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CÓD: SL-004AG-21

7908433208358

TJ-SP
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Escrevente Técnico Judiciário


EDITAL DE ABERTURA – CONCURSO PÚBLICO
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Análise, Compreensão E Interpretação De Diversos Tipos De Textos Verbais, Não Verbais, Literários E Não Literários. Informações Lit-
erais E Inferências Possíveis. Ponto De Vista Do Autor. Estruturação Do Texto: Relações Entre Ideias; Recursos De Coesão . . . . . . 01
2. Significação Contextual De Palavras E Expressões. Sinônimos E Antônimos. Sentido Próprio E Figurado Das Palavras . . . . . . . . . . . 14
3. Classes De Palavras: Emprego E Sentido Que Imprimem Às Relações Que Estabelecem: Substantivo, Adjetivo, Artigo, Numeral, Pro-
nome, Verbo, Advérbio, Preposição E Conjunção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Concordância Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5. Regência Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Colocação Pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
8. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Direito Penal
1. Código Penal - artigos 293 a 305; 307; 308; 311-A; 312 a 317; 319 a 333; 336 e 337; 339 a 347; 357 e 359. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Direito Processual Penal


1. Código de Processo Penal - artigos 251 a 258; 261 a 267; 274; 351 a 372; 394 a 497; 531 a 538; 541 a 548; 574 a 667 . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 60 a 83; 88 e 89). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Direito Processual Civil


1. Código de Processo Civil - artigos 144 a 155 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. 188 a 275 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. 294 a 311 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Do 318 a 538 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. 994 a 1026 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
6. Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 3º ao 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
7. Lei nº 12.153 de 22.12.2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Direito Constitucional
1. Título II - Capítulos I, II e III; e Título III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Capítulo VII com Seções I e II; e também o artigo 92 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

Direito Administrativo
1. Estatuto Dos Funcionários Públicos Civis Do Estado De São Paulo (Lei N.º 10.261/68) - Artigos 239 A 323 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei Federal Nº 8.429/92 (Lei De Improbidade Administrativa) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
ÍNDICE

Normas da Corregedoria Geral da Justiça


1. Tomo I – Capítulo II: Seção I – subseções I e II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Tomo I - Capítulo III: Seções I, II, V, VI, VII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Tomo I - Capítulo III: Seção VIII – subseções I, II e III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
4. Tomo I – Capitulo III: Seções IX a XV, XVII a XIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5. Tomo I – Capítulo XI: Seções I, IV e V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
6. Tomo I – Capitulo XI: Seção VI – subseções I, III, V e XIII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Atualidades
1. Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir do 1° semestre
de 2021, divulgados na mídia local e/ou nacional; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Artigos 1º ao 13; 34 ao 38 da Lei nº 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Matemática
1. Operações Com Números Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Mínimo Múltiplo Comum E Máximo Divisor Comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Razão E Proporção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
4. Porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
5. Regra De Três Simples E Composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
6. Média Aritmética Simples E Ponderada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
7. Juros Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
8. Equação Do 1.º E 2.º Graus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
9. Sistema De Equações Do 1.º Grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
10. Relação Entre Grandezas: Tabelas E Gráficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
11. Sistemas De Medidas Usuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
12. Noções De Geometria: Forma, Perímetro, Área, Volume, Ângulo, Teorema De Pitágoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
13. Resolução De Situações-Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Informática
1. Ms-Windows 10: Conceito De Pastas, Diretórios, Arquivos E Atalhos, Área De Trabalho, Área De Transferência, Manipulação De Arquivos
E Pastas, Uso Dos Menus, Programas E Aplicativos, Interação Com O Conjunto De Aplicativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Ms-Office 2016, Ms-Word 2016: Estrutura Básica Dos Documentos, Edição E Formatação De Textos, Cabeçalhos, Parágrafos, Fontes, Colu-
nas, Marcadores Simbólicos E Numéricos, Tabelas, Impressão, Controle De Quebras E Numeração De Páginas, Legendas, Índices, Inserção
De Objetos, Campos Predefinidos, Caixas De Texto. Ms-Excel 2016: Estrutura Básica Das Planilhas, Conceitos De Células, Linhas, Colunas,
Pastas E Gráficos, Elaboração De Tabelas E Gráficos, Uso De Fórmulas, Funções E Macros, Impressão, Inserção De Objetos, Campos Pre-
definidos, Controle De Quebras E Numeração De Páginas, Obtenção De Dados Externos, Classificação De Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Correio Eletrônico: Uso De Correio Eletrônico, Preparo E Envio De Mensagens, Anexação De Arquivos. Internet: Navegação Internet,
Conceitos De Url, Links, Sites, Busca E Impressão De Páginas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. MS Teams: chats, chamadas de áudio e vídeo, criação de grupos, trabalho em equipe: Word, Excel, PowerPoint, SharePoint e OneNote,
agendamento de reuniões e gravação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
ÍNDICE

Raciocínio Lógico
1. Visa avaliar a habilidade do candidato em entender a estrutura lógica das relações arbitrárias entre pessoas, lugares, coisas, eventos
fictícios; deduzir novas informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas
relações. Visa também avaliar se o candidato identifica as regularidades de uma sequência, numérica ou figural, de modo a indicar
qual é o elemento de uma dada posição. As questões desta prova poderão tratar das seguintes áreas: estruturas lógicas, lógicas de
argumentação, diagramas lógicos, sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Prova Anterior 2018


1. Língua Portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conhecimentos em direito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
3. Conhecimentos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. Informática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Raciocínio Lógico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Análise, Compreensão E Interpretação De Diversos Tipos De Textos Verbais, Não Verbais, Literários E Não Literários. Informações Lite-
rais E Inferências Possíveis. Ponto De Vista Do Autor. Estruturação Do Texto: Relações Entre Ideias; Recursos De Coesão . . . . . . . 01
2. Significação Contextual De Palavras E Expressões. Sinônimos E Antônimos. Sentido Próprio E Figurado Das Palavras . . . . . . . . . . . 14
3. Classes De Palavras: Emprego E Sentido Que Imprimem Às Relações Que Estabelecem: Substantivo, Adjetivo, Artigo, Numeral, Prono-
me, Verbo, Advérbio, Preposição E Conjunção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Concordância Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5. Regência Verbal E Nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
6. Colocação Pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
8. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
LÍNGUA PORTUGUESA
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as
ANÁLISE, COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE DI- palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem
VERSOS TIPOS DE TEXTOS VERBAIS, NÃO VERBAIS, verbal com a não-verbal.
LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS. INFORMAÇÕES LITE-
RAIS E INFERÊNCIAS POSSÍVEIS. PONTO DE VISTA DO
AUTOR. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO: RELAÇÕES ENTRE
IDEIAS; RECURSOS DE COESÃO

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para
todo o seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa
habilidade é essencial e pode ser um diferencial para a realização
de uma boa prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e
interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um
tempo que Jorge era infeliz, devido ao cigarro. Além de saber desses conceitos, é importante sabermos
A interpretação é quando você entende o que está implícito, identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no damos a este processo é intertextualidade.
texto ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz. Interpretação de Texto
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada
Percebeu a diferença? ao subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode
deduzir de um texto.
Tipos de Linguagem A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um
que facilite a interpretação de textos. determinado texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. lido estabeleça uma relação com a informação já possuída, o que
Ela pode ser escrita ou oral. leva ao crescimento do conhecimento do leitor, e espera que
haja uma apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo
conteúdo lido, afetando de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos
de leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura
analítica e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de
notícias (e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações
ortográficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente polêmicos;
imagens, fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. - Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é
tentar compreender o sentido global do texto e identificar o seu
objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
principal e das ideias secundárias do texto. bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um tex-
– Separe fatos de opiniões. to: reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e CACHORROS
mutável).
– Retorne ao texto sempre que necessário. Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram
os enunciados das questões. aos seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo.
Essa amizade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as
– Reescreva o conteúdo lido. pessoas precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros per-
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, ceberam que, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto
tópicos ou esquemas. deles e comer a comida que sobrava. Já os homens descobriram
que os cachorros podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar a tomar conta da casa, além de serem ótimos companheiros. Um
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu colaborava com o outro e a parceria deu certo.
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas
são uma distração, mas também um aprendizado. Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
a compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
atualiza, melhora nosso foco, cria perspectivas, nos torna do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a as-
reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de sociação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães
fala, de escrita e de memória. pelo mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias As informações que se relacionam com o tema chamamos
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto de subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se inte-
pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a gram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer
conclusão do texto. uma unidade de sentido. Portanto, pense: sobre o que exata-
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a mente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certa-
identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se mente você chegou à conclusão de que o texto fala sobre a rela-
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ção entre homens e cães. Se foi isso que você pensou, parabéns!
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto!
apresentadas na prova.
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-i-
significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por deias-secundarias/
isso o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar
com algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
texto, e nunca extrapole a visão dele. TEXTOS VARIADOS

IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia


O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as dife- ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
rentes informações de forma a construir o seu sentido global, ou A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou
seja, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem expressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha
um todo significativo, que é o texto. um novo sentido, gerando um efeito de humor.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler Exemplo:
um texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título.
Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informa-
ções sobre o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura
porque achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se
atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É
muito comum as pessoas se interessarem por temáticas diferen-
tes, dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, pre-
ferências pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro,
sexualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuida-
dos com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são pra-
ticamente infinitas e saber reconhecer o tema de um texto é
condição essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então,
começar nossos estudos?

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos:


ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O


Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- GÊNERO EM QUE SE INSCREVE
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a Compreender um texto trata da análise e decodificação do
intenção são diferentes. que de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode che-
gar ao conectar as ideias do texto com a realidade. Interpreta-
Ironia de situação ção trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o texto.
o resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. Interpretar um texto permite a compreensão de todo e
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem pla- qualquer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua
neja uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. ideia principal. Compreender relações semânticas é uma com-
No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de petência imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Assis, a personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao Quando não se sabe interpretar corretamente um texto po-
longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade de-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimen-
sem sucesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A to profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
ironia é que planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou
famoso após a morte. Busca de sentidos
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mes-
Ironia dramática (ou satírica) mo os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxilia-
A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre rá na apreensão do conteúdo exposto.
nos textos literários quando a personagem tem a consciência de Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem
que suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando uma relação hierárquica do pensamento defendido, retomando
por um caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência. ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram ex-
o que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil plicitadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam
aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente
exemplo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da contidas nas entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que
história irão morrer em decorrência do seu amor. As persona- não quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do
gens agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus texto, mas é fundamental que não sejam criadas suposições va-
objetivos, mas a plateia já sabe que eles não serão bem-suce- gas e inespecíficas.
didos.
Importância da interpretação
Humor A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e
pareçam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de
humor. conteúdos específicos, aprimora a escrita.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas compar- Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros
tilham da característica do efeito surpresa. O humor reside em fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes
ocorrer algo fora do esperado numa situação. presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há faz suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre re-
as tirinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito leia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos
cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, fre- surpreendentes que não foram observados previamente. Para
quentemente acessadas como forma de gerar o riso. auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certa-
em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. mente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se

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LÍNGUA PORTUGUESA
de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materia-
bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, liza em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite
é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita,
hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já cita- ajudando os professores a identificar o nível de alfabetização
das ou apresentando novos conceitos. delas.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo
autor: os textos argumentativos não costumam conceder espa-
ço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como obje-
entrelinhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer tivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma
dizer que você precise ficar preso na superfície do texto, mas certa liberdade para quem recebe a informação.
é fundamental que não criemos, à revelia do autor, suposições
vagas e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de
nós leitores proficientes. Fato
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A exis-
Diferença entre compreensão e interpretação tência do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do pode é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de al-
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpre- guma maneira, através de algum documento, números, vídeo ou
tação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realida- registro.
de. O leitor tira conclusões subjetivas do texto. Exemplo de fato:
A mãe foi viajar.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de persona- Interpretação
gens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou total- É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
mente irreal. A diferença principal entre um romance e uma novela quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas
é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No romance causas, previmos suas consequências.
nós temos uma história central e várias histórias secundárias. Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se
apontamos uma causa ou consequência, é necessário que seja
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais total- plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças
mente imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve pou- ou diferenças sejam detectáveis.
cas personagens, que geralmente se movimentam em torno de
uma única ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Exemplos de interpretação:
Suas ações encaminham-se diretamente para um desfecho. A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
outro país.
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferen- A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
ciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e são do que com a filha.
tem a história principal, mas também tem várias histórias secun-
dárias. O tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e Opinião
local são definidos pelas histórias dos personagens. A história A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando
(enredo) tem um ritmo mais acelerado do que a do romance por um juízo de valor. É um julgamento que tem como base a inter-
ter um texto mais curto. pretação que fazemos do fato.
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coe-
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações rência que mantêm com a interpretação do fato. É uma inter-
que nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia pretação do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato.
para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o Esta opinião pode alterar de pessoa para pessoa devido a fato-
tempo não é relevante e quando é citado, geralmente são pe- res socioculturais.
quenos intervalos como horas ou mesmo minutos.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpreta-
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da ções anteriores:
linguagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o mo- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em
mento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a outro país. Ela tomou uma decisão acertada.
criação de imagens. A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profis-
são do que com a filha. Ela foi egoísta.
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um as- Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
sunto que está sendo muito comentado (polêmico). Sua inten- Por exemplo, quando se mencionam com ênfase conse-
ção é convencer o leitor a concordar com ele. quências negativas que podem advir de um fato, se enaltecem
previsões positivas ou se faz um comentário irônico na interpre-
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de tação, já estamos expressando nosso julgamento.
um entrevistador e um entrevistado para a obtenção de infor- É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
mações. Tem como principal característica transmitir a opinião principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quan-
de pessoas de destaque sobre algum assunto de interesse. do analisamos um texto dissertativo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo: NÍVEIS DE LINGUAGEM
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se impor-
tando com o sofrimento da filha. Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, grá-
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si ficos, gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento dependendo da idade, cultura, posição social, profissão etc. A
do texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar maneira de articular as palavras, organizá-las na frase, no texto,
as ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no determina nossa linguagem, nosso estilo (forma de expressão
texto. Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pen- pessoal).
samento e o do leitor. As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam,
com o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que
Parágrafo só as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que grupo social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam
é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser na língua e caem em desuso.
formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. Língua escrita e língua falada
No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
todos relacionados com a tese ou ideia principal do texto, geral- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar gran-
mente apresentada na introdução. de parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entona-
ção, e ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua
Embora existam diferentes formas de organização de pará- falada é mais descontraída, espontânea e informal, porque se
grafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros manifesta na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade
jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutu- de expressão do falante. Nessas situações informais, muitas re-
ra consiste em três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundá- gras determinadas pela língua padrão são quebradas em nome
rias (que desenvolvem a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafir- da naturalidade, da liberdade de expressão e da sensibilidade
ma a ideia-básica). Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão. estilística do falante.

Introdução:  faz uma rápida apresentação do assunto e já Linguagem popular e linguagem culta
traz uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lin-
você irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está guagem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na
sendo escrito. Normalmente o tema e o problema são dados fala, nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que
pela própria prova. ela esteja presente em poesias (o Movimento Modernista Brasi-
leiro procurou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e e romances em que o diálogo é usado para representar a língua
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É pos- falada.
sível usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos
até citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abor- quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de ví-
dado e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias cios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
maneiras diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade;
criando uma pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência
suas próprias conclusões a partir das ideias e argumentos do de- pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.
senvolvimento. A linguagem popular está presente nas conversas familiares ou
entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV
Outro aspecto que merece especial atenção são os conec- e auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
tores. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura
mais fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico en- A Linguagem Culta ou Padrão
tre as ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no inte- É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em
rior do período, e o tópico que o antecede. que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pes-
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quan- soas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela
to ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência tam- obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na lin-
bém para a clareza do texto. guagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, ad- artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente
vérbios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunica-
muitas vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se ções científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
obscuro, sem coerência.
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argu- Gíria
mentativos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa como arma de defesa contra as classes dominantes. Esses gru-
estrutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensa- pos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para
mento mais direto. que as mensagens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
os novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos
pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vo- e comportamentos, nas leis jurídicas.
cabulário de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “gale- Características principais:
ra”, “mina”, “tipo assim”. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com
verbos de comando, com tom imperativo; há também o uso do
Linguagem vulgar futuro do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vul- 2ª pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
gar há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei
sal na comida”. Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Elei-
Linguagem regional toral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam expri-
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua mir-se na língua nacional, e os que estejam privados, temporária
padrão, quanto às construções gramaticais e empregos de cer- ou definitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistá-
tas palavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares veis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha,
amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas mili-
Tipos e genêros textuais tares de ensino superior para formação de oficiais.
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e
abrangentes que objetivam a distinção e definição da estrutura,
bem como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descri- Tipo textual expositivo
ção e explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver ra-
forma como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco ciocínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de expo-
tipos clássicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, sição, discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A
expositivo (ou dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. dissertação pode ser expositiva ou argumentativa.
Vejamos alguns exemplos e as principais características de cada A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um
um deles. assunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de
maneira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar de-
Tipo textual descritivo bate.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, Características principais:
uma pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
objeto, um movimento etc. • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, in-
Características principais: formar.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor ad- • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no pre-
jetivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua fun- sente.
ção caracterizadora. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defe-
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa sa de ponto de vista.
enumeração. • Apresenta linguagem clara e imparcial.
• A noção temporal é normalmente estática.
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a de- Exemplo:
finição. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um
anúncio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. determinado tema.
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disser-
Exemplo: tação expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opina-
Era uma casa muito engraçada tiva).
Não tinha teto, não tinha nada Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
Ninguém podia entrar nela, não sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede Tipo textual dissertativo-argumentativo
Porque na casa não tinha parede Este tipo de texto — muito frequente nas provas de con-
Ninguém podia fazer pipi cursos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de
Porque penico não tinha ali ideias apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de ob-
Mas era feita com muito esmero jetividade, clareza, respeito pelo registro formal da língua e coe-
Na rua dos bobos, número zero rência, seu intuito é a defesa de um ponto de vista que convença
(Vinícius de Moraes) o interlocutor (leitor ou ouvinte).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Características principais: GÊNEROS TEXTUAIS
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimen- Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes de
to e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (es- expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um texto
tratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, tes- se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu produtor. Logo,
temunho de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem funções sociais
exemplo, enumeração...); conclusão (síntese dos pontos princi- específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são passíveis de modifica-
ções ao longo do tempo, mesmo que preservando características pre-
pais com sugestão/solução).
ponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que apresenta alguns gêne-
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumen-
ros textuais classificados com os tipos textuais que neles predominam.
tações informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo
(normalmente nas argumentações formais) para imprimir uma
atemporalidade e um caráter de verdade ao que está sendo dito. Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas mo- Descritivo Diário
dalizações discursivas (indicando noções de possibilidade, cer- Relatos (viagens, históricos, etc.)
teza ou probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos Biografia e autobiografia
exaltados. Notícia
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com Currículo
o desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro- Lista de compras
deios. Cardápio
Anúncios de classificados
Exemplo: Injuntivo Receita culinária
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Bula de remédio
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Manual de instruções
administração política (tese), porque a força governamental cer- Regulamento
tamente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negli- Textos prescritivos
gência de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes
Expositivo Seminários
metrópoles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do
Palestras
RJ e os traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se Conferências
for do desejo dos políticos uma mudança radical visando o bem- Entrevistas
-estar da população, isso é plenamente possível (estratégia ar- Trabalhos acadêmicos
gumentativa: fato-exemplo). É importante salientar, portanto, Enciclopédia
que não devemos ficar de mãos atadas à espera de uma atitude Verbetes de dicionários
do governo só quando o caos se estabelece; o povo tem e sempre
terá de colaborar com uma cobrança efetiva (conclusão). Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
Carta de opinião
Resenha
Tipo textual narrativo
Artigo
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se con-
Ensaio
ta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo
Monografia, dissertação de
e lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um mestrado e tese de doutorado
enredo, personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco nar-
rativo). Narrativo Romance
Novela
Características principais: Crônica
• O tempo verbal predominante é o passado. Contos de Fada
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da Fábula
história – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da histó- Lendas
ria – onisciente).
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da
prosa, não em verso. forma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são flui-
dos, infinitos e mudam de acordo com a demanda social.
Exemplo:
INTERTEXTUALIDADE
Solidão
A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro.
era o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de pro-
só e feliz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. dução de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos
Casam-se. Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar elementos existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo,
certo: ao se unirem, um tirou do outro a essência da felicidade. forma ou de ambos: forma e conteúdo.
Nelson S. Oliveira Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos,
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- de forma que essa relação pode ser estabelecida entre as pro-
reais/4835684 duções textuais que apresentem diversas linguagens (visual,
auditiva, escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura,
escultura, música, dança, cinema), propagandas publicitárias,
programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.

7
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de Intertextualidade fazer o interlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais pro-
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geral- vável que a outra, mais possível que a outra, mais desejável que
mente, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do a outra, é preferível à outra.
grego (parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
“para” (semelhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poe- um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
sia) semelhante a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos enunciador está propondo.
programas humorísticos. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumenta-
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a ção. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pre-
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utiliza- tende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente
ção de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (para- das premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos
phrasis), significa a “repetição de uma sentença”. postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
científicos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo apenas do encadeamento de premissas e conclusões.
que tenha alguma relação com o que será discutido no texto. Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadea-
Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” mento:
(posição superior) e “graphé” (escrita). A é igual a B.
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa pro- A é igual a C.
dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem Então: C é igual a A.
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de
outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apre- Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoria-
sentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plá- mente, que C é igual a A.
gio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar. Outro exemplo:
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros Todo ruminante é um mamífero.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por A vaca é um ruminante.
dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Logo, a vaca é um mamífero.
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
também será verdadeira.
ARGUMENTAÇÃO No domínio da argumentação, as coisas são diferentes.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor- Nele, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso,
mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem deve-se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, mais plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda di-
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz zendo-se mais confiável do que os concorrentes porque existe
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de desde a chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que dizendo-nos que um banco com quase dois séculos de existência
o texto diz e faça o que ele propõe. é sólido e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessá-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, ria entre a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade,
todo texto contém um componente argumentativo. A argumen- esta tem peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de
tação é o conjunto de recursos de natureza linguística destina- um banco. Portanto é provável que se creia que um banco mais
dos a persuadir a pessoa a quem a comunicação se destina. Está antigo seja mais confiável do que outro fundado há dois ou três
presente em todo tipo de texto e visa a promover adesão às anos.
teses e aos pontos de vista defendidos. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para compro- as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
var a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como entender bem como eles funcionam.
se disse acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o Já vimos diversas características dos argumentos. É preci-
interlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como so acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
verdadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação per- auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
tence ao domínio da retórica, arte de persuadir as pessoas me- fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
diante o uso de recursos de linguagem. crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
Para compreender claramente o que é um argumento, é um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja
quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas”. vem com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacio-
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma nal. Nos Estados Unidos, essa associação certamente não surti-
desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argu- ria efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma
mentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher que no Brasil. O poder persuasivo de um argumento está vincu-
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. lado ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais
desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer
recurso que torna uma coisa mais desejável que outra. Isso sig-
nifica que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para

8
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de Argumento Argumento quase lógico
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a É aquele que opera com base nas relações lógicas, como
fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um causa e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses ra-
argumento. Exemplo: ciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos
raciocínios lógicos, eles não pretendem estabelecer relações
Argumento de Autoridade necessárias entre os elementos, mas sim instituir relações pro-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhe- váveis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é
cidas pelo auditório como autoridades em certo domínio do igual a B”, “B é igual a C”, “então A é igual a C”, estabelece-se
saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está pro- uma relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma
pondo. Esse recurso produz dois efeitos distintos: revela o co- “Amigo de amigo meu é meu amigo” não se institui uma identi-
nhecimento do produtor do texto a respeito do assunto de que dade lógica, mas uma identidade provável.
está tratando; dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmen-
no entanto, não fazer do texto um amontoado de citações. A
te aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que
citação precisa ser pertinente e verdadeira. Exemplo:
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico:
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
fugir do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões
que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afir-
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há co- mações gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele ex-
nhecimento. Nunca o inverso. trair generalizações indevidas.
Alex José Periscinoto.
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 Argumento do Atributo
É aquele que considera melhor o que tem propriedades tí-
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais im- picas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo,
portante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mun- melhor que o que é mais grosseiro, etc.
do. Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
devem acreditar que é verdade. celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de
beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o con-
Argumento de Quantidade sumidor tende a associar o produto anunciado com atributos da
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior celebridade.
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fun- competência linguística. A utilização da variante culta e formal
damento desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publi- da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
cidade faz largo uso do argumento de quantidade. socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir
um texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que
Argumento do Consenso o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta- Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saú-
-se em afirmações que, numa determinada época, são aceitas de de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
como verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a me- maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente
nos que o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte mais adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta
da ideia de que o consenso, mesmo que equivocado, correspon- produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de com-
de ao indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que
petência do médico:
aquilo que não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais,
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando
por exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa ser
em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica
protegido e de que as condições de vida são piores nos países
houve por bem determinar o internamento do governador pelo
subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém, corre-se o
risco de passar dos argumentos válidos para os lugares comuns, período de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
os preconceitos e as frases carentes de qualquer base científica. - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
Argumento de Existência hospital por três dias.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil
aceitar aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
enuncia o argumento de existência no provérbio “Mais vale um ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunica-
pássaro na mão do que dois voando”. ção deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documen- ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
tais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas A orientação argumentativa é uma certa direção que o fa-
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. lante traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que de um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridi-
o exército americano era muito mais poderoso do que o iraquia- cularizá-lo ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
no. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
poderia ser vista como propagandística. No entanto, quando do- dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos epi-
cumentada pela comparação do número de canhões, de carros sódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
de combate, de navios, etc., ganhava credibilidade. não outras, etc. Veja:

9
LÍNGUA PORTUGUESA
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras Alguns autores classificam a dissertação em duas modalida-
trocavam abraços afetuosos.” des, expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, ra-
zões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informa-
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que no- tiva, apresenta dados sem a intenção de convencer. Na verdade,
ras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhi- a escolha dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto
do esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o já revelam uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de
termo até, que serve para incluir no argumento alguma coisa vista na dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de
inesperada. argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser defi-
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando nida como discussão, debate, questionamento, o que implica a
tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: liberdade de pensamento, a possibilidade de discordar ou con-
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão cordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental,
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu mas não é suficiente para organizar um texto dissertativo. É ne-
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmen- cessária também a exposição dos fundamentos, os motivos, os
te, pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras porquês da defesa de um ponto de vista.
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo
do meio ambiente, injustiça, corrupção). de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas evidencia.
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos Para discutir um tema, para confrontar argumentos e po-
são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para sições, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos
destruir o argumento. de vista e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe,
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do muitas vezes, a análise de argumentos opostos, antagônicos.
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando- Como sempre, essa capacidade aprende-se com a prática. Um
-as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o bom exercício para aprender a argumentar e contra-argumentar
caso, por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias consiste em desenvolver as seguintes habilidades:
não permite que outras crescam”, em que o termo imperialismo - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de
é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição
visando a reduzir outros à sua dependência política e econômi- totalmente contrária;
ca”. - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais
os argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apre-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a si- sentaria contra a argumentação proposta;
tuação concreta do texto, que leva em conta os componentes - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a oposta.
comunicação, o assunto, etc).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não cos- argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclu-
tumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em sões válidas, como se procede no método dialético. O método
fórmulas feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de
óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da realidade
prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e pelo estudo de sua ação recíproca, da contradição inerente ao
verdade, o enunciador deve construir um texto que revele isso. fenômeno em questão e da mudança dialética que ocorre na
Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifes- natureza e na sociedade.
tam-se na ação. Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o
A argumentação é a exploração de recursos para fazer pa- método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que par-
recer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar te do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
a pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado
um ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que em partes, começando-se pelas proposições mais simples até
inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de per- alcançar, por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha
suadir. Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem rela- de raciocínio cartesiana, é fundamental determinar o problema,
ções para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir dividi-lo em partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enu-
é um processo de convencimento, por meio da argumentação, merar todos os seus elementos e determinar o lugar de cada um
no qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar no conjunto da dedução.
seu pensamento e seu comportamento. A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão vá- a argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs
lida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou quatro regras básicas que constituem um conjunto de reflexos
proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do ra- vitais, uma série de movimentos sucessivos e contínuos do espí-
ciocínio empregado na argumentação. A persuasão não válida rito em busca da verdade:
apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, chan- - evidência;
tagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a - divisão ou análise;
inflexão de voz, a mímica e até o choro. - ordem ou dedução;
- enumeração.

10
LÍNGUA PORTUGUESA
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omis- Indução
são e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (par-
quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o pro- ticular)
cesso dedutivo. Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti-
A forma de argumentação mais empregada na redação aca- cular)
dêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (ge-
a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, ral – conclusão falsa)
que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor.
A premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclu-
pois alguns não caracteriza a universalidade. são pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (si- professores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo
logística), que parte do geral para o particular, e a indução, que Redentor. Comete-se erro quando se faz generalizações apres-
vai do particular para o geral. A expressão formal do método de- sadas ou infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de aná-
dutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, lise ou análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos
baseia-se em uma conexão descendente (do geral para o parti- subjetivos, baseados nos sentimentos não ditados pela razão.
cular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não funda-
de teorias gerais, de verdades universais, pode-se chegar à pre- mentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da
visão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
do raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo: existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
Fulano é homem (premissa menor = particular) método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
Logo, Fulano é mortal (conclusão) análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas mé-
todos sistemáticos, porque pela organização e ordenação das
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, ba- ideias visam sistematizar a pesquisa.
seiase em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Análise e síntese são dois processos opostos, mas interliga-
Nesse caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou dos; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes
seja, parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo,
desconhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a uma depende da outra. A análise decompõe o todo em partes,
causa. Exemplo: enquanto a síntese recompõe o todo pela reunião das partes.
O calor dilata o ferro (particular) Sabe-se, porém, que o todo não é uma simples justaposição das
O calor dilata o bronze (particular) partes. Se alguém reunisse todas as peças de um relógio, não
O calor dilata o cobre (particular) significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amon-
O ferro, o bronze, o cobre são metais toado de partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) organizadas, devidamente combinadas, seguida uma ordem de
relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria recons-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido truído.
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fa- por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
tos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando podem ser assim relacionadas:
o sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se cha- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
mar esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra- Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? A análise tem importância vital no processo de coleta de
- Lógico, concordo. ideias a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? criação de abordagens possíveis. A síntese também é importan-
- Claro que não! te na escolha dos elementos que farão parte do texto.
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
Exemplos de sofismas: é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e ex-
perimentais. A análise informal é racional ou total, consiste em
Dedução “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
Todo professor tem um diploma (geral, universal) constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto
Fulano tem um diploma (particular) ou fenômeno.
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) A análise decompõe o todo em partes, a classificação es-
tabelece as necessárias relações de dependência e hierarquia
entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a

11
LÍNGUA PORTUGUESA
ponto de se confundir uma com a outra, contudo são procedi- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
mentos diversos: análise é decomposição e classificação é hie-
rarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fe-
nômenos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências Elemento especie diferença
naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um pro- a ser definido específica
cesso mais ou menos arbitrário, em que os caracteres comuns e
diferenciadores são empregados de modo mais ou menos con- É muito comum formular definições de maneira defeituo-
vencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes, sa, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo
ordens, subordens, gêneros e espécies, é um exemplo de classi- em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto;
ficação natural, pelas características comuns e diferenciadoras. quando é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espé-
A classificação dos variados itens integrantes de uma lista mais cie, a gente é forma coloquial não adequada à redação acadê-
ou menos caótica é artificial. mica. Tão importante é saber formular uma definição, que se
recorre a Garcia (1973, p.306), para determinar os “requisitos da
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami- definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresen-
nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, tar os seguintes requisitos:
relógio, sabiá, torradeira. - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. está realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou fer-
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. ramenta ou instalação”;
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir to-
dos os exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente
Os elementos desta lista foram classificados por ordem al- restrito para que a diferença possa ser percebida sem dificulda-
fabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer cri- de;
térios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
importância, é uma habilidade indispensável para elaborar o definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não cons-
crescente, do fato mais importante para o menos importante, titui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um
ou decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o im- homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
pacto do mais importante; é indispensável que haja uma lógica - deve ser breve (contida num só período). Quando a de-
na classificação. A elaboração do plano compreende a classifica- finição, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries
ção das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano de- de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também
vem obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) definição expandida;d
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo)
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjun-
expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor cla- tos (as diferenças).
ra e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que
as justificam. É muito importante deixar claro o campo da dis- As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
cussão e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguís-
mas também os pontos de vista sobre ele. tica que consiste em estabelecer uma relação de equivalência
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lin- entre a palavra e seus significados.
guagem e consiste na enumeração das qualidades próprias de A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verda-
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica deira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser
que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. demonstrada com argumentos válidos. O ponto de vista mais
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição lógico e racional do mundo não tem valor, se não estiver acom-
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. panhado de uma fundamentação coerente e adequada.
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
às palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a cono- clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga-
tativa ou metafórica emprega palavras de sentido figurado. Se- mento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e
gundo a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações;
elementos: outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se de
- o termo a ser definido; modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
- o gênero ou espécie; é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem
- a diferença específica. um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer,
verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em segui-
O que distingue o termo definido de outros elementos da da, avaliar se o argumento está expresso corretamente; se há
mesma espécie. Exemplo: coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contra-
dição. Para isso é que se aprende os processos de raciocínio por
dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é relacio-
nar, conclui-se que o argumento é um tipo específico de relação
entre as premissas e a conclusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen- - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de na-
tos argumentativos mais empregados para comprovar uma afir- tureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a pró-
mação: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. pria razão desconhece); implica apreciação de ordem estética
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por (gosto não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas
meio de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões (creio, ainda que parece absurdo).
comuns nesse tipo de procedimento: mais importante que, su-
perior a, de maior relevância que. Empregam-se também dados Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
estatísticos, acompanhados de expressões: considerando os da- um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
dos; conforme os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, concretos, estatísticos ou documentais.
ainda, pela apresentação de causas e consequências, usando-se Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
comumente as expressões: porque, porquanto, pois que, uma se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
vez que, visto que, por causa de, em virtude de, em vista de, por causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
motivo de. Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declara-
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é ex- ções, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expres-
plicar ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se sam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade
alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela comprovada, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação
interpretação. Na explicitação por definição, empregamse ex- ou juízo que expresse uma opinião pessoal só terá validade se
pressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, fundamentada na evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada
isto é, haja vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as de provas, validade dos argumentos, porém, pode ser contesta-
expressões: conforme, segundo, na opinião de, no parecer de, da por meio da contra-argumentação ou refutação. São vários os
consoante as ideias de, no entender de, no pensamento de. A processos de contra-argumentação:
explicitação se faz também pela interpretação, em que são co- Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demons-
muns as seguintes expressões: parece, assim, desse ponto de trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a con-
vista. traargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência cordeiro”;
de elementos que comprovam uma opinião, tais como a enu- Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóte-
meração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tem- ses para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se jul-
po, em que são frequentes as expressões: primeiro, segundo, ga verdadeira;
por último, antes, depois, ainda, em seguida, então, presente- Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à
mente, antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a uni-
versalidade da afirmação;
passado, sucessivamente, respectivamente. Na enumeração de
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con-
fatos em uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes
siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor
autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
de, no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes cidades, no
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
sul, no leste...
desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador ba-
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
seou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou in-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar
consequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se,
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da
por meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
produz o desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é incon-
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais sequente, pois baseia-se em uma relação de causa-feito difícil
que, menos que, melhor que, pior que. de ser comprovada. Para contraargumentar, propõese uma re-
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumen- lação inversa: “o desenvolvimento é que gera o controle demo-
tar o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram- gráfico”.
-se: Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autori- para desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adapta-
dade reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a das ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e,
uma afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enun- em seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser ado-
ciado a credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as ci- tados para a elaboração de um Plano de Redação.
tações literais no corpo de um texto constituem argumentos de
autoridade. Ao fazer uma citação, o enunciador situa os enun- Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo-
ciados nela contidos na linha de raciocínio que ele considera lução tecnológica
mais adequada para explicar ou justificar um fato ou fenôme- - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, res-
no. Esse tipo de argumento tem mais caráter confirmatório que ponder a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o por-
comprobatório. quê da resposta, justificar, criando um argumento básico;
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refuta-
válido por consenso, pelo menos em determinado espaço socio- ção que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqua-
cultural. Nesse caso, incluem-se lificá-la (rever tipos de argumentação);
- A declaração que expressa uma verdade universal (o ho- - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de
mem, mortal, aspira à imortalidade); ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos pos- ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa
tulados e axiomas); e consequência);

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com A coerência de um texto é facilmente deduzida por um fa-
o argumento básico; lante de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competên-
que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transfor- cia linguística, tomada em sentido lato, que permite a esse fa-
mam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram lante reconhecer de imediato a coerência de um discurso.
a ideia do argumento básico;
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma A coerência:
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão con-
ou menos a seguinte: ceitual;
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo,
Introdução com o aspecto global do texto;
- função social da ciência e da tecnologia; - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
- definições de ciência e tecnologia;
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. Coesão
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do tex-
Desenvolvimento to, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desen- vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via
volvimento tecnológico; gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou vocabulário, tem-se a coesão lexical.
as condições de vida no mundo atual; A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pa-
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologi- lavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele-
camente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre
subdesenvolvidos; os componentes do texto.
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexi-
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do cal, que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, no-
passado; apontar semelhanças e diferenças; mes genéricos e formas elididas, e a gramatical, que é consegui-
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros da a partir do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo,
urbanos; determinados advérbios e expressões adverbiais, conjunções e
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para huma- numerais.
nizar mais a sociedade. A coesão:
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
Conclusão - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse- - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
quências maléficas; componentes do texto;
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumen- - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
tos apresentados.

Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRES-
redação: é um dos possíveis. SÕES. SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS. SENTIDO PRÓPRIO
E FIGURADO DAS PALAVRAS
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração
de um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as Significação de palavras
ideias são organizadas a fim de que o objetivo final seja alcan- As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunica-
çado: a compreensão textual. Na redação espera-se do autor ção. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem
capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar cuida dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente,
de modo coerente, além de expressar-se com clareza, de forma com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos
correta e adequada. conteúdos que compõem este estudo.

Coerência Antônimo e Sinônimo


É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. Começaremos por esses dois, que já são famosos.
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação
semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a ou-
(Na linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa tras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o
bate com outra”). significado de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que com homem que é antônimo de mulher.
se estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a com-
preender a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados
cada uma das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos
conjunto dos elementos formativos de um texto. é muito importante para produções textuais, porque evita que
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz res- você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando
peito aos conceitos e às relações semânticas que permitem a os mesmos exemplos, para ficar claro: felicidade é sinônimo de
união dos elementos textuais. alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperô-
nimo designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E
animais domésticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperô-
nimo com substantivo coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo,
não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, diciona-
rizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do
contexto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da
loja, por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma
palavra, frase ou textos inteiros.

CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM: SUBSTANTIVO,
ADJETIVO, ARTIGO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO

CLASSES DE PALAVRAS

Substantivo
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imaginários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e
sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 

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LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação dos substantivos c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma
tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/ agente, o/a estudante, o/a colega.
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/ • Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
sua estrutura. macaco/João/sabão – Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
são formados por mais de um porta-voz/ • Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no
radical em sua estrutura. pé-de-moleque grau diminutivo.
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/ – Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
são os que dão origem a mundo/ – Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
outras palavras, ou seja, ela é população – Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
a primeira. /formiga – Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
são formados por outros populacional/formigueiro Adjetivo
radicais da língua. É a palavra invariável que especifica e caracteriza o subs-
tantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é ex-
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo pressão composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro
designa determinado ser /Brasil substantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma fun-
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da ção que um adjetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal
espécie. São sempre iniciados Liberdade da tarde (jornal vespertino).
por letra maiúscula.
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/ Flexão do Adjetivos
referem-se qualquer ser de cachorro/prima • Gênero:
uma mesma espécie. – Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femi-
nino: homem feliz, mulher feliz.
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente
nomeiam seres com existência /estrelas/fadas – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e ou-
própria. Esses seres podem /lobisomem tra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ in-
ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê dústria japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 
reais ou imaginários.
• Número:
SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/ – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão
nomeiam ações, estados, bondade/ de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ na-
qualidades e sentimentos que confiança/ moradores, japonês/ japoneses.
não tem existência própria, ou lembrança/ – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
seja, só existem em função de amor/ branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
um ser. alegria
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/ • Grau:
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/ – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vi-
de seres da mesma espécie, buquê (de flores) torioso (do) que o seu.
mesmo quando empregado – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vi-
no singular e constituem um torioso (do) que o seu.
substantivo comum. – Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS quanto o seu.
QUE NÃO ESTÃO AQUI! – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosís-
simo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito
Flexão dos Substantivos
famoso.
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: mascu-
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
lino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes
mais famoso de todos.
ou uniformes
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
menos famoso de todos.
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigre-
sa, o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
Artigo
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma
É uma palavra variável em gênero e número que antecede
única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes divi-
o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
dem-se em epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. • Classificação e Flexão do Artigos
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invari- – Artigos Definidos: o, a, os, as.
áveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, pal- O menino carregava o brinquedo em suas costas.
meira macho/palmeira fêmea. As meninas brincavam com as bonecas.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo con- – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
texto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o Um menino carregava um brinquedo.
criança), a testemunha (o testemunha), o individuo (a individua). Umas meninas brincavam com umas bonecas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no
tempo ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os prono-
mes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário, vá-
Variáveis
ria, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem
ser variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é
dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre-
sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três:
presente, pretérito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles ama-
ram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas
infinitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada
pelo sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
passiva analítica é formada por:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição
por/pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada cir-
cunstância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez
em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas,
às ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo,
etc. 
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de
pouco, de todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que
ligam orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um ele-
mento é determinante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante, etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, etc.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e
a função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância Nominal
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se referem.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amistosa.

Casos Especiais de Concordância Nominal


• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam alerta.

• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na formação de palavras compostas:


Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.

• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.

• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis
quando advérbios:
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou meia dúzia de ovos.

• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:


Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.

• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.

Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enormes.

Concordância ideológica ou silepse


• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gênero gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido
no contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
Blumenau estava repleta de turistas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o número
gramatical (singular ou plural) que está subentendido no contexto. COLOCAÇÃO PRONOMINAL
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplausos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia
pessoa gramatical que está subentendida no contexto. da frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po- pronome antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em
líticos. que a norma culta prescreve o emprego do pronome no meio –
mesóclise – ou após o verbo – ênclise.
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL De acordo com a norma culta, no português escrito não se
inicia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lin-
• Regência Nominal  guagem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem
A regência nominal estuda os casos em que nomes (subs- escrita, formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
tantivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para com- Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem
pletar-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu bem as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que
complemento é estabelecida por uma preposição. estas não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos
que prejudique a eufonia da frase.
• Regência Verbal
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre Próclise
o verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido).  Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Isto pertence a todos.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
Regência de algumas palavras Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero
pacientemente.
Esta palavra combina com Esta preposição Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a êncli-
Acessível a se: Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Apto a, para Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Atencioso com, para com Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
Coerente com
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Conforme a, com Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Dúvida acerca de, de, em, sobre Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não
sejam reduzidas: Percebia que o observavam.
Empenho de, em, por
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plan-
Fácil a, de, para, tando, tudo dá.
Junto a, de Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus
intentos são para nos prejudicarem.
Pendente de
Preferível a Ênclise
Próximo a, de Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.

Respeito a, com, de, para com, por Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro
Situado a, em, entre do indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a ver-
Ajudar (a fazer algo) a
dade!
Aludir (referir-se) a Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela
Aspirar (desejar, pretender) a preposição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou prócli-
Deparar (encontrar) com se: Apressei-me a convidá-los.
Implicar (consequência) Não usa preposição
Mesóclise
Lembrar Não usa preposição Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
Pagar (pagar a alguém) a
Precisar (necessitar) de É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou
no futuro do pretérito que iniciam a oração.
Proceder (realizar) a Dir-lhe-ei toda a verdade.
Responder a Far-me-ias um favor?
Visar ( ter como objetivo a
pretender) Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS Eu lhe direi toda a verdade.
QUE NÃO ESTÃO AQUI! Tu me farias um favor?

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LÍNGUA PORTUGUESA
Colocação do pronome átono nas locuções verbais à vontade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução ver- vezes, às pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à
bal não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono esquerda, à direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras,
deverá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. à mão, às escondidas, à medida que, à proporção que.
Exemplos: • NUNCA devemos usar crase:
Devo-lhe dizer a verdade. – Antes de substantivos masculinos:
Devo dizer-lhe a verdade. Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a pé.

Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar – Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou
antes do auxiliar ou depois do principal. plural) usado em sentido generalizador:
Exemplos: Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
Não lhe devo dizer a verdade. Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a
Não devo dizer-lhe a verdade. homem.

Verbo principal no particípio: Se não houver fator de prócli- – Antes de artigo indefinido “uma”
se, o pronome átono ficará depois do auxiliar. Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
– Antes de pronomes
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.
do auxiliar.
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
A quem vocês se reportaram no Plenário?
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
depois do infinitivo.
Exemplos: – Antes de verbos no infinitivo
Hei de dizer-lhe a verdade. A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.
Tenho de dizer-lhe a verdade.

