e no caso dos demais
segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ale permanecer incapaz

§ 1º Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de 30 (trinta)


dias, o auxílio-doença será devido a contar da data da entrada do requeri- mento.

§ 2º - O disposto no § 1º não se aplica quando o auxílio-doença for decorrente de


acidente do trabalho.

§ 3º - Durante os primeiros 15 (quinze) dias consecutivos ao do afastamento da


atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu
salário integral ou, ao segurado empresário, a sua remuneração.

§ 4º - A empresa que dispuser do serviço médico, próprio ou em convênio, terá a


seu cargo o exame médico e o abono das faltas correspondentes ao período referido no § 3º
somente devendo encaminhar o segurado à perícia médica da Previdência Social quando a
incapacidade ultrapassar 15 (quinze) dias.
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Artigo 62 - O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação


para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o
exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para
o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não
recuperável, for aposentado por invalidez.

Artigo 63 - O segurado empregado em gozo de auxílio-doença será considerado


pela empresa como licenciado.

5.5.3 Pensão por morte

Artigo 74 - A pensão por morte será devida ao conjunto dos


dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data do
óbito ou da decisão judicial, no caso de morte presumida.

Artigo 76.- A concessão da pensão por morte não será protelada


pela falta de habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição
ou habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente
só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou habilitação.

§ 1º - O cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por morte


o companheiro ou a companheira, que somente fará jus ao benefício a partir
da data de sua habilitação e mediante prova de dependência econômica.

§ 2º - O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato


que recebia pensão de alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes
referidos no inciso I do artigo 16 desta Lei.

Artigo 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista:

I - será rateada entre todos, em partes iguais;

II - reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar.

5.5.4 Pecúlio

Artigo 81 - Serão devidos pecúlios:

III - ao segurado ou a seus dependentes, em caso de invalidez ou morte de-


corrente de acidente do trabalho.

Artigo 83 - No caso do inciso III do artigo 81, o pecúlio consistirá em um


pagamento único de 75% (setenta e cinco por cento) do limite máximo do salário-de-
contribuição, no caso de invalidez, e de 150% (cento e cinqüenta por cento) desse mesmo
limite, no caso de morte.

5.5.5 Auxílio acidente

Artigo 86 - O auxílio-acidente será concedido ao segurado quando, após a


consolidação das lesões decorrentes do acidente do trabalho, resultar seqüela que implique:

I - redução da capacidade laborativa que exija maior esforço ou necessidade de


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adaptação para exercer a mesma atividade, independentemente de reabilitação profissional;

II - redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o desempenho da


atividade que exercia à época do acidente, porém não o de outra, do mesmo nível de
complexidade após reabilitação profissional; ou

III - redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o desempenho da


atividade que exercia à época do acidente, porém, não o de outra, de nível inferior de
complexidade, após reabilitação profissional.

§ 1º - O auxílio-acidente, mensal e vitalício, corresponderá, respectivamente às


situações previstas nos incisos I, II e III deste artigo, a 30% (trinta por cento), 40% (quarenta
por cento) ou 60% (sessenta por cento) do salário-de-contribuição do segurado vigente no dia
do acidente, não podendo ser inferior a esse percentual do seu salário-de-beneficio.

§ 2º - O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do


auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo
acidentado.

§ 3º - O recebimento de salário ou concessão de outro benefício não prejudicará a


continuidade do recebimento do auxílio-acidente.

5.5.6 Habilitação e Reabilitação Profissional

Artigo 89 - A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão


proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas
portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e
social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.

Parágrafo único - A reabilitação profissional compreende:

a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para


locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu
uso e dos equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e profissional;

b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior,


desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário;

c) o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário.

Artigo 90 - A prestação de que trata o artigo anterior é devida em caráter


obrigatório aos segurados, inclusive aposentados e, na medida das possibilidades do órgão da
Previdência Social, aos seus dependentes.

Artigo 91 - Será concedido, no caso de habilitação e reabilitação profissional,


auxílio para tratamento ou exame fora do domicílio do beneficiário, conforme dispuser o
Regulamento.
Artigo 92 - Concluído o processo de habilitação ou reabilitação social e
profissional, a Previdência Social emitirá certificado individual, indicando as atividades que
poderão ser exercidas pelo beneficiário, nada impedindo que este exerça outra atividade para
a qual se capacitar.

Artigo 93 - A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a


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Acidente do Trabalho, um evento danoso 14
preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários
reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas.

Artigo 118 - parágrafo único. O segurado reabilitado poderá ter remuneração


menor que a da época do acidente, desde que compensada pelo valor do auxílio-doença
acidentário, referido no § 1º do artigo 86 desta Lei.

5.5.7 Estabilidade temporária

Artigo 118 - O segurado que sofreu acidente do trabalho tem


garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu
contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença
acidentário, independente da percepção de auxílio-acidente.

5.6 Comunicação do acidente de trabalho

Artigo 22. A empresa deverá comunicar o acidente


do trabalho à Previdência Social até o 1º
(primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e em caso de morte, de
imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável
entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-de-
contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências,
aplicada e cobrada pela Previdência Social.

Todo acidente de trabalho deve ser comunicado à chefia imediata para proceder a
emissão da CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho), mesmo que logo após o acidente a
vítima, sofrendo lesão leve, possa continuar no exercício de suas tarefas. Alguns acidentes
não provocam lesão imediata, sendo comum seu aparecimento alguns dias após o evento.

Existem relatos sobre corpo estranho atingir o olho de trabalhador e os sintomas


nocivos deste acidente aparecerem quando a doença já está em grau irreversível.

A comunicação rápida dos acidentes facilita sua investigação, permitindo que


todas as circunstâncias ainda presentes sejam avaliadas e a causa principal possa ser
identificada com precisão.

5.6.1 Encaminhamento dos acidentados

O funcionário acidentado deve ser encaminhado ao INSS com as 7 (sete) vias da


CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho preenchidas em todos os seus campos. De
posse da CAT e com a presença da vitima o INSS analisa o acidente e estipula o período de
afastamento.

Os quinze primeiros dias de salário imediatamente posteriores ao acidente são


pagos pela empresa. Após esse período, a vítima passa ser paga pelo INSS durante todo
tempo em que permanecer afastada do serviço e, durante o processo de reabilitação, quando
houver.

Após tratamento e reabilitação, o INSS emite a alta médica a qual o funcionário


acidentado deve entregar imediatamente ao médico do trabalho da empresa. Sendo aceita a
alta, o funcionário volta ao trabalho.

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Acidente do Trabalho, um evento danoso 15
Não concordando com a alta médica emitida pelo INSS, o médico do trabalho
deve encaminhar o empregado de volta ao INSS para continuar o tratamento, relatando os
motivos de tal decisão. Nesse caso o funcionário é mantido afastado do trabalho até a emissão
de uma nova alta médica pelo INSS.

