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EM CIRURGIA
autora
MARIANA GONÇALVES DE OLIVEIRA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2018
Conselho editorial roberto paes e gisele lima
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2018.
isbn: 978-85-5548-530-5.
1. O centro cirúrgico 7
Enfermagem perioperatória 8
Evolução histórica da cirurgia 9
Terminologia cirúrgica 14
2. Ambiente cirúrgico 27
Recursos humanos do centro cirúrgico 29
3. Sistematização da assistência de
enfermagem no perioperatório 55
Sistematização da assistência de enfermagem no perioperatório (SAEP) 56
O que consiste o período perioperatório? 57
Objetivos da SAEP 63
5. A cirurgia 95
Degermação cirúrgica das mãos 96
Paramentação cirúrgica 98
Posições cirúrgicas 99
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
5
1
O centro cirúrgico
O centro cirúrgico
Olá, Pessoal! É com grande satisfação que preparei esse capítulo especialmente
para vocês sobre a parte inicial do Centro cirúrgico, começando por entender de
onde surgiu. Aqui abordaremos assuntos básicos para contextualizar o ambiente
cirúrgico e as principais nomenclaturas utilizadas, para que vocês não fiquem per-
didos quando escutar ou visualizar algum dos termos cirúrgicos.
Este é um capítulo prazeroso de estudar, pois não envolve um conteúdo com-
plexo, mas sim um assunto estimulante que o despertará para conhecer um centro
cirúrgico.
Procurarei, sempre que possível, selecionar tópicos mais importantes para re-
visá-lo através de exercícios. Porém, em determinados assuntos, irei trazer figuras
e quadros para memorizar melhor o conteúdo.
OBJETIVOS
• Apresentar a trajetória histórica da prática cirúrgica nos serviços de saúde;
• Conceituar cirurgia, suas finalidades, peculiaridades e aspectos éticos;
• Classificar os tipos de cirurgias;
• Conhecer a estrutura do centro cirúrgico que envolve planta física, localização, equipamen-
tos, áreas;
• Compreender os aspectos éticos e legais do centro cirúrgico e os aspectos gerenciais.
Enfermagem perioperatória
capítulo 1 •8
CONCEITO
Perioperatório: termo utilizado para descrever todo o momento cirúrgico, que envolve o
pré-operatório (momento de decisão cirúrgica e preparação), trans-operatório (procedimento
cirúrgico) e pós-operatório (situação de recuperação cirúrgica do paciente).
Então começou uma mistura de misticismo e crueldade nos cuidados aos pa-
cientes, pois não havia materiais, tecnologias e preparo suficiente para prestar uma
assistência humanizada.
A cauterização de feridas era um dos procedimentos a ser realizado de maneira
rudimentar, mas que teve efeito positivo para o paciente, despertando interesse e
necessidade da ampliação das técnicas e dos conhecimentos cirúrgicos.
Visto essas interferências (misticismo, cauterização etc) sobre a saúde do pa-
ciente, despertou uma condenação da cirurgia pela igreja, para o ser humano não
poderia intervir na vontade Divina. Sendo que isso não foi suficiente para inter-
romper o desenvolvimento das cirurgias. E a cada dia ela tem se especializado
mais, hoje já existe a Cirurgia Robótica.
capítulo 1 •9
Então você pode conceituar Cirurgia como uma arte, pois é praticada por
aqueles que realmente têm vocação e facilidade de aprender. Além de arte a
Cirurgia também é uma ciência que evolui a partir da renovação das descobertas.
Assepsia E Antissepsia
PERGUNTA
E afinal qual a diferença de assepsia e antissepsia?
capítulo 1 • 10
• Diagnóstica;
• Curativa;
FINALIDADE • Reparadora;
• Estética;
• Paliativa.
• Emergência;
• Urgência;
NECESSIDADE • Necessária;
• Eletiva;
• Opcional.
• Pequeno;
PORTE • Médio;
• Grande.
• Limpa;
• Potencialmente contaminada;
GRAU DE CONTAMINAÇÃO • Contaminada;
• Infectada.
capítulo 1 • 11
3. Reparadora: reconstitui artificialmente uma parte do corpo lesada por enfer-
midade ou traumatismo.
Ex.: enxerto de pele em queimados.
5. Paliativa: serve para aliviar, atenuar ou buscar um meio para aliviar o mal,
mas não cura a doença.
Ex.: Gastrostomia.
7. Urgência (24 a 48h): requer uma pronta atenção, devendo ser realizado den-
tro de 24 a 48 horas.
Ex.: apendicectomia.
capítulo 1 • 12
12. Médio Porte: média probabilidade de perda de fluido e sangue.
Ex.: prótese de quadril.
18. Limpas: tecidos estéreis, sem infecção e inflamação; não traumáticas eletivas,
sem penetração de tratos respiratório, digestório e urinário; fechamento por 1ª
intenção; sem quebra da técnica asséptica e sem drenos.
Ex.: cirurgia vascular.
20. Contaminadas: tecidos colonizados por flora abundante, inflamação não pu-
rulenta, quebra da técnica asséptica, feridas abertas e trauma penetrante há menos
de 4 horas.
Ex.: Cirurgias de vias biliares, estômago e duodeno, jejuno, íleo, colon e reto.
21. Infectadas: tecidos com presença de pus, necrose; perfuração de víscera; trau-
ma penetrante há mais de 4 horas, ferida traumática.
Ex.: Cirurgias Ortopédicas: Fraturas expostas.
capítulo 1 • 13
Terminologia cirúrgica
EXEMPLO
APENDICECTOMIA
prefixo
sufixo
capítulo 1 • 14
Outros exemplos:
• Cisto: bexiga
• Colo: colo uterino
• Colpo: vagina
• Espleno: baço
• Gastro: estômago
• Hepato: fígado
• Nefro: rim
• Oftalmo: olho
• Ósteo: osso
• Oto: ouvido
• Procto: reto
Após aprender os principais prefixos utilizados, vamos falar agora dos sufixos.
Será que vão ser mais inúmeras palavras para decorar?! Claro que não! Os prin-
cipais sufixos, aqueles mais utilizados, só são sete (7). Que sorte! Mas vocês têm
obrigação de aprender esses.
capítulo 1 • 15
ATENÇÃO
A terminologia cirúrgica é o conjunto de termos (prefixo e sufixo) que representa uma
forma de expressão técnica (da área da saúde) utilizada no Hospital (perioperatório) e nos
serviços de saúde, para indicar um ato cirúrgico proposto e ou realizado.
Localização
capítulo 1 • 16
LEITURA
Saiba mais lendo nas seguintes portarias:
• Portaria MS nº 400/77
• Portaria 1889/94
• RDC 50
Planta física
capítulo 1 • 17
• Sala de expurgo;
• Sala de estar para funcionários;
• Copa.
Neurocirurgia, cardiovas-
SALA DE OPERAÇÃO GRANDE 36m2
cular, ortopédica.
capítulo 1 • 18
Paredes:
• Cantos arredondados;
• Material liso, resistente, lavável, anti-acústico e não refletor de luz;
• Pintada de cor neutra, sem emitir reflexos luminosos;
• As tintas não possuírem cheiro, resistentes à limpeza frequente, com textura
superficial lisa.
Piso:
• Resistente ao uso de água e desinfetantes,
• Não poroso e de superfície lisa e de fácil limpeza.
ATENÇÃO
Paredes de azulejos não são desejáveis no CC, pois muitas linhas de rejunte apresentam
porosidade e podem abrigar microrganismos.
Teto:
• Material resistente, lavável, não deve ser poroso para impedir a retenção de
bactérias;
• Contínuo, sendo proibido o uso de forro removível, do tipo que interfira na
assepsia da sala de operação;
• Se o teto possuir forro deve ser contínuo nas salas de cirurgia;
• O uso de teto falso e removível pode ocasionar a queda de poeira ou outro
material na ferida cirúrgica.
Janelas:
• Devem estar localizadas de modo a permitir a entrada de luz natural em todo
o ambiente, deve ser lacrada e provida de vidro fosco, possibilitando a limpeza.
Portas:
• Devem ser amplas;
• Portas vai e vem, dessa forma impede que o profissional precise pegar na
porta para abri-la, mas hoje o ideal é usar portas automáticas ou de correr, pois a
porta vai e vem ainda leva contaminação para dentro da sala por turbulência de ar
provocada pela oscilação;
capítulo 1 • 19
• Revestidas de material lavável;
• Cor neutra;
• Providas de visor, assim as pessoas podem visualizar a sala sem precisar abrir
a porta, evitando maior chance de contaminação e acidentes;
• É necessário que as portas evitem acúmulo de poeira, proporcionem facili-
dade para a limpeza e tenham dimensões mínimas de 1,20 m X 2,10 m.
Instalações elétricas:
• As tomadas devem estar localizadas a 1,5 m do piso, devendo possuir sis-
tema de aterramento para prevenir choque e queimaduras no paciente e equipe.
Iluminação:
• A iluminação artificial da sala de cirurgia é feita por intermédio da luz geral
de teto, com lâmpada fluorescente e luz direta.
• Durante uma cirurgia, o campo visual cirúrgico é vermelho, devido a pre-
sença de sangue (não é à toa que o isolamento do campo é feito com tecido verde,
complementar ao vermelho).
• O vermelho tem uma intensidade de onda que estressa, além disso, tal cam-
po se encontra sob fonte de altíssima luminância.
• O uso da tonalidade verde nos tecidos de isolamento do campo cirúrgi-
co, no revestimento do piso ou de qualquer outra superfície da SO atua como
complementar da tonalidade vermelha, provocando o descanso visual dos que
trabalham alí.
• Os ambientes no entorno da sala de cirurgia devem possuir 50% da lu-
minância do campo cirúrgico e ir, gradativamente, reduzindo para que o olho se
adapte aos poucos e não sofra com a luz tão intensa.
• Os Focos de luz podem ser de dois tipos:
– Focos de Teto: que contem uma cúpula com revestimento de
espelhos refletores e múltiplas lâmpadas conjugadas; possui um filtro
atérmico (para não esquentar o ambiente cirúrgico); uma vareta ex-
terna e braços articulados para mobilidade; ele apresenta focalização.
– Foco frontal: colocado na testa do profissional para aproximar a luz;
– Focos auxiliares: possui bases sobre rodízios + baterias;
capítulo 1 • 20
©© ANATOLY TIPLYASHIN | SHUTTERSTOCK.COM
©© PIRKE | SHUTTERSTOCK.COM
©© BLUEBAY | SHUTTERSTOCK.COM
Foco de Teto Foco Frontal Foco auxiliar
CORREDOR EXTERNO
SALA DE
EXPURGO GUARDA DE
EQUIPAMENTOS
CORREDOR EXTERNO
CORREDOR INTERNO
POSTO DE
ROUPARIA ENFERMAGEM
SALA DE SALA DE
MATERIAL DE ESTAR
LIMPEZA
VESTIÁRIO VESTIÁRIO
TROCA-MACAS MASCULINO FEMININO COPA
capítulo 1 • 21
CURIOSIDADE
Olhando para a figura anterior que refere-se ao mapa do centro cirúrgico, você pode
perceber que existem dois corredores: o interno e o externo. No qual o interno vai transitar
o material limpo e estéril, além dos pacientes e profissionais. E no externo circula o material
contaminado, usado nas cirurgias. Dessa maneira não haverá cruzamento do material limpo
com o sujo.
