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PERDA DO GLOBO OCULAR


Etiologia:
1. Congênita: Criptofitalmia ou microftalmia – fatores congênitos nos quais o bulbo
ocular está escondido ou atrofiado. Nestas condições o bulbo ocular não tem que ser
removido e apresenta a condição ideal para o recebimento de uma prótese ocular.
Crianças portadoras dessas deformidades podem receber próteses já aos 3 anos.

2. Adquirida:
2.1 Patológica: os maiores responsáveis pelas perdas oculares são os tumores como
retinoblastoma, melanoma, glioma e neuroblastoma. As doenças corneanas também
contribuem para a preda do globo ocular (tracoma, glaucoma e panoftalmia).
2.2 Lesões civis:
- Industriais: acidentes no trabalho com torno ou esmeril podem lançar fragmentos
metálicos que penetram na esclera ou na córnea do operador. Dependendo do grau de
penetração e volume dos fragmentos, eles poderão ser cuidadosamente removidos sem
comprometimento da integridade do bulbo ou justificar a sua evisceração.
- Acidentes de tráfego
- Diversos: agressões com objetos perfurantes, acidentes de caça (disparo de arma) e
eventos domésticos.
- Lesões de guerra

Incidência:
Atingem aproximadamente 3,1% de todas as cirurgias oftálmicas. Quanto à raça,
não há diferença entre elas. Atinge 63% indivíduo do gênero masculino e cerca de 37%
do gênero feminino. Quanto à idade, ocorre em todas elas, sendo que aos 15 anos, os
traumas contribuem em praticamente 80% dos casos.

Modalidades cirúrgicas:
São três as modalidades cirúrgicas óculo-palpebral relacionadas com a prótese
ocular e orbital:
1. Evisceração: esvaziamento do bulbo ocular com a conservação da esclera. Pode-se ou
não remover a córnea.
- Indicação: panoftalmias, ferimentos penetrantes profundos.
- Vantagem: Oferece um coto muscular mais favorável à prótese ocular.
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2. Enucleação: Cirurgia mutilante que consiste na remoção total do bulbo ocular,


permanecendo a cápsula de Tenon e os músculos oculomotores.
- Indicação: olhos cegos, deformados ou dolorosos, grandes ferimentos
penetrantes, tumores malignos intra-oculares (retinossarcoma, retinoblastoma e
etc).

3. Exenteração: Remoção de todo conteúdo da cavidade orbital, incluindo a ressecção


das pálpebras superiores e inferiores. É frequentemente seguida pelo revestimento da
cavidade com enxerto epidérmico.
- Indicação: tratamento de neoplasias malignas.
A lesão causada pela exenteração não restaurada pela prótese ocular
propriamente dita, mas pela prótese óculo-palpebral.

PRÓTESE OCULAR
Os objetivos da prótese ocular são:
1. Prevenir o colapso e a deformação das pálpebras;
2. Restabelecer os movimentos palpebrais;
3. Proteger a sensível cavidade contra injúrias por corpos estranhos ou irritação por
poeira, fumaça e etc.;
4. Restaurar a direção correta das secreções e prevenir o acúmulo de fluidos na
cavidade;
5. Manter o tônus muscular, prevenindo as alterações assimétricas do contorno
facial;
6. Restabelecer a estética e dar condições de melhor convívio social.
A prótese ocular pode ser dividida em 3 tipos:
1) Olhos pré-fabricados em vidro ou cristal;
2) Olhos pré-fabricados em material plástico;
3) Olhos individuais em resina acrílica.
Para aplicação de uma prótese ocular devem ser considerados os seguintes
fatores:
a) a forma, o tamanho e a curvatura da pálpebra;
b) a cor e o tamanho da íris;
c) a cor da esclerótica e os vasos sanguíneos;
d) a diferença entre uma prótese direita e esquerda.
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Prótese Ocular de vidro: é o tipo mais antigo.


O primeiro monopólio da manufatura dessas próteses oculares situou-se em
Veneza, centro famoso na produção de cristais finos.
Em 1835 desenvolvia-se na Alemanha o método de manufatura dos olhos de
vidro. Ludwig Muller-Uri, um soprador de vidro da cidade de Lausha fabricou o 1 olho
de vidro para um humano.
A escolha de um adequado olho artificial pré-fabricado exige que se tenha à
disposição um apreciável estoque. Uma coleção muito grande é necessária para que se
possa obter um exemplar dentro dos requisitos enumerados acima.
A duração de uma prótese ocular em vidro é em média, de um ano. O uso produz
alterações em sua superfície, irritação da conjuntiva e aumento das secreções. São muito
frágeis e quebram-se facilmente.
Podem ser fabricadas com dois tipos de vidro:
1. Tipo soda;
2. Tipo chumbo: duração mais curta, tendendo à dissolução da superfície sob a
ação da secreção lacrimal, tornando-se áspero, desfigurado e intolerável na
cavidade.
Ao contrário dos olhos individuais de material plástico, as próteses de vidro são
fixas, não proporcionando bom resultado estético.
Atualmente, os olhos artificiais de vidro são considerados obsoletos.

Prótese ocular pré-fabricada em material plástico:


Atualmente, olhos acrílicos manufaturados, de belíssimo aspecto e pronto para o
uso são encontrados no mercado. É grande a variedade de cores e tipos. Podem ser
ajustados com fresas, lixados e modificados de acordo com a necessidade. No entanto, o
conceito atual é de que não há duas cavidades iguais e que a confecção de uma prótese
de acrílico deve ser individual, sendo todas as estruturas de contato copiadas fielmente
por uma moldagem que determinará a forma do olho artificial. Na elaboração desta
técnica foi se que salientaram os cirurgiões-dentistas.

Prótese ocular individual em resina acrílica:


Para sua confecção, todas as estruturas da cavidade deverão ser copiadas por
uma boa impressão e a forma dessas estruturas é que deve orientar e determinar a forma
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exata do olho artificial. O molde deverá reproduzir o fundo da cavidade, a sua parte
posterior e a posição das pálpebras em relação a ela.
Uma das vantagens da prótese individual é levar em consideração o
remanescente tecido muscular de maneira a conseguir sua cooperação na maior ou
menor movimentação do olho artificial, conseguindo-se assim, em maior ou menor
grau, movimentos laterais, verticais e oblíquos.

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