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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS E HABITAÇÃO


FUNDO DE INVESTIMENTO E PATRIMÓNIO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA

REGIÃO SUL

PROJECTO DE PADRONIZAÇÃO DE QUADROS DE ACCIONAMENTO

Xai-Xai, Outubro de 2020


Visto do Director

_________________

Francisco Tamele

Director da AOXX
Área Operacional de Xai-Xai

Projecto de padronização de quadros de accionamento


Ficha Técnica

Abiner Nguenha- Electromecânico


FIPAG-Área Operacional de Equipa
Autor: Francisco Sozinho
Xai-Xai Técnica: Manguengue – Técnico de Energias
Renováveis
Data Outubro de 2020
Versão Avaliação
Índice
1. Introdução..................................................................................................................1

2. Objetivos....................................................................................................................1

2.1. Descrição do empreendimento...............................................................................1

3. Cálculo dos parâmetros do sistema............................................................................2

Tabela 1. Parâmetros de entrada......................................................................................2


Tabela 2. Especificações do módulo fotovoltaico escolhido.............................................3
Tabela 3. Secção do condutor a aplicar no sistema..........................................................5
Tabela 4. Lista de necessidades........................................................................................5

Figura 1. Esquema do sistema...........................................................................................7

1.
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2. Introdução

O presente projecto esta relacionado com o dimensionamento de um modelo padrão


para os quadros de comando dos grupos electrobomba. A execução deste projecto será
baseado em procedimento técnico, o que envolve analise, cálculos e simulação do
modelo verificando assim as suas funcionalidades. O projecto engloba o
dimensionamento do quadro, seus elementos, estrutura organizacional e os
procedimentos de manutenção, objectivando assim a obtenção de uma funcionalidade
optimizada.

3. Objectivos

O projecto tem como objectivo geral: Definir um modelo padrão para os quadros de
comando dos grupos electrobombas. Para o seu alcance tem-se as seguintes etapas:

 Colectar dados que descrevem as condicoes de operacoa do motor;


 Efectuar o cálculo dos parâmetros dos dispositivos a serem aplicados;
 Estabelecer a lista de necessidades;
 Esquematizar o quadro electrico.

3.1. Descrição do Projecto

Com vista a melhorar o processo de accionamento dos grupos electrobomba e criar


documentação técnica para aperfeiçoamento dos procedimentos de manutenção, se
desenvolve o presente projecto verificada a sua possibilidade uma vez que todos as
electrobombas possuem o mesmo método de accionamento (partida directa).

Dados de entrada

Para o dimensionamento de qualquer sistema de accionamento eléctrico é essencial que


se colectem os dados referente as parâmetros descritos a seguir sempre que estes
estiverem disponiveis ou aproximados para cumprimento do objectivo.

Potencia nominal
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Tensão nomial

Corrente de partida

Tempo de partida

Fator de potencia

Eficiencia

Comprimento do cabo de alimentação do motor

Queda de tensão

4. Dimensionamento dos parâmetros do quadro

3.1. Corrente nominal

É a corrente que vai percorrer o circuito de carga nas condições nominais de


funcionamento:

Sistema monofásico: Sistema trifásico:

Este valor também pode ser encontrado na chapa característica do equipamento, sendo
que para efeitos de dimensionamento se opta pelo valor máximo admissível.

3.2. Secção dos condutores

Os condutores são identificados pelas suas bitolas e capacidades correspondentes em


ampéres.

a) Pela capacidade de corrente eléctrica

Selecciona-se na tabela do fabricante do condutor a bitola que suporta a corrente de


carga, como a tabela a seguir:
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b) Pela queda de tensão

Conhecendo a queda de tensão, a corrente e a distância, pode-se determinar a secção


pelas equações:

Sistema monofásico ou CC: Sistema trifásico: Onde:


S – é a secção em mm2
I – Corrente electrica (A)
S= √
2×I ×l 3×I ×l %U – Queda de tensão (V)
S=
56 ×%U 56 ×%U l – Distância do quadro à carga (m)

Deverá ser escolhida a maior entre as secções calculadas em cada método.

3.3. Cálculo dos dispositivos de protecção

Tem como finalidade a protecção de equipamentos, circuitos electroeletrónicos,


máquinas e instalações eléctricas, contra alterações da tensão de alimentação e
intensidade da corrente eléctrica.