Observação PONTUAÇÃO
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Devo-lhe dizer tudo. Pontuação
Estava-lhe dizendo tudo. Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema
Havia-lhe dito tudo. de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destina-
dos a organizar as relações e a proporção das partes do discurso
e das pausas orais e escritas. Estes sinais também participam
CRASE de todas as funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e se-
mânticas”. (BECHARA, 2009, p. 514)
A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal A partir da definição citada por Bechara podemos perceber
a é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pro- a importância dos sinais de pontuação, que é constituída por al-
nome demonstrativo. guns sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s) , ], ponto e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [
! ], reticências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois
• Devemos usar crase: pontos [ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão sim-
– Antes palavras femininas: ples [ – ], travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou
Iremos à festa amanhã parênteses retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).
Mediante à situação.
O Governo visa à resolução do problema. Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de” pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado tipo de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa
nas locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a: e as reticências.
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial. Estaremos presentes na festa.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substan-
tivos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a Ponto de interrogação ( ? )
crase. Mas... há crase, sim! Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interro-
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir- gativa ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante. Você vai à festa?

– Expressões fixas Ponto de exclamação ( ! )


Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso Põe-se no fim da oração enunciada com entonação excla-
de crase: mativa.
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, Ex: Que bela festa!

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LÍNGUA PORTUGUESA
Reticências ( ... ) 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou textos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão ela é menos importante e que pode ser colocada depois.
com breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso inter- Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma
locutor nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. ordem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Ver-
Ex: Essa festa... não sei não, viu. bo > Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Maria foi à padaria ontem.
Dois-pontos ( : ) Sujeito Verbo Objeto Adjunto
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluí-
da. Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso
citação (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enu- ocorre por alguns motivos:
merativo, distributivo ou uma oração subordinada substantiva 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
apositiva. 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
verbo e o adjunto.
Ponto e vírgula ( ; )
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na or-
o ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vír- dem comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a
gulas, para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de vírgula é necessária:
uma enumeração (frequente em leis), etc. Ontem, Maria foi à padaria.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi Maria, ontem, foi à padaria.
também uma linda decoração e bebidas caras. À padaria, Maria foi ontem.
Travessão ( — ) Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é ne-
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e
cessário:
com o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-
• Separa termos de mesma função sintática, numa enume-
-lu-ta-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode
ração.
substituir vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma ex-
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades
pressão intercalada e pode indicar a mudança de interlocutor,
a serem observadas na redação oficial.
na transcrição de um diálogo, com ou sem aspas.
• Separa aposto.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
• Separa vocativo.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
Brasileiros, é chegada a hora de votar.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semân-
tico mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer • Separa termos repetidos.
maior intimidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a in- Aquele aluno era esforçado, esforçado.
serção do parêntese é assinalada por uma entonação especial.
Intimamente ligados aos parênteses pela sua função discursiva, • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exem-
os colchetes são utilizados quando já se acham empregados os plificativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor di-
parênteses, para introduzirem uma nova inserção. zendo, ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, an-
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo tes, com efeito, digo.
governador) O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem cla-
ra, ou seja, de fácil compreensão.
Aspas ( “ ” )
As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido • Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus comple-
particular (na linguagem falada é em geral proferida com ento- mentos).
ação especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os parti-
ou para apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É culares. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares)
utilizada, ainda, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo. • Separa orações coordenadas assindéticas.
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava
Vírgula as ideias na cabeça...
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Evi-
denciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. • Isola o nome do lugar nas datas.
Antes disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em re- Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006.
lação à vírgula:
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “sen- • Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim,
timos” o momento certo de fazer uso dela. dessa forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também,
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. expressões conectivas, como: em primeiro lugar, como supraci-
Em alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma tado, essas informações comprovam, etc.
vírgula, o leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para
regra. Afinal, cada um tem seu tempo de respiração, não é mes- amenizar o problema.
mo?!?!

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LÍNGUA PORTUGUESA
2. (PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG - AGENTE COMUNI-
EXERCÍCIOS TÁRIO DE SAÚDE - FCM - 2019)

1. (PREFEITURA DE PIRACICABA - SP - PROFESSOR - EDU- Dieta salvadora


CAÇÃO INFANTIL - VUNESP - 2020) A ciência descobre um micróbio adepto de um
alimento abundante: o lixo plástico no mar.
Escola inclusiva
O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar
É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros o câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não consegue dar um
concordam que há melhora nas escolas quando se incluem destino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brin-
alunos com deficiência. dar os mares, rios e lagoas com seus próprios dejetos. Intoxica-
Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre -os também com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás
os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de e até carcaças de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado
uma educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas num curso d’água, subterrâneo ou a céu aberto, que se encami-
para tal perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, nha inevitavelmente para o mar. O resultado está nas ilhas de
ela se tornou lei em 2015 e criou raízes no tecido social. lixo que se formam, da Guanabara ao Pacífico.
A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itá-
qualificados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o lia, China e dos Emirados Árabes descobriram em duas ilhas gre-
que dizer então de alunos com gama tão variada de dificuldades. gas um micróbio marinho que se alimenta do carbono contido
Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o no plástico jogado ao mar. Parece que, depois de algum tempo
enfrentado por cadeirantes, a problemas de aprendizado cria- ao sol e atacado pelo sal, o plástico, seja mole, como o das saco-
dos por limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelec- las, ou duro, como o das embalagens, fica quebradiço – no ponto
tuais. para que os micróbios, de guardanapo ao pescoço, o decompo-
Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para nham e façam a festa. Os cientistas estão agora criando réplicas
minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, desses micróbios, para que eles ajudem os micróbios nativos a
discorda de que crianças com deficiência devam aprender só na devorar o lixo. Haja estômago.
companhia de colegas na mesma condição. Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tche-
Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de con- co Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um explorador desco-
tar com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para li- bre na costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis
dar com necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar em colher pérolas e construir diques submarinos. Em troca das
indica 1,2 milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha pérolas que as salamandras lhe entregam, ele lhes fornece fa-
triplicado o número de professores com alguma formação em cas para se defenderem dos tubarões. O resto, você adivinhou:
educação especial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 as salamandras se reproduzem, tornam-se milhões, ocupam os
mil deles no país. Não se concebe que possa haver um especia- litorais, aprendem a falar e inundam os continentes. São agora
lista em cada sala de aula. bilhões e tomam o mundo.
As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem
estrutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí, se tornar as salamandras de Čapek. É que, no livro, as salaman-
ao menos um profissional preparado se encarrega de receber o dras aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os mi-
aluno e sua família para definir atividades e de auxiliar os docen- cróbios no comando, nossos mares, pelo menos, estarão a salvo.
tes do período regular nas técnicas pedagógicas. Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S.
Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Com- Paulo. Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019.
pete ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus es-
tabelecimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao ver-
segregar em salas especiais os estudantes com deficiência – que bo, possuem três posições: próclise (antes do verbo), mesóclise
não se confunde com incapacidade, como felizmente já vamos (no meio do verbo) e ênclise (depois do verbo).
aprendendo. Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblí-
(Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado) quos nos trechos a seguir.
I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa:
Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição “E não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas com seus
do pronome em relação ao verbo, conforme indicado nos parên- próprios dejetos.”
teses, a redação permanece em conformidade com a norma-pa- II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por ver-
drão de colocação dos pronomes. bo: “Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, compu-
(A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com tadores, sofás e até carcaças de automóveis.”
deficiência. (incluem-se) III – A próclise é sempre empregada quando há locução ver-
(B) ... em educação especial inclusiva, contam-se não muito bal: “Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo po-
mais que 100 mil deles no país. (se contam) dem se tornar as salamandras de Čapek.”
(C) Não se concebe que possa haver um especialista em IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser
cada sala de aula. (concebe-se) humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer
(D) Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de e produzir um ‘Dom Quixote’”.
receber o aluno... (encarrega-se)
(E) ... que não se confunde com incapacidade, como
felizmente já vamos aprendendo. (confunde-se)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Está correto apenas o que se afirma em 4. (PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE -
(A) I e II. TÉCNICO EM SANEAMENTO - IBFC - 2019)
(B) I e III.
(C) II e IV. Vou-me embora pra Pasárgada,
(D) III e IV. lá sou amigo do Rei”.
(M.Bandeira)
3. (PREFEITURA DE BIRIGUI - SP - EDUCADOR DE CRECHE
- VUNESP - 2019) Quanto à regra de colocação pronominal utilizada, assinale
a alternativa correta.
Certo discurso ambientalista tradicional recorrentemente (A) Ênclise: em orações iniciadas com verbos no presente
busca indícios de que o problema ambiental seja universal (e ou pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado
de fato é), atemporal (nem tanto) e generalizado (o que é de- posposto ao verbo.
sejável). Alguma ingenuidade conceitual poderia marcar o am- (B) Próclise: em orações iniciadas com verbos no presente
bientalismo apologético; haveria dilemas ambientais em todos ou pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado
os lugares, tempos, culturas. É a bambificação(*) da natureza. posposto ao verbo.
Necessária, no entanto, como condição de sobrevivência. Há (C) Mesóclise: em orações iniciadas com verbos no presente
quem tenha encontrado normas ambientais na Bíblia, no Direito ou pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado
grego, e até no Direito romano. São Francisco de Assis, nessa posposto ao verbo.
linha, prosaica, seria o santo padroeiro das causas ambientais; (E) Próclise: em orações iniciadas com verbos no imperativo
falava com plantas e animais. afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao
A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instinti- verbo.
va, predeterminando objeto e objetivo. Por outro lado, e este é
o meu argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria 5. (PREFEITURA DE PERUÍBE - SP - INSPETOR DE ALUNOS
freudiana, a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, - VUNESP - 2019)
dado que resiste a uma pressão contínua, variável na intensida-
de. Assim, numa dimensão qualitativa, e não quantitativa, é que Pelo fim das fronteiras
se deveria enfrentar a questão, que também é cultural. E que
culturalmente pode ser abordada. Imigração é um fenômeno estranho. Do ponto de vista pu-
O problema, no entanto, é substancialmente econômico. O ramente racional, ela é a solução para vários problemas globais.
dilema ambiental só se revela como tal quando o meio ambiente Mas, como o mundo é um lugar menos racional do que deve-
passa a ser limite para o avanço da atividade econômica. É nesse ria, pessoas que buscam refúgio em outros países costumam ser
sentido que a chamada internalização da externalidade negativa recebidas com desconfiança quando não com violência, o que
exige justificativa para uma atuação contra-fática. diminui o valor da imigração como remédio multiuso.
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica No plano econômico, a plena mobilidade da mão de obra
também rondaria a discussão. Antropocêntricos acreditam que seria muito bem-vinda. Segundo algumas estimativas, ela faria
a proteção ambiental seria narcisística, centrada e referenciada o PIB mundial aumentar em até 50%. Mesmo que esses cálculos
no próprio homem. Os geocêntricos piamente entendem que a estejam inflados, só uma fração de 10% já significaria um incre-
natureza deva ser protegida por próprios e intrínsecos funda- mento da ordem de US$ 10 trilhões (uns cinco Brasis).
mentos e características. Posições se radicalizam. Uma das principais razões para o mundo ser mais pobre do
A linha de argumento do ambientalista ingênuo lembra-nos que poderia é que enormes contingentes de humanos vivem sob
o “salto do tigre” enunciado pelo filósofo da cultura Walter Ben- sistemas que os impedem de ser produtivos. Um estudo de 2016
jamin, em uma de suas teses sobre a filosofia da história. Qual de Clemens, Montenegro e Pritchett estimou que só tirar um tra-
um tigre mergulhamos no passado, e apenas apreendemos o que balhador macho sem qualificação de seu país pobre de origem e
interessa para nossa argumentação. É o que se faz, a todo tempo. transportá-lo para os EUA elevaria sua renda anual em US$ 14 mil.
(Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Disponível em: https:// A imigração se torna ainda mais tentadora quando se con-
www.conjur.com.br/2011. Acesso em: 10.08.2019. Adaptado) sidera que é a resposta perfeita para países desenvolvidos que
enfrentam o problema do envelhecimento populacional.
(*) Referência ao personagem Bambi, filhote de cervo co- Não obstante tantas virtudes, imigrantes podem ser maltrata-
nhecido como “Príncipe da Floresta”, em sua saga pela sobrevi- dos e até perseguidos quando cruzam a fronteira, especialmente se
vência na natureza.  vêm em grandes números. Isso está acontecendo até no Brasil, que
não tinha histórico de xenofobia. Desconfio de que estão em opera-
Assinale a alternativa que reescreve os trechos destacados ção aqui vieses da Idade da Pedra, tempo em que membros de outras
empregando pronomes, de acordo com a norma-padrão de re- tribos eram muito mais uma ameaça do que uma solução.
gência e colocação. De todo modo, caberia às autoridades incentivar a imigra-
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica ção, tomando cuidado para evitar que a chegada dos estrangei-
também rondaria a discussão. / Alguma ingenuidade conceitu- ros dê pretexto para cenas de barbárie. Isso exigiria recebê-los
al poderia marcar o ambientalismo apologético. com inteligência, minimizando choques culturais e distribuindo
(A) ... lhe rondaria ... o poderia marcar as famílias por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. É
(B) ... rondá-la-ia ... poderia marcar ele tudo o que não estamos fazendo.
(C) ... rondaria-a ... podê-lo-ia marcar
(D) ... rondaria-lhe ... poderia o marcar (Hélio Schwartsman. Disponível em: https://www1.folha.uol.
(E) ... a rondaria ... poderia marcá-lo com.br/colunas/.28.08.2018. Adaptado)

25
LÍNGUA PORTUGUESA
Considere as frases: 8. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - POR-
• países desenvolvidos que enfrentam o problema do enve- TUGUÊS – MATUTINO - FURB – 2019)
lhecimento populacional. (4º parágrafo)
• ... minimizando choques culturais e distribuindo as famí- Determinado, batalhador, estudioso, dedicado e inquieto.
lias por regiões e cidades em que podem ser mais Muitos são os adjetivos que encontramos nos livros de histó-
úteis. (6º parágrafo) ria para definir Hermann Blumenau. Desde os primeiros anos da
colônia, esteve determinado a construir uma casa melhor para
A substituição das expressões em destaque por pronomes viver com sua família, talvez em um terreno que lhe pertencia
está de acordo com a norma-padrão de emprego e colocação no morro do aipim. Infelizmente, nunca concretizou este sonho,
em: porém, nunca deixou de zelar por tudo aquilo que lhe dizia res-
(A) enfrentam-no; distribuindo-lhes. peito.[...]
(B) o enfrentam; lhes distribuindo. Disponível em: <https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/
(C) o enfrentam; distribuindo-as. fundacao-cultural/fcblu/memaoria-digital-ao-comemoraacaao-
(D) enfrentam-no; lhes distribuindo. -200-anos-dr-blumenau85>. Acesso em: 05 set. 2019. [adapta-
(E) lhe enfrentam; distribuindo-as. do]

6. (PREFEITURA DE PERUÍBE - SP – SECRETÁRIO DE ESCO- Sobre a colocação dos pronomes átonos nos excertos: “...
LA - VUNESP - 2019) talvez em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim.” e
Considere a frase a seguir. Como as crianças são natural- “...zelar por tudo aquilo que lhe dizia respeito.”, podemos afir-
mente agitadas, cabe aos adultos impor às crianças limites mar que ambas as próclises estão corretas, pois o verbo está
que  garantam às crianças um desenvolvimento saudável. Para precedido de palavras que atraem o pronome para antes do ver-
eliminar as repetições da frase, as expressões destacadas devem bo. Assinale a alternativa que identifica essas palavras atrativas
ser substituídas, em conformidade com a norma-padrão da dos excertos:
língua, respectivamente, por (A) palavras de sentido negativo
(A) impor-nas ... lhes garantam (B) advérbios
(B) impor-lhes ... as garantam (C) conjunções subordinativas
(C) impô-las ... lhes garantam (D) pronomes demonstrativos
(D) impô-las ... as garantam (E) pronomes relativos
(E) impor-lhes ... lhes garantam
9. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode
7. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - GEO- ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma
GRAFIA – MATUTINO - FURB – 2019) padrão na seguinte sentença:
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
O tradicional desfile do aniversário de Blumenau, que com- (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
pleta 169 anos de fundação nesta segunda-feira, teve outra data (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
especial para comemorar: os 200 anos de nascimento do Doutor (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
Hermann Blumenau. __________ 15 mil pessoas que estiveram (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o dis-
na Rua XV de Novembro nesta manhã acompanhando o desfile, curso.
de acordo com estimativa da Fundação Cultural, conheceram
um pouco mais da vida do fundador do município. [...] O desfile 10. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMA-
também apresentou aspectos da colonização alemã no Vale do GEM DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos
Itajaí. Dessa forma, as bandeiras e moradores das 42 cidades do sinais de pontuação em:
território original de Blumenau, que foi fundado por Hermann, (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos con-
também estiveram representadas na Rua XV de Novembro. [...] vidados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
Disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/desfile- (B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sor-
-em-blumenau-comemora-o-aniversario-da-cidade-e-os-200-a- rateiramente pela porta?
nos-do-fundador>.Acesso em: 02 set. 2019.[adaptado] (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-
-se tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
No mesmo excerto “Dessa forma, as bandeiras e morado- (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem
res das 42 cidades do território original de Blumenau,  que foi muito branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde,
fundado por Hermann, também estiveram representadas na Rua com os irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
XV de Novembro.”, a palavra destacada pertence à classe gra- (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
matical: penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
(A) conjunção cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
(B) pronome
(C) preposição 11. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está intei-
(D) advérbio ramente correta a pontuação do seguinte período:
(E) substantivo (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de pe-
quenas providências que, tomadas por figurantes aparen-
temente sem importância, ditam o rumo de toda a história.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(B) Os personagens principais, de uma história, responsá- (C) Não há dúvida de que os números são bons, num mo-
veis pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de mento em que atingimos um bom superávit em conta-cor-
pequenas providências que tomadas por figurantes, aparen- rente, em que se revela queda no desemprego e até se
temente sem importância, ditam o rumo de toda a história. anuncia a ampliação de nossas reservas monetárias, além
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis da descoberta de novas fontes de petróleo.
pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de peque- (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continen-
nas providências, que, tomadas por figurantes aparente- te, percebe-se que nossa performance é inferior a que foi
mente, sem importância, ditam o rumo de toda a história. atribuída a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com
(D) Os personagens principais, de uma história, responsá- participação menor no conjunto dos bens produzidos pela
veis pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de América Latina.
pequenas providências, que tomadas por figurantes aparen- (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rús-
temente sem importância, ditam o rumo de toda a história. sia, com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto
(E) Os personagens principais de uma história, responsáveis, inteiro da América Latina, o organismo internacional está
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque- atribuindo um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um
nas providências, que tomadas por figurantes, aparente- pouco maior do que o do Brasil.
mente, sem importância, ditam o rumo de toda a história.
16. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
12. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDE- 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está
RAL – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado cor- correta.
retamente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase. (A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Pau-
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos. lo.
(B) Nosso expediente é de segunda à sexta. (B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
(C) Pretendo viajar a Paraíba. (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
(D) Ele gosta de bife à cavalo. 35% deles fosse despejado em aterros.
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
13. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na ora- (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
ção “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando de lixo.
o ataque, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”,
observa-se a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em cai- 17. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE –
xa-alta. Nas locuções das frases abaixo também ocorre a crase, 2012) Assinale a opção que fornece a correta justificativa para
que deve ser marcada com o acento, EXCETO em: as relações de concordância no texto abaixo.
(A) Todos estavam à espera de uma solução para o proble- O bom desempenho do lado real da economia proporcionou
ma. um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior
(B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia lucratividade das empresas foi decisiva para os resultados fis-
do eleitorado pelo resultado final. cais favoráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sis- reais, deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo
tema. (IPCA), as receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema in- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribui-
solúvel. ção para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). O cres-
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o cimento da massa de salários fez aumentar a arrecadação do
sistema. Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e a receita de tributação
sobre a folha da previdência social. Não menos relevantes foram
14. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liber- os elevados ganhos de capital, responsáveis pelo aumento da
dades ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocu- arrecadação do IRPF.
pa a nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão
da frase acima, na ordem dada, as expressões: de plural em “deflacionados”.
(A) a que – de que; (B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de
(B) de que – com que; plural em “Elevaram-se”.
(C) a cujas – de cujos; (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar
(D) à que – em que; as regras de concordância com “economia”.
(E) em que – aos quais. (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão
de singular em “fez aumentar”.
15. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordân-
2008) Assinale o trecho que apresenta erro de regência. cia com “relevantes”.
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil 18. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do
fecha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamen- artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é:
te a maior taxa registrada na última década. (A) pronome;
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que (B) adjetivo;
serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi (C) advérbio;
a conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CE- (D) substantivo;
PAL). (E) preposição.

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LÍNGUA PORTUGUESA
19. Assinale a alternativa que apresenta a correta classifica- brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. A única me-
ção morfológica do pronome “alguém” (l. 44). dida concreta foi a aplicação da multa de R$ 250 milhões – sen-
(A) Pronome demonstrativo. do que não há garantias de que ela será usada no local. “O leito
(B) Pronome relativo. do rio se perdeu e a calha profunda e larga se transformou num
(C) Pronome possessivo. córrego raso”, diz Malu Ribeiro, coordenadora da rede de águas
(D) Pronome pessoal. da Fundação SOS Mata Atlântica, sobre o desastre em Mariana,
(E) Pronome indefinido. Minas Gerais. “O volume de rejeitos se tornou uma bomba reló-
gio na região.”
20. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem
na oração “A abordagem social constitui-se em um processo de riscos de rompimento nas barragens de Germano e de Santa-
trabalho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos rém. Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral,
sublinhados classificam-se, respectivamente, em pelo menos 16 barragens de mineração em todo o País apresen-
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. tam condições de insegurança. “O governo perdeu sua capaci-
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. dade de aparelhar órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu.
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome. Na direção oposta
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015,
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em
um tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo
21. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS marco regulatório da mineração, por sua vez, também conce-
– 2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa or- de prioridade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento
dem, o seguinte par de palavras: dos conflitos judiciais, o que não será interessante para o setor
(A) estrondo – ruído; empresarial”, diz Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio
(B) pescador – trabalhador; Ambiental (ISA). Com o avanço dessa legislação outros danos ir-
(C) pista – aeroporto; reversíveis podem ocorrer.
(D) piloto – comissário; FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA
(E) aeronave – jatinho. MA+QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL

22. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 24. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é fato.
sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em desta- II. O texto é predominantemente expositivo, já que perten-
que tem como antônimo: ce ao gênero textual editorial.
(A) fortuna; III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositi-
(B) opulência; vas, já que se trata de uma reportagem.
(C) riqueza; IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas,
(D) escassez; já se trata de um editorial.
(E) abundância.
Analise as assertivas e responda:
23. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextuali- (A) Somente a I é correta.
dade é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo (B) Somente a II é incorreta.
que NÃO se fundamenta em intertextualidade é: (C) Somente a III é correta
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter mor- (D) A III e IV são corretas.
rido há muito tempo.”
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se 25. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que
mete onde não é chamada.” ainda suja o Brasil”:
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem proble-
gente mesmo!” mas no desenvolvimento do assunto.
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta
tudo bem.” problemas no uso de conjunções e preposições.
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das clas-
ses de palavras e da ordem sintática.
Leia o texto abaixo para responder a questão. IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão
A lama que ainda suja o Brasil temática e bom uso dos recursos coesivos.
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br) Analise as assertivas e responda:
(A) Somente a I é correta.
A maior tragédia ambiental da história do País escancarou (B) Somente a II é incorreta.
um dos principais gargalos da conjuntura política e econômica (C) Somente a III é correta.
brasileira: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos (D) Somente a IV é correta.
diante de um desastre de repercussão mundial. Confirmada a
morte do Rio Doce, o governo federal ainda não apresentou um Leia o texto abaixo para responder as questões.
plano de recuperação efetivo para a área (apenas uma carta de
intenções). Tampouco a mineradora Samarco, controlada pela

28
LÍNGUA PORTUGUESA
UM APÓLOGO Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de
Machado de Assis. cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre
agulha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en- de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? Onde me espetam, fico.
— Deixe-me, senhora. Contei esta história a um professor de melancolia, que me
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agu-
está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre lha a muita linha ordinária!
que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. 26. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual Assis e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as
tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a personagens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visu-
dos outros. al, indique a opção em que a fala não é compatível com a asso-
— Mas você é orgulhosa. ciação entre os elementos dos textos:
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você
ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
pedaço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adian-
te, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu
faço e mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo
o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baro-
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda
nesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baro-
enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?”
nesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela.
(L.02)
Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu-
linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra
lha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?”
iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor
(L.06)
das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou
Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; que eu faço e mando...” (L.14-15)
eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou-
abaixo e acima… co? Não repara que esta distinta costureira só se importa
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem eles, furando abaixo e acima.” (L.25-26)
sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para
vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixi-
andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia nha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para
mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, ninguém. Onde me espetam, fico.” (L.40-41)
a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou
ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou 27. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar ou-
esperando o baile. tros valores semânticos além da noção de dimensão, como afeti-
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, vidade, pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afir-
que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, mar que os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas
para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vesti- “unidinha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
do da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui (A) dimensão e pejoratividade;
ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar (B) afetividade e intensidade;
da agulha, perguntou-lhe: (C) afetividade e dimensão;
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo (D) intensidade e dimensão;
da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é (E) pejoratividade e afetividade.
que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta
para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mu-
camas? Vamos, diga lá.

29
LÍNGUA PORTUGUESA
28. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alter- ANOTAÇÕES
nativa cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da ex-
pressividade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de ______________________________________________________
nossa ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu- ______________________________________________________
lha. Agulha não tem cabeça.” (L.06)
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo ______________________________________________________
um pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13)
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha or-
______________________________________________________
dinária!” (L.43)
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pou-
co?” (L.25) ______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 D
2 A ______________________________________________________
3 E
4 A ______________________________________________________
5 C
______________________________________________________
6 E
7 B _____________________________________________________
8 E
_____________________________________________________
9 B
10 E ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 A
13 D ______________________________________________________
14 A
15 D ______________________________________________________
16 E
______________________________________________________
17 A
18 A ______________________________________________________
19 E
______________________________________________________
20 B
21 E ______________________________________________________
22 D
23 E ______________________________________________________

24 C ______________________________________________________
25 D
26 E ______________________________________________________
27 D
______________________________________________________
28 D
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

30
DIREITO PENAL
1. Código Penal - artigos 293 a 305; 307; 308; 311-A; 312 a 317; 319 a 333; 336 e 337; 339 a 347; 357 e 359. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
DIREITO PENAL
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso
CÓDIGO PENAL - ARTIGOS 293 A 305; 307; 308; 311-A; III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino,
312 A 317; 319 A 333; 335 A 337; 339 A 347; 350; 357 E inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos
359. e em residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
Petrechos de falsificação
DECRETO-LEI NO 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar ob-
jeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis
Código Penal. referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei: prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

PARTE ESPECIAL CAPÍTULO III


CAPÍTULO II DA FALSIDADE DOCUMENTAL
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
Falsificação do selo ou sinal público
Falsificação de papéis públicos Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qual- Estado ou de Município;
quer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público,
(Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
III - vale postal; § 1º - Incorre nas mesmas penas:
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econô- I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
mica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em
público; prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento re- III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logoti-
lativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução pos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificado-
por que o poder público seja responsável; res de órgãos ou entidades da Administração Pública. (Incluído pela
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte Lei nº 9.983, de 2000)
administrada pela União, por Estado ou por Município: § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime pre-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. valecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº Falsificação de documento público
11.035, de 2004) Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público,
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsifi- ou alterar documento público verdadeiro:
cados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
2004) § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime pre-
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, valecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento pú-
controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) blico o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os li-
em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de vros mercantis e o testamento particular.
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (In-
de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Inclu- cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
ído pela Lei nº 11.035, de 2004) I – na folha de pagamento ou em documento de informações
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pes-
tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) soa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária de- pela Lei nº 9.983, de 2000)
termina a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado
11.035, de 2004) ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indi- (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
cativo de sua inutilização: III – em documento contábil ou em qualquer outro documento
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (In-
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa- § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos
-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a
este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou altera- remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação
ção, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
multa. Falsificação de documento particular(Redação dada pela Lei
nº 12.737, de 2012)Vigência
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular
ou alterar documento particular verdadeiro:

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DIREITO PENAL
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. CAPÍTULO IV
Falsificação de cartão(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) DE OUTRAS FALSIDADES
Vigência
Parágrafo único.Para fins do disposto no caput, equipara-se a Falsa identidade
documento particular o cartão de crédito ou débito.(Incluído pela Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar
Falsidade ideológica dano a outrem:
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, decla- Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato
ração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir de- não constitui elemento de crime mais grave.
claração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, ca-
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato derneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia
juridicamente relevante: ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natu-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento reza, próprio ou de terceiro:
é público, e reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o
réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. (Vide Lei fato não constitui elemento de crime mais grave.
nº 7.209, de 1984)
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete Adulteração de sinal identificador de veículo automotor (Re-
o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração dação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer
parte. sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou
Falso reconhecimento de firma ou letra equipamento:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996))
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de fun- Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.(Redação dada
ção pública, firma ou letra que o não seja: pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pú-
público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular. blica ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço.(Incluído
Certidão ou atestado ideologicamente falso pela Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que
pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo pú- contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado
blico, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação
outra vantagem: oficial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Falsidade material de atestado ou certidão CAPÍTULO V
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou (INCLUÍDO PELA LEI 12.550. DE 2011)
alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, (INCLUÍDO PELA LEI 12.550. DE 2011)
isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
vantagem: Fraudes em certames de interesse público (Incluído pela Lei
Pena - detenção, de três meses a dois anos. 12.550. de 2011)
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além Art. 311-A.Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de
da pena privativa de liberdade, a de multa. beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do
Falsidade de atestado médico certame, conteúdo sigiloso de:(Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado I - concurso público;(Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
falso: II - avaliação ou exame públicos;(Incluído pela Lei 12.550. de
Pena - detenção, de um mês a um ano. 2011)
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou(In-
aplica-se também multa. cluído pela Lei 12.550. de 2011)
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:(Incluído pela
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que te- Lei 12.550. de 2011)
nha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.(Incluído
está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: pela Lei 12.550. de 2011)
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. § 1oNas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informa-
comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. ções mencionadas no caput.(Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Uso de documento falso § 2oSe da ação ou omissão resulta dano à administração públi-
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alte- ca:(Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
rados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.(Incluído
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. pela Lei 12.550. de 2011)
Supressão de documento § 3oAumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio por funcionário público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou parti-
cular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento
é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento
é particular.

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DIREITO PENAL
TÍTULO XI Excesso de exação
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
CAPÍTULO I sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na co-
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CON- brança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação
TRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
Peculato dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de ou-
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem trem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pú-
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou blicos:
alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Corrupção passiva
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embo- Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ra não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou con- ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
corre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valen- mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
do-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. vantagem:
Peculato culposo Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
outrem: § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência
Pena - detenção, de três meses a um ano. da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de prati-
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se car qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato
posterior, reduz de metade a pena imposta. de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
Peculato mediante erro de outrem influência de outrem:
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Prevaricação
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satis-
pela Lei nº 9.983, de 2000) fazer interesse ou sentimento pessoal:
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inser- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
ção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corre- Art. 319-A.Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente pú-
tos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administra- blico, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
ção Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído 11.466, de 2007).
pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de infor- Condescendência criminosa
mações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabi-
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de in- lizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,
formações ou programa de informática sem autorização ou solici- quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
tação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de autoridade competente:
2000) Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Advocacia administrativa
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até vado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Ad- funcionário:
ministração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
9.983, de 2000) Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que Violência arbitrária
tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pre-
parcialmente: texto de exercê-la:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena cor-
crime mais grave. respondente à violência.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Abandono de função
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos
estabelecida em lei: em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Concussão § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamen- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fron-
dela, vantagem indevida: teira:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado

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DIREITO PENAL
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de sa- Desacato
tisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autori- Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função
zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, ou em razão dela:
substituído ou suspenso: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de
Violação de sigilo funcional 1995)
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: trem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação
pela Lei nº 9.983, de 2000) dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pesso- alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcioná-
as não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados rio.(Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
da Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Corrupção ativa
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio-
Lei nº 9.983, de 2000) nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Públi- de ofício:
ca ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
pela Lei nº 9.983, de 2000) Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em ra-
Violação do sigilo de proposta de concorrência zão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência públi- de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
ca, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspur-
Funcionário público car edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inuti-
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe- lizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem
nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
cargo, emprego ou função pública. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, Subtração ou inutilização de livro ou documento
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro ofi-
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a cial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário,
execução de atividade típica da Administração Pública.(Incluído em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores crime mais grave.
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela Lei
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da nº 9.983, de 2000)
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pú- Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciá-
blica ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei ria e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Incluído
nº 6.799, de 1980) pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento
CAPÍTULO II de informações previsto pela legislação previdenciária segurados
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autô-
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL nomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela
Lei nº 9.983, de 2000)
Usurpação de função pública II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da con-
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: tabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos,
Resistência remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem 2000)
lhe esteja prestando auxílio: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
Pena - reclusão, de um a três anos. declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e pres-
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das ta as informações devidas à previdência social, na forma definida
correspondentes à violência. em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela
Desobediência Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

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DIREITO PENAL
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, admi-
nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas Patrocínio de contratação indevida (Incluído pela Lei nº
execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 14.133, de 2021)
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pa- Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse priva-
gamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e do perante a Administração Pública, dando causa à instauração de
dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade licitação ou à celebração de contrato cuja invalidação vier a ser de-
ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) cretada pelo Poder Judiciário: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajus- Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. (In-
tado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos be- cluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
nefícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Modificação ou pagamento irregular em contrato administra-
CAPÍTULO II-A tivo (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.467, DE 11.6.2002) Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo-
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A AD- dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor
MINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a
Administração Pública, sem autorização em lei, no edital da licita-
Corrupção ativa em transação comercial internacional ção ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade:
vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofí- Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
cio relacionado à transação comercial internacional:(Incluído pela (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído Perturbação de processo licitatório (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 14.133, de 2021)
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qual-
razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro quer ato de processo licitatório:(Incluído pela Lei nº 14.133, de
retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever fun- 2021)
cional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.(In-
cluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Tráfico de influência em transação comercial internacional
(Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Violação de sigilo em licitação(Incluído pela Lei nº 14.133, de
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou- 2021)
trem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vanta- Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em pro-
gem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público cesso licitatório ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-
estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação -lo:(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa. (In-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído cluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente Afastamento de licitante (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de vio-
estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) lência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qual-
quer tipo:(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
CAPÍTULO II-B Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além
DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATI- da pena correspondente à violência. (Incluído pela Lei nº 14.133,
VOS de 2021)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 14.133, DE 2021) Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou
desiste de licitar em razão de vantagem oferecida.(Incluído pela Lei
Contratação direta ilegal (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) nº 14.133, de 2021)

Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação dire- Fraude em licitação ou contrato (Incluído pela Lei nº 14.133,
ta fora das hipóteses previstas em lei: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
de 2021) Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, lici-
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.(Incluído tação ou contrato dela decorrente, mediante:(Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 14.133, de 2021) 14.133, de 2021)
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com qua-
Frustração do caráter competitivo de licitação(Incluído pela lidade ou em quantidade diversas das previstas no edital ou nos
Lei nº 14.133, de 2021) instrumentos contratuais;(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria
para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da li- falsificada, deteriorada, inservível para consumo ou com prazo de
citação, o caráter competitivo do processo licitatório: (Incluído pela validade vencido; (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Lei nº 14.133, de 2021) III - entrega de uma mercadoria por outra;(Incluído pela Lei nº
14.133, de 2021)

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DIREITO PENAL
IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade da mer- CAPÍTULO III
cadoria ou do serviço fornecido; (Incluído pela Lei nº 14.133, de DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
2021)
V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais Denunciação caluniosa
onerosa para a Administração Pública a proposta ou a execução do Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de pro-
contrato: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) cedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbi-
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) dade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração
ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente:(Redação
Contratação inidônea(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) dada pela Lei nº 14.110, de 2020)
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional declara- Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
do inidôneo: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa. (Incluído de anonimato ou de nome suposto.
pela Lei nº 14.133, de 2021) § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prá-
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional declarado tica de contravenção.
inidôneo:(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa.(Incluí- Comunicação falsa de crime ou de contravenção
do pela Lei nº 14.133, de 2021) Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele que, ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter veri-
declarado inidôneo, venha a participar de licitação e, na mesma ficado:
pena do § 1º deste artigo, aquele que, declarado inidôneo, venha a Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
contratar com a Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 14.133,
de 2021) Auto-acusação falsa
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexisten-
Impedimento indevido (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) te ou praticado por outrem:
Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a inscri- Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
ção de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover
indevidamente a alteração, a suspensão ou o cancelamento de re- Falso testemunho ou falsa perícia
gistro do inscrito: (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (In- como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
cluído pela Lei nº 14.133, de 2021) processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Omissão grave de dado ou de informação por projetista(Inclu- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Reda-
ído pela Lei nº 14.133, de 2021) ção dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Administração Pú- § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o cri-
blica levantamento cadastral ou condição de contorno em relevante me é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de
dissonância com a realidade, em frustração ao caráter competitivo obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em
da licitação ou em detrimento da seleção da proposta mais vanta- processo civil em que for parte entidade da administração pública
josa para a Administração Pública, em contratação para a elabora- direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
ção de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto, em diálogo § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no pro-
competitivo ou em procedimento de manifestação de interesse: cesso em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a ver-
(Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) dade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. (In- Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra
cluído pela Lei nº 14.133, de 2021) vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete,
§ 1º Consideram-se condição de contorno as informações e para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimen-
os levantamentos suficientes e necessários para a definição da so- to, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela
lução de projeto e dos respectivos preços pelo licitante, incluídos Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
sondagens, topografia, estudos de demanda, condições ambientais Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada
e demais elementos ambientais impactantes, considerados requi- pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
sitos mínimos ou obrigatórios em normas técnicas que orientam a Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um ter-
elaboração de projetos. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) ço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
§ 2º Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for
ou indireto, próprio ou de outrem, aplica-se em dobro a pena pre- parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Reda-
vista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021) ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes previstos nes-
te Capítulo seguirá a metodologia de cálculo prevista neste Código Coação no curso do processo
e não poderá ser inferior a 2% (dois por cento) do valor do contrato Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
licitado ou celebrado com contratação direta. (Incluído pela Lei nº favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
14.133, de 2021) qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.

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DIREITO PENAL
Exercício arbitrário das próprias razões Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar,
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pre- de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que
tensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: exceda limite estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da 2000)
pena correspondente à violência. Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se pela Lei nº 10.028, de 2000)
procede mediante queixa. Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legisla-
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, tura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou con- Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos
venção: dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatu-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. ra, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro
ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não te-
Fraude processual nha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: (Incluído
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo pela Lei nº 10.028, de 2000)
civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei
com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em 10.028, de 2000)
processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em do- Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: (Incluído
bro. pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
Exploração de prestígio nº 10.028, de 2000)
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra uti- Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº 10.028,
lidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério de 2000)
Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou tes- Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que
temunha: tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. valor da garantia prestada, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o 10.028, de 2000)
agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela
destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. Lei nº 10.028, de 2000)
Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei nº
Violência ou fraude em arrematação judicial 10.028, de 2000)
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o
afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor su-
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: perior ao permitido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído
pena correspondente à violência. pela Lei nº 10.028, de 2000)
Aumento de despesa total com pessoal no último ano do
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão mandato ou legislatura(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
de direito Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias
múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial: anteriores ao final do mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. nº 10.028, de 2000))
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
CAPÍTULO IV nº 10.028, de 2000)
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (Incluído
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou
Contratação de operação de crédito a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédi- que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em
to, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: (Incluído sistema centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído pela Lei
pela Lei nº 10.028, de 2000) nº 10.028, de 2000)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
10.028, de 2000) nº 10.028, de 2000)
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza
ou realiza operação de crédito, interno ou externo: (Incluído pela
Lei nº 10.028, de 2000)
I – com inobservância de limite, condição ou montante estabe-
lecido em lei ou em resolução do Senado Federal; (Incluído pela Lei
nº 10.028, de 2000)
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limi-
te máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar (In-
cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

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DIREITO PENAL
5. (SEFAZ/RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - CES-
EXERCÍCIOS PE/2018)O único tipo de crime que se consuma com a ocorrência
do resultado naturalístico é o crime
1. (PC/SP - Delegado de Polícia – VUNESP/2018) Prescreve (A) material.
o art. 327 do CP: “considera-se funcionário público, para os efei- (B) de mera conduta.
tos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, (C) formal.
exerce cargo, emprego ou função pública. ” (D) omissivo próprio.
Tal norma traduz exemplo de interpretação (E) habitual.
(A) científica.
(B) autêntica. 6. (DPE/PE - Defensor Público - CESPE/2018) Com relação à
(C) extensiva. classificação dos crimes, julgue os itens a seguir.
(D) doutrinária. I - Denomina-se crime plurissubsistente o crime cometido por
(E) analógica vários agentes.
II - Se o sujeito fizer tudo o que está ao seu alcance para a con-
2. (PC/BA – Escrivão de Polícia – CESPE/2018) O Código Penal sumação do crime, mas o resultado não ocorrer por circunstâncias
estabelece como hipótese de qualificação do homicídio o come- alheias à sua vontade, configura-se crime falho.
timento do ato com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, III - Havendo, em razão do tipo, dois sujeitos passivos, o crime
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar é denominado vago.
perigo comum. Esse dispositivo legal é exemplo de interpretação IV - Crime habitual cometido com ânimo de lucro é denomina-
(A) analógica. do crime a prazo.
(B) teleológica. V - Crime praticado por intermédio de automóvel é denomina-
(C) restritiva. do delito de circulação.
(D) progressiva.
(E) autêntica. Estão certos apenas os itens
(A) I e II.
3. (TJ/AL - Juiz Substituto - FCC/2019) (B) I e IV.
No que toca à classificação doutrinária dos crimes, (C) II e V.
(A) é imprescindível a ocorrência de resultado naturalístico (D) III e IV.
para a consumação dos delitos materiais e formais. (E) III e V.
(B) é normativa a relação de causalidade nos crimes omissivos
impróprios ou comissivos por omissão, prescindindo de resul- 7. (PC/ES - Assistente Social - Instituto AOCP/2019) O crime de
tado naturalístico para a sua consumação. homicídio, art. 121 do Código Penal, é classificado doutrinariamen-
(C) os crimes unissubsistentes são aqueles em que há iter crimi- te como um crime
nis e o comportamento criminoso pode ser cindido. (A) de dano, material e instantâneo de efeitos permanentes.
(D) os crimes omissivos próprios dependem de resultado natu- (B) vago, permanente e multitudinário.
ralístico para a sua consumação. (C) próprio, de perigo e exaurido.
(E) os crimes comissivos são aqueles que requerem comporta- (D) comum, forma livre e concurso necessário de agentes.
mento positivo, independendo de resultado naturalístico para (E) de mão própria, habitual e de forma vinculada.
a sua consumação, se formais.
8. (SEJUC/RN- Agente Penitenciário - IDECAN/2017)Majorita-
4. (PC/ES - Assistente Social - Instituto AOCP/2019)Em alguns riamente entende-se que, de acordo com o conceito analítico, cri-
casos, o crime exige uma condição especial do sujeito ativo, poden- me é um:
do ser classificado em crimes comuns, próprios, de mão própria, (A) Fato típico e antijurídico.
bi próprios, etc. Referente ao tema, assinale a alternativa correta. (B) Fato antijurídico e culpável.
(A) Crime próprio pode ser praticado por qualquer pessoa, não (C) Fato típico, antijurídico e culpável.
sendo exigida uma condição ou qualidade especial do sujeito (D) Fato típico, antijurídico, culpável e punível.
ativo.
(B) Crimes funcionais são crimes praticados por funcionários 9. (CRO/DF - Fiscal I -Quadrix/2020) À luz do Código Penal bra-
públicos contra a administração. Esses crimes admitem a coau- sileiro, julgue o item.
toria e a participação de terceiros, podendo esse terceiro ser O crime de lesão corporal só admite a modalidade dolosa.
funcionário público ou não. ( ) Certo
(C) O crime de falso testemunho é considerado um crime pró- ( ) Errado
prio, podendo ser praticado por qualquer pessoa, portanto a lei
não exige uma qualidade especial do sujeito ativo. 10. (Pref. de Viana/ES - Guarda Municipal - CONSULPAM/2019)
(D) O sujeito ativo pode ser tanto quem realiza o verbo típico O homicídio (artigo 121 do Código Penal) será qualificado se come-
ou possui o domínio finalista do fato como quem, de qualquer tido, EXCETO:
outra forma, concorre para o crime, sendo representado ape- (A) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injus-
nas pelo autor e coautor. ta provocação da vítima.
(E) O sujeito ativo, para poder ser responsabilizado, será pessoa (B) Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
física, não podendo ser pessoa jurídica conforme determina a motivo torpe.
Constituição Federal. (C) Por motivo fútil.
(D) Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime.

