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PROFESSORES: Emília Parente (@profparente)

DISCIPLINA: Competência Socioemocional

COMUNICAÇÃO, INTERAÇÃO E COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS

O estudo das emoções na escola


Vivemos grandes transformações sociais, principalmente desde o início dos anos 2000, com a
inserção das tecnologias no nosso cotidiano, e muitas adaptações nos são exigidas – a todo
momento e cada vez mais rápido. Elas podem ser de ordem prática como o manuseio de
equipamentos mas, em grande medida, trata-se de uma verdadeira mudança de mentalidade.

A comunicação global e o uso de tecnologias passou a exigir novos paradigmas em diferentes


segmentos – e a educação não é exceção. É nesse contexto que surge a necessidade de
trabalhar de maneira sistemática e estruturada as chamadas competências
socioemocionais no ambiente escolar, incorporadas a partir da implementação da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC).

A crise emocional da geração Smartphone


A adolescência é uma fase de constante transformação, tanto do ponto de vista hormonal, como
comportamental e emocional. O adolescente passa por mudanças biológicas e fisiológicas, ao
mesmo tempo em que enfrenta um aumento das expectativas sobre escolhas e
responsabilidades.

Quando refletimos sobre a atual geração, a dos nativos digitais, também conhecida como
Geração Z ou, ainda, geração iGen, termo utilizado pela psicóloga Jean Twenge (2017), nos

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deparamos com uma geração que, justamente devido à superexposição ao mundo virtual,
se desconecta do mundo real e de seus desafios.

Em meio a um mundo, como trata o sociólogo Zygmunt Bauman, de relações efêmeras e


rápidas transformações, esses jovens se veem entre a necessidade de rápida adaptabilidade
e falta de autonomia, oriunda da superproteção parental. Essa geração se desenvolve,
portanto, com maior fragilidade emocional, gerada pelo isolamento do mundo real e a
consequente fragilização da sua saúde mental.

Diante disso, o desenvolvimento socioemocional, a partir de diferentes habilidades e


competências, se torna essencial para que os jovens adquiram maior autonomia, uma atuação
social responsável e solidária, além da capacidade de se adaptar aos desafios e seguir
aprendendo ao longo da vida.

Por que competências socioemocionais na escola?


O aspecto socioemocional aborda o sujeito em sua integralidade: enquanto indivíduo, mas
também inserido em um meio social. As habilidades e competências socioemocionais, como
temos ouvido falar cada vez mais na educação, são importantes para o desenvolvimento
integral do indivíduo, em suas várias dimensões, inclusive social e emocional.

A proposta da educação integral exige o desenvolvimento de todas as potencialidades e


dimensões humanas dos estudantes, em todos os espaços e tempos da vida. Ela se propõe
também a atender às mudanças e desafios do século XXI, sendo as competências
socioemocionais elemento central de formação desse cidadão autônomo, solidário e
produtivo.

O desenvolvimento das competências socioemocionais na escola considera que


processo de ensino-aprendizagem tem o como protagonista de sua aprendizagem
e responsável pela construção do próprio conhecimento.

Dessa forma, as competências socioemocionais no ambiente escolar permitem que o aluno


possa compreender a si mesmo. Assim ele será capaz de projetar quem ele quer ser no futuro
e definir qual o seu papel no mundo – aspectos fundamentais para a construção de
um Projeto de Vida. E, nesse sentido, a escola tem um papel essencial.

A ciência por trás da Inteligência Emocional


Do ponto de vista do indivíduo, podemos afirmar que as emoções são inerentes ao ser humano,
sendo elas que dão significado e sentido à vida. Elas são responsáveis por nos lembrar das
nossas necessidades, frustrações e direitos, são o que nos movimenta e nos impulsiona a
buscar por mudanças.

Ser capaz de identificar nossas emoções, atribuir significado a elas, entendendo-as,


para então tomar melhores decisões sobre nossas ações, é o que poderíamos chamar
de Inteligência Emocional e seu desenvolvimento diminuir a ansiedade e o stress,
oriundos da falta de regulação sobre as emoções.

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Na década de 1980, o psicólogo Howard Gardner começou a supor que as aptidões intelectuais
humanas não eram tudo o que uma pessoa precisava ter. Ou seja, o seu QI (Quociente de
Inteligência, que mede o conhecimento cognitivo e lógico-matemático de uma pessoa) não era
suficiente para medir suas reais competências e habilidades. Após diversos estudos, propôs
a teoria das Inteligências Múltiplas, na qual a Inteligência Emocional, também conhecida por
Inteligências intra e interpessoais, seria uma delas.