3.3.1. Rele

É utilizado para a protecção de circuitos/equipamentos contra sobrecarga (aumento da


intensidade da corrente eléctrica de forma gradual), podendo actuar diversas vezes
durante a sua vida útil.

a) Relé Electromagnético
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Accionado pela circulação da corrente eléctrica numa bobina. Os tipos de relés mais
comuns são:

 Relé de mínima tensão - quando a tensão for inferior ao valor determinado (80-95%
da nominal), o relé actua e interrompe o circuito de alimentação.
 Relé de máxima corrente - quando ocorre o aumento de corrente acima do valor
determinado, o relé actua e interrompe o circuito de alimentação.
b) Relé Térmico
Actua pela deformação de um bimetal formado por duas lâminas de metais diferentes
(tipicamente ferro e níquel) cujo coeficiente de dilação é diferente, e com o aumento da
temperatura provocado pelo aumento da circulação de corrente pelo bimetal este se
deforma, abrindo o circuito.

Para a selecção do rele térmico é preciso atentar para os itens a seguir:

I minR < I n<¿ I maxR ¿

U R ≥U n

Também deve se verificar a existência dos contactos auxiliares e compatibilidade com


os componentes a ser acoplando (contactor).

3.3.2. Disjuntores

Destinam-se a protecção contra curto-circuito e em alguns casos também a protecção


contra sobrecarga (protecção térmica e magnética). Estes podem ser monopolar, bipolar,
tripolar ou tetrapolar. A sua corrente nominal deve ser menor ou igual à corrente
máxima admitida pelo condutor da instalação a ser protegida.

Onde:

- Corrente nominal do disjuntor

As Curvas de disparo, são normalizadas pela Norma IEC 60898.


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 Disjuntor de Curva B - disparo instantâneo para correntes entre 3 a 5 vezes a


corrente nominal. Indicado para circuitos com características resistivas ou com
grandes distâncias de cabos.
 Disjuntor de Curva C - disparo instantâneo para correntes entre 5 a 10 vezes a
corrente nominal. Indicado para circuitos com cargas indutivas.

Para o padrão em dimensionamento, deve-se considerar os seguintes disjuntores em


função da corrente nominal do circuito:

Qtd Característica Objectivo


Tipo
.
Tetrapolar, curva C, regulável até
1 MCCB Protecção geral

1 MCB Tetrapolar, curva C, Protecção do quadro


3 MCB Unipolar, curva B, 10A Protecção do MP 204
Protecção do circuito de
1 MCB Bipolar, curva B, 6A
comando e sinalização

3.3.3. Chave seccionadora (isolador)

Tem por função a manobra de abertura ou desligamento de circuitos de uma instalação


eléctrica por meios apropriados, com indicação visível com clareza e segurança. No
caso multi-polar, esta deve garantir o desligamento simultâneo das fases.

A chave seccionadora deve suportar, com margem de segurança, a tensão e corrente


nominais da instalação, no entanto deve satisfazer a condição a seguir:

Onde:

- Corrente nominal da chave seccionadora

3.3.4. Fusíveis

Protege os equipamentos e fiação contra curtos circuitos e sobrecarga por falha no


sistema de energia ou operação máquina/operador. Também protegem os dispositivos
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de comando em caso de um curto-circuito interno, actuando também como limitadores


das correntes de curto circuito.

a) Classe Funcional dos Fusíveis (segundo IEC - montagem com 2 letras)


 Primeira letra (Faixa de interrupção) - tipo de sobrecorrente na qual o fusível irá
actuar:

g - Actuação para sobrecarga e curto, fusíveis de capacidade de interrupção em toda


faixa;

a - Actuação apenas para curto-circuito, fusíveis de capacidade de interrupção em faixa


parcial.

 A segunda letra (Categoria de utilização) - tipo de equipamento no qual o fusível irá


proteger:

L/G - Cabos e Linhas/Protecção de uso geral;

M - Equipamentos de manobra;

R - Semicondutores;

B - Instalações de minas;

Tr - Transformadores.

 Principais fusíveis de mercado:

gL/gG - Fusível para protecção de cabos e uso geral (Actuação para sobrecarga e curto);

aM - Fusível para protecção de motores;

aR - Fusível para protecção de semicondutores

b) Classificação dos Fusíveis quanto a velocidade de actuação:


 Ultra-Rápidos - protecção de circuitos electroeletrónicos;
 Rápidos - protecção de circuitos com semicondutores;
 Normal - protecção de circuito electroeletrónico e circuito eléctrico, de forma geral
onde a protecção do circuito não necessite um tempo muito curto de actuação;
 Retardado - protecção de circuitos eléctricos, principalmente com cargas indutivas
(ex. Motor, não actuando no pico de corrente provocado pela partida).
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A escolha do fusível se faz pela corrente, pela tensão e pelo tipo de circuito (se sujeito a
grandes variações de corrente, ou não).

O fusível actua de acordo com uma característica de fusão tempo x corrente. Os fusíveis
utilizados em accionamentos de motores são do tipo D e NH.

No dimensionamento de fusíveis, recomenda-se que sejam observados, no mínimo, os


seguintes critérios:

1. Devem suportar o pico de corrente (I P) dos motores durante o tempo de partida (T P)


sem se fundir. Com o valor de I p e TP determina-se pelas curvas características dos
fusíveis fornecidas pelos fabricantes o valor necessário do fusível;

Figura 1. Curva corrente x tempo para fusíveis tipo D


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Figura 2. Curva corrente x tempo para fusíveis tipo NH

2. Devem ser especificados com uma corrente superior a 20% acima do valor nominal
da corrente do circuito que irá proteger, permitindo a preservação do fusível do
envelhecimento prematuro, mantendo a vida útil do fusível.

Onde:

- Corrente nominal do fusível

3. Devem proteger também os demais dispositivos no circuito de accionamento evitando


assim a queima destes. Para isso verifica-se o valor máximo do fusível admissível na
tabela dos respectivos dispositivos.

Onde:

- Corrente máxima fusível dos dispositivos (relé térmico, contactor, disjuntor,


chave seccionadora).
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Por fim se escolhe o maior dentre os valores.

3.3.5. Dispositivo de Protecção de Surtos (DPS)

Este elemento destina-se a drenar as correntes provenientes de surtos na rede ou


provenientes do ambiente externo (descargas atmosféricas) para a terra.

A selecção destes é feita em função das condições a seguir:

c) Tensão máxima de funcionamento:


d) Corrente máxima de descarga: 20-40 kA em zonas urbanas e 65 kA em área
rural.

3.4. Aterramento

Consiste numa medida de segurança usada para ajudar a impedir que pessoas entrem
acidentalmente em contacto com a electricidade e para incrementar a eficiência dos
dispositivos de protecção e equipamentos da instalação.

O dimensionamento de aterramento é um processo que em geral exige o uso de


programas computacionais dada a complexidade da tarefa, importando referir que a
resistência deve ser menor ou igual a 5 ohm. Nesse contexto, é efectuado a selecção da
bitola do cabo como na tabela:

3.5. Circuito de comando e sinalização

3.5.1. Chaves manuais e botoeiras

São dispositivos interruptores accionados manualmente que realizam a operação de ligar


e desligar o motor eléctrico, geralmente para accionar a bobina de um contactor.
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O selector apresenta geralmente duas ou mais posições de contacto em função das


características de accionamento. Este elemento deve ser seleccionado em função das
características de alimentação do circuito (limite de tensão, corrente e isolamento).

3.5.2. Sinalização

Para a sinalização de eventos usam-se lâmpadas, buzinas e sirenes. Em casos gerais se


faz o uso de lâmpadas para sinalizar tanto situações normais quanto anormais, tendo
uma cor referente a cada tipo de ocorrência, neste caso:

 Amarelo - sistema energizado e pronto a operar;


 Verde - sistema em operação;
 Vermelho - falha na operação.
Estes elementos também devem obedecer ao padrão de alimentação do circuito.

3.5.3. Quadro de telemetria

O circuito de comando esta integrado a um sistema de telemetria, sendo este


complementar para o accionamento automático. Para a integração deste é necessário que
se instalem bornes de conexão e contactos auxiliares NA e NF no contactor de modo a
que se possa efectuar a colecta de dados e accionamento.

3.5.4. Dispositivos de protecção

Para a protecção do circuito de comando geralmente se faz uso de disjuntores de 6 A


visto que este possui cargas bastante baixas, interrompendo o circuito geralmente por
efeito térmico.

3.6. Chave magnética (Contactor)

Responsável por fazer a interface entre os circuitos de potência e comando, aumentando


a segurança durante o processo de accionamento. Os contactos NA ou NF do contator
são accionados quando a bobina é energizada, assim os contatos permanecem na nova
posição apenas durante o tempo em que a bobina está energizada.