Nas reabilitações o funcionário volta à empresa para ser adaptado em nova ou na


mesma função. Durante o período de reabilitação ele continua sendo pago e acompanhado por
médicos, sociólogos e psicólogos do INSS.

5.6.2 Imposição legal da comunicação

Todo acidente de trabalho,


que envolva o operário, deve ser
comunicado ao INSS para registro que
constará no seu anuário estatístico.
Legalmente essa informação deve ser
prestada em documento próprio - CAT -
Comunicação de Acidente de Trabalho –
devidamente preenchida e seu envio ao
INSS deverá acontecer em até vinte e
quatro horas úteis após o acidente. A falta de comunicação implicará na aplicação da lei
específica com a incidência das penalidades previstas.

5.6.3 Representantes legais do acidentado

A vítima de acidente do trabalho, impossibilitado de locomover-se ou comunicar-


se, pode ser representado junto ao INSS por qualquer outra pessoa da sociedade interessada
em fazê-lo pode ser:

• O próprio acidentado se puder locomover-se e comunicar-se.


• Seus familiares: pai, mãe, irmão, filho, esposa ou qualquer outro parente.
• Um colega de trabalho.
• O sindicato de classe.

5.6.4 NTE – Nexo Técnico Epidemiológico

O NTE foi instituído pela Lei 11.430/2006 e regulamentado pelo Decreto 6.042 de
2 de fevereiro de 2007.

O NTE torna automático o reconhecimento de algumas doenças como do trabalho


em certa atividade econômicas, para consubstanciá-lo fez-se uma associação entre o CID –
Classificação Internacional de Doenças e a CNAE – Classificação Nacional de Atividades
Econômicas. A listagem das enfermidades foi obtida de dados de concessão de benefícios do
INSS no período de 2000 à 2004.

Por esse novo sistema de enquadramento quando um funcionário de uma


lavanderia apresentar quadro clínico de tuberculose, essa doença será automaticamente
enquadrada como doença do trabalho. Para um funcionário de indústria da panificação a
neoplasia maligna da laringe será caracterizada como decorrente da atividade laboral.

6 Procedimentos básicos em segurança do trabalho

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Acidente do Trabalho, um evento danoso 16
O desenvolvimento do trabalho pautado nas normas e procedimentos de
segurança, deve ser uma das primeiras metas de qualquer operário antes de praticar suas
funções, cabe aos seus superiores hierárquicos o dever de propiciar condições para o
desenvolvimento das atividades, sem probabilidades de ocorrem danos ao trabalhador e à
propriedade.

Adotando métodos de prevenção de acidentes, estaremos garantindo para a


empresa a integridade física da sua mão-de-obra, assegurando, dessa forma, o bom
relacionamento entre os funcionários e uma melhor qualidade dos bens produzidos e dos
serviços prestados.

A preservação do patrimônio, com o aumento de sua vida útil é visível quando


métodos preservacionistas são adotados.

6.1 Avaliação dos riscos

O desenvolvimento de toda e qualquer atividade produtiva envolve riscos


profissionais e ambientais os quais devem ser avaliados. Constatada sua capacidade de
agressão ao homem, à propriedade ou ao ambiente o perigo deve ser eliminado ou reduzido a
nível previsível e aceitável.

Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos, biológicos, de


acidentes e ergonômicos existentes nos ambientes de trabalho, capazes de causar danos à
saúde do trabalhador em função de sua natureza, concentração, intensidade e tempo de
exposição.

6.2 Riscos físicos

São representados pela energia no ambiente de trabalho, tais como: vibração,


radiação ionizante, radiação não ionizante, ruído, pressões hiperbáricas, calor e frio que, de
acordo com suas intensidades, podem causar danos à saúde. A umidade apesar de não ser uma
forma de energia foi enquadrada como risco físico.

6.2.1 Ruído

É uma mistura de tons audíveis de diversas freqüências,


sendo que as mesmas diferem entre si por um valor inferior ao poder de
discriminação do ouvido. Subjetivamente, ruído pode ser definido
como qualquer sensação sonora indesejável. O som e o ruído são o
mesmo fenômeno físico, diferindo apenas quanto à distribuição das
freqüências competentes.

O ruído pode ser definido como grave ou agudo,


conforme sua freqüência; forte ou fraco quanto à pressão acústica, cuja unidade de medida é o
Bel. O menor ruído que o ouvido humano é capaz de perceber é em de 1 decibel - (dB). O
nível de conversação humana se situa em tomo de 60 a 75 decibéis.

Os níveis de pressão acústica entre 70 e 85 decibéis são considerados estressantes,


porém não são considerados insalubres pela legislação. Ruídos acima de 85 decibéis são
considerados nocivos ao aparelho auditivo humano.

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Acidente do Trabalho, um evento danoso 17
Quando o nível de ruído é elevado e a exposição a ele prolongada os mecanismos
de audição (ouvidos externo, médio e interno) poderão ser danificados, trazendo como
conseqüência uma redução na capacidade auditiva, ou mesmo a surdez permanente. Além
disso, o ruído intenso poderá produzir alterações no estado emocional dos indivíduos, como
nervosismo e irritabilidade entre outros.

O aparelho usado para medir o nível de pressão acústica é o decibelímetro ou


sonímetro, cuja escala geralmente vai até 120 ou 130 dB.

O controle do ruído poderá ser:

• Na fonte geradora com a eliminação ou redução do nível de ruído;

• Na trajetória restringindo o campo de propagação através de segregação,


enclausuramento, barragem e tratamento acústico das superfícies;

• No indivíduo através de proteção auditiva, limitação do tempo de exposição e


prevenção e controle de lesões pela audiometria periódica;

Os métodos de controle devem, preferencialmente, ser na fonte e/ou na trajetória,


sendo o controle no indivíduo feito somente quando os anteriores forem insuficientes ou
impraticáveis.

6.2.2 Vibração

As vibrações são produzidas por máquinas e equipamentos motorizados ou


desequilíbrio de estruturas. Falta de manutenção adequada e sobrecarga
aumenta a ocorrência das vibrações. Elas também são fontes de ruído. O
aparelho usado para avaliar as vibrações é o acelerômetro.

Para minimizar os possíveis efeitos nocivos das vibrações,


podem ser adotadas algumas medidas, tais como: automação ou operação
remota de processos, aplicação de materiais absorventes, utilização de
equipamentos individuais, melhoria da manutenção, limitação do tempo de
exposição.

Os problemas clínicos motivados pela vibração, aparecem na maioria dos


casos, após longo tempo de exposição. Nos casos de vibração de todo corpo, podem aparecer
problemas renais e de coluna. As vibrações localizadas provocam deficiências circulatórias e
nas articulações das partes atingidas.

6.2.3 Calor

O calor excessivo é comumente encontrado nos locais de trabalho, tanto nos


ambientes fechados como nos trabalhos ao ar livre, especialmente em épocas quentes do ano.

