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A importância de não se trabalhar sozinho

Na overdose de informações e mudanças que temos hoje, nunca foi tão importante
ter uma equipe com quem se possa contar

Juliana Almeida

Naquela ida a uma livraria ou banca de revistas muitas vezes somos arrebatados pelas
opções. Fica difícil escolher. Se o orçamento não decide por nós e a dúvida persiste, é
comum seguir o conselho de um amigo, ou uma indicação - elas fazem muita diferença.

Olhando um cenário contrário… e se você fosse um autor querendo ser achado no meio
desse oceano de opções?

Quando a gente gosta de algo que produziu e quer publicar - com capa, registro na
Biblioteca Nacional, podendo mostrar para todo mundo - e começamos a pesquisar sobre
isso, vemos que o processo não é simples. Entre as várias opções, o escritor ou roteirista
pode se ver frustrado diante de um contrato que não o beneficia ou junto a uma editora que
não o divulga como ele gostaria.

Na verdade, não é tão difícil publicar um livro hoje em dia. Você pode encontrar uma
gráfica, ou editar e colocar na Amazon, etc. A dificuldade em si é fazer com que o matéria
se torne relevante e lido - sim, é outra questão. Alguns acreditam que se esperarem - e
continuarem produzindo - eventualmente serão descobertos e terão fama e sucesso.

Pode até acontecer. Assim como ganhar na mega sena. É possível.

Nada contra quem considera arte apenas um hobby. Seja como ilustrador ou contador de
histórias, se isso o faz feliz enquanto trabalha com outra coisa, tudo bem. Mas se você quer
trabalhar com isso, é preciso levar a sério, construir seu nome enquanto profissional da
área.

O mito de que escritor não consegue se manter com o seu trabalho perdura porque pagar
contas com o fruto de vendas de títulos é complicado. O artista precisa considerar ações
paralelas ligadas a escrita/roteirização, ganhar com idas a eventos, palestras e oficinas.

De novo: como se destacar no meio de um monte de gente?

É preciso investir em si mesmo, na sua imagem, na comunicação. Pense em si como um


produtor de conteúdo: você gostaria de acompanhar suas redes sociais?

Planejar material de forma interessante, válida, frequente, explorando técnicas de


marketing, e entendendo como os algoritmos funcionam é outro trabalho - além de escrever.

Não é algo impossível de se fazer sozinho, mas é um trabalho de fato - e contínuo. Não
basta fazer por apenas uma semana ou mês. Vamos colocar em perspectiva: você não quer
que o seu trabalho seja visto apenas um dia (o do lançamento, geralmente), e sim algo com
que as pessoas possam se relacionar.

São poucos os autores que percebem isso.

Não é raro ver uma obra minguar depois de sua estreia. Ou melhor, nem vemos. Há outros
acontecimentos para serem destacados e seguimos com o turbilhão de notícias de sempre.

Diante desse cenário, porém, não nos conformamos. Por isso, Maria Anna Leal, Leticia
Santiago, Larissa Picchioni e eu decidimos criar uma assessoria de comunicação voltada
apenas ao mercado editorial, direcionada especialmente a autores, a Fornalha Literária. A
gente espera aquecer e instigar esse mercado difícil, mas que em grupo, se torna mais
tranquilo de lidar.

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Rascunhos ever

A imagem de um poeta trabalhando (sofrendo, suando) isolado de tudo e todos já está mais
que ultrapassada. Mesmo que alguns se sintam melhor produzindo sem ninguém por perto,
a missão do autor só se concretiza junto a outros - afinal, as histórias só se completam
quando contadas. Acaba sendo um amigo próximo, alguém de confiança, que escuta
primeiro os sussurros de “queria que tu visse um negócio que fiz… O que é que tu acha?”.
Esses pedidos podem se tornar mais confiantes no decorrer da prática (e é preciso prática),
mas essa questão fica para outra coluna.

Para alguns, entretanto, ainda não é óbvio é preciso apoio.

Enciumados de suas ideias, temem que a mensagem se espalhe e seja utilizada por outros.
Sim, é melhor espalhar um texto aos quatro ventos depois de pronto.

é muito difícil passar pelo processo de revisão, edição, publicação, (trabalhããão) e vendas
sozinho. E, no final, uma história só se completa quando é contada a alguém. Tudo que um
autor quer é ser lido.
As pessoas sabem que hoje em dia não vão conseguir fazer tudo sozinhas. Até porque se
milênios atrás - ou mesmo há dois séculos - duas semanas no lugar certo seriam o bastante
para conhecer os grandes nomes de determinada profissão, hoje o mais comum é perceber
que duas semanas dá pra nada.

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