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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Economia e Gestão

A Gestão do Risco Cambial para Pequenas e Médias Empresas Importadoras em


Moçambique: Estudo de Caso AMA Equipamentos (2015-2018)

De:

NAISSE JOÃO MUTACA

Dissertação Apresentada como Exigência Parcial para Obtenção do Grau de Mestre em


Administração e Gestão de Negócios à Comissão Julgadora da Universidade Católica de
Moçambique

BEIRA
MARÇO, 2020
DECLARAÇÃO

A presente pesquisa foi realizada pela autora na Universidade Católica de Moçambique-


Faculdade de Economia e Gestão na Cidade da Beira no ano de 2019. Esta pesquisa é original
e da autoria de Naisse João Mutaca excepto para as citações que aqui foram referenciadas.
Nunca foi e nunca será submetida a nenhuma outra universidade.

Nenhuma parte desta pesquisa deverá ser reproduzida sem a devida permissão por escrito da
autora ou da Universidade Católica de Moçambique.

A Mestranda

-----------------------------------

Naisse João Mutaca

Data: 02/03/2020

A Supervisora

------------------------------------

Mestre, Amina Mamudo Tingane

Data: 02/03/2020

II
DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a alguém muito


especial, que me ensinou desde pequena a
lutar pelos meus sonhos, a transformar
sonhos em metas e a alcançá-las com
determinação.

Esta pessoa especial é o meu modelo de


carácter, de liderança e de sucesso!

A presente dissertação é dedicada ao meu


grande amigo e pai João Augusto Mutaca.

III
AGRADECIMENTOS

A gratidão é um dos sentimentos mais nobres que o ser humano pode ter por alguém, pois
reflete a importância desta pessoa em sua vida. Todo e qualquer sentimento está ligado a
emoção, portanto irei apelar a minha razão de modo a que a emoção não me faça esquecer de
agradecer as pessoas que foram cruciais neste processo.

Começo por agradecer á Deus por me ter concedido saúde e paz de modo a que eu mergulhasse
nessa longa jornada em busca do saber e do saber fazer. Agradeço a minha família em geral
por ter sido o meu suporte em todos os momentos, em particular a minha adorável mãe
Elizabeth Mutaca e ao meu pai Augusto Mutaca, por terem sido as pessoas que mais me
motivaram.

Endereço o meu especial obrigado a minha atenciosa e dedicada supervisora Mestre Amina
Mamudo Tingane, pelos ensinamentos, pela paciência e pela capacidade de me guiar rumo ao
conhecimento. Á Universidade Católica de Moçambique por proporcionar um ensino rico, e
de qualidade, á todos os docentes do MBA e principalmente a professora Amália Dickie por
ter orientado este curso com excelência. Á todos os meus colegas e amigos que direta ou
indiretamente contribuíram para a execução da presente pesquisa, vai o meu muito obrigado.

Agradeço a empresa AMA Equipamentos por me ter aberto as portas, permitindo assim que o
estudo ocorresse sem sobressaltos. E por fim, porém não menos importante agradeço ao meu
amado namorado Habibi pelo suporte na elaboração de cada capítulo do presente estudo e por
me transmitir a inspiração necessária para a realização dos meus sonhos.

IV
“Nenhuma situação é complicada demais para
impedir-te de estudar, siga rumo aos seus
objetivos.”

- Michelle Obama

V
RESUMO

A presente dissertação intitula-se: A Gestão do Risco Cambial para Pequenas e Médias


empresas importadoras em Moçambique com o estudo de caso da AMA Equipamentos (2015-
2018). A Importância da gestão do risco cambial surge a partir do momento em que empresas
ou organizações decidem fazer parte do comércio internacional. Neste contexto, a necessidade
de conhecer o mercado externo e compreender as repercussões da diferença de moeda entre os
países é essencial para os administradores de empresas. Esta pesquisa busca analisar a gestão
do risco cambial para Pequenas e Médias Empresas Importadoras, especificamente para a
empresa importadora de equipamentos médicos AMA Equipamentos. De modo a alcançar os
objetivos propostos, a presente pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa. Os
procedimentos metodológicos levados a cabo nesta pesquisa resumiram-se em análise
documental e entrevistas. Neste contexto, foi possível concluir que a empresa importadora
AMA Equipamentos está exposta ao risco cambial devido aos pagamentos que efetua aos seus
fornecedores no exterior. No período em análise a empresa apresentava uma exposição de
Médio e Longo Prazo que se resume em uma divida efetuada com o seu maior fornecedor de
equipamentos. A pesquisa descreveu a ordem do impacto do risco cambial na situação
financeira da empresa ao longo do período estudado. E tornou-se possível apurar que a empresa
usou uma técnica interna de gestão de risco cambial, fazendo a gestão eficiente dos prazos de
pagamentos, mas não recorreu a nenhuma estratégia de hedge disponível em Moçambique. A
autora deixou como recomendações para a AMA Equipamentos que melhore o uso das técnicas
internas de gestão de risco cambial e que recorra ao mercado balcão que tem disponível o
sistema de hedge que mais se adequa a realidade da empresa. Deste modo, a empresa poderá
executar as suas transações de importação com o menor risco cambial possível.

Palavras-chaves: Gestão, Importação, PME, Risco Cambial.

VI
ÍNDICE

DECLARAÇÃO ....................................................................................................................... II
DEDICATÓRIA ...................................................................................................................... III
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................IV
RESUMO .................................................................................................................................VI
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ XII
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... XIII
GLOSSÁRIO ......................................................................................................................... XV
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
1.1. Introdução.................................................................................................................... 1

1.2. Justificativa.................................................................................................................. 2

1.3. Objetivos do Estudo .................................................................................................... 4

1.3.1. Objetivo Geral ...................................................................................................... 4


1.3.2. Objetivos Específicos ............................................................................................... 4
1.4. Definição do Problema ................................................................................................ 4

1.5. Prguntas de Pesquisa ................................................................................................... 5

1.6. Delimitações da Pesquisa ............................................................................................ 5

1.6.1. Delimitação Temática .......................................................................................... 5


1.6.2. Delimitação Temporal ......................................................................................... 5
1.6.3. Delimitação Espacial ........................................................................................... 6
1.7. Limitações da Pesquisa ................................................................................................... 6

CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 7


2.1. Introdução........................................................................................................................ 7

2.2. Revisão da Literatura Teórica ......................................................................................... 7

2.2.1. O comércio Internacional ......................................................................................... 8


2.2.2. O Conceito de Importação ...................................................................................... 10
2.2.3. Risco no Comércio Internacional ........................................................................... 11
2.2.4. Mercado cambial .................................................................................................... 40
2.3. Revisão da Literatura Empírica ..................................................................................... 43

2.4. Revisão da Literatura Focalizada .................................................................................. 47

CAPÍTULO 3: METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................. 50

VII
3.1.Introdução....................................................................................................................... 51

3.2.Desenho da Pesquisa ...................................................................................................... 52

3.3.Definição da População .................................................................................................. 54

3.4. Processo de Amostragem .............................................................................................. 52

3.5. Métodos de Coleta de Dados......................................................................................... 53

3.5.1. Coleta de Dados Primários ..................................................................................... 54


3.5.2. Coleta de Dados Secundários ................................................................................. 54
3.6. Qanto a Abordagem do Problema.................................................................................57
3.7. Quanto ao seu Objetivo ................................................................................................. 55

3.8. Quanto aos Procedimentos Técnicos............................................................................. 55

CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS .................................. 56


4.1. Introdução.................................................................................................................. 56

4.2. Apresentação da AMA Equipamentos ...................................................................... 56

4.3. Análise e Interpretação dos Resultados de acordo com os Objetivos Propostos.........62

4.3.1 Evolução da taxa de câmbio USD/MT (2015-2018)................................................63

4.3.2. Impacto da Exposição Cambial nas Finanças da AMA Equipamentos...................64

4.3.3. Análise das Entrevistas feitas a AMA Equipamentos ............................................66


4.3.4. Análise da Entrevistas feitas ao BCI.......................................................................69
CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................... 69
5.1. Introdução...................................................................................................................... 69

5.2. Conclusões ................................................................................................................... .69

5.3. Recomendações ............................................................................................................. 71

5.3.1. A Empresa AMA Equipamentos ............................................................................ 71


5.3.2. Aos Futuros Pesquisadores ..................................................................................... 74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 75
APÊNDICE .............................................................................................................................. 79
I. Requisitos exigíveis para o Processo de Importação ................................................ 80

II. Preparação da Entrevista ........................................................................................... 81

III. Guião de Entrevista aplicado à AMA Equipamentos................................................ 82

VIII
IV. Guião de Entrevista aplicado ao BCI .........................................................................86
ANEXOS ................................................................................................................................. 84
Anexo I: Credêncial ............................................................................................................. 85

Anexo II: Declaração de Confidencialidade ........................................................................ 86

Anexo III : Taxas de Câmbio USD/MT (2015-2018).......................................................90

IX
LISTA DE ABREVIATURAS

ACC- Acordo de Cooperação Cambial

AMA- Augusto Martinho Álvaro

ATM – At the Money

BCI - Banco Comercial e de Investimentos

BM - Banco de Moçambique

BVM- Bolsa de Valores de Moçambique

CBT- Chicago Board of Trading

DU – Documento Administrativo único

EUA- Estados Unidos da América

FOREX- Foreign Exchange Market

FRA – Forward Rate Agreement

INE- Instituto Nacional de estatística

ITM – In the Money

MT- Metical

OTC - Over the counter

OTM – Out of the Money

PALOP- Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa

PDCA -Plan, Do, Check, Act

PIB – Produto Interno Bruto

PME – Pequenas e Médias Empresas

RAI – Resultado Antes de Impostos

X
RAI – Resultado Antes de Impostos

TL – Taxa de Liquidação

USD- United States Dollar

XI
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Capítulo 4 : Logotipo da AMA equipamentos ...................................................... 57


Figura 2- Capítulo 4 : Organograma – AMA Equipamentos ............................................... 59

XII
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Capitulo 2 : Tipos de Risco ................................................................................... 15


Tabela 2- Capitulo 2 : Rating Países segundo as Agências: Moody’s, Standard & Poor´s &
Fitch Ratings.................... ........................................................................................................17
Tabela 3- Capítulo 2: Comportamento Perante o Risco cambial . ........................................ 23
Tabela 4- Capítulo 2: Diferenças entre os contratos de futuros e os forwards. ..................... 33
Tabela 5- Capítulo 2: Mercado de Opções – Obrigações e Direitos ..................................... 37
Tabela 6- Capítulo 3 : Abordagem de pesquisa ..................................................................... 51
Tabela 7- Capítulo 4: Peso da Dívida nas contas da AMA Equipamentos (2015-2018) ...... 65

XIII
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Regime de Câmbio Flutuante ................................................................................ 43


Gráfico 2: Evolução das taxas de câmbio USD/MT (2015-2018) .......................................... 60

XIV
GLOSSÁRIO

Bordeaux: Comprovativo de transferência.

Derivados: Representa todos os Instrumentos de proteção financeira.

Hedge: Representa todos os instrumentos de proteção cambial.

Instituições Financeiras: São aquelas que actuam como intermediários, canalizando a


economia de indíviduos, empresas e governos para emprestimos ou investimentos.

Moeda: é a unidade de valor ou padrão de avaliação na qual pode ser usada para exprimir o
valor de um bem; pode ser considerada ainda como reserva de valor, pois permite o
adiantamento da utilização do poder de compa.

Risco Cambial: É a possibilidade das taxas de câmbio entre moedas dos países exportadores
e importadores se moverem adversamente entre a data da cotação e a data da liquidação de um
negócio. Ou a possibilidade de uma perda ou de um ganho resultante de uma variação nas taxas
de câmbio entre moedas.

Sistema Financeiro Nacional: É um conjunto formado por diversas instituições financeiras


assim como não financeiras, cuja finalidade é de receber das demais entidades na sua maioria
depósitos ou outros valores monetários reembolsáveis, a fim de beneficiar aos deficitários.

Spread: Trata-se da diferença existente entre o preço de compra e de vendas em uma transação
monetária.

Strike: É o preço do ativo/ bem em um contrato de Opções.

Volatilidade Cambial: refere-se às oscilações das taxas de câmbio no mercado financeiro, de


modo que as alterações no valor das moedas impactam diretamente nos negócios e
rendimentos.

Rating: Modalidade de classificação e avaliação de risco.

XV
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

A integração comercial nos mercados globais teve um aumento significativo nas últimas
décadas, facto que reflete no incremento de importações, uma vez que, a moeda estrangeira é
vastamente utilizada tanto a nível interno quanto externo, em transações comerciais e naquelas
efetuadas por consumidores (pagamento de rendas de apartamentos, a compra de bens de
consumo ao nível transfronteiriço), bem como para as poupanças. As empresas no ramo de
importação de bens têm o seu preço determinado pelo mercado internacional e dependem
muitas vezes das flutuações das moedas de troca.

Neste âmbito, a taxa de câmbio é uma das variáveis externas de grande importância e de difícil
contorno para os gestores das empresas. Com isso, percebe-se a necessidade de maior atenção
em relação ao meio em que os negócios são efetuados, pois, com o passar do tempo a empresa
cresce, e surgem novas oportunidades e novos desafios, a cada ano, a cada mês, a cada dia e
isso acaba exigindo dos administradores a necessidade de buscar ferramentas que possam
auxiliar na administração, a fim de maximizar os resultados.

Por outro lado os fundamentos da administração moderna envolvem as já conhecidas etapas do


PDCA (Plan, Do, Check, Act), ou seja: Planear executar, verificar e agir. O que fica evidente
que, se tivermos em mente os fundamentos do PDCA ou então em todas as decisões de
mercado, financeiras, de recursos humanos entre outras, poderemos verificar que a
administração é realmente uma ciência.

No entanto, a gestão do risco cambial torna-se fundamental à medida que o gestor ou as


empresas necessitam fazer o controlo do risco pelo qual estão sujeitos de modo a amenizá-lo.
Nesta senda, dentre os diversos fatores operacionais e administrativos que ocorrem nas
empresas, persiste a necessidade de definir a política fiscal, política económica e política
cambial utilizadas cotidianamente (Dias, 2007).

1
Por um lado, as empresas que participam em relações de comércio externo têm o seu preço
determinado pelo mercado internacional e dependem muitas vezes das flutuações das taxas de
câmbio, ou seja, devem dar extrema atenção aos riscos inerentes às transações cambiais.

Eis que, a escolha do tema tem por base a consciência da crescente desvalorização do Metical
face ao dólar no período compreendido entre 2015 e 2018 e do risco que este facto trouxe para
as organizações e para a sociedade em geral. Sendo o presente tema bastante atual e de
relevância social, está voltado para a gestão do risco cambial para as Pequenas e Médias
Empresas (PME) importadoras no horizonte temporal de 2015 á 2018 com o estudo de caso da
empresa importadora de equipamentos médicos AMA Equipamentos.

1.2. Justificativa

A existência do comércio internacional é inevitável, pois os países não são autossuficientes, e


existem vantagens comparativas entre os diversos países do mundo que devem ser
aproveitadas. Além de que há sempre alguns bens produzidos no exterior para os quais existe
procura a nível nacional. Esta inevitabilidade, embora não tenha surgido nos dias de hoje, tem
se sentido hoje com grande intensidade.

Ora, a realização deste comércio externo gera sem dúvidas riscos. Todavia o risco é inerente a
qualquer atividade, portanto o importante é garantir que o risco não fique fora do controle
ameaçando o próprio negócio. Isso implica uma gestão eficiente dos riscos, através da
avaliação do risco, a definição das estratégias de cobertura a adotar e a monitorização contínua
deste processo.

A gestão de uma PME requer conhecimento do ambiente interno e externo em que ela se insere.
Dependendo muito da atividade que a empresa exerce, algumas variáveis externas têm efeitos
que se podem sentir diretamente na gestão da empresa.

Moçambique é uma economia aberta muito condicionada pela conjuntura externa, dada a
elevada dependência face às importações. Neste contexto pode tornar-se cada vez mais
importante e relevante para as empresas nacionais a gestão competente dos riscos que advém
do comércio externo no que diz respeito a importação de bens e serviços.

2
Nos finais do ano de 2014, Moçambique foi afetado pela crise financeira e assistiu o metical
(MT) entrar em depreciação face ao dólar norte-americano (USD), criando choques
repercutidos tanto no consumidor final como no fornecedor de bens e serviços (Cirera & Nhate,
2014). A escolha deste período diferentemente dos períodos em que se sucederam outras crises
financeiras mundiais e crises em Moçambique, deveu- se ao facto deste choque ter sido o mais
recente, facilitando assim na recolha da informação necessária para a pesquisa.

Portanto, tornou-se pertinente abordar o tema em epígrafe por ser uma preocupação acentuada
para os administradores empresariais em Moçambique, pois grande parte das empresas
existentes importam produtos de diversos países do mundo para comercializar internamente
(INE, 2018).

A presente Pesquisa pretende para além de trazer em diversas abordagens um tema que
preocupa o ramo de negócios em Moçambique, agregar soluções e técnicas de gestão de risco
cambial de modo a responder ao problema relativo ao tema. O tema foi escolhido pela autora
pelo facto de ser um tema da atualidade e trazer a luz a importância da gestão do risco cambial
para a situação financeira de uma organização.

Em termos de motivação pessoal, a autora escolheu este tema pelo facto da mesma trabalhar
com o ramo de importação e comercialização de equipamentos de segurança desde 2015.

Relativamente ao que diz respeito a academia, pretende-se com este tema apontar na área de
gestão de negócios a relevância que uma variável externa pode ter para a saúde de uma
determinada segmentação de negócios, mostrando deste modo que a gestão não pode ser apenas
interna e que os gestores e administradores de negócios devem estar em constante atualização
sobre situações externas que podem afetar os seus negócios.

3
1.3. Objetivos do Estudo
1.3.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo é analisar a gestão do risco cambial para a empresa AMA
Equipamentos no período compreendido entre 2015 e 2018.

1.3.2. Objetivos Específicos

1. Descrever o impacto do Risco cambial para as finanças da AMA Equipamentos.


2. Apresentar as estratégias de Gestão de risco cambial usadas pela AMA Equipamentos.
3. Identificar as técnicas externas de proteção cambial em Moçambique que se adequam
a realidade da AMA Equipamentos.

1.4. Definição do Problema

Moçambique é uma economia em desenvolvimento que adotou o regime de câmbio flexível,


onde a interação entre a oferta e a procura da moeda estrangeira é que determina a taxa de
câmbio. Portanto, quanto maior a oferta de divisas, menor é a taxa de câmbio da moeda
estrangeira; e quanto maior a procura de divisas, maior será a taxa de câmbio (Oliveira &
Pacheco, 2005).