Quando o calor é excessivo, a primeira


sensação é de um mal estar, que aumenta à medida que
nosso sistema termo-regulador funciona para resistir à
violência térmica exercida sobre o corpo.

O excesso de calor sobre o organismo reduz o rendimento do trabalhador,


desencadeia doenças decorrentes da própria resposta fisiológica (ao contrário de outras
George F. de Barros – Eng. de Segurança do Trabalho
Acidente do Trabalho, um evento danoso 18
doenças profissionais, que são resultado da ação do agente nocivo), aumenta a probabilidade
de acidentes do trabalho e desencadeia mudanças no comportamento.

Procedimentos para redução da temperatura e dos seus efeitos podem ser


aplicados tanto no ambiente como no indivíduo.

No ambiente deve-se procurar diminuir a quantidade de calor gerado ou irradiado


ou aumentar a capacidade de dissipação de energia térmica.

No indivíduo, os exames médicos, pré admissionais e periódicos, a climatização


lenta e progressiva, a redução do tempo de exposição, a ingestão de água e sais e a educação
sanitária são medidas contribuintes para controle e redução dos efeitos nocivos da temperatura
sobre o organismo.

Para um estudo adequado de métodos de controle, é necessária uma avaliação


precisa de todos os fatores que atuam na sobrecarga térmica.

6.2.4 Frio

O frio intenso pode causar uma série de inconvenientes que afetam conforto, a
saúde e a eficiência do empregado. As principais lesões são o enregelamento dos membros,
podendo levar à gangrena e a conseqüente amputação, ulcerações de frio, ferimentos,
rachaduras e necroses dos tecidos superficiais.

Trabalhadores expostos a temperaturas excessivamente


baixas são propensos a queimaduras pelo frio, gripes, inflamações
das amígdalas e da laringe, resfriados, alergias e problemas
circulatórios e pulmonares.

Medidas de proteção ao operário devem ser adotadas


sempre nas exposições ao frio intenso, sendo consideradas as
principais: o uso de vestimentas, calçados e luvas isolantes do
frio, realização de exames pré-admissionais e periódicos, educação
e a conscientização dos empregados sobre as medidas preventivas.

6.2.5 Umidade

As atividades ou operações executadas em


locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva,
são capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores.
São situações insalubres e devem ter a atenção dos
prevencionistas através de inspeções nesses locais para se
estudar a implantação de medidas de controle.

6.2.6 Pressões hiperbáricas

São as pressões acima da pressão atmosférica as quais podem causar danos à


saúde. Essa condição é encontrada nos trabalhos em tubulões de ar comprimido
e nos trabalhos de mergulho.

As atividades exercidas em locais de pressões


elevadas requerem equipamentos especiais e rigoroso
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Acidente do Trabalho, um evento danoso 19
treinamento e controle.

6.2.7 Radiações

São formas de energia que se transmitem pelo espaço como ondas


eletromagnéticas podendo, em alguns casos também, apresentar comportamento corpuscular.
As radiações podem ser classificadas em ionizantes e não ionizantes.

Como controle das radiações, temos as medidas relativas ao meio, onde procura-
se enclausurar o processo ou isolar convenientemente o equipamento emissor e a fonte de
radiação, e as medidas relativas ao pessoal com a utilização de equipamentos de proteção
individual, acompanhamento da exposição e exames médicos periódicos.

6.2.7.1 Radiações ionizantes

Ionizam as moléculas e, conseqüentemente, desestruturam o


tecido vivo causando queimaduras, anemia, leucemia, alteração do código
genético, câncer e não raro a morte.

Elas podem ser encontradas naturalmente em elementos


radioativos (Urânio, Rádio, Plutônio) ou serem produzidas e controladas
em equipamentos para os mais diversos usos (raios X, raios gama, aceleradores de partículas).

6.2.7.2 Radiações não ionizantes

São de natureza eletromagnética e apresentam-se na


forma de raio ultravioleta, infravermelho, microondas e raios
LASER. Essas radiações provocam queimaduras na pele podendo
chegar as camadas profundas. A exposição às microondas pode
causar lesões em órgãos internos.

6.3 Riscos químicos

São representados por elementos ou substâncias químicas, nos estados sólido,


líquido ou gasoso, que dependendo da concentração, toxicidade e tempo de exposição, podem
reagir com tecidos humanos e afetar o organismo, causando alteração em sua estrutura e em
seu funcionamento,

Não podendo ser eliminada a fonte dos agentes químicos


contaminadores, normalmente, utiliza-se medidas como a instalação de
equipamentos de exaustão ou insuflação no ambiente de trabalho ou institui-se o
uso de máscaras de proteção respiratória, luvas e óculos de proteção.

Três são as vias de penetração do agente químico no corpo


humano: respiratória, cutânea e digestiva, Um agente químico pode ser
absorvido indistintamente por uma ou pelas três vias ao mesmo tempo e
depositar-se em um ou mais órgãos pelos quais tenha maior afinidade.

Metais como cobre e mercúrio fixam-se nos rins, causando insuficiência renal, O
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Acidente do Trabalho, um evento danoso 20
monóxido de carbono afeta células do coração. O chumbo, o arsênico e o tálio causam
problemas neurológicos.

6.3.1 Aerodispersóides

São dispersões de partículas sólidas ou líquidas de tamanho reduzido, que podem


manter-se por longo tempo suspensas no ar.

6.3.1.1 Poeiras

São partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de sólidos.

6.3.1.2 Fumos

São partículas sólidas, produzidas por condensação ou oxidação de vapores de


substâncias que são sólidas nas condições normais de temperatura e pressão. Geralmente
aparecem após a fusão de metais.

6.3.1.3 Névoas

São partículas líquidas, produzidas por ruptura mecânica de líquidos.

6.3.1.4 Neblinas

São partículas líquidas, produzidas por condensação de vapores de substâncias


que são líquidas nas condições normais de temperatura e pressão.

6.3.2 Gases

São dispersões de moléculas no ar, misturadas completamente com ele. Alguns


gases podem deslocar totalmente o ar de um recinto como o monóxido de carbono, o
hidrogênio, o nitrogênio, o metano, deixando o ambiente impróprio ao homem.

6.3.3 Vapores

São dispersões de moléculas no ar que podem condensassem-se na forma líquida


ou sólida em condições normais de temperatura e pressão. Os vapores podem alcançar uma
concentração máxima no ar chamada de saturação.

6.3.4 Intoxicação por via respiratória

A transformação da matéria por um processo industrial lança na atmosfera gases, vapor,


névoa, gotículas, fumo, poeira, fumaça, etc., esses elementos nocivos penetram no
organismo danificando desde as vias aéreas superiores até os alvéolos pulmonares
provocando asma, bronquite, pneumoconiose (silicose, asbestose, aluminose, antracose,
bagaçose, beriliose, bissinose, siderose, etc), e entrando na corrente sanguínea leva ao
desenvolvimento de outras doenças.