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DIREITO PENAL
11. (Pref. de Campinas/SP - Guarda Municipal - VUNESP/2019) 16. (TJ/RS - Oficial de Justiça - FGV/2020) A respeito dos crimes
Segundo o Código Penal, quando o crime de homicídio é culposo, praticados por funcionário público contra a Administração Pública,
(A) a pena prevista é maior do que a do homicídio doloso. é correto afirmar que:
(B) não será admitido agravante de aumento de pena. (A) no crime de concussão, o funcionário público solicita a van-
(C) o agente ficará, necessariamente, sujeito à pena de reclu- tagem indevida à vítima;
são. (B) na corrupção passiva, o funcionário público sempre toma a
(D) o agente poderá ficar isento de pena se agir para compen- iniciativa de propor o pagamento da vantagem ilícita;
sar os familiares da vítima. (C) no crime de advocacia administrativa, o funcionário públi-
(E) o juiz poderá deixar de aplicar a pena em hipótese deter- co patrocina interesse próprio e ilícito perante a administração
minada. pública;
(D) responde por prevaricação, e não corrupção passiva, o fun-
12. (PC/ES - Escrivão de Polícia - Instituto AOCP/2019)No to- cionário público que deixa de praticar ato de ofício sem ser re-
cante aos crimes contra a vida, é circunstância qualificadora do cri- munerado, atendendo a pedido de outra pessoa;
me (E) no crime de inserção de dados falsos em sistema de infor-
(A) a reincidência. mação, o funcionário público autorizado exclui ou altera dados
(B) ser contra mulher por razões da condição de sexo feminino. corretos nos sistemas informatizados ou em banco de dados da
(C) o abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, Administração Pública.
ofício, ministério ou profissão.
(D) ser contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. 17. (TJ/RS - Oficial de Justiça - FGV/2020) Ao receber a intima-
(E) o estado de embriaguez preordenada. ção para efetuar pagamento decorrente de condenação judicial, o
réu, pessoa de baixa instrução, entrega o valor pertinente ao oficial
13. (PC/MA - Perito Criminal - CESPE/2018) Mário, ao envol- de justiça Roberto, que o utiliza para o pagamento de uma dívida
ver-se em uma briga, lesionou Júlio. própria.
Nessa situação hipotética, Mário responderá por lesão corporal Sobre a conduta praticada por Roberto, é correto afirmar que:
de natureza grave se tiver (A) o fato é atípico porque o Código Penal não pune o chamado
(A) provocado em Júlio debilidade permanente de função, peculato de uso;
como, por exemplo, a redução da capacidade mastigatória pela (B) foi cometido o crime de peculato mediante erro de outrem,
perda dentária. já que o oficial de justiça não colaborou para o erro do sujeito
(B) ofendido a integridade corporal de Júlio, causando-lhe di- passivo;
versas escoriações no corpo. (C) Roberto deve responder pelo crime de peculato na modali-
(C) causado a morte de Júlio, ainda que em circunstâncias que dade apropriação, definido no art. 312 do Código Penal;
evidenciem que Mário não queria matá-lo. (D) Roberto cometeu o crime de corrupção passiva porque re-
(D) causado a morte de Júlio em circunstâncias que evidenciem cebeu vantagem indevida em razão do cargo;
que Mário assumiu o risco de produzir o resultado. (E) não há crime devido ao exercício regular de um direito.
(E) provocado a incapacitação de Júlio para ocupações habitu-
ais, como, por exemplo, o trabalho e o estudo, por quinze dias. 18. (TJ/RS - Oficial de Justiça - FGV/2020) Oficial de justiça que
deixa de dar cumprimento integral a mandado de penhora em ra-
14. (Pref. de Itajaí/SC - Assistente Jurídico - FEPESE/2020) Con- zão de sentir pena do proprietário do bem penhorado comete, em
forme disposto na legislação penal brasileira, “oferecer ou prome- tese, o crime de:
ter vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a (A) corrupção passiva privilegiada;
praticar, omitir ou retardar ato de ofício”, qualifica o crime de: (B) abandono de função;
(A) desacato. (C) violação de sigilo profissional;
(B) prevaricação. (D) corrupção passiva simples;
(C) corrupção ativa. (E) prevaricação.
(D) corrupção passiva.
(E) usurpação de função pública. 19. (TJ/PA - Oficial de Justiça Avaliador - CESPE/2020) Antô-
nio e Breno, bacharéis em direito, fazendo-se passar por oficiais de
15. (MPE/CE - Técnico Ministerial - CESPE/2020) Ana, servido- justiça, compareceram em determinada joalheria alegando que te-
ra do MP/CE, aproveitou-se do acesso que sua função pública lhe riam de cumprir mandado judicial de busca e apreensão de parte
permitia para se apropriar de valores do órgão. Durante o inquérito da mercadoria, por suspeita de crime tributário. Para não cumprir
policial, preocupada com eventual condenação, Ana ofereceu van- os mandados, solicitaram a quantia de R$ 10.000, que foi paga pelo
tagem pecuniária a uma amiga que não exerce função pública, para dono do estabelecimento.
prestar depoimento falso em seu favor, a qual assim o fez. Nessa situação, Antônio e Breno responderão pelo crime de
Nessa situação hipotética, (A) concussão.
A conduta de Ana ao oferecer dinheiro para que a amiga men- (B) corrupção ativa.
tisse não caracteriza crime de corrupção ativa. (C) corrupção passiva.
( ) Certo (D) usurpação de função pública.
( ) Errado (E) tráfico de influência.

9
DIREITO PENAL
20. (Pref. de Campinas/SP - Engenheiro Civil - VUNESP/2019)
“Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
ANOTAÇÕES
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em ra-
zão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio” é o texto ______________________________________________________
do crime praticado por funcionário público contra a administração
em geral denominado ______________________________________________________
(A) prevaricação.
(B) concussão. ______________________________________________________
(C) peculato.
(D) corrupção passiva. ______________________________________________________
(E) excesso de exação.
______________________________________________________
21. (DPE/AM - Analista Jurídico de Defensoria - FCC/2019) Se- ______________________________________________________
gundo o Código Penal, a conduta praticada por funcionário de exigir
contribuição social ou tributo que sabe ou deveria saber indevido, ______________________________________________________
constitui crime conhecido como
(A) concussão direta. ______________________________________________________
(B) concussão indireta.
(C) excesso de exação. ______________________________________________________
(D) concussão implícita.
______________________________________________________
(E) excesso de tributação.
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 B
2 A ______________________________________________________
3 E ______________________________________________________
4 B
______________________________________________________
5 A
6 C ______________________________________________________
7 A ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 ERRADO
______________________________________________________
10 A
11 E ______________________________________________________
12 B ______________________________________________________
13 A
______________________________________________________
14 C
15 CERTO _____________________________________________________

16 E _____________________________________________________
17 B
______________________________________________________
18 E
______________________________________________________
19 D
20 C ______________________________________________________
21 C ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. Código de Processo Penal - artigos 251 a 258; 261 a 267; 274; 351 a 372; 394 a 497; 531 a 538; 541 a 548; 574 a 667 . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 60 a 83; 88 e 89). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
DIREITO PROCESSUAL PENAL
B) Ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - ARTIGOS 251 A 258; ou servido como testemunha (inciso II);
261 A 267; 274; 351 A 372; 394 A 497; 531 A 538; 541 A C) Tiver funcionado como juiz de outra instância, pronuncian-
548; 574 A 667 do-se, de fato ou de direito, sobre a questão (inciso III);
D) Ele próprio ou seu cônjuge (convivente) ou parente, con-
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. sanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau,
inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito (inciso IV).
Código de Processo Penal.
Ademais, nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que Ihe processo os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos ou
confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei: afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive (art.
253, CPP).
TÍTULO VIII Há se tomar cuidado, neste prumo, com as hipóteses previstas
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFEN- nestes dois artigos. Aqui, veda-se ao juiz o exercício de jurisdição.
SOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA Algo totalmente diferente do art. 254, que traz causas de suspei-
CAPÍTULO I ção/impedimento. Enquanto nos arts. 252 e 253 se disciplina um
DO JUIZ “não atuar” do juiz (já que o dispositivo é claro ao falar que o jul-
gador “não exercerá jurisdição”), no art. 254, que se verá a seguir,
Juiz até pode o magistrado receber o processo para julgar, embora não
De acordo com o art. 251, do Código de Processo Penal, ao juiz deva (ou melhor, não possa) fazê-lo por questão de vício de impar-
incumbirá prover a regularidade do processo e manter a ordem no cialidade.
curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força
pública. Hipóteses de suspeição/impedimento do juiz
Assim, para garantir a regularidade do processo, o juiz exerce São elas (art. 254, CPP):
os seguintes poderes: A) Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles (in-
a) de polícia: para garantir o desenvolvimento regular e impe- ciso I);
dir atos capazes de perturbar o bom andamento do processo; B) Se ele, seu cônjuge (convivente), ascendente ou descenden-
b) jurisdicionais: que compreendem atos ordinatórios, que or- te, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo ca-
denam e impulsionam o processo; e ráter criminoso haja controvérsia (inciso II);
c) instrutórios: que compreendem a colheita de provas.
Garantias C) Se ele, seu cônjuge (convivente), ou parente, consanguíneo,
São elas, de acordo com o art. 95, da Constituição Federal: ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou res-
A) Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após ponder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das par-
dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse perío- tes (inciso III);
do, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos D) Se tiver aconselhado qualquer das partes (inciso IV);
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado (inciso I); E) Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na partes (inciso V);
forma do art. 93, VIII, da Constituição Federal (inciso II); F) Se for sócio, acionista ou administrador de sociedade inte-
C) Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. ressada no processo (inciso VI).
37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, todos da CF (inciso
IV).
Urge ressaltar que o impedimento ou suspeição decorrente
de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento
Vedações impostas aos juízes
(união estável) que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descen-
Aos juízes é vedado (parágrafo único, do art. 95, da Constitui-
dentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes,
ção):
não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro
A) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun-
ou enteado de quem for parte no processo (art. 255, CPP).
ção, salvo uma de magistério (inciso I);
Urge ressalvar, por fim, que a suspeição não poderá ser decla-
B) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participa-
rada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósi-
ção em processo (inciso II);
C) Dedicar-se à atividade político-partidária (inciso III); to der motivo para criá-la (art. 256, CPP).
D) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui-
ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo
as exceções previstas em lei (inciso IV); e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal
E) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, fim, requisitar a força pública.
antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposen- Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em
tadoria ou exoneração (inciso V). que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou
Hipóteses em que o juiz não poderá exercer jurisdição afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como
De acordo com o art. 252, do Código de Processo Penal, o juiz defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade po-
não poderá exercer jurisdição no processo em que: licial, auxiliar da justiça ou perito;
A) Tiver funcionado seu cônjuge (convivente) ou parente, con- II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções
sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, ou servido como testemunha;
inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronuncian-
autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito (inciso I); do-se, de fato ou de direito, sobre a questão;

1
DIREITO PROCESSUAL PENAL
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou B) Exercer a advocacia (alínea “b”);
afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for C) Participar de sociedade comercial, na forma de lei (alínea
parte ou diretamente interessado no feito. “c”);
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo D) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun-
processo os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou ção pública, salvo uma de magistério (alínea “d”);
afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. E) Exercer atividade político-partidária, em regra (alínea “e”);
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá F) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribui-
ser recusado por qualquer das partes: ções de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; as exceções previstas em lei (alínea “f”).
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver res-
pondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter crimino- Suspeição/impedimento/proibição do exercício de jurisdição
so haja controvérsia; do membro do Ministério Público
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até Consoante o art. 258, CPP, os órgãos do Ministério Público não
o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a pro- funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for
cesso que tenha de ser julgado por qualquer das partes; seu cônjuge (convivente), ou parente, consanguíneo ou afim, em li-
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; nha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se esten-
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das dem, no que lhe for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e
partes; aos impedimentos dos juízes.
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade inte-
ressada no processo. CAPÍTULO II
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de paren- DO MINISTÉRIO PÚBLICO
tesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe
tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que
Art. 257. Ao Ministério Público cabe: (Redação dada pela Lei nº
dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como
11.719, de 2008).
juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
for parte no processo.
estabelecida neste Código; e (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhe-
cida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para II - fiscalizar a execução da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
criá-la. 2008).
Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos
Ministério Público processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou
A atividade do Ministério Público é de suma importância na parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
seara penal, seja porque titular da ação penal pública (art. 129, I, terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for apli-
CF), seja porque fiscal da lei. Eis as duas funções que lhe são expres- cável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos
samente atribuídas em rol meramente exemplificativo pelos dois juízes.
incisos do art. 257, do Diploma Processual Penal.
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à fun- Acusado E Seu Defensor
ção jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem ju- Conforme o art. 261, CPP, nenhum acusado, ainda que ausente
rídica, do regime democrático, e dos interesses sociais e individuais ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Nesta frequ-
indisponíveis. Neste diapasão, são seus princípios institucionais, ência, de acordo com a Súmula nº 523, do Supremo Tribunal Fede-
previstos no primeiro parágrafo, do art. 127, da Constituição Fede- ral, no processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta,
ral: mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para
A) A unidade. Todos os membros do Ministério Público formam o réu.
um órgão único; Com isso, deve ficar superado qualquer entendimento quanto
B) A indivisibilidade. Todos os membros do Ministério Público à possibilidade de se imaginar um réu no processo penal, qualquer
formam um órgão indivisível; que seja a gravidade do delito, desprovido de defesa e de defen-
C) A independência funcional. A independência funcional de- sor. Uma prova dessa necessidade pode ser observada no segundo
corre da autonomia do Ministério Público, que é tanto administrati- parágrafo, do art. 396-A, CPP, segundo o qual não apresentada a
va, como normativa e financeira. resposta à acusação no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, conce-
Garantias atribuídas aos membros do Ministério Público dendo-lhe vista dos autos pelo prazo de dez dias.
São elas (art. 128, §5º, I, CF):
Ato contínuo, a defesa do acusado divide-se em autodefesa
A) Vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo
(que é aquela exercida pelo próprio acusado, como quando sim-
perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado
plesmente assinala no mandado de intimação o seu interesse de
(alínea “a”);
recorrer da decisão) e em defesa técnica (que é aquela feita por
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, me-
diante decisão da maioria absoluta de órgão colegiado do Ministé- profissional competente e especializado). Neste sentido, consoante
rio Público, assegurada ampla defesa, obviamente (alínea “b”); o parágrafo único, do art. 261, CPP, a defesa técnica, quando reali-
C) Irredutibilidade de subsídio, em regra (alínea “c”). zada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através
de manifestação fundamentada.
Vedações aos membros do Ministério Público Se o acusado não tiver defensor, lhe será nomeado um pelo
São elas (art. 128, §5º, II, CF): juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de
A) Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorá- sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação
rios, percentagens ou custas processuais (alínea “a”); (art. 263, caput, CPP).

2
DIREITO PROCESSUAL PENAL
A constituição de defensor independerá de instrumento de Durante toda a instrução processual, vários atos são realizados
mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório (art. pelos funcionários da justiça, em decorrência das atribuições ine-
266, CPP). Este defensor tanto poderá ser um advogado particular, rentes aos próprios cargos ou funções, de acordo com as respec-
como um advogado dativo, como um defensor público. tivas normas regulamentadoras, em regra, são os chamados atos
Ainda, o defensor não poderá abandonar o processo senão por ordinatórios que independem de despacho e podem ser praticados
motivo imperioso, comunicando previamente o juiz, sob pena de de ofício.
multa de dez a cem salários mínimos, sem prejuízo das demais san- De acordo com o art. 274 do Código de Processo Penal, es-
ções cabíveis (art. 265, caput, CPP). A audiência poderá ser adiada tendem-se aos funcionários da justiça as disposições relativas aos
se o defensor, por motivo justificado, não puder comparecer (art. casos de impedimento e suspeição dos juízes. Nesses casos, estes
265, §1º, CPP). deverão abster-se de servir no processo e imediatamente prestar
declaração nos autos, de acordo com o art. 112 do referido diplo-
CAPÍTULO III ma. Caso isto não ocorra, o impedimento poderá ser argüido pelas
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR partes, através do instrumento da exceção de suspeição, nos ter-
mos do art. 105 do CPP.
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido,
será processado ou julgado sem defensor. Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defen- -se aos serventuários e funcionários da justiça, no que Ihes for apli-
sor público ou dativo, será sempre exercida através de manifesta- cável.
ção fundamentada. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. TÍTULO X
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro CAPÍTULO I
de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilita- DAS CITAÇÕES
ção.
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a Citação
pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz.
Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores De acordo com o art. 363, do Código de Processo Penal, o pro-
serão obrigados, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, cesso terá completada a sua formação quando realizada a citação
a prestar seu patrocínio aos acusados, quando nomeados pelo Juiz. do acusado.
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão Neste contexto, considerando o entendimento importado do
por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena Direito Processual Civil, segundo o qual o processo começa antes,
de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo com o mero despacho da decisão que recebe a petição inicial (o
das demais sanções cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de que, aqui no Processo Penal, funcionaria com o recebimento da de-
2008). núncia, guardadas as devidas proporções), há se entender a citação
§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, como o ato que formaliza a participação do acusado no processo
o defensor não puder comparecer. (Incluído pela Lei nº 11.719, de em curso instaurado exatamente contra ele, o que torna a citação
2008). um pressuposto processual de validade.
§ 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertu-
ra da audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento Citação por mandado.
de ato algum do processo, devendo nomear defensor substituto, Quando o réu estiver em território sujeito à jurisdição da auto-
ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato. (Incluído pela ridade que a ordenar, a citação será feita por mandado, via oficial
Lei nº 11.719, de 2008). de justiça, o qual indicará, conforme o art. 352, da Lei Processual
Art. 266. A constituição de defensor independerá de instru- Penal:
mento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interro- A) O nome do juiz (inciso I);
gatório. B) O nome do querelante nas ações iniciadas por queixa (inciso
Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defen- II);
sores os parentes do juiz. C) O nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais carac-
terísticos (inciso III);
CAPÍTULO V D) A residência do réu, se for conhecida (inciso IV);
DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA E) O fim para que é feita a citação (inciso V);
F) O juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá compa-
Funcionários Do Poder Judiciário – Serventuários Da Justiça recer (inciso VI);
Segundo o ilustre jurista Guilherme de Souza Nucci, as expres- G) A subscrição do escrivão e a rubrica do juiz (inciso VII).
sões funcionários e serventuários da justiça são termos correlatos, O mandado de citação deve ser acompanhado de cópia da de-
pois, denominam tanto os ocupantes de cargos públicos efetivos, núncia/queixa-crime (a chamada “contrafé”), para permitir ao acu-
como também os ocupantes de cargo ou função comissionados, sado defender-se dos fatos que lhe são imputados.
desde que pagos pelo Estado e estejam a serviço do Poder Judiciá- Ademais, quando da prática do ato, deve o oficial de justiça ler
rio, a exemplo, os escrivães, escreventes, oficiais de justiça, dentre o mandado ao citando. Se houver aceitação ou recusa em receber a
outros. citação, isso deve constar da certidão de entrega da contrafé.
Por fim, há se lembrar que o processo seguirá sem a presença
do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer
ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de
mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo
(art. 367, CPP).

3
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Citação por carta precatória. Consoante o art. 365, CPP, o edital de citação indicará o nome
A citação por carta precatória será utilizada quando o réu es- do juiz que a determinar (inciso I), o nome do réu, ou, se não for
tiver fora do território da jurisdição do juiz processante, devendo conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência
constar na precatória, de acordo com o art. 354, CPP: e profissão, se constarem do processo (inciso II), o fim para que é
A) O juiz deprecado e o juiz deprecante (inciso I); feita a citação (inciso III), o juízo e o dia, a hora e o lugar em que
B) A sede da jurisdição de um e de outro (inciso II); o réu deverá comparecer (inciso IV), e o prazo, que será contado
C) O fim para que é feita a citação, com todas as especificações do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou de sua
(inciso III); afixação (inciso V).
D) O juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá compa- Ademais, o edital será afixado à porta do edifício onde funcio-
recer (inciso IV). nar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo
A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independente- a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação
mente de traslado, depois de lançado o “cumpra-se” e de feita a provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual
citação por mandado do juiz deprecado (art. 355, caput, CPP). Ve- conste a página do jornal com a data da publicação (parágrafo úni-
rificando que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de co, do art. 365, do CPP).
outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetiva-
ção da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação (a Suspensão do processo e do prazo prescricional.
chamada “carta precatória itinerante”) (art. 355, §1º, CPP). Certifi- Segundo o art. 366, da Lei Processual Penal, se o acusado, ci-
cado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a tado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão
precatória será imediatamente devolvida, para efeito de citação por suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o
hora certa (art. 355, §2º, CPP). juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas ur-
Citação por carta rogatória. gentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do
Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será cita- art. 312, do Código de Processo Penal.
do mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de Disso infere-se, preliminarmente, que a revelia no processo pe-
prescrição até o seu cumprimento (art. 368, CPP). Disso infere-se nal somente se aplica para quem foi citado regularmente e ainda
que a carta rogatória somente será utilizada se o réu estiver no assim insiste em manter-se inerte. Para que é citado por edital e
estrangeiro, mas em lugar sabido. Eis um detalhe que merece ser não comparece nem constitui defensor há incidência da suspensão
observado. do processo e do prazo prescricional.
Por fim, as citações que houverem de ser feitas em legações es- Como o art. 366, do CPP apenas dispõe que a prescrição deve
trangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória (art. 369, CPP). ficar suspensa durante a suspensão do processo, sem indicar por
As cartas rogatórias serão, pelo respectivo juiz, remetidas ao quanto tempo, doutrina e jurisprudência debruçaram-se sobre a
Ministro da Justiça, a fim de ser pedido o seu cumprimento, por questão, na busca de uma solução hermenêutica para a omissão
via diplomática, às vias estrangeiras competentes (art. 783, CPP). legislativa.
As cartas rogatórias emanadas de autoridades estrangeiras compe- Para um primeiro entendimento, com grande força no STF, o
tentes não dependem de homologação e serão atendidas se enca- processo e o curso do prazo prescricional ficam suspensos por prazo
minhadas por via diplomática e desde que o crime, segundo a lei indeterminado; para um segundo entendimento, consagrado na Sú-
brasileira, não exclua a extradição (art. 784, caput, CPP). mula nº 415, do Superior Tribunal de Justiça, o prazo de suspensão
regula-se pelo máximo da pena cominada ao delito.
Citação por carta de ordem.
É a maneira como se cita quando o processo tramita nos tribu- Súmula 415: “O período de suspensão do prazo prescricional é
nais. A carta de ordem é uma forma de citação semelhante à carta regulado pelo máximo da pena cominada”.
precatória.
Assim, se o delito prescreve, abstratamente, em 12 anos, é por
Formas especiais de citação. esse tempo que a contagem da prescrição deve ficar suspensa, após
São elas: o que volta a correr pelo saldo restante. Esse entendimento, além
A) Citação do militar. Far-se-á por intermédio do chefe do res- de evitar, na prática, a imprescritibilidade dos delitos, afigura-se
pectivo serviço (art. 358, CPP); proporcional, na medida em que o prazo de prescrição ficará sus-
B) Citação do réu preso. Se o réu estiver preso, será pessoal- penso por mais ou menos tempo, de acordo com a maior ou menor
mente citado (art. 360, CPP); gravidade do delito. Um mesmo prazo de suspensão da prescrição
C) Citação do funcionário público. O dia designado para o fun- para todos os delitos violaria, flagrantemente, o princípio da pro-
cionário público comparecer em juízo, como acusado, será feita a porcionalidade.
ele bem como ao chefe de sua repartição (art. 359, CPP); Conforme a Súmula nº 455, do Superior Tribunal de Justiça, a
D) Citação por hora certa. A citação por hora certa é inovação decisão que determina a produção antecipada de provas com base
trazida ao processo penal pela Lei nº 11.719/08, e encontra-se con- no art. 366, CPP, deve ser concretamente fundamentada, não se jus-
templada no art. 362, CPP, segundo o qual, se o oficial de justiça tificando meramente o decurso do tempo.
verificar que o réu se oculta para não ser citado, certificará a ocor- Desta maneira, a simples incidência da hipótese de suspensão
rência e agirá nos moldes do que preveem os arts. 227 a 229 do do processo/prazo prescricional não é suficiente para se determinar
Código do Processo Civil. a perpetuação da memória da prova. É preciso que haja algum risco
E) Citação por edital. Se o réu não for encontrado, será citado de que a prova se perca durante o período de suspensão, como por
por edital, com o prazo de quinze dias (art. 361, CPP). exemplo, o falecimento de uma testemunha.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Intimação e Notificação V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá com-
Consoante o art. 370, da Lei Processual Penal, nas intimações parecer;
dos acusados, das testemunhas, e demais pessoas que devam to- VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
mar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição
aplicável, o que se falou para a citação. Desta maneira, a intimação do juiz processante, será citado mediante precatória.
do réu preso será feita em seu nome, bem como será possível à Art. 354. A precatória indicará:
intimação por hora certa, como exemplos. I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;
Enquanto a citação é um ato de formalização processual por II - a sede da jurisdição de um e de outro;
intermédio da ciência do acusado, a intimação vale para ambas as Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;
partes da relação jurídica, consistindo em avisos coercitivos ou em IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá com-
meros ônus às partes acerca do que deve acontecer para que a mar- parecer.
cha procedimental chegue ao seu fim. Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, inde-
Doutrinariamente diferencia-se intimação de notificação, dis- pendentemente de traslado, depois de lançado o “cumpra-se” e de
tinção não observada no Código de Processo Penal e, exatamente feita a citação por mandado do juiz deprecado.
por isso, desconhecida pela maioria dos operadores do Direito. Na § 1o Verificado que o réu se encontra em território sujeito à
prática, não há qualquer relevância na distinção entre intimação e jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos
notificação. Na verdade, pelo que se percebe da própria redação do para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se
CPP e da legislação especial, é comum a utilização equivocada de a citação.
tais expressões. Geralmente, o que se costuma denominar de inti- § 2o Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para
mação se trata de notificação, pois intimação é a comunicação de não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida, para o
ato processual já efetuado, enquanto que a notificação serve para fim previsto no art. 362.
comunicar ato ainda a ser realizado. Assim, intima-se de algo já pro- Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em re-
duzido e notifica-se para ato a ser cumprido. A intimação volta-se sumo os requisitos enumerados no art. 354, poderá ser expedida
ao passado, ao passo que a notificação volta-se ao futuro. Exempli- por via telegráfica, depois de reconhecida a firma do juiz, o que a
ficando, intima-se de uma decisão judicial, enquanto que se notifica estação expedidora mencionará.
uma testemunha ou um perito para depor. Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da con-
Intimação do Ministério Público e do defensor nomeado. trafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;
A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e
pessoal (art. 370, §4º, CPP). Apesar da ausência de expressa previ- sua aceitação ou recusa.
são legal, também a intimação do Defensor Público será pessoal. Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe
Intimação do defensor constituído, do advogado do querelan- do respectivo serviço.
te, e do assistente. Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer
A intimação do defensor constituído, do advogado do quere- em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe
lante, e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido de sua repartição.
da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. (Re-
de nulidade, o nome do acusado (art. 370, §1º, CPP). Caso não haja dação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
órgão de publicação de atos judiciais na comarca, a intimação far- Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital,
-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com com o prazo de 15 (quinze) dias.
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado,
(art. 370, §2º, CPP). o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação
Não podemos esquecer da Súmula nº 310, do STF, segundo com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no
a qual quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publica- 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. (Redação
ção com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o
caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir. E ainda, acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. (In-
da Súmula nº 710, do STF, que dispõe que no processo penal, con- cluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
tam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando
do mandado ou da carta precatória ou de ordem. realizada a citação do acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719,
de 2008).
Vamos em seguida efetuar a leitura atenta e detalhada dos I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
dispositivos contidos no Código de Processo Penal que tratam do II - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
o tema: § 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação
por edital. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu § 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver orde- § 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
nado. § 4o Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer
Art. 352. O mandado de citação indicará: tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes
I - o nome do juiz; deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será fixado
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais ca- pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as
racterísticos; circunstâncias, e, no caso de no II, o prazo será de trinta dias.
IV - a residência do réu, se for conhecida; Art. 365. O edital de citação indicará:

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
I - o nome do juiz que a determinar; LIVRO II
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais ca- DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
racterísticos, bem como sua residência e profissão, se constarem TÍTULO I
do processo; DO PROCESSO COMUM
III - o fim para que é feita a citação; CAPÍTULO I
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá com- DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
parecer;
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na Procedimento comum
imprensa, se houver, ou da sua afixação.
Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde O procedimento comum será ordinário, sumário, ou sumarís-
funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, de- simo:
vendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a pu- A) Será ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
blicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da máxima cominada for igual ou superior a quatro anos de pena pri-
qual conste a página do jornal com a data da publicação. vativa de liberdade (art. 394, §1º, I, CPP);
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem B) Será sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do pra- máxima cominada seja inferior a quatro anos de pena privativa de
zo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada liberdade (art. 394, §1º, II, CPP);
das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão C) Será sumaríssimo, para as infrações penais de menor poten-
preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela cial ofensivo (art. 394, §1º, III, CPP).
Lei nº 9.271, de 17.4.1996) Com efeito, o procedimento comum terá incidência geral, salvo
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). disposição em contrário prevista no CPP ou em legislação especial
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). (art. 394, §2º, CPP). Ademais, as disposições do procedimento co-
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, mum ordinário se aplicarão subsidiariamente aos procedimentos
citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de com- especial, sumário, e sumaríssimo, em caso de lacuna normativa.
parecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residên- Por fim, lembra-se de quatro questões fundamentais: que a
cia, não comunicar o novo endereço ao juízo. (Redação dada pela influência das qualificadoras interfere no procedimento, por alte-
Lei nº 9.271, de 17.4.1996) rarem os limites mínimo e máximo de pena; que a influência das
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, causas de aumento e diminuição de pena interfere no procedimen-
será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do to, por modificarem os limites mínimo e máximo de pena; que a
prazo de prescrição até o seu cumprimento. (Redação dada pela Lei existência de agravantes e atenuantes não interfere no procedi-
nº 9.271, de 17.4.1996) mento, por não alterarem os limites das penas (neste sentido, há se
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações observar a Súmula nº 231, do Superior Tribunal de Justiça); e que,
estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória. (Redação caso ocorra conexão entre infrações de procedimentos distintos,
dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) prevalece na doutrina que deve ser aplicado aquele procedimento
previsto para a infração mais grave, se não houver a incidência do
CAPÍTULO II rito do júri.
DAS INTIMAÇÕES
Procedimento comum ordinário
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e
demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, Vejamos suas etapas:
será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo ante- Oferecimento da inicial acusatória (denúncia ou queixa).
rior. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) Neste diapasão, consoante o art. 396, da Lei Processual, se o
§ 1o A intimação do defensor constituído, do advogado do que- juiz não rejeitá-la liminarmente, receberá a inicial e ordenará a cita-
relante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido ção do acusado para responder à acusação por escrito, no prazo de
da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de dez dias (no caso de citação por edital, dispõe o parágrafo único do
nulidade, o nome do acusado. (Incluído Lei nº 9.271, de 17.4.1996) aludido dispositivo, o prazo para a defesa começará a fluir a partir
§ 2o Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituí-
comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por man- do);
dado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por
qualquer outro meio idôneo. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de Hipóteses de rejeição da inicial acusatória.
17.4.1996) Conforme o art. 395, do Código de Processo, a denúncia ou a
§ 3o A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a apli- queixa será rejeitada quando for manifestamente inepta (inciso I);
cação a que alude o § 1o. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício
§ 4o A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado da ação penal (inciso II); ou quando faltar justa causa para o exercí-
será pessoal. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) cio da ação penal (inciso III);
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição
em que for requerida, observado o disposto no art. 357.
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o
juiz marcará desde logo, na presença das partes e testemunhas, dia
e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Resposta à acusação. Na instrução, poderão ser inquiridas até oito testemunhas, por
Na resposta à acusação, defesa máxima neste procedimento e cada parte (no procedimento comum sumário esse número cai para
grande objetivo a ser implementado quando da reforma processual cinco, e no sumaríssimo, para três) (art. 401, caput, CPP).
de 2008, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que Esse número de testemunhas é “por fato”, e não por agente,
interesse à sua defesa, bem como oferecer documentos e justifi- frisa-se. Assim, se um agente tiver praticado dois fatos (duas condu-
cações, especificar provas pretendidas e arrolar testemunhas, qua- tas delitivas) absolutamente distintos, cada parte poderá arguir até
lificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário (art. dezesseis testemunhas (oito mais oito). Por sua vez, se dois agentes
396-A, caput, CPP).Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se praticarem um mesmo fato, o número de testemunhas será comum
o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor de oito para estes dois agentes.
para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por dez dias (art. Ademais, nesse número não se compreendem as que não pres-
396-A, §2º, CPP). tem compromisso e as referidas (art. 401, §1º, CPP);
Tem a resposta à acusação conteúdo amplíssimo. Tudo nela G) Requerimento de diligências.
pode ser alegado, em prol da absolvição sumária do agente. Apenas Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Pú-
não se pode esquecer que, se houver a oposição de exceções, isto blico, o querelante e o assistente, e, a seguir, o acusado poderão
deve se dar em apartado (art. 396-A, §1º, CPP).Ademais, trata-se de requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias
peça obrigatória. Caso não seja apresentada no prazo legal, o juiz ou fatos apurados na infração (desde que não sejam meramente
nomeará defensor para oferecê-la, no prazo de dez dias. A não-no- protelatórias) (art. 402, CPP).
meação de defensor, pelo juiz, para oferecê-la, é causa de nulidade Ordenada diligência considerada imprescindível, de ofício ou
absoluta. a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as ale-
D) Confirmação do recebimento da denúncia. gações finais (404, caput, CPP). Realizada, em seguida, a diligência
Após receber a resposta à acusação, diz o art. 397, do Código determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de cinco
de Processo, que o juiz deverá absolver sumariamente o acusado dias, suas alegações finais, por memorial, e no prazo de dez dias o
quando verificar a existência manifesta de causa excludente da ili- juiz proferirá sentença (art. 404, parágrafo único, CPP);
citude do fato (inciso I); quando verificar a existência manifesta de H) Alegações finais orais.
causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilida- Não havendo requerimento de diligências, ou sendo estas in-
de (inciso II); quando verificar que o fato narrado evidentemente deferidas, serão oferecidas alegações finais orais por vinte minutos,
não constitui crime (inciso III); ou quando extinta a punibilidade do prorrogáveis por mais dez minutos, para cada parte (art. 403, caput,
agente (inciso IV) (valendo lembrar que a existência de causa ex- CPP).
tintiva da punibilidade pode ser reconhecida a qualquer momento, Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa
inclusive de ofício). de cada um será individual (art. 403, §1º, CPP). Ao assistente do Mi-
E) Audiência de instrução, debates e julgamento. nistério Público, após a manifestação desse, serão concedidos dez
Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifesta-
a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, ção da defesa (art. 403, §2º, CPP);
do Ministério Público, e, se for o caso, do querelante e do assistente I) Substituição das alegações finais orais por memoriais.
(art. 399, caput, CPP). O acusado preso será requisitado para com- O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o núme-
parecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar ro de acusados, conceder às partes o prazo de cinco dias sucessiva-
sua apresentação (art. 399, §1º, CPP).O juiz que presidiu a instru- mente para a apresentação de memoriais, caso em que terá o prazo
ção deverá proferir sentença (eis, aqui, a consagração do “Princípio de dez dias para proferir sentença (art. 403, §3º, CPP);
da Identidade Física do Juiz”, tal como já há no processo civil) (art. J) Sentença. Vale o que já foi estudado para o tema.
399, §2º, CPP).
Na audiência de instrução e julgamento (valendo lembrar que Procedimento comum sumário
esta audiência será una), a ser realizada no prazo máximo de ses- Vejamos suas etapas:
senta dias (no procedimento comum sumário esse prazo é de trinta - Oferecimento da inicial acusatória - Vale o que já foi dito para
dias), se procederá à tomada de declarações do ofendido, à inquiri- o procedimento comum ordinário;
ção das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa (nesta - Hipóteses de rejeição da inicial acusatória - Vale o que já foi
ordem, valendo lembrar que a inobservância desta ordem é cau- dito para o procedimento comum ordinário;
sa de nulidade, salvo a incidência da hipótese prevista no art. 222, - Resposta à acusação. - Vale o que já foi dito para o procedi-
CPP), bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e mento comum ordinário;
ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em segui- - Confirmação do recebimento da denúncia. - Vale o que já foi
da, o acusado (agora, veja-se, o interrogatório do acusado passou dito para o procedimento comum ordinário;
a ser o último ato, e não mais o primeiro, como o era antes da Lei - Audiência de instrução, debates e julgamento - Vale o que já
nº 11.719/08, o que somente confirma a tendência de considerar o foi dito para o procedimento comum ordinário, com a diferença de
interrogatório do acusado, em verdade, um “meio de defesa”) (art. que, de acordo com o art. 531, do Código de Processo Penal, esta
400, caput, CPP). audiência deverá ser realizada no prazo máximo de trinta dias;
As provas serão produzidas numa só audiência (o que confirma - Número de testemunhas na audiência de instrução, debates
a ideia de audiência una), podendo o juiz indeferir as consideradas e julgamento - Vale o que já foi dito para o procedimento comum
irrelevantes, impertinentes ou protelatórias (aqui, consagra-se o ordinário, com a diferença de que esse número cai para cinco teste-
juiz como verdadeiro “gestor da prova”) (art. 400, §1º, CPP). Os es- munhas por fato, para cada parte (art. 532, CPP);
clarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das - Alegações finais orais - Vale o que foi dito para o procedimen-
partes (art. 400, §2º, CPP).Do ocorrido em audiência será lavrado to comum ordinário (art. 534, CPP);
em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve
resumo dos fatos relevantes nela ocorridos (art. 405, caput, CPP).
F) Número de testemunhas na audiência de instrução, deba-
tes e julgamento.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
- Substituição das alegações finais orais por memoriais escri- Já no âmbito estadual a competência, bem como os procedi-
tos - Apesar da omissão legislativa neste sentido, entende-se que mentos são determinados pela Lei nº 9.099/95. Assim, aos Juizados
isso é perfeitamente possível, embora excepcional, utilizando o pro- Especiais Estaduais Criminais compete para processar e julgar os
cedimento comum ordinário como conjunto subsidiário de normas; feitos da Justiça Estadual relativos às infrações de menor potencial
- Adiamento de atos - Esta é uma particularidade do procedi- ofensivo. De acordo o art. 61 da Lei nº 9.099/95: “consideram-se
mento comum sumário. De acordo com o art. 535, do Código de infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções pe-
Processo Penal, nenhum ato será adiado, salvo quando imprescin- nais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois
dível a prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de anos, cumulada ou não com multa”.
quem deva comparecer (art. 535, CPP); Como exceção, o Estatuto do Idoso (Lei nº. 10.741/03) prevê
- Inquirição da testemunha que comparecer. - Esta é outra que todos os seus crimes cuja pena máxima não seja superior a 04
particularidade do procedimento comum sumário. De acordo com (quatro) anos, devem se submeter ao procedimento estatuído na
o art. 536, da Lei Processual, a testemunha que comparecer será Lei dos Juizados Especiais Criminais, visando com isso garantir uma
inquirida, independentemente da suspensão da audiência, obser- maior celeridade à apuração, processo e julgamento das infrações
vando-se, obviamente, a ordem de inquirição de testemunhas (pri- praticadas contra em respeito à sua dignidade.
meiro as da acusação, depois as da defesa) prevista no art. 531, do Importante salientar, que o procedimento comum sumaríssimo
Código de Processo. nos Juizados Especiais Criminais será sempre orientado pelos crité-
rios da celeridade, oralidade, informalidade e economia processual,
Procedimento comum sumaríssimo tendo ainda como objetivos primordiais, a conciliação, a transação,
a reparação dos danos sofridos pela vítima e aplicação de pena não
Trata-se do procedimento adotado para o julgamento de infra- privativa de liberdade.
ções de menor potencial ofensivo, quais sejam, as contravenções Como ressalva, o art. 90-A, da Lei nº 9.099/95 prevê que as
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a disposições desta lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.
2 anos, cumulada ou não com multa. Nos termos do art. 66 da Lei 9.099/1995 as citações nos Jui-
Para o julgamento deste tipo de infrações, a Constituição Fede- zados Especiais Federais serão realizadas de forma pessoal, não se
ral instituiu em seu artigo 98, inciso I, a possibilidade de criação de admitindo a citação editalícia.
Juizados Especiais, mediante a preponderância dos procedimentos Caso o acusado não seja encontrado para ser citado, as peças
oral e sumaríssimo. Como ressalva, no parágrafo primeiro do mes- serão encaminhadas ao juízo comum, observando-se o procedi-
mo dispositivo, a Constituição prevê que lei federal disporá sobre mento sumário, nos termos do artigo 538 do CPP.
a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal, senão Já o artigo 63 da Lei nº. 9.099/95 estabelece que a competên-
vejamos: cia dos Juizados Especiais Criminais será sempre determinada pelo
lugar em que foi praticada a infração penal.
CF - Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os O procedimento penal nos Juizados Especiais Criminais seguirá
Estados criarão:
as seguintes etapas: a) Termo circunstanciado; b) Audiência prelimi-
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados
nar; c) Composição dos danos civis; d) Transação penal; e) Denúncia
e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execu-
oral; f) Suspensão condicional do processo; g) Audiência de instru-
ção de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de
ção, debates e julgamento. h) Sentença.
menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e suma-
riíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o
Dispositivos do Código de Processo Penal do assunto:
julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
(...)
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no
âmbito da Justiça Federal. dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou suma-
Assim, em âmbito estadual, o inciso I do artigo 98, da CF/88 ríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
foi regulamentado pela Lei nº. 9.099/95, já em âmbito federal, o I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
parágrafo primeiro do respectivo artigo foi regulamentado pela Lei cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa
nº. 10.259/2001. de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Os Juizados Especiais Federais Criminais têm competência para II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal rela- cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liber-
tivos às infrações de menor potencial ofensivo, assim considerados dade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial
ou multa. É o que dispõe o artigo 2º, da Lei nº 10.529/2001, que ofensivo, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
disciplina a aplicação dos Juizados Especiais Criminais no âmbito da § 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento comum,
Justiça Federal. salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial. (In-
Importante ainda destacar que na reunião de processos, pe- cluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
rante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente da aplicação § 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o pro-
das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da cedimento observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a
transação penal e da composição dos danos civis. 497 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se
a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não
regulados neste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial,
sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime he- § 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo
diondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias. (In- o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou pro-
cluído pela Lei nº 13.285, de 2016). telatórias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Reda- § 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio re-
ção dada pela Lei nº 11.719, de 2008). querimento das partes. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) tes-
2008). temunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa. (Redação
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 1o Nesse número não se compreendem as que não prestem
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído compromisso e as referidas. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
pela Lei nº 11.719, de 2008). § 2o A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das tes-
Parágrafo único. (Revogado). (Incluído pela Lei nº 11.719, de temunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Códi-
2008). go. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Minis-
denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê- tério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado po-
-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, derão requerer diligências cuja necessidade se origine de circuns-
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº tâncias ou fatos apurados na instrução. (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008). 11.719, de 2008).
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo
defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acu- indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) mi-
sado ou do defensor constituído. (Redação dada pela Lei nº 11.719, nutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis
de 2008). por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. (Redação
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e § 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a
justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemu- defesa de cada um será individual. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
nhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando neces- 2008).
sário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação
desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos
período o tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº
arts. 95 a 112 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
11.719, de 2008).
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acu-
§ 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o
sado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para
número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias
oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. (Inclu-
sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso,
ído pela Lei nº 11.719, de 2008).
terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. (Incluído pela
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e pa-
Lei nº 11.719, de 2008).
rágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acu-
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de
sado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do as alegações finais. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
fato; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determi-
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade nada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias,
do agente, salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias,
2008). o juiz proferirá a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em li-
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). vro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resu-
IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº mo dos fatos relevantes nela ocorridos. (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008). 11.719, de 2008).
Art. 398. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). § 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do in-
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e vestigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios
hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica
defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das
assistente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). informações . (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o O acusado preso será requisitado para comparecer ao in- § 2o No caso de registro por meio audiovisual, será encaminha-
terrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresenta- do às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcri-
ção. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). ção. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realiza-
da no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada
de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas
pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no
art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos,
às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogan-
do-se, em seguida, o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719,
de 2008).