Por outro lado, a economia moçambicana desestabilizou-se á partir dos meados do ano de 2014
o que impulsionou a retração da oferta de divisas. Nesta ordem de ideias e em um contexto
onde a oferta de moeda estrangeira reduzia drasticamente e a procura da mesma continuava
alta, chegou-se ao ponto em que a taxa de câmbio de referência (USD/MT) subiu em 100%,
analisando o período de 2015 á 2018 (BM, 2018).

Inserir-se no comércio Internacional é uma situação que tem se tornado cada vez mas comum
para as empresas moçambicanas, seja por via de importação ou de exportação. No entanto toda
e qualquer decisão relativa aos negócios de uma empresa incorre riscos, sejam eles riscos de
diversas naturezas. O risco relevante nesta temática é o risco que advém da volatilidade da taxa
de câmbio.

4
Portanto, o problema que gira em torno deste tema centraliza-se no facto de ter ocorrido a
desvalorização do metical face ao dólar devido a situações económicas e políticas em
Moçambique, e no meio disto as empresas que realizam as suas transações de importação em
moeda estrangeira, podendo assim sentir o impacto dessas alterações.

Desta feita, a presente pesquisa centralizou-se nas PME pelo facto da autora decidir trazer uma
abordagem que mais se adequa a realidade Moçambicana, pois Segundo INE (2018), em
Moçambique 90% das PME dependem da importação em suas atividades. A maioria dos
estudos elaborados pelo mundo em torno desta temática estão voltados para empresas grandes
e que estão inseridas no comércio internacional através da internacionalização.

Portanto a questão que se coloca é a seguinte: “Qual é gestão do risco cambial feita pela AMA
Equipamentos”?

1.5. Perguntas de Pesquisa

1- Qual foi impacto que o risco cambial teve para as finanças da AMA Equipamentos no
período de 2015 á 2018?
2- Quais foram as estratégias de Gestão de risco cambial usadas pela AMA
Equipamentos?
3- Quais são as técnicas externas de proteção cambial em Moçambique que se adequam a
realidade da AMA Equipamentos?

1.6. Delimitações da Pesquisa


1.6.1. Delimitação Temática

A presente pesquisa aborda tópicos relacionados com o comércio internacional e com a gestão
e administração financeira, nomeadamente: Importação, Risco Cambial e estratégias de gestão
de riscos. Sendo assim, a pesquisa começa por identificar a exposição ao risco, descrever as
técnicas usadas para a gestão do risco e apresentar as estratégias existentes para fazer a gestão
eficiente do risco cambial .

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1.6.2. Delimitação Temporal

A presente pesquisa analisa a gestão do risco cambial da AMA Equipamentos, em um período


em que Moçambique foi marcado pela crise financeira. A pesquisa tem como horizonte
temporal o período compreendido entre 2015 e 2018. A crise financeira teve o seu inicio nos
finais do ano 2014, fazendo assim com que as alterações cambiais começassem a se fazer sentir
neste período. Portanto torna-se relevante analisar a gestão do risco causado pelas oscilações
cambiais neste período.

1.6.3 Delimitação Espacial

O estudo limita-se a analisar a gestão do risco cambial para a PME moçambicana AMA
Equipamentos na cidade da Beira. A razão de escolha da empresa AMA Equipamentos deveu-
se ao facto de a empresa ser uma PME importadora e atuar no mercado moçambicano desde
2009, incluindo assim o período em análise nesta pesquisa.

1.7. Limitações da Pesquisa

Durante a pesquisa foram encontradas as seguintes limitações, a saber:

 A disponibilização de informação financeira por parte da empresa: por se tratar


de uma área sensível de qualquer empresa, houve dificuldade em obter alguns dados.
Para ultrapassar essa limitação optou-se por assinar um acordo de confidencialidade,
onde a autora compromete-se a usar a informação da empresa somente para fins de
elaboração da dissertação de mestrado, excluindo-se a possibilidade de anexo na
pesquisa.

 Dificuldade no tratamento da variável Taxa de Câmbio: Por ser uma variável de


atualização diária (de acordo com o regime cambial Moçambicano). Porém para
ultrapassar essa limitação a autora decidiu usar as taxas de câmbio médias trimestrais,
podendo assim ter a informação mais próxima da realidade.

6
CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Introdução

A presente pesquisa expõe a revisão da literatura sobre a Gestão do Risco Cambial para
Pequenas e Médias empresas em Moçambique, especificamente para a AMA Equipamentos.

O comércio Internacional proporciona uma fonte de oportunidades e surge cada vez mais como
um dever para as empresas que querem desenvolver as suas perspetivas comerciais e aumentar
as suas condições de sustentabilidade a médio e longo prazo. O comércio externo permite as
empresas passarem de um mercado nacional limitado para um mercado mundial onde, além
das oportunidades existentes, têm a oportunidade de aumentar em vários milhões os potenciais
consumidores (Dias, 2007).

A Gestão do risco em geral é um tópico de grande importância para as organizações que


pretendem crescer. A gestão do risco cambial que é o tema a ser estudado nesta pesquisa está
mais voltada para empresas que vêm as suas atividades influenciadas de certo modo pela
volatilidade da taxa de câmbio.

O presente capítulo tem por objetivos reunir e discutir conceitos teóricos e empíricos já
existentes que sejam relevantes acerca da pesquisa. Esta revisão da literatura foi dividida em 3
partes: a parte teórica, a empírica e a focalizada. A revisão da literatura é um capítulo
indispensável, pois serve para definir o problema. Serve também para a obtenção de uma ideia
sobre o estado atual do conhecimento sobre um determinado tema, suas falhas e contribuições
para o desenvolvimento do conhecimento e serve para dar diretrizes ao autor da pesquisa.

2.2. Revisão da Literatura Teórica

De uma forma geral a literatura teórica que será aqui referenciada apresenta a discussão de
teorias de diversos autores relacionado ao tópico em pesquisa, portanto consiste em auxiliar o
pesquisador a adquirir mais conhecimentos acerca da área pesquisada.

7
2.2.1. O comércio Internacional

O primeiro tema a a ser tratado na revisão da literatura será o comércio internacional visto que
a tematica envolta na pesquisa é o risco cambial para empresas importadoras, portanto as
empresas ao decidirem se tornar importadors entram no comércio internacional na vertente da
importação. A necessidade de as empresas aumentarem as suas redes de negócios podem ser
resultado de diversas motivações, como a aquisição ou venda de produtos e/ou serviços que
não existam no mercado interno (ou existam de forma reduzida), obter vantagens comparativas
que devem ser aproveitadas, excesso de concorrência interna ou oportunidades de crescimento
e desenvolvimento.

O comércio internacional consiste nas trocas de bens e serviços realizadas pelos países além
das suas fronteiras. A sua existência sempre esteve presente ao longo da história, mas a sua
importância económica e social está numa fase crescente nas últimas décadas, relacionada entre
outros fatores, com o fenómeno da globalização (Porfírio, 2003).

2.2.1.1 Teorias do Comércio Internacional

 Teoria Clássica do Comércio Internacional: As Vantagens Comparativas

O modelo clássico do comércio Internacional nasceu do célere autor do livro “A riqueza


das nações” (Smith, 1879). Smith (1879) defendia que quanto mais expandia se a divisão
de atividades de uma produção mais especializado e eficiente seria o trabalho. Quanto mais
predispostas a mercados internacionais as empresas fossem, mais rica seria a nação
integrada pelo comércio externo.

Para Smith (1879), outorgar o monopólio do mercado interno em qualquer ofício


equivaleria a orientar pessoas particulares sobre como empregar seus capitais. Esta teoria
sofreu algumas alterações feitas por David Ricardo (2000) e John Mill (2003) onde passou
de conceito de vantagens absolutas para vantagens comparativas.

Segundo John Mill (2003), se o preço do produto nacional for mais elevado do que o
importado, a norma da vantagem absoluta seria necessariamente prejudicial. Portanto, se

8
um país estrangeiro estiver em condições de fornecer uma mercadoria a um preço mais
baixo do que o da mercadoria fabricada internamente, seria melhor comprá-la com uma
parcela da produção da própria atividade local, empregada de forma em que se aufira
alguma vantagem comparativa.

 Teoria Neoclássica do Comércio Internacional

A Teoria neoclássica foi desenvolvida por Dunning (1998), e consiste na livre escolha
das empresas em adquirir os insumos de produção internamente ou externamente
(importar), tendo o desafio de ao importar levar em consideração o valor da sua moeda
em relação a moeda de referência. A decisão da empresa entre adquirir matéria-prima
de produção no seu próprio país ou no exterior depende principalmente da análise das
vantagens diferenciais da empresa (Dunning, 1998). Todavia depende também das
características do país, do valor da moeda do país importador comparado com o valor
da moeda de referência, da indústria de atuação da empresa e, finalmente, das variáveis
operacionais e estratégicas específicas da organização.

As 2 teorias de comércio Internacional acima mencionadas foram criadas a décadas


atrás, mas foram desenvolvidas ao longo do tempo de modo a se enquadrarem na
realidade atual. A teoria clássica do comércio internacional baseia-se nas vantagens
comparativas existentes entre os países, explicando assim o modelo Ricardiano (2003)
em que as empresas deveriam obter insumos de produção/ matéria-prima de países que
apresentassem preços mais baixos, obtendo assim as vantagens comparativas enquanto
que para Dunnig na teoria neoclássica do comércio internacional os fatores principais
para a decisão de um país ou de uma organização em obter matérias primas em outro
país centralizam-se nas características do país a obter a matéria prima, no valor da
moeda do país importador comparado com o valor da moeda de referência, na indústria
de atuação da empresa e também nas variáveis operacionais e estratégicas específicas
da organização.

9
2.2.2. O Conceito de Importação

A importação é o processo comercial e fiscal que consiste em trazer um produto ou insumo do


exterior para um determinado país. Este procedimento deve ser efetuado via nacionalização do
produto ou serviço, que ocorre à partir de procedimentos burocráticos ligados à receita do país
de destino, bem como da alfândega, durante o desembarque e entrega da mercadoria, que pode
se dar por via aérea, marítima, rodoviária ou ferroviária (Brealey et al, 2007).

Para realizar a atividade de importação, as empresas precisam compreender algumas


características específicas da comercialização, por outras palavras, possuir conhecimento do
produto a ser adquirido, das especificações básicas necessárias e da variação da quantidade
permitida (Neto, 2006).

As diferenças cambias entre os países é um dos fatores que deve ser levado em conta pelos
administradores de empresas na decisão de engrenar na importação de bens e serviços. Pois
delas surge o risco cambial que pode ter impactos na situação financeira das organizações
(Brealey et al, 2007).

2.2.2.1 Formas de Liquidação em transações de Importação

No Processo de importação de insumos ou bens, os de métodos de pagamento influenciam


muito na magnitude e na gestão do risco inerente a taxa de câmbio (Neto, 2006). As formas de
liquidação existentes segundo Neto (2006) são:

1. Liquidação á Vista (Cobrança Documentária á Vista)

Consiste na remessa da mercadoria pelo exportador, e após, na entrega de documentos,


acompanhados de um saque cambial a um banco o qual se encarregará de entregá-los ao
importador, em seu país, mediante ao pagamento.

10
2. Liquidação á Prazo (Cobrança Documentária á Prazo)

Assim como na cobrança á vista, o exportador remete a mercadoria para o exterior. Após o
embarque providencia os documentos acompanhados do título de crédito e a entrega a um
banco. O banco, por sua vez, remete os documentos e o título de crédito ao exterior, e, mediante
o aceite do título de crédito, faz a entrega dos documentos ao importador, para que este
providencie o desembaraço da mercadoria. O importador quando do vencimento do título de
crédito providencia o pagamento.

3. Carta de Crédito

A grande virtude da utilização desta condição de pagamento está no fato do pagador não ser o
importador, mas, sim, um banco nomeado pelo próprio documento. Operação conduzida por
bancos.

4. Liquidação Antecipada

Pagamento antecipado é quando o pagamento da mercadoria, ou fechamento de câmbio


referente a esta operação é feito antes que a mercadoria seja embarcada pelo país estrangeiro.
É uma operação de risco, pois pode acontecer de o pagamento ser feito pelo importador e a
mercadoria não ser embarcada ou ser embarcada divergente do que foi solicitado.

No caso Moçambicano o tipo de pagamento usado é a liquidação antecipada onde o importador


faz o pagamento da mercadoria antes mesmo da mercadoria embarcar em um dos portos em
Moçambique.

2.2.3. Risco no Comércio Internacional


2.2.3.1 Conceito de Risco

O conceito de risco deriva do italiano riscare, que significa ousar. Risco é uma possibilidade
de um acontecimento futuro e incerto, segundo o dicionário da língua portuguesa. Porém na
gestão este conceito tem uma interpretação distinta.

11
Pelo que, Brealey (2007, p.7) diz que “risco é uma opção, e não um destino.” E continua: “a
capacidade de administrar riscos, e com ela, a vontade de correr riscos e fazer opções ousadas
são elementos-chave da energia que impulsiona o sistema econômico”. Querendo dizer assim
que o risco é uma opção, então é possível medi-lo, avaliar suas consequências e geri-lo.

O risco será mencionado sempre que se consigam definir cenários futuros, aos quais se
conseguem atribuir alguma probabilidade de ocorrência, enquanto na incerteza não é possível
atribuir qualquer probabilidade minimamente fiável para a sua ocorrência, apesar que se possa
tratar de um cenário futuro (Medeiros, 2003). Em conclusão, o risco pode e deve ser gerido
enquanto a incerteza está relacionada com a sorte ou acaso.

O desenvolvimento do estudo do risco ao longo dos anos envolveu uma contraposição contínua
entre aqueles que afirmam que as melhores decisões são tomadas com base em instrumentos
matemáticos que dependem de informações, na sua maior parte, numéricas, e os que baseiam
suas decisões em graus de crença mais subjetivos acerca das incertezas do futuro. Com o passar
dos anos, essa controvérsia ainda não solucionada entre a quantificação suportada pelas
observações do passado e a abordagem subjetiva orientada para a realização de previsões
acerca do futuro ganhou um significativo apoio para o desenvolvimento da moderna gestão do
risco.

O risco é uma realidade que faz parte do cotidiano humano. Desde os mais remotos tempos o
homem procurou se defender dos riscos que o cercavam. Recolhia-se às cavernas, desenvolvia
habilidade guerreira, construía pequenas armas, utilizava, mesmo sem ter consciência, técnicas
e ferramentas de proteção ao risco, de acordo com o estágio de vida daquele momento; ou
melhor, de acordo com os riscos daquele momento.

Nos tempos atuais, na vida prática, a ideia de risco é associada à possibilidade de que algo mau
aconteça. A maioria das decisões no dia-a-dia das pessoas envolve uma escolha, uma opção
entre algum tipo de risco e a recompensa a ele associada. No mundo das finanças isto não é
diferente e toma uma dimensão de grande importância, pois implica no custo do capital

12
utilizado e no retorno esperado. Qualquer investimento só é interessante se o retorno for maior
que o custo do capital e o risco nele embutidos.

Segundo Gitman (2000), o risco e o retorno são a base sobre a qual são tomadas decisões
racionais e inteligentes de investimento. Portanto, na capacidade para medir essas variáveis
pode estar o diferencial nos negócios de uma empresa. Mesmo que os métodos, modelos ou
ferramentas utilizadas para essas mensurações não interessem aos clientes e investidores,
negociar com instituições que ofereçam vantagens adicionais é o que estes buscam sempre.

O risco pode ser abordado como a possibilidade de que o retorno realizado decorrente do
investimento em uma ação se desvie do retorno esperado. Quanto maior for a magnitude do
desvio e maior a probabilidade de sua ocorrência, mais arriscada será considerada aquela ação.
Para o autor, risco é definido como a variabilidade dos retornos possíveis em relação ao
esperado. Em outras palavras, o risco é representado pelo elemento surpresa presente nas
expectativas de retornos futuros decorrentes de um determinado investimento.

Segundo Porfírio (2003) sobre a tipologia, o risco em geral é dividido em: risco não sistemático
ou específico e risco sistemático ou de mercado. O risco não sistemático ou específico é o risco
inerente da própria empresa, de um sector ou de ativos específicos. É um risco particular, que
pode ser minimizado ou mesmo eliminado através da diversificação. Uma diversificação
perfeita permite levar à eliminação deste risco ficando a empresa exposta somente sistemático.

O risco sistemático ou de mercado é o risco que afeta as empresas como um todo, uma vez que
se dissemina por toda a economia; sendo um risco efetivo de todos os ativos é impossível ser
eliminado. Não sendo possível excluir todo o risco nos negócios, nem definir um valor exato
para as perdas ocorridas com este risco, é fundamental, numa fase inicial, definir a exposição
de risco que a empresa está disposta a aceitar. Em resumo, gerir os riscos não significa evitá-
los, porque é impossível, mas sim tentar identifica-los, analisá-los, avaliá-los e administrá-los
de forma planeada e consciente.

Segundo Dunning (1998), considera-se comércio internacional a troca de bens e serviços


através das fronteiras internacionais. Este representa uma grande percentagem do Produto

13
Interno Bruto (PIB) na maioria dos países, visto que a globalização trouxe novas oportunidades
por explorar, mais aliciantes que as existentes apenas nos mercados nacionais.

Este novo mercado põe em contacto entidades de diferentes nacionalidades, permitindo-lhes


adquirir bens e serviços inexistentes nos seus mercados nacionais, ativos a preços mais
competitivos, condições de crédito mais atrativas, diferentes divisas, novos clientes e mais um
número infinito de oportunidades de crescimento. A Literatura tradicional realçava o princípio
das vantagens comparativas baseado na dotação relativa a fatores de produção, explicado por
variáveis tais como preço dos produtos e taxas de câmbio.

A literatura mais recente, tal como Porfírio (2003), já aborda a evolução tecnológica como
principal incentivo ao comércio internacional, realçando a obtenção de lucros superiores no
mercado internacional, conferidos pelo monopólio da inovação, produtividade e eficiência
produtiva.

Portanto para Smith (1879), a explicação do padrão de trocas internacionais depende, então, da
rapidez com que novos produtos e processos de produção são introduzidos no mercado
(revelando as vantagens absolutas) versus a rapidez com que as empresas ajustam os respetivos
preços e custos (revelando as vantagens comparativas). As vantagens absolutas são defendidas
no modelo clássico por Smith (1879) e as vantagens comparativas são um desenvolvimento do
pensamento de Smith que foi defendido e criado por (Ricardo, 2000).

Países como os EUA, que advogam a necessidade de um tratado internacional de propriedade


intelectual e industrial que assegure as patentes e, com elas, rendas decorrentes dos processos
de inovações para o país inovador, desenvolvem uma estratégia de comércio internacional
pautado em vantagens absolutas. Outros países como o Japão até o início dos anos 80,
entenderam que o comércio internacional estava assente em vantagens comparativas, a julgar
pelas vantagens que obtêm em termos de custo e qualidade na produção dos muitos produtos
originalmente desenvolvidos em outros países.