6.3.5 Intoxicação por via cutânea

Entre as funções da pele a principal delas é a proteção dos órgãos e tecidos contra
agressões externas. Entretanto as substâncias químicas lipossolúveis podem atravessá-la,
fixando-se no tecido adiposo subcutâneo.
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Acidente do Trabalho, um evento danoso 21

Uma vez absorvida, a substância tóxica entra na corrente sangüínea, causando:


anemia, alteração dos glóbulos vermelhos e problemas de medula óssea.

6.3.6 Intoxicação por via digestiva

Considera-se acidental a ingestão de substâncias tóxicas por via digestiva, Certos


vícios como roer as unhas ou limpa-las com os dentes estão entre as principais causas de
ingestão de substâncias tóxicas.

6.4 Riscos biológicos

Representados pelos microrganismos, visíveis apenas ao


microscópio, presentes no ambiente de trabalho, tais como: bactérias,
fungos, protozoários e vírus. Estes agentes são capazes de produzir
doenças, deteriorar alimentos, causar mau cheiro, etc.. Apresentam
grande capacidade reprodutiva e contam com diversos meios de
transmissão.

As profissões nas quais os riscos biológicos estão mais


presentes são: enfermagem, veterinária, medicina, agricultura,
bioquímica, limpeza urbana.

Para controle do pessoal exposto aos agentes biológicos, se adota medidas


preventivas como: vacinação, esterilização, rigorosa higiene pessoal, das roupas e do
ambiente, uso de equipamentos de proteção individual, ventilação ou exaustão adequadas do
local de trabalho e controle médico.

6.5 Riscos de acidentes

São agentes mecânicos ou situações de trabalho produtoras de lesões, cortes,


perfurações, queimaduras, fraturas e hematomas nos funcionários. Podemos incluir nessa
classe ferramentas danificadas ou impróprias, eletricidade, explosivos, inflamáveis, objetos
perfuro-cortantes, pisos escorregadios chegando aos atropelos e acidentes de veículos.

6.6 Riscos ergonômicos

Produzem lesões, basicamente, nas articulações e


estrutura óssea decorrentes da imperfeita adaptação entre o homem
e o equipamento ou por postura inadequada ao desenvolver tarefas.

As atividades desenvolvidas, nas quais existe a


repetição continua e prolongada de um mesmo movimento ou
conjunto de movimentos é, também, um risco ergonômico, temos
como exemplo as lesões por esforços repetitivos desenvolvidas
pelos digitadores, datilógrafos e estenógrafos.

As deficiências na iluminação dos ambientes de trabalho são consideradas risco


ergonômicos.
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Acidente do Trabalho, um evento danoso 22

6.7 Avaliação psicofísica dos funcionários

Os funcionários devem ser avaliados, mesmo que ligeiramente, antes do início dos
trabalhos, visando detectar alguma alteração comportamental ou alguma incapacidade física já
existente.

Funcionários que se apresentam para o trabalho com perda de sua capacidade


funcional decorrente de acidente pessoal devem ser enviados para avaliação médica.

Segundo a estatística o alcoolismo é um dos grandes geradores de acidentes de


trabalho. Provoca desconcentração, perda do controle emocional e dos sistemas locomotor e
nervoso e desvio de personalidade. Encarado como uma doença de ordem social, os casos de
alcoolismo devem ser enviados ao serviço médico para confirmação do diagnóstico e
tratamento.

Os casos de preocupação, apreensão, irritabilidade devem ser avaliados e o


funcionário afastado do serviço se necessário. É importante o acompanhamento dos
funcionários durante toda jornada de trabalho, avaliando seu comportamento e as alterações
porventura ocorridas no ambiente.

6.8 Conhecimento das atividades

O conhecimento de todas as fases do trabalho a ser executado é de grande valia na


prevenção dos acidentes. Experiências vividas devem ser relatadas e podem ser aproveitadas
na eliminação dos riscos e na qualificação do funcionário mais apto a desenvolver esta ou
aquela tarefa.

7 Equipamentos de proteção

São equipamentos, instrumentos, sinalização, proteções usadas nas empresas e


indústrias para orientar, informar, proteger trabalhadores, produtos, máquinas dos riscos
existentes, confinar condições perigosas e salvaguardar os operários das conseqüências dos
acidentes.

A Lei n° 8.213/91, artigo 19, § 1º - A empresa é responsável pela adoção de


medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. ".

7.1 Equipamentos de proteção coletiva ( EPC )

São equipamentos ou sistemas usados nas instalações, maquinaria e prédios,


destinados a proteger eles mesmos e os trabalhadores. Essas medidas de proteção vão desde
um simples espelho de um interruptor de luz ao enclausuramento de um equipamento ruidoso.

Podemos citar como mais comuns o corrimão, anti-derrapante e guarda-corpo as


escadas, proteção para correias e engrenagens, cercas de subestações, sinalizações
orientadoras e restritivas de acesso, rótulo de produtos, pára-raios, aterramentos.

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Acidente do Trabalho, um evento danoso 23
7.2 Equipamentos de proteção individual ( EPI )

São os equipamentos ou instrumentos de uso pessoal com finalidade de minimizar


o feito, neutralizar a ação ou impedir a ocorrência de um acidente, o qual poderia causar
danos à saúde do trabalhador.

7.2.1 Legislação dos EPIs

Portaria 3214/78 NR-6 - "Toda empresa é obrigada a fornecer aos empregados,


gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento
nas seguintes circunstâncias:”

• Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou


não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou doenças
profissionais e do trabalho;

• Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;

• Para atender situações de emergência.

O uso de EPI deve ser limitado, procurando-se primeiro eliminar ou diminuir o


risco com a adoção de medidas de proteção coletiva, mudança de processo, troca de materiais
e produtos.

Quando seu uso for inevitável, faz-se necessário tomar certas medidas quanto a
sua seleção e indicação, pois o uso e fornecimento dos EPIs são disciplinados pela NR-6. É
preciso conhecer as características, qualidades técnicas, nível de conforto e, principalmente, o
grau de proteção que o equipamento pode proporcionar ao usuário para instituir a
obrigatoriedade de seu uso.

7.2.1.1 Obrigações do empregador

 Adquirir os EPIs dos tipos adequados à atividade do empregado;


 Fornecer aos empregados somente EPIs aprovados e de empresas
cadastradas no Ministério do Trabalho;
 Treinar o trabalhador para o uso adequado dos EPIs;
 Determinar a obrigatoriedade do uso dos EPIs;
 Substituir os EPIs danificados e repor os extraviados;
 Comunicar ao Ministério do Trabalho qualquer irregularidade com o EPI;
 Fazer a manutenção e higienização periódica.

