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Genética
1.1. Os agentes responsáveis pela transmissão das características genéticas
Palavras-chave:
Cromossoma – Pequeno corpúsculo filiforme que está no núcleo das células. É portador e transmissor
de ADN, podendo conter milhares de genes. Diferentes cromossomas contêm diferentes genes.
Apresentam-se aos pares e o seu número é constante para cada espécie.
Gene – Segmento indivisível de ADN responsável pelo armazenamento de informação genética e sua
transmissão à geração seguinte. Considerando como a unidade funcional do material genético,
influencia o funcionamento e o desenvolvimento de todas as partes do nosso organismo. - Olhos, pele,
ossos, sangue, etc.
O que nos faz ter semelhanças com pais, avós ou tios? E o que nos torna únicos, apesar dessas
características partilhadas?
Uma parte chave desse mistério está na hereditariedade ou conjunto de processos que asseguram
que cada ser vivo recebe e transmite informações genéticas através da reprodução. Tudo começa na
fecundação do óvulo pelo espermatozoide e na criação do ovo ou zigoto, um organismo unicelular
que dá origem a todas as células do nosso corpo. As células reprodutoras - óvulo e espermatozoide -
são, pois, as responsáveis pela transmissão das características genéticas ou hereditárias.
O ovo ou zigoto carrega a nossa informação genética. Esta informação está contida nos cromossomas.
Da mãe herdamos 23 cromossomas, que se emparelharam com 23 do pai, totalizando 46
cromossomas que formam o cariótipo humano. Um destes pares contém informação sobre o nosso
sexo, determinando se és rapariga (dois cromossomas X, herdados dos dois progenitores) ou rapaz
(um cromossoma X herdado da mãe e um cromossoma Y herdado do pai).
Ao contrário das restantes células do nosso corpo, o óvulo e o espermatozoide possuem apenas
metade da informação genética do indivíduo. Durante a formação das células sexuais (ou gâmetas)
ocorre uma redução para metade do número de cromossomas, através de um processo de divisão
celular chamado meiose. Isto é, para desempenhar a sua função na transmissão da informação
genética do progenitor, cada gâmeta transporta apenas 23 cromossomas.
A partir da formação do zigoto ocorre um outro processo de divisão celular que permitirá o
desenvolvimento do embrião, a mitose. A mitose dá lugar à formação do novo organismo e a milhares
de milhões de células, contendo cada uma delas 46 cromossomas.
Cada um dos 46 cromossomas contém milhares de mensageiros chamados genes. Os genes são
segmentos indivisíveis que, em conjunto, formam uma macromolécula em dupla hélice, o ADN (ou
ácido desoxirribonucleico).
Tal como acontece com os cromossomas, também os genes formam pares, reunindo informação de
cada um dos progenitores em alelos. Como existem diferentes versões de um mesmo gene (por
exemplo, olhos azuis ou olhos castanhos, cabelo escuro ou cabelo claro), os pares de alelos podem
incluir genes iguais ou diferentes entre si (ou seja, homozigóticos ou heterozigóticos, respetivamente)
e podem ainda incluir genes dominantes ou recessivos.
Um gene dominante faz com que a característica seja revelada sempre que esse gene está presente.
Um gene recessivo, por outro lado, só faz refletir a característica quando emparelhado com um outro
gene recessivo. Esta regra, tem, uma exceção: no caso das características genéticas associadas aos
cromossomas sexuais, no homem, a presença do gene recessivo num dos cromossomas do par (X ou
Y) é suficiente para a expressão do gene.
Embora algumas características biológicas possam ser explicadas apenas pela informação contida num
par de genes, na maior parte dos casos as características manifestas são resultado da combinação de
vários genes. Às características que são determinadas por apenas um gene chamamos mendelianas.
Por outro lado, as características que resultam de complexas combinações de genes são designadas
de poligénicas.
Em conjunto, todos os genes formam o genoma humano, a coleção dos nosso ADN.
Genótipo - Conjunto total de genes de um organismo individual, que corresponde, no ser humano,
cerca de 20 a 25 mil genes. Está inscrito nos cromossomas e pode ou não se exprimir, de acordo com
as leis da hereditariedade e as particularidades do meio.
Hereditariedade específica - Conjunto dos genes que caracterizam uma determinada espécie, por
exemplo, a espécie humana.
As investigações mais recentes no campo da genética, têm mostrado que a maior parte das
características que herdamos são poligénicas e que a sua expressão é continuadamente influenciada
por fatores ambientais.
☺ Apesar de na transmissão hereditária existir uma continuidade regida por leis, a combinação
de traços poligénicos torna único o nosso genótipo, isto é, a nossa constituição ou mapa
genético individual.
☺ O genótipo contém informação que é ativada e se expressa no fenótipo, mas também reúne
informação que não se manifesta.
O meio desempenha uma importante influência na transmissão, expressão e mutação dos nossos
genes.
O meio ambiente é tão importante como a herança genética na definição de quem somos e no
desenvolvimento das capacidades que nos tornam únicos.
Os cientistas da genética comportamental, exploram as influências que cada uma destas forças tem
no ser humano, recorrendo, essencialmente, a quatro métodos de investigação:
Preformismo – Antiga teoria biológica, segundo a qual o desenvolvimento de um embrião não é mais
do que o crescimento de um organismo que estava, à partida formado.
A história evolutiva da nossa espécie, a filogénese do ser humano, mostra como o desenvolvimento
do cérebro (encefalização) e as mudanças no comportamento nos permitiram adquirir vantagens
únicas que nos diferenciam das restantes espécies.