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
CAPÍTULO II § 8o A testemunha que comparecer será inquirida, indepen-
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) dentemente da suspensão da audiência, observada em qualquer
DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPE- caso a ordem estabelecida no caput deste artigo. (Incluído pela Lei
TÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI nº 11.689, de 2008)
SEÇÃO I § 9o Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o
DA ACUSAÇÃO E DA INSTRUÇÃO PRELIMINAR fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam
conclusos. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de
a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no 90 (noventa) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o O prazo previsto no caput deste artigo será contado a par- SEÇÃO II
tir do efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimento, DA PRONÚNCIA, DA IMPRONÚNCIA E DA ABSOLVIÇÃO SU-
em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação MÁRIA
inválida ou por edital. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
§ 2o A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de
8 (oito), na denúncia ou na queixa. Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado,
§ 3o Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e ale- se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios
gar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justi- suficientes de autoria ou de participação. (Redação dada pela Lei nº
ficações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, 11.689, de 2008)
até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intima- § 1o A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação
ção, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de
Art. 407. As exceções serão processadas em apartado, nos ter- autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo le-
mos dos arts. 95 a 112 deste Código. (Redação dada pela Lei nº gal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias
11.689, de 2008) qualificadoras e as causas de aumento de pena. (Incluído pela Lei
Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz no- nº 11.689, de 2008)
meará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo- § 2o Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança
-lhe vista dos autos. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) para a concessão ou manutenção da liberdade provisória. (Incluído
Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Públi- pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção,
co ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco)
revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberda-
dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre
Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a
a necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer
realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo
das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código. (Incluído
de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da
declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. (Redação
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e pro- Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibi-
cedendo-se o debate. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) lidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver
§ 1o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio re- prova nova. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
querimento e de deferimento pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 11.689, Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o
de 2008) acusado, quando: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o As provas serão produzidas em uma só audiência, poden- I – provada a inexistência do fato; (Redação dada pela Lei nº
do o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou 11.689, de 2008)
protelatórias. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; (Redação
§ 3o Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
o caso, o disposto no art. 384 deste Código. (Incluído pela Lei nº III – o fato não constituir infração penal; (Redação dada pela Lei
11.689, de 2008) nº 11.689, de 2008)
§ 4o As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, res- IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do
pectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) mi- crime. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
nutos, prorrogáveis por mais 10 (dez). (Incluído pela Lei nº 11.689, Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput
de 2008) deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art.
§ 5o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código
acusação e a defesa de cada um deles será individual. (Incluído pela Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. (Incluído pela
Lei nº 11.689, de 2008) Lei nº 11.689, de 2008)
§ 6o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição
sumária caberá apelação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de
deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual
2008)
período o tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº
Art. 417. Se houver indícios de autoria ou de participação de
11.689, de 2008)
outras pessoas não incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar ou
§ 7o Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à
impronunciar o acusado, determinará o retorno dos autos ao Minis-
prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem tério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que couber, o art.
deva comparecer. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 80 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da SEÇÃO IV
constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais DO ALISTAMENTO DOS JURADOS
grave. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a
acusação, da existência de crime diverso dos referidos no § 1o do Art. 425. Anualmente, serão alistados pelo presidente do Tri-
art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, reme- bunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos)
terá os autos ao juiz que o seja. (Redação dada pela Lei nº 11.689, jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 (um milhão) de habi-
de 2008) tantes, de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, de 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400 (quatrocen-
à disposição deste ficará o acusado preso. (Incluído pela Lei nº tos) nas comarcas de menor população. (Redação dada pela Lei nº
11.689, de 2008) 11.689, de 2008)
Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: (Reda- § 1o Nas comarcas onde for necessário, poderá ser aumentado
ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008) o número de jurados e, ainda, organizada lista de suplentes, depo-
I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Minis- sitadas as cédulas em urna especial, com as cautelas mencionadas
tério Público; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) na parte final do § 3o do art. 426 deste Código. (Incluído pela Lei nº
II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do 11.689, de 2008)
Ministério Público, na forma do disposto no § 1o do art. 370 deste § 2o O juiz presidente requisitará às autoridades locais, asso-
Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) ciações de classe e de bairro, entidades associativas e culturais, ins-
Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que tituições de ensino em geral, universidades, sindicatos, repartições
não for encontrado. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) públicas e outros núcleos comunitários a indicação de pessoas que
Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão enca- reúnam as condições para exercer a função de jurado. (Incluído pela
minhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008) Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das respecti-
§ 1o Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo cir- vas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de outu-
cunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz bro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal
ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público. (Incluído pela do Júri. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 11.689, de 2008) § 1o A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclama-
§ 2o Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. ção de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novem-
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) bro, data de sua publicação definitiva. (Incluído pela Lei nº 11.689,
de 2008)
SEÇÃO III § 2o Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. 436 a
DA PREPARAÇÃO DO PROCESSO PARA JULGAMENTO EM PLE- 446 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
NÁRIO § 3o Os nomes e endereços dos alistados, em cartões iguais,
(REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) após serem verificados na presença do Ministério Público, de advo-
gado indicado pela Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil
Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do e de defensor indicado pelas Defensorias Públicas competentes,
Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do permanecerão guardados em urna fechada a chave, sob a respon-
querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 sabilidade do juiz presidente. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
(cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em § 4o O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos
plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista geral fica
juntar documentos e requerer diligência. (Redação dada pela Lei nº dela excluído. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008) § 5o Anualmente, a lista geral de jurados será, obrigatoriamen-
Art. 423. Deliberando sobre os requerimentos de provas a te, completada. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
serem produzidas ou exibidas no plenário do júri, e adotadas as
providências devidas, o juiz presidente: (Redação dada pela Lei nº SEÇÃO V
11.689, de 2008) DO DESAFORAMENTO
I – ordenará as diligências necessárias para sanar qualquer nu- (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
lidade ou esclarecer fato que interesse ao julgamento da causa; (In-
cluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver
II – fará relatório sucinto do processo, determinando sua inclu- dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do
são em pauta da reunião do Tribunal do Júri. (Incluído pela Lei nº acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assis-
11.689, de 2008) tente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do
Art. 424. Quando a lei local de organização judiciária não atri- juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamen-
buir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo para julgamento, to para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles
o juiz competente remeter-lhe-á os autos do processo preparado motivos, preferindo-se as mais próximas. (Redação dada pela Lei nº
até 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art. 433 deste 11.689, de 2008)
Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1o O pedido de desaforamento será distribuído imediata-
Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também, os processos mente e terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma com-
preparados até o encerramento da reunião, para a realização de petente. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
julgamento. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2o Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá
determinar, fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo
júri. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 3o Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver
sido por ele solicitada. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 4o Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia § 2o A audiência de sorteio não será adiada pelo não compare-
ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido de de- cimento das partes. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
saforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido § 3o O jurado não sorteado poderá ter o seu nome novamente
durante ou após a realização de julgamento anulado. (Incluído pela incluído para as reuniões futuras. (Incluído pela Lei nº 11.689, de
Lei nº 11.689, de 2008) 2008)
Art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, Art. 434. Os jurados sorteados serão convocados pelo correio
em razão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presi- ou por qualquer outro meio hábil para comparecer no dia e hora
dente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado designados para a reunião, sob as penas da lei. (Redação dada pela
no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da deci- Lei nº 11.689, de 2008)
são de pronúncia. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Parágrafo único. No mesmo expediente de convocação serão
§ 1o Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se transcritos os arts. 436 a 446 deste Código. (Incluído pela Lei nº
computará o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de in- 11.689, de 2008)
teresse da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 435. Serão afixados na porta do edifício do Tribunal do
§ 2o Não havendo excesso de serviço ou existência de proces- Júri a relação dos jurados convocados, os nomes do acusado e dos
sos aguardando julgamento em quantidade que ultrapasse a possi- procuradores das partes, além do dia, hora e local das sessões de
bilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas instrução e julgamento. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
previstas para o exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal
que determine a imediata realização do julgamento. (Incluído pela
SEÇÃO VIII
Lei nº 11.689, de 2008)
DA FUNÇÃO DO JURADO
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
SEÇÃO VI
DA ORGANIZAÇÃO DA PAUTA
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento compre-
enderá os cidadãos maiores de 18 (dezoito) anos de notória idonei-
Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração na or- dade. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
dem dos julgamentos, terão preferência: (Redação dada pela Lei nº § 1o Nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do júri
11.689, de 2008) ou deixar de ser alistado em razão de cor ou etnia, raça, credo, sexo,
I – os acusados presos; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) profissão, classe social ou econômica, origem ou grau de instrução.
II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
tempo na prisão; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) § 2o A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará multa
III – em igualdade de condições, os precedentemente pronun- no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de
ciados. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) acordo com a condição econômica do jurado. (Incluído pela Lei nº
§ 1o Antes do dia designado para o primeiro julgamento da reu- 11.689, de 2008)
nião periódica, será afixada na porta do edifício do Tribunal do Júri Art. 437. Estão isentos do serviço do júri: (Redação dada pela
a lista dos processos a serem julgados, obedecida a ordem prevista Lei nº 11.689, de 2008)
no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) I – o Presidente da República e os Ministros de Estado; (Incluído
§ 2o O juiz presidente reservará datas na mesma reunião pe- pela Lei nº 11.689, de 2008)
riódica para a inclusão de processo que tiver o julgamento adiado. II – os Governadores e seus respectivos Secretários; (Incluído
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 430. O assistente somente será admitido se tiver requerido III – os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Le-
sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data da sessão na qual gislativas e das Câmaras Distrital e Municipais; (Incluído pela Lei nº
pretenda atuar. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 11.689, de 2008)
Art. 431. Estando o processo em ordem, o juiz presidente man- IV – os Prefeitos Municipais; (Incluído pela Lei nº 11.689, de
dará intimar as partes, o ofendido, se for possível, as testemunhas 2008)
e os peritos, quando houver requerimento, para a sessão de instru- V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da De-
ção e julgamento, observando, no que couber, o disposto no art.
fensoria Pública; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
420 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e
da Defensoria Pública; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
SEÇÃO VII
VII – as autoridades e os servidores da polícia e da segurança
DO SORTEIO E DA CONVOCAÇÃO DOS JURADOS
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) pública; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
VIII – os militares em serviço ativo; (Incluído pela Lei nº 11.689,
Art. 432. Em seguida à organização da pauta, o juiz presidente de 2008)
determinará a intimação do Ministério Público, da Ordem dos Ad- IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram
vogados do Brasil e da Defensoria Pública para acompanharem, em sua dispensa; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
dia e hora designados, o sorteio dos jurados que atuarão na reunião X – aqueles que o requererem, demonstrando justo impedi-
periódica. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) mento. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas aber- Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em convicção re-
tas, cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o número de 25 ligiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço
(vinte e cinco) jurados, para a reunião periódica ou extraordinária. alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) não prestar o serviço imposto. (Redação dada pela Lei nº 11.689,
§ 1o O sorteio será realizado entre o 15o (décimo quinto) e o de 2008)
10o (décimo) dia útil antecedente à instalação da reunião. (Incluído
pela Lei nº 11.689, de 2008)

12
DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 1o Entende-se por serviço alternativo o exercício de ativida- § 2o Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimen-
des de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo tos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados. (Incluí-
produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério do pela Lei nº 11.689, de 2008)
Público ou em entidade conveniada para esses fins. (Incluído pela Art. 449. Não poderá servir o jurado que: (Redação dada pela
Lei nº 11.689, de 2008) Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos princí- I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo pro-
pios da proporcionalidade e da razoabilidade. (Incluído pela Lei nº cesso, independentemente da causa determinante do julgamento
11.689, de 2008) posterior; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado constituirá II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Con-
serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade selho de Sentença que julgou o outro acusado; (Incluído pela Lei nº
moral. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 11.689, de 2008)
Art. 440. Constitui também direito do jurado, na condição do III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou ab-
art. 439 deste Código, preferência, em igualdade de condições, nas solver o acusado . (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
licitações públicas e no provimento, mediante concurso, de cargo Art. 450. Dos impedidos entre si por parentesco ou relação de
ou função pública, bem como nos casos de promoção funcional ou convivência, servirá o que houver sido sorteado em primeiro lugar.
remoção voluntária. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 441. Nenhum desconto será feito nos vencimentos ou sa- Art. 451. Os jurados excluídos por impedimento, suspeição ou
lário do jurado sorteado que comparecer à sessão do júri. (Redação incompatibilidade serão considerados para a constituição do núme-
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) ro legal exigível para a realização da sessão. (Redação dada pela Lei
Art. 442. Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de compa- nº 11.689, de 2008)
recer no dia marcado para a sessão ou retirar-se antes de ser dis- Art. 452. O mesmo Conselho de Sentença poderá conhecer de
pensado pelo presidente será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) mais de um processo, no mesmo dia, se as partes o aceitarem, hipó-
salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua condição tese em que seus integrantes deverão prestar novo compromisso.
econômica. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 443. Somente será aceita escusa fundada em motivo re-
levante devidamente comprovado e apresentada, ressalvadas as SEÇÃO X
hipóteses de força maior, até o momento da chamada dos jurados. DA REUNIÃO E DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DO JÚRI
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
Art. 444. O jurado somente será dispensado por decisão moti-
vada do juiz presidente, consignada na ata dos trabalhos. (Redação Art. 453. O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões de ins-
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) trução e julgamento nos períodos e na forma estabelecida pela lei
Art. 445. O jurado, no exercício da função ou a pretexto de exer- local de organização judiciária. (Redação dada pela Lei nº 11.689,
cê-la, será responsável criminalmente nos mesmos termos em que de 2008)
o são os juízes togados. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 454. Até o momento de abertura dos trabalhos da sessão,
Art. 446. Aos suplentes, quando convocados, serão aplicáveis o juiz presidente decidirá os casos de isenção e dispensa de jurados
os dispositivos referentes às dispensas, faltas e escusas e à equipa- e o pedido de adiamento de julgamento, mandando consignar em
ração de responsabilidade penal prevista no art. 445 deste Código. ata as deliberações. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 455. Se o Ministério Público não comparecer, o juiz pre-
sidente adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido da
SEÇÃO IX mesma reunião, cientificadas as partes e as testemunhas. (Redação
DA COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI E DA FORMAÇÃO dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
DO CONSELHO DE SENTENÇA Parágrafo único. Se a ausência não for justificada, o fato será
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) imediatamente comunicado ao Procurador-Geral de Justiça com a
data designada para a nova sessão. (Incluído pela Lei nº 11.689, de
Art. 447. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, 2008)
seu presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados Art. 456. Se a falta, sem escusa legítima, for do advogado do
dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de acusado, e se outro não for por este constituído, o fato será ime-
Sentença em cada sessão de julgamento. (Redação dada pela Lei nº diatamente comunicado ao presidente da seccional da Ordem dos
11.689, de 2008) Advogados do Brasil, com a data designada para a nova sessão. (Re-
Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho: (Reda- dação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008) § 1o Não havendo escusa legítima, o julgamento será adiado
I – marido e mulher; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) somente uma vez, devendo o acusado ser julgado quando chamado
II – ascendente e descendente; (Incluído pela Lei nº 11.689, de novamente. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
2008) § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, o juiz intimará a De-
III – sogro e genro ou nora; (Incluído pela Lei nº 11.689, de fensoria Pública para o novo julgamento, que será adiado para o
2008) primeiro dia desimpedido, observado o prazo mínimo de 10 (dez)
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio; (Incluído pela Lei dias. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
nº 11.689, de 2008) Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não compareci-
V – tio e sobrinho; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) mento do acusado solto, do assistente ou do advogado do quere-
VI – padrasto, madrasta ou enteado. (Incluído pela Lei nº lante, que tiver sido regularmente intimado. (Redação dada pela Lei
11.689, de 2008) nº 11.689, de 2008)
§ 1o O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas
que mantenham união estável reconhecida como entidade familiar.
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

13
DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 1o Os pedidos de adiamento e as justificações de não com- Art. 467. Verificando que se encontram na urna as cédulas rela-
parecimento deverão ser, salvo comprovado motivo de força maior, tivas aos jurados presentes, o juiz presidente sorteará 7 (sete) den-
previamente submetidos à apreciação do juiz presidente do Tribu- tre eles para a formação do Conselho de Sentença. (Redação dada
nal do Júri. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da
adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministé-
se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele rio Público poderão recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada
e seu defensor. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) parte, sem motivar a recusa.(Redação dada pela Lei nº 11.689, de
Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de compare- 2008)
cer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela desobediên- Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente por qual-
cia, aplicar-lhe-á a multa prevista no § 2o do art. 436 deste Código. quer das partes será excluído daquela sessão de instrução e julga-
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) mento, prosseguindo-se o sorteio para a composição do Conselho
Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tribunal do de Sentença com os jurados remanescentes. (Incluído pela Lei nº
Júri o disposto no art. 441 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008) Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas
Art. 460. Antes de constituído o Conselho de Sentença, as tes- poderão ser feitas por um só defensor. (Redação dada pela Lei nº
temunhas serão recolhidas a lugar onde umas não possam ouvir 11.689, de 2008)
os depoimentos das outras. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de § 1o A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em
2008) razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete) ju-
Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar rados para compor o Conselho de Sentença. (Incluído pela Lei nº
de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua inti- 11.689, de 2008)
mação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste § 2o Determinada a separação dos julgamentos, será julgado
Código, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua em primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída a autoria do fato
localização. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) ou, em caso de co-autoria, aplicar-se-á o critério de preferência
§ 1o Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz presi- disposto no art. 429 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de
dente suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la ou adiará o 2008)
julgamento para o primeiro dia desimpedido, ordenando a sua con- Art. 470. Desacolhida a argüição de impedimento, de suspei-
dução. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) ção ou de incompatibilidade contra o juiz presidente do Tribunal do
§ 2o O julgamento será realizado mesmo na hipótese de a tes- Júri, órgão do Ministério Público, jurado ou qualquer funcionário, o
temunha não ser encontrada no local indicado, se assim for certi- julgamento não será suspenso, devendo, entretanto, constar da ata
ficado por oficial de justiça. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) o seu fundamento e a decisão. (Redação dada pela Lei nº 11.689,
Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a 461 de 2008)
deste Código, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédu- Art. 471. Se, em conseqüência do impedimento, suspeição,
las dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o escri- incompatibilidade, dispensa ou recusa, não houver número para a
vão proceda à chamada deles. (Redação dada pela Lei nº 11.689, formação do Conselho, o julgamento será adiado para o primeiro
de 2008) dia desimpedido, após sorteados os suplentes, com observância
Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) jurados, o do disposto no art. 464 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
juiz presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o pro- 11.689, de 2008)
cesso que será submetido a julgamento. (Redação dada pela Lei nº Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, le-
11.689, de 2008) vantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a se-
§ 1o O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligência guinte exortação: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
nos autos. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com impar-
§ 2o Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão cialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consci-
computados para a constituição do número legal. (Incluído pela Lei ência e os ditames da justiça.
nº 11.689, de 2008) Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, respon-
Art. 464. Não havendo o número referido no art. 463 deste derão:
Código, proceder-se-á ao sorteio de tantos suplentes quantos ne- Assim o prometo.
cessários, e designar-se-á nova data para a sessão do júri. (Redação Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pro-
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) núncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram ad-
Art. 465. Os nomes dos suplentes serão consignados em ata, missível a acusação e do relatório do processo. (Incluído pela Lei nº
remetendo-se o expediente de convocação, com observância do 11.689, de 2008)
disposto nos arts. 434 e 435 deste Código. (Redação dada pela Lei
nº 11.689, de 2008) SEÇÃO XI
Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho de Sen- DA INSTRUÇÃO EM PLENÁRIO
tença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a sus- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
peição e as incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada
§ 1o O juiz presidente também advertirá os jurados de que, a instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público,
uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com ou- o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarão, su-
trem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de cessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e
exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2o do art. 436 deste inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação. (Redação dada
Código. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo ofi-
cial de justiça. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 1o Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, § 2o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acusa-
o defensor do acusado formulará as perguntas antes do Ministério ção e a defesa será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o
Público e do assistente, mantidos no mais a ordem e os critérios da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1o deste artigo.
estabelecidos neste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Os jurados poderão formular perguntas ao ofendido e às Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena
testemunhas, por intermédio do juiz presidente. (Incluído pela Lei de nulidade, fazer referências: (Redação dada pela Lei nº 11.689,
nº 11.689, de 2008) de 2008)
§ 3o As partes e os jurados poderão requerer acareações, reco- I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julga-
nhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem ram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas
como a leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o
colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou acusado; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
não repetíveis. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por
Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se estiver pre- falta de requerimento, em seu prejuízo. (Incluído pela Lei nº 11.689,
sente, na forma estabelecida no Capítulo III do Título VII do Livro I de 2008)
deste Código, com as alterações introduzidas nesta Seção. (Redação Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos
§ 1o O Ministério Público, o assistente, o querelante e o de- autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se
fensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao ciência à outra parte. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo
§ 2o Os jurados formularão perguntas por intermédio do juiz a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibi-
presidente. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) ção de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou
§ 3o Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a
período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolu- matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados.
tamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das teste- (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
munhas ou à garantia da integridade física dos presentes. (Incluído Art. 480. A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qualquer
pela Lei nº 11.689, de 2008) momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que
Art. 475. O registro dos depoimentos e do interrogatório será indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou
feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, eletrônica, citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo
estenotipia ou técnica similar, destinada a obter maior fidelidade e meio, o esclarecimento de fato por ele alegado. (Redação dada pela
celeridade na colheita da prova.(Redação dada pela Lei nº 11.689, Lei nº 11.689, de 2008)
de 2008) § 1o Concluídos os debates, o presidente indagará dos jurados
se estão habilitados a julgar ou se necessitam de outros esclareci-
Parágrafo único. A transcrição do registro, após feita a degrava-
mentos. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
ção, constará dos autos. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Se houver dúvida sobre questão de fato, o presidente
prestará esclarecimentos à vista dos autos. (Incluído pela Lei nº
SEÇÃO XII
11.689, de 2008)
DOS DEBATES § 3o Os jurados, nesta fase do procedimento, terão acesso aos
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) autos e aos instrumentos do crime se solicitarem ao juiz presidente.
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Art. 481. Se a verificação de qualquer fato, reconhecida como
Ministério Público, que fará a acusação, nos limites da pronúncia essencial para o julgamento da causa, não puder ser realizada ime-
ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, diatamente, o juiz presidente dissolverá o Conselho, ordenando a
sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante. realização das diligências entendidas necessárias. (Redação dada
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o O assistente falará depois do Ministério Público. (Incluído Parágrafo único. Se a diligência consistir na produção de prova
pela Lei nº 11.689, de 2008) pericial, o juiz presidente, desde logo, nomeará perito e formulará
§ 2o Tratando-se de ação penal de iniciativa privada, falará em quesitos, facultando às partes também formulá-los e indicar assis-
primeiro lugar o querelante e, em seguida, o Ministério Público, sal- tentes técnicos, no prazo de 5 (cinco) dias. (Redação dada pela Lei
vo se este houver retomado a titularidade da ação, na forma do art. nº 11.689, de 2008)
29 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 3o Finda a acusação, terá a palavra a defesa. (Incluído pela Lei SEÇÃO XIII
nº 11.689, de 2008) DO QUESTIONÁRIO E SUA VOTAÇÃO
§ 4o A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, sendo ad- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
mitida a reinquirição de testemunha já ouvida em plenário. (Incluí-
do pela Lei nº 11.689, de 2008) Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre ma-
Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma téria de fato e se o acusado deve ser absolvido. (Redação dada pela
hora e meia para cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto Lei nº 11.689, de 2008)
para a tréplica. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposições
§ 1o Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor, afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um deles possa
combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de acor- ser respondido com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua
elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia
do, será dividido pelo juiz presidente, de forma a não exceder o de-
ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação,
terminado neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
do interrogatório e das alegações das partes. (Incluído pela Lei nº
11.689, de 2008)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, in- Art. 486. Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o
dagando sobre: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) juiz presidente mandará distribuir aos jurados pequenas cédulas,
I – a materialidade do fato; (Incluído pela Lei nº 11.689, de feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo 7 (sete) de-
2008) las a palavra sim, 7 (sete) a palavra não. (Redação dada pela Lei nº
II – a autoria ou participação; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 11.689, de 2008)
2008) Art. 487. Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de justiça re-
III – se o acusado deve ser absolvido; (Incluído pela Lei nº colherá em urnas separadas as cédulas correspondentes aos votos
11.689, de 2008) e as não utilizadas. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; Art. 488. Após a resposta, verificados os votos e as cédulas não
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) utilizadas, o presidente determinará que o escrivão registre no ter-
V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumen- mo a votação de cada quesito, bem como o resultado do julgamen-
to de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores to. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
que julgaram admissível a acusação. (Incluído pela Lei nº 11.689, Parágrafo único. Do termo também constará a conferência das
de 2008) cédulas não utilizadas. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qual- Art. 489. As decisões do Tribunal do Júri serão tomadas por
quer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo maioria de votos. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 490. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em con-
encerra a votação e implica a absolvição do acusado. (Incluído pela
tradição com outra ou outras já dadas, o presidente, explicando aos
Lei nº 11.689, de 2008)
jurados em que consiste a contradição, submeterá novamente à vo-
§ 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jura-
tação os quesitos a que se referirem tais respostas. (Redação dada
dos os quesitos relativos aos incisos I e II do caput deste artigo será
pela Lei nº 11.689, de 2008)
formulado quesito com a seguinte redação: (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos quesitos, o
11.689, de 2008) presidente verificar que ficam prejudicados os seguintes, assim o
O jurado absolve o acusado? declarará, dando por finda a votação. (Incluído pela Lei nº 11.689,
§ 3o Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento pros- de 2008)
segue, devendo ser formulados quesitos sobre: (Incluído pela Lei nº Art. 491. Encerrada a votação, será o termo a que se refere o
11.689, de 2008) art. 488 deste Código assinado pelo presidente, pelos jurados e pe-
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; (Incluído las partes. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
pela Lei nº 11.689, de 2008)
II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, SEÇÃO XIV
reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julga- DA SENTENÇA
ram admissível a acusação. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
§ 4o Sustentada a desclassificação da infração para outra de
competência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: (Re-
para ser respondido após o 2o (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, dação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) I – no caso de condenação: (Redação dada pela Lei nº 11.689,
§ 5o Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma de 2008)
tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo a) fixará a pena-base; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes ale-
acerca destas questões, para ser respondido após o segundo quesi- gadas nos debates; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
to. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em atenção
§ 6o Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os às causas admitidas pelo júri; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
quesitos serão formulados em séries distintas. (Incluído pela Lei nº d) observará as demais disposições do art. 387 deste Código;
11.689, de 2008) (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 484. A seguir, o presidente lerá os quesitos e indagará das e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão
em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventi-
partes se têm requerimento ou reclamação a fazer, devendo qual-
va, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15
quer deles, bem como a decisão, constar da ata. (Redação dada
(quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das
pela Lei nº 11.689, de 2008)
penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem
Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente explicará
prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;
aos jurados o significado de cada quesito. (Redação dada pela Lei (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
nº 11.689, de 2008) f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condena-
Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presiden- ção; (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
te, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o II – no caso de absolvição: (Redação dada pela Lei nº 11.689,
defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à de 2008)
sala especial a fim de ser procedida a votação. (Redação dada pela a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro mo-
Lei nº 11.689, de 2008) tivo não estiver preso; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o Na falta de sala especial, o juiz presidente determinará b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decretadas;
que o público se retire, permanecendo somente as pessoas mencio- (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
nadas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível. (Reda-
§ 2o O juiz presidente advertirá as partes de que não será per- ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
mitida qualquer intervenção que possa perturbar a livre manifesta- § 1o Se houver desclassificação da infração para outra, de com-
ção do Conselho e fará retirar da sala quem se portar inconvenien- petência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá
temente. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resul-

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
tante da nova tipificação for considerado pela lei como infração pe- VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não compareci-
nal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes mento; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. (Redação dada pela Lei IX – as testemunhas dispensadas de depor; (Redação dada pela
nº 11.689, de 2008) Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja X – o recolhimento das testemunhas a lugar de onde umas não
doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do pudessem ouvir o depoimento das outras; (Redação dada pela Lei
Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo. nº 11.689, de 2008)
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente; (Redação
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autori- dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
zar a execução provisória das penas de que trata a alínea e do inciso XII – a formação do Conselho de Sentença, com o registro dos
I do caput deste artigo, se houver questão substancial cuja resolu- nomes dos jurados sorteados e recusas; (Redação dada pela Lei nº
ção pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivel- 11.689, de 2008)
mente levar à revisão da condenação. (Incluído pela Lei nº 13.964, XIII – o compromisso e o interrogatório, com simples referência
de 2019) ao termo; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 4º A apelação interposta contra decisão condenatória do Tri- XIV – os debates e as alegações das partes com os respectivos
bunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de fundamentos; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
reclusão não terá efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº 13.964, XV – os incidentes; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de 2019) XVI – o julgamento da causa; (Redação dada pela Lei nº 11.689,
§ 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito sus- de 2008)
pensivo à apelação de que trata o § 4º deste artigo, quando verifi- XVII – a publicidade dos atos da instrução plenária, das diligên-
cado cumulativamente que o recurso: (Incluído pela Lei nº 13.964, cias e da sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de 2019) Art. 496. A falta da ata sujeitará o responsável a sanções admi-
I - não tem propósito meramente protelatório; e (Incluído pela nistrativa e penal. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 13.964, de 2019)
II - levanta questão substancial e que pode resultar em absol- SEÇÃO XVI
vição, anulação da sentença, novo julgamento ou redução da pena DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI
para patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
§ 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser fei-
to incidentemente na apelação ou por meio de petição em separa- Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri,
do dirigida diretamente ao relator, instruída com cópias da sentença além de outras expressamente referidas neste Código: (Redação
condenatória, das razões da apelação e de prova da tempestivida- dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
de, das contrarrazões e das demais peças necessárias à compreen- I – regular a polícia das sessões e prender os desobedientes;
são da controvérsia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 493. A sentença será lida em plenário pelo presidente II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua ex-
antes de encerrada a sessão de instrução e julgamento. (Redação clusiva autoridade; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, excesso de
linguagem ou mediante requerimento de uma das partes; (Redação
SEÇÃO XV dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
DA ATA DOS TRABALHOS IV – resolver as questões incidentes que não dependam de pro-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008) nunciamento do júri; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo inde-
Art. 494. De cada sessão de julgamento o escrivão lavrará ata, feso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar novo
assinada pelo presidente e pelas partes. (Redação dada pela Lei nº dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo
11.689, de 2008) defensor; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrências, men- VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realização
cionando obrigatoriamente: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de do julgamento, o qual prosseguirá sem a sua presença; (Redação
2008) dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
I – a data e a hora da instalação dos trabalhos; (Redação dada VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à realização
pela Lei nº 11.689, de 2008) das diligências requeridas ou entendidas necessárias, mantida a in-
II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados presentes; comunicabilidade dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 11.689,
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) de 2008)
III – os jurados que deixaram de comparecer, com escusa ou VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para proferir
sem ela, e as sanções aplicadas; (Redação dada pela Lei nº 11.689, sentença e para repouso ou refeição dos jurados; (Redação dada
de 2008) pela Lei nº 11.689, de 2008)
IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispensa ; (Reda- IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defesa,
ção dada pela Lei nº 11.689, de 2008) ou a requerimento de qualquer destes, a argüição de extinção de
V – o sorteio dos jurados suplentes; (Redação dada pela Lei nº punibilidade; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
11.689, de 2008) X – resolver as questões de direito suscitadas no curso do julga-
VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a indica- mento; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
ção do motivo; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de
VII – a abertura da sessão e a presença do Ministério Público, qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar nulidade ou a
do querelante e do assistente, se houver, e a do defensor do acusa- suprir falta que prejudique o esclarecimento da verdade; (Redação
do; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma § 1o Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão do pro-
das partes, quando a outra estiver com a palavra, podendo con- cesso, será uma ou outra considerada como original.
ceder até 3 (três) minutos para cada aparte requerido, que serão § 2o Na falta de cópia autêntica ou certidão do processo, o juiz
acrescidos ao tempo desta última.(Incluído pela Lei nº 11.689, de mandará, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, que:
2008) a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo a sua
lembrança, e reproduza o que houver a respeito em seus protocolos
TÍTULO II e registros;
DOS PROCESSOS ESPECIAIS b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito no Insti-
CAPÍTULO V tuto Médico-Legal, no Instituto de Identificação e Estatística ou em
DO PROCESSO SUMÁRIO estabelecimentos congêneres, repartições públicas, penitenciárias
ou cadeias;
Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realiza- c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não forem en-
da no prazo máximo de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada de contradas, por edital, com o prazo de dez dias, para o processo de
declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas restauração dos autos.
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o § 3o Proceder-se-á à restauração na primeira instância, ainda
disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimen- que os autos se tenham extraviado na segunda.
tos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e Art. 542. No dia designado, as partes serão ouvidas, mencio-
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, nando-se em termo circunstanciado os pontos em que estiverem
finalmente, ao debate. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). acordes e a exibição e a conferência das certidões e mais reprodu-
Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) tes- ções do processo apresentadas e conferidas.
temunhas arroladas pela acusação e 5 (cinco) pela defesa. (Redação Art. 543. O juiz determinará as diligências necessárias para a
dada pela Lei nº 11.719, de 2008). restauração, observando-se o seguinte:
Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o disposto nos I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, reinquirir-se-
parágrafos do art. 400 deste Código. (Redação dada pela Lei nº -ão as testemunhas podendo ser substituídas as que tiverem faleci-
11.719, de 2008). do ou se encontrarem em lugar não sabido;
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). II - os exames periciais, quando possível, serão repetidos, e de
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). preferência pelos mesmos peritos;
§ 3o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). III - a prova documental será reproduzida por meio de cópia
§ 4o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). autêntica ou, quando impossível, por meio de testemunhas;
Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a pa- IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos do processo,
lavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 que deverá ser restaurado, as autoridades, os serventuários, os pe-
(vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a ritos e mais pessoas que tenham nele funcionado;
seguir, sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). V - o Ministério Público e as partes poderão oferecer testemu-
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a nhas e produzir documentos, para provar o teor do processo extra-
defesa de cada um será individual. (Incluído pela Lei nº 11.719, de viado ou destruído.
2008). Art. 544. Realizadas as diligências que, salvo motivo de força
maior, deverão concluir-se dentro de vinte dias, serão os autos con-
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação
clusos para julgamento.
deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual
Parágrafo único. No curso do processo, e depois de subirem os
período o tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº
autos conclusos para sentença, o juiz poderá, dentro em cinco dias,
11.719, de 2008).
requisitar de autoridades ou de repartições todos os esclarecimen-
Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescin-
tos para a restauração.
dível a prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva
Art. 545. Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos autos ori-
de quem deva comparecer. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de
ginais, não serão novamente cobrados.
2008).
Art. 546. Os causadores de extravio de autos responderão pe-
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). las custas, em dobro, sem prejuízo da responsabilidade criminal.
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). Art. 547. Julgada a restauração, os autos respectivos valerão
Art. 536. A testemunha que comparecer será inquirida, inde- pelos originais.
pendentemente da suspensão da audiência, observada em qual- Parágrafo único. Se no curso da restauração aparecerem os au-
quer caso a ordem estabelecida no art. 531 deste Código. (Redação tos originais, nestes continuará o processo, apensos a eles os autos
dada pela Lei nº 11.719, de 2008). da restauração.
Art. 537. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). Art. 548. Até à decisão que julgue restaurados os autos, a sen-
Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, tença condenatória em execução continuará a produzir efeito, des-
quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as de que conste da respectiva guia arquivada na cadeia ou na peni-
peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar- tenciária, onde o réu estiver cumprindo a pena, ou de registro que
-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo. (Redação torne a sua existência inequívoca.
dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

CAPÍTULO VI
DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS
OU DESTRUÍDOS

Art. 541. Os autos originais de processo penal extraviados ou


destruídos, em primeira ou segunda instância, serão restaurados.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
TÍTULO II Condições para admissão da fungibilidade recursal
DOS RECURSOS EM GERAL a) Que o erro não seja grosseiro: O recurso não pode ser im-
CAPÍTULO I pertinente, ou seja, não se pode interpor outro recurso, quando,
DISPOSIÇÕES GERAIS de forma escancarada, o cabível para a espécie estiver declarada-
mente previsto na lei. Exemplo: recurso de apelação contra decisão
Dos Recursos em Geral. que rejeitou a denúncia. A hipótese, como se sabe, é de combate
através de RSE, como previsto no art. 581, I, CPP.
O recurso é o instrumento processual voluntário de impugna- b) Que não haja má-fé: Ocorre quando a parte perde o prazo
ção de decisões judiciais, previsto em lei, utilizado antes da preclu- recursal. Neste caso, com clarividente má-fé, interpõe outro recur-
são e na mesma relação jurídica processual, objetivando a reforma so, de prazo mais longo, apenas para possibilitar a discussão da cau-
invalidação, integração ou esclarecimento da decisão judicial ante- sa pelo juízo “ad quem”. Exemplo: embargos infringentes (prazo de
rior. dez dias – 609, parágrafo único), ao invés de apelação (cinco dias
Costuma-se afirmar que a existência do recurso decorre do in- – 593).
conformismo inerente ao ser humano em face de decisões desfavo- O erro seria quanto ao meio processual admitido, desde que
ráveis. Convém, no entanto, ressaltar que o recurso também tem o não ferido o prazo do recurso legal cabível. Na prática, dificilmente
objetivo de corrigir decisões falíveis, seja no plano da legalidade e não se admite o outro recurso, desde que presente a tempestivi-
regularidade, seja quando injusta (pena exagerada). Sendo assim, dade. Exemplo: apelação em lugar de RESE (ambos têm o mesmo
pode ser objeto do recurso a discussão de uma irregularidade pro- prazo de cinco dias – 586 e 593).
cessual, das nulidades, questões de mérito, está no tocante a equí-
vocos de interpretação quanto à prova, ao fato, à lei e, inclusive, o Princípio da unicidade: Existe um recurso para cada caso. Não
próprio pedido. podem coexistir dois recursos, de forma simultânea, interpostos
Quando se entra com um recurso se dá continuidade no pro- com o mesmo objeto e envolvendo as mesmas partes.
cesso na 2ª instância, é diferente de quando se entra com uma re- Esse princípio pode sofrer restrições. É que, em casos especiais,
visão criminal ou um habeas corpus em que se faz surgir uma nova a parte poderá interpor dois recursos criminais em paralelo (por
relação processual, o recurso é um desdobramento da relação jurí- exemplo: quando havia o protesto por novo júri, admitia-se a con-
dica processual. comitante apelação por crime conexo; apelação e habeas corpus
etc. De qualquer forma, é bom lembrar que o habeas corpus não é
Pressupostos ou Requisitos de Admissibilidade Recursal considerado recurso propriamente dito).
Na ora do julgamento de um recurso o tribunal não passa ime-
diatamente a análise do mérito. Ante de analisar o mérito o tribunal 3. Princípio da sucumbência: É o gravame imposto a quem per-
vai analisar alguns pressupostos. de a causa, constituindo-se na imposição do pagamento das despe-
- Juízo “A QUO”: juízo contra o qual se recorre; sas do processo, custas e honorários advocatícios. A sucumbência é
- Juízo “AD QUEM”: é o juízo para o qual se recorre. que caracteriza o interesse em recorrer.
Geralmente juízos distintos, mas não obrigatoriamente, por 4. Princípio da Pluralidade dos graus de Jurisdição: havendo
exemplo, nos embargos de declaração juízo a quo e ad quem são dúvida quanto à tempestividade – resolve-se em favor do recorren-
os mesmos. te – STJ.
A quem cabe analisar os pressupostos de admissibilidade re- - Pressupostos recursais: São requisitos indispensáveis, exigi-
cursal? Ambos, o juízo a quo e juízo ad quem, o juízo ad quem não dos pela lei, para que um recurso seja conhecido para julgamento.
fica vinculado ao juízo a quo. É o juízo de admissibilidade (juízo de prelibação). Podem ser obje-
Quando os pressupostos de admissibilidade recursal estão pre- tivos e subjetivos.
sentes o recurso será conhecido.
- Conhecimento: significa dizer que os pressupostos de admis- a) Dos pressupostos objetivos:
sibilidade recursal estão presentes. Se o recurso foi conhecido uma - Cabimento: É o pressuposto em que a possibilidade de re-
das possibilidades será o provimento ou então não provimento correr está jungida a prévia previsão legal permissiva. Por exemplo:
- Não Conhecimento: significa dizer que os pressupostos de ad- despachos de mero expediente são irrecorríveis, além de decisões
missibilidade recursal não estão presentes. Logo não conhecido o não contidas no rol do art. 581 do CPP ou aquelas que tenham força
meu recurso encerra aqui. definitiva;
- Provimento: está ligado à ideia de mérito recursal - Adequação: Relacionado com o anterior. O recurso interposto
- Negativa De Provimento: aquilo que se pediu o tribunal não deve guardar estreita correlação (legal) com a decisão a ser recor-
acolheu. rida. É mitigado pelo princípio da fungibilidade (art. 579 do CPP). O
- COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DA REVISÃO CRIMI- abrandamento é condicionado, entretanto, à ausência de má-fé e
NAL: em regra, quem julga revisão criminal são os tribunais. que o erro não seja grosseiro, consoante já debatido. Esse pressu-
posto também é afetado pelo princípio da unirrecorribilidade, em
Princípios dos recursos que para cada situação só um recurso é cabível, sendo excepciona-
do no caso de recurso especial e extraordinário, além da situação
Princípio da fungibilidade - Consiste na admissão de um re- do art. 608 do CPP;
curso ao invés de outro, desde que preenchidos os pressupostos - Tempestividade: o recurso deve ser interposto no prazo legal
legais, a fim de não se prejudicar a parte recorrente, pela simples sob pena de preclusão temporal- isso é tempestividade – não adian-
interposição de recurso errado. Como se sabe, para cada decisão ta reclamar se você perdeu o prazo.
existe um recurso adequado.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
- Regularidade processual: O recurso deve ser interposto con- Procedimento Recursal:
soante a forma definida pela lei, por conseguinte, impetrado por
petição ou termo nos autos, devidamente assinado, sob pena de Em conformidade com o pressuposto da regularidade proces-
inexistência do recurso (art. 578 do CPP). Assim, se o advogado, ao sual (art. 578 CPP), o recurso pode ser interposto por petição (es-
ser intimado, escrever nos autos que quer apelar, impõe-se seja ad- crito) ou por termo nos autos (redução a termo do recurso inter-
mitida manifestação como recurso de apelação. posto oralmente). A assinatura do recurso pelo recorrente ou por
São interpostos por petição: embargos infringentes; embargos seu representante é indispensável, já que sua ausência importa em
declaratórios; carta testemunhável; recurso extraordinário; recurso considerar o ato inexistente juridicamente. Admite-se recurso por
especial; correição parcial; “habeas corpus”; e revisão criminal. telex e fax (analogia ao art. 413 do NCPC).
São interpostos por petição ou por termo nos autos: apelação, Se o réu não souber ou não puder assinar, o termo deve ser
Recurso em Sentido Estrito (RESE), e protesto por novo júri. assinado a seu rogo, por alguém, na presença de duas testemunhas
- Fundamentação: Para constatar o desejo de reforma e as ra- (§ 1º, 578, CPP).
zões que a justificam, evidente a necessidade de fundamentação do Na petição ou termo é desnecessária a fundamentação do re-
recurso. Em que pese constituir pressuposto recursal, corresponde, curso. Apenas nas razões é que devem ser declinados os motivos
de fato, em uma formalidade. Também se inserem nas contrarra- determinantes do recurso, em obediência ao pressuposto da fun-
zões do recurso. damentação.
Relevante consignar que na Lei dos Juizados Especiais Crimi-
b) Dos pressupostos subjetivos: nais, exige-se a motivação no ato da interposição, pois a apelação
- Interesse em recorrer: Ligado umbilicalmente com o prejuízo deve ser apresentada acompanhada das respectivas razões (Lei
ocasionado pela sucumbência (princípio da sucumbência), a qual 9.099/95, art. 82, § 1º).
gera, em função do inconformismo, o desejo de reforma da decisão
judicial (art. 577, parágrafo único do CPP). Efeitos do recurso:
A sucumbência poderá ser única (afeta uma parte) ou plúrima
(atinge várias partes). Esta poderá ser, ainda, paralela (fere mais Correspondem a três modalidades: devolutivo, suspensivo e
de um réu ou querelantes) ou recíproca (fere interesses de partes extensivo.
opostas). Além disso, a sucumbência poderá ser direta (fere as par-
tes) ou reflexa (fere interesse de terceiros, como por exemplo, o art. a) Efeito devolutivo: É a essência de qualquer recurso. Trata-se
598 do CPP). A sucumbência também poderá ser total (toda a pre- da remessa do que foi decidido para reexame pelo juízo ou tribu-
tensão é rejeitada) ou parcial (apenas parte do pedido é rejeitada). nal “ad quem”. É classificado em: a) Iterativo: a devolução é para
O réu pode recorrer da sentença absolutória? Entendemos o próprio juízo “a quo” (por exemplo: embargos de declaração); b)
que não, pois a sucumbência só existe na disposição da sentença, Reiterativo: devolução é perante o juízo “ad quem” (por exemplo:
não na motivação. Ora, o recurso contra sentença absolutória não apelação); c) Misto: tanto o juízo “a quo” quanto o “ad quem” apre-
mudaria a disposição, apenas a fundamentação, estando a faltar o ciam a matéria impugnada (por exemplo: Recurso em sentido estri-
legítimo interesse processual; to – juízo de retratação).
- Legitimidade para recorrer: Somente quem possui interesse b) Efeito suspensivo: É a qualidade do recurso em suspender
terá legitimidade para recorrer. Em regra, são as pessoas indicadas a eficácia da decisão até o julgamento da nova decisão. A lei de-
no art. 577 do CPP, mas é possível o recurso do assistente de acusa- termina expressamente quando um recurso possui esse efeito (por
ção, como por exemplo, o recurso em face de sentença absolutória, exemplo: art. 584 do CPP). Alguns dos efeitos de uma sentença
de impronúncia e extintiva da punibilidade do agente. O Ministério absolutória não podem ser suspensos por um recurso (art. 596 do
Público não poderá recorrer em ação penal exclusivamente privada CPP).
quando a sentença for absolutória. Desde que tenha requerido a c) Efeito extensivo: É a hipótese de em um concurso de agentes,
absolvição em sede de memoriais, o Ministério Público tem legiti- um dos acusados condenados recorre, sendo que é possível a ex-
midade para recorrer em favor do réu condenado. tensão de eventuais benefícios àqueles que não recorreram, desde
O réu pode recorrer, assim como seu defensor, de forma inde- que não sejam de caráter exclusivamente pessoal (art. 580 do CPP).
pendente. O defensor dativo, mesmo sem a anuência do réu, pode
recorrer. Juízo de Retratação:
O assistente de acusação também pode recorrer (584, § 1º, e
598 do CPP). Fenômeno recursal em que o juiz pode reapreciar sua decisão,
Todavia, seu recurso é supletivo, ou seja, só deve ser admitido reformando-a, total ou parcialmente. Impede, assim, que os autos
se o MP não recorrer, ou se recorrer apenas de parte da sentença. subam ao juízo ad quem, a menos que a outra parte então requeira.
Neste último caso, o assistente pode recorrer da parte não atacada Ex: Recurso em Sentido Estrito (RESE).
pelo MP. O novo requerimento, formulado em cima da retratação judi-
Qualquer do povo pode recorrer, por meio de reclamação à cial, só deve ocorrer se a nova decisão comportar recurso. Ex: se
Instância Superior, para alterar lista geral de jurados (art. 439, pará- a nova decisão não acolher exceção de litispendência, não cabe o
grafo único do CPP). requerimento, pois só cabe RSE da decisão que acolher exceção,
não da que não a acolhe (arts. 581, III e 589).