7.2.1.2 Obrigações do empregado

Usar os EPI apenas para a finalidade a que se destinam;

Responsabilizar-se pela guarda e conservação do EPI que lhe for entregue;

Comunicar ao empregador qualquer alteração que tome o EPI impróprio para uso.

Nota: “A recusa injustificada do empregado em cumprir as disposições legais e


regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho, constitui Ato Faltoso”.

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Acidente do Trabalho, um evento danoso 24
7.2.2 Tipos e qualidade dos EPIs

Existem no mercado os mais variados tipos de EPIs, entretanto, sua escolha deve
ser baseada na proteção realmente necessária e não pensando em sobrecarregar o funcionário
com equipamentos para protegê-lo de riscos aos quais não esta submetido.

Os EPIs só devem ser adquiridos quando possuírem o Certificado de Aprovação


(CA) fornecido pelo Ministério do Trabalho, dessa forma assegura-se a compra de
equipamentos devidamente testados e qualificados.

Os EPIs são classificados agrupando-os segundo a parte do corpo a proteger.

7.2.2.1 Proteção para cabeça

Protege o crânio, a face, órgãos da visão. Exemplos: capacetes, protetores faciais,


óculos de segurança, óculos para soldador, máscaras para soldador, etc.

7 .2.2.1.1 Óculos de segurança

Construído em material flexível com reforço interno de metal não ferroso. As


lentes são de vidro óptico endurecido ou em resina sintética, possuem proteção lateral.

O material comumente usado na fabricação da armação é o


acetato de celulose ou o Nylon e o reforço interno, geralmente, é o
cobre. A proteção lateral pode ser de plástico especial, acetato de
celulose, Nylon ou tela metálica inoxidável.

A armação deve ser dimensionada de forma a não permitir a


soltura das lentes mesmo no caso delas se quebrarem ou sofrem
impactos fortes.

As lentes de vidro têm espessura de 3 a 3,8 mm e são submetidas a processo de


têmpera para aumentar sua resistência mecânica. Esse processo de endurecimento faz com
que, ao quebrar-se, o vidro desfaça-se em inúmeros pedacinhos, sem arestas cortantes,
impossibilitando lesões graves no globo ocular. Esse tipo de lente permite a adoção de grau
corretivo.

Instruções de manutenção e uso:

• Retirar e colocar os óculos segurando-os por ambas as hastes;


• Limpar as lentes apenas com tecido ou papel limpos e macios;
• Lavar diariamente, com água e sabão neutro, as lentes e a armação antes de
iniciar a jornada de trabalho;
• Após retirar os óculos deve-se fechar suas hastes e colocá-los em uma
superfície firme e limpa com as lentes voltadas para cima; carregá-los sempre em estojo
próprio ou dobrado no bolso da camisa. Após o expediente guardá-los no armário; mantê-los
longe de fontes de calor e afastados de óleo, graxa e outras substâncias químicas;
• As lentes riscadas ou quebradas devem ser substituídas;
• Os óculos de segurança devem ser usados durante toda Jornada de trabalho.

7.2.2.2 Proteção para membros superiores


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Acidente do Trabalho, um evento danoso 25

Protege os ombros, braços, mãos e dedos. Exemplo: luvas,


dedeiras, mangas, mangotes, etc.

7.2.2.2.1 Luvas de segurança

São dispositivos destinados a proteger as mãos de agentes


agressivos como abrasivos, perfurantes e cortantes, umidade, calor,
frio, substâncias químicas, golpes mecânicos e choque elétrico, sendo o
material de sua fabricação resistente ao agente agressor.

Geralmente não se deve usar luvas ao operar máquinas com elementos rotativos
como esmeril, fresa, torno, serras e tupias.

7.2.2.2.2 Cremes de proteção

Substituem as luvas nos trabalhos com graxa, óleo, tinta, solvente, soluções
aquosas e outras substâncias, onde não haja riscos mecânicos e de choque elétrico. Eles
possuem a vantagem de não reduzirem o tato nem a sensibilidade das mãos do trabalhador.

Existem dois tipos de creme de proteção: os lipossolúveis para trabalhos com


soluções aquosas e os hidrossolúveis para trabalhos com substâncias derivadas do petróleo.
Deve-se conhecer as características do produto a manipular para depois escolher o creme
adequado, sob pena de não se ter proteção alguma.

7.2.2.3 Proteção para membros inferiores

Os pés são as partes do corpo, que além de estarem sujeitas diretamente ao


acidente ainda mantêm o seu equilíbrio e sustentação. Ficam expostos a riscos como:
superfícies cortantes ou escorregadias, objetos perfurantes, queda de objetos e ferramentas.
Por esta razão os calçados ganham dupla importância, ou seja, proteger diretamente os pés e
evitar as quedas.

O solado do calçado deve ter característica ante derrapante e junto com a palmilha
deve resistir a objetos perfuro-cortantes como pregos e rebarbas de metal.

Para um desempenho satisfatório do operário, o


calçado deve ter formato anatômico, permitindo liberdade de
movimentos, sem pontos de tensão ou compressão aliado à
robustez.

Para maior durabilidade os calçados de


segurança devem ser usados apenas durante a jornada de
trabalho e serem lavados ou engraxados semanalmente.
Exemplo: sapatos, botas, chancas.

As pernas também devem ser objeto de proteção.


Exemplo: caneleiras, tornozeleiras, perneiras, polainas, calças compridas, etc..

7.2.2.4 Proteção respiratória

Impede que o sistema respiratório seja atingido quando se


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Acidente do Trabalho, um evento danoso 26
trabalha em atmosferas nocivas. Ao trabalhar nessas condições, os gases tóxicos presentes,
mesmo em pequenas concentrações, atingem o sistema circulatório através dos pulmões,
espalhando-se rapidamente por todo organismo, provocando doenças, falência de órgãos e
morte.

Quando se respira em atmosfera com partículas sólidas em suspensão elas atingem


e se depositam nos alvéolos pulmonares, dificultando a oxigenação do sangue. A exposição
continuada a essas atmosferas provoca obstrução das estruturas pulmonares podendo evoluir
para a morte.

7.2.2.4.1 Máscara de proteção respiratória

É o equipamento colocado diante do nariz e da boca e fixado ao crânio por cintas


elásticas tendo como finalidade proteger o sistema respiratório do operário de atmosferas
nocivas. Existem vários tipos de máscaras e filtros, cada um destinado a um tipo de ambiente
e a um grupo específico de contaminantes.

7.2.2.4.1.1 Máscara semi-facial

São máscaras que cobrem apenas o nariz e a boca. São confeccionadas,


geralmente em silicone macio na parte interna, a qual fica em contato com o rosto, e em
polipropileno na parte externa onde ficam as válvulas de inalação e exalação e o suporte ou
rosca para fixação dos filtros.

Este tipo de máscara é usado quando o contaminante a ser barrado não pode ser
absorvido pela mucosa dos olhos ou quando a concentração não comprometa esses órgãos.