14
Contudo, os mercados internacionais ultrapassam o quadro jurídico de um país, implicando
agentes económicos de diferentes nacionalidades, tornando as suas operações bastante
complexas comparadas com as realizadas nos mercados domésticos. Assim sendo, as vantagens
competitivas associadas aos mercados internacionais têm diversos riscos inerentes.

2.2.3.2 Tipos de Risco

As empresas independentemente da sua escolha e nível de Comércio Internacional quer seja


através de exportações, importações ou internacionalização, estão sujeitas a vários riscos nas
suas atividades internacionais. Sobre a temática do risco e independentemente dos autores
consultados, os riscos são agrupados de diversas formas, não existindo um organigrama único
que agrupe os diversos tipos de risco. De forma a sintetizar a temática a autora irá mencionar
quatro dos riscos que podem afetar as empresas que decidem entrar para o comércio
internacional, entre muitos outros existentes.

Os quatro riscos indicados são: Risco do País, Risco de Crédito, Risco da Taxa de Juro e
Risco Cambial

Tabela 1: Tipos de Risco


Tipos de Risco

 Relacionado com os atos políticos,


1. Risco do País económicos e organizacionais.

 Relacionado com a probabilidade de


2. Risco de Crédito incumprimento das dívidas de clientes.

 Relacionado com a probabilidade de perdas


3. Risco da taxa de Juro financeiras resultantes da flutuação das taxas
de juro.

 Relacionado com a probabilidade de perdas


4. Risco Cambial financeiras resultantes da flutuação das taxas
de câmbio.

Fonte: Porfírio, (2003)

15
1. Risco do País

A empresa quando ingressa noutros países encontra, em muitos casos, uma realidade bem
diferente da que está habituada no seu país de origem. Segundo Silva et al. (2013) além das
questões culturais, as questões políticas, sociais e fiscais têm uma grande importância para a
empresa quando decide internacionalizar o seu negócio.

O risco país está relacionado com a existência de instabilidade dos governos locais, as leis do
país, as suas políticas fiscais, uma discriminação às empresas estrangeiras (com eventualidade
de nacionalização dos ativos). Assim existe a possibilidade de que mudanças no país,
implementadas pelos governos, provoquem efeitos sobre o valor da empresa no país, seja nos
seus ativos, resultados ou dividendos.

O risco de país está muitas vezes associado a países em desenvolvimento, com democracias
frágeis ou regimes políticos totalitários. Mas com a recente crise europeia, em especial no caso
grego, fica comprovado que nenhuma região/país está livre desse risco e a empresa quando
decide internacionalizar-se nunca deve descurar esse tema. Segundo o The PRSGroup (2012),
o risco país é dividido em 3 tipos de risco: Risco Económico, Risco Financeiro e o Político.

O risco económico identifica os factores de performance económica do país, com base nas
finanças públicas, inflação e o crescimento económico e os efeitos que podem ter sobre os
resultados das empresas. O risco financeiro deverá ver observado numa ótica
macroeconómica e avalia as questões financeiras do país, como a liquidação dos compromissos
financeiros e comerciais internacionais (Porfírio, 2003).

Por fim, o risco político está relacionado com a credibilidade e estabilidade política que o país
apresenta, as condições socioeconómicas, existência de conflitos, corrupção, segurança interna,
as características da classe política (a possibilidade da presença de militares) e a burocracia.
Para a análise do risco país surgiu uma linha de informação especializada disponibilizada por
agências de rating, como são o caso da Moody´s, Standard & Poor´s e a Fitch Ratings.

16
As agências de rating (ou de notação de risco) fornecem aos investidores informação
facilmente assimilável, para ajuda na avaliação dos riscos associados a um determinado país
ou investimento, indicando um nível de segurança oferecido pelos governos locais aos
investidores (Porfírio, 2003). Essa classificação é feita através de notas representadas sob letras
e sinais aritméticos dadas a partir de uma avaliação concedida pelas agências, onde uma
notação baixa indica um elevado risco de crédito.

A tabela a seguir apresenta as notas de risco, de longo prazo, que as principais agências de
rating utilizam para informar sobre os riscos dos países.

Tabela 2: Rating Países segundo as Agências: Moody’s, Standard & Poor´s & Fitch Ratings

Fonte: Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch Ratings, (2015)

2. Risco de Crédito

A concessão de crédito aos clientes é uma característica regular na realização dos negócios das
empresas, sendo por vezes a única solução para conseguir vender os seus produtos. Mas o

17
crédito concedido é acompanhado da possibilidade de a contraparte não cumprir a sua
obrigação total ou parcial, ou seja, liquidar o crédito.

O risco de crédito é um risco muito importante, em especial para as instituições bancárias, mas
no contexto da economia global, ganhou um papel significativo e de análise para as empresas.

Apesar de existirem indicadores de medição de risco de crédito, a sua quantificação é difícil


devido a que a generalidade dos negócios realizados ocorrem “fora do mercado”, ou seja, no
campo das relações bilaterais entre as empresas (Gitman, 2000). Portanto, segundo Porfírio
(2003) a possibilidade desse incumprimento por parte do devedor (risco de contraparte) pode
ser dividida em 2 tipos: Pre-settlement Risk e Settlement Risk (ou risco de liquidação).

1. O pre-settlement risk surge do risco onde uma das partes envolvidas não irá conseguir
cumprir as suas obrigações, por exemplo, no caso de insolvência.

2. O settlement risk ocorre quando uma das partes cumpre a sua obrigação previamente,
mas a contraparte não cumpre a sua obrigação contratual.

3. Risco da Taxa de Juro

O risco da taxa de juro decorre das oscilações das taxas de juro nos mercados internacionais,
que refletem o seu efeito nos resultados das empresas, originando ganhos ou perdas nas
operações relacionadas com o seu ciclo financeiro e de tesouraria (Silva et al. 2015). Na prática,
os ativos financeiros sujeitos a este risco terão uma oscilação no seu valor após a variação da
taxa. O ponto central é a volatilidade e a oscilação das taxas.

Relativamente a tipologia como mencionado por Porfírio (2003), o risco de taxa de juro divide-
se em: risco de repricing, risco da curva da taxa de juro (Yield Curve), risco de base e risco de
opção.

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4. Risco Cambial

As empresas que compram e vendem fora do seu país têm de lidar com divisas estrangeiras e
isto proporciona a existência de Risco cambial (Medeiros, 2003). A volatilidade do valor da
moeda reflete-se na estrutura de custos, proveitos, recebimentos e pagamentos das empresas
que têm atuação relevante no exterior, e consequentemente no seu desempenho financeiro.

O risco da taxa de câmbio ou risco cambial consiste na incerteza sobre os valores da empresa
expressos em moedas diferentes da sua moeda corrente/contabilística, num período futuro,
devido as flutuações das taxas de câmbio no mercado. O risco cambial é o tema central desta
pesquisa portanto é a tipologia de risco que mais será desenvolvida ao longo da presente
dissertação.

O risco cambial apresenta algumas ligações com os restantes tipos de risco, salientando-se a
sua relação com o risco país - devido à evolução das economias e o seu impacto nas taxas de
inflação e de juro, e, com o risco de crédito - através das oscilações monetárias que poderão
colocar em causa, futuros fluxos financeiros (Alves, Teixeira, & Rita, 2007).

Porfírio (2003) define risco cambial como a probabilidade dos resultados da organização se
situarem em um nível diferente do previsto, em consequência de variações cambiais sobre as
posições da moeda detidas em determinado período. Por sua vez Ross & Westerfield (2011)
definem o risco de câmbio como sendo o risco associado a operações internacionais em um
mundo no qual o valor relativo das moedas varia e faz se sentir constantemente. No contexto
corporativo, o interesse pela apreciação ou depreciação da taxa de câmbio depende do tipo de
atuação de cada empresa no mercado estrangeiro.

O risco originado na volatilidade cambial ou risco da taxa de câmbio, foi definido por
Samuelson e Nordhaus (2005) como sendo o risco de o valor justo ou os fluxos de caixa futuros
de instrumento financeiro oscilarem devido a mudanças nas taxas de câmbio de moeda
estrangeira. Essa definição sugere que o risco cambial será tanto maior for a volatilidade e a
imprevisibilidade da taxa de câmbio.

19
Para Medeiros (2003), o risco cambial pode ser dividido em 3 tipos de riscos: Risco de
Conversão, Risco de Transação e o Risco Económico.

 Risco de Conversão

O risco de conversão corresponde a alteração do valor contabilístico nas rúbricas do balanço e


da demostração de resultados, após a conversão dos valores em moeda estrangeira para a moeda
local. Este risco pode ter bastante significado no património da empresa. A conversão pode ser
realizada através de 3 métodos: método da taxa de câmbio corrente, método temporal (ou da
taxa de câmbio histórica) e o método misto.

O método da taxa de câmbio corrente converte os ativos e passivos à taxa de câmbio atual e os
valores da demonstração de resultados à taxa de câmbio na altura que ocorreram (ou através de
uma média ponderada). Os dividendos são convertidos à taxa do dia de pagamento e o capital
social convertido à taxa de câmbio histórica.

Como vantagens, os ganhos e perdas cambiais são diretamente contabilizados numa conta de
reservas, eliminando a variação nos resultados líquidos e a simetria entre os valores do balanço
permanece igual, não deturpando rácios importante para análise financeira. O método temporal
converte os ativos e passivos monetários à taxa de câmbio atual enquanto os ativos e passivos
não monetários são convertidos à taxa histórica.

Os valores da demonstração de resultados são convertidos à taxa de câmbio média do período


exceto as depreciações e o custo da mercadoria vendida que se convertem à taxa de câmbio
histórica. Os dividendos são convertidos à taxa do dia de pagamento e o capital social
convertido à taxa de câmbio histórica.

Como vantagem, os seus ativos não monetários são registados ao seu custo original. A
desvantagem do método é a influência que apresenta nos resultados, devido aos ganhos e perdas
serem refletidos nos resultados, aumentando a sua volatilidade. O método misto converte os

20
ativos e passivos de curto prazo à taxa de câmbio corrente e os seus ativos e passivos de médio
e longo prazo são convertidos à taxa de câmbio histórica.

 Risco de Transação

O risco de transação corresponde a alteração nos cash flows esperados em moeda


estrangeira. Este risco ocorre das diferenças de valores das vendas e/ou compras devido a
variação da taxa de câmbio entre a data da venda/compra e a data efetiva da liquidação das
operações. A posição cambial de transação será longa caso os ativos sejam superiores aos
passivos ou curta se os valores passivos sejam superiores aos ativos (Silva, 2013).

A empresa pode optar por dois tipos de abordagem para proteger-se do risco de transação:
aceita o risco cambial (normalmente quando envolve valores reduzidos ou possui uma boa
diversificação de moedas e prazos) ou aplica políticas de redução de risco.

 Risco Económico

O risco económico resulta da potencial perda de valor e na alteração da capacidade


competitiva a médio e longo prazo da empresa face à volatilidade das taxas de câmbio nos
mercados internacionais (Porfírio, 2005). A análise do risco económico tem como objetivo
tentar antecipar o impacto nos cash-flows (especialmente a médio e longo prazo) devido a
uma inesperada e acentuada variação das taxas de câmbio.

A análise dos impactos da inesperada variação da taxa cambial é realizada em três


momentos: no curto prazo (inferior a dois anos), no médio prazo (período dois-cinco anos)
e a longo prazo (superior a cinco anos). Numa perspetiva de curto prazo, a empresa não
consegue reagir em grande escala à alteração da taxa, negociando apenas os preços de
venda e o custo das mercadorias, executando medidas de proteção.

No médio prazo deverão ser ajustados os preços, tendo em atenção a inflação, concorrência
e os seus próprios custos e não apenas as alterações cambiais, com o objetivo de melhorar

21
a competitividade. No longo prazo, a empresa terá de reavaliar a sua atividade e
investimentos, permitindo melhorar a performance face a eventuais oscilações cambiais.

2.2.3.3 Comportamentos das Empresas perante o Risco Cambial

Segundo Silva et al. (2013), as organizações presentes no mercado cambial podem assumir
3 tipos de comportamentos perante o risco da taxa de câmbio: Cobertura de Risco
(hedging), Especulação (trading) ou Arbitragem (arbitrage).

Tabela 3: Comportamento perante o risco cambial

Comportamentos perante o Risco Cambial

Objectivo Risco Comportamento

Eliminação do Risco Sem risco Hedging

Com risco Trading


Obtenção de Ganhos
Sem risco Arbitrage

Fonte: Silva et al. (2013)

 Cobertura de Risco (Hedging)

Conforme Silva et al (2013), com a realização do negócio pelo menos um dos


intervenientes é faturado numa moeda distinta da sua moeda nacional (com algumas
exceções, como são os casos dos negócios efetuados na zona euro) originando que a
empresa fique exposta ao risco cambial. Geralmente a exposição ao risco surge
relacionada com a possibilidade de um impacto no valor da empresa, como resultado
da flutuação das taxas de câmbio no mercado. A cobertura de risco ou hedging protege
das flutuações do mercado reduzindo as potenciais perdas (ou ganhos).

Pode ser classificado como um procedimento que origina uma posição para a empresa
em que o ganho/perda obtido com o hedging, cubra ou mesmo anule qualquer

22
perda/ganho incorrido no mercado subjacente. Assim o objetivo do hedging é atingir a
compensação financeira da sua posição real, para que o seu ganho ou perda obtida seja
idêntico à perda ou ao ganho no mercado subjacente.

De acordo com Porfírio (2003), com o objetivo de cobrir ou mesmo anular o risco, o
mercado cambial a prazo oferece a possibilidade, no caso de efetuar pagamentos futuros
comprar a prazo moeda estrangeira de modo a proteger-se da sua eventual apreciação.
Se tiver recebimentos futuros deve vender a prazo moeda estrangeira oferecendo uma
proteção contra a sua eventual depreciação.

Com o hedging, as empresas essencialmente procuram a garantir certezas nos seus


negócios, incertos no momento inicial, assegurando um aumento do rigor no
planeamento e orçamentação das suas atividades. Para a realização do hedging é
necessário ter em conta os custos de cobertura e a evolução do valor das diferentes
moedas envolvidas nas operações.

Deve evitar que os custos de cobertura sejam superiores aos custos de a não realizar ou
assumir posições contrárias a evolução das taxas de câmbio. Por fim, é importante,
salientar que esta tentativa de eliminar o risco cambial, não torna a operação isenta de
todos os outros riscos na operação, além de que uma proteção extrema e absoluta das
posições pode impedir a empresa de aproveitar vantagens que surgem das variações
positivas do mercado.

 Especulação (Trading)

A especulação consiste no que usualmente se designa na gíria popular de “comprar


barato para vender caro”, isto é, o especulador pretende comprar um determinado ativo
quando o seu preço está baixo, para vender quando o seu preço subir. A especulação é
uma atividade complexa (onde deliberadamente aumenta a exposição cambial) e que
apesar de conseguir garantir grandes receitas, pode provocar grandes perdas (Silva et
al., 2013).

A especulação é realizada quando se vende a prazo uma moeda estrangeira sempre que
se espera uma desvalorização superior ao desconto da divisa num determinado prazo
23
ou uma apreciação inferior ao prémio para a divisa. Na compra a prazo de uma moeda,
realiza-se especulação sempre que se espera uma valorização superior ao prémio de
uma divisa para um determinado prazo ou uma desvalorização inferior ao desconto
sobre a divisa estrangeira.

O especulador apesar de ser um “jogador” de risco desempenha duas funções muito


importantes no mercado. Desta feita para Porfírio (2003), estas funções são a
estabilização dos mercados e assumir riscos de terceiros.

Em suma o autor acima defende que a estabilização dos mercados ocorre quando ao
comprar com os preços em baixa, evita uma maior descida no mercado e ao vender
quando os preços estão altos, evita que eles subam mais. O assumir dos riscos só é
possível porque os especuladores estão preparados para assumir riscos que os agentes
avessos ao risco querem transferir.

 Arbitragem (Arbitrage)

A arbitragem é uma atividade realizada por arbitragistas sobre qualquer ativo disponível
no mercado e tem como objetivo a obtenção de lucros aproveitando
imperfeições/disparidades do mercado (Porfírio, 2003). Estas imperfeições acontecem
quando em diferentes praças mundiais, os preços de ativos subjacentes estão em
desequilíbrio.

Portanto para o autor acima citado, o arbitragista emite, simultaneamente, ordens de


compra onde o preço está baixo e de venda onde o preço for maior. Apesar de ser uma
atividade semelhante à especulação, a grande diferença é não envolver riscos nem
disponibilidade de capital, além de que a arbitragem ocorre quase instantaneamente e
não com uma perspetiva futura de aumentos de preços como é o caso da especulação.

Evidentemente todos os intervenientes irão ver esta oportunidade, assim o mercado


instantaneamente através dos mecanismos da oferta e procura vai corrigir as
imperfeições, levando à igualização dos preços em todos os mercados, terminando a
possibilidade de qualquer arbitragem.

24
2.2.3.4 A Gestão do Risco Cambial

Segundo Gitman (1997), as empresas inseridas no comércio internacional independentemente


do seu porte, enfrentam a probabilidade de ocorrer perdas ou ganhos nos valores dos ativos ou
passivos das divisas estrangeiras como causa de uma variação no valor de mercado dessas
divisas. Este risco acontece de forma natural e que pode ser influenciado por aspetos políticos
e econômicos.

A gestão do risco cambial é necessária e é parte integrante da gestão financeira moderna


(Brealey, 2007). Tal justifica-se, também, pela existência de volatilidade nos mercados
cambiais e por esta poder afetar o valor das empresas que transacionam negócios
internacionais.

Existem vários estudos que mostram a importância que as empresas dão ao risco cambial e à
sua gestão. As variações cambiais foram consideradas como a 3ª ameaça para o
desenvolvimento internacional da atividade empresarial, uma pesquisa realizada pela
consultora Pricewaterhouse Coopers e pelo Wall Street Journal (Entorf & Jamin, 2007).

As empresas, quando decidem controlar os riscos inerentes a sua atividade internacional,


podem realizar a sua cobertura através de meios internos ou com auxílio de mecanismos
externos. Tendo inerente as diferentes exposições do risco cambial, a empresa deverá
estabelecer uma política de gestão do risco o mais completa e adequada possível, a qual deve
ser acompanhada ao longo do tempo (Verheugen, 2006).

As empresas gerem o seu risco cambial dependendo do tipo de risco cambial, da percentagem
de exposição do seu volume de negócios e do seu perfil de risco. Portanto, podem optar por
gerir o seu risco downside (impacto negativo das variações cambiais) sem se preocuparem com
potencial upside (impacto positivo das variações cambiais), ou gerir ambos, o risco de
downside e upside (Dhanani, 2004).