Para realizar o dimensionamento de contatores devem ser observadas as condições a


seguir:
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1. Categoria de emprego (regime de emprego)

Alimentação em corrente continua CC

Alimentação em corrente alternada

2. Corrente nominal de operação da carga a ser accionada

A corrente nominal do contactor deve satisfazer a condição:

Onde:

- Corrente nominal do contactor;

3. A tensão nominal do contactor deverá ser tal que:


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Onde:

- Tensão nominal do contactor

4. Padrão de alimentação da bobina - esta deve se adequar ao modo de alimentação do


circuito de comando, sendo geralmente fase-fase ou fase-neuto (220 ou 400V em 50Hz).

Após a obtenção destes parâmetros, selecciona-se o contactor mais adequado através de


uma tabela de fabricante.

O contactor pode ser de potência (só possui contactos de potência) ou misto (contanctos
de potência e auxiliares). Existem contactores de potência que podem ser integrados
contactos auxiliares.

3.7. Elementos complementares

3.7.1. Ventilação

Os quadros de accionamento por vezes são instalados em ambientes que comprometem


o seu funcionamento normal (húmidos, empoeirados, quentes), exigindo muito mais da
equipa de manutenção e reduzindo a vida útil de seus componentes. Nesse contexto são
usados ventiladores para minimizar os constrangimentos citados.

Sendo assim o ideal é ter dois ventiladores um em cada superfície lateral do quadro, um
trazendo o fluxo de ar para o interior e o outro retirando o fluxo para o exterior,
garantido assim um fluxo de ar optimizado.

Podem ser usados ventiladores de CA ou CC alimentados por um conversor CA/CC,


respeitando o padrão de alimentação e dimensão do painel de comando.

3.7.2. Iluminação interior

A iluminação interna é fundamental para a manutenção interna de qualquer painel de


comando ou que haja um volume considerável de componentes e fiação. Actualmente,
os módulos usados para iluminação podem também ser usados como sinalizadores.
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Na selecção dos módulos de iluminação é preciso atentar para o tamanho, capacidade de


iluminação e padrão de alimentação.

4. Procedimentos de manutenção

4.1. Manutenção preventiva

a) Semanalmente:
 Verificação da existência de ruídos anormais, eléctricos ou mecânicos;
 Verificação da existência de fusíveis queimados;
 Inspecção da pressão de contacto dos fusíveis;
 Verificação do fechamento correcto das tampas dos porta-fusíveis.
b) Mensalmente:
 Inspecção do estado das chaves magnéticas;
 Verificação do contacto dos porta-fusíveis para evitar fusões;
 Verificação do arco em excesso das chaves magnéticas;
 Verificação do ajuste dos relés de sobrecarga;
 Verificação do isolante e continuidade do enrolamento das bobinas das chaves
magnéticas;
 Verificação do estado de conservação das bases fusíveis;
 Reaperto dos bornes de ligação das chaves magnéticas;
 Reaperto dos parafusos de contacto dos botões de comando;
 Verificação da equalização da pressão no fechamento dos contactos;
 Limpeza das câmaras de extinção e dos contactos das chaves magnéticas;
 Ajuste de pressão dos contactos.
c) Semestralmente:
 Reaperto geral das porcas e parafusos dos barramentos e contactos eléctricos.
 Verificação do aquecimento dos contactos eléctricos com equipamento termovisor;
 Verificação da tensão das molas dos disjuntores;
 Medição da corrente eléctrica dos fios e cabos e verificação se a mesma se encontra
de acordo com as tabelas normatizadas de máxima condução de corrente permitidas
e verificação do equilíbrio entre as correntes das fases;
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 Emitir laudo técnico, assinado por profissional habilitado e capacitado, com


exposição dos dados (fotos) retirados com o equipamento termovisor devidamente
organizados (com identificação do Quadro, Armário e Local) e avaliação técnica dos
dados.

4.2. Manutenção correctiva

Proceder, sempre que necessário, ou quando recomendado, aos reparos ou consertos que
se fizerem necessários. No caso da correcção ser em serviço executado pela
CONTRATADA, está deve ocorrer às expensas institucionais.

5. Conclusão
O dimensionamento de um modelo padrão para os quadros de comando dos grupos
electrobomba resultou num quadro que responde as necessidades do sistema em todas as
componentes, sendo que para o alcance deste feito existiu a evidente necessidade de
inclusão de novos elementos, incrementado a complexidade deste. O resultado deste
documento consiste num guia para selecção e instalação e manutenção dos elementos
que compõem o quadro de comando incluído os dispositivos de protecção fora deste.
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Anexos

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