7.2.2.4.1.2 Máscara descartável

É um tipo de máscara semi-facial confeccionada em corpo único com o próprio


material filtrante. São indicadas para uso em serviços leves, em ambientes com baixa
concentração de poeiras ou névoas de pouca toxicidade.

7.2.2.4.1.3 Máscara facial

Cobre todo o rosto, protegendo não só o aparelho respiratório e também os olhos


dos agentes contaminantes em suspensão ou em trajetória.

Têm a parte interna confeccionada em silicone ou neoprene macios para propiciar


conforto, ajuste perfeito e vedação hermética. O visor em policarbonato resiste à impacto.

O habitáculo das válvulas de inalação e exalação e o suporte ou rosca de fixação


dos filtros é em polipropileno.

7.2.2.4.1.4 Máscara de ar mandado

São máscaras faciais nas quais não existe filtro. O ar necessário à respiração do
operário é enviado de um soprador ou compressor, situado
fora da interferência da atmosfera contaminada, através de
um tubo.

Com este tipo de máscara pode-se adentrar em


locais de atmosferas bastante perigosas e com pouco ou
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Acidente do Trabalho, um evento danoso 27
nenhum oxigênio. A mobilidade é comprometida pelo tubo de mando de ar, existindo o perigo
dele romper-se ou ser esmagado em seu deslocamento.

Uma variação dessa máscara é usada nos jateamentos de areia, onde ela é
confeccionada junto com um capuz e uma longa cobertura para o tronco, ambos em couro.

7.2.2.4.1.5 Máscara autônoma

São máscaras faciais, sem filtro, nas quais o ar necessário à respiração do operário
é suprido por um cilindro de ar comprimido posto às suas costas.

Com este tipo de equipamento pode-se adentrar em locais de atmosfera altamente


nociva, com pouco ou nenhum oxigênio. Tem como inconvenientes o peso e o volume do
cilindro. O tempo de permanência no local de trabalho está diretamente ligado à quantidade
de ar do cilindro.

O operário deve receber treinamento específico para esse tipo de equipamento e


sempre trabalhar em dupla.

7.2.2.4.2 Filtros

São elementos acoplados às máscaras, os quais, efetivamente, impedem a inalação


da substância contaminadora. Eles podem ser mecânicos, quando impedem a passagem de
partículas sólidas ou névoas; e químicos quando impedem a passagem de gases nocivos, nesse
caso, possuem em seu interior um reagente que neutraliza ação do contaminante.

Existe uma imensa gama de tipos de filtros químicos que varia de acordo com o
tipo do contaminante e sua concentração. Servem para atmosferas contendo gases e vapores
orgânicos, gases e vapores de cloro, gás sulfidrico, gás de enxofre, gás clorídrico, amônia,
aminas, hidrazina, monóxido de carbono, vapor de mercúrio e outras substâncias.

7.2.2.4.3 Cuidados no uso de máscaras e filtros

Diversos cuidados devem ser tomados no uso de máscara de proteção respiratória,


entre eles:

• O operário de receber informações precisas sobre os riscos envolvidos;


• Substituir o filtro nos primeiros sinais de saturação, quando o prazo de
validade houver expirado, aparecer a indicação para troca no próprio filtro ou
terminar o número de horas de uso previsto pelo fabricante;
• Descartar as máscaras ressecadas, furadas ou rasgadas;
• Fazer o teste de vedação da maneira indicada pelo fabricante;
• O usuário deve está barbeado;
• Higienizar a máscara, após retirar o filtro, lavando-a com água e sabão neutro,
uma vez por semana ou com maior freqüência, se necessário.

7.2.2.5 Proteção do tronco e abdômen

Protege essas partes do corpo dos mais variados tipos de agentes agressivos.
Exemplo: camisas, aventais, coletes, cintas.

7.2.2.6 Proteção contra quedas


George F. de Barros – Eng. de Segurança do Trabalho
Acidente do Trabalho, um evento danoso 28

Os cintos de segurança e cabos-guia destinam-se a proteger o homem que trabalha


em lugares altos, impedindo quedas ou minimizando seus efeitos.

7.2.2.7 Proteção auditiva

O ruído é um agente nocivo, que atua acumulativamente, produzindo efeitos


danosos nas estruturas do ouvido, evoluindo para danos psicológicos.

Os protetores de ouvido têm por finalidade salvaguardar, principalmente, aparelho


auditivo das conseqüências do ruído elevado, Esses protetores podem ser do tipo concha ou
de inserção, Dependendo da intensidade do ruído podem ser usados os dois tipos
conjuntamente.

7.2.2.7.1 Protetores tipo concha

São dispositivos, semelhantes à conchas, a serem


colocados sobre as orelhas, envolvendo completamente o
pavilhão auditivo, para atenuar a intensidade acústica que atinge
as estruturas interna do ouvido.

Essas conchas são fixadas à cabeça pela ação elástica


de um suporte de plástico ou metálico. Quanto maior a pressão do
suporte contra as orelhas melhor a eficiência do protetor, entretanto, pressões elevadas
causam desconforto e dor nas faces.

Observações para uso correto:

• Para colocação correta, deve-se abrir a boca ao máximo, dessa maneira a


pressão introduzida pelo protetor não lesiona a membrana do tímpano;
• Manter os protetores limpos, sem cortes e sem ressecamentos;
• Observar a pressão da haste e a vedação oferecida pela parte acolchoada da
concha.

7.2.2.7.2 Protetores de inserção

Pequenos dispositivos que introduzidos no conduto auditivo reduzem a


intensidade sonora que atinge o ouvido interno.

Não devem ser utilizados em algumas atividades como, por exemplo, na industria
alimentícia porque pode cair dentro dos alimentos, nas empresas de limpeza urbana sob pena
de introduzir agentes patogênicos no canal auditivo ao manipulá-los com as mãos sujas.

7.2.2.7.2.1 Protetores de inserção moldados

São fabricados com material macio e flexível como borracha, silicone ou plástico
para permitir o ajuste perfeito ao canal auditivo. Podem ser encontrados em vários tamanhos
ou fabricados a partir de molde do canal auditivo do usuário.

7.2.2.7.2.2 Protetores de inserção moldáveis

São confeccionados em algodão, papel, cera, fibras sintéticas, polímeros ou lã de


vidro. Com os dedos, lavados previamente, molda-se um pequeno cone e sua extremidade
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Acidente do Trabalho, um evento danoso 29
mais fina é introduzi da no canal auditivo. Com a expansão do material o protetor se amolda
ao canal e ai permanece.

7.2.3 Uso correto dos EPls

A proteção efetiva advinda dos EPIs só é conseguida com o seu uso correto e
apenas para a finalidade a qual se destinam.

Determinados EPIs, apesar de externamente muito parecidos, possuem


características intrínsecas que os tomam muito diferentes na proteção auferida.