Entre os processos evolutivos que nos conduziram às excecionais capacidades cognitivas, sociais,
relacionais e morais de um cérebro único em todo o reino animal encontram-se:
☺ A locomoção bípede (caminhar sobre os dois pés e adotar uma postura vertical);
☺ A utilização das mãos, agora livres para tarefas progressivamente mais hábeis;
☺ A criação de uma parafernália de objetos e a aprendizagem de técnicas e procedimentos,
incluindo a descoberta e manipulação do fogo;
☺ A invenção da agricultura;
☺ A produção de objetos artísticos, a partilha e a comunicação com os pares;
☺ O desenvolvimento do cérebro e do crânio.
Enquanto a filogénese se debruça sobre as aquisições progressivas de uma espécie, a ontogénese tem
como foco de estudo o desenvolvimento de cada indivíduo particular.
Ao nascer, o novo ser humano é um sistema biologicamente frágil e inacabado. O seu cérebro,
modestamente ativo à nascença, continuará a crescer sob as instruções dos genes, mas, mais do que
isso, sob a influência da qualidade das interações com os estímulos do mundo envolvente. A
aprendizagem e a relação que estabelece com os outros seres humanos serão, doravante,
instrumentos insubstituíveis de um desenvolvimento ontogenético sem igual.
A extrema fragilidade e falta de preparação inata para o mundo, isto é, a neotenia da espécie humana,
conduzem ao prolongamento do período biopsicológico da infância e da juventude.
2.Cérebro
2.1. Os elementos estruturais e funcionais básicos do sistema nervoso humano
Palavras-Chave:
Sinapse - Região de contacto que medeia a passagem de informação nervosa entre a extremidade de
um neurónio e a superfície de outra célula, que tanto pode ser outro neurónio como uma célula
efetora.
Exemplo:
O despertador toca de manhã. Sonolento, não dás conta de esticar o braço e pôr o alarme em silêncio
mais uns preciosos minutos antes de te levantares. Volta a tocar. Já passou assim tanto tempo?
Contrariado, e ainda com sono, decides sair da cama e, apressadamente, recuperar o tempo para não
chegares muito atrasado às aulas.
Assim começa um novo dia e, apesar de parecer que todo o teu corpo estava em descanso, várias
células se mantinham ativas e permitiam que recebesses informação, a integrasses na experiência
passada e transformasses decisões em ações. Estas células são os neurónios, e as unidades básicas do
sistema nervoso. Elas desempenham, essencialmente, três funções:
☺ Corpo celular ou soma – centro metabólico que contém as estruturas necessárias para que o
neurónio subsista, incluindo o núcleo celular que carrega a informação genética.
☺ Dendrites – estruturas ramificadas que funcionam como antenas que recebem os sinais de
neurónios vizinhos e enviam a informação para o corpo celular.
☺ Axónio - prolongamento que conduz os impulsos do corpo celular para outros neurónios,
músculos e glândulas através de terminais.
Mas como comunicam os neurónios nesta rede? Há uma característica fundamental: enquanto no
interior de um neurónio a comunicação é, essencialmente, de natureza elétrica, as mensagens
transmitidas entre diferentes neurónios são de natureza química.
No primeiro caso, falamos de potenciais de ação, impulsos elétricos de tipo tudo-ou-nada, que
seguem pelo neurónio até aos terminais do axónio, à semelhança da descarga elétrica de uma bateria.
Estes impulsos ganham velocidade, percorrendo a bainha de mielina e saltando os nódulos de Ranvier,
o que garante respostas suficientemente rápidas a situações de emergência, como, por exemplo,
quando uma bola se aproxima velozmente do nosso rosto. Por este motivo, a mielina desempenha
uma função bastante relevante, estando as suas lesões associadas a condições muito incapacitantes,
como acontece no caso de esclerose múltipla.
No segundo caso, referimo-nos a sinapses, que são interconexões que medeiam a transferência de
informação entre neurónios através de substâncias químicas. Estas substâncias, conhecidas como
neurotransmissores, estão armazenadas em vesículas nos terminais do axónio, que funcionam como
um barco que atravessa um rio e transporta os passageiros de uma margem para a outra.
Existe um pequeno espaço entre neurónios, designado fenda sináptica, onde a comunicação altera a
sua natureza de elétrica para química.
Comunicação elétrica (potencial de ação)
A comunicação de natureza química permite que a intensa e ampla rede de interseções entre
neurónios seja organizada através de recetores sensíveis apenas alguns tipos de mensagens: os
neurotransmissores.
Estes neurónios, são ativados sempre que o indivíduo dá início a um determinado comportamento,
mas também quando a pessoa observa uma outra a desempenhar o mesmo comportamento, por
exemplo, bocejar, sorrir ou chorar.
Cérebro - Parte do sistema nervoso central que está situada no interior da caixa craniana. É o principal
órgão do sistema nervoso e o centro de controlo de todo o organismo, quer das ações voluntárias que
da maioria das ações involuntárias.
Concentremos a nossa atenção no Sistema Nervoso Central (SNC) e, em particular, em duas das suas
estruturas: o cérebro e a medula espinal.
Embora grande parte do nosso comportamento implique a intervenção do cérebro, algumas reações
simples e automáticas podem ser geradas sem a sua participação. Através do ato reflexo, pois, para
além da sua mais comum função de condução da informação, a medula espinal (a corda de tecido
neural que percorre o interior das vértebras, desde a pélvis até à base do crânio) cumpre também um
papel de coordenação de respostas elementares.
O ato reflexo constitui um importante mecanismo de autoproteção, pois nem sempre a resposta do
cérebro pode ser tão rápida.
Esta capacidade de alteração e adaptação progressiva das nossas estruturas e funções neurais é
conhecida como plasticidade, distinguindo-se: