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Avaliação Escolar
School Evaluation
Marcos José Andrighetto
Resumo
Este artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica feita sobre o processo de
avaliação da aprendizagem, como vem sendo e como deveria ser desenvolvido tal
processo. Mostra onde está inserida a avaliação na Lei de Diretrizes e Base da
Educação (LDB). Algumas limitações e maneiras errôneas de seu emprego
tornando-o muitas vezes ineficaz. No decorrer do trabalho são apresentados
alguns paradigmas e também obrigações da figura do avaliador. Aborda-se a
melhor forma de avaliar e quais dados ou pré-requisitos devem ser levados em
consideração no momento de avaliar.
Abstract
This article presents a literature search done on the evaluation process of
learning, as has been and how this process should be developed. Shows where the
evaluation is included in the Law of Guidelines and Basis of Education (LDB).Some
limitations and erroneous ways of their jobs often make it ineffective. During the
work are presented some paradigms and obligations of the figure of the evaluator.
Addresses is how best to assess and what data or pre-requisites must be taken
into account when evaluating.
Introdução
A avaliação da aprendizagem de modo geral, é entendida pela maioria dos alunos e por
muitos professores, como aplicações de provas e exames. Porém, ocupa uma posição
extremamente contraditória em relação a uma das principais funções da escola, a promoção de
inclusão social. Embora seja um processo burocrático necessário que precisa ser traduzido em
notas, conceitos ou menções, seu emprego acaba tornando-se motivo de tormento para os
estudantes.
São apresentados alguns métodos de avaliação, bem como a utilização do erro como
ferramenta deste processo. É preciso entender o real sentido da avaliação, fazendo com que esta
não se transforme em uma máquina classificatória excludente. Com a finalidade de entender essa
problemática da avaliação, buscou-se em livros e na Lei 9394/96-Lei de Diretrizes e Base da
educação Brasileira, um embasamento sólido para a construção deste artigo.
O processo de Avaliação
A maneira em que a educação abrange a avaliação nos dias de hoje, vem de um processo
iniciado na década de 1940 graças à atuação de Ralph W. Tyler, que tem como princípio que
educar consiste em mudar padrões antigos ou gerar novos padrões de comportamentos, sendo
que o currículo passa a ser composto por especificação de habilidades desejáveis expressadas em
objetivos a serem atingidos. Assim avaliação
Nota-se, que esta citação tem como enfoque o aspecto funcional da avaliação realizada
em função dos objetivos previstos, como exigiu a metodologia da época, pois nesse período, o
sistema escolar era tido como principal responsável pela baixa qualidade de mão-de-obra, pelo
despreparo das massas políticas e pela má distribuição de renda.
torná-las adequadas. Para Stufflebeam (1987, p19) “avaliar é o processo de delinear, obter e
proporcionar informações úteis para o julgamento de decisões alternativas”, e também:
De forma mais sucinta, Stufflebeam (1987, p19) define-a como “o julgamento sistemático
do valor ou mérito de algo”. Dessa forma a função básica da avaliação é oferecer um suporte de
informações relevantes que possibilitem a melhoria da qualidade da didática educacional em
termos de efetividade e de eficiência.
“Art. 24º. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de
acordo com as seguintes regras comuns:
[...]
A avaliação é, assim, realizada para obter sobre o aluno uma informação mais abrangente
que a simples e pontual referência das provas, tem função legitimadora da ideologia das
sociedades modernas. Os bons resultados são vistos como indicadores das aptidões que darão ao
indivíduo possibilidades de progredir e ter êxito. No entanto, recentemente o interesse está
concentrado em reduzir os efeitos negativos da avaliação no sistema escolar e sua repercussão
individual sobre os estudantes.