Os EPIs devem ser usados na forma correta, evitando o uso inadequado a fim
tomá-los mais confortáveis e garantir a proteção para a qual foram projetados. Eles existem
nos mais diversos tamanhos para adaptar-se às mais variadas anatomias e na sua aquisição
esse importante detalhe deve ser sempre lembrado.

Um dos causadores da resistência ao uso do EPI é a falta de conforto, porém, um


equipamento de boa qualidade, apresentável e, sobretudo, no tamanho adequado à anatomia
do usuário tem, via de regra, boa aceitação.

O exemplo mais comum de uso inadequado de EPI é usar bota ou sapato


achinelado ou desamarrado. Esta atitude diminui a vida útil do equipamento, reduz sua
capacidade de proteção, facilita quedas e escorregões, causa desvios na coluna, agrava
problemas circulatórios, etc.

7.2.4 Conservação dos EPIs

(Portaria 3.214/78 NR 6) "Obriga-se o empregado, quanto ao EPI:

A - usá-lo apenas para a finalidade a que se destina;


B - responsabilizar-se por sua guarda e conservação;
C - comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso.

Os EPIs devem ser limpos e desinfetados na periodicidade indicada pelo


fabricante, por técnico especializado ou quando ocorrer um evento o qual torne sua limpeza
necessária. É indispensável orientar o funcionário como conservar e manter limpo seu
equipamento, conscientizando-o de que com a conservação ele estará mais bem protegido e o
EPI durará o tempo previsto para sua vida útil.

8 Alternativas de ação para segurança do trabalho

O SEESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do


Trabalho ( NR 4 item 4.1) é uma seção existente nas empresas que visa a melhoria das
condições de trabalho, tornando-o menos agressivo e menos traumático, assegurando, dessa
forma, uma melhor qualidade de vida durante e após a vida laboral dos funcionários.

Viabiliza dentro de técnicas específicas, normas e parâmetros a serem seguidos, a


eliminação dos acidentes de trabalho os quais produzem perdas ligadas ao patrimônio e,
sobretudo, que lesionam, mutilam, e ceifam a vida de homens.

Como órgão coletor de dados sobre acidentes, a seção de Segurança pode


determinar as causas dos acidentes e elaborar sua estatística, determinando setores críticos na
George F. de Barros – Eng. de Segurança do Trabalho
Acidente do Trabalho, um evento danoso 30
empresa.

8.1 Profilaxia do acidente

O acidente do trabalho, sendo um acontecimento involuntário que paralisa a


execução normal dos serviços e podendo ser causado por um ou mais fatores, requer um
estudo detalhado de sua progressão desde o primeiro fato gerador até a sintomatologia dos
seus efeitos.

Profilaxia do acidente é a medida ou conjunto destas visando eliminar, sobretudo,


as causas do acidente para que outros similares não aconteçam.

Exemplo: O funcionário pisou em um prego, sofrendo lesão em um dos pés.


Enquanto o prego for mantido no local, todos os funcionários estarão sujeitos à ocorrência de
acidente semelhante. Como medida profilática, remove-se o prego do local.

Os acidentes similares são os que têm a mesma origem, porém não


necessariamente o mesmo efeito. Ao pisar no prego um funcionário pode estar calçado
devidamente e outro não; o acidente foi similar, mas o efeito diverso.

A adoção de medidas preventivas é a maneira mais usual e mais econômica para


impedir que acidentes aconteçam e que outros semelhantes se repitam.

A comunicação dos acidentes permite que eles sejam cadastrados, investigados


em suas causas de forma detalhada e minuciosa, tentando chegar aos seus fatos geradores.
Pode-se, dessa forma, conhecer todo seu mecanismo de ação e adotar as medidas preventivas
técnica e economicamente viáveis.

8.2 Acompanhamento dos serviços

Técnicos de segurança acompanham a execução dos serviços, levantando em


campo a ocorrência de atos inseguros, e/ou condições inseguras.

Avaliando os atos inseguros pode-se elaborar formas de treinamento que


capacitem os funcionários a realizarem suas tarefas de forma segura e mais produtiva.

Analisando as condições inseguras dos diversos tipos de serviços pode-se:

• Idealizar soluções que eliminem ou reduzam essas condições;


• Especificar o EPI que melhor
proteja do fator de risco;
• Solicitar mudança do ambiente de
trabalho;
• Aprimorar cursos e treinamentos.

Os trabalhos de campo servem, também,


para avaliar o resultado dos treinamentos, o
desempenho dos EPIs especificados, o cumprimento
das normas estabelecidas e, acima de tudo, trocar de
informações com o executante dos serviços.

George F. de Barros – Eng. de Segurança do Trabalho


Acidente do Trabalho, um evento danoso 31
8.3 Desenvolvimento de normas de serviço

Norma de serviço é um conjunto de instruções e parâmetros a serem seguidos para


a execução de uma tarefa ou atividade.

As normas de serviço, antes de finalizadas, devem ser


discutidas com supervisores e funcionários para que possam ser realmente
aplicadas. Os trabalhos novos, os não corriqueiros e que não possuam
norma devem ser comunicados à seção de Segurança do Trabalho para
proceder avaliação dos riscos.

8.4 Adicional devido por condições nocivas

Ao expor o trabalhador a condições ambientais ou operacionais que possam


causar infortúnios, a empresa ou empregador deve, por força de Lei, incrementar aos
vencimentos destes adicionais pecuniários visando uma contrapartida financeira
compensatória pelos riscos vivenciados.

Embora a legislação tente com essas medidas fazer com que as empresas tornem
os ambientes de trabalho menos nocivos muitas acreditam ser mais barato pagar o adicional
do que aplicar recursos na melhoria das condições de trabalho.

Sendo o salário do trabalhador muito baixo e os percentuais muito pequenos uma


simples operação matemática leva a uma ilusão numérica da vantagem em pagar os
adicionais.

No caso das operações e atividades em condições


insalubres, onde mesmo quando há exposição a vários agentes
nocivos só existe a obrigação da empresa a pagar por apenas um
deles, a matemática burra e deletéria leva a situações de trabalho
extremamente nocivas.

O Artigo 194 da CLT determina que o pagamento dos


adicionais serão interrompidos se os agentes (insalubres ou
periculosos) forem neutralizados ou suprimidos. A Súmula nº 80
do TST indicava que o adicional de insalubridade cessaria com o fornecimento de
equipamentos de proteção, posteriormente a Súmula nº 289, também do TST, passou a exigir
a adoção de outras medidas, além do simples fornecimento do equipamento de proteção.

8.4.1 Adicional de Insalubridade

Esse adicional encontra-se definido na CLT – Consolidação das


Leis Trabalhistas no seu Artigo 189 e define para este adicional, no
Artigo 192, três níveis: insalubridade leve, moderada e acentuada
estabelecendo respectivamente os percentuais de 10 %, 20 % e 40 %
sobre o salário mínimo da região.