Extinção do recurso:

Acontece com a incidência de fato extintivo, como a desistên-


cia.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Prazos Recursais no Processo Penal: G) Que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta
a punibilidade (inciso VIII). Entretanto, nem sempre a decisão que
- 48 horas- é o prazo para o recurso de Carta Testemunhável julga extinta a punibilidade pode desafiar recurso em sentido estri-
está prevista no artigo 639 do CPP da decisão que denegar o recurso to. Se este reconhecimento se der na fase de cumprimento de pena,
a carta é quando o meu recurso não tiver segmento e o juiz não co- o recurso a ser utilizado será o agravo em execução; se a extinção
nhecer desde que não haja outro recurso cabível a carta tem cará- da punibilidade for reconhecida na sentença penal condenatória,
ter subsidiário- será requerida ao escrivão ou secretário do tribunal juntamente com outros elementos, caberá apelação, por força do
artigo 640 do CPP será requerida ao escrivão nas 48hs seguintes. quarto parágrafo, do art. 593, do Código de Processo Penal. Então,
Cuidado! Para que esse prazo seja contado em horas da intimação em suma, para se saber o recurso cabível, mister se faz analisar o
deve constar seu horário do mandado de intimação geralmente não contexto e o momento em que a decisão está sendo prolatada;
consta hora da sua realização esse prazo somente será contado de H) Que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou
48hs se do mandado constar a hora da intimação caso não conste de outra causa extintiva da punibilidade (inciso IX);
do mandado a hora da intimação esse prazo será contado em dias; I) Que conceder ou negar a ordem de habeas corpus (inciso X);
- 02 dias: Embargos de Declaração em 1ª ou 2ª Instância J) Que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da
- 05 dias: temos os seguintes recursos: pena (inciso XI). Vale a mesma coisa que foi dita para a decisão
a) Apelação; que julgar extinta a punibilidade. Se tal decisão se der na sentença
b) RESE; condenatória, caberá apelação; caso ocorra em fase de execução
c) Agravos do processo penal; penal, caberá agravo em execução. Em termos práticos, é muito
d) Correição Parcial; raro que esta decisão não se dê nestes momentos que se acabou de
e) Embargos de Declaração nos Juizados; mencionar, razão pela qual considerável parcela da doutrina defen-
f) Recurso Ordinário Constitucional para o STF e STJ. de a revogação tácita desde inciso XI;
- 10 dias: Apelação nos Juizados; Embargos Infringentes e de K) Que conceder, negar ou revogar livramento condicional (in-
Nulidade; ciso XII). Dispositivo tacitamente revogado pelo advento da Lei nº
- 15 dias: Recurso Extraordinário e Recurso Especial 7.210/84, que trouxe o agravo em execução em seu art. 197;
- 20 dias: RESE contra a lista dos jurados. L) Que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em
parte (inciso XIII);
Recursos em Espécie M) Que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir (inciso
XIV). Em regra, o prazo para interposição de recurso em sentido es-
A seguir, há se estudar os recursos isoladamente, para melhor trito é de cinco dias. Nesta hipótese, contudo, o prazo será de vinte
trabalhar suas particularidades. dias, contado da data da publicação definitiva da lista de jurados
(art. 586, parágrafo único, CPP);
Recurso em Sentido Estrito N) Que denegar a apelação ou a julgar deserta (inciso XV);
O recurso em sentido estrito representa exceção ao princípio O) Que ordenar a suspensão do processo, em virtude de ques-
que preconiza a irrecorribilidade das interlocutórias. Vale lembrar, tão prejudicial (inciso XVI);
de antemão, que vários dispositivos constantes do art. 581, CPP, es- P) Que decidir sobre a unificação de penas (inciso XVII). Dispo-
tão tacitamente revogados. sitivo tacitamente revogado pelo advento da Lei nº 7.210/84, que
trouxe o agravo em execução em seu art. 197;
Hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito: Conso- Q) Que decidir o incidente de falsidade (inciso XVIII);
ante o art. 581, do Código de Processo Penal, caberá recurso em R) Que decretar medida de segurança, depois de transitar a
sentido estrito da decisão, despacho ou sentença: sentença em julgado (inciso XIX). Dispositivo tacitamente revogado
A) Que não receber a denúncia ou a queixa (inciso I). De acor- pelo advento da Lei nº 7.210/84, que trouxe o agravo em execução
do com a Súmula nº 707, do Supremo Tribunal Federal, constitui em seu art. 197;
nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrar- S) Que impuser medida de segurança por transgressão de outra
razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprin- (inciso XX). Dispositivo tacitamente revogado pelo advento da Lei nº
do a nomeação de defensor dativo. Ainda, no âmbito dos Juizados 7.210/84, que trouxe o agravo em execução em seu art. 197;
Especiais Criminais, da decisão que não recebe a inicial acusatória T) Que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos ca-
cabe apelação (art. 82, Lei nº 9.099/95); sos do art. 774 (inciso XXI). Dispositivo tacitamente revogado pelo
B) Que concluir pela incompetência do juízo (inciso II). Encaixa- advento da Lei nº 7.210/84, que trouxe o agravo em execução em
-se aqui, como já visto, a decisão no final da primeira fase do rito es- seu art. 197;
calonado do tribunal do júri que desclassifica a infração para delito U) Que revogar a medida de segurança (inciso XXII). Dispositivo
de competência de outro juízo; tacitamente revogado pelo advento da Lei nº 7.210/84, que trouxe
C) Que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição o agravo em execução em seu art. 197;
(inciso III). Vale lembrar que o recurso é só da decisão “que julgar V) Que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em
procedente” a exceção. Se esta for julgada improcedente, tal deci- que a lei admita a revogação (inciso XXIII). Dispositivo tacitamente
são é irrecorrível; revogado pelo advento da Lei nº 7.210/84, que trouxe o agravo em
D) Que pronunciar o réu (inciso IV). Trata-se da decisão que execução em seu art. 197;
inicia a segunda fase do rito escalonado do tribunal do júri; X) Que converter a multa em detenção ou em prisão simples
E) Que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a (inciso XXIV). Dispositivo tacitamente revogado tendo em vista que,
fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, de acordo com o art. 51, do Código Penal, não é mais possível a
conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante (in- conversão da multa em pena privativa de liberdade em caso de seu
ciso V); inadimplemento, devendo está multa ser considerada dívida de va-
F) Que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor (inciso lor, cobrada como dívida ativa da Fazenda Pública (Lei nº 9.268/96).
VII);

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Efeitos do recurso em sentido estrito. O primeiro e mais tradi- C) Das decisões do tribunal do júri, quando (inciso III): ocorrer
cional dos efeitos do “RESE” (recurso em sentido estrito) é o efeito nulidade posterior à pronúncia (alínea “a”); for a sentença do juiz-
iterativo, isto é, existe a possibilidade que de o julgador “a quo” -presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados (alínea
prolator da decisão exerça juízo de retratação. “b”); houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da
Ademais, em regra, o recurso em sentido estrito terá efeito de- medida de segurança (alínea “c”); for a decisão dos jurados mani-
volutivo, ressalvados os casos de perda da fiança, bem como da de- festamente contrária à prova dos autos (alínea “d”);
cisão que denegar a apelação ou a julgar deserta, que terão efeito D) Da decisão que não recebe a denúncia/queixa no âmbito
suspensivo (frisa-se, contudo, que o recurso do despacho que julgar dos Juizados Especiais Criminais (art. 82, §1º, da Lei nº 9.099/95)
quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito da perda da me- Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa
tade de seu valor, diz o terceiro parágrafo, do art. 584, do Código de ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal “ad
Processo Penal). quem” fará a devida retificação (art. 593, §1º, CPP).
Interposta a apelação com fundamento no inciso III, alínea “c”,
Petição de interposição e razões recursais. O recurso deverá ser do art. 593, o tribunal “ad quem”, se Ihe der provimento, retificará
interposto no prazo de cinco dias (art. 586, caput, CPP). No caso a aplicação da pena ou da medida de segurança (art. 593, §2º, CPP).
do art. 581, XIV, contudo, isto é, da decisão que incluir ou excluir Se a apelação se fundar no inciso III, alínea “d”, do art. 593, e
jurado da lista geral, o prazo será de vinte dias contados da data
o tribunal “ad quem” se convencer de que a decisão dos jurados é
da publicação definitiva da lista de jurados, como já dito (art. 586,
manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento
parágrafo único, CPP).
para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo
Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte
mesmo motivo, segunda apelação (art. 593, §4º, CPP). Veja-se que,
indicará, no respectivo termo, ou em requerimento avulso, as pe-
ças dos autos de que pretenda o traslado (art. 587, caput, CPP). O neste caso, a decisão em sede de apelação é meramente anuladora
traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco da decisão recorrida, e não reformadora.
dias, e dele constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua Apelação “privada subsidiária da pública”. Tal como a ação
intimação (se por outra forma não for possível verificar-se a oportu- penal privada subsidiária da pública, a ser manejada em caso de
nidade do recurso), e o termo de interposição (art. 587, parágrafo explícita desídia do agente ministerial, prevê o art. 598, CPP, que,
único, CPP). nos crimes de competência do júri e do juiz singular, se da sentença
Após a petição de interposição (ou do dia em que o escrivão, não for interposta apelação no prazo legal pelo Ministério Público,
extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente), dentro de dois o ofendido ou qualquer das pessoas mencionadas no art. 31, CPP
dias se oferecerá as razões recursais, abrindo-se vista ao recorrido (cônjuge, convivente, ascendente, descendente, irmão), ainda que
por igual prazo (art. 588, caput, CPP). Vale lembrar que, no RESE, não tenha se habilitado como assistente, poderá interpor apelação,
graças ao efeito iterativo, não existe a possibilidade de arrazoar em que não terá, porém, efeito suspensivo. O prazo deste instrumento
segunda instância. para o particular começará a fluir do fim do prazo para o agente
Merece destaque, contudo, previsão constante da cabeça do ministerial.
art. 589, CPP, segundo o qual com a resposta do acusado ou sem
ela, será o recurso concluso ao juiz. O entendimento absolutamente Petição de interposição e razões recursais. Ressalvada a hipó-
majoritário da doutrina é o de que está expressão “sem ela” está ta- tese dos Juizados Especiais Criminais, cujo art. 82, §1º, da Lei nº
citamente revogado pela nova ordem processual democrática, pe- 9.099/95 determina que a petição de interposição e as razões re-
los mesmos motivos já vistos quando da análise do art. 601, caput, cursais sejam apresentadas conjuntamente, no Código de Processo
CPP, para a apelação. Penal é possível a cisão entre interposição e razões.
A partir da decisão que se quer recorrer, há prazo de cinco dias
Apelação para o manejo da petição de interposição. Não há forma determi-
nada por lei por esta interposição, podendo ser um mero “termo
A apelação é o “recurso por excelência”, no âmbito processual, de recurso”, em que o acusado simplesmente assinala no espaço
e, se condenatória a decisão, será como regra dotada de efeito sus- correspondente que deseja recorrer.
pensivo; se absolutória, será como regra dotada apenas de efeito
Após isso, haverá o prazo de oito dias para razões (salvo nos
devolutivo (art. 596, CPP).
processos por contravenção, em que o prazo será de três dias) (art.
Ademais, tanto pode a apelação desencadear decisão que
600, caput, CPP). Se houver assistente, este arrazoará no prazo de
substitua a recorrida, como decisão que anule a recorrida e deter-
três dias após o Ministério Público (art. 600, §1º, CPP). Quando fo-
mine a prolação de outra em seu lugar.
rem dois ou mais os apelados, os prazos serão comuns (art. 600,
Hipóteses de cabimento. Com supedâneo no art. 593, CPP, ca- §3º, CPP).
berá apelação, no prazo de cinco dias (prazo este para a petição de Ademais, o apelante pode desejar arrazoar diretamente na
interposição): instância superior. Basta informar isso na petição de interposição/
A) Das sentenças definitivas de condenação ou absolvição pro- termo de apelação, caso em que os autos serão remetidos para a
feridas por juiz singular (inciso I). A apelação da sentença de absol- instância “ad quem” onde será aberta vista às partes (art. 600, §4º,
vição sumária, inclusive, prevista no art. 416, CPP, é cabível com CPP).
fundamento neste inciso I; Merece destaque, contudo, previsão constante da cabeça do
B) Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, profe- art. 601, CPP, segundo o qual findos os prazos, os autos serão reme-
ridas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior tidos à instância superior, com as razões ou sem elas, no prazo de
(inciso II). A apelação da sentença de impronúncia, inclusive, previs- cinco dias. O entendimento absolutamente majoritário da doutrina
ta no art. 416, CPP, é cabível com fundamento neste inciso I, por ser é o de que está expressão “ou sem elas” está revogado pela nova
decisão definitiva; ordem processual democrática, por pressupor a possibilidade de
que um recurso seja remetido a julgamento sem as razões recur-
sais. A majoritária doutrina entende que as razões são obrigatórias

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
tanto para Ministério Público como para acusado. Para o Ministério Independentemente do juízo em que forem manejados, sendo
Público, porque é sua atribuição não desistir do recurso interposto, os embargos meramente protelatórios, o prazo para o recurso natu-
para o querelante, porque a ausência de razões implica desistên- ralmente cabível não se interromperá nem se suspenderá.
cia do recurso, e para o acusado, por necessidade de observância à Os embargos são direcionados, precipuamente, ao órgão pro-
cláusula da ampla defesa. lator da decisão, o qual funcionará, portanto, como ente “a quo”
e “ad quem”. Por isso, não se pode dizer que eles se destinam à
Desnecessidade de recolhimento à prisão para apelar. O art. modificação do julgado (efeitos infringentes), embora isso não seja
594, CPP, previa que, se o acusado desejasse apelar, deveria se re- pacífico: posicionamento considerável, mas ainda minoritário, na
colher a prisão, o que feria por completo o duplo grau de jurisdição doutrina, entende ser possível a atribuição de efeitos infringentes
por criar uma hipótese de prisão processual obrigatória, desvincu- (portanto, modificativos) aos embargos aclaratórios.
lada de qualquer necessidade de fundamentação judicial. Por esta
razão, foi este dispositivo revogado pela Lei nº 11.719/08. Embargos Infringentes e de Nulidade
Ademais, havia outro dispositivo, o art. 595, que dispunha que,
caso o acusado fugisse, a apelação por ele interposta seria consi- Trata-se de recurso exclusivo da defesa, cujo principal objetivo
derada deserta. Já havia o entendimento, mesmo antes das refor- é o de uniformizar decisões colegiadas não unânimes.
mas de 2008, de que tal dispositivo estaria tacitamente revogado,
por ofensa ao duplo grau e à ampla defesa. Por algum motivo, este Hipótese de cabimento. Com supedâneo no parágrafo único, do
comando foi mantido em 2008, somente sendo revogado recente- art. 609, CPP, quando não for unânime a decisão de segunda instân-
mente, pela Lei nº 12.403/11 (“Nova Lei de Prisões”). cia desfavorável ao réu (isso traduz a exclusividade do recurso para
a defesa), admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que
Embargos de Declaração. poderão ser opostos no prazo de dez dias a contar da publicação de
acórdão. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à
Trata-se de típico recurso que age com fito de esclarecer os matéria objeto da divergência.
pronunciamentos judiciais, sejam eles sentenças, acórdãos ou de- Por ser um recurso utilizado nos tribunais, seu manejo depen-
cisões monocráticas. derá de decisão não unânime exarada em sede de recurso de ape-
Não é pacífica, contudo, a natureza recursal dos embargos de lação, de recurso em sentido estrito, de agravo em execução, ou de
declaração. Quem entende não haver natureza de recurso afirma carta testemunhável contra denegação de RESE.
ser tal instrumento destinado apenas a corrigir erros nos pronun-
ciamentos, sequer sendo necessária a intimação da parte contrária Diferença entre “embargos infringentes” e “embargos de nuli-
para contrarrazoar. dade”. Enquanto os “embargos infringentes” de destinam a ques-
As divergências não param por aí, entretanto. Dentre os que tionar matéria de mérito, servem os “embargos de nulidade” para
defendem a natureza recursal, há os que não admitem, e os que analisar matéria processual, como os pressupostos de admissibili-
admitem efeitos infringentes nos embargos de declaração. Neste dade recursais, por exemplo.
último caso, o esclarecimento de parte do julgado seria capaz de
Sendo assim, o recurso é um só, e o que se pode pedir são suas
modificar o principal teor da decisão. Por tal razão, quem assim en-
opções: ou tão somente a infringência, ou tão somente a nulidade,
tende, defende ser necessária a intimação da parte contrária para
ou os dois. Tudo dependerá do voto divergente que servirá como
contrarrazoar mesmo em embargos de declaração.
parâmetro.
O entendimento prevalente, nada obstante tais posicionamen-
tos, é o de que os embargos têm, sim, natureza recursal, embora
Possibilidade de manejo do recurso pelo Ministério Público. Di-
não seja possível a atribuição de efeitos infringentes.
verge a doutrina quanto a esta possibilidade, por se tratar de recur-
so exclusivo da defesa.
Hipóteses de cabimento. Nos moldes do art. 619, do Código de
Prevalece o entendimento de que o Ministério Público pode
Processo Penal, aos acórdãos proferidos pelos tribunais, câmaras
ou turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo lançar mão dos embargos infringentes e de nulidade, desde que o
de dois dias contados de sua publicação, quando houver na senten- faça em favor da defesa.
ça ambiguidade, obscuridade, contradição, ou omissão.
Este dispositivo não é o único, entretanto, no ordenamento Hipótese de todos os votos do órgão colegiado serem divergen-
processual penal, que contempla os embargos aclaratórios. O art. tes entre si. Neste caso, o voto intermediário será o parâmetro, con-
382, CPP, como exemplo, que traz os popularmente chamados “em- forme posicionamento prevalente. Assim, se um julgador entende
barguinhos”, prevê que qualquer das partes poderá, no prazo de que foi furto, outro entende que foi roubo simples, e outro entende
dois dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela que foi roubo qualificado, por exemplo, o recurso deverá se concen-
houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão. Na Lei trar na uniformização quanto à ocorrência de roubo simples.
nº 9.099/95, por fim, também estão previstos os embargos, em seu Súmula 207 do STJ: “é inadmissível recurso especial quando ca-
art. 83, quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, con- bíveis embargos infrintes contra acórdão proferido no Tribunal de
tradição, omissão ou dúvida. origem”.
Neste caso do JECRIM, os embargos serão opostos escritos ou
oralmente, no prazo de cinco dias contados da ciência da decisão, Carta Testemunhável
e tais embargos apenas suspenderão o prazo para o recurso que Trata-se de recurso residual, apenas sendo possível sua utiliza-
seria naturalmente cabível, e não interromperão, como acontece ção ante a impossibilidade do manejo de outro instrumento. Sua
naqueles embargos previstos no Código de Processo Penal. Isto sig- grande finalidade é fazer com que seja conhecido um instrumento
nifica que, no CPP, o manejo de embargos interrompe o prazo para anteriormente manejado e denegado/sem seguimento regular. O
o recurso naturalmente cabível, enquanto no JECRIM os embargos maior fito da “carta”, portanto, é o processamento de outro recurso.
apenas suspendem este prazo.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Hipóteses de cabimento da carta testemunhável. Conforme Neste diapasão, a Súmula nº 700, do Supremo Tribunal Federal,
preconiza o art. 639, do Código de Processo Penal, dar-se-á carta determina que é de cinco dias o prazo para interposição de agravo
testemunhável: contra decisão do juiz da execução penal. Trata-se do mesmo prazo
A) Da decisão que denegar o recurso (inciso I); para manejo da petição de interposição do RESE, o que somente
B) Da decisão que, embora admitido o recurso, obstar sua ex- reforça a tese de que o procedimento do agravo em execução é
pedição e seguimento para o juízo “ad quem”. copiado do recurso em sentido estrito.

Procedimento. A carta testemunhável será requerida ao es- Recursos Extraordinário e Especial


crivão ou diretor de secretaria da vara nas quarenta e oito horas
(e não “dois dias”, o que é bastante diferente, já que a expressão Tratam-se dos recursos manejados aos chamados “Tribunais de
“quarenta e oito horas” indica que a hora da decisão que se quer Superposição” do país, a saber, o Supremo Tribunal Federal (caso
combater deve ser certificada e o prazo se conta de minuto a mi- em que se utiliza recurso extraordinário) e o Superior Tribunal de
nuto) seguintes ao despacho que denegar o recurso, indicando o Justiça (caso em que se utiliza recurso especial).
requerente as peças que deverão ser trasladadas (art. 640, CPP).
No âmbito dos tribunais, a “carta” perdeu razão de ser, por- Cabimento do recurso extraordinário. De acordo com o art.
que para tais casos atualmente existe a possibilidade de manejo de 102, III, da Constituição, compete ao Supremo Tribunal Federal jul-
agravo regimental, recurso que não existia à época do Código de gar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única
Processo Penal, na década de 1940. ou última instância, quando a decisão recorrida contrariar disposi-
tivo da Constituição Federal (alínea “a”); quando declarar a incons-
Efeitos da carta testemunhável. De acordo com o art. 646, da titucionalidade de tratado ou lei federal (alínea “b”); quando julgar
Lei Processual Penal, a carta testemunhável não terá efeito suspen- válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constitui-
sivo. ção (alínea “c”); bem como julgar válida lei local contestada em face
Entretanto, tal recurso tem efeito iterativo, possibilitando ao de lei federal (alínea “d”).
julgador exercício de retratação, seja para admitir o recurso outrora
denegado, seja para dar-lhe o devido processamento e seguimento Cabimento do recurso especial. Quanto ao Superior Tribunal de
ao órgão “ad quem”. Justiça, lhe compete julgar, consoante o art. 105, III, da Constitui-
Correição Parcial ção, as causas decididas em única ou última instância, pelos Tribu-
nais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, quando a decisão recorrida contrariar tratado
A Correição Parcial serve para corrigir erros derivados de ação
ou lei federal, ou negar-lhes vigência (alínea “a”); quando julgar vá-
ou omissão do juiz. Ela não está prevista no CPP, e sim reconhecida
lido ato de governo local contestado em face de lei federal (alínea
na Lei Federal nº 5.010/66 (art. 6º e 9º) e em legislações esparsas
“b”); ou quando der à lei federal interpretação divergente da que
de cada estado sobre a organização judiciária (em São Paulo, Decre-
lhe haja atribuído outro tribunal (alínea “c”).
to-lei Complementar 3/69, art. 93 a 96, e Resolução 1/71 do TJ-SP).
O erro a ser corrigido pela Correição é normalmente de caráter
Prazo e forma de interposição. De acordo com o art. 26, da Lei
procedimental, como a inversão de atos, a supressão de atos neces-
nº 8.038/90, os recursos extraordinário e especial serão interpostos
sários, decisões incompatíveis com o momento processual, demora
(juntamente com as razões) no prazo de quinze dias, na forma es-
em decidir etc. crita, perante o presidente do tribunal recorrido, cuja petição con-
Tanto a acusação, seja o Ministério Público ou o querelante, terá a exposição do fato e do direito (inciso I); a demonstração do
quanto a Defesa, réu ou advogado, podem interpor a Correição Par- cabimento do recurso interposto (inciso II); e as razões do pedido
cial, e seu prazo é de cinco dias contados a partir da decisão a ser de reforma da decisão recorrida (inciso III).
combatida. O procedimento adotado é o do agravo de instrumento Com efeito, se tratam de recursos de fundamentação vincula-
(arts. 1.015 a 1.020 do NCPC) e é possível juízo de retratação. da, pois, além de estritamente cabíveis nos casos elencados na Lei
O efeito é devolutivo, mas o relator pode determinar que, em Fundamental (logo, não há liberdade irrestrita de argumentação,
caso de possibilidade de dano irreparável, o recurso tenha também como acontece no recurso de apelação em regra), dependem da
efeito suspensivo. pertinência temática (matéria constitucional em caso de recurso ex-
traordinário e matéria federal em caso de recurso especial), reper-
Agravo em Execução cussão geral (aqui no caso, apenas para o recurso extraordinário),
prequestionamento, e, ainda, se forem representativos de contro-
Trata-se do recurso previsto para os incidentes em sede de exe- vérsia, é possível a análise conjunta destes mediante a seleção de
cução penal, não havendo um rol pré-definido, contudo, das situa- um recurso paradigma.
ções que o comportam. Assim, por ser um recurso “pró” e “contra”,
isto é, utilizado tanto por acusação como por defesa, ele pode ser Recurso Ordinário Constitucional
veiculado contra decisão que defere ou indefere progressão de re-
gime, contra decisão que defere ou indefere livramento condicio- O recurso ordinário constitucional (“ROC”) pode ser veiculado
nal, contra decisão que unifica ou não as penas, contra decisão que tanto para o Supremo Tribunal Federal como para o Superior Tribu-
acerca de indulto, contra decisão acerca de comutação de penas nal de Justiça, e se destina a assegurar, em alguns casos específicos,
etc. justamente o duplo grau de jurisdição.
Previsto no art. 197, da Lei nº 7.210/84 (“Lei das Execuções Pe-
nais”), não tem procedimentalização pré-definida em tal lei, razão
pela qual o entendimento da doutrina majoritária e dos tribunais
superiores determina que se aplique o procedimento do recurso
em sentido estrito, inclusive quanto à possibilidade de juízo de re-
tratação pelo julgador prolator da decisão recorrida.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
A seguir, se tratará do ROC apenas em matéria penal. Peça exclusiva da defesa, a revisão criminal não pode piorar a
situação do condenado (art. 626), não tem prazo preclusivo e pode
Hipóteses de cabimento. Em matéria penal, o ROC pode ser vei- ser apresentada quantas vezes for possível (ou seja, vale protocolar
culado para que o STF julgue o habeas corpus e o mandado de se- a qualquer momento até depois do cumprimento final da senten-
gurança decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se ça, contanto que cada nova revisão tenha por fundamento provas
denegatória a decisão (art. 102, II, “a”, CF); bem como sentenças de novas).
juiz federal de primeira instância que julgarem crime político (art. São legítimos para propor a ação o réu, o procurador legalmen-
102, II, “b”, CF). te habilitado ou, no caso de morte do réu, o cônjuge, ascendente,
Já para o STJ, o ROC em matéria penal pode ser veiculado para descendente ou irmão (art. 623) contra toda e qualquer sentença
que se aprecie os habeas corpus decididos em única ou última ins- condenatória (inclusive das sentenças decorrentes do tribunal do
tância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Es- júri). Isso porque, além da absolvição ou diminuição da pena, é pos-
tados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for dene- sível pedir indenização por erro judicial (art. 630).
gatória (art. 105, II, “a”, CF); ou para que se aprecie os mandados de A competência para julgar a revisão é do STF quando a matéria
segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais discutida na revisão criminal foi alvo de recurso extraordinário, do
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Terri- STJ quando foi discutida por recurso especial, dos Tribunais Milita-
tórios, se denegatória a decisão (art. 105, II, “b”, CF); ou para que se res em crimes militares, dos Tribunais Eleitorais em crimes de sua
aprecie as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou orga- competência e dos TJ’s (competência estadual) ou TRF’s (competên-
nismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa cia federal) em todos os outros casos.
residente ou domiciliada no país (art. 105, II, “c”, CF). Mesmo que a sentença transitada em julgado não tenha sido
apreciada pela 2ª instância antes do trânsito em julgado, a compe-
Prazos de cabimento. Os prazos para o recurso ordinário cons- tência da revisão nunca será do juiz singular. O procedimento está
titucional são variáveis: previsto nos art. 625 e 628 do CPP.
A) Tratando-se de recurso ordinário para o STJ, contra decisão A nova sentença não precisa se prender aos pedidos do revi-
denegatória em única instância proferida em mandado de seguran- sionando e pode decidir além deles caso beneficie o condenado.
ça por Tribunal Regional Federal ou Tribunal de Justiça, o prazo para Caso seja anulado o processo, a nova sentença não pode piorar a
sua interposição (mais as razões) será de quinze dias (art. 33, da Lei situação do réu. Ou seja, a nova sentença não pode ser pior do que
nº 8.038/90); a que foi anulada.
B) Tratando-se de recurso ordinário constitucional para o STF
contra sentença de juiz federal que julgou crime político, o prazo de Dispositivos pertinentes do Código de Processo Penal:
interposição será de cinco dias, mais o prazo de razões em oito dias,
tal como a apelação criminal, já que, neste caso, o ROC fará papel Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os se-
de apelação para garantir o direito ao duplo grau de jurisdição; guintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
C) Em se tratando de recurso ordinário para o STF ou para o STJ, I - da sentença que conceder habeas corpus;
contra decisão denegatória em habeas corpus, o prazo de interposi- II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na exis-
ção e razões é de cinco dias (art. 30, da Lei nº 8.038/90). tência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena,
Ainda, de acordo com a Súmula nº 319, STF, o prazo do recurso nos termos do art. 411.
ordinário para o STF, em habeas corpus ou mandado de segurança
Art. 575. Não serão prejudicados os recursos que, por erro, fal-
em matéria criminal, será sempre de cinco dias.
ta ou omissão dos funcionários, não tiverem seguimento ou não
forem apresentados dentro do prazo.
Ações Autônomas de Impugnação
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso
que haja interposto.
Existem ações que embora não sejam recursos acabam fun-
Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Pú-
cionando como se fossem, são estas as ações autônomas de im-
blico, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu de-
pugnação. As mais conhecidas na prática são: a Revisão Criminal, o
fensor.
Habeas Corpus e Mandado De Segurança.
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte
Revisão Criminal que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão.
Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo
Quando ocorre o trânsito em julgado da sentença define-se a nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante.
coisa julgada e tem início a execução. A coisa julgada é a caracterís- § 1o Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, o
tica de imutabilidade e indiscutibilidade das sentenças. No direito termo será assinado por alguém, a seu rogo, na presença de duas
penal a execução corresponde ao cumprimento da pena privativa testemunhas.
de liberdade, ao pagamento da multa, à internação em hospital psi- § 2o A petição de interposição de recurso, com o despacho do
quiátrico ou à restrição de direitos. juiz, será, até o dia seguinte ao último do prazo, entregue ao escri-
Normalmente não haveria o que se discutir sobre a sentença vão, que certificará no termo da juntada a data da entrega.
após o fim do processo. No entanto, como todo mundo erra, inclusi- § 3o Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob pena de
ve os juízes de direito (sim, eles erram), há uma ação específica para suspensão por dez a trinta dias, fará conclusos os autos ao juiz, até
corrigir erros, discutir provas falsas, apresentar provas de inocência, o dia seguinte ao último do prazo.
reconhecer atenuantes ou continuidade delitiva etc. das sentenças Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudica-
já transitadas em julgado (art. 621 a 631, do Código de Processo da pela interposição de um recurso por outro.
Penal). Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a improprie-
A revisão criminal é uma ação impugnativa que visa a substitui- dade do recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de
ção de uma sentença por outra. acordo com o rito do recurso cabível.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de per-
25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se funda- da da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV,
do em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, XVII e XXIV do art. 581.
aproveitará aos outros. § 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no
caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e
CAPÍTULO II 598.
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO § 2o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julga-
mento.
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despa- § 3o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança sus-
cho ou sentença: penderá unicamente o efeito de perda da metade do seu valor.
I - que não receber a denúncia ou a queixa; Art. 585. O réu não poderá recorrer da pronúncia senão depois
II - que concluir pela incompetência do juízo; de preso, salvo se prestar fiança, nos casos em que a lei a admitir.
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo
IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de cinco dias.
de 2008) Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a dias, contado da data da publicação definitiva da lista de jurados.
fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a
conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; (Re- parte indicará, no respectivo termo, ou em requerimento avulso, as
dação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989) peças dos autos de que pretenda traslado.
VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concer-
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; tado no prazo de cinco dias, e dele constarão sempre a decisão re-
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, ex- corrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for
tinta a punibilidade; possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de inter-
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou posição.
de outra causa extintiva da punibilidade; Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do re-
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; curso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será
da pena; aberta vista ao recorrido por igual prazo.
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do pra-
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou zo na pessoa do defensor.
em parte; Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recur-
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; so concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou susten-
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; tará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de que Ihe parecerem necessários.
questão prejudicial; Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a par-
XVII - que decidir sobre a unificação de penas; te contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão,
XVIII - que decidir o incidente de falsidade; se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso
sentença em julgado; nos próprios autos ou em traslado.
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado
outra; no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro.
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos Art. 591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal ad
casos do art. 774; quem, dentro de cinco dias da publicação da resposta do juiz a quo,
XXII - que revogar a medida de segurança; ou entregues ao Correio dentro do mesmo prazo.
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos Art. 592. Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem,
em que a lei admita a revogação; deverão os autos ser devolvidos, dentro de cinco dias, ao juiz a quo.
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão sim-
ples. CAPÍTULO III
XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não DA APELAÇÃO
persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019) Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação
Art. 582 - Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apela- dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
ção, salvo nos casos dos ns. V, X e XIV. I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição profe-
Parágrafo único. O recurso, no caso do no XIV, será para o pre- ridas por juiz singular; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
sidente do Tribunal de Apelação. II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, profe-
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos: ridas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;
I - quando interpostos de oficio; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada
III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo. pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela
quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar Lei nº 263, de 23.2.1948)
com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pro- b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou
núncia. à decisão dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da § 1o Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido jul-
medida de segurança; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) gados, ou não tiverem todos apelado, caberá ao apelante promover
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova extração do traslado dos autos, o qual deverá ser remetido à ins-
dos autos. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) tância superior no prazo de trinta dias, contado da data da entrega
§ 1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei ex- das últimas razões de apelação, ou do vencimento do prazo para a
pressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, o tribu- apresentação das do apelado.
nal ad quem fará a devida retificação. (Incluído pela Lei nº 263, de § 2o As despesas do traslado correrão por conta de quem o so-
23.2.1948) licitar, salvo se o pedido for de réu pobre ou do Ministério Público.
§ 2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste Art. 602. Os autos serão, dentro dos prazos do artigo anterior,
artigo, o tribunal ad quem, se Ihe der provimento, retificará a apli- apresentados ao tribunal ad quem ou entregues ao Correio, sob re-
cação da pena ou da medida de segurança. (Incluído pela Lei nº 263, gistro.
de 23.2.1948) Art. 603. A apelação subirá nos autos originais e, a não ser no
§ 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribu- Distrito Federal e nas comarcas que forem sede de Tribunal de Ape-
nal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifes- lação, ficará em cartório traslado dos termos essenciais do processo
tamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para su- referidos no art. 564, n. III.
jeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo Art. 604. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
motivo, segunda apelação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948) Art. 605. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
§ 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recur- Art. 606. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
so em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se re-
CAPÍTULO IV
corra. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
DO PROTESTO POR NOVO JÚRI
Art. 594. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
(REVOGADO PELA LEI Nº 11.689, DE 2008)
Art. 595. (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impedirá que Art. 607. (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
o réu seja posto imediatamente em liberdade. (Redação dada pela Art. 608. (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
Lei nº 5.941, de 22.11.1973)
Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execução da me- CAPÍTULO V
dida de segurança aplicada provisoriamente. (Redação dada pela DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SEN-
Lei nº 5.941, de 22.11.1973) TIDO ESTRITO E DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELA-
Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito sus- ÇÃO
pensivo, salvo o disposto no art. 393, a aplicação provisória de in-
terdições de direitos e de medidas de segurança (arts. 374 e 378), e Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados
o caso de suspensão condicional de pena. pelos Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas criminais, de acordo
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do com a competência estabelecida nas leis de organização judiciária.
juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Mi- (Redação dada pela Lei nº 1.720-B, de 3.11.1952)
nistério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segun-
enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como da instância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringen-
assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito tes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias,
suspensivo. a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desa-
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será cordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de
de quinze dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério divergência. (Incluído pela Lei nº 1.720-B, de 3.11.1952)
Público. Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção do de
Art. 599. As apelações poderão ser interpostas quer em rela- habeas corpus, e nas apelações interpostas das sentenças em pro-
ção a todo o julgado, quer em relação a parte dele. cesso de contravenção ou de crime a que a lei comine pena de de-
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois tenção, os autos irão imediatamente com vista ao procurador-geral
dele, o apelado terão o prazo de oito dias cada um para oferecer pelo prazo de cinco dias, e, em seguida, passarão, por igual prazo,
razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo será ao relator, que pedirá designação de dia para o julgamento.
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, e
de três dias.
apregoadas as partes, com a presença destas ou à sua revelia, o
§ 1o Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de três dias,
relator fará a exposição do feito e, em seguida, o presidente conce-
após o Ministério Público.
derá, pelo prazo de 10 (dez) minutos, a palavra aos advogados ou às
§ 2o Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o Minis-
partes que a solicitarem e ao procurador-geral, quando o requerer,
tério Público terá vista dos autos, no prazo do parágrafo anterior. por igual prazo.
§ 3o Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados, os Art. 612. Os recursos de habeas corpus, designado o relator,
prazos serão comuns. serão julgados na primeira sessão.
§ 4o Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao inter- Art. 613. As apelações interpostas das sentenças proferidas em
por a apelação, que deseja arrazoar na superior instância serão os processos por crime a que a lei comine pena de reclusão, deverão
autos remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta vista às par- ser processadas e julgadas pela forma estabelecida no Art. 610,
tes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela publica- com as seguintes modificações:
ção oficial. (Incluído pela Lei nº 4.336, de 1º.6.1964) I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao revisor, que
Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão reme- terá igual prazo para o exame do processo e pedirá designação de
tidos à instância superior, com as razões ou sem elas, no prazo de dia para o julgamento;
5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o II - os prazos serão ampliados ao dobro;
prazo será de trinta dias. III - o tempo para os debates será de um quarto de hora.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 614. No caso de impossibilidade de observância de qual- § 1o No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Re-
quer dos prazos marcados nos arts. 610 e 613, os motivos da demo- cursos o processo e julgamento obedecerão ao que for estabelecido
ra serão declarados nos autos. no respectivo regimento interno. (Incluído pelo Decreto-lei nº 504,
Art. 615. O tribunal decidirá por maioria de votos. de 18.3.1969)
§ 1o Havendo empate de votos no julgamento de recursos, se § 2o Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento será
o presidente do tribunal, câmara ou turma, não tiver tomado parte efetuado pelas câmaras ou turmas criminais, reunidas em sessão
na votação, proferirá o voto de desempate; no caso contrário, pre- conjunta, quando houver mais de uma, e, no caso contrário, pelo
valecerá a decisão mais favorável ao réu. tribunal pleno. (Incluído pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
§ 2o O acórdão será apresentado à conferência na primeira ses- § 3o Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou
são seguinte à do julgamento, ou no prazo de duas sessões, pelo turmas criminais, poderão ser constituídos dois ou mais grupos de
juiz incumbido de lavrá-lo. câmaras ou turmas para o julgamento de revisão, obedecido o que
Art. 616. No julgamento das apelações poderá o tribunal, câ- for estabelecido no respectivo regimento interno. (Incluído pelo De-
mara ou turma proceder a novo interrogatório do acusado, reinqui- creto-lei nº 504, de 18.3.1969)
rir testemunhas ou determinar outras diligências. Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a um
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas de- revisor, devendo funcionar como relator um desembargador que
cisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do processo.
não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu § 1o O requerimento será instruído com a certidão de haver
houver apelado da sentença. passado em julgado a sentença condenatória e com as peças neces-
Art. 618. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelece- sárias à comprovação dos fatos argüidos.
rão as normas complementares para o processo e julgamento dos § 2o O relator poderá determinar que se apensem os autos ori-
recursos e apelações. ginais, se daí não advier dificuldade à execução normal da sentença.
§ 3o Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e
CAPÍTULO VI inconveniente ao interesse da justiça que se apensem os autos ori-
DOS EMBARGOS ginais, indeferi-lo-á in limine, dando recurso para as câmaras reuni-
das ou para o tribunal, conforme o caso (art. 624, parágrafo único).
Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, § 4o Interposto o recurso por petição e independentemente de
câmaras ou turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, termo, o relator apresentará o processo em mesa para o julgamen-
no prazo de dois dias contados da sua publicação, quando houver to e o relatará, sem tomar parte na discussão.
na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão. § 5o Se o requerimento não for indeferido in limine, abrir-se-
Art. 620. Os embargos de declaração serão deduzidos em re- -á vista dos autos ao procurador-geral, que dará parecer no prazo
querimento de que constem os pontos em que o acórdão é ambí- de dez dias. Em seguida, examinados os autos, sucessivamente, em
guo, obscuro, contraditório ou omisso. igual prazo, pelo relator e revisor, julgar-se-á o pedido na sessão que
§ 1o O requerimento será apresentado pelo relator e julgado, o presidente designar.
independentemente de revisão, na primeira sessão. Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alte-
§ 2o Se não preenchidas as condições enumeradas neste arti- rar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou
go, o relator indeferirá desde logo o requerimento. anular o processo.
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agrava-
CAPÍTULO VII da a pena imposta pela decisão revista.
DA REVISÃO Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento de todos os
direitos perdidos em virtude da condenação, devendo o tribunal, se
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: for caso, impor a medida de segurança cabível.
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto ex- Art. 628. Os regimentos internos dos Tribunais de Apelação
presso da lei penal ou à evidência dos autos; estabelecerão as normas complementares para o processo e julga-
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimen- mento das revisões criminais.
tos, exames ou documentos comprovadamente falsos; Art. 629. À vista da certidão do acórdão que cassar a senten-
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de ça condenatória, o juiz mandará juntá-la imediatamente aos autos,
inocência do condenado ou de circunstância que determine ou au- para inteiro cumprimento da decisão.
torize diminuição especial da pena. Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reco-
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, nhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.
antes da extinção da pena ou após. § 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, res-
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, ponderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça
salvo se fundado em novas provas. do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por respectiva justiça.
procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo § 2o A indenização não será devida:
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou
Art. 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas: falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocul-
(Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969) tação de prova em seu poder;
I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por b) se a acusação houver sido meramente privada.
ele proferidas; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969) Art. 631. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de condenação tiver de ser revista, o presidente do tribunal nomeará
Alçada, nos demais casos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, curador para a defesa.
de 18.3.1969)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
CAPÍTULO VIII III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
Art. 632. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos
Art. 633. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): em que a lei a autoriza;
Art. 634. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): VI - quando o processo for manifestamente nulo;
Art. 635. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): VII - quando extinta a punibilidade.
Art. 636. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 2.6.1958): Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdi-
Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e ção, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos em
uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora.
baixarão à primeira instância, para a execução da sentença. Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de
Art. 638. O recurso extraordinário e o recurso especial serão habeas corpus:
processados e julgados no Supremo Tribunal Federal e no Superior I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art.
Tribunal de Justiça na forma estabelecida por leis especiais, pela lei 101, I, g, da Constituição;
processual civil e pelos respectivos regimentos internos. (Redação II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência
dada pela Lei nº 13.964, de 2019) ou coação forem atribuídos aos governadores ou interventores dos
Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus
CAPÍTULO IX secretários, ou aos chefes de Polícia.
DA CARTA TESTEMUNHÁVEL § 1o A competência do juiz cessará sempre que a violência ou
coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior juris-
Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável: dição.
I - da decisão que denegar o recurso; § 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa,
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor perten-
e seguimento para o juízo ad quem. cente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu re-
Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão, colhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado
ou ao secretário do tribunal, conforme o caso, nas quarenta e oito de prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a
horas seguintes ao despacho que denegar o recurso, indicando o prisão exceder o prazo legal.
requerente as peças do processo que deverão ser trasladadas. Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá
Art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará recibo termo ao processo, desde que este não esteja em conflito com os
da petição à parte e, no prazo máximo de cinco dias, no caso de fundamentos daquela.
recurso no sentido estrito, ou de sessenta dias, no caso de recur- Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nuli-
so extraordinário, fará entrega da carta, devidamente conferida e dade do processo, este será renovado.
concertada. Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas
Art. 642. O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se negar corpus, será condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou
a dar o recibo, ou deixar de entregar, sob qualquer pretexto, o ins- evidente abuso de poder, tiver determinado a coação.
trumento, será suspenso por trinta dias. O juiz, ou o presidente do Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Públi-
Tribunal de Apelação, em face de representação do testemunhante, co cópia das peças necessárias para ser promovida a responsabili-
imporá a pena e mandará que seja extraído o instrumento, sob a dade da autoridade.
mesma sanção, pelo substituto do escrivão ou do secretário do tri- Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer
bunal. Se o testemunhante não for atendido, poderá reclamar ao pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Pú-
presidente do tribunal ad quem, que avocará os autos, para o efeito blico.
do julgamento do recurso e imposição da pena. § 1o A petição de habeas corpus conterá:
Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer
disposto nos arts. 588 a 592, no caso de recurso em sentido estrito, violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou
ou o processo estabelecido para o recurso extraordinário, se deste ameaça;
se tratar. b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de
Art. 644. O tribunal, câmara ou turma a que competir o julga- simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor;
mento da carta, se desta tomar conhecimento, mandará processar c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando
o recurso, ou, se estiver suficientemente instruída, decidirá logo, não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas
de meritis. residências.
Art. 645. O processo da carta testemunhável na instância supe- § 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de
rior seguirá o processo do recurso denegado. ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo ve-
Art. 646. A carta testemunhável não terá efeito suspensivo. rificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação
ilegal.
CAPÍTULO X Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou
procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus, as informa-
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou ções sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do pacien-
se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua te, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos mil-réis a
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As mul-
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: tas serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus,
I - quando não houver justa causa; salvo quando se tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que deter- ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de Apelação impor as
mina a lei; multas.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos.
necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este Ihe seja Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na vota-
imediatamente apresentado em dia e hora que designar. ção, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido decisão mais favorável ao paciente.
mandado de prisão contra o detentor, que será processado na for- Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assina-
ma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da da pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por
prisão e apresentado em juízo. ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará exercer ou ameaçar exercer o constrangimento.
a sua apresentação, salvo: Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá
I - grave enfermidade do paciente; ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine.
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabele-
detenção; cerão as normas complementares para o processo e julgamento do
III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz pedido de habeas corpus de sua competência originária.
ou pelo tribunal. Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de com-
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se petência originária do Supremo Tribunal Federal, bem como nos de
encontrar, se este não puder ser apresentado por motivo de doen- recurso das decisões de última ou única instância, denegatórias de
ça. habeas corpus, observar-se-á, no que Ihes for aplicável, o disposto
Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente nos artigos anteriores, devendo o regimento interno do tribunal es-
tabelecer as regras complementares.
estiver preso.
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violên-
cia ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido. LEI Nº 9.099 DE 26.09.1995 (ARTIGOS 60 A 83; 88 E 89)
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o
juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995.
horas.
§ 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá
liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na prisão. outras providências.
§ 2o Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem
a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse ime- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
diatamente o constrangimento. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente
admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá CAPÍTULO III
ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou DISPOSIÇÕES GERAIS
aos do processo judicial.
§ 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados
ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo- ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julga-
-conduto assinado pelo juiz. mento e a execução das infrações penais de menor potencial ofen-
§ 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade sivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação dada
que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a pela Lei nº 11.313, de 2006)
fim de juntar-se aos autos do processo. Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo co-
§ 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja mum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de
o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação
de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as penal e da composição dos danos civis. (Incluído pela Lei nº 11.313,
formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in fine, ou de 2006)
por via postal. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial
Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os
crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
Apelação, a petição de habeas corpus será apresentada ao secre-
cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de
tário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal, ou
2006)
da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á
tiver de reunir-se.
pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, econo-
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o mia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada como reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não
coatora informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daque- privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.603, de 2018)
les requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe for
apresentada a petição. SEÇÃO I
Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, DA COMPETÊNCIA E DOS ATOS PROCESSUAIS
se o presidente entender que o habeas corpus deva ser indeferido
in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma, Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar
para que delibere a respeito. em que foi praticada a infração penal.
Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-
corpus será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar- -se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme
-se o julgamento para a sessão seguinte. dispuserem as normas de organização judiciária.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preen- Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa priva-
cherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os da ou de ação penal pública condicionada à representação, o acor-
critérios indicados no art. 62 desta Lei. do homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou repre-
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha ha- sentação.
vido prejuízo. Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de
ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação. representação verbal, que será reduzida a termo.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos ha- Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audi-
vidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução ência preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser
e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equiva- exercido no prazo previsto em lei.
lente. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamen-
sempre que possível, ou por mandado. to, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o
do procedimento previsto em lei. Juiz poderá reduzi-la até a metade.
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de cri-
individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será me, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de
justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos
ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. deste artigo;
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar- III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a perso-
-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e defensores. nalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de necessária e suficiente a adoção da medida.
citação do acusado, constará a necessidade de seu comparecimen- § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor,
to acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua será submetida à apreciação do Juiz.
falta, ser-lhe-á designado defensor público. § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo au-
tor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa,
SEÇÃO II que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para
impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
DA FASE PRELIMINAR
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apela-
ção referida no art. 82 desta Lei.
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imedia-
constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins
tamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-
previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo
-se as requisições dos exames periciais necessários.
aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do ter-
mo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o com-
SEÇÃO III
promisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, DO PROCEDIMENTO SUMARIÍSSIMO
nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domi- Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não hou-
cílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº ver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não
10.455, de 13.5.2002)) ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver
possível a realização imediata da audiência preliminar, será desig- necessidade de diligências imprescindíveis.
nada data próxima, da qual ambos sairão cientes. § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvi- base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dis-
dos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a do pensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de
responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei. delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do médico ou prova equivalente.
Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o res- § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permiti-
ponsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarece- rem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá reque-
rá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da rer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do
proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. parágrafo único do art. 66 desta Lei.
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por concilia- § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser ofe-
dor sob sua orientação. recida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, re- as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências
crutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.
em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo,
Justiça Criminal. entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e ime-
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, diatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiên-
homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia cia de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o
de título a ser executado no juízo civil competente. Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na forma Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual
dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da audiência de ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministé-
instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou rio Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco dias an- processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja
tes de sua realização. sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, se- presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão con-
rão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para comparecerem à dicional da pena (art. 77 do Código Penal).
audiência de instrução e julgamento. § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presen-
§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma pre- ça do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o pro-
vista no art. 67 desta Lei. cesso, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução condições:
e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido possibilidade I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta pelo Mi- II - proibição de frequentar determinados lugares;
nistério Público, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem au-
desta Lei. torização do Juiz;
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmen-
imprescindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer. te, para informar e justificar suas atividades.
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica su-
para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a bordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação
denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima pessoal do acusado.
e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o bene-
o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates ficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem
orais e à prolação da sentença. motivo justificado, a reparação do dano.
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instru- § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser
ção e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que conside- processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir
qualquer outra condição imposta.
rar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, as-
punibilidade.
sinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do
relevantes ocorridos em audiência e a sentença.
processo.
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os ele-
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo,
mentos de convicção do Juiz.
o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sen-
tença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta
de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos EXERCÍCIOS
na sede do Juizado.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados 1. É certo afirmar:
da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu de- I. O perito está sujeito as situações provadas de incompatibili-
fensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido dade e impedimentos, o que não ocorre com os casos de suspeição
do recorrente. que não lhe alcançam.
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita II. Conforme determina o CPP, as partes não intervirão na no-
no prazo de dez dias. meação do perito, sendo ato exclusivo da autoridade policial ou
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da judiciária.
fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei. III. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento afinidade não cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver
pela imprensa. dado causa.
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, IV. Sendo dever de todo cidadão concorrer, com seus conheci-
a súmula do julgamento servirá de acórdão. mentos especializados, experiência e talentos especiais para que o
Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em sentença Estado realize a finalidade da Justiça, prevê o CPP sanção pecuniária
ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou omissão. (Redação àquele que não aceitar o encargo ou não o exercer adequadamen-
dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) te.
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou Analisando as proposições, pode-se afirmar:
oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão. (A) Somente as proposições II e IV estão corretas.
§ 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo para a (B) Somente as proposições I e III estão corretas.
interposição de recurso. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (C) Somente as proposições I e II estão corretas.
(Vigência) (D) Somente as proposições III e IV estão corretas.
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
2. No Processo Penal:
SEÇÃO VI I. O ofendido, bem como, seu representante legal, poderá in-
DISPOSIÇÕES FINAIS tervir como assistente do Ministério Público, em todos os termos
da ação pública;
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação II. O assistente poderá ser admitido em fase recursal;
especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos cri- III. O co-réu no mesmo processo poderá intervir como assisten-
mes de lesões corporais leves e lesões culposas. te do Ministério Público;

