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09/01/2021

PSICOSSOMÁTICA
ATUALIZAR PLANO E PROGRESSO

O quarto azul, Picasso

HISTÓRICO

 Psicossomática: termo que designa o campo de estudo das relações


mente-corpo;

 O termo começou a ser utilizado nas primeiras décadas do séc. XX


(1939 – EUA criou uma sociedade médica com este nome);

 No entanto, as idéias e práticas desta interação (mente-corpo) está


presente desde o início da história da medicina;
 É importante explorarmos os diferentes modelos de compreensão
das relações mente-corpo ao longo dos tempos;
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HISTÓRICO – CONCEPÇÕES DA CORPOREIDADE E DA SAÚDE

 Antiguidade:
 Relação Homem-Mundo: maior proximidade com o mundo natural;
 Pensamento animista;
 Doença: compreendida como violação de algum tabu, ofensa aos deuses e espíritos, de modo que a cura é dada pelo
reestabelecimento da ligação do homem com o mundo espiritual;
 O poder da Palavra:
 De acordo com Levy-Strauss, antropólogo, há uma semelhança entre o xamã e o psicanalista, pois ambos crêem no poder
das palavras, pelo efeito psicológico que elas proporcionam;
 Pode-se dizer que as técnicas xamânicas são precurssoras do transe e sugestão (hipnose), Psicodrama, Análise dos sonhos e
do uso da imaginação de forma terapêutica, realinhando o sujeito ao mito coletivo do qual faz parte.

MODELO GREGO

 Filosofia: processo de separação do mitológico;


 Leva a uma separação entre o espiritual e o material;
 Mantém a ideia de uma 1ª realidade cosmológica (princípio cósmico de construção do universo) –
prevalência da ordem racional.
 Filosofia e relação corpo-alma:
 Sócrates:
 Os males do corpo provém da alma;
 Saúde: promovida pela sofrosine ou temperança

 Platão:
 Ênfase na importância da palavra no processo da cura;
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MODELO GREGO

 Hipócrates:
 Examinava cuidadosamente seu paciente
 Conversava, buscava as queixas, circunstâncias nas quais se iniciaram, hábitos e condições de vida
(Prática de conversar com os parentes do paciente sobre o que sabiam a respeito de sua
doença);
 Descreveu e classificou quadros melancólicos, maníacos, paranoicos (Interesse por temas psicológicos);
 Interesse pela concomitância dos aspectos mentais e físicos: descrição dos delírios dos tuberculosos,
estados confusionais agudos seguido de grave hemorragia;
 Alternância psicossomática (o surgimento de uma disenteria pode aliviar um quadro um quadro
de loucura);

IDADE MÉDIA

 Declínio no desenvolvimento das concepções e das práticas médicas,


principalmente referente aos processos mentais.

 Domínio da igreja – funções mentais passaram para o domínio exclusivo dos


sacerdotes; médicos limitados aos males do corpo.

 Exceção de John Weyer – concebia que grande número de torturados e


queimados por bruxaria eram infelizes doentes mentais.

Quaisquer perturbações mentais eram atribuídas às possessões


demoníacas – rituais de exorcismo ou castigo como forma de
curá-las.
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IDADE MODERNA

Modelo Cartesiano Modelo Romântico


 Separação substancial entre corpo e alma,  Contesta o racionalismo cartesiano – ênfase
que mantém ainda certa união confusa; no irracional (“tempestade e ímpeto”);
 Substituição do termo alma por mente;  Homem como unidade global e individual;
 Concepção maquínica do corpo:  Não se pensa em tratamentos específicos
 Determinismo e causalidade linear. para cada doença, mas específicos para cada
doente;
 Relação íntima entre corpo e mente.