Áreas
Vestiários
Esse é um local que tem um enorme trânsito de pessoas, as quais são a prin-
cipal fonte exógena de bactérias. Antes de entrar no CC é necessário passar antes
no vestiário e colocar as roupas e equipamentos de proteção individual apropriada
(Gorro, máscara, camisa, calça e propés). Esses últimos, os propés, foram abolidos
em algumas instituições, então fica a critério de cada hospital definir a obrigato-
riedade do uso.
capítulo 1 • 22
Apoio técnico
• Banco de sangue;
• Raio X;
• Laboratório e anatomia patológica;
• Serviço de engenharia clínica e engenharia de manutenção;
• Farmácia.
Lembrando que as roupas não são estéreis, mas sim lavagem especial com
água quente. Por isso não deve utilizar essas roupas por cima das suas que vem do
ambiente externo. Deve-se retirar toda a roupa e colocar a roupa própria do CC.
Como funciona a estrutura física do CC? Sendo que tem os setores que pres-
tam um apoio técnico ao CC para qualquer necessidade. Além dos seguranças e
secretaria, existem esses outros mostrados no quadro a seguir:
Equipamentos básicos
Imagine que você foi convidado para montar uma sala de cirurgia no qual
existe pouco dinheiro para essa finalidade. Então será preciso escolher o mínimo
de equipamentos necessários para realizar alguns procedimentos cirúrgicos, que
sem esse material não é possível realizar. Abaixo segue essa lista:
• Mesa de operações com base e segmentos articulados;
• Mesas auxiliares para colocação instrumental cirúrgico;
• Carro anestesia + monitores;
• Cestos (hampers);
• Bacias + suportes;
• Bisturi elétrico;
• Focos;
• Negatoscópio (aparelho que usa para ver o raio x do paciente);
• Sistema de canalização de ar e gases;
• Suporte de soro;
• Aspirador de secreções;
• Ar condicionado.
capítulo 1 • 23
Ar condicionado
RECUPERAÇÃO
CARACTERÍSTICA SO CORREDORES ANESTÉSICA
TEMPERATURA 19-24 19-24 22-24
MIN-MAX (OC)
UMIDADE RELATIVA 45-60 45-60 45-60
TROCA DE AR (POR 25 15 10
HORA)
FILTROS G2/F2/A3 G2/F2/A3 G2/F3
ATIVIDADES
01. Copie o quadro da classificação das cirurgias e em seguida anote ao lado o que você
aprendeu (definição) sobre cada uma.
capítulo 1 • 24
03. Assinale a alternativa que apresenta o significado do procedimento cirúrgico de
Cistopexia.
a) Retirada do fígado. c) Abertura da calota craniana.
b) Fixação da bexiga. d) Retirada dos rins.
REFLEXÃO
A história do Centro Cirúrgico (CC) se funde com a história da enfermagem periopera-
tória, a qual desde as primeiras intervenções cirúrgicas esteve presente em atividades que
incluíam restrição e cuidados aos clientes, bem como limpeza (assepsia e antissepsia) e
manutenção do ambiente. O trabalho do enfermeiro requer, portanto, conhecimento técnico-
científico e ético nos âmbitos do cuidar e do administrar, na perspectiva de oferecer melhores
condições de atendimento aos clientes e de trabalho para a equipe cirúrgica.
Sabe-se que a cirurgia seja eletiva ou de emergência é um evento complexo e estressan-
te. O centro cirúrgico é o conjunto de áreas e instalações que permitem efetuar a cirurgia nas
melhores condições de segurança para o paciente e de conforto para os médicos e equipe
de enfermagem. O paciente cirúrgico frequentemente sofre de stress, medo, ansiedade, dor,
anóxia, por isso o profissional deve ter paciência e acalmá-lo quando necessário.
O centro cirúrgico está isolado das outras áreas do hospital, ele apresenta um ambiente
mais calmo e silencioso. Sua estrutura física contém: vestiários feminino e masculino sepa-
radamente, área de recepção dos pacientes, sala pré-anestésica, lavabos, salas de cirurgia,
ante-salas, farmácia, corredores largos e outros. Nas salas observam-se área com grande
espaço, presença de ar condicionado, entrada de gases (oxigênio, ar comprimido e vácuo),
piso, parede, teto, janela e portas laváveis.
capítulo 1 • 25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNNER,L. SUDDART,D. Tratado de enfermagem médico cirúrgica. 13ªed. Rio de Janeiro:
Guanabara- Koogan, 2013.
CARVALHO, R., Bianchi ERF. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. Barueri, SP.
Manole, 2007.
ROTHROCK, Jane C. Alexander - Cuidados de Enfermagem ao Paciente Cirúrgico. 13ªedição. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2007.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO RECUPERAÇÃO
ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO - SOBECC. Práticas recomendadas da
SOBECC. 7. ed. São Paulo: SOBECC; 2017.
capítulo 1 • 26
2
Ambiente cirúrgico
Ambiente cirúrgico
Olá Pessoal, estamos aqui mais uma vez, juntos, para falar de recursos huma-
nos no centro cirúrgico e infecção do sítio cirúrgico com suas medidas de bios-
segurança. É um enorme prazer tratar desse assunto de grande relevância para a
formação do acadêmico de enfermagem em todos os âmbitos.
Aqui, abordaremos além das funções da equipe cirúrgica, a prevenção e con-
trole de Infecção Hospitalar (IH) no ambiente perioperatório. Dessa maneira,
considero esse capítulo uma base para outras disciplinas que envolva o contexto
hospitalar, pois IH será assunto estudado em todos os semestres.
Continuo preparando esse material da maneira mais lúdica possível para que
o estudo seja prazeroso. Sempre que possível colocarei exercícios de fixação do
conteúdo, figuras e quadros para memorizar melhor o assunto.
Tenho o enorme prazer em apresentar uma mensagem de reflexão: Você tem
a liberdade de escolher se irá ou não aprender esse novo conteúdo. Mas lembre-se,
a liberdade não é dada, ela é conquistada com esforço, disciplina, determinação e
responsabilidade. O preço da liberdade é o comprometimento consigo mesmo. O
que, sem dúvida, vale a pena. Por isso, desejo a você uma fantástica experiência no
mundo do Centro Cirúrgico.
OBJETIVOS
• Identificar as características que o profissional de enfermagem do Centro Cirúrgico
deve possuir;
• Conhecer as Resoluções que tratam da função e dimensionamento de pessoal em Centro
Cirúrgico;
• Conhecer os membros da equipe de enfermagem do Centro Cirúrgico e as funções que
cada um desempenha;
• Conceituar infecção e suas características;
• Discriminar a definição de Infecção do Sítio Cirúrgico, seus agentes invasores, mecanismo
fisiopatogênico, medidas de tratamento e prevenção;
• Discutir recomendações de profilaxia antimicrobiana pré, intra e pós-operatória;
• Apresentar o conceito de biossegurança e suas recomendações no ambiente cirúrgico.
capítulo 2 • 28
Recursos humanos do centro cirúrgico
Ações técnico-administrativas:
1. Realizar o planejamento estratégico de enfermagem;
2. Elaborar relatório mensal;
3. Implementar programas de melhoria da qualidade do serviço;
4. Participar do planejamento de reformas e/ou construção da planta físi-
ca do setor;
capítulo 2 • 29
Atividades assistenciais:
1. Desenvolver a Sistematização da Assistência de Enfermagem
Perioperatória (SAEP) ao paciente;
2. Realizar pesquisas e implantá-las, proporcionando uma base científica
para a atuação do enfermeiro no CC;
3. Verificar o mapa cirúrgico;
4. Orientar a montagem das salas;
5. Avaliar o relacionamento interpessoal;
6. Atuar em atendimentos de emergência e coordenar tais situações;
7. Notificar possíveis ocorrências adversas.
ATENÇÃO
Nos serviços que possuem o enfermeiro assistencial prestando assistência 24 horas ao
paciente, fica a critério /do enfermeiro-coordenador dividir suas atividades enquanto está na
função de coordenador, ajudar o enfermeiro assistencial.
capítulo 2 • 30
8. Fazer todas as anotações e evoluções de enfermagem;
9. Encaminhar o pcte para a SRPA
10. E muitas outras…
capítulo 2 • 31
Quem pode ser? Qualquer profissional com qualificação técnica e formação
em Instrumentação Cirúrgica. Resolução COFEN-214.2008
Se ocupa de atividades relativas a previsão e organização dos materiais na Sala
de Operação, além de garantir a segurança na sua utilização.
– Verificar os materiais e equipamentos necessários ao ato cirúrgico;
– Preparar a mesa com os instrumentais e outros materiais necessários à
cirurgia;
– Fornecer materiais e instrumentais ao cirurgião e assistente, solicitan-
do-os, sempre que necessário ao circulante de sala, devendo, para isso, estar
atento aos tempos cirúrgicos;
– Ajudar na colocação dos campos operatórios;
– Observar e controlar para que nenhum instrumental permaneça no
campo operatório;
– Zelar para a manutenção da mesa, conservando limpos os instrumentais
durante o ato cirúrgico, bem como protegendo-a para evitar contaminação.
Químicos
Biológicos
Mecânicos/Acidentes
Psicológicos/Ergonômicos
capítulo 2 • 32
Agora vamos corrigir e entender como funciona esses riscos ocupacionais que
envolvem o recurso humano no ambiente hospitalar. Segue uma tabela seguir com
os exemplos.
Tabela 2.1 – Classificação dos principais riscos ocupacionais, de acordo com a sua nature-
za e a padronização das cores correspondentes.
LEITURA
Estresses decorrentes do ambiente cirúrgico
capítulo 2 • 33
Para compreender as causas e consequências no mau relacionamento da equipe e da
falta de cuidado da saúde pelos profissionais do centro cirúrgico, selecionei esse artigo para
que você possa fazer a leitura e em seguida um resumo do que compreendeu. Boa Leitura!
O enfermeiro deve ainda tomar medidas para evitar a infecção da ferida ope-
ratória, devendo supervisionar ações referentes ao paciente, aos componentes
das equipes que atuam no Centro Cirúrgico, material esterilizado, instrumentais
e equipamentos.
• Avaliar o preparo físico realizado no pré-operatório;
• Certificar-se da incidência da infecção de ferida operatória;
• Exigir o uso correto da roupa privativa do Centro Cirúrgico de todos os
profissionais e pessoas que venham da área externa;
• Controlar o número de pessoas na sala durante o ato cirúrgico, bem como
o trânsito desnecessário da mesma;
• Acompanhar a realização dos exames médico e laboratorial periódico dos
componentes da equipe de enfermagem;
• Preparar, acondicionar e armazenar o material esterilizado em lo-
cal apropriado;
• Realizar testes bacteriológicos nos aparelhos de esterilização;
• Avaliar periodicamente as condições de uso dos instrumentais
e equipamentos;
• Fazer pesquisa bacteriológica no ambiente, bem como avaliar a qualidade
dos produtos químicos usados na limpeza e desinfecção;
• Desenvolver trabalho conjunto com a Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH).
capítulo 2 • 34
Compreendendo o fluxo que o profissional segue ao iniciar sua jornada de
trabalho no ambiente cirúrgico:
capítulo 2 • 35
Infecção sítio cirúrgico (ISC)
capítulo 2 • 36
PELE
INCISIONAL
SUPERFICIAL
SUBCUTÂNEO
INCISIONAL
FASCIA E MÚSCULO
PROFUNDA
Figura 2.1 – Essa figura anterior mostra um resumo da explicação da classificação das ISCs.