Ou seja, fazendo uma analogia ao âmbito geral da avaliação escolar, baseado nos fatores
de padrões preestabelecidos e comparativos entre instituições de ensino, induz-se a uma escolha
muitas vezes errônea de qual escola o aluno será inserido, tendo em vista que nem sempre o
aluno “nota 10”, vem a ser um profissional de sucesso, como o esperado pela sociedade. Como
podemos ver nesta reportagem da revista Veja:
“... A fagulha de mudança pode ser acendida com a constatação de que as escolas
que pais, alunos e professores tanto elogiam são as mesmas que devolvem à
sociedade jovens incapazes de ler e entender um texto, que se embaralham com as
ordens de grandeza e confiam cegamente em suas calculadoras digitais para não
apenas fazer contas mas substituir o pensamento lógico...”(Veja, 2008, p.74-75)
“ Não há como não repetir que ensinar não é a pura transferência mecânica do perfil
do conteúdo que o professor faz ao aluno, passivo e dócil. Como não há também
como não repetir que partir do saber que os educandos tenham não significa ficar
girando em torno deste saber. Partir significa por-se a caminho, ir-se, deslocar-se de
um ponto a outro e não ficar, permanecer. “ (Freire,1992, p.70-71)
Por conseguinte, Foucault, também nos afirma que não se tem certeza de nada, sempre
teremos um “talvez,” “pode ser”, não existindo verdadeiro ou falso. Dessa forma, quando alguém
pergunta algo, terá que estar disposto a ouvir uma série de respostas, que muitas vezes não trará
uma certeza, uma confirmação, mas sim um anseio, um desejo, de sempre querer saber mais,
uma busca contínua do conhecimento.
Limites e Possibilidades
A avaliação escolar, também conhecida como avaliação do processo ensino-aprendizagem
ou avaliação do rendimento escolar, desempenho do aluno, do professor e de toda a situação de
ensino. Seu principal objetivo é o aperfeiçoamento do ensino. Torna-se um instrumento eficaz e
valioso quando utilizado com o propósito de analisar e compreender o processo de
aprendizagem.
A avaliação tem sido utilizada muitas vezes de forma errônea, reducionista, como se
pudesse limitar-se a um instrumento de coleta de informações. É comum ouvir-se “vou fazer uma
avaliação”, quando se vai aplicar uma prova ou um teste. Avaliar exige, antes que se defina aonde
se quer chegar, que se estabeleçam os critérios, para, em seguida, escolherem-se os
procedimentos. Além disso, o processo de tomada de decisão, quanto a que medidas devem ser
previstas, para aperfeiçoar o processo de ensino, com vistas a levar o aluno a superar suas
dificuldades. Definir por meio de nota ou conceito as dificuldades e facilidades do aluno é apenas
um recurso simplificado que identifica a posição do aluno em uma escala.
Neste sentido, ocorre que estudantes, preocupados apenas com a aprovação, busquem
de qualquer maneira a obtenção da nota exigida, independentemente de quais os meios
empregados para alcançar tal objetivo. Contudo, acreditar, que um nota “6”(seis) ou um conceito
“C” possa, por si, explicar o rendimento do aluno e justificar uma decisão de aprovação ou
reprovação, sem que se analisem as condições de aprendizagem oferecidas, os instrumentos e
processos empregados para a obtenção de tal nota, iria reduzir de forma inadequada, o processo
avaliativo, sobretudo, limitar a perspectiva de análise do rendimento do aluno e a possibilidade
do professor em compreender o processo que coordena em sala de aula.
Para que a avaliação não se torne ineficaz ou excludente, é preciso não apenas aplicar
provas que priorize um tipo específico de habilidade, mas sim se tenha um entendimento de o
que está sendo avaliado, qual o verdadeiro propósito desta avaliação. Observa-se isso em:
Verifica-se que a avaliação do nível de aprendizagem do aluno não pode ser tomada como
verdade absoluta, portanto ela pode ser questionada. Sempre terá que ser vista com bastante
cuidado e responsabilidade, uma vez que, se o método for empregado de forma errada não
poderá, jamais, medir o real conhecimento adquirido pelo aluno.
Reações e Efeitos
A classificação cristaliza e estigmatiza um momento da vida do aluno, sem considerar que
ele se encontra em uma fase de profundas mudanças. É uma forma unilateral e, portanto,
autoritária, que não considera as condições que foram oferecidas para a aprendizagem. Pune
aqueles estudantes que, por sofrerem uma situação social adversa, necessitam de que a Escola
lhes proporcione meios adequados que minimizem suas dificuldades de aprendizagem.