Dependendo do seu perfil de risco podem realizar uma cobertura de exposição de risco cambial
total, parcial ou não o fazer de todo e finalmente, meramente contabilístico, têm de considerar
se querem classificar este risco em termos de mudanças nos retornos reportados (Dhanani,
2004). O risco cambial está presente em cada transação internacional, que pode ocorrer
25
diariamente, semanalmente, mensalmente e anualmente, dependendo do número de transações
e volume de compras e de vendas no estrangeiro.

Por este motivo, a frequência de controlo e de avaliação do risco cambial dos negócios das
empresas é importante, uma vez que a variação das taxas cambiais podem afetar as receitas e
custos de uma empresa. Segundo Silva et al. (2003), 10% das empresas suecas não têm um
controlo e avaliação programada do risco cambial, este número aumenta significativamente
quando se trata das empresas da Coreia do Sul, cerca de 41%. O autor refere que as empresas
coreanas avaliam o seu risco cambial consoante a necessidade.

Ainda segundo Silva et al. (2003), existem 5 fases que as empresas devem seguir para tomada
de decisão face à Gestão do Risco:

1. Identificação das fontes de exposição - Necessidade de importação ou exportação,


utilização de diversas divisas, volatilidade de preços, taxas de juro e de câmbio,
utilização de taxas fixas ou variáveis, intervalos temporais das transações, etc.;

2. Quantificação da exposição - Previsão dos montantes expostos, bem como das taxas
de juro e de câmbio e da volatilidade dos preços, analisando o seu impacto sobre as
contas da empresa;

3. Escolha da política a adotar – As exposições ao risco devem ser geridas e podem ser
tomadas as seguintes opções: Politica de não cobertura - Suportar as variações
desfavoráveis, compensando com os ganhos das variações favoráveis, não utilizando
qualquer tipo de instrumento de cobertura de risco; Politica de cobertura sistemática –
Cobrir todas as posições desfavoráveis possíveis; Política de cobertura seletiva – Cobrir
apenas algumas posições, permitindo evitar o risco de futuras perdas mas também
beneficiar de alguns possíveis ganhos relativos a variações positivas dos mercados;

4. Avaliação da capacidade de cobertura – Empresas que se sintam pouco confortáveis


na utilização de posições de cobertura do risco devem subcontratar serviços
especializados e/ou recorrer a um plano de seguros;

26
5. Escolha dos instrumentos de cobertura – A escolha pode recair sobre instrumentos
mais tradicionais ou sobre técnicas mais recentes de cobertura, conforme o perfil do
gestor.

Portanto para Porfírio (2003), as empresas devem primeiramente recorrer aos meios internos
para cobrir o risco. Os meios internos utilizam os recursos financeiros, tecnológicos e humanos
da própria empresa e tem um custo financeiro reduzido. Apesar de quando executadas
corretamente são extremamente eficientes, as empresas só devem executar políticas internas
de proteção das operações em moeda estrangeira, quando a sua experiência, organização
interna e conhecimento dos mercados de divisas lhe possibilitem, de forma clara e concreta,
proceder a uma correta atuação de cobertura.

As empresas devem recorrer as tecnicas externas de cobertura de risco quando as técnicas


internas não forem eficientes para a resolução do caso específico. Normalmente essas situações
decorrem quando a exposição cambial for de longo prazo e com um volume significativo para
a empresa.

2.2.3.5. Técnicas Internas de Cobertura do Risco Cambial

As técnicas internas de cobertura variam consoante a empresa, os meios ao seu dispor e o seu
posicionamento no comércio. Os exemplos á seguir são algumas das técnicas genéricas que as
empresas podem escolher internamente para cobrir o risco cambial.

1. Escolha da Moeda de Faturação

Segundo Porfírio (2003), a forma mais fácil e natural de eliminar o risco cambial é faturar na
moeda nacional. Mas inúmeras vezes não é possível faturar na moeda nacional, devido a vários
motivos, contudo caso haja a possibilidade de escolha da moeda, a moeda preferencial deverá
apresentar características informativas de fácil e rápida compreensão e com dados atualizados
sobre a sua evolução e provisões futuras.

A empresa deve diversificar o conjunto de moedas evitando a dependência de uma só moeda,


diminuindo a sua exposição ao risco. A diversificação deve ser realizada com moedas que

27
apresentem correlações reduzidas ou negativas, isto é, não tenham o mesmo tipo de
comportamento no mercado.

2. Gestão dos Prazos

A Gestão do Risco cambial através da gestão dos prazos torna necessário existir um elevado
grau de entendimento entre os intervenientes ou que um deles tenha uma posição negocial
forte no mercado que lhe permita realizar esta gestão. Segundo Porfírio (2003), esta técnica de
proteção consiste na alteração das datas de pagamento e recebimento de forma a aproveitar a
evolução cambial das moedas.

O objetivo na ótica do comprador (importador) é atrasar os pagamentos (ou prolongar o tempo


de crédito) em moedas fortes e liquidar o mais cedo possível nas moedas fracas aproveitando
o baixo valor da moeda em comparação a sua moeda. Na ótica do vendedor (exportador) será
receber quando a moeda está forte e atrasar o recebimento quando a moeda se encontra mais
fraca no mercado.

3. A Compensação

A compensação, segundo Brealey (2007), consiste na possibilidade de os intervenientes


compensarem os seus saldos a pagar e a receber em moedas estrangeiras. Para realizar esta
técnica, os intervenientes tentam encontrar entradas e saídas de montantes na mesma moeda
em datas coincidentes, com o objetivo de diminuir a exposição, eliminando muito das perdas
cambiais associadas e reduzindo os custos bancários sobre pagamentos em moeda estrangeira.
Após a realização da compensação, a exposição ao risco ficará reduzida ao mínimo
procedendo-se a sua liquidação ou à cobertura do valor restante.

4. Cláusulas Contratuais

Numa operação comercial, na altura da negociação do contrato, os intervenientes têm a


possibilidade de adicionar algumas cláusulas de modo a permitir cobrir a sua exposição ao
risco cambial através do ajustamento dos preços à evolução cambial que decorre no mercado.
Segundo Porfírio (2003), as cláusulas dependem de caso para caso, não existindo cláusulas

28
universais, sendo necessário analisar individualmente, mas geralmente podem ser referidas as
seguintes cláusulas:

• Cláusulas sobre o Preço: Os intervenientes aceitam que as flutuações da taxa de câmbio se


venham a refletir no preço acordado. Assim se a moeda se apreciar, o comprador irá obter uma
redução do preço, mas se a moeda se depreciar o preço irá aumentar de forma a compensar o
vendedor da descida da taxa. Assim os ganhos/perdas decorrentes da variação da taxa de
câmbio serão compensados pela perda/ganho sobre o preço.

• Cláusula de Partilha do Risco: Os intervenientes acordam suportar os eventuais


ganhos/perdas que decorrerem da variação da taxa de câmbio. Esta variação pode ocorrer entre
a data de faturação e de pagamento ou ser negociado um intervalo cambial que se a taxa sair
do intervalo o valor será repartido entre eles.

5. Política de Preço (Pass-through)

Esta técnica consiste no repasse da taxa de câmbio para os preços das mercadorias, ou seja,
existe uma variação dos preços das mercadorias em proporção com a variação da taxa de
câmbio. Deste modo as empresas passam todos os seus custos relacionados com a variação
cambial para o consumidor, tendo impacto nas suas vendas futuras (Porfírio, 2003).

6. O Desconto do Pronto Pagamento

Consiste no pagamento logo que sejam enviados os produtos ou prestados os serviços,


mediante a possibilidade de um desconto na fatura. Com esta técnica a compra e venda de
divisas é feita nos mercados à vista no momento não ficando sujeito ao risco da oscilação dos
mercados e consequente variação das taxas de câmbio. Podendo assim também o importador/
comprador acumular divisas junto ao seu fornecedor/exportador para compras futuras. Todavia
esta técnica requer boa capacidade da tesouraria.

29
2.2.3.6. Técnicas Externas de Cobertura do Risco Cambial (Sistemas de Hedge)

A instabilidade monetária e cambial que ocorreu na década de 70 permitiu a ascensão e o


desenvolvimento do mercado de derivados, considerando-se os derivados como o expoente
máximo da “engenharia financeira” (Antunes, 2008). Os derivados são instrumentos
financeiros que resultam de acordos de compra e venda a prazo de um determinado ativo
subjacente23, distinguindo-se assim por ser um segmento do mercado financeiro das operações
realizadas a prazo.

As funções dos derivados são a cobertura de riscos (hedging), a especulação (trading) e a


arbitragem (arbitrage). As vantagens atribuídas aos derivados estão relacionadas com a sua
importância na gestão financeira, podendo permitir um efeito de alavancagem financeira
(através da maximização do ganho/perda) e uma maior eficiência e liquidez no conjunto do
mercado de capitais. Como inconvenientes, podem surgir problemas nos cash flows das
empresas, registo de grandes perdas/prejuízos para as empresas e investidores (através da
alavancagem financeira) e originar um aumento do risco sistemático no sistema financeiro,
através da propagação” de perdas em várias economias.

O mercado de derivados, segundo Antunes (2008), apresenta características que os distinguem


de outros instrumentos financeiros. Estas características são o contrato, o ativo subjacente,
prazo, risco e a abstração, Os derivados, em regra, têm a sua criação através de um contrato a
prazo, tendo como características particulares ser de uma natureza consensual (realizada
voluntariamente entre as partes), onde existe uma reciprocidade entre as partes.

Os derivados resultam de uma derivação do ativo subjacente (de 1º grau), sendo considerados
instrumentos de 2º grau. O prazo refere-se a um período temporal futuro em que a sua data de
vencimento está pré-determinada entre os intervenientes, apesar que nas opções poderá
acontecer ou não na data de vencimento. O risco fornece o próprio objeto do contrato entre as
partes devido à falta de informação ( Abreu, 2012).

Sobre a distribuição desse risco, em regra existe uma simetria do risco, implicando uma
distribuição mútua de ganhos e perdas. Mas também pode ter uma distribuição assimétrica, em
que uma das partes sabe antecipadamente qual o seu risco máximo, como no caso das opções.

30
Os derivados constituem assim um jogo de soma nula, já que os ganhos (ou perdas) de uma
das partes correspondem exatamente às perdas (ou ganhos) da outra. São instrumentos que não
criam riqueza, apenas a redistribuem entre os intervenientes. Os derivados são instrumentos
abstratos, porque após a sua celebração, tornam-se autónomos em face dos respetivos ativos
subjacentes, ou seja, os direitos e obrigações que resultam do contrato não se relacionam com
as do ativo subjacente ( Abreu, 2012).

As técnicas externas de cobertura surgem como resposta à incapacidade de as técnicas internas


resolverem algumas situações, mais ou menos complexas, que a empresa está sujeita no
mercado, além de oferecem outro tipo de soluções para a gestão do risco das empresas. Quando
se fala em técnicas externas de Gestão de Risco, fala-se necessariamente sobre Hedge.

Falar de hedge significa falar sobre poderosas ferramentas para a gestão de riscos financeiros,
reduzindo importantes problemas associados a variações de preços, câmbio, taxas de juros e
outros fatores que afetam as finanças empresariais (Abreu, 2012). Para Arcarva (2011), os
sistemas de Hedge, na sua vertente de instrumentos de cobertura de risco cambial, permitem às
empresas erradicar ou minimizar as perdas eventuais que derivam dos riscos que confrontam a
sua atividade.

O princípio básico dos sistemas de hedge centraliza-se em vender a futuro para entregar a
posteriori - vem de décadas, mas com a evolução e amadurecimento do mercado financeiro
vão surgindo e sendo criados produtos para que os agentes desse mercado possam trabalhar de
uma forma mais dinâmica e interativa. As empresas necessitam de estruturas financeiras
preparadas para as oscilações e desníveis do mercado.

Para Medeiros (2003), os hedgers são agentes económicos que actuam no mercado procurando
essencialmente proteger os seus activos e passivos, sem objectivo de lucro. Portanto é nesta
perspetiva que Ferreira (2005) menciona que, os hedgers através dos derivados tendem a
reduzir os riscos operacionais e financeiros a que as empresas ou particulares estão sujeitas, no
caso de houver movimentos adversos nos preços.

Para a importação, o Hedge pode ser utilizado para que quando o importador fizer o pagamento
para o exportador, o preço que este pagar ficar protegido contra oscilações, protegendo o custo
final da moeda. Os principais instrumentos de Hedge são: Forward, Contrato de futuro,
31
Contrato de opções e os swaps, cujos conceitos serão tratados no decorrer desta pesquisa. Tais
contratos podem ser realizados sobre medida nos mercados de balcão (OTC) ou em bolsa de
valores, seguindo regras e normas, se autorregulando e sendo regulados pelo mercado e pelo
governo.

1- Contrato de Futuros

Os contratos de futuros são considerados os “primogénitos” dos derivados, tendo a sua origem
nos EUA com a criação da CBT - Chicago Board of Trade em 1848 que se destinava à
cobertura de risco das mercadorias (commodities). Os futuros são contratos negociáveis,
realizados em mercados organizados, em que os intervenientes se obrigam a comprar/vender
uma determinada quantidade do ativo subjacente, numa data futura e a um preço previamente
estabelecido no momento do contrato (Antunes, 2008).

A obrigação assumida pode ser cumprida através da entrega física do ativo, mas também por
uma entrega monetária correspondente a diferença entre o preço acordado e a cotação spot na
data de vencimento do contrato. Os futuros são um instrumento eficiente de cobertura total ou
parcial do risco, em que o investidor consegue cobrir o risco das suas posições à vista
assumindo uma posição contrária no mercado de futuros, fixando antecipadamente o preço do
ativo.

Segundo Bastardo (2011), os futuros aparentam muitas semelhantes aos forwards porém
possuem características próprias que os diferenciam. A Tabela a seguir mostra principais
diferenças entre os contratos de futuros e os contratos a prazo ou forwards:

Tabela 4: Diferenças entre os contratos de futuros e os forwards.


Contrato de Futuro Forwards
Comercializados na Bolsa de valores Comercializados em Mercados de Balcão (OTC)

Contratos Standards Contratos por medida negociados pelos


intervenientes

32
Elevada Segurança através do uso da Câmara Acordo entre as partes sem garantia de uma entidade
de Compensação (Clearing House) (mercado)

Obrigação do pagamento de margens Sem obrigação do pagamento de margens

Negociações transparentes, devido a Contratos privados, não sendo obrigatória a sua


informação prestada pelo mercado informação pública
Utilizados para hedging e especulação Utilizados para hedging e para entregas físicas

Anonimato nas negociações, sendo as Negócio direto entre as partes


transações realizadas em bolsa
Fonte: Porfírio, (2003)

Os intervenientes no mercado de futuros, segundo Bastardo (2011) são:

• Investidores (compradores e vendedores): são os principais intervenientes nas bolsas de


futuros. São eles que pretendem atuar no mercado dando as ordens de compra/venda de
contratos, através dos intermediários financeiros.

• Intermediários Financeiros: Atuam como interligação entre os investidores e o mercado,


com a função de intermediar as intenções dos investidores, executando as ordens recebidas de
compra/venda dos contratos de futuros, através de um sistema informático de negociação.

• Entidade Gestora da Bolsa: A sua função é a criação da lista dos contratos de futuros que
irão ser negociados e a sua publicação. Define as normas, regulamentos e legislação que rege
o funcionamento do mercado. Facilita o acesso a toda a informação relevante disponibilizando
a todo o momento para os intervenientes do mercado.

• Câmara de Compensação (Clearing House): Funciona como intermediário que liga cada
uma das partes do contrato de futuros e responde em termos legais perante os mesmos. Elimina
o risco de incumprimento, através do mecanismo de margens, garantindo a liquidez e os
pagamentos em caso de incumprimento da outro interveniente. Pode funcionar de forma
autónoma ou ser uma divisão da entidade gestora da bolsa.

Segundo Porfírio (2003), no processamento da ordem de compra/venda dos contratos, a câmara


de compensação exige um depósito de garantia - margem inicial - que serve como garantia em

33
caso de incumprimento do pagamento. A margem inicial varia mediante os contratos e/ou as
bolsas e representa uma percentagem do valor total dos contratos que normalmente situa-se
entre 5% a 15%. O pagamento da margem inicial é depositado numa conta-margem.

A conta-margem servirá, além do recebimento da margem inicial, para registar as variações


diárias das posições (mark-to-market), ou seja, a conta-margem será debitada ou creditada
consoante respetivamente os proveitos ou custos diários, decorrentes da diferença entre a taxa
de câmbio contratada e a taxa spot do dia. Este ajuste diário confere uma diminuição do risco.

Na conta-margem é estabelecida uma margem mínima ou margem de segurança, que


corresponde normalmente a 75% da margem inicial. Caso seja ultrapassada, será necessário
reforçar imediatamente, assegurando valores mínimos na conta-margem, caso contrário a
posição será automaticamente liquidada a preço de mercado. Pode também ser definida uma
margem máxima. Quando o saldo acumulado supera a margem, o detentor terá o direito de
levantar os fundos em excesso.

As variações diárias são delimitadas por variações mínimas ou tick points (normalmente a
variação é de 1 ponto base = 0,01%) que se não forem atingidas, não existe qualquer
necessidade de depósito na conta-margem. Pode também existir variações máximas definidas
pela câmara de compensação, que se forem ultrapassadas, levam ao encerramento das
negociações sobre os contratos e à reposição dos valores nas respetivas contas-margem.

O fecho das posições num contrato de futuros, segundo Antunes (2008) significa eliminar
qualquer obrigação futura sobre o mesmo. O fecho pode ser realizado de duas formas. A
primeira forma é do modo normal da operação, onde no final do prazo estabelecido (data de
vencimento) ocorre o pagamento do contrato pelo valor diferencial entre o preço de exercício
do contrato e o preço spot.

Apesar de ser o modo normal é a modalidade menos frequente de extinção de futuros. A


segunda forma é através da abertura uma operação contrária (compra/venda) da operação
inicial (venda/compra) antes do prazo de vencimento da operação, anulando por compensação
a sua posição inicial no mercado (closing-out). A extinção dos contratos também pode ocorrer
por razões extraordinárias, como são os casos de um elevado aumento do preço (ultrapassando

34
as variações máximas) ou por incumprimento dos deveres de um dos intervenientes perante a
câmara de compensação.

2. Forwards

Para Porfírio (2003) uma das formas mais utilizadas pelas empresas na cobertura do seu risco
cambial é o contrato forward. Para esse autor, forward outright ou simplesmente forward é um
contrato de compra e venda de uma dada quantia de moeda estrangeira, celebrada hoje, mas a
realizar em um momento futuro, com uma determinada taxa de câmbio fixada no momento da
celebração do contrato.