PERGUNTA
Como prevenir ISC?
CONCEITO
Biossegurança: Refere-se à aplicação e a reflexão de princípios de segurança com o
trabalhador e com o paciente, envolvidos no processo saúde-doença no contexto de uma
instituição de saúde.
capítulo 2 • 37
Precaução padrão
São medidas de proteção que devem ser tomadas por todos os profissionais
de saúde, quando prestam cuidados aos pacientes ou manuseiam artigos conta-
minados, independentemente de presença de doença transmissível comprovada.
Consistem em:
• Lavagem das mãos antes e após contato com o paciente;
• Uso de luvas de procedimento retirando-as após prestar assistência;
• Lavar as mãos após a retirada das luvas;
• Uso de avental no contato de sangue e fluídos;
• Manuseio correto de material perfuro-cortante;
• Manuseio correto de artigos e roupas contaminadas;
• Descontaminação de superfícies, ambientes, artigos e equipamentos;
• Proteção facial (máscara, óculos).
PRECAUÇÃO PADRÃO
capítulo 2 • 38
PRECAUÇÃO PADRÃO
* Devem ser seguidas para TODOS OS PACIENTES, independente da suspeita ou não de infecções.
PERGUNTA
Antes de falarmos de limpeza, vamos conhecer os conceitos de microbiologia e a clas-
sificação dos artigos?
capítulo 2 • 39
Conjunto de meios empregados para exterminar todos os mi-
ESTERILIZAÇÃO crorganismos, inclusive os que estiverem na forma de esporos,
que é sua forma de resistência.
ATENÇÃO
Lembrando que foi comentado no início do capítulo o que consiste antissepsia. Para
aprender a diferença e nunca mais confundir, saiba que a assepsia é realizada em objetos e
a antissepsia em tecido vivo (ser humano), conseguiu entender?!
Então, quando eu falo que vou fazer a limpeza no paciente, me refiro a antissepsia no pa-
ciente, mas se eu for realizar a limpeza da maca cirúrgica, usa-se o termo assepsia da mesa.
PERGUNTA
Limpeza e desinfecção ajudam a reduzir a transmissão de infecções?
capítulo 2 • 40
• As superfícies limpas e desinfetadas conseguem reduzir em cerca de 99% o
número de patógenos, enquanto as superfícies que foram apenas limpas os redu-
zem em 80%.
• Múltiplas publicações sugerem que intervenções de desinfecção podem re-
duzir a aquisição de microrganismos associado ao cuidado em saúde.
• Há evidências de que as superfícies contaminadas contribuem de forma
importante para a transmissão epidêmica e endêmica do C. difficile, VRE, MRSA,
A. baumannii e P. aeruginosa e à transmissão epidêmica de norovírus.
Superfícies/acabamentos
• Lisos;
• Laváveis;
• Impermeáveis;
• Fácil higienização;
• Resistentes ao uso de produtos químicos;
• Resistentes ao atrito, impacto, ao deslocamento de leitos e equipamen-
tos pesados.
capítulo 2 • 41
• A limpeza eficiente diminui a carga de microrganismos em 99,99%, ou seja,
reduz quatro logaritmos do teste Bioburden presente no artigo.
• O teste de Bioburden é o número inicial de microrganismos contaminantes
presentes no produto ou artigo
• A qualidade da água a ser empregada na limpeza e esterilização do instru-
mental cirúrgico é fator fundamental a considerar, pois representa um item crítico
em razão da variedade dos tratamentos que recebe.
• Quando a água apresenta qualidade insatisfatória provoca:
• Oxidação na câmara das lavadoras; mudança na coloração dos componen-
tes; oxidação do instrumental; manchas nos instrumentais.
• Utilizar detergente que facilite a remoção da matéria orgânica sem danificar
o artigo;
• O produto deve ser de fácil enxágue, sem deixar resíduos no instrumental;
• Detergentes com pH<7 são indicados para remoção de matéria inorgânica
e usam água dura, enquanto os que tem pH>7 removem matéria orgânica (sangue
e gordura).
• Ácidos;
DETERGENTES QUÍMICOS • Alcalinos;
• Neutro.
• Habitualmente pH neutro;
DETERGENTES ENZIMÁTICOS • Lipase (gorduras), protease;
• (proteínas) e amilase (carboidratos).
capítulo 2 • 42
Limpeza terminal
Limpeza de manutenção
Limpeza imediata
capítulo 2 • 43
Limpeza manual úmida
Limpeza automatizada
capítulo 2 • 44
Tipos de equipamentos para limpeza de artigos
ATENÇÃO
A avaliação do processo de limpeza deve ser realizada por meio de controle microbioló-
gico, químico e visual.
capítulo 2 • 45
Princípios básicos na operacionalização do processo de limpeza
capítulo 2 • 46
Desinfetantes usados em serviços de saúde
capítulo 2 • 47
• Oxidantes, Ácido peracético: é instável quando diluído, corrosivo para
metais (cobre, latão, bronze, ferro galvanizado), causa irritação para os olhos e
para o trato respiratório.
CONCEITO
• Detergentes: São todos os produtos que contém necessariamente em sua formulação
tensoativos que tem a finalidade de limpar através de redução da tensão superficial (umec-
tação), dispersão e suspensão da sujeira.
CONCENTRAÇÃO 1% em superfícies.
capítulo 2 • 48
Agora entenda a classificação dos artigos.
Vão de acordo com o seu grau de risco de infecção:
ATIVIDADES
Após tantas informações novas, agora é hora de avaliar o aprendizado. Resolva as ques-
tões a seguir, lembrando que só deve olhar o gabarito quando concluir todas as questões. Em
seguida pesquisar aquelas que errou para nunca mais errá-la.
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capítulo 2 • 49
©© PIOTR_PABIJAN | SHUTTERSTOCK.COM
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©© MILAPHOTOS | SHUTTERSTOCK.COM
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©© FABRIKASIMF | SHUTTERSTOCK.COM
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©© HUAJI | SHUTTERSTOCK.COM
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02. A unidade de centro cirúrgico é um ambiente completo, com muitas substâncias, equipa-
mentos perigosos e ambientes com agentes e fatores psicológicos que interferem direta ou
indiretamente na vida profissional e/ou do paciente. O enfermeiro perioperatório desempe-
nha um papel importante ao ajudar a manter um ambiente seguro para o paciente em cirurgia
e para os outros membros da equipe cirúrgica. A respeito das recomendações para um plano
de segurança, afirma-se:
I. Em relação à ergonomia, toda a equipe deve ser educada no uso de mecânica cor-
poral, a fim de evitar quedas e distensões comuns quando permanece em uma mesma
posição por longos períodos.
capítulo 2 • 50
II. Equipamentos de proteção individual devem ser utilizados apenas quando houver a
confirmação de doenças infectocontagiosas e exposição à radiação.
III. Os resíduos do centro cirúrgico, como os materiais cortantes descartáveis, devem
ser colocados em recipientes resistentes à perfuração com identificação do coletor de
material perfurocortante com o símbolo de infectante.
IV. Deve-se constituir um plano de segurança elétrica estabelecendo controle de in-
ventário, inspeção regular, manutenção preventiva e sistemas de aprovação de segu-
rança juntamente com a engenharia clínica.
Está(ão) CORRETA(S):
a) Apenas as assertivas I e II. d) Apenas as assertivas II e III.
b) Apenas as assertivas I, II e IV. e) Apenas as assertivas I, III e IV.
c) Apenas as assertivas II e IV.
Está(ão) CORRETA(S):
a) Apenas as assertivas I, II e III. d) Apenas as assertivas II, III e IV.
b) Apenas as assertivas II e III. e) Apenas as assertivas I e IV
c) Apenas as assertivas III e IV.
capítulo 2 • 51
04. Considerando que o momento da admissão do paciente em Centro Cirúrgico (CC) é
algo extremamente estressante para o mesmo, destaque os aspectos que colaboram positi-
vamente e negativamente nesse contexto tanto por parte da equipe de Enfermagem como
também os fatores relacionados ao ambiente em que o paciente se encontra.
05. Cite, brevemente, como o(a) enfermeiro(a) interfere direta e indiretamente no cuidado
do cliente cirúrgico.
06. Enuncie aspectos do ambiente do Centro Cirúrgico que podem tornar a estadia do pa-
ciente desconfortável tanto em relação a elementos organizacionais bem como ao compor-
tamento da equipe multiprofissional.
08. As primeiras 24 horas após um procedimento cirúrgico exigem muita atenção por parte
da equipe de saúde no intuito de promover a recuperação do paciente e a sua estabilidade
hemodinâmica. Enuncie as principais complicações pós-operatórias e as respectivas inter-
venções de Enfermagem.
10. O estresse tem sido considerado, nos ambientes de trabalho, fator decisivo para o bom
desempenho profissional. Na Enfermagem, especificamente no ambiente de Centro Cirúr-
gico, quais fatores você acha que contribuem para o prejuízo das relações interpessoais na
equipe multiprofissional?
capítulo 2 • 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNNER,L. SUDDART,D. Tratado de enfermagem médico cirúrgica. 13ªed. Rio de
Janeiro: Guanabara- Koogan, 2013.
CARVALHO, R., Bianchi ERF. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação.
Barueri, SP. Manole, 2007.
ROTHROCK, Jane C. Alexander - Cuidados de Enfermagem ao Paciente Cirúrgico.
13ªedição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO RECUPE-
RAÇÃO ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO - SOBECC. Práticas
recomendadas da SOBECC. 7. ed. São Paulo: SOBECC; 2017.
capítulo 2 • 53
capítulo 2 • 54
3
Sistematização
da assistência de
enfermagem no
perioperatório
Sistematização da assistência de
enfermagem no perioperatório
OBJETIVOS
• Conhecer o período perioperatório;
• Diferenciar os períodos pré, intra e pós-operatórios;
• Identificar as principais complicações relativas aos períodos cirúrgicos;
• Determinar os cuidados de enfermagem em cada uma dessas fases;
• Compreender os fios de sutura.
capítulo 3 • 56
A SAEP deve ser implementada por enfermeiros perioperatórios, na busca da
satisfação das necessidades da pessoa em condição cirúrgica. Com foco na satis-
fação do cliente, tal processo leva à realização de um serviço com qualidade, que
pode tornar os profissionais mais envolvidos e motivados, uma vez que é desenvol-
vido com segurança, satisfação, destreza e confiabilidade.
ATENÇÃO
Sabe-se que toda instituição de saúde (pública ou privada), onde ocorra o cuidado profis-
sional de enfermagem, deve utilizar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).
Para a orientação do cuidado de enfermagem ao cliente adulto no período perioperatório
propuseram a utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória
(SAEP), a ser utilizada por enfermeiros baseado na assistência integral, de forma continuada,
participativa, individualizada, documentada e avaliada nos períodos pré, trans e pós-operató-
rio. Logo, deve-se aplicar a SAEP nos três períodos.
capítulo 3 • 57
Os principais objetivos da SAEP são ajudar o paciente e a família a compreenderem e
se preparar para o tratamento anestésico-cirúrgico proposto; diminuir ao máximo os riscos
decorrentes da utilização dos materiais e equipamentos necessários para o desenvolvimento
desses procedimentos; prever, prover e controlar recursos humanos; diminuir ao máximo os
riscos inerentes ao ambiente específico do CC e da SRPA.
PERGUNTAS
• Quais os cuidados de enfermagem específicos para cada período?
• O que deve ser abordado na SAEP para cada período?
No período pré-operatório:
• A visita pré-operatória, com a realização da entrevista na coleta dos dados
subjetivos (aqueles que são fornecidos pelo paciente) e do exame físico na obten-
ção dos dados objetivos (aqueles que são mensuráveis, pode existir provas, laudos).
O enfermeiro deve investigar queixa principal, comorbidades, cirurgias prévias,
alergias, uso de medicamentos, fumo, álcool, drogas, estado civil, religião, nível de
instrução e ocupação;
• É necessário fazer um levantamento dos exames laboratoriais e diagnósticos
realizados como gasometria, hemograma, raio x, ultrassom, tomografia computa-
dorizada, ressonância magnética, eletroencefalograma;
• Estimular o autocuidado;
• Verificar as dúvidas e necessidades do paciente e familiares em relação
à cirurgia;
capítulo 3 • 58
• Realizar as devidas orientações sobre recepção no CC, procedimentos anes-
tésico-cirúrgicos, recuperação pós anestésica e pós-operatório imediato, exercícios
respiratórios, desconfortos causados pela dor, posição e permanência no leito,
deambulação precoce, prevenção de complicações respiratórias, cardiovasculares
e lesão por pressão;
• Atentar para jejum oral;
• Retirada de próteses, adornos e esmalte;
• Higiene corporal com agente antisséptico e oral prévios;
• Tricotomia (até duas horas antes do procedimento cirúrgico, caso seja real-
mente necessária, de preferência na SO com aparelho elétrico);
• Esvaziamento vesical e intestinal;
• Verificar também sinais vitais, peso e altura;
• Demarcação do local a ser operado em casos de lateralidade;
• Administração de pré-anestésicos (sedativos, ansiolíticos, opióides, barbitú-
ricos) e antibiótico profilático conforme prescrição;
• Solicitar a assinatura do consentimento para a realização da cirurgia;
• Verificar e anotar o peso e a altura do paciente (alguns fármacos e medica-
mentos são calculados conforme o peso e o IMC);
• Observar sinais de medo e ansiedade, procurando estimular o paciente a
falar sobre suas expectativas e receios.
Após finalizar a visita pré-operatória, o enfermeiro possui dados que vão sub-
sidiar seu julgamento clínico para realizar o planejamento da assistência periope-
ratória. São formulados então os DE, integrando a coleta de dados ao planeja-
mento das ações, que envolve julgamento, avaliação crítica e tomada de decisão.
Diversos DE podem ser identificados de acordo com a Taxonomia da NANDA. A
Association of periOperative Registered Nurses (AORN) aponta os DE considerados
críticos para o cliente cirúrgico: Risco de infecção e Risco de lesão por posiciona-
mento perioperatório.
Os DE considerados frequentes no cliente cirúrgico são: Risco de glicemia
instável, Risco de desequilíbrio de volume de líquido, Eliminação urinária preju-
dicada, Risco de constipação, Padrão de sono prejudicado, Deambulação preju-
dicada, Mobilidade física prejudicada, Padrão respiratório ineficaz, Risco de san-
gramento, Conhecimento deficiente, Risco de síndrome de estresse por mudança,
capítulo 3 • 59
Ansiedade, Medo, Risco de aspiração, Integridade da pele prejudicada, Risco de
queda, Risco de desequilíbrio da temperatura corporal, Conforto prejudicado,
Dor aguda e muitos outros.
A etapa de identificação dos DE promove direcionamento da assistência de
enfermagem, visão ampliada da assistência, melhora a interação enfermeiro e
cliente, possibilita a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem, permite
o planejamento de recursos materiais e humanos e facilita a avaliação. É, portan-
to, um instrumento a ser utilizado também para o gerenciamento da assistência,
uma vez que identifica as necessidades, contribuindo na delimitação de recur-
sos assistenciais.
O período pré-operatório é finalizado com a transferência do cliente ao CC,
momento em que o enfermeiro deve atentar:
• Para vestimenta e transporte adequados.
• Encaminhá-lo com camisola, gorro e propé (se necessário) em cadeira de
rodas ou maca com grades elevadas coberto com lençol e cobertor (se necessário),
resguardando sua privacidade e segurança.
No período transoperatório:
• Recepção do paciente no CC, realizada preferencialmente pelo enfermeiro;
• Intervenções que devem ser desenvolvidas por toda a equipe de enfermagem
de acordo com a competência de cada profissional, oferecendo ao paciente apoio,
atenção, respeito às suas crenças, seus valores, aos seus medos, às suas necessidades,
intervindo com segurança, destreza e eficácia;
• Conferir o mapa cirúrgico;
• Receber o cliente no CC e apresentar-se;
• Verificar identificação do cliente, estado geral, prontuário, exames laborato-
riais e de imagem, demarcação cirúrgica; confirmar jejum, alergias, doenças pré-
vias e medicações em uso; verificar sinais vitais e realizar exame físico simplificado
(nível de consciência, padrão respiratório, queixas álgicas, mobilidade, integridade
da pele, infusões, drenos, sondas, cateteres, curativos);
• Encaminhar o cliente para a SO na maca, com as grades sempre elevadas,
quando a sala estiver equipada e a equipe completa presente;
• A montagem da SO é imprescindível para o bom andamento do procedi-
mento anestésico-cirúrgico, normalmente realizado pelo circulante de sala;
capítulo 3 • 60
• Antes de encaminhar o cliente para a SO, devem ser verificados limpeza da
sala, controle da temperatura (22 a 24°C) e segurança elétrica para manter técni-
ca asséptica, prever e prover materiais e equipamentos para anestesia e cirurgia e
adequar recursos humanos aos protocolos assistenciais com eficiência e eficácia;
• Ao receber o cliente na SO, é necessário posicioná-lo de modo confortável
e seguro, manter a privacidade, aquecer e monitorizar;
• Realizar o checklist de cirurgia segura antes da indução anestésica, antes da
incisão cirúrgica e antes da saída da sala de operação;
• Auxiliar o anestesista durante a indução anestésica;
• Posicionar o paciente de acordo com o procedimento cirúrgico a ser realizado;
• Proteger a pele do paciente; realizar medidas profiláticas para trombose ve-
nosa profunda (tvp) quando indicado;
• Se necessário realizar cateterismo gástrico ou vesical;
• Posicionar adequadamente a placa do bisturi elétrico;
• Controlar perdas sanguíneas, intestinais e vesicais;
• Identificar peça anatômica e encaminhar para o serviço anatomopatológico
(se necessário);
• Registrar todos os cuidados de enfermagem prestados;
• Preservar a segurança física e emocional do cliente; e manter a família infor-
mada sobre o andamento da cirurgia.
ATENÇÃO
Faz-se o registro da identificação do paciente e da equipe cirúrgica, horário de início e
término do procedimento, nome da cirurgia, tipo de anestesia, posição do cliente, uso de co-
xins, antissépticos utilizados na degermação e antissepsia, local da placa de bisturi, intercor-
rências, hemotransfusões, alterações hemodinâmicas, balanço hídrico, utilização de implan-
tes e próteses, passagem de cateteres, sondas, drenos, realização de curativos e acrescentar
no prontuário os indicadores multiparamétricos do material esterilizado.
capítulo 3 • 61
No período pós-operatório:
• Com base na prescrição médica e de enfermagem, a equipe de enfermagem
presta cuidados intensivos e semi-intensivos durante a recuperação pós anestésica,
voltados à recuperação da consciência, estabilização dos sinais vitais, motilidade e
homeostase do cliente;
• Verificar as condições clínicas do paciente (monitorização, padrão respira-
tório, nível de consciência, resposta motora, presença de dor, náuseas e vômitos);
• Observar ocorrência de infecção do sítio cirúrgico;
• São avaliadas também as intercorrências quanto à venóclise (acesso venoso);
• Observadas a integridade da pele;
• Fixação de drenos e cateteres e realização de curativos.
capítulo 3 • 62
Objetivos da SAEP
capítulo 3 • 63
• Porte da cirurgia;
• Duração do procedimento;
• Tipo de anestesia;
• Estado físico geral;
• Idade;
• Gravidade da doença cirúrgica;
• Estado nutricional;
• Risco no transoperatório; e
• Possíveis complicações no pós operatório imediato (POI).
Visita pré-operatória
capítulo 3 • 64
• Reforçar informações recebidas da equipe de saúde;
• Ampliar as atividades do enfermeiro de CC, aproximando-o mais do pa-
ciente e do enfermeiro da unidade de internação;
• Verificar e orientar também o preparo para o procedimento cirúrgico: ba-
nho, tricotomia, vestuário, remoção de adornos e próteses, cuidados com drenos,
sondas e cateteres;
• Verificar se o prontuário está em ordem, exames laboratoriais e de imagem,
observar as anotações de enfermagem, prescrição de pré-anestésico, valores dos
sinais vitais.
capítulo 3 • 65
O protocolo para Cirurgia Segura deverá ser aplicado em todos os locais dos
estabelecimentos de saúde em que sejam realizados procedimentos, quer terapêu-
ticos, quer diagnósticos, que impliquem em incisão no corpo humano ou em
introdução de equipamentos endoscópios, dentro ou fora de centro cirúrgico, por
qualquer profissional de saúde.
Muitos fatores ocorrem para que um procedimento cirúrgico seja realizado de
forma segura:
• Profissionais capacitados;
• Ambiente;
• Equipamentos e materiais adequados para a realização do procedimento;
• Conformidade com a legislação vigente.
Definições
capítulo 3 • 66
CHECKLIST DA CAMPANHA DE CIRURGIA SEGURA - OMS
ANTES DE O
ANTES DA INDUÇÃO ANTES DA INCISÃO PACIENTE SAIR
ANESTÉSICA CIRÚRGICA DA SALA DE
OPERAÇÕES
Paciente confirmou Confirmar que todos os O profissional da
membros da equipe se apresen- equipe de enferma-
• Identidade
taram pelo nome e função gem ou da equipe
• Local da cirurgia médica confirma
Cirurgião, anestesiologista e
• Procedimento a equipe de enfermagem confir- verbalmente com
• Consentimento mam verbalmente: a equipe:
Nome do procedi-
Sítio cirúrgico do lado • Identificação do paciente
mento realizado
correto/não se aplica • Sítio cirúrgico A contagem de
Checagem do equipamen- • Procedimento compressas, instru-
to anestésico OK Eventos críticos previstos mentos e agulhas
Oxímetro de pulso instala- Revisão do cirurgião: quais está correta (ou não
do e funcionando são as etapas críticas ou inespe- se aplica)
Paciente tem algum aler- radas, duração da operação, perda Biópsias estão
gia conhecida? sanguínea prevista? identificadas e com o
Não Revisão da equipe de nome do paciente
Sim ___________________ anestesiologia: há alguma Houve algum
preocupação específica em relação problema com equi-
Via aérea difícil/risco
ao paciente? pamento que deve
de aspiração?