A decisão de aprovação ou retenção do aluno exige do coletivo da escola, uma análise das
possibilidades que ela pode oferecer para garantir um bom ensino.
“ Nenhum extremo é válido: considerar que sempre devemos dizer a resposta certa,
para o aluno ou, do outro extremo, considerar que todo e qualquer erro que ele
cometa tenha o caráter construtivo e que ele poderá descobrir todas as
resposta.”(Hoffmann, 2006, p. 88).
A interpretação de que todo o acerto é correto e de que todo erro deva ser punido em
todas as circunstancias, vem sendo alterada, uma vez que poderemos utilizar o erro, em favor da
construção da aprendizagem, valendo-se dele para exemplificar e enriquecer os argumentos da
área de conhecimento em questão. Podendo isso ser utilizado como ponto de partida para uma
ação avaliativa mediadora. Para tanto, Becker nos diz:
É comum docentes ensinarem o que é correto, sem muitas vezes, utilizar o erro como
uma ferramenta para exemplificar e enriquecer os meios didáticos, mostrando para os discentes
porque não é de outra forma. Sendo assim, a utilização do erro é uma importante ferramenta de
avaliação do aluno. Todo este contexto didático de trabalho em sala de aula repercutirá
fortemente nos aspectos avaliativos em geral os quais devem ser permanentemente evoluídos,
essas ações são indicadas a professores interessados no aperfeiçoamento pedagógico de sua
atuação na escola. É fundamental sua utilização para indicar o alcance ou não dos objetivos de
ensino. Sua aplicação faz-se necessária não só para diagnosticar as dificuldades e facilidades do
aluno, como principalmente, para compreender o processo de aprendizagem que ela está
percorrendo.
Por fim, a avaliação deve ser utilizada com o apoio de múltiplos instrumentos de coleta de
informações, baseada nas características do plano de ensino, dos objetivos que se está buscando
junto ao aluno. Assim, conforme o tipo de objetivo pode ser empregado trabalhos tanto em
grupos como individuais, provas orais e escritas, seminários, observação de cadernos, realização
de exercícios em classe ou em casa e observação dos estudantes em classe. Porém, o
levantamento de informações não deverá ficar restrito ao final do período letivo (bimestre,
trimestre, semestre), pois informações desencontradas ou distanciadas podem modificar a
analogia do aluno e do professor quanto às condições de aprendizagem e ensino.
Conclusão
Após muita leitura a respeito de avaliação escolar, concluímos que esta prática precisa ser
melhorada, para que não se transforme definitivamente em uma prática discriminativa e
exclusiva. Tal mudança se faz necessária afim de que a avaliação deixe de ser vista como um fim e
passe a ser encarada como um meio para a educação. Antigos conceitos precisão ser mudados
para que a visão de conhecimento, por parte dos alunos, seja ampliada, fazendo com que
busquem conhecimentos superiores aqueles necessários à aprovação no final do ano letivo.
Fez-se uma análise entre o texto da LDB e do atual processo avaliativo com a finalidade de
compreender o verdadeiro significado de avaliação escolar. Vimos no decorrer do artigo que
provas e exames não devem ser unicamente empregados como forma de avaliação, tendo em
vista que o professor precisa colher diversa informações sobre o aluno para que, desta forma,
possa avaliá-lo mais coerentemente, buscando diagnosticar onde está ou estão às principais
dificuldades do aluno, melhorando assim, o processo ensino-aprendizagem.
Referências Bibliográficas
BRASIL, LDB. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em<
www.mec.gov.br>. Acesso em: 02 Mar 2009.
VEJA, Revista. Você sabe o que estão ensinando a ele? Editora Abril, Ed. 2074, 20 AGO
2008.
SILVA, José Luiz P B.; MORADILLO, Edilson F. de. Avaliação, ensino e aprendizagem de
Ciências. Ensaio, [Belo Horizonte], ano 1, vol. 4 n.1, Julho 2002.
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