Segundo Fernandes (2003), os contratos Forward ou a prazo são acordos para uma transação
de compra ou de venda numa data futura sendo obrigatório a cada uma das partes o
cumprimento do acordo e não é exigido qualquer pagamento inicial às mesmas. Ainda de
acordo com Fernandes (2003), uma das maiores aplicações dos contratos forward ocorre nos
mercados cambiais, quando se deseja defender posições abertas em moedas estrangeiras e que
podem deteriorar-se com as oscilações, seja valorização ou desvalorização da moeda
estrangeira face à moeda doméstica.

Os forwards cambiais como instrumentos de gestão cambial são contratos que envolvem duas
divisas, onde uma parte compra (vende) a divisa X e a outra vende (compra) a divisa Z, a uma
taxa de câmbio que é estabelecida na data de realização do contrato (preço forward) e para uma
determinada data futura. Por fim, o mercado de forward tem a vantagem da venda a retalho,
não impondo a padronização da data de execução do contrato ou quantidade do ativo a
transacionar, o que implica uma menor liquidez e o fecho da posição, no caso do negócio
previsto deixar de ser interessante (Afonso et al., 2004).

3. Opções

Segundo Porfírio (2003), os contratos de opções, ao contrário dos contratos de futuros,


possibilitam cobrir uma evolução desfavorável dos preços mas simultaneamente permitem
obter ganhos de uma evolução favorável dos mesmos, devido à opção de executar ou não o
contrato. A sua principal vantagem é o direito de opção do comprador que assim garante a

35
possibilidade de um ganho ilimitado e a certeza de uma perda limitada, enquanto o vendedor
tem a certeza de um ganho limitado e o risco de uma perda ilimitada.

Segundo Pinho & Tavares (2012), as opções são contratos estabelecidos entre duas partes, em
que o comprador da opção tem o direito (mas não o dever), de comprar ou vender um
determinado ativo (ativo subjacente), numa determinada data futura (maturidade), com um
determinado strike. Por sua vez, Pires (2008) reitera que as opções concedem ao seu detentor
o direito de comprar, (call option,) ou de vender, (put option) um ativo até uma data de
expiração (opção europeia) ou numa data em qualquer momento, desde a sua compra até à data
de expiração (opção americana) a determinado strike.

Segundo Porfírio (2003), a compra de uma opção obriga sempre o seu comprador ao pagamento
de um prémio, sendo que esse varia de acordo com as duas modalidades de opções. Ainda para
o mesmo autor, os contratos de opções trazem a possibilidade de cobrir uma evolução
desfavorável dos preços sem que, todavia, se prescinda de eventuais ganhos que possam advir
de uma evolução favorável.

Krugman & Obstfeld (2001) demonstram um exemplo prático da utilização do mercado de


opções: supõe-se que há insegurança quanto ao recebimento em determinada data em moeda
estrangeira de um pagamento. Pode-se evitar o risco da perda deste pagamento comprando uma
“opção de venda” que lhe dê o direito de vender a moeda estrangeira a uma taxa de câmbio
reconhecida a qualquer momento naquele mês. Porém, caso se espera fazer algum pagamento
num determinado dia que prefere no mês, uma opção de compra que lhe dê o direito de comprar
moeda estrangeira para fazer o pagamento a um preço conhecido pode ser atraente.

Tabela 5: Contrato de Opções – Obrigações e Direitos


Participantes Obrigação/ Direito Call Put
Compra de um ativo nas Venda de um ativo nas
Direito
Comprador condições acordadas condições acordadas
Pagamento de um Pagamento de um prémio
Obrigação
prémio
Recebimento de um Recebimento de um
Direito
Vendedor prémio prémio

36
Venda de um ativo nas Compra de um ativo nas
Obrigação
condições acordadas condições acordadas

Fonte: Porfírio, (2003)

Segundo Silva et al. (2013), o valor de uma opção depende da relação entre o strike price (preço
acordado) e o preço do ativo à vista (preço spot). Este valor pode encontra-se em três situações:

• In the Money (ITM):

A opção está in the money ou acima do par, quando o seu valor intrínseco é positivo. Significa
que o strike price oferece uma condição vantajosa para o comprador da opção face ao preço no
mercado spot e ao prémio pago. Existe assim um ganho na operação e a opção deverá ser
exercida.

• Out of the Money (OTM):

A opção está out the money ou abaixo do par, quando o seu valor intrínseco é negativo. O strike
price proporciona ao seu detentor uma posição desfavorável face ao preço no mercado spot e
ao prémio por ele pago. A opção não deverá ser exercida, porque no mercado à vista as
condições são mais vantajosas, sendo a perda do comprador limitada ao prémio pago.

• At the Money (ATM):

A opção está aA The Money, ou ao par, quando o seu strike price for igual ao preço de mercado
spot e ao premio por ele pago. Nesta situação para o comprador será indiferente optar pelo
cumprimento do contrato ou não. Caso não exerça a perda será unicamente o valor do prémio
pago ao vendedor.

Segundo Medeiros (2003), o valor intrínseco de uma opção de compra (call option) estará:

- In-the-Money: quando preço spot é maior que o preço de exercício;

- At-the-Money: quando o preço spot é igual ao preço de exercício;

37
- Out-the-Money: quando o preço spot é menor que o preço de exercício;

O valor intrínseco de uma opção de venda (put option), segundo o mesmo autor estará:

- In-the-Money: quando preço spot é menor que o preço de exercício;

- At-the-Money: quando o preço spot é igual ao preço de exercício;

- Out-the-Money: quando o preço spot é maior que o preço de exercício;

4. Swaps

Os Swaps, à semelhança dos outros derivados, são fundamentalmente um instrumento de


cobertura de risco, que permite às empresas, em particular, salvaguardar-se das consequências
adversas das oscilações desfavoráveis das taxas de câmbio (Antunes, 2009). Segundo Porfírio
(2003), o Swap constitui uma operação que pode representar vantagens significativas para as
empresas exportadoras e importadoras que lidam regularmente com diversas divisas, e que, por
esta via, passam a dispor de um instrumento privilegiado para modificarem as suas posições
cambiais, em função da política de gestão de risco prosseguida.

O Swap no mercado de derivados, representa uma operação de troca de indexadores (juros,


taxas de câmbio, ouro entre outros), na qual um interessado – investidor, exportador,
importador, entre outros – realiza um negócio para se proteger da oscilação de preços de ativos,
através da troca de fluxos de caixa. Portanto, para Pinho & Tavares (2012), Swap é um acordo
privado entre duas partes, através do qual, as partes se comprometem a trocar os fluxos
financeiros futuros, durante um determinado período, mediante condições acordadas na
negociação do contrato.

Há essencialmente dois tipos de Swap: interest rate Swap - Swap de taxas de juros (IRS) e
Currency Swap (Swap cambial). Geralmente, as operações de Swap são intermediadas por
instituições financeiras, que têm como função, conceder a operação e assegurar que as partes
liquidem as suas obrigações e cobram para isso uma comissão. O Swap de taxa de juro é um
contrato que permite trocar cash flows à taxa fixa por cash flows a uma taxa variável. Swap
38
cambial é um contrato através do qual, duas partes trocam entre si moedas, e respetivos
recebimentos ou pagamentos de juros durante um período de tempo determinado (Pinho &
Tavares, 2012).

Segundo Porfírio (2003), uma operação de Swap cambial apresenta vantagens importantes para
as entidades que a eles recorrem, na medida em que lhes permite o acesso a mercados de divisas
e de taxas de câmbio alternativos.

Para a realização de um swap de modo vantajoso, é indispensável que todos os intervenientes


encontrem vantagens comparativas, a fim de saírem beneficiados com a operação. Assim, para
que o swap seja realizado, é necessário “apenas” encontrar uma contraparte, que no mínimo,
tenha as necessidades oposta às da empresa. Mas este encontro é de difícil execução, sendo a
forma mais usual, a utilização de uma instituição financeira que através, da sua gestão de
tesouraria, pode rapidamente realizar este tipo de operação ou servir de intermediário
(Medeiros, 2003).

Os contratos de swaps são normalmente transacionados em mercado OTC, sendo o contrato


negociado pelos intermediários financeiros, tendo uma estrutura bilateral e individualizada
mediante as necessidades dos intervenientes (não excluindo a existência de uma padronização
mínima). A instituição financeira (por norma um banco comercial) tem como função realizar a
operação e assegurar a liquidação dos pagamentos. A atuação da instituição financeira tem uma
importância significativa por oferecer vantagens às partes, entre as quais o encontro de posições
cambiais simétricas e a diminuição do risco de crédito.

Permite que a operação se realize entre empresas com diferentes níveis de risco, a flexibilidade
das operações em termos de montantes e prazos e a diminuição dos custos administrativos com
o swap e dos respetivos fluxos de pagamento. As instituições financeiras, como intermediárias,
podem atuar em seu próprio nome (swaper profissional). Segundo Antunes (2008), devido à
dificuldade de encontrar investidores com posições simétricas opostas, ultrapassam esta
questão, atuando diretamente como contraparte dos seus clientes, procurando oferecer soluções
e em simultâneo explorar um negócio rentável.

Para garantir a contínua vantagem do uso do swap é necessário à sua avaliação periódica. A
avaliação é realizada comparando os fluxos do contrato de swap, com os resultados para a
39
empresa caso estivesse a atuar sem este tipo de proteção cambial. Assim deve-se calcular a
diferença entre o swap e o valor de reposição do swap, sendo esta diferença igual do que as
taxas no mercado ofereceriam para se fazer um swap contrário, com o fim de anular a posição
detida pela empresa.

Caso se verifique que o swap deixa de proporcionar um ganho, a posição no mercado pode ser
anulada através da entrega da posição a uma terceira entidade (mediante um encontro de contas
realizado no momento do encerramento da posição), com a realização de um swap reversal
(anulando a posição do swap inicial) ou com término antecipado da operação (com o acordo
da contraparte, realizado o respetivo acerto de contas).

2.2.4. Mercado cambial

O mercado cambial, também designado por FOREX ou FX market (Foreign Exchange Market)
é o mercado financeiro onde se realizam todas as operações de compra e venda de moedas
estrangeiras, ficando a sua existência ligada ao comércio internacional. As principais moedas
transacionadas no mercado cambial são Dólar, Euro e Iene (Porfírio, 2013).

O mercado cambial não é um espaço físico, mas sim um conceito abstrato utilizado sempre que
existe uma compra e/ou venda de divisas. O mercado cambial permite satisfazer algumas
necessidades importantes da economia. Entre as suas funções evidenciam-se o incentivo às
trocas comerciais internacionais, a utilização como instrumento de crédito ou proporcionar a
cobertura do risco cambial

Segundo Fernandes (2003), um mercado cambial é um sistema onde ocorre um contrato através
do qual as partes envolvidas, comprador e vendedor, se comprometem a “trocar” uma
determinada moeda por outra, numa data convencionada e a um preço acordado (taxa de
câmbio). Para Medeiros (2003), a taxa de câmbio apareceu necessariamente para regulamentar
os pagamentos e/ou transferências entre residentes de diferentes países enquanto que Pinho e
Tavares (2012) defendem que a taxa de câmbio é o valor de uma moeda expressa em Unidades
Monetárias (U.M) de outra moeda.

Todavia, o câmbio é um importante factor para que os países negociem suas mercadorias e/ou
serviços entre si, pois os países não têm a mesma cultura, a mesma economia, a mesma língua,

40
os mesmos objetivos, quanto menos a mesma moeda. Para resolver o problema dessas
diferenças utiliza-se o câmbio que de acordo com Porfírio (2003, p. 74),
É uma operação financeira que consiste em vender, comprar ou trocar valores em moedas
de outros países que representem moedas de outros países. Para essas operações são
utilizados cheques, moedas propriamente ditas ou notas bancárias, letras de câmbio, ordens
de pagamento, entre outros.

A apreciação da moeda nacional pode, por um lado, diminuir o custo dos financiamentos em
moeda estrangeira de uma empresa, por outro lado, fazer recuar as receitas de uma empresa
exportadora. Dessa forma, ao mesmo tempo em que a apreciação do câmbio pode ser
interessante para uma empresa, talvez represente riscos para outra.
Segundo Bastardo (2011), o mercado cambial pode ser dividido em mercado de balcão (OTC)
ou em mercado de câmbios oficiais (mercado de bolsa).O mercado OTC é um mercado não
regulamentado onde os contratos apresentam uma grande flexibilidade sendo realizados
diretamente pelos intervenientes mediante os seus interesses, nomeadamente sobre os
montantes, prazos e ativos negociáveis.

O principal risco no mercado OTC é o risco de contraparte devido à não existência da entidade
reguladora. Mas este risco pode ser protegido com margens de manutenção ou alavancagem
máxima permitida (Porfírio, 2003).

O mercado de bolsa é um mercado organizado, regulado por uma entidade supervisora, onde
os contratos são padronizados, com prazos definidos, sobre ativos definidos e sujeitos a
regulação da câmara de compensação, não permitindo grande margem de flexibilidade aos
intervenientes.

Os intervenientes do mercado de câmbio são nomeadamente (Medeiros, 2003):

a) As Sociedades Comerciais, que pelo facto de operarem em mercados estrangeiros, nas


óticas de importação e de exportação, têm necessidades de divisas ou de liquidez;

b) Os Bancos Comerciais, que fulcralmente estão no mercado, por eles passando as


transações internacionais que implicam débitos e créditos despoletados pelas empresas
e pessoas singulares. A par desta atividade ao serviço da economia, dedicam-se

41
sobretudo ao comércio de divisas com outros bancos – denominado comércio
interbancário;

c) As Instituições Financeiras não Bancárias que, a partir de meados dos anos 80,
incrementaram as suas atividades junto dos clientes em diversos segmentos do
mercado;

d) Os bancos Centrais, que compram e vendem reservas internacionais nos mercados


privados de ativos a fim de influenciar as condições macroeconómicas das respectivas
economias.

É impossível falar de mercado cambial sem falar do regime cambial que um país decide usar,
pois para funcionamento de qualquer mercado há a necessidade que se clarifique as regras de
como o mercado funciona. Samuelson & Nordhaus (2005) indicam que regime cambial é o
sistema usado por um determinado país para a determinação da sua taxa de câmbio. Existem
dois sistemas amplamente usados atualmente, o regime cambial fixo e o flexível.

O Regime de cambio fixo não depende das forcas de procura e oferta de moeda estrangeira
enquanto que o regime de câmbio flexível ou flutuante é totalmente determinado pelas forças
do mercado cambial, através da influência da procura e oferta por moeda estrangeira, pelas
famílias e pelas empresas (Samuelson & Nordhaus, 2005). Moçambique adotou o regime de
câmbio flexível, ou seja, a interação entre a oferta e a procura da moeda estrangeira é que
determina a taxa de câmbio. Deste modo a taxa de câmbio sofre alterações à medida que
ocorrem mudanças nos factores que influenciam a procura e a oferta de moeda estrangeira.

42
Gráfico 1: Regime de Câmbio Flexível

Fonte: Samuelson & Nordhaus, (2005)

2.3. Revisão da Literatura Empírica

A pesquisa empírica é a recolha de dados á partir de fontes diretas (pessoas) que conhecem,
vivenciaram ou têm conhecimento sobre o tema, fato ou situação e que, podem causar
diferenciação na abordagem e entendimento dos mesmos, conduzindo a uma mudança,
acréscimo ou alteração profunda, relevante que não distorça, agrida ou altere o conteúdo
principal, mas sim que o enriqueça e transforme em conhecimento de fácil compreensão (Yin,
2001).

O risco cambial para empresas de importação já tem sido testado empiricamente por várias
escolas de estudos em diversas partes do mundo. Testes empíricos têm sido elaborados com o
objetivo de avaliar a gestão cambial efetuada pelas empresas que encontram-se expostas ao
risco da taxa de câmbio.

2.3.1 Gestão de Risco Cambial da SINFIC – Portugal

Em Setúbal , Bruno (2014) avaliou a gestão dos riscos cambiais de uma empresa que estava
sujeita a exposição cambial devido a internacionalização através da sua pesquisa intitulada: “A
gestão do Risco Cambial: Um estudo de caso”. Pesquisa apresentada como obrigação parcial
a obtenção do grau de Mestre em Gestão Financeira na Escola superior de Ciências
empresariais em Setúbal, Portugal.

43
O estudo centralizou-se na empresa portuguesa SINFIC, que apresenta filiais em Angola,
Moçambique e na África de Sul, e está voltada para comercialização de tecnologia avançada.
O principal objetivo deste estudo era saber quais são as estratégias de gestão de risco cambial
levadas a cabo pela empresa, identificar as melhores técnicas de gestão de risco cambial
existentes e testar a aplicabilidade das mesmas.

A pesquisa baseava-se em um estudo de caso com uma abordagem qualitativa. Através deste
estudo o autor concluiu que a SINFIC não usava técnicas para cobertura de risco cambial
estando sujeita a todas as suas exposições, e que o aumento da taxa de câmbio tinha impactos
negativos na faturação anual da empresa em seus diversos pontos de atuação e que para o caso
específico da SINFIC - Angola deverão ser utilizadas as técnicas internas de gestão de risco
cambial (Aquelas que dependem diretamente da empresa e que, por isso, são menos
dispendiosas), sendo que só depois devem ser utilizadas as técnicas externas.

2.3.2 Análise da Exposição ao Risco Cambial de Empresas Alemãs Importadoras e


Exportadoras

Entorf e Jamin (2003) analisaram a exposição ao risco cambial de algumas empresas alemãs
que estavam inseridas no comércio internacional (Importadoras e exportadoras) na sua pesquisa
intitulada: “German Exchange Rate Exposure at DAX and Aggregate Level, International
Trade, and the Role of Exchange Rate Adjustment Costs”. Os autores optaram por uma
abordagem quantitativa em que deu lugar a representatividade das empresas import & Export
alemãs no período compreendido entre 1987 e 1995. A metodologia foi baseada em regressões
econométricas para testar as hipóteses de impacto entre a taxa de câmbio e o desempenho
económico das organizações alemãs.

Através da pesquisa, os autores chegaram a conclusão de que 90% das empresas importadoras
estudadas sofriam impactos negativos na sua lucratividade com a subida da taxa de câmbio e
75% das empresas exportadoras obtinham ganhos devido a subida na taxa de câmbio. Os
mesmos autores em 2007 apresentaram outro estudo sobre a gestão do risco cambial, as fontes
de risco e as técnicas de pagamento, onde foi estudada uma empresa do sector dos sistemas de
informação que apresentava 75% do volume de insumos de produção provenientes do exterior
e em moeda estrangeira. Apesar de este ter um elevado peso no volume de negócios total, não

44
existia ainda grande preocupação com o impacto das variações cambias nos resultados da
empresa. Este fato deve-se à utilização de moedas fortes e à relação com parceiros de confiança,
e a utilização de meios de pagamentos sofisticados.

2.3.3 Estudo da Relacão entre o Risco Cambial e o Desempenho das Empresas


Importadoras de Automóveis em Cabo verde

Sónia (2013) analisou a relação entre o Risco Cambial e o Desempenho de Empresas


Importadoras de automóveis em Cabo verde no seu trabalho intitulado: “A Problemática do
Risco Cambial na Importação”. Realizado como obrigação parcial para obtenção do grau de
Mestre em Administração e Controlo financeiro no Instituto Superior de ciências económicas
e empresariais em Cabo verde.

Neste estudo a autora tinha como objetivo principal estudar a problemática do risco cambial
nas importações de automóveis nas empresas Cabo Vendeanas, bem como as formas de
minimizar esse risco do mercado. De modo a alcançar os objetivos pré-estabelecidos a autora
optou por uma abordagem qualitativa com o uso dos seguintes métodos: a entrevista e a análise
documental. A autora optou por um estudo de carácter descritivo, com a análise exploratória
de dados baseada em revisão documental e realização de inquéritos a todo a amostra de
empresas, que era composto por 5 empresas inscritas na classe de importação de automóveis,
tendo análises trianguladas e comparativas entre as empresas.

A autora concluiu através do estudo que devido a falta de adaptabilidade ao sistema financeiro
internacional Cabo Verde apenas apresenta sistema de Hedge no mercado Balcão (Bancos
Comerciais). Sónia (2013) concluiu também que as variações cambiais são na sua maioria
provocadas pelo uso do dólar, que corrobora em oscilações tanto favoráveis como
desfavoráveis e que as variações da moeda iene (JPY) têm provocado grandes prejuízos às
empresas, pelo que estas têm preferido importar dos países onde seja possível fazer o
pagamento em Euros.
Entretanto as conclusões que Sónia obteve em seu estudo podem criar um enviesamento das
ideias caso pretenda-se generalizar para empresas de outros países africanos. Isto pelo simples
facto do seu estudo estar voltado para empresas importadoras de automóveis em Cabo verde e
o regime cambial cabo-verdiano ser fixo e estar sobre o Acordo de cooperação cambial (ACC).

45
Em março de 1998, Cabo Verde e Portugal assinaram um acordo de cooperação cambial que
visava sobretudo a ligação da moeda cabo-verdiana à moeda portuguesa, através de um regime
de paridade fixa, e a criação de condições que garantissem a convertibilidade do Escudo Cabo-
verdiano. Com a substituição do Escudo Português pelo Euro em 1999, a paridade cambial
passou a ser definida em termos de Euro, portanto para as empresas Cabo Verdeanas sempre
será mais confortável a importação de produtos ou insumos provenientes de países que usam o
Euro.

O estudo de Bruno assemelha-se a presente pesquisa relativamente a metodologia pois ambos


estudam o caso de uma empresa em específico, e apresentam uma abordagem qualitativa e pelo
facto de para além de descrever o risco cambial da empresa ao longo do tempo, buscar
corroborar as técnicas de cobertura de risco cambial com as técnicas disponíveis em Portugal.
O estudo difere-se desta pesquisa no facto da empresa que serviu de estudo de caso ser
importadora e exportadora e a análise do risco ter sido efetuada nas duas vertentes.

Os autores Entorf & Jamin apresentam um estudo ligeiramente diferente da presente pesquisa,
pelo que o estudo dos mesmos analisa a exposição cambial no comércio internacional, tanto
para empresas importadoras como exportadoras, porém encontra a sua relação com a presente
pesquisa no ponto em que pretende avaliar o impacto dessas exposições cambais na situação
financeira das empresas em estudo. Em termos metodológicos as duas pesquisas diferem-se
pelo facto da pesquisa de Entorf & Jamin ser quantitativa e estudar um universo maior de
empresas.

A Pesquisa de Sónia é a que mais assemelha-se ao presente estudo pelo facto de ambos
estudarem empresas de países africanos em ascensão e especificamente o ramo de importação.
Assemelha-se também no quesito abordagem da pesquisa pois ambas recorrem a uma
abordagem qualitativa. Porém a pesquisa de Sónia difere da presente pesquisa pelo seu
universo de empresas e pelo tamanho da amostra ser maior que o da presente pesquisa que
apresenta um estudo de caso específico.

46
2.4. Revisão da Literatura Focalizada

A Revisão da literatura focalizada consiste em trazer estudos relacionados ao tema que tenham
sido realizados dentro do país em caso (Yin, 2001). Neste sentido este ponto apresenta estudos
feitos por autores moçambicanos que assemelhem se a presente pesquisa.

No fecho do primeiro trimestre de 2015, a moeda nacional observou uma acentuada


desvalorização mensal em todos os seguimentos do mercado cambial, face a moeda de
referência, o dólar americano. As organizações que efetuam suas transações no comércio
internacional viram-se desestabilizada pelo facto de a taxa de câmbio exercer forte influência
nas suas atividades (BAD, 2010). No que concerne a literatura em Moçambique, destacam- se
os estudos de Antunes e da Juliete Sitoe.

 Antunes (2016) estudou a aplicabilidade dos derivados financeiros na gestão do risco


cambial, em sua pesquisa intitulada: “Análise da gestão do risco cambial para empresas
em Moçambique”. A pesquisa tinha como objectivo analisar a gestão do risco cambial
para as empresas moçambicanas e a aplicabilidade dos derivados financeiros. Para que
tal objetivo fosse alcançado foi feita uma pesquisa descritiva, bibliográfica e
documental.

O autor concluiu que as empresas se encontram expostas as variações na taxa de


câmbio na medida em que transacionam as suas operações fora do sistema nacional. E
esse risco pode ser tanto positivo, quanto negativo dependendo da vertente de comércio
internacional em que a empresa se firmou, (importação ou exportação). Quanto ao
ramo de importação, o autor apresenta os impactos do risco cambial nas contas das
empresas que estudou.

O autor concluiu que a maioria das empresas não conhecem os derivados ou estratégias
de hedge disponíveis no sistema financeiro moçambicano e que Moçambique ainda
precisa desenvolver o uso dos mesmos, pois ainda não existe um mercado organizado
para os mesmos e que o Banco de Moçambique deverá ter uma maior intervenção neste
mercado.

47
Das conclusões acima apresentadas por Antunes, denota-se que são existentes e
expressivos impactos do risco cambial para as finanças das organizações bem como
aponta para a importância do conhecimento dos instrumentos externos de cobertura de
riscos, pois segundo o autor as empresas ainda desconhecem os tipos de sistema de
hedge existentes e as suas formas de utilização de modo a obter benefícios e fazer as
devidas coberturas de risco.

 Juliete (2019) efetuou um estudo intitulado: “Risco Cambial e Instrumentos Derivados


em Moçambique” onde tinha como principal objetivo identificar a exposição das
empresas ao risco cambial e a disponibilidade de instrumentos de derivados ou de
proteção cambial em Moçambique e verificar sua aplicabilidade. A autora estudou o
risco em uma amostra de 5 empresas, efetuando questionários aos representantes das
mesmas e recolhendo alguma informação financeira para posterior avaliação.

A autora efetuou também a recolha de dados através de entrevistas com os responsáveis


das salas de mercado de alguns bancos comerciais que atuam em Moçambique. Através
do estudo a autora concluiu que 85% das empresas estudadas estiveram alguma vez
expostas ao risco cambial em suas transações do comércio externo e a oferta de
instrumentos de hedge ou proteção cambial podem ser observados em dois mercados.

No mercado de derivados (bolsa de valores) e no mercado balcão (bancos comerciais).


A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) transaciona apenas três tipos de produtos
financeiros, nomeadamente: ações, obrigações e papel comercial.
Conforme a informação referida pela autora acima, até ao presente ano no nosso país
os derivados não são transacionados na bolsa de valores. No entanto, os mesmos são
apenas transacionados no mercado balcão, através dos bancos comerciais.

Ainda segundo a autora do estudo acima, apenas 5 dos 19 bancos que operam em
Moçambique oferecem aos seus clientes algum tipo de instrumento financeiro
derivado, nomeadamente: Standard bank, Banco Comercial e de Investimentos (BCI),
Banco Único, African bank Corporation (BancABC) e o Millenium BIM. Os derivados
oferecidos incluem: Forwards e swaps cambiais. Os dados fornecidos pelos bancos
que oferecem instrumentos de proteção cambial demonstram que o mercado

48
moçambicano ainda não atingiu o grau de maturidade necessária para absorver os
derivados.

Ora esta constatação está em linha com as conclusões de Medeiros (2003), segundo as
quais os derivados negociados no balcão são os de maior relevo nas economias dos
países em via de Desenvolvimento e que pode ser indicativo para um grau de
maturidade financeira ainda baixo para a aderência aos derivados.

Juliete (2018) concluiu também que a procura de derivados cambiais pelas empresas
moçambicanas aumentou muito, sendo impulsionada pelo contexto económico-
financeiro do país caracterizado pela forte dependência de importações e elevada
volatilidade do metical face às principais moedas de comércio internacional e regional.
Este aumento deu-se principalmente quando decorreu a crise económico-financeira em
que o país se encontrou no período de 2015 á 2018 pois esta crise traduziu-se na
acentuada desvalorização do metical e escassez de divisas no mercado interno.

Os autores acima mencionados (Juliete e Antunes) apresentam pesquisas científicas


sobre a gestão do risco cambial para empresas. Juliete está voltada para as empresas
importadoras e Antunes está voltado tanto para importadoras como para as
exportadoras.

Entretanto o pensamento dos dois autores encontra o seu apanágio ao concluir que os
riscos cambiais em que as empresas encontram-se expostas têm repercussões notáveis
nas finanças da empresa e que a reduzida oferta dos derivados em Moçambique é típico
de países em via de desenvolvimento.

A abordagem de pesquisa que Antunes apresenta é de carácter quantitativo ao passo


que a abordagem apresentada por Juliete é de ordem qualitativa. Porém ambas as
pesquisas têm um universo maior que o da presente pesquisa.

49
CAPÍTULO 3: METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1. Introdução

Este capítulo define as características da pesquisa conforme seus objetivos, explica as


motivações para a escolha da amostra e do período analisado, expõe os procedimentos para a
coleta e análise de dados e argumenta sobre o modelo utilizado no estudo de caso. A literatura
sugere alguns tipos de classificação de pesquisa e deixa a cargo da autora ou pesquisadora a
escolha de acordo com o enfoque dado ao estudo.

De uma forma geral, este capítulo é de grande prestígio, pois, aborda as principais regras de
produção científica, fornecendo ao pesquisador uma melhor compreensão sobre a natureza e
objetivos do estudo, auxiliando o autor para uma maior produtividade e qualidade na pesquisa.
Entretanto, este capítulo alberga nomeadamente: o desenho da pesquisa, a população em
estudo, o processo de amostragem, os métodos de coleta de dados e a pesquisa quanto a
abordagem do problema.

Qualquer trabalho científico busca cumprir metas, e para que sejam executadas corretamente é
essencial o uso adequado da metodologia científica. A metodologia é uma preocupação
instrumental pois trata das formas de se fazer ciência e cuida dos procedimentos, das
ferramentas e dos caminhos (Yin, 2001). Segundo Marconi e Lakatos (2007), a metodologia
está diretamente relacionada com o problema a ser estudado; a escolha dependerá dos vários
fatores relacionados com a pesquisa a natureza dos fenómenos, o objeto da pesquisa, os
recursos financeiros, a equipe humana e outros elementos que possam surgir no campo da
investigação.

3.2. Desenho da Pesquisa

Com vista a alcançar os objectivos tracados nesta pesquisa , a metodologia teve como base :

 Observação da evolução das taxas de câmbio USD/MT no período de estudo (2015-


2018), 16 trimestres. De modo a melhor compreensão do risco cambial neste período;

50
 Identificação do impacto do Risco cambial para as finanças da AMA Equipamentos
(2015-2018), através da análise documental das exposições ao risco cambial que a
AMA equipamentos está sujeita e o peso destas nas finanças da empresa;

 Identificação das estratégias de Gestão de risco cambial usadas pela AMA


Equipamentos no período compreendido entre 2015 e 2018, através da entrevista
direcionada ao Diretor Geral e a Gestora financeira da AMA Equipamentos;

 Indicação das técnicas externas de proteção cambial em Moçambique que se adequam


a realidade da AMA Equipamentos. Através de uma entrevista direcionada ao
representante da sala de mercados do BCI.

A pesquisa ocorre num contexto particular e não é obstrutiva, ou seja, ocorre sem a mínima
interferência da pesquisadora, os dados não devem ser alvo de qualquer manipulação, sendo
apenas colhidos, analisados e interpretados. Desta forma tenta-se obter o comportamento
particular do sistema e existe uma máxima preocupação com o realismo do contexto (Marconi
e Lakatos, 2003).

A presente pesquisa quanto ao método de abordagem encontra-se apresentada da seguinte


forma:
Tabela 6: Abordagem de pesquisa
Pesquisa Qualitativa
1. Carateriza-se por ser uma pesquisa subjetiva
2. A pesquisa apresenta várias realidades
3. Tem como objectivo final descrever um fenómeno
4. O Resultado é apresentado através de textos ou tabelas
5. Não busca a representatividade da população na sua amostra mas sim a
qualidade da amostra
Fonte: Elaborado pela autora (2020)

51
3.3. Definição da População

A pesquisa é bastante focalizada e ganha a sua relevância por ser um assunto de importância
social. Portanto a pesquisa visa servir de um indicador através de uma empresa em específico
para possíveis estudos mais amplos.

Para Ramos & Naranjo (2014), população de estudo é o conjunto formado por todas as
unidades de análise ou por todas as características que são de interesse e que são relevantes,
para o investigador. A população desta pesquisa está dividida e 3 grupos:

- Os funcionários da AMA Equipamentos (22 funcionários);

- Os funcionários da sala de mercados do BCI.

3.3. Processo de Amostragem

O tipo de amostragem utilizado na pesquisa foi a amostragem por julgamento não probabilística
pois a coleta de dados será baseada em critérios previamente definidos, em que nem todo o
universo tem a mesma chance de ser entrevistado.

Amostragem não probabilística é aquela que não exibe fundamentação matemática ou


estatística, depende exclusivamente de critérios do pesquisador (Gil, 2008). A escolha deste
tipo de amostragem para a presente pesquisa, deu-se pelo facto da abordagem da pesquisa ser
qualitativa e portanto a autora identificou uma amostra que poderia responder as perguntas da
pesquisa.

3.5. Amostra

Os autores Marconi & Lakatos (2010) defendem que a amostra constitui uma parte
devidamente selecionada da população com o objectivo de efetuar uma análise.

52
A amostra é constituída por:

- 2 Funcionários da AMA Equipamentos: O Diretor Geral e a Gestora Financeira. Esta escolha


foi feita pelo facto de os colaboradores acima mencionados serem os maiores envolvidos/
relacionados com a presente temática.

- 1 Representante da sala de mercados do BCI – cidade da Beira. Esta escolha foi feita pelo
facto deste funcionário na sala de mercados ser o mais relacionado a comercialização de
pacotes de hedge.

3.5. Métodos de Coleta de Dados

Conforme Marconi & Lakatos (2003), o método é o conjunto de actividades sistemáticas e


racionais, que permite com a maior segurança e economia alcançar o objectivo, traçando o
caminho a ser seguido, detetando erros e auxiliando as decisões do pesquisador. Entende-se,
desta forma, que o método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários
para atingir determinado fim ou resultado desejado. Pode-se também definir método como o
conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração
da verdade.

Segundo Yin (2001), as evidências para um estudo de caso podem vir de 6 fontes distintas:
documentos, registos em entrevistas, arquivos, observação direta, observação participante e
artefactos físicos. Portanto, no que concerne aos métodos no processo de coleta de dados de
investigação, pode-se identificar 2 métodos, nomeadamente: método de coleta de dados
primários e secundários.

De acordo com Raupp & Beuren (2006, cit. em Gil, 1999), consideram-se dados primários
como sendo dados brutos que não receberam nenhum tratamento ou que ainda não foram objeto
de análise. Segundo este pensamento, dados primários são todos os dados recolhidos em
primeira mão, ou seja, no terreno em que se desenvolve a pesquisa, como é o caso duma
entrevista ou questionário, comparativamente aos dados secundários que já estão disponíveis,
como é o caso de relatórios, tabelas, entre outros.

53
3.5.1. Colecta de Dados Primários

A coleta de dados primários ou dados brutos consiste na recolha e análise de informações e


dados que ainda não estão disponíveis. Estes dados são obtidos com o propósito de abordar o
fenómeno do estudo, podendo permitir que o autor crie os seus próprios conjuntos de dados e
informações (Vergara, 2000). O método de coleta de dados primários que foi utilizado é a
entrevista. Marconi & Lakatos (2003) referem que a entrevista requer um conhecimento prévio
do campo e uma preparação cuidadosamente elaborada..

O processo de recolha de dados primários teve a duração de 1 quinzena (15 dias), a contar
desde a apresentação da credencial na empresa até ao fim de todas as entrevistas.

3.5.2. Colecta de Dados Secundários

A coleta de Dados secundários consiste na síntese de dados que já foram coletados por outras
fontes. Este tipo de informação pode ser útil pois fornece uma visão geral de um determinado
assunto. De acordo com os autores Cervo, Bervian & Silva (2007), os dados secundários são
colhidos em relatórios, livros, revistas, jornais, entre outras fontes.

Do ponto de vista da autora Barañano (2008), os dados secundários são dados previamente
recolhidos por outros investigadores ou instituições e com objetivos diferentes dos posteriores
utilizadores. Portanto de modo a tornar possível a recolha de dados secundários nesta pesquisa,
a autora escolheu a recolha a partir de fontes escritas e documentadas.

3.6. A Pesquisa quanto à forma de abordagem do Problema

3.6.1. Abordagem Qualitativa

A abordagem qualitativa segundo Marconi & Lakatos (2003), é aquela que consiste em
investigações de pesquisa empírica, com o objetivo principal de analisar características de
factos ou fenómenos através da coleta sistemática de dados.

54
Na presente pesquisa foi utilizada a abordagem qualitativa dado que se pretende avaliar um
fenómeno económico e social e tem como objetivo analisar a gestão de risco cambial da
empresa AMA equipamentos.

3.7. Quanto ao seu Objetivo

Tendo em conta os objetivos da pesquisa, pode-se ter: pesquisa exploratória, descritiva e


explicativa. Deste modo, o presente estudo enquadra-se como uma pesquisa descritiva, apesar
de que o tema “A Gestão do Risco Cambial para Pequenas e Médias empresas importadoras”
não ser um assunto novo, esta pesquisa tem como finalidade proporcionar mais informações e
conhecimentos sobre o assunto em alusão ao que foi possível pesquisar.

De acordo com Gil (2010), a pesquisa descritiva tem como objetivo principal a identificação
de possíveis relações entre variáveis, pois são observados, registados, analisados e
interpretados factos e fenómenos.

3.8. Quanto aos Procedimentos Técnicos

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a pesquisa é bibliográfica, uma vez que se fez
um levantamento preliminar da literatura com vista a evidenciar o que já foi pesquisado acerca
do assunto em alusão. Entretanto, no que concerne à fonte de coleta de dados, a pesquisa é
documental uma vez que buscou analisar os documentos e fontes escritas disponíveis e
relacionados com a temática.

55
CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1. Introdução

Neste ponto serão apresentados uma análise profunda dos resultados obtidos, por meio de
cruzamento dos dados e das teorias apresentadas na revisão de literatura. Neste sentido
pretende-se através da análise dos dados, responder as perguntas de pesquisa que sem dúvidas
vão de acordo com os objetivos da pesquisa.

De forma geral os dados serão apresentados em tabelas e alguns gráficos o que permitirá a
sistematização da análise e interpretação dos dados de acordo com o objetivos da presente
pesquisa.

4.2. Apresentação da AMA Equipamentos

A AMA Equipamentos é uma média empresa Moçambicana, fundada e registada no ano de


2009, na cidade de Nampula, na iniciativa de empreendedorismo desenvolvida pelo governo
da província de Nampula. A empresa tem a sua sede atual na cidade da Beira e conta com filiais
na cidade de Quelimane, na cidade de Pemba (Palma), e na cidade de Maputo. AMA
Equipamentos é uma empresa em nome individual que importa e comercializa equipamentos
médicos para todas as províncias de Moçambique.

A AMA Equipamentos teve um volume de negócios em 2018 de 62.539.070,00 meticais e que


apresentou no ano de 2018 um Resultado Antes de Impostos (RAI) de 8.256.112,00 meticais.
A Empresa começou a sua equipe de trabalho com apenas 3 colaboradores, incluindo o
proprietário. Hoje, 10 anos após a sua criação, a empresa conta com 22 colaboradores.

Missão: promover o desenvolvimento Económico e social através da prestação de serviço nas


diferentes áreas de trabalho.

Visão: Até 2022 tornar- se líder de mercado no fornecimento de equipamentos médicos e


aumentar o seu volume de negócios para 10 milhões de Dólares Anuais e sair da categoria de
PME.

56
Valores:

 Excelência
 Integridade
 Profissionalismo
 Honestidade

Figura 1: Logotipo da AMA equipamentos

Fonte: AMA Equipamentos, (2019)

As suas relações comerciais consistem na venda dos produtos ao Ministério da Saúde, as


Direções Provinciais de Saúde de Beira, Nampula e Maputo, a Visão Mundial, o Instituto de
saúde da Beira e o Fundo Humanitário Internacional, fornecendo equipamentos médicos que
vão desde mobiliário hospitalar (Camas medicinais, arquivadores, secretárias, cacifos, entre
outros), material médico (Estetoscópios, esfigmomanómetros, balanças com altímetro, entre
outros), e maquinarias (Aparelhos de hemograma, Máquinas de raio X, PIMA ou CD4 controle,
ecocardiogramas entre outros).Incluindo a prestação de serviços relativos a manutenção do
equipamento médico.

A AMA apresenta um convênio com o Ministério da Saúde, convênio esse que confere a
empresa um contrato de fornecimento a grande parte das unidades médicas e hospitalares do
país e por sua vez o Ministério da saúde efetua os pagamentos postecipadamente com duração
de 90 dias, ou por outra, o fornecimento do Material é feito e o seu pagamento vai de acordo
com a disponibilidade do orçamento geral do estado destinado a essa atividade.

57
Relativamente à aquisição dos equipamentos, a empresa conta com alguns fornecedores na
Ásia e o seu maior fornecedor, a ORIEMAC Holding Limited, empresa sediada em Singapura
e com sucursais por toda a parte da Ásia. Os pagamentos feitos aos seus fornecedores são
exclusivamente feitos em dólares norte-americanos USD. A empresa tem alianças estratégicas
com o seu maior fornecedor de Equipamentos na Ásia, tanto que importou em 2015
equipamentos no valor de 200.000,00 USD com o prazo de 4 anos para o pagamento.

As suas receitas provêm dos recebimentos dos seus clientes em Meticais. Os seus pagamentos
são realizados em parte em moeda local (referente às compras e serviços adquiridos) mas
também possui obrigações em Dólares (devido as compras que realiza com os seus
fornecedores no exterior). Relativamente a sua estrutura organizacional interna, abaixo
encontra-se o organograma da Empresa.

Figura 2: Organograma – AMA Equipamentos

Director
Nacional

Directores
Provinciais

Chefe
Representant Gestor
Administrativ
e Contratos Financeiro
o

Assistentes
Assistentes de Assistentes de
Administrativo
contratos Finanças
s

Oficiais de
Operações

Fonte: AMA Equipamentos, (2019)

A empresa contém o certificado internacional de qualidade ISO 2000 e foi considerada a 3ª


melhor PME no ano de 2016 e 2ª melhor PME no ano de 2017 pelo Ministério da Indústria e
comércio em parceria com o BCI no prémio 100 Melhores Pequenas e Médias Empresas na
categoria de melhor PME DO ANO.

58
Caraterização da Exposição ao Risco Cambial da AMA Equipamentos

A AMA Equipamentos tem uma parte da sua atividade em metical, porém por importar alguma
parte dos equipamentos para venda está exposta a obrigações em moedas estrangeiras. Na
totalidade das suas exposições existe uma situação que poderá ter um impacto significativo na
sua situação financeira. Esta situação é a dívida com o seu fornecedor ORIEMAC Holding
pelos equipamentos obtidos em 2015 no valor de 200.000,00 USD que no dia da sua realização
á 25/01/2015 correspondia a 7.000.000 de meticais.

A AMA possui outras exposições em moeda estrangeira de curto prazo, mas pela sua expressão
global reduzida e para a realização do caso prático não serão consideradas, ao contrário da
acima mencionada devido ao seu valor e impacto significativo. Contabilisticamente, a empresa
converte as suas operações em moeda estrangeira à taxa de câmbio média em vigor à data de
transação, disponibilizada pelo BM ou pelo BCI.

4.3 Análise e Interpretação dos Resultados de acordo com os Objectivos Propostos

Neste ponto serão apresentados e analisados os resultados de acordo com os objectivos desta
pesquisa de modo a que não obtenhamos resultados viesados e que seja possível seguir a
orientação e as diretrizes do que realmente se pretende alcançar com o presente estudo.

4.3.1 Evolução da taxa de Câmbio USD/MT – (2015-2018)

A Empresa detendo exposições em dólares e tendo a necessidade de realizar os pagamentos


nesta moeda, está sujeita ao seu câmbio. Assim, as taxas de câmbio USD/MT ganham uma
grande importância nesta pesquisa. No anexo III é possível verificar a evolução diária das taxas
de câmbio USD/MT disponibilizadas pelo BM, desde 01/01/2015 até a 31/12/2018. A taxa de
câmbio USD/MT é a principal taxa de referência para o comércio devido ao peso do dólar na
economia, pelo facto da comercialização das commodities ser realizada em dólares, e é através

59
dessa taxa que o BM aplica as principais medidas/reformas para proteger a sua moeda e as
reservas de Moçambique são em dólares.

De salientar, como referido na justificativa e na definição do problema, que á partir dos meados
de 2014 devido a instabilidade político militar e devido a eliminação do financiamento a
economia Moçambicana pelo FMI, o MT depreciou face ao USD, porém observaram-se
melhorias da situação á partir do ano de 2018. O gráfico abaixo é correspondente a evolução
das taxas de câmbio USD/ Metical no período de 2015 á 2018. A análise das oscilações
cambiais encontra-se apresentada em trimestres, começando do 1˚ trimestre de 2015 até ao 4˚
trimestre de 2018, totalizando 16 trimestres.

Gráfico 2: Evolução das taxas de câmbio USD/MT (2015-2018)

Fonte: BM, (2018)

 No 1˚ trimestre de 2015 a taxa de câmbio USD/MT encontra-se em média um pouco


acima de 32, o que paulatinamente vai aumentando até ao último trimestre do ano,
chegando a atingir a fasquia de 50. A partir de 2016 a tendência para as taxas de câmbio
continuou crescente, tendo uma variação percentual de 20% do primeiro trimestre até
ao 3˚ trimestre. Ao chegar ao 3˚ trimestre de 2016 a taxa de câmbio aproximou-se do
dobro do valor do 1˚ trimestre do ano anterior. Este acontecimento veio em simultâneo
a época em que o país perdeu os maiores financiadores da sua economia e exatamente
na época em que se vivia instabilidades a nível económico e político-militar.

60
 No 2˚ trimestre de 2017 a taxa de câmbio chegou a atingir o seu pico deste período em
análise, ao chegar a 70 USD/MT, mantendo-se na casa do 70 até ao último trimestre
que começou a decrescer. O ano de 2018 começou com uma ligeira tendência
decrescente, com a apreciação do metical face ao dólar, e o país vivenciou este cenário
até ao final do ano de 2018 com a taxa a flutuar entre 62 e 64.

A AMA Equipamentos devido às suas exposições em moeda estrangeira, associou-se ao risco


de ocorrência de uma situação desfavorável quando a taxa de câmbio sobe, obrigando a pagar
um valor maior em Metical pela mesma quantidade de dólares e uma situação favorável quando
a taxa de câmbio cai, podendo pagar um valor menor em metical pela mesma quantidade de
dólares.

4.3.2 O impacto da exposição cambial da AMA equipamentos na situação financeira da


empresa no período compreendido entre 2015 e 2018.

Após a apresentação da evolução da taxa de câmbio, a seguir será apresentada e analisada a


evolução e o impacto da exposição cambial da AMA equipamentos na situação financeira da
empresa no período compreendido entre 2015 e 2018.

61
Tabela 7: Peso da Dívida em USD nas contas da AMA Equipamentos (2015-2018)
MZN 9,600,000.00 Valor nas contas em 31/12/2015 Peso do valor nas contas da AMA
Ativo 55000000.00 17%
2015 Passivo 12567000.00 76%
Capital Proprio 42433000.00 23%
Disponibilidades 15678000.00 61%

MZN 13,000,000.00 Valor nas contas em 31/12/2016 Peso do valor nas contas da AMA
Ativo 52897878.00 25%
2016 Passivo 13534670.00 96%
Capital Proprio 39363208.00 33%
Disponibilidades 14542340.00 89%

MZN 14,000,000.00 Valor nas contas em 31/12/2017 Peso do valor nas contas da AMA
Ativo 54677631.00 26%
2017 Passivo 14178090.00 99%
Capital Proprio 40499541.00 35%
Disponibilidades 8970654.00 156%

MZN 12,400,000.00 Valor nas contas em 31/12/2018 Peso do valor nas contas da AMA
Ativo 60539070.00 20%
2018 Passivo 21805056.00 57%
Capital Proprio 38734014.00 32%
Disponibilidades 8154900.00 152%

Fonte: AMA Equipamentos, (2015-2018)

Observando o peso da dívida em USD sobre as contas da empresa, verifica-se que:

 2015: No ano em que o “acordo” foi efetuado entre a AMA Equipamentos e a


ORIEMAC Holding o peso da divida era de 17 % do total do ativo. Esta representava
76% do seu passivo e com o peso de 23% do seu capital próprio e 61 % das
disponibilidades;

 2016: Em 2016, com o valor em metical da divida a subir para 13.000.000 de meticais
devido as variações cambiais, o valor passou a representar 96% do passivo da empresa,
com um peso de 33% do capital próprio, significando que se a AMA desejasse liquidar
a divida nessa época poderia usar 33% dos seus Capitais Próprios;
 2017: Em 2017 a divida fecha nos empréstimos de Médio e Longo Prazo do balanço
em 14. 000.000 de Meticais o que é a situação extrema desta análise, representando
assim 152 % das disponibilidades da AMA Equipamentos, o que significa que seria

62
ainda assim necessário crescer em mais 56% para atingir a liquidação total da divida
em USD;

 2018: Em 2018, o valor da dívida permaneceu em 200.000 USD, mas o valor


correspondente em Meticais baixou para em média 12 400 000 Meticais, devido a
variação da taxa de câmbio. Tornando assim o peso da divida em 20% sobre o ativo e
seria necessário crescer mais 52% para atingir a liquidação da divida através das
disponibilidades.

4.3.3. Análise e Interpretação das Entrevistas feitas á AMA Equipamentos

A gestão do risco cambial é uma parte integral da gestão do risco relacionada ao risco que
advém da volatilidade cambial. A gestão do risco Cambial é necessária e é parte integrante da
gestão financeira moderna (Brealey, 2007). Tal justifica-se, também, por esta poder afetar o
valor das empresas que transacionam negócios internacionais.

No entanto para Antunes (2008) A instabilidade monetária e cambial que ocorreu na década de
70 permitiu a ascensão e o desenvolvimento de ferramentas de gestão do câmbio, considerando
essas ferramentas como o expoente máximo da “engenharia financeira”.

Neste ponto serão apresentados os resultados das entrevistas feitas a alguns colaboradores da
empresa em estudo. As entrevistas aparecem neste com a função de apurar factos que podem
advir da explanação por parte dos que vivem a realidade da empresa, especificamente na área
de interesse desta pesquisa. Após a apresentação será feita uma interpretação da informação
obtida de modo a subsidiar nas conclusões sobre o presente tema.

1. Possuía conhecimento do impacto que um aumento da taxa de câmbio poderia


causar no aumento da dívida ao longo dos 4 anos de prazo para o pagamento da
divida com a ORIEMAC?

63
DG: “Sim, Possuía o conhecimento deste facto”.

2. Quais foram as estratégias de proteção cambial que a AMA Equipamentos utilizou


para esta exposição?

GF: “A única estratégia que a AMA usou foi de esperar o momento oportuno para
fazer o pagamento da divida, ou seja o momento em que a taxa de câmbio nos fosse
mais favorável”.

3. Quais são as técnicas externas de proteção do Risco Cambial que conhece?


Considera vantajoso para as empresas usarem medidas de proteção de risco
cambial?

GF: “Não tenho conhecimento de nenhuma técnica oferecida no mercado


financeiro em Moçambique que nos pudesse ajudar a se proteger contra o cambio”
Acredito que seja vantajoso sim, pois no nosso caso especifico ao recorrer a uma
técnica de gestão de risco cambial talvez fosse possível diminuir o valor da divida
e o seu impacto nas nossas finanças”.

4. Para a realização e manutenção das técnicas de cobertura do risco cambial, esta


deve ser realizado por um departamento já existente na empresa ou deverá criar-se
um departamento especializado para tratar esta temática?

DG: “Seria dispendioso e desnecessário criar um departamento só para tratar de


gestão de risco cambial, pesa embora que por sermos importadores estamos
sempre expostos a esse tipo de risco.

Interpretação:

 As respostas obtidas mostram que a AMA Equipamentos, por parte do seu


Diretor Geral possui o conhecimento do risco cambial pelo qual a empresa

64
estava exposta e os possíveis impactos decorrentes de um aumento na taxa de
câmbio.

 Sobre as estratégias usadas pela a AMA Equipamentos para a proteção contra


o risco cambial foi possível ver claramente que a empresa conseguiu efetuar
uma técnica interna eficiente que foi a gestão de prazos para o pagamento da
divida, podendo assim esperar o momento favorável para o pagamento da
mesma.

 Quanto as técnicas externas de gestão de risco cambial, apurou-se que a Gestão


financeira da empresa não está a par das técnicas disponíveis no mercado
financeiro para a cobertura do risco cambial, apesar de considerar aceitável e
vantajoso o possível uso de técnicas para cobrir riscos cambiais.

 Quanto a existência de um departamento para tratar da gestão do risco cambial,


o Diretor Geral acredita ser desnecessário e dispendioso, pelo facto das
transações de importação feitas pela empresa apresentarem características de
exposição de risco apenas a curto prazo.

4.3.4 Análise das Entrevistas feitas ao BCI

Técnicas Externas de Cobertura de Risco

Sempre que os meios de cobertura internos não são suficientes, seja pela dimensão da
exposição ou pela falta de experiência da gestão na área de proteção de risco, devem ser
aplicados meios de cobertura externos para proteção desse mesmo risco (Porfírio, 2003).

1. Á partir de um artigo de pesquisa soube que o banco Comercial e de investimentos


oferece aos seus clientes algum tipo de sistemas de proteção cambial. Quais
exatamente?

65
RSM: “Sim, O BCI e todos os outros 4 bancos que oferecem os derivados no nosso
país, apenas oferecem o forward ou contrato á prazo e o swap Cambial.”

2. Como funcionam esses sistemas aqui no BCI?

RSM: “O forward é feito da seguinte maneira: o cliente/ empresa contacta-nos a


solicitar um contrato a prazo para pagamento de um certo valor dentro de um prazo
acordado. Sendo que com este contrato a empresa ganha a possibilidade de fixar uma
taxa de cambio standard (justa), se protegendo assim das variações cambiais que
podem surgir até o período do vencimento do contrato. Este período varia consoante
o tempo estipulado pode ser de meses como de no maximo 3 anos ”

O Swap Cambial ocorre quando dois investidores pretendem compra ou venda de


divisas. Em ambos os sistemas e necessário conhecer a estrutura da empresa para
definir o melhor sistema a aplicar.

3. Qual foi a adesão de empresas com o objetivo de celebrar contratos de hedge no período
de 2015 á 2018?

RSM: “Por acaso nesta época algumas empresas decidiram fazer contratos forwards
com o banco, mas isso a partir dos meados de 2015 quando o dólar começou a subir
rigorosamente. Mas em termos gerais são poucas empresas ca na Beira que solicitam
contratos de hedge com o banco.”

4. Qual é o sector de atividade de empresa que mais tem aderido a utilização de hedge
para se proteger de eventuais riscos cambiais? Qual dos 2 instrumentos de hedge te
mais aderência e porquê?