Revisão da equipe de enfer- ser resolvido
Não
magem: os materiais necessários (ex. O cirurgião, o
Sim, e equipamento/assis-
Instrumentais, próteses) estão presen- anestesista e a enfer-
tência disponíveis
tes e dentro do prazo de esterilização, magem analisam os
Risco de perda sanguínea > incluindo resultados do indicador? Há pontos mais importan-
500 ml questões relacionadas a equipamen- tes na recuperação
(7 Ml/kg em crianças)? tos ou quaisquer preocupações? pós-anestésica e
Não O antibiótico profilático foi dado pós-operatória desse
Sim, e acesso endoveno- nos últimos 60 minutos? paciente
so adequado Sim
E planejamento para fluidos Não se aplica
Exames de imagem es-
tão disponíveis?
Sim
Não se aplica
capítulo 3 • 67
10 Objetivos da cirurgia segura:
ATENÇÃO
O tempo dessa etapa é variável, a depender do procedimento ao qual o paciente
foi submetido.
Nesta fase, o enfermeiro, juntamente com a equipe médica, deverá avaliar a complexida-
de do procedimento anestésico-cirúrgico realizado e implementar o plano de cuidados para
pacientes internados até que recebam alta.
capítulo 3 • 68
Agora que você já aprendeu tudo sobre SAEP, vamos estudar os fios de sutura
Hoje existe uma grande variedade de fios, porém no centro cirúrgico precisa-
mos conhecer os principais:
Os fios de sutura podem ser classificados em diferentes grupos.
MONOFILAMENTARES Seda
Aço inoxidável
Polipropileno
QUANTO A ESTRUTURA
Colágeno
Polidioxanone
Algodão
MULTIFILAMENTARES
Seda
Nylon
Dacron
Aço inoxidável
Ácido poliglicólico
Poligactina revestido
Diâmetro
capítulo 3 • 69
Os fios podem ser:
• Não absorvíveis: são aqueles que se mantêm no tecido onde foram im-
plantados. Podem ser de origem animal (seda), mineral (aço), vegetal (algodão ou
linho) ou sintéticos (poliamida, poliéster, polipropileno).
capítulo 3 • 70
É importante saber que os fios de sutura possuem tamanhos e curvaturas di-
ferentes nos padrões de agulhas, estas podem ser: circulares, cortantes, retas
ou curvas.
Os fios possuem numeração de identificação que vão desde o 0 ao 10-0, quan-
to maior o nº, menor a espessura, portanto mais fino.
Após aprender que existem diferentes tipos e classes de fios, fica a dúvida:
PERGUNTA
Qual fio usar?
A escolha do fio cirúrgico para cada situação, depende das características fí-
sicas e biológicas de cada fio da tensão da linha de sutura, do tempo necessário
para a cicatrização, das restrições de escolhas devido ao custo, além da experiência,
gosto pessoal e bom senso do cirurgião.
É um material caro e deve ser escolhido corretamente antes de abrir o envelo-
pe, quanto ao tipo, calibre e o comprimento necessário.
Antes de escolher um fio, olhar se ele tem essas características:
• Resistência;
• Calibre fino e regular;
• Flexível e pouco elástico;
• Pouca reação tecidual;
• Esterilização fácil e repetida;
• Pouco custo.
PARA QUE SERVEM Para realizar a sutura, que é a aproximação das estru-
OS FIOS? turas teciduais.
capítulo 3 • 71
ATIVIDADES
01. Vamos exercitar o aprendizado sobre SAEP. O resumo a seguir possui lacunas que pre-
cisam ser preenchidas por você.
A enfermagem peri-operatória envolve 1.________ fases: pré-operatória, intra-operatória
(ou trans-operatória) e 2._______________________. Cada fase tem um início e término bem
delimitado na sequência de eventos que constitui a cirurgia. Nelas a enfermagem desempe-
nha suas atividades usando o processo de enfermagem e a base da prática.
O enfermeiro realiza a educação pré-operatória do paciente. Inicialmente, realiza-se a
avaliação pré-operatória que envolve: histórico, exame físico (utilizando os 4 métodos prope-
dêuticos: inspeção, palpação, percussão e ausculta), 3. ___________ (FC, FR, PA, Tempera-
tura, dor), exames laboratoriais e radiológicos, avaliação do estado nutricional e do estado de
hidratação, informar aos pacientes sobre a medicação pré-anestésica, analgésicos, equipa-
mentos a serem utilizados, sensações que venha a sentir e rotinas hospitalares.
Segundo passo será a realização do preparo imediato do paciente para a cirurgia: hi-
giene rigorosa, 4._______________________ , esvaziamento da bexiga e dos intestinos,
5._______________________, retirar próteses, joias, colocar a vestimenta apropriada, admi-
nistrar medicação se necessária e por fim encaminhar o paciente para o centro cirúrgico com
as devidas anotações de enfermagem e os exames.
Dessa forma, o pré-operatório se inicia com a decisão da intervenção cirúrgica e termina
6.____________________________________________________. Iniciando o período intra
-operatório (ou trans-operatório) o mesmo só termina quando 7._______________________
_________________________________.
São atividades de enfermagem no período intra-operatório: receber cordialmente o pa-
ciente, 8. _______________________________ e procedimento cirúrgico a ser realizado,
fornecer segurança ao cliente, manutenção de um ambiente asséptico, garantia do funcio-
namento apropriado dos equipamentos, elaboração dos registros de forma apropriada, apoio
emocional ao paciente, atuar como circulante ou instrumentador se necessário.
O período pós-operatório se inicia 9. __________________________________ e termina
com a avaliação do seguimento na unidade clínica ou no domicílio. No pós- operatório ime-
diato o enfermeiro deve: avaliar a permeabilidade das vias aéreas, os sinais vitais, o sistema
nervoso e mental, verificar as drogas usadas no trans-operatório, inspecionar sítio cirúrgico,
10. ________________________________, manter paciente seguro no leito, chegar tipo de
cirurgia, anestesia, nome do cirurgião e anestesista, realizar todas as anotações necessárias
no prontuário.
capítulo 3 • 72
02. Entende-se que o paciente cirúrgico passa por diferentes períodos. Defina cada um
desses períodos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNNER,L. SUDDART,D. Tratado de enfermagem médico cirúrgica. 13ªed. Rio de Janeiro:
Guanabara- Koogan, 2013.
CARVALHO, R., Bianchi ERF. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. Barueri, SP.
Manole, 2007.
ROTHROCK, Jane C. Alexander - Cuidados de Enfermagem ao Paciente Cirúrgico. 13ªedição. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2007.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO RECUPERAÇÃO
ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO - SOBECC. Práticas recomendadas da
SOBECC. 7. ed. São Paulo: SOBECC; 2017.
<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/classificacao-dos-fios-
cirurgicos/23160>.
<https://laborimportshop.com.br/blog/hospitalar/fios-de-sutura-e-suas-indicacoesfios e suturas -
HU/USP www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/74/2016/03/2.pdf>.
capítulo 3 • 73
capítulo 3 • 74
4
Anestesia e sala de
recuperação pós
anestésica
Anestesia e sala de recuperação pós anestésica
Olá, Pessoal!
Estamos, mais uma vez, aqui reunidos para falar de um assunto que requer
uma enorme participação do enfermeiro na assistência ao paciente. Iremos abor-
dar a Anestesia e suas implicações para a Assistência de Enfermagem, assim como
o cuidado de enfermagem na Sala de Recuperação Pós Anestésica (SRPA).
Esses dois temas possuem várias subdivisões que iremos tratar durante todo
esse capítulo, desde a estrutura física, complicações cirúrgicas, curativos, drenos,
tipos de anestesias e por aí vai. Venha se deliciar na leitura e estudo desse capítulo.
OBJETIVOS
• Conhecer o histórico da evolução anestésica;
• Diferenciar os termos sedação, analgesia e anestesia;
• Conhecer os tipos de anestesia;
• Identificar os cuidados e as complicações associadas às anestesias;
• Aprender sobre a Assistência de Enfermagem no pós-operatório;
• Compreender a estrutura e funcionamento da Sala de Recuperação Pós-anestésica (SRPA).
capítulo 4 • 76
Anestesia é uma palavra de origem grega que se origina das expressões na (pri-
vação) e aísthesis (sensação), significando, semanticamente, perda total ou parcial
da sensibilidade, sobretudo da tátil. Implica a ausência de dor e outras sensa-
ções para a realização tanto de cirurgias, quanto de procedimentos terapêuticos
e diagnósticos.
O primeiro relato sobre a Anestesia data do século I d.C., em que a man-
drágora (propriedades tóxicas e medicinais: afrodisíaca, alucinógena, analgésica
e narcótica) era citada como uma planta que, preparada com vinho e fervida,
poderia produzir anestesia. Do século IX ao XII foi usada uma esponja preparada
com folhas de mandrágora, papoulas e outras ervas, e que era colocada sob o nariz
do paciente.
O éter, que desde o século XIV era pesquisado, foi utilizado pela primeira
vez em 1846 para administração de uma anestesia em um paciente submetido a
uma ressecção cirúrgica. Desde então, diversas drogas e tipos de anestesia foram
descobertos e desenvolvidos, sempre com o objetivo de promover o alívio da dor.
O clorofórmio e o óxido nitroso eram administrados através de máscaras e bolsas.
Em 1899 foi realizada a primeira anestesia subaracnóidea, e ao longo do século XX
desenvolveram-se aparelhos de anestesia, anestésicos inalatórios e endovenosos.
A anestesiologia é a especialidade médica que estuda e proporciona ausência
ou alívio da dor e outras sensações ao paciente. Considera-se que o procedimento
anestésico inclui a avaliação pré-anestésica, a anestesia propriamente dita, o perío-
do de recuperação da anestesia, bem como a analgesia pós-operatória.
capítulo 4 • 77
• Classe IV: paciente com doença sistêmica grave, com ameaça constante à vida;
• Classe V: paciente moribundo que não sobreviverá sem a cirurgia;
• Classe VI: paciente com morte cerebral cujos órgãos estão sendo removidos
para doação;
• Classe E: paciente que requer cirurgia de emergência.
ATENÇÃO
Quem realiza essa classificação é o anestesiologista, mas o enfermeiro precisa saber
interpretá-la para conhecer o paciente que está sob seus cuidados. Por exemplo: um pacien-
te que chegou com ASA IV, mostra que devemos ter atenção redobrada e intensa a esse
paciente por ter uma ameaça constante à vida.
Tipos de anestesia
capítulo 4 • 78
Entenda a diferença de sedação, analgesia e anestesia.
capítulo 4 • 79
O enfermeiro tem função primordial nos cuidados e acompanhamento anes-
tésico, no auxílio do ato anestésico e na recuperação pós-anestésica, dentre as ati-
vidades de enfermagem a Monitorização perioperatória e dos equipamentos deve
ser feita criteriosamente pelos profissionais.
Durante todo o processo anestésico, deve haver uma monitoração contínua
das condições do paciente. Essa monitoração depende de:
• Condições fisiológicas e estabilidade do indivíduo;
• Cirurgia programada, com potencial para causar alterações bruscas nas fun-
ções cardiopulmonares;
• Extensão da perda sanguínea e deslocamento de líquidos;
• Tipos de anestesia (geral ou regional).
capítulo 4 • 80
• Pressão das fontes de gases.
Imagino que nesse momento você deve estar se perguntando sobre o significa-
do desses termos anteriores, realmente eles são difíceis de compreender e precisaria
de um capítulo para cada item, pois a explicação deles requer abordagem sobre
fisiologia, anatomia, farmacologia, farmacodinâmica e outros.