HISTÓRICO - MODERNIDADE

 Diferentes teorias sobre a relação entre mente e corpo:

 Teorias mentalistas: colocam que o corpo e a matéria só existem para uma mente, sendo essa a fonte de seu sentido;
 Teorias materialistas: a mente está subordinada à matéria, ou seja, aos estados cerebrais;
 Teorias dualistas: mantém como distintos mente e corpo, e os relacionam de formas diferentes.
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HISTÓRICO
• 1808: Heinroth (psiquiatra alemão) – estuda a insônia. 1º uso do termo
psicossomática
• 1828: 2 termos – Psicossomática (poder da mente sobre o corpo) e
somatopsíquico (quando o orgânico afeta o mental);
• 1900: Freud e a Psicanálise
• 1922: Deutsch: cria o termo Medicina Psicossomática
• 1935: H. Dunbar – funda as bases da formação da Medicina Psicossomática, como
área separada da Psiquiatria e da Psicologia
• 1939: Sociedade Americana de Medicina Psicossomática
• 1930: Pavlov e Canon – Psicofisiologia, relacionando as variáveis psicológicas e
fisiológicas;
• 1920-30: Gestalt – Noção de totalidade
• 1956: Seyle – Síndrome geral de Adaptação – Estresse.

HISTÓRICO – FINAL DO SÉCULO XIX


Psicossomática evoluiu em três fases:

 Inicial ou psicanalítica - com predomínio dos estudos sobre a gênese


inconsciente das enfermidades, sobre a teoria da regressão e sobre os
benefícios secundários do adoecer.

 Intermediária, ou behaviorista - caracterizada pelo estímulo à pesquisa


em homens e animais, tentando enquadrar os achados à luz das ciências
exatas e dando um grande estímulo aos estudos sobre estresse.

 HOJE: Atual, ou multidisciplinar – em que vem emergindo a


importância do social e da visão da Psicossomática como uma atividade
essencialmente de interação, de interconexão entre diferentes profissionais
de saúde.
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LE SHAN: 3 PRINCÍPIOS DA TEORIA PSICOSSOMÁTICA


CONTEMPORÂNEA

1. O indivíduo existe em muitos níveis/domínios, todos de igual importância;


2. Cada pessoa é única e deve ser tratada como tal;
3. O doente deve ser encorajado a ter autonomia no processo de cura.

Entretanto, critica-se sobre o pensamento contemporâneo a falta de um modelo


conceitual claro que permita compreender a relação psicossomática.

O CORPO TRANSDISCIPLINAR
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MÚLTIPLAS CORPOREIDADES

 Corpo 1: Corpo físico


 Corpo 2: Corpo vivido
 Corpo 3: Corpo imaginarizado
 Corpo 4: Corpo Outro
 Corpo 5: Corpo pulsional
 Corpo 6: Corpo objeto de técnicas terapêuticas
 Corpo 7: Corpo expressivo
 Corpo 8: Corpo religioso
 Corpos 9, 10, 11...

CORPO FÍSICO

 Corpo objeto, cujo modelo é o da dissecação anatômica, mecanismo biológico;


 Modelo Biomédico:
 Tem base nas pesquisas fisiológicas;
 Concebe a doença como um desvio da normalidade, um desequilíbrio não natural;
 Biologicista, atomicista, determinista, baseada nos desenvolvimentos científicos;
 Abordagem semiológica;
 Separação entre o físico e o mental;
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CORPO VIVIDO

 É o corpo que se sente como parte do sujeito;


 Há um grande valor narcísico do corpo vivido;
 A corporeidade se estende a objetos, vestimenta, nome próprio;
 Há uma tradução das vivências emocionais, morais e sociais em sensações corporais;
 É um corpo pessoal, que vai além da generalidade do corpo físico, pois possui significados singulares;

CORPO PULSIONAL

 Final do século XIX - Freud:


 As reações humanas, normais ou patológicas, guardam relações de sentido e podem ser compreendidas.
 História do homem – contribui para compreender os sentidos que foram se formando ao redor de diversas
experiências corporais.
 Para a Psicanálise, o paciente psicossomático sofre de pobreza do mundo simbólico, psique pouco elaborada e
pensamento operatório, concreto ou pragmático, com pouca ligação com o inconsciente. Por estresse,
impossibilitado de simbolizar, somatiza;

“O corpo é amálgama de vida e morte; a psique é tanto corpo quanto símbolo”. (p. 57).
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CORPO COMO OBJETO DE DIFERENTES TÉCNICAS TERAPÊUTICAS

 Técnicas ocidentais:
 Corpo físico, mas também um corpo vivo, embora adoecido;
 Marcado pela funcionalidade, e a reabilitação é o retorno ao estado funcional;
 Técnicas orientais:
 Marcado pela circulação energética de princípios elementais;

Cada técnica desenha uma determinada visão do corpo, que responde à perspectiva de mundo da qual parte a
terapêutica.

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