66
RSM: “No que diz respeito ao sector de atividade das empresas é uma diversificação
de clientes, sendo a característica comum o facto de mais de 90% dos clientes dos
sistemas de hedge serem importadores e usarem o forward pelo simples facto de ser o
único instrumento que oferecemos que se encaixa para a proteção das importadoras”

De acordo com a entrevista tornou-se possível constatar que:

 O Banco contactado (pelo facto de ser o banco que trata das transações internacionais
da AMA Equipamentos) oferece apenas 2 sistemas de hedge que são o Swap Cambial
e o Contrato á prazo ou Forward;

 É importante referir que o Swap Cambial deve ser excluído deste estudo de caso em
específico como técnicas de cobertura do risco cambial pois o mesmo tem como os seus
principais destinatários empresas que tem como intenção a realização de investimentos
financeiros em moeda estrangeira (Medeiros, 2003);

 O swap cambial é um acordo entre duas partes para trocarem pagamentos – de capital
e/ou juros, por um período de tempo e tem como objetivo a mudança dos fluxos
financeiros normalmente associados a financiamentos (Porfírio, 2003). Assim, a
finalidade dos swaps não se enquadra no caso da AMA Equipamentos que tem como
objetivo a proteção no pagamento e não a realização de investimentos em moeda
estrangeira ou a necessidade temporária de outra divisa;

 Pode-se perceber também que a procura de sistemas de hedge pelas empresas aumentou
muito á partir dos meados de 2015 e maior parte das empresas que adere a esses
sistemas são importadoras com o objetivo de se proteger e recorrem ao uso do forward;

 De acordo com o ponto referenciado na Revisão da Literatura teórica, os contratos de


futuro são apenas comercializados nas bolsas de valores e não no mercado balcão

67
(Porfírio, 2003). E no caso específico de Moçambique conforme o estudo de Juliete
(2019) a BVM não comercializa nenhum sistema de hedge.

 Infelizmente Moçambique ainda não atingiu o grau de maturidade financeira em que


existe um mercado organizado para a comercialização de instrumentos de hedge, este
pensamento vai de acordo com o pensamento de Medeiros (2003) que reitera ser um
caso específico de Países em via de desenvolvimento.

 A entrevista acima apresenta resultados não muito diferentes dos resultados da pesquisa
de Sónia (2013) que ao estudar a problemática do risco cambial em Cabo Verde
deparou-se com um cenário semelhante, nos seguintes aspectos :

1. Não existência de um mercado organizado para comercialização das taxas de


câmbio;

2. A Bolsa de valores do país só comercializa títulos, obrigações entre outros e nada


de instrumentos derivados (neste caso hedge);

3. Um número reduzido de bancos que oferecem apenas 1 ou 2 instrumentos de hedge


dos 4 existentes;

Nesta ordem de ideias a única técnica externa disponível e que se enquadra para cobertura de
riscos para o caso da AMA Equipamentos é o Forward/contrato á prazo.

68
CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Introdução

Este é o último capítulo da presente pesquisa, e tem como objetivo apresentar as conclusões
dos aspetos investigados ao longo da pesquisa intitulada: “A Gestão do Risco Cambial para
Pequenas e Médias Empresas Importadoras em Moçambique, Estudo de caso: AMA
Equipamentos (2015-2018) ”. O presente capítulo visa também responder as perguntas desta
pesquisa e por obséquio apresentar recomendações a AMA Equipamentos e aos futuros
pesquisadores desta Temática.

5.2. Conclusões

O comércio Internacional é uma solução inegável para as empresas comercializarem os seus


produtos e/ou serviços e para se beneficiarem das vantagens comparativas existente entre os
países do Mapa-múndi. No entanto toda e qualquer atividade comercial engloba riscos de
diversas origens e naturezas. O conhecimento do risco e a sua gestão é um fator imprescindível
para a administração e gestão das empresas e dos negócios nelas efetuados.

O desenrolar do presente estudo teve como objetivo a análise da gestão do risco cambial para
PME importadoras em Moçambique com o estudo de caso da média empresa importadora de
equipamentos médicos, AMA Equipamentos no período compreendido entre 2015 e 2018. De
um modo geral a pesquisadora foi capaz de alcançar os objetivos pré-concebidos durante a
criação da pesquisa. Isto relativamente ao objetivo geral e de igual modo aos específicos.

Referente a 1ª pergunta de pesquisa: “Qual foi o impacto que o risco cambial teve para as
finanças da AMA Equipamentos no período de 2015 á 2018?” Foi possível concluir que o risco
cambial teve um impacto negativo para as finanças da AMA equipamentos. Pelo que foi
possível observar que o peso da exposição cambial nas contas da empresa aumentou ao passar
dos anos.

A AMA Equipamentos apresentava uma exposição cambial de longo prazo que serviu de
referência para observação do impacto do risco cambial nas contas da empresa. A exposição

69
resumia-se em uma dívida com o seu fornecedor no valor de 200.000 USD - correspondente a
7.000.000 meticais (com a taxa de cambio média do dia da realização da dívida) tendo 4 anos
como prazo de pagamento.

A implicância da evolução desta dívida de acordo com a evolução da taxa de câmbio indicou
que o peso da divida em USD da AMA Equipamentos sobre as suas disponibilidades aumentou
de 2015 até 2017. Chegando ao seu extremo no fecho do ano de 2017 em que o valor da divida
atingiu em metical o dobro do valor da data de realização da mesma.

Chegando a 14.000.000 de meticais este valor excedeu o valor das disponibilidades em 56%,
significando que caso a empresa decidisse liquidar a sua dívida na totalidade em 2017 deveria
aumentar o seu esforço financeiro em 56%. O peso desta dívida sobre as contas da empresa
começou a reduzir a partir do ano de 2018 em simultâneo com a apreciação do MT face ao
USD.

Através da entrevista realizada ao Diretor Geral e a Gestora Financeira da AMA Equipamentos,


tornou-se possível responder a 2ª pergunta de pesquisa: Quais foram as estratégias de Gestão
de risco cambial usadas pela AMA Equipamentos?

Ora os resultados da entrevista levaram a concluir que a AMA Equipamentos percebe a


importância da gestão do risco cambial e mesmo sem saber descrever ao certo, usou no período
em análise 1 técnica de proteção interna do risco cambial que é a Gestão de prazos. Porém a
empresa não tem conhecimento sobre nenhum sistema externo de cobertura cambial mas
acredita que caso tivesse conhecimento, teria aderido ao mesmo na altura que efetuou a dívida
de 200.000 USD na Singapura.

Podemos chegar a conclusão de que uma gestão eficaz dos risco cambial é crucial para a AMA
Equipamentos por ser uma importadora e estar sempre sujeita a exposições em moedas
estrangeiras, principalmente o USD. Foi possível concluir também que a empresa apesar de
considerar importante usar estratégias ou técnicas para gerir o risco cambial, não acredita ser

70
necessária a criação de um departamento específico na AMA Equipamentos só para tratar do
risco cambial, devido aos custos envolvidos nisto.

Relativamente a 3ª pergunta de pesquisa: Quais são as técnicas externas de proteção cambial


em Moçambique que se adequam a realidade da AMA Equipamentos?

Foi possível constatar que das diversas técnicas externas de proteção cambial existem apenas
2 sendo comercializadas em Moçambique. Através da entrevista realizada ao representante da
sala de mercados do BCI na cidade da Beira foi possível concluir que: o mercado organizado
em Moçambique (BVM) não oferece instrumentos de hedge/ de proteção cambial externa. E
de acordo com a revisão da literatura usada nesta pesquisa um dos instrumentos de hedge só
pode ser comercializado nas bolsas de valores que é o contrato de futuros, portanto já está
excluída a sua disponibilidade.

Nesta ordem de ideias, chegou-se a conclusão de que o mercado balcão oferece apenas 2
instrumentos de hedge que são: os forwards e os swaps cambiais. Entretanto, para o caso
específico da AMA Equipamentos o swap não se aplica pois este serve como uma troca de
indexadores, ficando somente com a disponibilidade do forward com instrumento externo que
se adequa a realidade da Ama Equipamentos.

5.3. Recomendações
5.3.1. A Empresa AMA Equipamentos

Para a empresa AMA Equipamentos recomenda-se a cobertura de Risco Cambial, uma vez que
a empresa contem exposições correntes e não correntes devido a importação de equipamentos
médicos em diversos países da Ásia e usar o USD como moeda de referência nestas transações.

71
Técnicas Internas de Cobertura de Risco para AMA Equipamentos:

A AMA Equipamentos deverá optar, em primeiro lugar, por técnicas de cobertura interna. Estas
técnicas apresentam vantagens porque são geridas pela própria empresa, mas devem ser
executadas com ponderação dependendo da estrutura da organização e do seu conhecimento
das operações.

Das técnicas internas estudadas e descritas no ponto 2.3.4 e considerando as características da


exposição em moeda estrangeira da AMA Equipamentos, a única técnica interna que poderia
ter sido usada ao decorrer da exposição de medio e longo prazo é exactamente a tecnica que
foi usada pela empresa a Gestão de Prazos, Dado que a exposição em moeda estrangeira era
com uma empresa na qual a AMA Equipamentos tem aliança estratégica e relação fortificadas
existe um grau de flexibilidade e de confiança que poderia permitir a AMA o prolongamento
ou adiantamento dos seus pagamentos mediante o câmbio em vigor na data de pagamento.

Todavia as outras técnicas internas não podiam ser aplicáveis, pelos seguintes motivos
descritos abaixo:

 A escolha da moeda de faturação (Matching) não se poderia aplicar neste caso,


porque a divida foi realizada em dólares e o seu reembolso teria de ser realizado na
mesma moeda;

 Não existia a possibilidade de realizar compensação de saldos porque pela informação


disponibilizada pela empresa, a ORIEMAC Holding não possui qualquer dívida perante
a AMA Equipamentos;

Entretanto Para Casos Futuros :

A empresa deverá ter em consideração a actual situação e a tendência observada das variáveis
económicas em Moçambique de modo a efetuar a gestão do risco cambial de forma eficiente.
Com um leque de disponibilidade de técnicas internas de gestão de risco, a empresa deverá
antes da realização da exposição cambial tomar a decisão da técnica interna que mais se encaixa
na situação da empresa.

72
Por exemplo, logo na decisão de importação de equipamentos, dependendo do poder de
barganha, a AMA equipamentos ainda tem a chance de optar pela técnica de cláusulas
contratuais, que podem dar a possibilidade de cobrir a sua exposição ao risco cambial através
do ajustamento dos preços a evolução cambial que decorre no mercado. A técnica do pronto
pagamento seria uma opção recomendada a AMA equipamentos para casos futuros em que
houvesse uma previsão do aumento da taxa USD/MT, mas isso dependeria claro da situação
de tesouraria da empresa. E a Gestão de Prazos continua sendo uma técnica eficiente na gestão
do risco cambial, e ela tem a vantagem de poder ser posta em ação mesmo depois da exposição
já existir.

Técnicas Externas de Cobertura de Risco para AMA Equipamentos

Para o melhor enquadramento do problema a realidade do país em que a empresa se insere, e a


disponibilidade de instrumentos de hedge em Moçambique a autora deparou-se com apenas 1
sistema de hedge recomendável a AMA Equipamentos, o Forward da taxa de câmbio.

O Forward Cambial

O Uso do Forward encaixar-se-ia perfeitamente na situação da AMA Equipamentos porque o


forward é o mais acessível dos sistemas de hedge e a sua contratação iria permitir fixar o
montante a pagar em metical ao fim dos 5 anos para a ORIEMAC, de acordo com a evolução
das taxas deste período protegendo a empresa de uma eventual apreciação do USD.

Entretanto o uso de uma técnica externa de cobertura cambial deve ser feito logo no período
da criação da exposição, pois o forward / contrato a prazo deve ser feito no momento Inicial.
A empresa junto a um banco comercial poderia fixar o valor da anuidade a pagar em metical,
independentemente da oscilação cambial naquele ano. E de acordo com a regra do sistema
forward poderia assim actualizar o contrato e renovar a taxa de câmbio a se usar no ano
seguinte.

No uso deste sistema seria muito importante que a empresa estivesse a par da situação
económica e cambial na altura da criação do forward e na sua actualização periódica. A regra
do jogo na utilização de um forward é bastante simples e compreensível. A empresa ganha a

73
possibilidade de amenizar o risco de perda, porém deve estar ciente que elimina qualquer
possibilidade de ganho (neste caso o ganho significa a diminuição do valor da dívida em
metical). O Período em estudo previa depreciação contínua do metical face ao dólar, portanto
poderia ser uma boa altura para usar este sistema de hedge, pois as probabilidades de minimizar
os riscos causados pela oscilação cambial eram maiores, visto que as taxas de câmbio do
forward são sempre baixas em relação as taxas em vigor no momento da criação do contrato.

Recomenda-se a AMA Equipamentos para situações futuras:

 Avaliar o tamanho da exposição cambial a que está sujeita, tomar a decisão sobre cobrir
ou não este risco cambial;

 Caso decida efetuar a cobertura com recurso a uma técnica externa de cobertura de risco
cambial, deve contactar o banco que faz as suas transações internacionais (BCI) ou
qualquer um dos 4 Bancos nomeadamente: Standard Bank, BancABC, Banco Único e
o Millenium BIM.

5.3.2. Aos Futuros Pesquisadores

Uma pesquisa que aborda questões de gestão financeira quer para diversas áreas como é o caso
da Administração de negócios, da contabilidade e da economia, proporciona uma vasta gama
de conhecimentos e informações não só ao pesquisador, mas a todos os utilizadores da
informação. De facto, quanto às linhas de investigação futura, considera-se de extrema
importância que este assunto seja cada vez mais explorado no país, pois tem sido de certa forma
negligenciado e é imprescindível para o ramo de gestão de negócios e comércio internacional.

Portanto, recomenda-se aos futuros pesquisadores que tal pesquisa seja mais desafiadora,
podendo construir uma abordagem quantitativa geral e não particular, apelando assim a
representatividade de empresas nas quais possa se fazer o estudo do risco cambial em
Moçambique. O presente estudo serve como indicador de um problema existente para uma
PME importadora ao longo do tempo, neste contexto a autora recomenda aos futuros

74
pesquisadores um estudo mais amplo e generalizado, em que num universo de todas as PME
Importadoras em Moçambique escolha se a amostra representativa para elaborar o estudo.

Outro aspeto a ser estudado em volta desta temática é o desenvolvimento do uso de técnicas
externas de proteção cambial como solução para a cobertura de risco cambial em Moçambique.
O Porquê de Moçambique não ter um mercado organizado a comercializar os sistemas de
hedge. O incentivo a uma visão moderna do uso de instrumentos de hedge. E junto do mercado
Balcão (OTC) apurar a proporção das PME que têm conhecimento que os bancos
comercializam sistemas de hedge.

E por fim a autora recomenda aos futuros pesquisadores a abordagem da Gestão do Risco
Cambial numa perspetiva de melhoria da competitividade para as PME em Moçambique de
modo a que estes futuros estudos possam indicar as PME a necessidade e a importância de uma
Gestão de Risco Cambial eficiente para o crescimento de uma organização.

75
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78
APÊNDICES

79
I. Requisitos exigíveis para o Processo de Importação

Identificação do operador;

Certificado do Licenciamento (válido) da atividade da empresa ou nº do mesmo;

Certificado de Licença de Importador Ocasional;

Capacidade e poderes de representação para o ato (procuração);

Número de Identificação Fiscal (NIF), início de atividade (modelo 110);

Título de propriedade (B/L ou Carta de Porte) à ordem do importador ou com pertence


reconhecido;

Factura Pró-forma ou Definitiva;

Certificado de origem;

Apólice de seguro;

Factura de frete ou averbamento no Titulo de propriedade de "Frete Pago" se o produto for


adquirido no regime FOB (free on board - o comprador é responsável pelo transporte seguro
da carga, outros custos e riscos).

80
II. Preparação da Entrevista

Passos necessários Descrição

As entrevistas realizadas pretendem dar


resposta ao seguinte ponto da pesquisa
Enquadramento da Entrevista problema de estudo:
- Qual foi a da Gestão do risco cambial feita
pela AMA Equipamentos .

DG: Director Geral


Entrevistados
GF: Gestora Financeira

AMA Equipamentos, Cidade da Beira,


Local da Entrevista
Matacuane

Prazo 15 Dias

Impressão do Guião
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Apesar de ser uma análise de conteúdo às
palavras transcritas do entrevistado, deve-se
ter em conta:
- O estado de espírito do entrevistado
Critérios gerais a ter em
(confiança, confusão, constrangimento…);
Conta
- Linguagem corporal;
-Tonalidade E ritmo da linguagem do
entrevistado;
- Ambiente onde a entrevista é realizada.

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III. Guião de Entrevista aplicado à AMA Equipamentos

Agradeço a colaboração de V. Excia ao responder estas questões da Entrevista, de carácter


confidencial, e cujos dados se destinam, unicamente para a elaboração do Trabalho de Fim de
Curso, cujo tema é “Risco cambial nas Pequenas e Médias empresas importadoras”, obrigação
parcial para a obtenção do grau de Mestrado em Administração e Gestão de Negócios, pela
Universidade Católica de Moçambique na cidade da Beira.
Para quaisquer informações adicionais, poderá contactar: Naisse Mutaca, pelo número de
telemóvel (843671151) ou por correio electrónico (nmutaca@gmail.com).

1. Possuia conhecimento do impacto que um aumento da taxa de câmbio poderia causar


no aumento da dívida ao longo dos 4 anos de prazo para o pagamento da divida com a
ORIEMAC?

2. Quais são as medidas ou técnicas de proteçãao cambial que a AMA Equipamentos


utilizou para esta exposição?

3. Quais são as técnicas externas de proteção do Risco Cambial que conhece? Considera
vantajoso para as empresas usarem medidas de proteção de risco cambial?

4. Para a realização e manutenção das técnicas de cobertura do risco cambial, esta deve
ser realizado por um departamento já existente na empresa ou deverá criar-se um
departamento especializado para tratar esta temática?

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IV. Guião de Entrevista aplicado a sala de mercados do banco BCI

Agradeço a colaboração de V. Excia ao responder estas questões da Entrevista, de carácter


confidencial, e cujos dados se destinam, unicamente para a elaboração do Trabalho de Fim
de Curso, cujo tema é “Risco cambial nas Pequenas e Médias empresas importadoras”,
obrigação parcial para a obtenção do grau de Mestrado em Administração e Gestão de
Negócios, pela Universidade Católica de Moçambique na cidade da Beira.
Para quaisquer informações adicionais, poderá contactar: Naisse Mutaca, pelo número de
telemóvel (843671151) ou por correio electrónico (nmutaca@gmail.com).

1. Á partir de um artigo de pesquisa soube que o banco Comercial e de invéstimentos


oferece aos seus clientes algum tipo de sistemas de proteção cambial. Quais
exactamente?

2. Como funcionam esses sistemas aqui no BCI?

3. Qual foi a adesão de empresas com o objectivo de celebrar contratos de hedge no


período de 2015 á 2018?

4. Qual é o sector de actividade de empresa que mais tem aderiado a utilização de hedge
para se proteger de eventuais riscos cambiais?

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Anexos

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Anexo I: Credêncial

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Anexo II: Declaração de Confidencialidade

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Anexo III: Taxas de Câmbio USD/MT 2015-2018

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