• O exercício será pesquisar e estudar cada um desses itens anteriores.
Figura 4.3 –
capítulo 4 • 81
Visita pré-anestésica
Medicações pré-anestésicas
capítulo 4 • 82
Não existe um único fármaco capaz de produzir todos os efeitos desejados, por isso
o anestesiologista utiliza uma associação de diversos medicamentos, que podem ser
administrados desde o período pré-operatório, como medicação pré-anestésica, até o
pós-operatório, como analgésico.
Controle da dor
capítulo 4 • 83
• Restrições impostas pelos métodos terapêuticos;
• Falta de valorização da dor;
• Tratamento precoce da dor sem avaliação da patologia causal pode predis-
por a um risco para o paciente;
• Falta de capacitação do profissional;
• Falta de conhecimento dos instrumentos de avaliação da dor.
Complicações anestésicas
capítulo 4 • 84
• Em relação a raquianestesia:
– Cefaleia pós-raquianestesia (a mais comum): Acontece devido o ex-
travasamento do líquor;
– Retenção urinária;
– Hipotensão por bloqueio de nervos simpáticos;
– Lesão das raízes nervosas;
– Hematoma espinhal;
– Meningites sépticas: decorrente da contaminação do líquor por ger-
mes patogênicos;
– Meningites assépticas: decorrente da irritação meníngea;
– Síndrome da calda equina: disfunção vesical e intestinal, perda da
sensibilidade do períneo e fraqueza de membros inferiores decorrentes do
trauma das raízes nervosas, isquemia, infecção ou reações neurológicas.
capítulo 4 • 85
dimensão mínima – 6m2 – para permitir adequada distribuição dos equipamentos
e mobilidade dos profissionais.
Pertence à planta física da Unidade de Centro Cirúrgico (UCC), onde permite
acompanhamento clínico especializado e intervenção imediata quando necessária.
Abaixo vamos estudar a estrutura física da SRPA
Figura 4.4 –
capítulo 4 • 86
A Enfermagem no pós-operatório tem inúmeras atividades, dentre elas:
• Proporcionar cuidado até que o paciente tenha se recuperado dos efeitos
da anestesia;
• Acompanhar o paciente para retomar as funções motoras e sensoriais e es-
teja orientado;
• Checar nenhuma evidência de hemorragia, náusea ou vômitos;
• Orientar movimentação precoce, contudo depende do tipo e da extensão
da cirurgia;
• Realizar mudança de decúbito várias vezes ao dia no sentido de prevenir o
acúmulo de secreções e a atelectasia pulmonar, quando possível; A presença da dor
pós-operatória dificulta a mobilização ativa, restringe o esforço para a tosse pro-
dutiva, leva à hipoventilação e compromete o estado geral do paciente operado.
Geralmente é mais intensa nas primeiras 24 a 36 horas, sendo que na maioria dos
casos já se observa melhora nas primeiras 48 horas.
• Checar temperatura. A elevação da temperatura favorece a infecção nas pri-
meiras 48 horas de pós-operatório (temperatura até 38ºC) consequente à elevação
do metabolismo e ao trauma cirúrgico.
• Controlar a dor: uso de analgésicos anti-inflamatórios não hormonais e
morfínicos, por diversas vias, conforme prescrição; intervenções cognitivo-com-
portamentais, como técnicas educativas, de relaxamento, distração e imaginação
dirigida; uso de agentes físicos como massagens, aplicação de calor ou frio.
• Fiscalizar os sinais vitais; ©© BALONCICI | SHUTTERSTOCK.COM
Monitorização
• Pressão arterial;
• Traçado de ECG;
• Oximetria de pulso;
• Temperatura;
• Frequência cardíaca;
• Controles: 15/15 min (mínimo).
capítulo 4 • 87
AVALIAÇÃO INICIAL NA UNIDADE DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA
1. Integração dos dados recebidos quando da transferência dos cuidados.
2. Sinais vitais.
3. Nível de consciência.
4. Níveis de pressão.
5. Posição do paciente.
6. Condição e coloração da pele.
7. Necessidades de segurança do paciente.
8. Neurovascular.
9. Condição do curativo.
10. Condição da linha de sutura, na ausência de curativos.
11. Tipo, perviedade e segurança dos drenos, cateteres e receptáculos.
12. Quantidade e tipo de drenagem.
13. Resposta muscular e força.
14. Resposta pupilar.
15. Reposição hídrica.
16. Nível de conforto físico e emocional.
17. Sistema de pontuação pós-anestésica, se utilizado.
18. Avaliação específica de procedimento.
capítulo 4 • 88
Os fatores sistêmicos que favorecem o surgimento de infecção cirúrgica são:
desnutrição, obesidade, presença de infecção concomitante em outro local do cor-
po, depressão da imunidade, uso de corticoesteróides e citotóxicos, diabete melito,
hospitalização prolongada, doenças debilitantes.
As complicações pulmonares são as mais comumente observadas no período
pós-operatório. A atelectasia é a complicação pulmonar mais comum no pós-opera-
tório. A pneumonia é complicação mais frequente das atelectasias persistentes ou da
aspiração de secreções. A embolia pulmonar é complicação mais frequente no pós
-operatório de indivíduos imobilizados por longo período de tempo, nos idosos, nas
cirurgias pélvicas e do colo do fêmur, nos cardiopatas, nos obesos, em pacientes com
história de acidentes tromboembólicos e naqueles apresentando insuficiência venosa
periférica ou em uso de anovulatórios. Dentre as complicações mais presentes tem:
Drenos
capítulo 4 • 89
após uma cirurgia para ajudar a retirar o excesso de líquidos, como sangue e pus,
que se podem acumular no local operado.
Os tubos para drenagem de secreções (gástrica, torácica e do mediastino) são
drenados por gravidade ou, quando necessário, ligados à aspiração contínua ou
intermitente. O volume e o aspecto das secreções devem ser registrados. Quando
houver drenos exteriorizados por contra-abertura, estes são adaptados a um siste-
ma de coletor fechado.
Dessa forma, o dreno pode ficar colocado em várias regiões do corpo e, por
isso, existem diferentes tipos de drenos, como o dreno Penrose, Blake, Portovac,
Redivac ou Jackson-Pratt por exemplo, que podem ser de borracha, plástico
ou silicone. Embora existam vários tipos de dreno, os cuidados normalmente
são semelhantes.
capítulo 4 • 90
consiga manter a tensão dos tecidos aproximados em um tempo necessário. Na
técnica de sutura as bordas da ferida cirúrgica devem ser aproximadas por planos
anatômicos, respeitando-se as características de cada tecido.
Os curativos devem ser oclusivos por no mínimo 24 horas, para manter a
umidade da ferida e absorver o sangramento e o exsudato (secreção). Neste perío-
do, até aproximadamente 48 horas do término do procedimento, ocorre a epite-
lização da camada superficial da pele, capaz de manter a umidade e proteção da
área traumatizada.
Curativo é um procedimento utilizado para a limpeza, proteção e tratamento
das lesões. Consiste no cuidado dispensado a uma região do corpo com presença
de uma ruptura da integridade de um tecido corpóreo. A principal função do
curativo é o de estabelecer uma barreira artificial entre a lesão e o ambiente. Ele
isolará parcialmente a ferida, e minimizará o contato com materiais e organis-
mos infectantes.
Vale esclarecer que todos os tecidos seccionados foram provavelmente sutu-
rados (fechamento do corte com 'costura' cirúrgica) para que haja a cicatrização
com maior facilidade.
Quando tratamos de uma incisão cirúrgica estamos na verdade tratando da
parte externa de um ferimento importante que dá acesso a vasos e estruturas sig-
nificativas do corpo, sendo de extrema necessidade os cuidados com esse corte
aparentemente modesto.
capítulo 4 • 91
ou parcial dos bordos da ferida, e evoluir ainda para a evisceração, principalmen-
te no abdômen, onde grande quantidade de líquido e secreção flui pela ferida
operatória.
O controle da infecção pode ser dificultado pelo grau de debilidade do pacien-
te, por isso observar tais sinais e estar atento a qualquer mudança no quadro de
saúde é de extrema importância.
capítulo 4 • 92
A interação enfermeira-paciente, quando efetiva, contribui para o aprendiza-
do, aquisição e modificação do comportamento deste último. Todavia, seu efei-
to será mais eficaz e facilitado quando dispõe do reforço de outros elementos
da equipe.
capítulo 4 • 93
RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA
RESPONSABILIDADE PELA
ANESTESIOLOGISTA
INTERNAÇÃO E ALTA DA SRPA
ATIVIDADES
01. Montar um resumo com os valores de normalidade dos sinais vitais para adulto e crian-
ça. Colocar também as nomenclaturas utilizadas quando os parâmetros encontra-se normal,
alto ou baixo. E a unidade utilizada para cada sinal vital. Exemplo: Frequência respiratória em
adulto: 12-20rpm (eupneico, taquipneico, bradipneico).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNNER,L. SUDDART, D. Tratado de enfermagem médico cirúrgica. 13ªed. Rio de Janeiro:
Guanabara- Koogan, 2013.
CARVALHO, R., Bianchi ERF. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. Barueri, SP.
Manole, 2007.
ROTHROCK, Jane C. Alexander - Cuidados de Enfermagem ao Paciente Cirúrgico. 13ªedição. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2007.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO RECUPERAÇÃO
ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO - SOBECC. Práticas recomendadas da
SOBECC. 7. ed. São Paulo: SOBECC; 2017.
capítulo 4 • 94
5
A cirurgia
A cirurgia
Olá, Pessoal!
Estou aqui mais uma vez para trazer conteúdo da Clínica Cirúrgica, esse é
nosso último capítulo, mas não é por isso que será menos importante que os
outros. Pelo contrário, ele traz uma mistura de assuntos relevantes. Primeiro ire-
mos abordar o preparo cirúrgico, que consiste em compreender: a degermação e
paramentação cirúrgica, posições cirúrgicas, tempos cirúrgicos e os instrumentais
cirúrgicos. Em seguida falar sobre Central de Material e Esterilização (CME).
Nesse capítulo utilizaremos muitas figuras, tornando o aprendizado mais praze-
roso e lúdico.
O assunto da CME é bastante amplo, pois aborda conteúdos que podem ser
vistos em outras disciplinas e/ou outros estabelecimentos de saúde.
OBJETIVOS
• Compreender o procedimento da degermação cirúrgica e a paramentação cirúrgica;
• Conhecer as posições cirúrgicas;
• Identificar os tempos cirúrgicos e os instrumentais;
• Aprender sobre CME.
capítulo 5 • 96
CHECK-LIST DEGERMAÇÃO DAS MÃOS E ANTEBRAÇO
1. Estar devidamente uniformizado de acordo com as normas do Centro Cirúrgico;
11. Região anterior, lateral e posterior do antebraço (do pulso para o cotovelo);
15. Enxaguar as mãos em água corrente, no sentido das mãos para os cotovelos, reti-
rando todo resíduo do produto;
capítulo 5 • 97
Paramentação cirúrgica
PARAMENTAÇÃO DESPARAMENTAÇÃO
1º Avental 1º Luvas
2º Máscara (ou N95) 2º Óculos de proteção
3º Óculos de proteção 3º Avental
4º Luvas 4º Máscara
capítulo 5 • 98
Posições cirúrgicas
capítulo 5 • 99
• Permite a expansão completa dos pulmões e visão da simetria superior
do corpo.