Há de se notar que o valor é pago apenas sobre o salário mínimo


não importando o salário real do trabalhador, sendo desta forma
podemos vislumbrar que a compensação pretendida pela Lei não se concretiza fundamentada
nela própria.

George F. de Barros – Eng. de Segurança do Trabalho


Acidente do Trabalho, um evento danoso 32
8.4.2 Adicional de Periculosidade

Este adicional está definido no Artigo 193, § 1º da CLT a qual no


seu Artigo 193 estabelece que ele seja devido ao trabalhador exposto
permanentemente a inflamáveis e/ou explosivos no percentual de 30 % sobre o
salário do empregado.

Nos serviços envolvendo energia elétrica com tensões superiores à


250 V o adicional de periculosidade deve ser pago.

8.5 Pesquisas

O avanço tecnológico cria a cada dia novos materiais, métodos de


fabricação e meios de produção, gerando produtos mais eficientes e por esse caminho passam
a elaboração e produção de EPIs e outros equipamentos de segurança, inclusive os de
combate a incêndio.

Cabe aos especialistas em Segurança do Trabalho


pesquisar, junto à industria, sobre a modernização dos
equipamentos de proteção, estudando a viabilidade de aplicá-
los, visando aumentar a segurança e a qualidade dos serviços
prestados.

Com a padronização e normatização das atividades,


exigidas pelas modernas técnicas de administração e
gerenciamento como ISO 9.000, Qualidade Total, 5 S, etc, as
empresas pesquisam em busca de desenvolver técnicas de produção, manutenção e descarte
dos rejeitos de maneira cada vez eficiente e com menos risco para o trabalhador e para o Meio
Ambiente

9 Conclusão

É necessária a formação de uma consciência crítica em todos os níveis


hierárquicos sobre a questão dos acidentes de trabalho, tendo como meta prioritária sua
prevenção.

É imenso o número de acidentes que seriam evitados se fossem observados os


requisitos mínimos de engenharia de segurança, e não houvesse negligência por parte
daqueles que têm o poder de decisão sobre o assunto em cada setor de atividade econômica.

É preciso enxergar o operário, antes de tudo, como um ser humano que representa
inteligência, investimento, força e trabalho, e não um mero instrumento descartável, relegado
à própria sorte, sujeito a infortúnios do trabalho que vão dos pequenos acidentes as grandes
mutilações, à invalidez e não raro a morte.

É imperioso que cada um assuma a sua responsabilidade, deixando de contar com


as “costas largas” da Previdência Social, assoberbada e impotente para remediar o
irremediável.

“E, se isso te agrada, perdoa, pois o que está escrito não visa a nossa glória,
George F. de Barros – Eng. de Segurança do Trabalho
Acidente do Trabalho, um evento danoso 33
porém ser útil às profissões” (Ramazzini, 1700).

George F. de Barros – Eng. de Segurança do Trabalho


Acidente do Trabalho, um evento danoso 34
10 GLOSSÁRIO

Agruras....................................... qualidade do que é agro; aspereza; desgosto; amargura.


Aluminose..................................pneumoconiose devido à inalação de poeira de alumínio.
Antijurídico................................contrário as normas e às leis jurídicas, ilegal.
Antracose...................................pneumoconiose causada pela inalação de pó de carvão.
Asbestose...................................pneumoconiose provocada pela inalação de partículas de
asbesto
Assoberbada...............................sobrecarregada.
Bagaçose....................................pneumoconiose devida à inalação de poeira de cana-de-
açúcar.
Beriliose.....................................pneumoconiose devida à inalação de poeira de berílio.
Bissinose....................................pneumoconiose devida à inalação de poeira de algodão.
Constitucionais...........................que formam a essência de.
Circunstanciais............................que exprimem uma certa particularidade que acompanha
um fato.
Comitente...................................que ou quem encarrega de comissão.
Convalescença............................estado de transição entre uma doença e o restabelecimento
da saúde.
Culpa..........................................falta contra a lei ou a moral; ato criminoso; ação repreensível;
delito; pecado; crime.
Culpável.....................................a que.se pode ou se deve atribuir culpa; digno de censura.
Dolo...........................................artifício usado para enganar alguém; fraude.
Dolo direito civil........................ manobra ou artifício que se inspira em má-fé e leva alguém a
induzir outrem à prática de um ato com prejuízo para este.
Dolo direito penal......................a deliberação de violar a lei, por ação ou omissão, com pleno
conhecimento da criminalidade do que se está fazendo.
Fortuitos.....................................acidentais; imprevistos; casuais.
Ilícito..........................................ilegítimo; oposto a lei ou à moral, injurídico.
Iminente.....................................que pode acontecer a qualquer momento.
Imperícia....................................ausência de perícia; incompetência; inexperiência.
Imprudência...............................caráter de pessoa imprudente; ação inconveniente.
Infortúnio...................................acontecimento funesto.
Intrínseca....................................essencial; próprio; inerente.
Itinerário.....................................relativo a caminhos; rota; roteiro; percurso; viagem.
ISO.............................................Organização Internacional de Padronização
LASER.......................................Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation -
amplificação da luz por emissão estimulada de radiação.
Legislação..................................conjunto de leis
Lei...............................................regra de direito ditada pela autoridade estatal e tornada
obrigatória para se manter a ordem e o progresso numa
comunidade.
Negligência................................descuido no cumprimento do dever; falta de cuidado.
Omissão.....................................ação ou efeito de não se fazer o que se devia.
OMS...........................................Organização Mundial de Saúde
Peculiar......................................próprio; particular.
Pecúlio.......................................dinheiro acumulado; bens; reserva de dinheiro.
Pneumoconiose..........................reação fibrosa crônica dos pulmões à inalação de poeiras,
marcada especialmente por perda da expansibilidade
Profilaxia....................................precaução contra certos acontecimentos.
Preposto.....................................aquele que representa a empresa ou sua diretoria.
Sabotagem..................................ato ou efeito de inutilizar em parte ou todo qualquer objeto
para forçar solução de um caso.
George F. de Barros – Eng. de Segurança do Trabalho
Acidente do Trabalho, um evento danoso 35
Siderose......................................pneumoconiose devido à inalação de poeira de ferro.
Silicose.......................................pneumoconiose provocada pela inalação de poeira de sílica.
Sintomatologia...........................estudo dos sintomas.
Relegado....................................banido; afastado; desprezado.
Reabilitação................................por novamente na forma normal.
Terrorismo.................................sistema político de governar pelo terror ou por meio de
revolução violenta.
Tutelados....................................que tem ou recebe proteção; amparado, defendido,
protegidos.

George F. de Barros – Eng. de Segurança do Trabalho


Acidente do Trabalho, um evento danoso 36

11 BIBLIOGRAFIA

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São Paulo. 1992.

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