32
DIREITO PROCESSUAL PENAL
IV. O processo penal não prosseguirá quando o assistente do 7. Sobre a citação, nos moldes do vigente Código de Proces-
Ministério Público for intimado e deixar de comparecer a qualquer so Penal, analise as assertivas e identifique com V as verdadeiras e
dos atos da instrução ou do julgamento, independentemente de com F as falsas.
força maior; ( ) Se o réu se oculta para não ser citado, e o oficial de justiça
(A) Apenas os itens I e II estão corretos. certifica a ocorrência, aperfeiçoar-seá por edital.
(B) Apenas os itens III e IV estão corretos. ( ) Far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território
(C) Apenas os itens I e IV estão corretos. sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.
(D) Apenas os itens II e III estão corretos. ( ) Será feita mediante carta precatória, quando o réu estiver
(E) Apenas os itens II e IV estão corretos. no Brasil, mas fora do território da jurisdição do juiz processante.
( ) Realizar-se-á por carta rogatória quando o réu estiver no es-
3. No Processo Penal NÃO haverá impedimento quando o Mi- trangeiro, em lugar sabido, suspendendo-se o prazo de prescrição
nistério Público funcionar em processos em que o juiz ou qualquer até o seu cumprimento.
das partes for: ( ) Quando realizada com hora certa, exigirá a afixação, à porta
(A) Seu esposo ou esposa. do edifício onde funcionar o juízo, e publicação na imprensa, do dia
(B) Seu tio. e hora em que o oficial de justiça voltará ao domicílio ou residência
(C) Irmão da sua esposa. do réu para cumprir a diligência.
(D) Mãe da sua ex-esposa. A alternativa que contém a sequência correta, de cima para
baixo, é
(E) Seu primo.
(A) V F V F V
(B) V V F V F
4. No que se refere a situação do assistente do Ministério Públi-
(C) F V V V F
co é INCORRETO afirmar que
(D) F F F V V
(A) o co-réu no mesmo processo não poderá intervir como as- (E) F V F F F
sistente da acusação.
(B) o assistente não pode aditar a denúncia, mas poderá aditar 8. No processo penal comum, o prazo para
o libelo acusatório. (A) o Ministério Público apelar é de 05 dias, e o prazo para apre-
(C) não tem cabimento a pluralidade de assistentes de acusa- sentar suas razões é de 05 dias.
ção no mesmo processo. (B) o Ministério Público apelar é de 08 dias, e o prazo para apre-
(D) não pode o assistente habilitar-se no processo antes do re- sentar suas razões é de 05 dias.
cebimento da denúncia. (C) a Defensoria Pública apelar é de 05 dias, e o prazo para
(E) o prazo para recorrer, supletivamente, começa a correr ime- apresentar suas razões é de 08 dias.
diatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público. (D) a Defensoria Pública apelar é de 10 dias, e o prazo para
apresentar suas razões é de 16 dias.
5. Sobre as citações e intimações assinale a alternativa correta: (E) o assistente de acusação apresentar suas razões, em apela-
(A) Segundo entendimento jurisprudencial consolidado no Su- ção interposta pelo Ministério Público, é de 05 dias.
premo Tribunal Federal, é nula a citação por edital de réu preso
na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua 9. Conforme o Código de Processo Penal, o juiz deverá absolver
jurisdição. sumariamente o acusado no processo penal quando verificar:
(B) Sendo o réu citado por edital, e, não comparecendo em ju- (A) Extinta a punibilidade do agente;
ízo, nem tão pouco, constituir advogado, o magistrado deverá (B) Falta de justa causa para o exercício da ação penal;
dar prosseguimento a tramitação da ação penal, posto que é (C) Falta de condição para o exercício da ação penal;
dever do investigado/acusado informar ao juízo qualquer alte- (D) Falta de pressuposto processual.
ração de domicílio.
(C) O processo terá completada a sua formação quando realiza- 10. Em relação aos procedimentos comum e especial, julgue os
da a intimação do acusado para tomar ciência do oferecimento itens a seguir.
da petição inicial. I As hipóteses de absolvição sumária previstas para o procedi-
mento ordinário e sumário são aplicáveis a todos os processos pe-
(D) De acordo com entendimento jurisprudencial consolidado
nais desenvolvidos em primeiro grau de jurisdição, ainda que estes
no Supremo Tribunal Federal, é absoluta a nulidade do proces-
não sejam regulados pelo Código de Processo Penal.
so criminal por falta de intimação da expedição de carta preca-
II No procedimento comum ordinário, o juiz, logo após o rece-
tória para inquirição de testemunha, dada a violação do princí-
bimento da denúncia, determinará a citação do réu para compare-
pio da ampla defesa. cer à audiência de instrução do feito.
(E) A legislação processual penal não admite a citação por hora III No procedimento sumaríssimo, oferecida a denúncia e não
certa. sendo encontrado o autor do fato para ser citado, o juiz encami-
nhará o feito ao juízo comum, devendo, então, ser observado o rito
6. No Processo Penal de competência do Tribunal do Júri, o juiz, sumário.
ao receber a denúncia, ordenará a citação do acusado para respon- IV O procedimento comum sumário é cabível quando a ação
der a acusação no prazo de: penal tiver por objeto crime cuja pena máxima privativa de liberda-
(A) Vinte dias. de seja igual ou inferior a quatro anos.
(B) Dez dias.
(C) Cinco dias.
(D) Quinze dias.
(E) Oito dias.

33
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Estão certos apenas os itens
(A) I e III.
ANOTAÇÕES
(B) I e IV.
(C) II e IV. ______________________________________________________
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV. ______________________________________________________

11. Não caberá recurso em sentido estrito da decisão que: ______________________________________________________


(A) Decidir o incidente de falsidade.
(B) Absolver o réu, no Tribunal do Júri. ______________________________________________________
(C) Julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição.
______________________________________________________
(D) Conceder ou negar a ordem de habeas corpus.
______________________________________________________
12. Considere as seguintes situações-problema ocorridas no
procedimento ordinário do Processo Penal. ______________________________________________________
I. Mévio foi condenado pela prática de corrupção ativa e inter-
pôs apelação, mas o MM. Juiz de Direito, em despacho, julgou-a ______________________________________________________
deserta.
II. O MM. Juiz Federal ordenou a suspensão do processo penal, ______________________________________________________
em virtude da questão prejudicial.
______________________________________________________
III. O MM. Juiz de Direito absolveu sumariamente o réu no pro-
cedimento do Tribunal do Júri. ______________________________________________________
IV. O MM. Juiz de Direito impronunciou o réu no procedimento
do Tribunal do Júri. ______________________________________________________
Contra as decisões acima descritas, são cabíveis os seguintes
recursos, respectivamente, ______________________________________________________
(A) agravo / recurso em sentido estrito / recurso em sentido
estrito / apelação. ______________________________________________________
(B) recurso em sentido estrito / recurso em sentido estrito /
apelação / apelação. ______________________________________________________
(C) recurso em sentido estrito / apelação / recurso em sentido
______________________________________________________
estrito / apelação.
(D) apelação / apelação / recurso em sentido estrito / recurso ______________________________________________________
em sentido estrito.
(E) apelação / recurso em sentido estrito / apelação / recurso ______________________________________________________
em sentido estrito.
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 A
2 A ______________________________________________________

3 E ______________________________________________________
4 C
_____________________________________________________
5 A
_____________________________________________________
6 B
7 C ______________________________________________________
8 D ______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 A
11 B ______________________________________________________
12 B ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

34
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
1. Código de Processo Civil - artigos 144 a 155 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. 188 a 275 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. 294 a 311 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4. Do 318 a 538 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. 994 a 1026 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
6. Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 3º ao 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
7. Lei nº 12.153 de 22.12.2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - ARTIGOS 144 A 155 I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique ma-
LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015 nifesta aceitação do arguido.
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conheci-
Código de Processo Civil. mento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em
petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a
CAPÍTULO II petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apar-
tado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se
suas funções no processo: houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus
perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:
depoimento como testemunha; I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo profe- II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso
rido decisão; até o julgamento do incidente.
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, § 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido
advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou com- o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a
panheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha tutela de urgência será requerida ao substituto legal.
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; § 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspei-
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou ção é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.
companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou § 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de
colateral, até o terceiro grau, inclusive; manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e re-
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administra- meterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da
ção de pessoa jurídica parte no processo; decisão.
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador § 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal
de qualquer das partes; fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado.
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual § 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se pratica-
tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação dos quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição.
de serviços; Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, con-
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advo- sanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
cacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mes- nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos
mo que patrocinado por advogado de outro escritório; ao seu substituto legal.
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspei-
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica ção:
quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério I - ao membro do Ministério Público;
Público já integrava o processo antes do início da atividade judican- II - aos auxiliares da justiça;
te do juiz. III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracte- § 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a
rizar impedimento do juiz. suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.
no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia § 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem
que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze)
a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente dias e facultando a produção de prova, quando necessária.
no processo. § 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disci-
Art. 145. Há suspeição do juiz: plinada pelo regimento interno.
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus § 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de impe-
advogados; dimento ou de suspeição de testemunha.
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na
causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar algu- CAPÍTULO III
ma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atri-
de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha buições sejam determinadas pelas normas de organização judiciá-
reta até o terceiro grau, inclusive; ria, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qual- depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador,
quer das partes. o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro ínti- regulador de avarias.
mo, sem necessidade de declarar suas razões.

1
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
SEÇÃO I VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apre-
DO ESCRIVÃO, DO CHEFE DE SECRETARIA E DO OFICIAL DE sentada por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de
JUSTIÇA comunicação que lhe couber.
Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição
Art. 150. Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, prevista no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrá-
cujas atribuições serão determinadas pelas normas de organização ria para manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do
judiciária. andamento regular do processo, entendendo-se o silêncio como
Art. 151. Em cada comarca, seção ou subseção judiciária ha- recusa.
verá, no mínimo, tantos oficiais de justiça quantos sejam os juízos. Art. 155. O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça
Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria: são responsáveis, civil e regressivamente, quando:
I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos
precatórias e os demais atos que pertençam ao seu ofício; impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados;
II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações,
II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
bem como praticar todos os demais atos que lhe forem atribuídos
pelas normas de organização judiciária;
III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, desig-
nar servidor para substituí-lo; 188 A 275
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não
permitindo que saiam do cartório, exceto:
LIVRO IV
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
DOS ATOS PROCESSUAIS
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério
Público ou à Fazenda Pública;
TÍTULO I
c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor;
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modifi-
cação da competência;
CAPÍTULO I
V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo,
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS
independentemente de despacho, observadas as disposições refe-
rentes ao segredo de justiça;
SEÇÃO I
VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.
DOS ATOS EM GERAL
§ 1º O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição
prevista no inciso VI.
Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de for-
§ 2º No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz
ma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, con-
convocará substituto e, não o havendo, nomeará pessoa idônea
siderando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preen-
para o ato.
cham a finalidade essencial.
Art. 153. O escrivão ou o chefe de secretaria atenderá, prefe-
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam
rencialmente, à ordem cronológica de recebimento para publicação
em segredo de justiça os processos:
e efetivação dos pronunciamentos judiciais. (Redação dada pela Lei
I - em que o exija o interesse público ou social;
nº 13.256, de 2016) (Vigência)
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, di-
§ 1º A lista de processos recebidos deverá ser disponibilizada,
vórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de
de forma permanente, para consulta pública.
crianças e adolescentes;
§ 2º Estão excluídos da regra do caput :
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucio-
I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronuncia-
nal à intimidade;
mento judicial a ser efetivado;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento
II - as preferências legais.
de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbi-
§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem
tragem seja comprovada perante o juízo.
cronológica de recebimento entre os atos urgentes e as preferên-
§ 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite
cias legais.
em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às
§ 4º A parte que se considerar preterida na ordem cronológica
partes e aos seus procuradores.
poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz do processo, que re- § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode
quisitará informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de
2 (dois) dias. inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
§ 5º Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam au-
cumprimento do ato e a instauração de processo administrativo tocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mu-
disciplinar contra o servidor. danças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa
Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça: e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e processuais, antes ou durante o processo.
demais diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará
presença de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes
ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora; aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em
III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento; manifesta situação de vulnerabilidade.
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar ca-
V - efetuar avaliações, quando for o caso; lendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso.

2
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele SEÇÃO III
previstos somente serão modificados em casos excepcionais, DOS ATOS DAS PARTES
devidamente justificados.
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações uni-
processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido laterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a consti-
designadas no calendário. tuição, modificação ou extinção de direitos processuais.
Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos
o uso da língua portuguesa. após homologação judicial.
Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições, arrazoa-
somente poderá ser juntado aos autos quando acompanhado de dos, papéis e documentos que entregarem em cartório.
versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou interli-
pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado. neares, as quais o juiz mandará riscar, impondo a quem as escrever
multa correspondente à metade do salário-mínimo.
SEÇÃO II
DA PRÁTICA ELETRÔNICA DE ATOS PROCESSUAIS SEÇÃO IV
DOS PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente
digitais, de forma a permitir que sejam produzidos, comunicados, Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em senten-
armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da lei. ças, decisões interlocutórias e despachos.
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for § 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos
cabível, à prática de atos notariais e de registro. especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do
a publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e de procedimento comum, bem como extingue a execução.
seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamen- § 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de
to, observadas as garantias da disponibilidade, independência da natureza decisória que não se enquadre no § 1º.
plataforma computacional, acessibilidade e interoperabilidade dos § 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz
sistemas, serviços, dados e informações que o Poder Judiciário ad- praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte.
ministre no exercício de suas funções. § 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista
Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de
feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos de auten- ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.
ticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e, Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos
nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, tribunais.
observada a infraestrutura de chaves públicas unificada nacional- Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos
mente, nos termos da lei. serão redigidos, datados e assinados pelos juízes.
Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, supleti- § 1º Quando os pronunciamentos previstos no caput forem
vamente, aos tribunais, regulamentar a prática e a comunicação proferidos oralmente, o servidor os documentará, submetendo-os
oficial de atos processuais por meio eletrônico e velar pela compa- aos juízes para revisão e assinatura.
tibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva § 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição,
de novos avanços tecnológicos e editando, para esse fim, os atos pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.
que forem necessários, respeitadas as normas fundamentais deste § 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo
Código. das sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados no Diário
Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes de de Justiça Eletrônico.
seu sistema de automação em página própria na rede mundial de
computadores, gozando a divulgação de presunção de veracidade SEÇÃO V
e confiabilidade. DOS ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DE SECRETARIA
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema e
de erro ou omissão do auxiliar da justiça responsável pelo registro Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão ou
dos andamentos, poderá ser configurada a justa causa prevista no o chefe de secretaria a autuará, mencionando o juízo, a natureza
art. 223, caput e § 1o. do processo, o número de seu registro, os nomes das partes e a
Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gra- data de seu início, e procederá do mesmo modo em relação aos
tuitamente, à disposição dos interessados, equipamentos necessá- volumes em formação.
rios à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso ao siste- Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e rubri-
ma e aos documentos dele constantes. cará todas as folhas dos autos.
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do Mi-
eletrônico no local onde não estiverem disponibilizados os equipa- nistério Público, ao defensor público e aos auxiliares da justiça é
mentos previstos no caput. facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que in-
Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pes- tervierem.
soas com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede mundial Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros se-
de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à melhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão
comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrô- ou pelo chefe de secretaria.
nica. Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados
pelas pessoas que neles intervierem, todavia, quando essas não
puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de secre-
taria certificará a ocorrência.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 1º Quando se tratar de processo total ou parcialmente 1. Conceito
documentado em autos eletrônicos, os atos processuais praticados Atos são condutas humanas que geram repercussão no Direi-
na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de to. Os atos processuais são os atos que possuem ligação com um
modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, processo e repercutem nele. Na verdade, por definição, o processo
na forma da lei, mediante registro em termo, que será assinado é um conjunto de atos que se sucedem no tempo e que têm por
digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem objetivo a obtenção da tutela jurisdicional.
como pelos advogados das partes.
§ 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições na transcrição 2. Classificação quanto ao sujeito processual
deverão ser suscitadas oralmente no momento de realização a) Atos da parte
do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano e - Declarações unilaterais de vontade – postulações em geral e
ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão. manifestações de vontade. Ex: petição inicial e impugnação à con-
Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de testação para o autor; contestação, exceções, impugnações e ações
outro método idôneo em qualquer juízo ou tribunal. declaratórias incidentais pelo réu.
Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais espaços - Declarações bilaterais de vontade – transações, acordos.
em branco, salvo os que forem inutilizados, assim como entrelinhas,
emendas ou rasuras, exceto quando expressamente ressalvadas. b) Atos do juiz
No âmbito dos atos do juiz estão diversos provimentos ou pro-
CAPÍTULO II nunciamentos, notadamente:
DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS - Despacho ou despachos de mero expediente – são os atos
desprovidos de conteúdo decisório, dos quais não cabe recurso al-
SEÇÃO I gum.
DO TEMPO - Decisões interlocutórias – quando o juiz, no curso do proces-
so, resolve uma questão incidente, profere decisão durante o trâ-
Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, mite processual.
das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. - Sentenças – art. 162, §1º – é o ato do juiz que implica numa
§ 1º Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados an- das situações, isto é, que contém uma das matérias, previstas nos
tes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. artigos 267 ou 269, desde que coloque fim ao processo todo ou à
§ 2º Independentemente de autorização judicial, as citações, fase de cognição.
intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias fo- - Acórdãos – decisões tomadas por um órgão colegiado.
renses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário - Decisões monocráticas – as proferidas por um dos integran-
estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5º, inciso XI, tes do colegiado, por exemplo, relator do acórdão. Cabe recurso, o
da Constituição Federal. agravo interno (mesmo os embargos de declaração, se interpostos,
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição poderão ser recebidos como agravo interno), no prazo de 5 dias.
em autos não eletrônicos, essa deverá ser protocolada no horário
de funcionamento do fórum ou tribunal, conforme o disposto na lei c) Atos dos servidores
de organização judiciária local. Os auxiliares da justiça também praticam atos processuais.
Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer Ex.: Oficial de justiça praticando o ato de penhora, citação ou
em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia intimação.
do prazo.
Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual o 3. Formas e requisitos
ato deve ser praticado será considerado para fins de atendimento A lei buscou conciliar o princípio da liberdade de forma com o
do prazo. da legalidade.
Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se pra- Em regra, os atos processuais não dependem de forma deter-
ticarão atos processuais, excetuando-se: minada. Contudo, há casos em que a lei impõe determinada forma
I - os atos previstos no art. 212, § 2o; para o ato processual, cominando a pena de nulidade para o seu
II - a tutela de urgência. desrespeito. Por seu turno, a nulidade só será declarada se o ato
Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as não preencher a sua finalidade.
houver, e não se suspendem pela superveniência delas: São requisitos gerais:
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários - redação no vernáculo, exigindo-se tradução juramentada se
à conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo não estiverem em português;
adiamento; - atos orais também praticados em português, podendo se fa-
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remo- zer presente intérprete;
ção de tutor e curador; - atos datilografados ou escritos (salvo a possibilidade de grava-
III - os processos que a lei determinar. ção fonográfica nos juizados especiais);
Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito - veda-se o uso de abreviaturas e de espaços em branco;
frense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expe- - necessária a conferência de publicidade em regra (salvo se-
diente forense. gredo de justiça – interesse público e ações de família); praticados
na sede do juízo;
SEÇÃO II - praticados no prazo determinado;
DO LUGAR
- realizados em dias úteis (sábado – predomina que é possível
praticar atos externos com autorização do juiz como penhora e ci-
Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na
tação, mas a contagem de prazos não pode começar nem terminar
sede do juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em razão de
nele porque não existe expediente forense), no curso do dia (das
deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstá-
6 às 20 horas, sendo que o protocolo pode fechar antes conforme
culo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
previsão da lei de organização judiciária do órgão); nas férias foren- § 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil
ses, que somente existem em órgãos da 1ª instância, atos urgentes seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça
e excepcionais podem ser praticados. eletrônico.
§ 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que
CAPÍTULO III seguir ao da publicação.
DOS PRAZOS Art. 225.  A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido ex-
clusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira expressa.
SEÇÃO I Art. 226.  O juiz proferirá:
DISPOSIÇÕES GERAIS I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias;
Art. 218.  Os atos processuais serão realizados nos prazos pres- III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.
critos em lei. Art. 227.  Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo jus-
§ 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em tificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos a que está
consideração à complexidade do ato. submetido.
§ 2o Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações Art. 228.  Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclu-
somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48 (quaren- sos no prazo de 1 (um) dia e executar os atos processuais no prazo
ta e oito) horas. de 5 (cinco) dias, contado da data em que:
§ 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, I - houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto
será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a pela lei;
cargo da parte. II - tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.
§ 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do ter- § 1o Ao receber os autos, o serventuário certificará o dia e a
mo inicial do prazo. hora em que teve ciência da ordem referida no inciso II.
Art. 219.  Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei § 2o Nos processos em autos eletrônicos, a juntada de petições
ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. ou de manifestações em geral ocorrerá de forma automática, inde-
Parágrafo único.  O disposto neste artigo aplica-se somente aos pendentemente de ato de serventuário da justiça.
prazos processuais. Art. 229.  Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores,
Art. 220.  Suspende-se o curso do prazo processual nos dias de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em do-
compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. bro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribu-
§ 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos nal, independentemente de requerimento.
por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria § 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas
Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles.
suas atribuições durante o período previsto no caput. § 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos
§ 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiên- eletrônicos.
cias nem sessões de julgamento. Art. 230.  O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pú-
Art. 221.  Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado blica, a Defensoria Pública e o Ministério Público será contado da
em detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do citação, da intimação ou da notificação.
art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual ao que fal- Art. 231.  Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia
tava para sua complementação. do começo do prazo:
Parágrafo único.  Suspendem-se os prazos durante a execução I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quan-
de programa instituído pelo Poder Judiciário para promover a auto- do a citação ou a intimação for pelo correio;
composição, incumbindo aos tribunais especificar, com antecedên- II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando
cia, a duração dos trabalhos. a citação ou a intimação for por oficial de justiça;
Art. 222.  Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando
difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2 (dois) ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria;
meses. IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz,
§ 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência quando a citação ou a intimação for por edital;
das partes. V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da inti-
§ 2o Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput mação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a
para prorrogação de prazos poderá ser excedido. citação ou a intimação for eletrônica;
Art. 223.  Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232
ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de ori-
judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o rea- gem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se
lizou por justa causa. realizar em cumprimento de carta;
§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da par- VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diá-
te e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. rio da Justiça impresso ou eletrônico;
§ 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da
do ato no prazo que lhe assinar. retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria.
Art. 224.  Salvo disposição em contrário, os prazos serão con- § 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo
tados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. para contestar corresponderá à última das datas a que se referem
§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraí- os incisos I a VI do caput.
dos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que § 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é
o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora contado individualmente.
normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela par- De modo geral, a natureza dos prazos impostos às partes é
te ou por quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a preclusiva, significa que o desrespeito implica na perda da facul-
intermediação de representante judicial, o dia do começo do prazo dade processual de praticar o ato. Por exemplo, se não contestar a
para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data ação será revel. Contudo, nem todos os prazos são preclusivos. Por
em que se der a comunicação. exemplo, se não se manifestar sobre os documentos juntados pelo
§ 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com réu pode fazê-lo depois.
hora certa. Já os atos impostos ao juiz e aos seus auxiliares não são preclu-
Art. 232.  Nos atos de comunicação por carta precatória, ro- sivos, não há perda da faculdade e nem desaparecimento da obriga-
gatória ou de ordem, a realização da citação ou da intimação será ção de praticar o ato. Por exemplo, o juiz não se exime do dever de
imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado sentenciar porque passou o prazo de 10 dias previsto em lei.
ao juiz deprecante. Nos prazos impróprios, sanções administrativas e outras são
possíveis, mas não sanções processuais.
SEÇÃO II A lei fixa o prazo – em anos, meses, dias, horas ou minutos. Em
DA VERIFICAÇÃO DOS PRAZOS E DAS PENALIDADES casos excepcionais as partes podem convencionar os prazos.
Os prazos legais se classificam em peremptórios, que não po-
Art. 233.  Incumbe ao juiz verificar se o serventuário excedeu, dem ser modificados pela vontade das partes (ex: resposta, recurso,
sem motivo legítimo, os prazos estabelecidos em lei. incidente de falsidade, nomeação de bens à penhora, embargos do
§ 1o Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de pro- devedor, ajuizamento de ação principal após cautelar), e dilatórios,
cesso administrativo, na forma da lei. que podem ser reduzidos ou prorrogados por convenção das par-
§ 2o Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defensoria tes (ex: arrolar testemunhas, formular quesitos, manifestar sobre a
Pública poderá representar ao juiz contra o serventuário que injusti- produção de provas).
ficadamente exceder os prazos previstos em lei. Na contagem de prazo, exclui-se o dia do começo e inclui-se o
Art. 234.  Os advogados públicos ou privados, o defensor pú- dia do vencimento, mas o prazo não pode iniciar e nem terminar
blico e o membro do Ministério Público devem restituir os autos no em dia que seja dia útil.
prazo do ato a ser praticado. O prazo pode ser suspenso (hipóteses do artigo 180, CPC) ou
§ 1o É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado interrompido (quando o réu requerer desmembramento do proces-
que exceder prazo legal. so em virtude de litisconsórcio multitudinário).
§ 2o Se, intimado, o advogado não devolver os autos no prazo Na falta de determinação legal, o prazo é de 5 dias.
de 3 (três) dias, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá
em multa correspondente à metade do salário-mínimo. TÍTULO II
§ 3o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
da Ordem dos Advogados do Brasil para procedimento disciplinar e
imposição de multa. CAPÍTULO I
§ 4o Se a situação envolver membro do Ministério Público, da DISPOSIÇÕES GERAIS
Defensoria Pública ou da Advocacia Pública, a multa, se for o caso,
será aplicada ao agente público responsável pelo ato. Os atos processuais serão comunicados a quem de interesse
§ 5o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao órgão com- – partes, testemunhas, Ministério Público, intervenientes. A lei pro-
petente responsável pela instauração de procedimento disciplinar cessual regula como se dá a comunicação destes atos.
contra o membro que atuou no feito.
Art. 235.  Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Art. 236.  Os atos processuais serão cumpridos por ordem ju-
Pública poderá representar ao corregedor do tribunal ou ao Conse- dicial.
lho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustificadamente § 1o Será expedida carta para a prática de atos fora dos limites
exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento in- territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da subseção judici-
terno. árias, ressalvadas as hipóteses previstas em lei.
§ 1o Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido § 2o O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele vinculado,
previamente o juiz, não sendo caso de arquivamento liminar, será se o ato houver de se realizar fora dos limites territoriais do local de
instaurado procedimento para apuração da responsabilidade, com sua sede.
intimação do representado por meio eletrônico para, querendo, § 3o Admite-se a prática de atos processuais por meio de vide-
apresentar justificativa no prazo de 15 (quinze) dias. oconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons
§ 2o Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em até e imagens em tempo real.
48 (quarenta e oito) horas após a apresentação ou não da justifica-
tiva de que trata o § 1o, se for o caso, o corregedor do tribunal ou O juiz determina a prática do ato processual que deva ser le-
o relator no Conselho Nacional de Justiça determinará a intimação vado a conhecimento alheio. Ex.: manifestar-se sobre determinado
do representado por meio eletrônico para que, em 10 (dez) dias, assunto ou comparecer a uma audiência. Logo, para que o ato seja
pratique o ato. praticado é preciso dar ciência da determinação judicial neste sen-
§ 3o Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto tido.
legal do juiz ou do relator contra o qual se representou para decisão Contudo, o juiz possui competência limitada porque a jurisdi-
em 10 (dez) dias. ção, ainda que seja una, é dividida em parcelas. Cada juiz possui
uma parcela de jurisdição e não pode ingressar na parcela alheia.
Prazo é a distância de tempo entre dois atos. No processo é ne- Então, se o juiz determinar a prática de um ato processual fora dos
cessário o estabelecimento de prazos para que ele não se eternize. limites de sua jurisdição precisará solicitar a cooperação do juízo
Quando o prazo tem a capacidade de gerar preclusão, trata-se de competente mediante carta (precatória entre juízos dentro do Bra-
prazo próprio; quando não existe a possibilidade de preclusão pelo sil, rogatória para juízo fora do Brasil, de ordem quando partir do
desrespeito, o prazo é impróprio. Tribunal para juízo de primeira instância).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 237.  Será expedida carta: § 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado
I - de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2o do art. 236; supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data
II - rogatória, para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à exe-
ato de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em cução.
curso perante órgão jurisdicional brasileiro; § 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo
III - precatória, para que órgão jurisdicional brasileiro pratique de:
ou determine o cumprimento, na área de sua competência territo- I - conhecimento, o réu será considerado revel;
rial, de ato relativo a pedido de cooperação judiciária formulado por II - execução, o feito terá seguimento.
órgão jurisdicional de competência territorial diversa;
IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou de- A citação válida gera efeitos determinados:
termine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de a) Induz litispendência: a ação considera-se proposta quando
ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo distribuída, eis que o artigo 312 do CPC/2015 prevê que “considera-
arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória. se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada,
Parágrafo único.  Se o ato relativo a processo em curso na justi- todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos
ça federal ou em tribunal superior houver de ser praticado em local mencionados no art. 240 depois que for validamente citado”.
onde não haja vara federal, a carta poderá ser dirigida ao juízo Uma vez proposta, existe lide pendente. Contudo, o efeito da
estadual da respectiva comarca. litispendência somente se opera com a citação válida. Por isso,
se existirem, em curso, duas ou mais demandas idênticas, deverá
O CPC/2015 inova ao criar uma modalidade de carta denomi- permanecer apenas aquela em que se aperfeiçoou a primeira
nada arbitral, que serve para que um juízo de arbitragem solicite ao citação válida. As demais deverão ser extintas.
Judiciário as providências para fazer com que a decisão arbitral seja b) Faz litigiosa a coisa: é com a citação válida que o objeto do
cumprida. A Lei nº 9307/1996 reformulou o instituto da arbitragem processo se torna litigioso. Isso é muito importante para fins de fraude
no Brasil, de modo que a sentença arbitral não estaria mais sujeita à contra credores e fraude À execução, porque a alienação de bem, quan-
homologação pelo Poder Judiciário, tendo caráter definitivo, sendo do sobre ele pender ação fundada em direito real, ou de bens, quando
que a escolha do juízo arbitral geraria extinção do processo sem jul- correr contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência, será
gamento do mérito. Logo, para fins de dizer o direito o juízo arbitral em fraude à execução, desde que o devedor já tenha sido citado.
tem bastante força, mas a lei não transfere a ele o poder de coação c) Constitui em mora o devedor: o devedor reputa-se em mora des-
que só o Estado tem. Então, para que o juízo arbitral faça valer na de o momento em que citado, salvo se tiver sido constituído em mora
prática suas decisões, satisfazendo o credor, precisa da colaboração anteriormente. Há obrigações que possuem termo certo de vencimento
do Judiciário e o instrumento para fazê-lo é a carta arbitral. nas quais o devedor está em mora transcorrido o prazo para adimple-
mento (ex.: contratos com prazo); além de casos em que a lei fixa termo
CAPÍTULO II anterior para a mora, como no caso dos atos ilícitos, constituindo-se em
DA CITAÇÃO mora da data do fato. Não obstante, é possível constituir em mora antes
da citação, por exemplo, mediante notificação extrajudicial.
Art. 238.  Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o d) Interrompe a prescrição: a citação válida interrompe a pres-
executado ou o interessado para integrar a relação processual. crição, ainda quando ordenada por juízo incompetente. Tal efeito se
estende aos prazos decadenciais. Frisa-se que para o efeito retroa-
Citação é o ato pelo qual se dá ciência ao réu, ao executado tivo à propositura da ação se operar é preciso que a citação ocorra
(na ação de execução autônoma, pois quando a execução se dá em dentro de 10 dias da propositura, mas se houver demora que não
fase seguida ao processo de conhecimento ou no curso dele – exe- se justifique por culpa do autor (ex: ele recolheu as custas e o oficial
cução provisória – não é necessária nova citação) ou ao interessado de justiça demorou pra fazer a diligência, ou a carta de citação se
(interveniente. Ex.: denunciação da lide; chamamento ao proces- extraviou) o efeito se opera mesmo ultrapassado o prazo. Caso não
so) da existência do processo, concedendo-lhe a possibilidade de seja interrompida a tempo e se consume, o juiz declarará a prescri-
se defender. A finalidade da citação é cientificar o réu, o executado ção de ofício, extinguindo o processo.
ou o interessado de que há um processo em curso e que eles têm
oportunidade para defender-se. Art. 240.  A citação válida, ainda quando ordenada por juízo in-
A citação é um ato essencial no processo, porque ela que com- competente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui
pleta a relação jurídico-processual. Até que ocorra a citação válida o em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da
processo existe apenas para autor e juiz, mas não para o réu. Neste Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
sentido, a citação é pressuposto processual de existência. Por seu § 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que
turno, é preciso lembrar que no início da fase postulatória o réu ain- ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retro-
da não foi chamado ao processo, como quando a inicial é indeferida agirá à data de propositura da ação.
ou quando se dá a improcedência liminar do pedido sem interposi- § 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as pro-
ção de apelação. Além disso, mesmo que a citação se dê contrária
vidências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se
à forma estabelecida em lei, se convalidará com o comparecimento
aplicar o disposto no § 1o.
do citando ao processo. Em outras palavras, se o citando compa-
§ 3o A parte não será prejudicada pela demora imputável ex-
recer ao processo para arguir a nulidade ele será tido como citado
clusivamente ao serviço judiciário.
(a citação não precisa se renovar) e se sua arguição for acolhida se
§ 4o O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à deca-
abrirá novo prazo para resposta (se não for acolhida será tido como
dência e aos demais prazos extintivos previstos em lei.
revel no processo de conhecimento e perderá o prazo para opor
embargos à execução no processo de execução).
Quanto às modalidades de citação, a regra é que seja pessoal
Art. 239.  Para a validade do processo é indispensável a citação (mediante correio ou oficial de justiça), aceitando-se excepcional-
do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento mente que seja ficta (por hora certa pelo oficial de justiça ou por
da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. edital mediante publicação).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
A citação pessoal pode ser direta, quando feita na pessoa do A citação por edital e a citação por hora certa (que é uma espé-
citando ou de seu representante legal (se for capaz o citando será cie de citação por mandado – oficial de justiça) são as duas espécies
citado pessoalmente, se absolutamente incapaz pelo seu represen- de citação ficta. A citação real se dá por correio ou por mandado.
tante, se relativamente incapaz tanto pessoalmente quanto pelo A citação deve ser real, aceitando-se a ficta excepcionalmente.
seu representante), ou indireta, quando feita a alguém que tenha Então, primeiro serão tomadas providências para localizar o citando
poderes de vincular o réu (procurador legalmente habilitado ou ter- caso faltem informações neste sentido, viabilizando a citação real.
ceiro que por força de lei ou contrato tenha poderes de vincular Em regra, a citação real se fará por correio com AR (aviso de rece-
o réu, como seu empregado ou preposto, aceitando-se quanto a bimento), mas a lei prevê casos em que a citação deve ser feita por
pessoas jurídicas a dispensa da formalidade de entrega direta ao oficial de justiça e assegura que quando a citação por correio for
destinatário/sócio ou administrador). infrutífera será feita nova tentativa por oficial de justiça. Também
ocorre citação real quando feita por meio eletrônico para pessoas
Art. 241. Transitada em julgado a sentença de mérito proferida devidamente cadastradas no sistema para recebê-la.
em favor do réu antes da citação, incumbe ao escrivão ou ao chefe Quando não for possível a citação real, por exemplo, porque o
de secretaria comunicar-lhe o resultado do julgamento. réu não foi encontrado apesar das diligências ou porque ele está se
Art. 242.  A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita esquivando propositalmente de recebê-la, parte-se para a citação
na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do exe- ficta. A citação ficta por hora certa é realizada por oficial de justiça
cutado ou do interessado. munido de mandado quando por duas vezes ele tenta encontrar o
§ 1o Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de citando e não consegue, percebendo que ele na verdade está se
seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando a ocultando (requisitos cumulativos: não encontrar + intenção de
ação se originar de atos por eles praticados. ocultação), de modo que ele deixa avisado que voltará em dia e
§ 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o lo- hora seguintes para citar, mesmo que o citando não esteja presen-
catário de que deixou, na localidade onde estiver situado o imó- te. A citação ficta por edital mediante publicação na internet é feita
vel, procurador com poderes para receber citação será citado na quando o réu não é encontrado apesar de inúmeras tentativas, não
pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento sendo o caso de citar por hora certa porque não se tem certeza do
dos aluguéis, que será considerado habilitado para representar o endereço e nem se percebe a ocultação, ou quando a lei determina
locador em juízo. a citação geral de réus indeterminados.
§ 3o A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito Art. 246.  A citação será feita:
público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública respon- I - pelo correio;
sável por sua representação judicial. II - por oficial de justiça;
Art. 243.  A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando compa-
se encontre o réu, o executado ou o interessado. recer em cartório;
Parágrafo único.  O militar em serviço ativo será citado na uni- IV - por edital;
dade em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
ou nela não for encontrado. § 1o Com exceção das microempresas e das empresas de peque-
Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento no porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter
do direito: cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efei-
I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; to de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetua-
II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do mor- das preferencialmente por esse meio.
to, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em § 2o O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, ao Dis-
segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; trito Federal, aos Municípios e às entidades da administração in-
III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casa- direta.
mento; § 3o Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão cita-
IV - de doente, enquanto grave o seu estado. dos pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autôno-
Art. 245.  Não se fará citação quando se verificar que o citando ma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada.
é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la. Art. 247.  A citação será feita pelo correio para qualquer co-
§ 1o O oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamen- marca do país, exceto:
te a ocorrência. I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3o;
§ 2o Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apre- II - quando o citando for incapaz;
sentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias. III - quando o citando for pessoa de direito público;
§ 3o Dispensa-se a nomeação de que trata o § 2o se pessoa da IV - quando o citando residir em local não atendido pela entre-
família apresentar declaração do médico do citando que ateste a ga domiciliar de correspondência;
incapacidade deste. V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra for-
§ 4o Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao ma.
citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabele- Art. 248.  Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe
cida em lei e restringindo a nomeação à causa. de secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do
§ 5o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incum- despacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o endereço
birá a defesa dos interesses do citando.
do juízo e o respectivo cartório.
§ 1o A carta será registrada (AR)para entrega ao citando, exi-
Por sua vez, a lei processual estabelece quatro tipos de citação:
gindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo.
pelo correio, por oficial de justiça, por edital e por meio eletrônico.
§ 2o Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do
Distinguem-se, entre essas espécies, formas de citação real e ficta.
mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de adminis-
É real quando se tem certeza de que ela chegou a conhecimento do
tração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de
réu e é ficta aquela que não é recebida diretamente pelo réu (moti-
correspondências.
vo pelo qual, se ele não comparece, é nomeado curador especial).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 3o Da carta de citação no processo de conhecimento consta- Art. 255.  Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas
rão os requisitos do art. 250. que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça
§ 4o Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com con- poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notifica-
trole de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário ções, penhoras e quaisquer outros atos executivos.
da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, Art. 256.  A citação por edital será feita:
entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, I - quando desconhecido ou incerto o citando;
sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está au- II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se
sente. encontrar o citando;
Art. 249.  A citação será feita por meio de oficial de justiça nas III - nos casos expressos em lei.
hipóteses previstas neste Código ou em lei, ou quando frustrada a § 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital,
citação pelo correio. o país que recusar o cumprimento de carta rogatória.
Art. 250.  O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir § 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o
conterá: réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se
I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos domicílios na comarca houver emissora de radiodifusão.
ou residências; § 3o O réu será considerado em local ignorado ou incerto se
II - a finalidade da citação, com todas as especificações cons- infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante
tantes da petição inicial, bem como a menção do prazo para contes- requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadas-
tar, sob pena de revelia, ou para embargar a execução; tros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos.
III - a aplicação de sanção para o caso de descumprimento da Art. 257.  São requisitos da citação por edital:
ordem, se houver; I - a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a
IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, presença das circunstâncias autorizadoras;
acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de II - a publicação do edital na rede mundial de computadores,
conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conse-
lugar do comparecimento; lho Nacional de Justiça, que deve ser certificada nos autos;
V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da decisão que III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20
deferir tutela provisória; (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data da publicação única ou,
VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a de- havendo mais de uma, da primeira;
claração de que o subscreve por ordem do juiz. IV - a advertência de que será nomeado curador especial em
Art. 251.   Incumbe ao oficial de justiça procurar o citando e, caso de revelia.
onde o encontrar, citá-lo: Parágrafo único.  O juiz poderá determinar que a publicação
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; do edital seja feita também em jornal local de ampla circulação ou
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; por outros meios, considerando as peculiaridades da comarca, da
III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o citando seção ou da subseção judiciárias.
não a apôs no mandado. Art. 258.  A parte que requerer a citação por edital, alegando
Art. 252.  Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver dolosamente a ocorrência das circunstâncias autorizadoras para
procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encon- sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário-mí-
trar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pes- nimo.
soa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil Parágrafo único.  A multa reverterá em benefício do citando.
imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Art. 259.  Serão publicados editais: 
Parágrafo único.  Nos condomínios edilícios ou nos loteamen- I - na ação de usucapião de imóvel;
tos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o II - na ação de recuperação ou substituição de título ao por-
caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento tador;
de correspondência. III - em qualquer ação em que seja necessária, por determina-
Art. 253.  No dia e na hora designados, o oficial de justiça, inde- ção legal, a provocação, para participação no processo, de interes-
pendentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à sados incertos ou desconhecidos.
residência do citando a fim de realizar a diligência.
§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça pro- CAPÍTULO III
curará informar-se das razões da ausência, dando por feita a ci- DAS CARTAS
tação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca,
seção ou subseção judiciárias. Art. 260.  São requisitos das cartas de ordem, precatória e ro-
§ 2o A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pes- gatória:
soa da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja au- I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
sente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instru-
recusar a receber o mandado. mento do mandato conferido ao advogado;
§ 3o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará con- III - a menção do ato processual que lhe constitui o objeto;
trafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, IV - o encerramento com a assinatura do juiz.
declarando-lhe o nome. § 1o O juiz mandará trasladar para a carta quaisquer outras
§ 4o O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência peças, bem como instruí-la com mapa, desenho ou gráfico, sempre
de que será nomeado curador especial se houver revelia. que esses documentos devam ser examinados, na diligência, pelas
Art. 254.  Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe partes, pelos peritos ou pelas testemunhas.
de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo § 2o Quando o objeto da carta for exame pericial sobre docu-
de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos au- mento, este será remetido em original, ficando nos autos reprodu-
tos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de ção fotográfica.
tudo ciência.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 3o A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisitos a A carta emitida por meio eletrônico tem os mesmos requisitos
que se refere o caput e será instruída com a convenção de arbitra- da carta impressa. Por uma questão de celeridade processual o ato
gem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua aceitação é praticado de ofício e depois a parte pagará por ele.
da função.
Art. 267.  O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou
Entre os requisitos essenciais das cartas estão a menção do juí- arbitral, devolvendo-a com decisão motivada quando:
zo deprecante e do deprecado, a íntegra do ato judicial sobre o qual se I - a carta não estiver revestida dos requisitos legais;
refere a carta, além do mandato dos advogados e da assinatura do juiz. II - faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hie-
rarquia;
Art. 261.  Em todas as cartas o juiz fixará o prazo para cumpri- III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
mento, atendendo à facilidade das comunicações e à natureza da Parágrafo único.  No caso de incompetência em razão da ma-
diligência. téria ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme o ato a ser pra-
§ 1o As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ato de expe- ticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao tribunal competente.
dição da carta. Art. 268. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem
§ 2o Expedida a carta, as partes acompanharão o cumprimento no prazo de 10 (dez) dias, independentemente de traslado, pagas as
da diligência perante o juízo destinatário, ao qual compete a prática custas pela parte.
dos atos de comunicação.
§ 3o A parte a quem interessar o cumprimento da diligência co- A carta poderá ser cumprida e devolvida ao juízo de origem ou
operará para que o prazo a que se refere o caput seja cumprido. então o juízo deprecado poderá se recusar a cumpri-la, apresentan-
do justificativas. Não cabe recusa desmotivada ou justificada fora
Toda carta tem fixado prazo para ser cumprido. No mais, a car- das hipóteses do artigo 267.
ta não se cumprirá automaticamente, caberá à parte interessada
tomar providências para tanto. Sempre que a carta é distribuída se CAPÍTULO IV
cria um número de acompanhamento do processo, cadastrando-se DAS INTIMAÇÕES
os advogados, que irão praticar atos no curso da carta.
Art. 269.  Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém
Art. 262.  A carta tem caráter itinerante, podendo, antes ou dos atos e dos termos do processo.
depois de lhe ser ordenado o cumprimento, ser encaminhada a juízo
§ 1o É facultado aos advogados promover a intimação do ad-
diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato.
vogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos, a
Parágrafo único.  O encaminhamento da carta a outro juízo
seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento.
será imediatamente comunicado ao órgão expedidor, que intima-
§ 2o O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do
rá as partes.
despacho, da decisão ou da sentença.
§ 3o A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Nos termos da legislação, se o juízo deprecado não tiver como
Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito
cumprir a Carta porque esta deve ser cumprida em outro lugar de-
público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública res-
verá remetê-la ao juízo competente e não devolvê-la não cumpri-
da ao juízo deprecante. Na prática, sabemos que nem sempre isso ponsável por sua representação judicial.
ocorre. Art. 270.  As intimações realizam-se, sempre que possível, por
meio eletrônico, na forma da lei.
Art. 263.  As cartas deverão, preferencialmente, ser expedidas Parágrafo único.  Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria
por meio eletrônico, caso em que a assinatura do juiz deverá ser Pública e à Advocacia Pública o disposto no § 1o do art. 246.
eletrônica, na forma da lei. Art. 271.  O juiz determinará de ofício as intimações em pro-
Art. 264.  A carta de ordem e a carta precatória por meio eletrô- cessos pendentes, salvo disposição em contrário.
nico, por telefone ou por telegrama conterão, em resumo substan- Art. 272.  Quando não realizadas por meio eletrônico, consi-
cial, os requisitos mencionados no art. 250, especialmente no que deram-se feitas as intimações pela publicação dos atos no órgão
se refere à aferição da autenticidade. oficial.
Art. 265.  O secretário do tribunal, o escrivão ou o chefe de se- § 1o Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles
cretaria do juízo deprecante transmitirá, por telefone, a carta de dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que pertençam, des-
ordem ou a carta precatória ao juízo em que houver de se cumprir o de que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
ato, por intermédio do escrivão do primeiro ofício da primeira vara, § 2o Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação
se houver na comarca mais de um ofício ou de uma vara, observan- constem os nomes das partes e de seus advogados, com o respec-
do-se, quanto aos requisitos, o disposto no art. 264. tivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se
§ 1o O escrivão ou o chefe de secretaria, no mesmo dia ou no assim requerido, da sociedade de advogados.
dia útil imediato, telefonará ou enviará mensagem eletrônica ao se- § 3o A grafia dos nomes das partes não deve conter abrevia-
cretário do tribunal, ao escrivão ou ao chefe de secretaria do juízo turas.
deprecante, lendo-lhe os termos da carta e solicitando-lhe que os § 4o A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder ao
confirme. nome completo e ser a mesma que constar da procuração ou que
§ 2o Sendo confirmada, o escrivão ou o chefe de secretaria sub- estiver registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
meterá a carta a despacho. § 5o Constando dos autos pedido expresso para que as comuni-
Art. 266.  Serão praticados de ofício os atos requisitados por cações dos atos processuais sejam feitas em nome dos advogados
meio eletrônico e de telegrama, devendo a parte depositar, contu- indicados, o seu desatendimento implicará nulidade.
do, na secretaria do tribunal ou no cartório do juízo deprecante, a § 6o A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga
importância correspondente às despesas que serão feitas no juízo pelo advogado, por pessoa credenciada a pedido do advogado ou
em que houver de praticar-se o ato. da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela Defenso-

