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Modelagem matemática

A modelagem matemática busca entender e explicar determinadas situações reais; deste


modo ela interpreta matematicamente as situações analisadas e a natureza dos fenômenos que
envolvem tal situação, ou seja, o modelo matemático é obtido ao substituir a linguagem das
hipóteses pela linguagem matemática
Como ela descreve por meio de operações matemáticas o objeto de estudo e ajuda a
compreendê-lo melhor, a modelagem matemática vem com auxílio para outros campos de
estudo, e carrega a interpretação e subjetividade do modelador que a produz, pois a maneira
que ele enxerga o fenômeno afeta no modelo produzido.

Passos para a modelagem matemática


Para Bassanezi existem 6 passos fundamentais para a modelagem, sendo eles:
Experimentação, abstração, resolução, validação, modificação e aplicação. Podemos
visualizar na figura abaixo tais passos e a relação entre eles. Note que as setas contínuas
indicam a primeira aproximação e as pontilhadas a busca pelo modelo matemático que
melhor descreve o objeto de estudo.

Fonte: BASSANEZI, 2002. p. 27.


1. Escolha do tema
Constitui a primeira etapa da construção da modelagem matemática, na figura Bassanezi
indica ele como I- problema não matemático; durante a escolha do tema se indica temas
“abertos”, pois estes possibilitam mais questionamentos. Como Bassanezi mesmo coloca o
tema é não matemático, como a agricultura, saúde, ecologia, indústria, ou de maneira mais
específica como abelhas, papéis, entre outros.

2. Experimentação
Durante a experimentação se realiza a busca e obtenção de dados acerca do problema de
estudo, tal obtenção pode variar de acordo com o tema, natureza dos experimentos e objetivos
de pesquisa. Os dados coletados podem possuir caráter qualitativo ou quantitativo, sendo
coletados por meio de entrevistas, pesquisa bibliográfica, experiências, entre outros. Indica-se
sempre organizar os dados em uma tabela, pois ajuda na análise e na construção dos gráficos
das curvas de tendência. Vale ressaltar que os resultados podem ser inesperados.

3. Abstração
Nessa etapa é realizada a busca da formulação do modelo matemático, ela pode ser dividida
em quatro tópicos, sendo eles:
■ Seleção das variáveis
Delimita-se às variáveis com as quais está trabalhando. Elas são variáveis de estado
(descrevem a evolução do sistema) ou são variáveis de controle (descrevem as variáveis que
agem sobre o sistema)?

■ Formulação do problema
Deve-se indicar exatamente o que se pretende resolver; para isso é necessário uma
investigação sistemática, empírica e crítica acerca do problema apresentado. Tal passagem
constitui uma pergunta científica, pois deixa explícita a relação entre as variáveis e/ou os
fatos envolvidos no fenômeno

■ Formulação de hipótese
A formulação de hipótese dirige a investigação, ela vai guiar os próximos passos; são
geralmente formulações gerais que servem para deduzir manifestações empíricas específicas,
ou seja, tenta-se vislumbrar um panorama geral a partir dos dados observados; durante tal
processo deve-se incorporar parte da teoria.
Ela é gerada a partir da observação de fatos, comparação com outros estudos, dedução lógica,
analogia de sistemas, etc, e refere-se a frequência da interação entre as variáveis, podendo ser
das observadas experimentalmente ou generalizar os resultados investigados, sendo
fenomenológicas (funcionamento interno do sistema) ou representacionais (funcionamento
externo do sistema é especificado) .

■ Simplificação
Nesse processo o objetivo é diminuir os detalhes do objeto de estudo, para que com isso o
modelo se torne menos complexo e possa ser resolvido.
Deve-se sempre ter em mente que é preciso ter cuidado para não desfigurar
irremediavelmente o problema, ao mesmo tempo que é necessário deixá-lo como um
problema matemático tratável.

4. Resolução
Como o nome diz se trata de resolver o modelo matemático proposto, por isso está
diretamente vinculado à complexidade do modelo; em alguns casos só é possível a resolução
utilizando métodos computacionais, e mesmo utilizando tais técnicas os resultados obtidos
são aproximações numéricas. As vantagens de se utilizar dos computadores para a resolução
também está no fato deles oferecerem pistas e sugestões para soluções analíticas.

5. Validação
Nessa etapa é questionado se o modelo proposto está correto, para isso deve-se analisar o
modelo e as hipóteses que lhe são atribuídas, confrontando com dados empíricos e
comparando se soluções/previsões estão de acordo com os valores obtidos no sistema real.
Obviamente deve se considerar o grau de aproximação almejado durante a realização do
modelo; posto que ele é uma idealização do caso real, não necessariamente vai resultar em
valores exatos, mas um modelo deve no mínimo prever os fatos que o originaram.

6. Modificação
Ao fazer a validação do modelo, caso ele não seja aprovado deve-se pensar em possíveis
modificações e quais os motivos que o levaram a dar errado; alguns dos fatores que podem
levar ao erro são: hipóteses falsas ou não suficientemente próximas da realidade,
pressupostos de partida incorretos ou demasiados simplificados, dados experimentais e/ou
informações incorretas, hipóteses e dados insuficientes, existem outras variáveis que não
estam presentes no modelo, erros matemáticos. Outro ponto importante é o fato dos modelos
nunca serem definitivos, mesmo que ele apresente-se o suficiente para o caso em que estava
se estudando, ele pode não ser bom para outras situações parecidas, eles podem levar a novos
fatos e com isso a novos questionamentos, também deve-se considerar que ocorrem
mudanças nas áreas de estudo, então pode-se mudar conceitos, até mesmo matemáticos, que
podem melhorar o modelo.

7. Aplicação
Uma vez que o modelo proposto seja validado temos uma solução, logo se faz o uso
do mesmo mediante o problema apresentado.

Referências
BASSANEZI, R. C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática. 3ª ed. São Paulo:
Editora Contexto, 2002.

BASSANEZI, R. C. Etapas de uma modelagem. In: BASSANEZI, R. C. Temas e modelos.


Santo André: UFABC, 2012. p. 8-34

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