• Utilizada como posição de conforto, quando há dispneia após a cirurgia de
tireoide, mamoplastia e abdominoplastia.
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capítulo 5 • 100
©© LEREMY | SHUTTERSTOCK.COM
Figura 5.5 – Decúbito dorsal ou supina.
capítulo 5 • 101
• Deitado de frente, pernas estendidas ou ligeiramente flexionadas com os
braços estendidos para frente e apoiados em talas;
• Usada nas cirurgias da região dorsal, lombar, sacrococcígea e occipital;
• Apoiar os ombros e o abdômen, a fim de facilitar a expansão pulmonar;
• Evitar o apoio da cabeça sobre o nariz;
capítulo 5 • 102
• Ajoelhada sobre a cama com os joelhos afastados, pernas estendidas e peito
apoiado sobre a cama, cabeça lateralizada apoiada sobre os braços.
©© LEREMY | SHUTTERSTOCK.COM
Tempos cirúrgicos
capítulo 5 • 103
As intervenções cirúrgicas se realizam em quatro tempos: Diérese, hemostasia,
exérese e síntese, respectivamente, nesta sequência. A utilização do instrumental
cirúrgico é planejada em função do tipo de cirurgia e do tempo cirúrgico.
Instrumental é todo material utilizado na realização de intervenções cirúrgi-
cas, retirada de pontos, exames, tratamentos e curativos.
Classificam-se em especiais e comuns:
Nas fotos a seguir podem ser visualizados alguns tipos de instrumentais com
seus respectivos nomes.
capítulo 5 • 104
Cada um desses instrumentais tem uma finalidade que depende do tempo
cirúrgico: Diérese, hemostasia, exérese (Preensão e separação e síntese).
• Diérese: fase de abertura – serve para cortar e dissecar os tecidos.
capítulo 5 • 105
Montagem da mesa de instrumental
ÁREA 1 Coloca-se o bisturi com a lâmina para baixo e o corte para a esquerda;
ÁREA 9 Backaus;
ÁREA 12 Uso versátil (cuba rim, cuba redonda, afastadores, seringa, gazes).
9 8 7 6
12 11 10
5 4 3 2 1
capítulo 5 • 106
Para haver a reutilização desses instrumentais se faz necessário submetê-los
ao reprocessamento, que será explicado mais adiante, mas essa técnica é realizada
dentro da Central de Material e Esterilização (CME).
Pode ser de dois tipos: química manual ou termodesinfecção. Faz uso de aldeídos,
ácido paracético, hipoclorito de sódio e outros.
até o seu uso. Essa embalagem usada permite a saída do ar e a entrada do agente
esterilizante, mas proíbe os microrganismos. O ideal é que essas embalagens se-
jam de tamanhos variados, selagem segura, com indicação de abertura, validade
e lote, com indicadores químicos e que seja possível visualizar o produto. Lembrar
de armazenar em local seco, longe de umidade, elevado do chão, armários com
portas, não dobrar, amassar ou usar elásticos.
ESTERILIZAÇÃO
Pode ser física ou química (solução ou gasosa). Na física usa-se radiação ioni-
zante ou calor. O calor pode ser úmido (autoclave) ou seco (estufa). A autoclave
(gravitacional ou pré-vácuo) precisa obedecer a seus parâmetros essenciais de
tempo, temperatura e pressão. É necessário o monitoramento das máquinas, veri-
ficar a eficácia e realizar testes.
capítulo 5 • 107
Pode ser indicadores químicos e biológicos. Os químicos se dividem em seis
classes:
1) Tiras impregnadas com tintas termoquímicas que mudam de cor quando
expostas a temperaturas, é usada externamente em todas as embalagens;
2) Teste de Bowie-Dick testa a eficácia do sistema de vácuo da autoclave
TESTE DE QUALIDADE
PERGUNTA
Agora você consegue entender a diferença de reprocessamento e reesterilização?
Todas essas medidas e outras são para evitar as infecções que se define como a
penetração, alojamento e multiplicação de microrganismos patogênicos no corpo
do hospedeiro.
O risco de infecção é o principal Diagnóstico de Enfermagem (DE) associado
ao trabalho na CME e as intervenções de enfermagem tem por objetivo evitar
infecção cruzada através dos artigos utilizados na assistência ao cliente.
Nas últimas décadas do século XX, a CME se tornou centralizada em razão
da exigência de um local único e apropriado para o processamento dos produtos
hospitalares, assim como a necessidade de recursos humanos qualificados. Essa
centralização otimiza os recursos humanos e materiais, promove maior segurança
para o trabalhador e para o cliente, favorece técnicas seguras e eficientes e maior
capítulo 5 • 108
produtividade, facilidade de supervisão e treinamento e adequação no campo de
ensino e pesquisa.
As instituições hospitalares que contarem com centro cirúrgico, centro obs-
tétrico e/ou ambulatorial, hemodinâmica, emergência de alta complexidade e ur-
gência deverá ter uma CME. Quanto à localização, o ideal é que esteja o mais
próximo possível das unidades fornecedoras (almoxarifado e lavanderia), podendo
também estar próxima das unidades consumidoras, priorizando sempre o espaço
físico para o desenvolvimento adequado do seu processo de trabalho. Sendo assim
entende-se que não tem um local próprio para instalar uma CME, precisa-se ava-
liar a logística da Instituição.
Sobre os aspectos físicos, recomenda-se que pisos e paredes sejam predomi-
nantemente em cor clara e de fácil limpeza, piso antiderrapante (áreas molhadas),
sem porosidade, não sonoro com forro acústico para minimizar os ruídos. Deve
ter uma boa iluminação geral com janelas para entrada de luz natural, mantidas
sempre fechadas. A ventilação é feita por sistema de ar condicionado e nas áreas
onde ficam as autoclaves requer sistema de exaustão de calor para manter a tem-
peratura no nível de conforto.
A área física deve permitir um fluxo contínuo e unidirecional de forma a evitar
o cruzamento de artigos e trânsito de profissionais da área contaminada (suja) para
as áreas limpa e estéril (armazenamento e distribuição). A CME pode ser classificada
em Classe I e Classe II, onde a primeira se destina ao processamento de artigos com
conformação não complexa passíveis de processamento, devendo possuir no mínimo
barreira técnica (medida comportamental dos profissionais) entre a área contaminada
das demais, e a segunda de artigos de conformação não complexa e complexa, também
passíveis de processamento, onde é obrigatória uma barreira física (paredes).
A equipe de enfermagem presta uma assistência indireta ao paciente, tão im-
portante quanto à assistência direta, que é realizada pela equipe de enfermagem
que atende ao cliente. As ações de enfermagem desenvolvidas na CME envol-
vem o recebimento dos materiais para a saúde, utilizados na prática assistencial
pelas unidades consumidoras, e os fornecidos pela lavanderia e almoxarifado
para processamento.
O fluxo unidirecional inicia pela área contaminada, na sala de recepção e lim-
peza, com o recebimento no expurgo de artigos sujos que são submetidos à limpe-
za através da lavagem com detergente enzimático, enxágue e secagem, conferidos e
separados conforme o tipo (instrumentais cirúrgicos, materiais de aço inoxidável,
vidro, cânulas, extensões de borracha e equipamentos de ventilação mecânica).
capítulo 5 • 109
Em seguida, os materiais são encaminhados para a sala de preparo e esteriliza-
ção, área limpa, onde são preparados e acondicionados. Os materiais são inspecio-
nados quanto à presença de sujidade, por meio de testes visuais e químicos, emba-
lados e identificados, os campos e os aventais cirúrgicos são dobrados, e todos são
enviados à esterilização, que ocorre na área onde estão localizadas as autoclaves e
outros equipamentos de esterilização.
A CME, quando aplicável, pode apresentar a sala de desinfecção química,
onde se localizam os desinfetantes utilizados nesse processo, como glutaraldeído e
ácido peracético, e deve contar também com a área de monitoramento do proces-
so de esterilização, para a armazenagem dos registros de monitoramento por um
período de cinco anos.
Após a esterilização, os materiais são enviados para a área estéril, na sala de ar-
mazenamento e distribuição de materiais esterilizados, local exclusivo e de acesso
restrito, não podendo se situar em área de grande circulação, mesmo que tem-
porariamente, devendo ser um local limpo e seco, protegido da luz solar e em
temperatura adequada (18°C a 25°C).
A figura a seguir é um resumo do fluxo unidirecional explicado anteriormen-
te: Fluxo em linha reta, desde a área de recepção até a de distribuição, no sentido
de evitar cruzamento do material limpo com o contaminado.
capítulo 5 • 110
Já os artigos semicríticos, como os nebulizadores, umidificadores, inaladores,
endoscópios e espéculo vaginal, entram em contato com pele não íntegra, mas
restrita a ela, ou mucosa íntegra colonizada. Por fim, os não-críticos são destinados
ao contato com a pele íntegra e mesmo aqueles artigos que nem sequer contatam
diretamente o paciente, como termômetro, manguitos de esfigmo, sensor do oxí-
metro, comadres e outros.
Após classificar os artigos utilizados na assistência ao cliente, estes deverão ser
processados. A limpeza é a primeira etapa, sendo essencial e indispensável para
todos os artigos críticos, semicríticos e não críticos. Consiste na remoção por
ação mecânica de forma manual ou automatizada de sujidade visível (orgânica ou
inorgânica) de um artigo e, por conseguinte, na retirada de sua carga microbiana
(bioburden), e deve sempre preceder a desinfecção e a esterilização, pois a matéria
orgânica protege os microrganismos tornando as etapas subsequentes ineficientes.
A desinfecção é o processo de eliminação dos microrganismos em objetos ina-
nimados, que não destrói todas as formas de vida microbiana, principalmente os
esporos, classificada em alto nível, nível intermediário e baixo nível. A desinfecção
de alto nível é aplicada em artigos semicríticos para eliminar todos os microrga-
nismos em forma vegetativa e alguns esporos com o uso de desinfetantes como
glutaraldeído e ácido peracético.
A desinfecção de nível intermediário pode ser aplicada em artigos semicríticos
de inalo-terapia e assistência ventilatória e não críticos, usada para eliminar bacilo
da tuberculose, alguns vírus não lipídicos, fungos, bactérias vegetativas e vírus li-
pídicos, mas não elimina esporos, através de compostos como álcool e hipoclorito
de sódio 1%.
Por fim, a desinfecção de baixo nível, aplicada em artigos não críticos, utili-
zada para eliminar alguns vírus não lipídicos, alguns fungos, bactérias vegetativas
e vírus lipídicos, mas não elimina o bacilo da tuberculose nem esporos, sendo o
quaternário de amônia e o hipoclorito de sódio 0,2% os produtos utilizados.
A esterilização é o conjunto de meios empregados para exterminar todos os
microrganismos, inclusive os que estiverem na forma de esporos, que é a forma
de resistência dos microrganismos. Além dos passos fundamentais para o artigo
estar rigorosamente limpo, depende-se da natureza do produto a ser esterilizado,
do tipo e da segurança do equipamento esterilizador, do acondicionamento do
invólucro compatível com o método de esterilização e do carregamento e descar-
regamento adequados.
capítulo 5 • 111
Em relação ao tipo do equipamento esterilizador, tem-se os meios de processos
físicos, químicos ou físico-químicos. O processo físico utilizado no ambiente hos-
pitalar é a esterilização por vapor saturado sob pressão, que se dá por meio de calor
úmido de autoclaves (pré-vácuo e gravitacional). É o mais utilizado e econômico,
ideal para todos os artigos críticos e semicríticos termorresistentes. A temperatura
varia de 121°C a 134°C sob pressão de um a 1,8 atm e tempo de três a 30 minutos.