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
ria Pública ou pelo Ministério Público implicará intimação de qual- Determinados órgãos têm o Direito de serem intimados pesso-
quer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de almente com abertura de vistas, como o Ministério Público, a De-
publicação. fensoria Pública, a Fazenda Pública.
§ 7o O advogado e a sociedade de advogados deverão requerer Já o modo prioritário de intimação das partes e dos seus repre-
o respectivo credenciamento para a retirada de autos por prepos- sentantes legais é a intimação pelo correio, cabendo, no entanto,
to. a intimação em cartório se eles se fizerem presentes. Frustrada a
§ 8o A parte arguirá a nulidade da intimação em capítulo pre- intimação pelo correio, se faz por oficial de justiça.
liminar do próprio ato que lhe caiba praticar, o qual será tido por
tempestivo se o vício for reconhecido. - Nulidades
§ 9o Não sendo possível a prática imediata do ato diante da Quando a lei estabelece forma, a sua inobservância pode
necessidade de acesso prévio aos autos, a parte limitar-se-á a ar- acarretar ineficácia do ato processual. O mesmo ocorre se houver
guir a nulidade da intimação, caso em que o prazo será contado da desrespeito a requisitos quanto ao seu modo, tempo e lugar. Tais
intimação da decisão que a reconheça. imperfeições podem ser reduzidas a três categorias: meras irregu-
Art. 273.  Se inviável a intimação por meio eletrônico e não laridades, nulidades e inexistência.
houver na localidade publicação em órgão oficial, incumbirá ao es- Os atos meramente irregulares derivam da não observância de
crivão ou chefe de secretaria intimar de todos os atos do processo formalidades que não são tão relevantes, não gerando nenhuma
os advogados das partes: consequência no processo. Ex.: usou tinta clara e não escura na prá-
I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo; tica do ato.
II - por carta registrada, com aviso de recebimento, quando fo- Nulidades processuais são as que decorrem da não observân-
rem domiciliados fora do juízo. cia de requisitos de validade. A nulidade sana-se com o decurso do
Art. 274.  Não dispondo a lei de outro modo, as intimações se- tempo. No processo civil, não existem nulidades de pleno direito.
rão feitas às partes, aos seus representantes legais, aos advogados Sendo assim, a nulidade deve ser declarada. Reconhecida, faz com
e aos demais sujeitos do processo pelo correio ou, se presentes em que sejam refeitos os atos processuais prejudicados pela nulidade.
cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria. As nulidades podem ser absolutas, quando atingirem interesse de
Parágrafo único.  Presumem-se válidas as intimações dirigidas ordem pública (podendo ser reconhecidas de ofício e alegadas por
ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pes- qualquer das partes e pelo Ministério Público), e relativas, quando
soalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou defi- somente atingirem os interesses das partes (somente a parte inte-
nitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os ressada poderá alegar). Independente do tipo de nulidade, o siste-
prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da ma processual adota o critério da instrumentalidade das formas e
correspondência no primitivo endereço. da preservação dos atos processuais – sendo assim, não há nulida-
Art. 275.  A intimação será feita por oficial de justiça quando de sem prejuízo. Se buscará a regularização das nulidades repetindo
frustrada a realização por meio eletrônico ou pelo correio. apenas os atos visivelmente prejudicados por ela.
§ 1o  A certidão de intimação deve conter: Atos inexistentes são aqueles sem os quais o processo nem ao
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, men- menos existe. Por exemplo, se a citação não respeitar os requisitos
cionando, quando possível, o número de seu documento de identi- e o réu não comparecer ao processo, para ele este é inexistente. Ele
dade e o órgão que o expediu; poderá entrar com ação declaratória de inexistência.
II - a declaração de entrega da contrafé;
III - a nota de ciente ou a certidão de que o interessado não a
apôs no mandado. 294 A 311
§ 2o Caso necessário, a intimação poderá ser efetuada com
hora certa ou por edital.
Tipos e formas de tutela jurisdicional
Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e - Tutelas de conhecimento: nos processos de conhecimento
termos do processo, geralmente para que faça ou deixe de fazer é possível detectar 5 espécies de tutela jurisdicional que podem
alguma coisa. A intimação pode ser voltada às partes, aos auxilia- ser prestadas, conforme a classificação de Pontes de Miranda. Esta
res da justiça (peritos, depositários, testemunhas) ou a terceiros a classificação doutrinária fixa as tutelas cuja eficácia prepondera na
quem cumpre realizar determinado ato no processo. A intimação é sentença que presta a jurisdição.
necessária sempre que o destinatário não tome ciência do ato dire- a) Meramente declaratórias (certificação) – É aquela pela qual
tamente (ex.: se está na audiência não precisa ser intimado). Quase o juiz atesta ou certifica a existência ou não de uma relação / si-
sempre a intimação é feita na pessoa do advogado. tuação jurídica controvertida ou a falsidade / autenticidade de um
São pessoais à parte aquelas intimações em que há determi- documento. Natureza ex tunc. Não forma título executivo. Ex.: in-
nação judicial para que ela própria cumpra determinado ato para o vestigatória de paternidade, usucapião, nulidade de negócio jurídi-
qual não se exige capacidade postulatória. Os demais atos devem co, sentenças de improcedência, interdição (posição majoritária).
ser comunicados ao advogado porque em geral ele que toma ciên-
cia das decisões, das designações de audiência, das provas determi- Obs.: Em toda sentença, mesmo que o pedido tenha por essên-
nadas e da sentença. cia outro cunho, o juiz declara quem tem razão. Então, toda senten-
Sempre que possível a intimação se faz por meio eletrônico, ça é declaratória, ainda que não em sua essência. Contudo, algumas
com publicação no Diário Oficial eletrônico (portal próprio disponí- são exclusivamente declaratórias.
vel na Internet). Dispensa-se a publicação no Diário Oficial impres-
so. A intimação deve conter os nomes das partes (salvo segredo de b) Constitutivas ou desconstitutivas (inovação) – É aquela pela
justiça, resumindo-se às iniciais) e dos advogados com o número da qual o juiz cria (positivas, constituem), modifica (modificativas, al-
OAB, informações suficientes para a identificação. O prazo corre da teram) ou extingue (negativas, desconstituem) uma relação ou si-
data da publicação, excluído o dia de início e incluído o do final. É tuação jurídica. Natureza ex nunc. Não forma título executivo. Ex.:
nestes moldes que se faz a intimação do advogado. adoção, adjudicação compulsória, ação de revisão de cláusula con-

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
tratual, modificação de guarda, divórcio, desconstituição do poder uma futura execução forçada e as que somente procuram manter
familiar, ação rescisória e rescisão de contrato. Perceba-se que a um estado de coisa; as medidas para assegurar pessoas compreendem
ação constitutiva pode ser voluntária (há litígio) ou necessária (não providências relativas à guarda provisória de pessoas e as destinadas a
há litígio mas a lei obriga). satisfazer suas necessidades urgentes; as medidas para assegurar pro-
c) Condenatórias (execução forçada) – É aquela em que se re- vas compreendem a antecipação de coleta de elementos de convicção
conhece um dever de prestar cujo inadimplemento autoriza o início a serem utilizadas na futura instrução do processo principal.
da fase de cumprimento e de execução. Resulta na formação de um
título executivo judicial. O juiz não só declara a existência do direito b) Antecipada – A tutela jurisdicional antecipada é aquela que
em favor do autor, mas concede a ele a possibilidade de valer-se antecipa o resultado útil do processo e confere ao postulante aquilo
de sanção executiva, fornecendo-lhe meios para tanto. A eficácia é que somente teria quando da decisão final transitada em julgado.
ex tunc, retroagindo à data da propositura da ação. Ex.: cobrança, - Tutela inibitória: Esta forma de tutela tem por objetivo, prote-
indenizatória, repetição de indébito, ação de regresso. ger o direito, a pretensão antes que efetivamente venha ser lesado
Em geral, as sentenças condenatórias já indicam qual o bem ou mesmo ameaçado, sendo, portanto, forma preventiva de tutela.
devido pelo réu e sua quantidade. No entanto, admitem-se senten- Trata-se de tutela anterior à sua prática, e não de uma tutela volta-
ças condenatórias alternativas (decide pela existência de uma obri- da para o passado, como a tradicional tutela ressarcitória.
gação de dar coisa incerta ou de uma obrigação alternativa, reco-
nhecendo ambas, embora só uma deva ser cumprida), genéricas ou Tutela definitiva
ilíquidas (é necessário propor uma fase de liquidação da sentença Foi aprofundada anteriormente.
determinando o quantum), e condicionais (exigência condicionada
de evento futuro certo – termo – ou incerto – condição). Tutela provisória

d) Executivas lato sensu (autoexecutoriedade) – É aquela que LIVRO V


contém mecanismos que permitem a imediata satisfação do ven- DA TUTELA PROVISÓRIA
cedor sem a necessidade de início da nova fase no processo. Têm
natureza condenatória e dispensam a fase de execução para que o TÍTULO I
comando da sentença seja cumprido, isto é, a satisfação não é obti- DISPOSIÇÕES GERAIS
da em 2 fases, mas em uma só. Logo que transita em julgado, é ex-
pedido mandado judicial para cumprir a sentença, sem que se exija Art. 294.  A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência
outro ato processual. Ex.: despejo, reintegração de posse, todas as ou evidência.
demandas para entrega de coisa que sejam procedentes. Parágrafo único.  A tutela provisória de urgência, cautelar ou
antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou inci-
e) Mandamentais ou injuncionais (ordem) – São aquelas que dental.
contêm uma ordem que deve ser cumprida pelo próprio destina- A tutela de urgência é baseada na necessidade de se assegurar
tário (e não por um serventuário), sob pena de crime ou multa e o provimento jurisdicional, retirando do risco o bem jurídico; já a
penas do artigo 14. Enfim, o juiz profere uma declaração reconhe- tutela de evidência se baseia apenas no fato de ser autoevidente a
cendo o direito, condena o réu, aplicando uma sanção, que não é alegação ou no fato de persistir uma conduta protelatória no feito.
simplesmente a condenação, é também a imposição de uma me- Sendo assim, a primeira pode ser antecedente ou incidental, ao pas-
dida, um comando, que permite a tomada de medidas concretas e so que a segunda somente será incidental.
efetivas para o vencedor satisfazer seu direito sem a necessidade
de processo autônomo de execução. Descumprida a ordem, o juiz Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental
pode determinar providências que pressionem o devedor, como a independe do pagamento de custas.
fixação de multa diária, conhecidas como astreintes. Ex.: mandado Se requeria a tutela provisória (cautelar ou de mérito) no curso
de segurança, obrigações de fazer ou não fazer. do processo de conhecimento dispensa-se o recolhimento de custas.

Obs.: A principal diferença entre a executiva lato sensu e a Art. 296.  A tutela provisória conserva sua eficácia na pendên-
mandamental é que na mandamental quem tem que cumprir é o cia do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou mo-
devedor, ao passo que na executiva, se o devedor não cumprir es- dificada.
pontaneamente, o Estado o fará. Parágrafo único.  Salvo decisão judicial em contrário, a tutela
provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão
Não obstante, há quem defenda uma sexta categoria. A catego- do processo.
ria “f” seria a das sentenças determinativas ou dispositivas (norma- Art. 297.  O juiz poderá determinar as medidas que considerar
tização) – Alguns autores estabelecem esta categoria – É aquela em adequadas para efetivação da tutela provisória.
que o juiz, com sua vontade, complementa a vontade do legislador Parágrafo único.  A efetivação da tutela provisória observará
e cria uma norma jurídica específica para o caso concreto. Ex.: regu- as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no
lamentação de visitas, revisão de cláusula contratual. que couber.
Marcus Vinícius Rios Gonçalves, contra a classificação de Pon- Art. 298.  Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar
tes de Miranda, diz que mandamental e executiva são 2 espécies de a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo
tutela condenatória. claro e preciso.
Art. 299.  A tutela provisória será requerida ao juízo da causa
- Tutelas de urgência: existem tutelas jurisdicionais que serão e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pe-
prestadas em caráter de urgência, podendo ser cautelar ou anteci- dido principal.
pada. Parágrafo único.  Ressalvada disposição especial, na ação de
a) Cautelar – A tutela jurisdicional cautelar é aquela que ser- competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisó-
ve para proteger pessoas, provas e bens em situação de risco: as ria será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar
medidas para assegurar bens compreendem as que visam garantir o mérito.

12
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
TÍTULO II § 5o  O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende
DA TUTELA DE URGÊNCIA valer-se do benefício previsto no caput deste artigo.
§ 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de
CAPÍTULO I tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da
DISPOSIÇÕES GERAIS petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de
o processo ser extinto sem resolução de mérito.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver Art. 304.  A tutela antecipada, concedida nos termos do art.
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interpos-
de dano ou o risco ao resultado útil do processo. to o respectivo recurso.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, confor- § 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.
me o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir § 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito
os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder termos do caput.
oferecê-la. § 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na
após justificação prévia. ação de que trata o § 2o.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será con- § 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento
cedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição
decisão. inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tu-
Art. 301.  A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser tela antecipada foi concedida.
efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, regis- § 5o  O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela
tro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida antecipada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois)
idônea para asseguração do direito. anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos
Art. 302.  Independentemente da reparação por dano proces- termos do § 1o.
sual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de § 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas
urgência causar à parte adversa, se: a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão
I - a sentença lhe for desfavorável; que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo.
fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo
de 5 (cinco) dias; CAPÍTULO III
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hi- DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM
pótese legal; CARÁTER ANTECEDENTE
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da
pretensão do autor. Art. 305.  A petição inicial da ação que visa à prestação de tute-
Parágrafo único.  A indenização será liquidada nos autos em la cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamen-
que a medida tiver sido concedida, sempre que possível. to, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
CAPÍTULO II Parágrafo único.  Caso entenda que o pedido a que se refere
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no
EM CARÁTER ANTECEDENTE art. 303.
Art. 306.  O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias,
Art. 303.  Nos casos em que a urgência for contemporânea à contestar o pedido e indicar as provas que pretende produzir.
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requeri- Art. 307.  Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados
mento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela fi- pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso
nal, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias.
perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. Parágrafo único.  Contestado o pedido no prazo legal, observar-
§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste -se-á o procedimento comum.
artigo: Art. 308.  Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complemen- ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que
tação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de
confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas
outro prazo maior que o juiz fixar; processuais.
II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação § 1o  O pedido principal pode ser formulado conjuntamente
ou de mediação na forma do art. 334; com o pedido de tutela cautelar.
III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação § 2o  A causa de pedir poderá ser aditada no momento de
será contado na forma do art. 335. formulação do pedido principal.
§ 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § § 3o Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas
1  deste artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito.
o
para a audiência de conciliação ou de mediação, na forma do art.
§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo 334, por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de
dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas pro- nova citação do réu.
cessuais. § 4o Não havendo autocomposição, o prazo para contestação
§ 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o será contado na forma do art. 335.
autor terá de indicar o valor da causa, que deve levar em conside- Art. 309.  Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter an-
ração o pedido de tutela final. tecedente, se:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias; estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço ele-
pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito. trônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
Parágrafo único.  Se por qualquer motivo cessar a eficácia da III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo IV - o pedido com as suas especificações;
fundamento. V - o valor da causa;
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade
parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, dos fatos alegados;
salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de deca- VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de
dência ou de prescrição. conciliação ou de mediação.
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II,
TÍTULO III poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências neces-
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA sárias a sua obtenção.
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independente- de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do
mente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resulta- réu.
do útil do processo, quando: § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o mani- ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informa-
festo propósito protelatório da parte; ções tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à jus-
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas do- tiça.
cumentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos re- Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos
petitivos ou em súmula vinculante; indispensáveis à propositura da ação.
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova do- Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche
cumental adequada do contrato de depósito, caso em que será de- os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregu-
cretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação laridades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará
de multa; que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete,
IV - a petição inicial for instruída com prova documental sufi- indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
ciente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz in-
oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. deferirá a petição inicial.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá
decidir liminarmente. SEÇÃO II
DO PEDIDO

Art. 322. O pedido deve ser certo.


DO 318 A 538 § 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção
monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários ad-
PARTE ESPECIAL vocatícios.
§ 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da pos-
LIVRO I tulação e observará o princípio da boa-fé.
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obriga-
SENTENÇA ção em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no
pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão
TÍTULO I incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no
DO PROCEDIMENTO COMUM curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.
Art. 324. O pedido deve ser determinado.
CAPÍTULO I § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
DISPOSIÇÕES GERAIS I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens
demandados;
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequ-
salvo disposição em contrário deste Código ou de lei. ências do ato ou do fato;
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiaria- III - quando a determinação do objeto ou do valor da condena-
mente aos demais procedimentos especiais e ao processo de exe- ção depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
cução. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da
CAPÍTULO II obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um
DA PETIÇÃO INICIAL modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha
SEÇÃO I couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a pres-
DOS REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL tação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formu-
lado pedido alternativo.
Art. 319. A petição inicial indicará: Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsi-
I - o juízo a que é dirigida; diária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher
o anterior.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternati- CAPÍTULO III
vamente, para que o juiz acolha um deles. DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra
o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja co- Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz,
nexão. independentemente da citação do réu, julgará liminarmente impro-
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que: cedente o pedido que contrariar:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si; I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Su-
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; perior Tribunal de Justiça;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimen- II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
to. Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de III - entendimento firmado em incidente de resolução de de-
procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o mandas repetitivas ou de assunção de competência;
procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas pro- IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito
cessuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que local.
se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incom- § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente
patíveis com as disposições sobre o procedimento comum. o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos prescrição.
de que trata o art. 326 . § 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito
Art. 328. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, em julgado da sentença, nos termos do art. 241 .
aquele que não participou do processo receberá sua parte, deduzi- § 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cin-
das as despesas na proporção de seu crédito. co) dias.
Art. 329. O autor poderá: § 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, de-
independentemente de consentimento do réu; terminará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido de 15 (quinze) dias.
e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o con-
traditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo CAPÍTULO IV
mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova su- DA CONVERSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL EM AÇÃO COLETIVA
plementar.
Art. 333. (VETADO).
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconven-
ção e à respectiva causa de pedir.
CAPÍTULO V
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO
SEÇÃO III
DO INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais
e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz desig-
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
nará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência
I - for inepta; mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos
II - a parte for manifestamente ilegítima; 20 (vinte) dias de antecedência.
III - o autor carecer de interesse processual; § 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessa-
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 . riamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organi-
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; zação judiciária.
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais § 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação
em que se permite o pedido genérico; e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclu- realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição
são; das partes.
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. § 3º A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação de seu advogado.
decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de § 4º A audiência não será realizada:
bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinte-
inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende con- resse na composição consensual;
troverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. II - quando não se admitir a autocomposição.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continu- § 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse
ar a ser pago no tempo e modo contratados. na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência.
facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. § 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da au-
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para diência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
responder ao recurso. § 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-
§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a -se por meio eletrônico, nos termos da lei.
contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, § 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à
observado o disposto no art. 334 . audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade
§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da
em julgado da sentença. vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em
favor da União ou do Estado.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 9º As partes devem estar acompanhadas por seus advogados Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima
ou defensores públicos. ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao
§ 10. A parte poderá constituir representante, por meio de pro- autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para subs-
curação específica, com poderes para negociar e transigir. tituição do réu.
§ 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homo- Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará
logada por sentença. as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído,
§ 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou,
será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vin- sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º .
te) minutos entre o início de uma e o início da seguinte. Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu in-
dicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver
CAPÍTULO VI conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de
DA CONTESTAÇÃO indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do
prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338 .
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última § 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alte-
sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, rar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito
comparecendo, não houver autocomposição; indicado pelo réu.
II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou ab-
conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a soluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio
hipótese do art. 334, § 4º, inciso I ; do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa,
III - prevista no art. 231 , de acordo com o modo como foi feita preferencialmente por meio eletrônico.
a citação, nos demais casos. § 1º A contestação será submetida a livre distribuição ou, se
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do o réu houver sido citado por meio de carta precatória, juntada aos
art. 334, § 6º , o termo inicial previsto no inciso II será, para cada autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo
um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de da causa.
cancelamento da audiência. § 2º Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso II , ha- juízo para o qual for distribuída a contestação ou a carta precatória
vendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação será considerado prevento.
a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de § 3º Alegada a incompetência nos termos do caput , será sus-
intimação da decisão que homologar a desistência. pensa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se
Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a ma- tiver sido designada.
téria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que im- § 4º Definida a competência, o juízo competente designará
pugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende nova data para a audiência de conciliação ou de mediação.
produzir. Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumin-
I - inexistência ou nulidade da citação; do-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
II - incompetência absoluta e relativa; I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
III - incorreção do valor da causa; II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento
IV - inépcia da petição inicial;
que a lei considerar da substância do ato;
V - perempção;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em
VI - litispendência;
seu conjunto.
VII - coisa julgada;
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos
VIII - conexão;
não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta
especial.
de autorização;
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir no-
X - convenção de arbitragem;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; vas alegações quando:
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como I - relativas a direito ou a fato superveniente;
preliminar; II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se qualquer tempo e grau de jurisdição.
reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas CAPÍTULO VII
partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. DA RECONVENÇÃO
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que está em cur-
so. Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou
por decisão transitada em julgado. com o fundamento da defesa.
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência § 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa
relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze)
artigo. dias.
§ 6º A ausência de alegação da existência de convenção de ar- § 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva
bitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do
jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. processo quanto à reconvenção.

16
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro. Art. 352. Verificando a existência de irregularidades ou de ví-
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio cios sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo nunca su-
com terceiro. perior a 30 (trinta) dias.
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá Art. 353. Cumpridas as providências preliminares ou não ha-
afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconven- vendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento conforme o
ção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de estado do processo, observando o que dispõe o Capítulo X.
substituto processual.
§ 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de CAPÍTULO X
oferecer contestação. DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO

CAPÍTULO VIII SEÇÃO I


DA REVELIA DA EXTINÇÃO DO PROCESSO

Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts.
e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo 485 e 487, incisos II e III , o juiz proferirá sentença.
autor. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 respeito a apenas parcela do processo, caso em que será impugná-
se: vel por agravo de instrumento.
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; SEÇÃO II
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento DO JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO
que a lei considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inveros- Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo
símeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos. sentença com resolução de mérito, quando:
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos I - não houver necessidade de produção de outras provas;
autos fluirão da data de publicação do ato decisório no órgão ofi- II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não
cial. houver requerimento de prova, na forma do art. 349 .
Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qual-
quer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar. SEÇÃO III
DO JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO
CAPÍTULO IX
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO
mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
Art. 347. Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, con-
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos
forme o caso, as providências preliminares constantes das seções
do art. 355 .
deste Capítulo.
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reco-
nhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida.
SEÇÃO I § 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obri-
DA NÃO INCIDÊNCIA DOS EFEITOS DA REVELIA gação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o mérito,
independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa
Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a interposto.
inocorrência do efeito da revelia previsto no art. 344 , ordenará que § 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da de-
o autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda não cisão, a execução será definitiva.
as tiver indicado. § 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar par-
Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, con- cialmente o mérito poderão ser processados em autos suplementa-
trapostas às alegações do autor, desde que se faça representar nos res, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a essa § 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável
produção. por agravo de instrumento.

SEÇÃO II SEÇÃO IV
DO FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DI- DO SANEAMENTO E DA ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO
REITO DO AUTOR
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capí-
Art. 350. Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou ex- tulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do
tintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 15 (quinze) processo:
dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova. I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a ativi-
SEÇÃO III dade probatória, especificando os meios de prova admitidos;
DAS ALEGAÇÕES DO RÉU III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art.
373 ;
Art. 351. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão
no art. 337 , o juiz determinará a oitiva do autor no prazo de 15 do mérito;
(quinze) dias, permitindo-lhe a produção de prova. V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamen-
to.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 1º Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a
esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) 30 (trinta) minutos do horário marcado.
dias, findo o qual a decisão se torna estável. § 1º O impedimento deverá ser comprovado até a abertura da
§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à instrução.
delimitação consensual das questões de fato e de direito a que se § 2º O juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas
referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula as partes pela parte cujo advogado ou defensor público não tenha compare-
e o juiz. cido à audiência, aplicando-se a mesma regra ao Ministério Público.
§ 3º Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou § 3º Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas
de direito, deverá o juiz designar audiência para que o saneamento acrescidas.
seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o Art. 363. Havendo antecipação ou adiamento da audiência, o
juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinará a intimação
alegações. dos advogados ou da sociedade de advogados para ciência da nova
§ 4º Caso tenha sido determinada a produção de prova teste- designação.
munhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15 (quinze) dias Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advoga-
para que as partes apresentem rol de testemunhas. do do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público,
§ 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar, para a audiên- se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20
cia prevista, o respectivo rol de testemunhas. (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a
§ 6º O número de testemunhas arroladas não pode ser superior critério do juiz.
a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova de cada fato. § 1º Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo,
§ 7º O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando que formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os
em conta a complexidade da causa e dos fatos individualmente con- do mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.
siderados. § 2º Quando a causa apresentar questões complexas de fato
§ 8º Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais
o juiz deve observar o disposto no art. 465 e, se possível, estabele- escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como
cer, desde logo, calendário para sua realização. pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos
§ 9º As pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos.
de 1 (uma) hora entre as audiências. Art. 365. A audiência é una e contínua, podendo ser excepcio-
nal e justificadamente cindida na ausência de perito ou de testemu-
CAPÍTULO XI nha, desde que haja concordância das partes.
DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO Parágrafo único. Diante da impossibilidade de realização da
instrução, do debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz marcará
Art. 358. No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta seu prosseguimento para a data mais próxima possível, em pauta
a audiência de instrução e julgamento e mandará apregoar as par- preferencial.
tes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas que dela Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o
devam participar. juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias.
Art. 359. Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as par- Art. 367. O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que con-
tes, independentemente do emprego anterior de outros métodos de terá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por extenso,
solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem. os despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato.
Art. 360. O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe: § 1º Quando o termo não for registrado em meio eletrônico,
I - manter a ordem e o decoro na audiência; o juiz rubricar-lhe-á as folhas, que serão encadernadas em volume
II - ordenar que se retirem da sala de audiência os que se com- próprio.
portarem inconvenientemente; § 2º Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do
III - requisitar, quando necessário, força policial; Ministério Público e o escrivão ou chefe de secretaria, dispensadas
IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os mem- as partes, exceto quando houver ato de disposição para cuja prática
bros do Ministério Público e da Defensoria Pública e qualquer pes- os advogados não tenham poderes.
soa que participe do processo; § 3º O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os autos
V - registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos cópia autêntica do termo de audiência.
apresentados em audiência. § 4º Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto
Art. 361. As provas orais serão produzidas em audiência, ou- neste Código, em legislação específica e nas normas internas dos
vindo-se nesta ordem, preferencialmente: tribunais.
I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos que- § 5º A audiência poderá ser integralmente gravada em ima-
sitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. 477 gem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure
, caso não respondidos anteriormente por escrito; o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a
II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos legislação específica.
pessoais; § 6º A gravação a que se refere o § 5º também pode ser reali-
III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão zada diretamente por qualquer das partes, independentemente de
inquiridas. autorização judicial.
Parágrafo único. Enquanto depuserem o perito, os assistentes Art. 368. A audiência será pública, ressalvadas as exceções le-
técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão os advogados e o gais.
Ministério Público intervir ou apartear, sem licença do juiz.
Art. 362. A audiência poderá ser adiada:
I - por convenção das partes;
II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer
pessoa que dela deva necessariamente participar;

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
CAPÍTULO XII I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interro-
DAS PROVAS gado;
II - colaborar com o juízo na realização de inspeção judicial que
SEÇÃO I for considerada necessária;
DISPOSIÇÕES GERAIS III - praticar o ato que lhe for determinado.
Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa:
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha
legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especifi- conhecimento;
cados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se fun- II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder.
da o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento,
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar, além da imposição de multa, outras medidas indutivas,
determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias.
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada,
as diligências inúteis ou meramente protelatórias. SEÇÃO II
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, inde- DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA
pendentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na de-
cisão as razões da formação de seu convencimento. Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida casos em que:
em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou
observado o contraditório. muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;
Art. 373. O ônus da prova incumbe: II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a auto-
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; composição ou outro meio adequado de solução de conflito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o
ou extintivo do direito do autor. ajuizamento de ação.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da § 1º O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção
causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de quando tiver por finalidade apenas a realização de documentação e
cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de não a prática de atos de apreensão.
obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus § 2º A produção antecipada da prova é da competência do juízo
da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamen- do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu.
tada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desin- § 3º A produção antecipada da prova não previne a competên-
cumbir do ônus que lhe foi atribuído. cia do juízo para a ação que venha a ser proposta.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar § 4º O juízo estadual tem competência para produção anteci-
situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja im- pada de prova requerida em face da União, de entidade autárquica
possível ou excessivamente difícil. ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode
federal.
ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender jus-
I - recair sobre direito indisponível da parte;
tificar a existência de algum fato ou relação jurídica para simples
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do di-
documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição cir-
reito.
cunstanciada, a sua intenção.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que
ou durante o processo.
justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará
Art. 374. Não dependem de prova os fatos:
I - notórios; com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair.
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; § 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte,
III - admitidos no processo como incontroversos; a citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de provado, salvo se inexistente caráter contencioso.
veracidade. § 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocor-
Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum sub- rência do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídicas.
ministradas pela observação do que ordinariamente acontece e, § 3º Os interessados poderão requerer a produção de qualquer
ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas, prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo
o exame pericial. fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar excessiva demora.
Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estran- § 4º Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso,
geiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova
o juiz determinar. pleiteada pelo requerente originário.
Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1 (um)
suspenderão o julgamento da causa no caso previsto no art. 313, mês para extração de cópias e certidões pelos interessados.
inciso V, alínea “b”, quando, tendo sido requeridos antes da decisão Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues ao
de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindível. promovente da medida.
Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória não de-
volvidas no prazo ou concedidas sem efeito suspensivo poderão ser SEÇÃO III
juntadas aos autos a qualquer momento. DA ATA NOTARIAL
Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder
Judiciário para o descobrimento da verdade. Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem
Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado,
própria, incumbe à parte: mediante ata lavrada por tabelião.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gra- Parágrafo único. A legitimidade para a ação prevista no caput
vados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial. é exclusiva do confitente e pode ser transferida a seus herdeiros se
ele falecer após a propositura.
SEÇÃO IV Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita oralmente, só
DO DEPOIMENTO PESSOAL terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal.
Art. 395. A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a
Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a
parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á
e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício. quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir
§ 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimen- fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.
to pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou,
comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena. SEÇÃO VI
§ 2º É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogató- DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA
rio da outra parte.
§ 3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou
seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o proces- coisa que se encontre em seu poder.
so poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recur- Art. 397. O pedido formulado pela parte conterá:
so tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento
que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de ou da coisa;
instrução e julgamento. II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam
Art. 386. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de com o documento ou com a coisa;
responder ao que lhe for perguntado ou empregar evasivas, o juiz, III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afir-
apreciando as demais circunstâncias e os elementos de prova, de- mar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte
clarará, na sentença, se houve recusa de depor. contrária.
Art. 387. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos arti- Art. 398. O requerido dará sua resposta nos 5 (cinco) dias sub-
culados, não podendo servir-se de escritos anteriormente prepara- sequentes à sua intimação.
dos, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas breves, desde Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o do-
que objetivem completar esclarecimentos. cumento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por
Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos: qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.
I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados; Art. 399. O juiz não admitirá a recusa se:
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo; I - o requerido tiver obrigação legal de exibir;
III - acerca dos quais não possa responder sem desonra pró- II - o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no pro-
pria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau cesso, com o intuito de constituir prova;
sucessível; III - o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.
IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros
referidas no inciso III. os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de es- provar se:
tado e de família. I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma decla-
ração no prazo do art. 398 ;
SEÇÃO V
II - a recusa for havida por ilegítima.
DA CONFISSÃO
Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas
indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o
Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte
documento seja exibido.
admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao
Art. 401. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de
do adversário.
terceiro, o juiz ordenará sua citação para responder no prazo de 15
Art. 390. A confissão judicial pode ser espontânea ou provo-
cada. (quinze) dias.
§ 1º A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir ou a posse
ou por representante com poder especial. do documento ou da coisa, o juiz designará audiência especial, to-
§ 2º A confissão provocada constará do termo de depoimento mando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário,
pessoal. o de testemunhas, e em seguida proferirá decisão.
Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar
prejudicando, todavia, os litisconsortes. a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao respectivo depósito
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis em cartório ou em outro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias,
ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge impondo ao requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.
ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz ex-
casamento for o de separação absoluta de bens. pedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força
Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobedi-
fatos relativos a direitos indisponíveis. ência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas,
§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não for capaz de mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efe-
dispor do direito a que se referem os fatos confessados. tivação da decisão.
§ 2º A confissão feita por um representante somente é eficaz Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o
nos limites em que este pode vincular o representado. documento ou a coisa se:
Art. 393. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se I - concernente a negócios da própria vida da família;
decorreu de erro de fato ou de coação. II - sua apresentação puder violar dever de honra;

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
III - sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao tercei- Art. 413. O telegrama, o radiograma ou qualquer outro meio
ro, bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro de transmissão tem a mesma força probatória do documento par-
grau, ou lhes representar perigo de ação penal; ticular se o original constante da estação expedidora tiver sido assi-
IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respeito, nado pelo remetente.
por estado ou profissão, devam guardar segredo; Parágrafo único. A firma do remetente poderá ser reconhecida
V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente pelo tabelião, declarando-se essa circunstância no original deposi-
arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição; tado na estação expedidora.
VI - houver disposição legal que justifique a recusa da exibição. Art. 414. O telegrama ou o radiograma presume-se conforme
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os incisos I a VI com o original, provando as datas de sua expedição e de seu recebi-
do caput disserem respeito a apenas uma parcela do documento, a mento pelo destinatário.
parte ou o terceiro exibirá a outra em cartório, para dela ser extraí- Art. 415. As cartas e os registros domésticos provam contra
da cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto circunstanciado. quem os escreveu quando:
I - enunciam o recebimento de um crédito;
SEÇÃO VII II - contêm anotação que visa a suprir a falta de título em favor
DA PROVA DOCUMENTAL de quem é apontado como credor;
III - expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija
SUBSEÇÃO I determinada prova.
DA FORÇA PROBANTE DOS DOCUMENTOS Art. 416. A nota escrita pelo credor em qualquer parte de do-
cumento representativo de obrigação, ainda que não assinada, faz
Art. 405. O documento público faz prova não só da sua forma- prova em benefício do devedor.
ção, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, Parágrafo único. Aplica-se essa regra tanto para o documento
o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença. que o credor conservar em seu poder quanto para aquele que se
Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da subs- achar em poder do devedor ou de terceiro.
tância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sen-
pode suprir-lhe a falta. do lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios
Art. 407. O documento feito por oficial público incompetente permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à
ou sem a observância das formalidades legais, sendo subscrito pelas verdade dos fatos.
partes, tem a mesma eficácia probatória do documento particular. Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos
Art. 408. As declarações constantes do documento particular exigidos por lei provam a favor de seu autor no litígio entre empre-
escrito e assinado ou somente assinado presumem-se verdadeiras sários.
em relação ao signatário. Art. 419. A escrituração contábil é indivisível, e, se dos fatos
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência de que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de
determinado fato, o documento particular prova a ciência, mas não o fato seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados em
em si, incumbindo o ônus de prová-lo ao interessado em sua veracidade. conjunto, como unidade.
Art. 409. A data do documento particular, quando a seu respei- Art. 420. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exi-
to surgir dúvida ou impugnação entre os litigantes, provar-se-á por bição integral dos livros empresariais e dos documentos do arquivo:
todos os meios de direito. I - na liquidação de sociedade;
Parágrafo único. Em relação a terceiros, considerar-se-á data- II - na sucessão por morte de sócio;
do o documento particular: III - quando e como determinar a lei.
I - no dia em que foi registrado; Art. 421. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição par-
II - desde a morte de algum dos signatários; cial dos livros e dos documentos, extraindo-se deles a suma que in-
III - a partir da impossibilidade física que sobreveio a qualquer teressar ao litígio, bem como reproduções autenticadas.
dos signatários; Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica,
IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo; a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie, tem aptidão
V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo, a anterio- para fazer prova dos fatos ou das coisas representadas, se a sua
ridade da formação do documento. conformidade com o documento original não for impugnada por
Art. 410. Considera-se autor do documento particular: aquele contra quem foi produzida.
I - aquele que o fez e o assinou; § 1º As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de
II - aquele por conta de quem ele foi feito, estando assinado; computadores fazem prova das imagens que reproduzem, devendo,
III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou porque, se impugnadas, ser apresentada a respectiva autenticação eletrôni-
conforme a experiência comum, não se costuma assinar, como li- ca ou, não sendo possível, realizada perícia.
vros empresariais e assentos domésticos.
§ 2º Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou revista,
Art. 411. Considera-se autêntico o documento quando:
será exigido um exemplar original do periódico, caso impugnada a
I - o tabelião reconhecer a firma do signatário;
veracidade pela outra parte.
II - a autoria estiver identificada por qualquer outro meio legal
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa de men-
de certificação, inclusive eletrônico, nos termos da lei;
sagem eletrônica.
III - não houver impugnação da parte contra quem foi produzi-
Art. 423. As reproduções dos documentos particulares, foto-
do o documento.
gráficas ou obtidas por outros processos de repetição, valem como
Art. 412. O documento particular de cuja autenticidade não se
duvida prova que o seu autor fez a declaração que lhe é atribuída. certidões sempre que o escrivão ou o chefe de secretaria certificar
Parágrafo único. O documento particular admitido expressa ou sua conformidade com o original.
tacitamente é indivisível, sendo vedado à parte que pretende utili- Art. 424. A cópia de documento particular tem o mesmo valor
zar-se dele aceitar os fatos que lhe são favoráveis e recusar os que probante que o original, cabendo ao escrivão, intimadas as partes,
são contrários ao seu interesse, salvo se provar que estes não ocor- proceder à conferência e certificar a conformidade entre a cópia e
reram. o original.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 425. Fazem a mesma prova que os originais: Art. 433. A declaração sobre a falsidade do documento, quando
I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do pro- suscitada como questão principal, constará da parte dispositiva da sen-
tocolo das audiências ou de outro livro a cargo do escrivão ou do tença e sobre ela incidirá também a autoridade da coisa julgada.
chefe de secretaria, se extraídas por ele ou sob sua vigilância e por
ele subscritas; SUBSEÇÃO III
II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público de DA PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL
instrumentos ou documentos lançados em suas notas;
III - as reproduções dos documentos públicos, desde que auten- Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contes-
ticadas por oficial público ou conferidas em cartório com os respec- tação com os documentos destinados a provar suas alegações.
tivos originais; Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judi- cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos
cial declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade do caput , mas sua exposição será realizada em audiência, intiman-
pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade; do-se previamente as partes.
V - os extratos digitais de bancos de dados públicos e privados, Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos au-
desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as tos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos
informações conferem com o que consta na origem; ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que fo-
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento públi- ram produzidos nos autos.
co ou particular, quando juntadas aos autos pelos órgãos da justiça Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de do-
e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pela De- cumentos formados após a petição inicial ou a contestação, bem como
fensoria Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repar- dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses
tições públicas em geral e por advogados, ressalvada a alegação atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que a impe-
motivada e fundamentada de adulteração. diu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso,
§ 1º Os originais dos documentos digitalizados mencionados no avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5º .
inciso VI deverão ser preservados pelo seu detentor até o final do Art. 436. A parte, intimada a falar sobre documento constante
prazo para propositura de ação rescisória. dos autos, poderá:
§ 2º Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudi- I - impugnar a admissibilidade da prova documental;
cial ou de documento relevante à instrução do processo, o juiz pode- II - impugnar sua autenticidade;
rá determinar seu depósito em cartório ou secretaria. III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do incidente
Art. 426. O juiz apreciará fundamentadamente a fé que deva de arguição de falsidade;
merecer o documento, quando em ponto substancial e sem ressalva IV - manifestar-se sobre seu conteúdo.
contiver entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, a impugnação
Art. 427. Cessa a fé do documento público ou particular sendo- deverá basear-se em argumentação específica, não se admitindo
-lhe declarada judicialmente a falsidade. alegação genérica de falsidade.
Parágrafo único. A falsidade consiste em: Art. 437. O réu manifestar-se-á na contestação sobre os do-
I - formar documento não verdadeiro; cumentos anexados à inicial, e o autor manifestar-se-á na réplica
II - alterar documento verdadeiro. sobre os documentos anexados à contestação.
Art. 428. Cessa a fé do documento particular quando: § 1º Sempre que uma das partes requerer a juntada de docu-
I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não se compro- mento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra parte, que
var sua veracidade; disporá do prazo de 15 (quinze) dias para adotar qualquer das pos-
II - assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, por pre- turas indicadas no art. 436 .
enchimento abusivo. § 2º Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar o prazo
Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele que recebeu para manifestação sobre a prova documental produzida, levando
documento assinado com texto não escrito no todo ou em parte em consideração a quantidade e a complexidade da documentação.
formá-lo ou completá-lo por si ou por meio de outrem, violando o Art. 438. O juiz requisitará às repartições públicas, em qual-
pacto feito com o signatário. quer tempo ou grau de jurisdição:
Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando: I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;
I - se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem
abusivo, à parte que a arguir; interessados a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que pro- ou entidades da administração indireta.
duziu o documento. § 1º Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo má-
Subseção II ximo e improrrogável de 1 (um) mês, certidões ou reproduções fo-
Da Arguição de Falsidade tográficas das peças que indicar e das que forem indicadas pelas
Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na ré- partes, e, em seguida, devolverá os autos à repartição de origem.
plica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da intimação § 2º As repartições públicas poderão fornecer todos os docu-
da juntada do documento aos autos. mentos em meio eletrônico, conforme disposto em lei, certificando,
Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do que consta em seu
como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a deci- banco de dados ou no documento digitalizado.
da como questão principal, nos termos do inciso II do art. 19 .
Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em SEÇÃO VIII
que funda a sua pretensão e os meios com que provará o alegado. DOS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS
Art. 432. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quin-
ze) dias, será realizado o exame pericial. Art. 439. A utilização de documentos eletrônicos no processo
Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial se a parte convencional dependerá de sua conversão à forma impressa e da
que produziu o documento concordar em retirá-lo. verificação de sua autenticidade, na forma da lei.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Art. 440. O juiz apreciará o valor probante do documento ele- II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.
trônico não convertido, assegurado às partes o acesso ao seu teor. Art. 449. Salvo disposição especial em contrário, as testemu-
Art. 441. Serão admitidos documentos eletrônicos produzidos e nhas devem ser ouvidas na sede do juízo.
conservados com a observância da legislação específica. Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha, por enfer-
midade ou por outro motivo relevante, estiver impossibilitada de
SEÇÃO IX comparecer, mas não de prestar depoimento, o juiz designará, con-
DA PROVA TESTEMUNHAL forme as circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.