Alguns modelos surgiram a partir disso, propondo conceituar a Inteligência Emocional (IE) e
aprofundar os estudos a respeito dela, como o de Mayer e Salovey (1997), o de Bar-On (2006) e
o de Goleman (1995). O de Mayer e Salovey pressupõe que a IE se caracteriza como
uma habilidade cognitiva associada à inteligência geral, baseado nos estudos tradicionais
sobre inteligência, concebida a partir do trabalho a respeito do QI.

Já o modelo de Bar-On entende que a inteligência socioemocional consiste em competências,


habilidades e facilitadores emocionais e sociais, divididas em cinco áreas diferentes que
interagem umas com as outras, sendo intrapessoal, interpessoal, de gerenciamento do
estresse, de adaptabilidade e o humor geral.

Por fim, Goleman propõe um olhar sobre a IE do ponto de vista organizacional, que se
desdobrou em competência emocional. Então, surge a noção de que pode ser desenvolvida de
maneira sistematizada e intencional, a partir de aspectos fundamentais – autoconsciência,
autocontrole, consciência social e habilidade de gerenciar relacionamentos.

Os benefícios das competências socioemocionais na escola


Devido ao aspecto holístico, a apredizagem socioemocional no ambiente escolar pode auxiliar
a:

Elas não excluem as competências cognitivas (interpretar, refletir, pensar abstratamente,


generalizar aprendizados), mas as complementam. Esse novo paradigma para o ensino
envolve aliar múltiplas competências para um desenvolvimento pleno.

Como aponta Goleman (2012), a inserção das competências socioemocionais na escola deve
propiciar que o aluno desenvolva sua capacidade de reconhecer e classificar seus sentimentos
e entender como eles o leva a agir. Também permite que possam identificar pistas, por vezes
não-verbais, de como as outras pessoas se sentem. Estimula que ele seja capaz de analisar o

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que gera estresse e também o que o motiva, e, por fim, permite que ele desenvolva a sua
comunicação para solução de conflitos.

Esquema que demonstra o processo de autoconhecimento e autocontrole a partir das


emoções: identificar, significar e agir a respeito delas. Isso pode ser uma jornada de
aprendizado na escola, espaço oportuno para praticar esse processo.
Com isso, o aluno passa a ser capaz de gerenciar melhor seus relacionamentos e ter uma maior
consciência social e coletiva, contribuindo para o desenvolvimento de empatia, ética,
responsabilidade, entre outras habilidades. Além disso, ao ser capaz de desenvolver sua
autoconsciência e autocontrole, o adolescente é capaz de fortalecer sua autoestima e nutrir
uma autoimagem positiva.

Essa aprendizagem está baseada na Psicologia Positiva e na mentalidade de crescimento,


mostrando ao aluno a importância do conhecimento enquanto processo contínuo. Aprender
com os erros, tanto quanto com os acertos, gera percepções e emoções mais positivas e,
consequentemente, amplia o prazer em relação ao processo de aprendizagem.

Competências socioemocionais na prática


O uso de metodologias ativas é cada vez mais recorrente, sobretudo mediante o novo
paradigma que traz o aluno para a construção de seu Projeto de Vida. Elas também trazem
importantes contribuições para o desenvolvimento de socioemocionais.

O estímulo ao uso de um Diário de Bordo, por exemplo, é uma ferramenta que possibilita ao
aluno registrar acontecimentos, sentimentos e aprendizados, contribuindo para
sua autogestão e consciência socioemocional.

Além disso, atividades que envolvem debates, projetos coletivos, ações na comunidade,
simulações e gamificações desenvolvem capacidade crítica e reflexiva ao se aprofundar
sobre determinado tema. Ademais, possibilitam o exercício da empatia, do diálogo e
a resolução de conflitos ao se deparar com outros posicionamentos.
Vale ressaltar que, antes de qualquer ação, é importante entender o contexto escolar para
incorporação de propostas como essas. É fundamental ter clareza sobre:

• práticas de aprendizagem socioemocional em outros contextos;

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• recursos disponíveis no território escolar;
• estrutura curricular vigente;
• conhecimento geral entre a equipe escolar sobre tais práticas;
• o desenvolvimento socioemocional dos educadores.

REFERÊNCIAS

https://blog.kuau.com.br/competencias-socioemocionais/competencias-socioemocionais/

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AV. Francisco de Almeida Pinheiro, 2625, Planalto Universitário, Quixadá-CE

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