Sobre os processos químicos, os métodos manuais de esterilização utilizan-
do soluções químicas (aldeídos e ácido peracético) estão proibidos fundamentado
pelo fato de ser de difícil controle os erros humanos no procedimento como con-
centração inadequada da solução, contado parcial do artigo com o agente esterili-
zante e enxague insuficiente (ANVISA, 2009), entretanto, a esterilização automa-
tizada por ácido peracético ainda é permitida.
Os processos físico-químicos de esterilização mais utilizados são pelo óxido
de etileno (ETO), por vapor de baixa temperatura e formaldeído gasoso (VBTF)
e por plasma e vapor de peróxido de hidrogênio (VPH). Todas são realizadas em
autoclaves próprias com temperaturas relativamente baixas, indicadas para arti-
gos termossensíveis de conformação complexa, com lúmens longos, estreitos e de
fundo cego.
Quanto à utilização do invólucro na esterilização física ou físico-química, este
deve ser compatível com o processo e com o próprio material para manter a este-
rilidade do produto no que se refere ao uso pretendido, à vida útil, às condições
de funcionalidade, à proteção apropriada para transporte e armazenagem até utili-
zação. As embalagens podem ser divididas em reutilizáveis, tecido algodão, estojo
metálico, vidro refratário, container rígido, e descartáveis, papel grau cirúrgico,
papel crepado, SMS, Tyvek.
São ações de enfermagem para o empacotamento: lavar as mãos; inspecionar
o produto, verificando limpeza, integridade e funcionalidade; selecionar a embala-
gem de acordo com o processo, peso e o tamanho do item; avaliar a necessidade de
utilização de embalagens duplas; realizar o ajuste perfeito de embalagens duplas;
e identificar em etiqueta adequada a descrição do conteúdo, método de esteriliza-
ção, controle do lote, data da esterilização, data de validade e nome do preparador.
O processo de esterilização deve ter um controle rigoroso. A sobrevivência de
microrganismos pode decorrer de falhas humanas e mecânicas, sendo imprescin-
díveis controles de rotina dos processos de esterilização através de indicadores físi-
cos, químicos e biológicos. Os indicadores físicos correspondem ao relatório dos
parâmetros de temperatura, tempo e vapor que as autoclaves emitem a cada ciclo.
capítulo 5 • 112
Os indicadores químicos são divididos em:
capítulo 5 • 113
da unidade, a organização e direção, com atribuições voltadas a garantir condições
para que ele próprio e sua equipe desenvolvam um trabalho com qualidade.
Além das ações de coordenação como profissional de nível superior res-
ponsável, o enfermeiro deve planejar, executar, supervisionar e avaliar todas
as etapas relacionadas ao processamento dos artigos; garantir a utilização de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI); prever os materiais necessários
para prover as unidades consumidoras; participar da elaboração e atualização
de protocolos, manual de normas, rotinas, sistemas de registro das etapas de
processamento; elaborar relatórios mensais estatísticos de custo e produtividade;
emitir pareceres técnicos relativo à aquisição de produtos; planejar e fazer anual-
mente o orçamento da CME.
É função do enfermeiro ainda desenvolver pesquisas e trabalhos científicos que
contribuam para o crescimento e as boas práticas de Enfermagem; acompanhar e
documentar visitas técnicas; manter-se atualizado acerca das tendências técnicas e
científicas relacionadas com controle de infecção hospitalar e uso de tecnologias
avançadas nos procedimentos que englobem artigos processados pela CME; e par-
ticipar de comissões institucionais que interfiram na dinâmica de trabalho.
Compete ao técnico e auxiliar de enfermagem sob supervisão do enfermeiro
atividades de nível médio previstas nos protocolos e de acordo com as rotinas da
instituição: realizar a limpeza, o preparo, a esterilização, a guarda e a distribuição
de artigos; monitorar cada lote ou carga nos processos de esterilização; fazer a
leitura dos indicadores biológicos; receber e preparar roupas limpas; preparar as
caixas cirúrgicas; e fazer listagem e encaminhamento de artigos e instrumental
cirúrgico para conserto.
Dessa forma, é necessário conhecimento sobre a classificação dos produtos
para a saúde; os conceitos de microbiologia; o transporte dos produtos contamina-
dos; os processos de limpeza, desinfecção, preparo, inspeção, acondicionamento,
sistema de barreira estéril (embalagens), esterilização, funcionamento dos equipa-
mentos; monitoramento de processos por indicadores; rastreabilidade, armazena-
mento e distribuição e manutenção da esterilidade do produto.
Por fim, entende-se que a CME tem por obrigação disponibilizar a todos os
serviços assistenciais e de diagnóstico de produtos para a saúde processados, garan-
tindo a quantidade e a qualidade necessárias para uma assistência segura.
capítulo 5 • 114
ATIVIDADES
01. Coloque a numeração de 01 a 18 conforme a ordem correta dos passos.
Recolher, com as mãos em concha, o antisséptico e espalhar nas mãos, antebraço e co-
tovelo. No caso de escova impregnada com antisséptico, pressione a parte de esponja 5
contra a pele e espalhe;
Enxaguar as mãos em água corrente, no sentido das mãos para o cotovelos, retirando
15
todo resíduo do produto;
capítulo 5 • 115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNNER,L. SUDDART,D. Tratado de enfermagem médico cirúrgica. 13ªed. Rio de Janeiro:
Guanabara- Koogan, 2013.
CARVALHO, R., Bianchi ERF. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. Barueri, SP.
Manole, 2007.
ROTHROCK, Jane C. Alexander - Cuidados de Enfermagem ao Paciente Cirúrgico. 13ªedição. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2007.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO RECUPERAÇÃO
ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO - SOBECC. Práticas recomendadas da
SOBECC. 7. ed. São Paulo: SOBECC; 2017.
GABARITO
Capítulo 1
06.
• Estrutura corpórea (órgão)
• Intervenção cirúrgica (procedimento)
Capítulo 2
04. A chegada de uma pessoa que necessita de cirurgia, nesse setor, é sempre precedida da
sensação de medo: medo do desconhecido, do ambiente estranho, medo da cirurgia e do seu
resultado, medo da anestesia, das alterações da imagem corporal, enfim, medo da morte, além
de outros tidos como grandes inimigos do homem. Assim, a necessidade de receber informa-
ções, atenção e apoio, como um cuidado especial, é imprescindível, até porque sua percepção
está, muitas vezes, aguçada tentando captar algo que possa estar interferindo ou que venha a
capítulo 5 • 116
interferir na sua dita operação. Dentre as ocorrências que podem surgir no contexto do ambien-
te em CC, encontram-se aquelas referentes à própria dinâmica do trabalho de equipe, além de
outras relacionadas ao fluxo de pessoas, de vez que o ambiente é único e compartilhado por
todos. Tem-se, como exemplos, o transporte de grandes frascos com conteúdo sanguinolento,
aspirado de cirurgias anteriores; o transporte de peças cirúrgicas mal acondicionadas e desco-
bertas; o abandono do paciente para cumprimentos efusivos e demorados com companheiros
(as) de trabalho; o surgimento inoportuno, naquele local e naquele momento, de funcionário,
dirigindo-se à enfermeira próxima ao paciente, para informar que: “o aspirador desta sala não
está funcionando”, ou “está faltando oxigênio nesta sala”, ou “o ar condicionado desta sala não
está funcionando” ou, ainda, “o anestesista desta sala não chegou”. Essas situações podem ser
comuns e naturais para a equipe, mas não o são para o paciente.
05. O cuidado da enfermeira, na admissão do paciente em CC, deve ter como um dos objeti-
vos o de reduzir os agentes estressores, que podem ocorrer nesse momento, proporcionando
o conforto, a ajuda e o apoio exigidos para o bem-estar da pessoa necessitada de cirurgia.
Diretamente, o enfermeiro interfere prestando seu cuidado, ou seja, monitorando sinais vi-
tais, proporcionando conforto, posicionando o paciente de forma correta de acordo com o
procedimento realizado etc. Indiretamente, ele interfere quando se preocupa com questões
não relacionadas diretamente ao procedimento como por exemplo a organização e fluxo de
trabalho no CC, a garantia de que todo o material necessário estará à disposição etc.
Mesmo quando não se encontra presente no cuidado direto a enfermeira presta cuida-
dos indiretos ao cliente, no planejamento e na delegação de ações, na previsão e provisão
de recursos, na capacitação de sua equipe, visando sempre à concretização e melhorias
no cuidado. Portanto, ela toma as devidas providências para que os profissionais possam
exercer suas funções do modo mais eficiente possível, criando um ambiente favorável ao de-
senvolvimento de seu trabalho, propiciando, assim, a qualidade da assistência que os clientes
necessitam. Deste modo, esta profissional congrega uma série de ações que no seu conjunto
visam proporcionar a restauração plena do cliente.
06. Embora haja uma ênfase sobre o ambiente físico, na atenção à ventilação, iluminação,
limpeza, aspectos estes que, quando adequados, são capazes de manter o organismo em con-
dições favoráveis para o restabelecimento da saúde do cliente, as preocupações da teoria am-
bientalista também incluem os aspectos psicológicos, referentes aos relacionamentos estabe-
lecidos entre profissionais e clientes, além dos profissionais entre si; e sociais desse ambiente,
relacionados ao ambiente total do cliente, isto é, para além do espaço hospitalar. Inclui as suas
condições de vida e de visão de mundo que interferem no seu processo saúde-doença.
capítulo 5 • 117
07. No ambiente de CC existe alta concentração de procedimentos invasivos, assim salien-
tamos a importância da lavagem das mãos como cumprimento de medidas de precaução
padrão que devem ser adotadas pelos profissionais de saúde. Além disso, a identificação de
fontes de transmissão de infecção direta relacionada ao indivíduo colonizado ou infectado e
por transmissão indireta através de recursos materiais pode ser determinante no controle e
na prevenção de infecção hospitalar. Para alguns autores, há praticamente um consenso de
que as principais fontes de microrganismos no hospital, incluindo o CC, em ordem de impor-
tância são: paciente, profissionais, artigos e equipamentos e o ar ambiente.
09. Correto dimensionamento de pessoal para que não haja sobrecarga de trabalho, boa re-
lação interpessoal entre os membros da equipe multiprofissional para que seja estabelecido
uma corrente de diálogo entre os mesmo em prol de sistematização de condutas.
Capítulo 3
01.
1. Três
2. Pós-operatória
3. Sinais vitais
4. Tricotomia
5. Jejum
6. Com a transferência do paciente para a mesa cirúrgica
7. O paciente é admitido no setor de recuperação
capítulo 5 • 118
8. Checar nome
9. Com a admissão do paciente na área de recuperação
10. Verificar funcionamento de drenos, sondas e equipamentos.
02.
Capítulo 4
Capítulo 5
01. Sequência: 9; 2; 10; 4; 12; 6; 7; 8; 1; 3; 11; 5; 13; 14; 15; 18; 17; 16.
capítulo 5 • 119
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 120