SUBSEÇÃO I SUBSEÇÃO II
DA ADMISSIBILIDADE E DO VALOR DA PROVA TESTEMUNHAL DA PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL

Art. 442. A prova testemunhal é sempre admissível, não dis- Art. 450. O rol de testemunhas conterá, sempre que possível, o
pondo a lei de modo diverso. nome, a profissão, o estado civil, a idade, o número de inscrição no
Art. 443. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre Cadastro de Pessoas Físicas, o número de registro de identidade e o
fatos: endereço completo da residência e do local de trabalho.
I - já provados por documento ou confissão da parte; Art. 451. Depois de apresentado o rol de que tratam os §§ 4º e
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser 5º do art. 357 , a parte só pode substituir a testemunha:
provados. I - que falecer;
Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obri- II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor;
gação, é admissível a prova testemunhal quando houver começo III - que, tendo mudado de residência ou de local de trabalho,
de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende não for encontrada.
produzir a prova. Art. 452. Quando for arrolado como testemunha, o juiz da cau-
Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o sa:
credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos que
prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de de- possam influir na decisão, caso em que será vedado à parte que o
pósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das prá- incluiu no rol desistir de seu depoimento;
ticas comerciais do local onde contraída a obrigação. II - se nada souber, mandará excluir o seu nome.
Art. 446. É lícito à parte provar com testemunhas: Art. 453. As testemunhas depõem, na audiência de instrução e
I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real julgamento, perante o juiz da causa, exceto:
e a vontade declarada; I - as que prestam depoimento antecipadamente;
II - nos contratos em geral, os vícios de consentimento. II - as que são inquiridas por carta.
Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, § 1º A oitiva de testemunha que residir em comarca, seção ou
exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.
subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá
§ 1º São incapazes:
ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecno-
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
lógico de transmissão e recepção de sons e imagens em tempo real,
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental,
o que poderá ocorrer, inclusive, durante a audiência de instrução e
ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou,
julgamento.
ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as
§ 2º Os juízos deverão manter equipamento para a transmissão
percepções;
e recepção de sons e imagens a que se refere o § 1º.
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos Art. 454. São inquiridos em sua residência ou onde exercem
sentidos que lhes faltam. sua função:
§ 2º São impedidos: I - o presidente e o vice-presidente da República;
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em II - os ministros de Estado;
qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das par- III - os ministros do Supremo Tribunal Federal, os conselheiros
tes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse do Conselho Nacional de Justiça e os ministros do Superior Tribunal
público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não de Justiça, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Elei-
se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária toral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da
ao julgamento do mérito; União;
II - o que é parte na causa; IV - o procurador-geral da República e os conselheiros do Con-
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o selho Nacional do Ministério Público;
representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros V - o advogado-geral da União, o procurador-geral do Estado, o
que assistam ou tenham assistido as partes. procurador-geral do Município, o defensor público-geral federal e o
§ 3º São suspeitos: defensor público-geral do Estado;
I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo; VI - os senadores e os deputados federais;
II - o que tiver interesse no litígio. VII - os governadores dos Estados e do Distrito Federal;
§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das VIII - o prefeito;
testemunhas menores, impedidas ou suspeitas. IX - os deputados estaduais e distritais;
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados inde- X - os desembargadores dos Tribunais de Justiça, dos Tribunais
pendentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que Regionais Federais, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribu-
possam merecer. nais Regionais Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas
Art. 448. A testemunha não é obrigada a depor sobre fatos: dos Estados e do Distrito Federal;
I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge ou XI - o procurador-geral de justiça;
companheiro e aos seus parentes consanguíneos ou afins, em linha XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idên-
reta ou colateral, até o terceiro grau; tica prerrogativa a agente diplomático do Brasil.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 1º O juiz solicitará à autoridade que indique dia, hora e local § 1º O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes quanto
a fim de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da depois da inquirição feita pelas partes.
defesa oferecida pela parte que a arrolou como testemunha. § 2º As testemunhas devem ser tratadas com urbanidade, não
§ 2º Passado 1 (um) mês sem manifestação da autoridade, o se lhes fazendo perguntas ou considerações impertinentes, capcio-
juiz designará dia, hora e local para o depoimento, preferencial- sas ou vexatórias.
mente na sede do juízo. § 3º As perguntas que o juiz indeferir serão transcritas no ter-
§ 3º O juiz também designará dia, hora e local para o depoi- mo, se a parte o requerer.
mento, quando a autoridade não comparecer, injustificadamente, à Art. 460. O depoimento poderá ser documentado por meio de
sessão agendada para a colheita de seu testemunho no dia, hora e gravação.
local por ela mesma indicados. § 1º Quando digitado ou registrado por taquigrafia, estenotipia
Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a ou outro método idôneo de documentação, o depoimento será assi-
testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da audiência nado pelo juiz, pelo depoente e pelos procuradores.
designada, dispensando-se a intimação do juízo. § 2º Se houver recurso em processo em autos não eletrônicos,
§ 1º A intimação deverá ser realizada por carta com aviso de o depoimento somente será digitado quando for impossível o envio
recebimento, cumprindo ao advogado juntar aos autos, com ante- de sua documentação eletrônica.
cedência de pelo menos 3 (três) dias da data da audiência, cópia da § 3º Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto
correspondência de intimação e do comprovante de recebimento. neste Código e na legislação específica sobre a prática eletrônica de
§ 2º A parte pode comprometer-se a levar a testemunha à audi- atos processuais.
ência, independentemente da intimação de que trata o § 1º, presu- Art. 461. O juiz pode ordenar, de ofício ou a requerimento da
mindo-se, caso a testemunha não compareça, que a parte desistiu parte:
de sua inquirição. I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações da
§ 3º A inércia na realização da intimação a que se refere o § 1º parte ou das testemunhas;
importa desistência da inquirição da testemunha. II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas ou de alguma
§ 4º A intimação será feita pela via judicial quando: delas com a parte, quando, sobre fato determinado que possa in-
I - for frustrada a intimação prevista no § 1º deste artigo; fluir na decisão da causa, divergirem as suas declarações.
II - sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte § 1º Os acareados serão reperguntados para que expliquem os
ao juiz; pontos de divergência, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, § 2º A acareação pode ser realizada por videoconferência ou
hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao por outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
comando do corpo em que servir; tempo real.
IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público Art. 462. A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento da
ou pela Defensoria Pública; despesa que efetuou para comparecimento à audiência, devendo a
V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454 . parte pagá-la logo que arbitrada ou depositá-la em cartório dentro
§ 5º A testemunha que, intimada na forma do § 1º ou do § 4º, de 3 (três) dias.
deixar de comparecer sem motivo justificado será conduzida e res- Art. 463. O depoimento prestado em juízo é considerado ser-
ponderá pelas despesas do adiamento. viço público.
Art. 456. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessiva- Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao regime da
mente, primeiro as do autor e depois as do réu, e providenciará para legislação trabalhista, não sofre, por comparecer à audiência, perda
que uma não ouça o depoimento das outras. de salário nem desconto no tempo de serviço.
Parágrafo único. O juiz poderá alterar a ordem estabelecida no
caput se as partes concordarem. SEÇÃO X
Art. 457. Antes de depor, a testemunha será qualificada, de- DA PROVA PERICIAL
clarará ou confirmará seus dados e informará se tem relações de
parentesco com a parte ou interesse no objeto do processo. Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou ava-
§ 1º É lícito à parte contraditar a testemunha, arguindo-lhe a liação.
incapacidade, o impedimento ou a suspeição, bem como, caso a tes- § 1º O juiz indeferirá a perícia quando:
temunha negue os fatos que lhe são imputados, provar a contradita I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de
com documentos ou com testemunhas, até 3 (três), apresentadas técnico;
no ato e inquiridas em separado. II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
§ 2º Sendo provados ou confessados os fatos a que se refere o III - a verificação for impraticável.
§ 1º, o juiz dispensará a testemunha ou lhe tomará o depoimento § 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em
como informante. substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica sim-
§ 3º A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de depor, plificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade.
alegando os motivos previstos neste Código, decidindo o juiz de pla- § 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquiri-
no após ouvidas as partes. ção de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa
Art. 458. Ao início da inquirição, a testemunha prestará o com- que demande especial conhecimento científico ou técnico.
promisso de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado. § 4 o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter forma-
Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que incorre em ção acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá
sanção penal quem faz afirmação falsa, cala ou oculta a verdade. valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e
Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes direta- imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da causa.
mente à testemunha, começando pela que a arrolou, não admitindo Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perí-
o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação cia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo.
com as questões de fato objeto da atividade probatória ou importa- § 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da
rem repetição de outra já respondida. intimação do despacho de nomeação do perito:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso; § 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respec-
II - indicar assistente técnico; tivos assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia,
III - apresentar quesitos. que se realizará em data e local previamente anunciados.
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) § 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respecti-
dias: vamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz.
I - proposta de honorários; § 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que
II - currículo, com comprovação de especialização; seria realizada por perito nomeado pelo juiz.
III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as par-
para onde serão dirigidas as intimações pessoais. tes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as questões de
§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar
querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco) dias, após o suficientes.
que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
art. 95 . I - a exposição do objeto da perícia;
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até cinquenta por II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
cento dos honorários arbitrados a favor do perito no início dos tra- III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demons-
balhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, depois trando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área
de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessá- do conhecimento da qual se originou;
rios. IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz po- juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
derá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho. § 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em
§ 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcan-
à nomeação de perito e à indicação de assistentes técnicos no juízo çou suas conclusões.
ao qual se requisitar a perícia. § 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designa-
Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que ção, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame téc-
lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. nico ou científico do objeto da perícia.
§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não § 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assisten-
estão sujeitos a impedimento ou suspeição. tes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários, ouvindo
§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o aces- testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que
so e o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, estejam em poder da parte, de terceiros ou em repartições públicas,
com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos,
mínima de 5 (cinco) dias. fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do
Art. 467. O perito pode escusar-se ou ser recusado por impedi- objeto da perícia.
mento ou suspeição. Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designa-
dos pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da
Parágrafo único. O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar proce-
prova.
dente a impugnação, nomeará novo perito.
Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais
Art. 468. O perito pode ser substituído quando:
de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear
I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente técnico.
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo
Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apre-
que lhe foi assinado.
sentar o laudo dentro do prazo, o juiz poderá conceder-lhe, por uma
§ 1º No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência
vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado.
à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado
ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível preju- pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução
ízo decorrente do atraso no processo. e julgamento.
§ 2º O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quinze) dias, § 1º As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se
os valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob pena de ficar sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15 (quinze)
impedido de atuar como perito judicial pelo prazo de 5 (cinco) anos. dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual
§ 3º Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata o § 2º, prazo, apresentar seu respectivo parecer.
a parte que tiver realizado o adiantamento dos honorários poderá § 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze)
promover execução contra o perito, na forma dos arts. 513 e se- dias, esclarecer ponto:
guintes deste Código , com fundamento na decisão que determinar I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das
a devolução do numerário. partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público;
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico da
durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito pre- parte.
viamente ou na audiência de instrução e julgamento. § 3º Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente técnico
juntada dos quesitos aos autos. a comparecer à audiência de instrução e julgamento, formulando,
Art. 470. Incumbe ao juiz: desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos.
I - indeferir quesitos impertinentes; § 4º O perito ou o assistente técnico será intimado por meio ele-
II - formular os quesitos que entender necessários ao esclareci- trônico, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência da audiência.
mento da causa. Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou
Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o peri- a falsidade de documento ou for de natureza médico-legal, o perito
to, indicando-o mediante requerimento, desde que: será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimen-
I - sejam plenamente capazes; tos oficiais especializados, a cujos diretores o juiz autorizará a re-
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição. messa dos autos, bem como do material sujeito a exame.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 1º Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e as re- V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou
partições oficiais deverão cumprir a determinação judicial com pre- de coisa julgada;
ferência, no prazo estabelecido. VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse proces-
§ 2º A prorrogação do prazo referido no § 1º pode ser requerida sual;
motivadamente. VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitra-
§ 3º Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra gem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
e da firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, VIII - homologar a desistência da ação;
documentos existentes em repartições públicas e, na falta destes, IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intrans-
poderá requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a autoria missível por disposição legal; e
do documento lance em folha de papel, por cópia ou sob ditado, X - nos demais casos prescritos neste Código.
dizeres diferentes, para fins de comparação. § 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será in-
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o dis- timada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
posto no art. 371 , indicando na sentença os motivos que o levaram § 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão pro-
a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, le- porcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será con-
vando em conta o método utilizado pelo perito. denado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
Art. 480. O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da § 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos
parte, a realização de nova perícia quando a matéria não estiver IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não
suficientemente esclarecida. ocorrer o trânsito em julgado.
§ 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os § 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o con-
quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou sentimento do réu, desistir da ação.
inexatidão dos resultados a que esta conduziu. § 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a senten-
§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas ça.
para a primeira. § 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por aban-
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz dono da causa pelo autor depende de requerimento do réu.
apreciar o valor de uma e de outra. § 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tra-
tam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
SEÇÃO XI Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito
DA INSPEÇÃO JUDICIAL não obsta a que a parte proponha de novo a ação.
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos
Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485 , a propositura da nova ação
qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução
se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa. do mérito.
Art. 482. Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser assistido por § 2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a pro-
um ou mais peritos. va do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de
Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a advogado.
coisa quando: § 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu
dos fatos que deva observar; com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibi-
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem considerá- lidade de alegar em defesa o seu direito.
veis despesas ou graves dificuldades; Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
III - determinar a reconstituição dos fatos. I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na recon-
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspe- venção;
ção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que conside- II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de
rem de interesse para a causa. decadência ou prescrição;
Art. 484. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto cir- III - homologar:
cunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na
da causa. ação ou na reconvenção;
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, grá- b) a transação;
fico ou fotografia. c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconven-
ção.
CAPÍTULO XIII Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332 , a
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes
seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.
SEÇÃO I Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre
DISPOSIÇÕES GERAIS que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual
pronunciamento nos termos do art. 485 .
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial; SEÇÃO II
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por ne- DOS ELEMENTOS E DOS EFEITOS DA SENTENÇA
gligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das
desenvolvimento válido e regular do processo; principais ocorrências havidas no andamento do processo;

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato I - embora a condenação seja genérica;
e de direito; II - ainda que o credor possa promover o cumprimento provisó-
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais rio da sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do devedor;
que as partes lhe submeterem. III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito sus-
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, pensivo.
seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: § 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante apre-
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato sentação de cópia da sentença perante o cartório de registro imobi-
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão de- liário, independentemente de ordem judicial, de declaração expres-
cidida; sa do juiz ou de demonstração de urgência.
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o § 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data de realização da
motivo concreto de sua incidência no caso; hipoteca, a parte informá-la-á ao juízo da causa, que determinará a
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer ou- intimação da outra parte para que tome ciência do ato.
tra decisão; § 4º A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará, para o
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao pagamento, em
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; relação a outros credores, observada a prioridade no registro.
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, § 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão que
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar impôs o pagamento de quantia, a parte responderá, independen-
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; temente de culpa, pelos danos que a outra parte tiver sofrido em
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou razão da constituição da garantia, devendo o valor da indenização
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de ser liquidado e executado nos próprios autos.
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o SEÇÃO III
objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as DA REMESSA NECESSÁRIA
razões que autorizam a interferência na norma afastada e as pre-
missas fáticas que fundamentam a conclusão. Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produ-
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conju- zindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
gação de todos os seus elementos e em conformidade com o prin- I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os
cípio da boa-fé. Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito pú-
blico;
Art. 490. O juiz resolverá o mérito acolhendo ou rejeitando, no
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos
todo ou em parte, os pedidos formulados pelas partes.
à execução fiscal.
Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ain-
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação
da que formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a
no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se
extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de
não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará
dos juros, se for o caso, salvo quando:
a remessa necessária.
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação
devido; ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido
II - a apuração do valor devido depender da produção de prova inferior a:
de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim re- I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas
conhecida na sentença. autarquias e fundações de direito público;
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distri-
valor devido por liquidação. to Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público
§ 2º O disposto no caput também se aplica quando o acórdão e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
alterar a sentença. III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municí-
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa pios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou § 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a
em objeto diverso do que lhe foi demandado. sentença estiver fundada em:
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva I - súmula de tribunal superior;
relação jurídica condicional. II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato cons- Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
titutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento III - entendimento firmado em incidente de resolução de de-
do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a mandas repetitivas ou de assunção de competência;
requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firma-
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá da no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada
as partes sobre ele antes de decidir. em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexa- SEÇÃO IV
tidões materiais ou erros de cálculo; DO JULGAMENTO DAS AÇÕES RELATIVAS ÀS PRESTAÇÕES DE
II - por meio de embargos de declaração. FAZER, DE NÃO FAZER E DE ENTREGAR COISA
Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de pres-
tação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer
prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecu- ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela
niária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária. específica ou determinará providências que assegurem a obtenção
§ 1º A decisão produz a hipoteca judiciária: de tutela pelo resultado prático equivalente.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destina- I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, con-
da a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou vencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da li-
a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano quidação;
ou da existência de culpa ou dolo. II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o alegar e provar fato novo.
juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumpri- § 1º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra
mento da obrigação. ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
pelo gênero e pela quantidade, o autor individualizá-la-á na petição § 2º Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo
inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento
a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. da sentença.
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e § 3º O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará
danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a à disposição dos interessados programa de atualização financeira.
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. § 4º Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem preju- a sentença que a julgou.
ízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu ao cumpri- Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as
mento específico da obrigação. partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidati-
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declara- vos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomea-
ção de vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma rá perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova
vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração pericial.
não emitida. Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz de-
terminará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou
SEÇÃO V da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, queren-
DA COISA JULGADA do, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observan-
do-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que deste Código .
torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de
a recurso. recurso, processando-se em autos apartados no juízo de origem,
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças
força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. processuais pertinentes.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão pre-
judicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se: TÍTULO II
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não
se aplicando no caso de revelia; CAPÍTULO I
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa
DISPOSIÇÕES GERAIS
para resolvê-la como questão principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver res-
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as
trições probatórias ou limitações à cognição que impeçam o apro-
regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a na-
fundamento da análise da questão prejudicial.
tureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste
Art. 504. Não fazem coisa julgada:
Código.
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcan-
§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de
ce da parte dispositiva da sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sen- pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do
tença. exequente.
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já deci- § 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:
didas relativas à mesma lide, salvo: I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constitu-
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, so- ído nos autos;
breveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que II - por carta com aviso de recebimento, quando representado
poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído
II - nos demais casos prescritos em lei. nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246 ,
é dada, não prejudicando terceiros. não tiver procurador constituído nos autos
Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256 , tiver sido
questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão. revel na fase de conhecimento.
Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar- § 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se realizada a
-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a par- intimação quando o devedor houver mudado de endereço sem pré-
te poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. via comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único
do art. 274.
CAPÍTULO XIV § 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado após 1
DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita
na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quan- encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o dis-
tia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do cre- posto no parágrafo único do art. 274 e no § 3º deste artigo.
dor ou do devedor:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 5º O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em Art. 519. Aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento
face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver da sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação, no que couber,
participado da fase de conhecimento. às decisões que concederem tutela provisória.
Art. 514. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condi-
ção ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demons- CAPÍTULO II
tração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo. DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECO-
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento NHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA
dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: CERTA
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada
ou de entregar coisa; por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mes-
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; ma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial regime:
de qualquer natureza; I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em rela- obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o exe-
ção ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singu- cutado haja sofrido;
lar ou universal; II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolu- a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado
mentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modifi-
VII - a sentença arbitral; cada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribu- a execução;
nal de Justiça; IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do que importem transferência de posse ou alienação de propriedade
exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao
X - (VETADO). executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo § 1º No cumprimento provisório da sentença, o executado po-
de 15 (quinze) dias. derá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art. 525 .
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho § 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1º do art. 523
ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido de- são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória
duzida em juízo. ao pagamento de quantia certa.
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: § 3º Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não será havido
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; como incompatível com o recurso por ele interposto.
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença pe- § 4º A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II
nal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alie-
de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. nação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos
poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo causados ao executado.
do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo § 5º Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça
do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no que
fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada couber, o disposto neste Capítulo.
ao juízo de origem. Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser
Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser dispensada nos casos em que:
levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de
para pagamento voluntário previsto no art. 523. sua origem;
§ 1º Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar II - o credor demonstrar situação de necessidade;
certidão de teor da decisão. III - pender o agravo fundado nos incisos II e III do art. 1.042 ;
§ 2º A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo III – pender o agravo do art. 1.042; (Redação dada pela
de 3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em con-
decurso do prazo para pagamento voluntário. sonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Fe-
§ 3º O executado que tiver proposto ação rescisória para im- deral ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com
pugnar a decisão exequenda pode requerer, a suas expensas e sob acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.
sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à mar- Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando
gem do título protestado. da dispensa possa resultar manifesto risco de grave dano de difícil
§ 4º A requerimento do executado, o protesto será cancelado ou incerta reparação.
por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido
no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimen- por petição dirigida ao juízo competente.
to, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação. Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será
Art. 518. Todas as questões relativas à validade do procedi- acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, cuja au-
mento de cumprimento da sentença e dos atos executivos subse- tenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua
quentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e responsabilidade pessoal:
nestes serão decididas pelo juiz.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
I - decisão exequenda; I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito processo correu à revelia;
suspensivo; II - ilegitimidade de parte;
III - procurações outorgadas pelas partes; III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - decisão de habilitação, se for o caso; IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - facultativamente, outras peças processuais consideradas V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
necessárias para demonstrar a existência do crédito. VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação,
CAPÍTULO III como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição,
DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECO- desde que supervenientes à sentença.
NHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA § 2º A alegação de impedimento ou suspeição observará o dis-
CERTA posto nos arts. 146 e 148 .
§ 3º Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229.
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada § 4º Quando o executado alegar que o exequente, em exces-
em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o so de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença,
cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exe- cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto,
quente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cál-
de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. culo.
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput § 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor correto ou não
, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente re-
honorários de advogado de dez por cento. jeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput , houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não exami-
a multa e os honorários previstos no § 1º incidirão sobre o restante. nará a alegação de excesso de execução.
§ 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, § 6º A apresentação de impugnação não impede a prática dos
será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, se- atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a re-
guindo-se os atos de expropriação. querimento do executado e desde que garantido o juízo com penho-
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído ra, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se
com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da exe-
a petição conter: cução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pes- dano de difícil ou incerta reparação.
soas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequen- § 7º A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6º
te e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1º a 3º ; não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de
II - o índice de correção monetária adotado; redução da penhora e de avaliação dos bens
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
§ 8º Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação dis-
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção mo-
ser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá
netária utilizados;
quanto à parte restante.
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
§ 9º A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios reali-
por um dos executados não suspenderá a execução contra os que
zados;
não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que pos-
exclusivamente ao impugnante.
sível.
§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é
§ 1º Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemen-
te exceder os limites da condenação, a execução será iniciada pelo lícito ao exequente requerer o prosseguimento da execução, ofere-
valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o cendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a
juiz entender adequada. ser arbitrada pelo juiz.
§ 2º Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de § 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do
contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias prazo para apresentação da impugnação, assim como aquelas rela-
para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado. tivas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos
§ 3º Quando a elaboração do demonstrativo depender de da- executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição,
dos em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá- tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze)
-los, sob cominação do crime de desobediência. dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência
§ 4º Quando a complementação do demonstrativo depender de do fato ou da intimação do ato.
dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a requeri- § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo,
mento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
dias para o cumprimento da diligência. executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado in-
§ 5º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não forem constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em apli-
apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo designa- cação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supre-
do, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente mo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal
apenas com base nos dados de que dispõe. , em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pa- § 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribu-
gamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que nal Federal poderão ser modulados no tempo, em atenção à segu-
o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, rança jurídica.
apresente, nos próprios autos, sua impugnação. § 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito § 1º Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empre-
em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo pra- sa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobe-
zo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo diência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do
Supremo Tribunal Federal. executado, a contar do protocolo do ofício.
Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumpri- § 2º O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadas-
mento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento tro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a
o valor que entender devido, apresentando memória discriminada ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na
do cálculo. qual deve ser feito o depósito.
§ 1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo § 3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o
impugnar o valor depositado, sem prejuízo do levantamento do de- débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou
pósito a título de parcela incontroversa. rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput des-
§ 2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a te artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse
diferença incidirão multa de dez por cento e honorários advocatí- cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.
cios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto
penhora e atos subsequentes. nos arts. 831 e seguintes .
§ 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obri- Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos de-
gação e extinguirá o processo. finitivos ou provisórios.
Art. 527. Aplicam-se as disposições deste Capítulo ao cumpri- § 1º A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos ali-
mento provisório da sentença, no que couber. mentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado, se
processa em autos apartados.
CAPÍTULO IV § 2º O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimen-
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGI- tos será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida
BILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS a sentença.
Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado,
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao paga- o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério Público dos
mento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe indícios da prática do crime de abandono material.
alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação
o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, de alimentos, caberá ao executado, a requerimento do exequente,
provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal
§ 1º Caso o executado, no prazo referido no caput , não efetue o da pensão.
pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente justificativa § 1º O capital a que se refere o caput , representado por imóveis
da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronun- ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alienação, títulos
ciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será
517 . inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executa-
§ 2º Somente a comprovação de fato que gere a impossibilida- do, além de constituir-se em patrimônio de afetação.
de absoluta de pagar justificará o inadimplemento. § 2º O juiz poderá substituir a constituição do capital pela in-
§ 3º Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada clusão do exequente em folha de pagamento de pessoa jurídica de
não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado,
judicial na forma do § 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de
(um) a 3 (três) meses. imediato pelo juiz.
§ 4º A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o pre- § 3º Se sobrevier modificação nas condições econômicas, pode-
so ficar separado dos presos comuns. rá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução ou aumen-
§ 5º O cumprimento da pena não exime o executado do paga- to da prestação.
mento das prestações vencidas e vincendas. § 4º A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por
§ 6º Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumpri- base o salário-mínimo.
mento da ordem de prisão. § 5º Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará li-
§ 7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimen- berar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as garantias
tante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao prestadas.
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do proces-
so. CAPÍTULO V
§ 8º O exequente pode optar por promover o cumprimento da DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGI-
sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, BILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA
Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do FAZENDA PÚBLICA
executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efei-
to suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda
mensalmente a importância da prestação. Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente apresentará
§ 9º Além das opções previstas no art. 516 , parágrafo único, o demonstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo:
exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de
que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exe-
seu domicílio. quente;
Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, II - o índice de correção monetária adotado;
diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção mo-
pagamento da importância da prestação alimentícia. netária utilizados;

31
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; CAPÍTULO VI
VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios rea- DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXI-
lizados. GIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE NÃO FAZER OU DE
§ 1º Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apre- ENTREGAR COISA
sentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se for
o caso, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 113 . SEÇÃO I
§ 2º A multa prevista no § 1º do art. 523 não se aplica à Fazen- DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGI-
da Pública. BILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER OU DE NÃO FAZER
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu
representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exi-
querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impug- gibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de
nar a execução, podendo arguir: ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar
processo correu à revelia; as medidas necessárias à satisfação do exequente.
II - ilegitimidade de parte; § 1º Para atender ao disposto no caput , o juiz poderá determi-
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; nar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apre-
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; ensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requi-
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, sitar o auxílio de força policial.
como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, § 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será
desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença. cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o disposto
§ 1º A alegação de impedimento ou suspeição observará o dis- no art. 846, §§ 1º a 4º , se houver necessidade de arrombamento.
posto nos arts. 146 e 148 . § 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé
§ 2º Quando se alegar que o exequente, em excesso de exe- quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuí-
zo de sua responsabilização por crime de desobediência.
cução, pleiteia quantia superior à resultante do título, cumprirá à
§ 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilida-
executada declarar de imediato o valor que entende correto, sob
de de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525 , no
pena de não conhecimento da arguição.
que couber.
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cum-
executada:
primento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal com-
de natureza não obrigacional.
petente, precatório em favor do exequente, observando-se o dispos-
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e po-
to na Constituição Federal ; derá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e
o ente público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para
de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado cumprimento do preceito.
da entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco § 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou
oficial mais próxima da residência do exequente. (Vide ADI 5534) a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
§ 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte não ques- I - se tornou insuficiente ou excessiva;
tionada pela executada será, desde logo, objeto de cumprimento. II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente
(Vide ADI 5534) da obrigação ou justa causa para o descumprimento.
§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, § 2º O valor da multa será devido ao exequente.
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento pro-
executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado in- visório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento
constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em apli- do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte
cação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supre- ou na pendência do agravo fundado nos incisos II ou III do art. 1.042.
mo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento pro-
, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. visório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento
§ 6º No caso do § 5º, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte.
Federal poderão ser modulados no tempo, de modo a favorecer a (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
segurança jurídica. § 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o
§ 7º A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5º descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a
deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado da decisão exe- decisão que a tiver cominado.
quenda. § 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cum-
§ 8º Se a decisão referida no § 5º for proferida após o trânsito primento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer
em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo pra- de natureza não obrigacional.
zo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal. SEÇÃO II
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGI-
BILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR COISA

Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no pra-


zo estabelecido na sentença, será expedido mandado de busca e
apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se
tratar de coisa móvel ou imóvel.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 1º A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a deci-
conhecimento, em contestação, de forma discriminada e com atri- são não poderá recorrer.
buição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem
§ 2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer.
contestação, na fase de conhecimento. Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso.
§ 3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte.
couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação de fazer Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da
ou de não fazer. data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia
Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados
da decisão.
§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados
994 A 1026 em audiência quando nesta for proferida a decisão.
§ 2º Aplica-se o disposto no art. 231 , incisos I a VI, ao prazo de
TÍTULO II interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anterior-
DOS RECURSOS mente à citação.
§ 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será pro-
CAPÍTULO I tocolada em cartório ou conforme as normas de organização judici-
DISPOSIÇÕES GERAIS ária, ressalvado o disposto em regra especial.
§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo
Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: correio, será considerada como data de interposição a data de pos-
I - apelação; tagem.
II - agravo de instrumento; § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para inter-
III - agravo interno; por os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
IV - embargos de declaração; § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no
V - recurso ordinário; ato de interposição do recurso.
VI - recurso especial; Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição do recurso,
VII - recurso extraordinário; sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será tal
IX - embargos de divergência. prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor,
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo contra quem começará a correr novamente depois da intimação.
disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a to-
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser sus- dos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.
pensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efei- Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso in-
tos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e terposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas
ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. opostas ao credor lhes forem comuns.
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo Art. 1.006. Certificado o trânsito em julgado, com menção ex-
terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como pressa da data de sua ocorrência, o escrivão ou o chefe de secre-
fiscal da ordem jurídica. taria, independentemente de despacho, providenciará a baixa dos
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibili- autos ao juízo de origem, no prazo de 5 (cinco) dias.
dade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente
judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respec-
em juízo como substituto processual. tivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, deserção.
no prazo e com observância das exigências legais. § 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa
§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qual- e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela
quer deles poderá aderir o outro. União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e res-
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso indepen- pectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
dente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos re- § 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de re-
quisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposi- messa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na
ção legal diversa, observado, ainda, o seguinte: pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco)
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente dias.
fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; § 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de re-
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no torno no processo em autos eletrônicos.
recurso especial; § 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso princi- recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de
pal ou se for ele considerado inadmissível. retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuên- recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
cia do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. § 5º É vedada a complementação se houver insuficiência par-
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise cial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhi-
de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e da- mento realizado na forma do § 4º.
quela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais § 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator releva-
repetitivos. rá a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da acei- 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.
tação da outra parte.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não impli- Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento
cará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipó- da matéria impugnada.
tese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para § 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tri-
sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. bunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda
Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo
decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso. impugnado.
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento
CAPÍTULO II e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal
DA APELAÇÃO o conhecimento dos demais.
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamen-
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. to, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a de- I - reformar sentença fundada no art. 485 ;
cisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente
cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de com os limites do pedido ou da causa de pedir;
apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese
contrarrazões. em que poderá julgá-lo;
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em con- IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamenta-
trarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, ção.
manifestar-se a respeito delas. § 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quan- a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as
do as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de
sentença. primeiro grau.
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo § 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a
de primeiro grau, conterá: tutela provisória é impugnável na apelação.
I - os nomes e a qualificação das partes; Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior
II - a exposição do fato e do direito; poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nuli- fazê-lo por motivo de força maior.
dade;
IV - o pedido de nova decisão. CAPÍTULO III
§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões in-
apelante para apresentar contrarrazões. terlocutórias que versarem sobre:
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos
I - tutelas provisórias;
serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo
II - mérito do processo;
de admissibilidade.
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal e distri-
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
buído imediatamente, o relator:
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do art.
do pedido de sua revogação;
932, incisos III a V ;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
II - se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu
VII - exclusão de litisconsorte;
voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado.
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a pro- IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
duzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo
I - homologa divisão ou demarcação de terras; aos embargos à execução;
II - condena a pagar alimentos; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes 1º ;
os embargos do executado; XII - (VETADO);
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento con-
VI - decreta a interdição. tra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sen-
§ 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promover o pedido de tença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e
cumprimento provisório depois de publicada a sentença. no processo de inventário.
§ 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente
do § 1º poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes re-
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da quisitos:
apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu I - os nomes das partes;
exame prevento para julgá-la; II - a exposição do fato e do direito;
II - relator, se já distribuída a apelação. III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da deci-
§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser são e o próprio pedido;
suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes
provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, do processo.
houver risco de dano grave ou de difícil reparação. Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contesta- CAPÍTULO IV
ção, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão DO AGRAVO INTERNO
agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento
oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorga- Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo
das aos advogados do agravante e do agravado; interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos processamento, as regras do regimento interno do tribunal.
referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de § 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará es-
sua responsabilidade pessoal; pecificadamente os fundamentos da decisão agravada.
III - facultativamente, com outras peças que o agravante repu- § 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado
tar úteis. para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao
§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julga-
respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme mento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.
tabela publicada pelos tribunais. § 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamen-
§ 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por: tos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno.
I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente § 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente
para julgá-lo; inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão cole-
giado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar
II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção
ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atu-
judiciárias;
alizado da causa.
III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;
§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condiciona-
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei;
da ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4º, à exceção
V - outra forma prevista em lei. da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que
§ 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum farão o pagamento ao final.
outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instru-
mento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único CAPÍTULO V
. DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
§ 4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de
dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no mo- Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer
mento de protocolo da petição original. decisão judicial para:
§ 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
peças referidas nos incisos I e II do caput , facultando-se ao agravan- II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se
te anexar outros documentos que entender úteis para a compreen- pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
são da controvérsia. III - corrigir erro material.
Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos au- Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
tos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento
comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência
instruíram o recurso. aplicável ao caso sob julgamento;
§ 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º .
relator considerará prejudicado o agravo de instrumento. Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco)
§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a pro- dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscurida-
vidência prevista no caput , no prazo de 3 (três) dias a contar da de, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
interposição do agravo de instrumento. § 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229 .
§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-
que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do -se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso
agravo de instrumento. seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão em-
Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e dis- bargada.
tribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
incisos III e IV , o relator, no prazo de 5 (cinco) dias: § 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento
antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente.
comunicando ao juiz sua decisão; § 2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra
II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribu-
com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituí- nal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocra-
do, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento ticamente.
dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quin- § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração
ze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender neces- como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde
sária ao julgamento do recurso; que determine previamente a intimação do recorrente para, no pra-
III - determinará a intimação do Ministério Público, preferen- zo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a
cialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua interven- ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º .
ção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias. § 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique
Art. 1.020. O relator solicitará dia para julgamento em prazo modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver in-
não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado. terposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de
complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modifi-
cação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da deci-
são dos embargos de declaração.

35
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não § 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará
alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste arti-
pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos go, excetuada a hipótese de conciliação.
de declaração será processado e julgado independentemente de ra- Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o
tificação. Juizado do foro:
Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde
que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha
que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório;
caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contra- II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
dição ou obscuridade. III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações
Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito para reparação de dano de qualquer natureza.
suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso. Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser
§ 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.
suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabi-
lidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamenta- SEÇÃO II
ção, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação. DO JUIZ, DOS CONCILIADORES E DOS JUÍZES LEIGOS
§ 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de de-
claração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar
o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial
por cento sobre o valor atualizado da causa. valor às regras de experiência comum ou técnica.
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais
protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento sobre o va- justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências
lor atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará do bem comum.
condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da Justiça,
Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bacharéis em
recolherão ao final. Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os experiência.
2 (dois) anteriores houverem sido considerados protelatórios. Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de exercer a
advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho
de suas funções.
SEÇÃO III
LEI Nº 9.099 DE 26.09.1995 (ARTIGOS 3º AO 19) DAS PARTES

LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995 Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta
Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as
Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.
outras providências. § 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado
Especial: (Redação dada pela Lei nº 12.126, de 2009)
CAPÍTULO II I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direi-
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS to de pessoas jurídicas; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
II - as pessoas enquadradas como microempreendedores indi-
SEÇÃO I viduais, microempresas e empresas de pequeno porte na forma da
DA COMPETÊNCIA Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; (Redação
dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para concil- III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da So-
iação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexi- ciedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23
dade, assim consideradas: de março de 1999; (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos ter-
mínimo; mos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001. (Incluí-
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo
do pela Lei nº 12.126, de 2009)
Civil;
§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independente-
III - a ação de despejo para uso próprio;
mente de assistência, inclusive para fins de conciliação.
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não ex-
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes
cedente ao fixado no inciso I deste artigo.
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução: comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advoga-
I - dos seus julgados; do; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quaren- § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes com-
ta vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 1º do art. 8º parecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou
desta Lei. firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na forma
causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da da lei local.
Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a § 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por
resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho advogado, quando a causa o recomendar.
patrimonial. § 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto

36
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
aos poderes especiais. SEÇÃO VI
§ 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individu- DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
al, poderá ser representado por preposto credenciado, munido de
carta de preposição com poderes para transigir, sem haver neces- Art. 18. A citação far-se-á:
sidade de vínculo empregatício. (Redação dada pela Lei nº 12.137, I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão
de 2009) própria;
Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de inter- II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante
venção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio. entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente
Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em identificado;
lei. III - sendo necessário, por oficial de justiça, independente-
mente de mandado ou carta precatória.
SEÇÃO IV § 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para
DOS ATOS PROCESSUAIS comparecimento do citando e advertência de que, não compare-
cendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão re- será proferido julgamento, de plano.
alizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de § 2º Não se fará citação por edital.
organização judiciária. § 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade
Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei da citação.
ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato processual, inclusive Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para
para a interposição de recursos, computar-se-ão somente os dias citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação.
úteis. (Incluído pela Lei nº 13.728, de 2018) § 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde
Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que logo cientes as partes.
preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendi- § 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço
dos os critérios indicados no art. 2º desta Lei. ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as inti-
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha hav- mações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da
ido prejuízo. comunicação.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá
ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação.
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados LEI Nº 12.153 DE 22.12.2009
resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafa-
das ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita
magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em LEI Nº 12.153, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2009
julgado da decisão.
§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças Dispõe sobre os Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbi-
do processo e demais documentos que o instruem. to dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios.

SEÇÃO V O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-


DO PEDIDO cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1oOs Juizados Especiais da Fazenda Pública, órgãos da jus-
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedi- tiça comum e integrantes do Sistema dos Juizados Especiais, serão
do, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado. criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Es-
§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem tados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas cau-
acessível: sas de sua competência.
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; Parágrafo único.O sistema dos Juizados Especiais dos Estados
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; e do Distrito Federal é formado pelos Juizados Especiais Cíveis, Jui-
III - o objeto e seu valor. zados Especiais Criminais e Juizados Especiais da Fazenda Pública.
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível Art. 2oÉ de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pú-
determinar, desde logo, a extensão da obrigação. blica processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos Esta-
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do dos, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor
Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários de 60 (sessenta) salários mínimos.
impressos. § 1oNão se incluem na competência do Juizado Especial da Fa-
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão zenda Pública:
ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde que I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de
conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo. divisão e demarcação, populares, por improbidade administrativa,
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de dis- execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difu-
tribuição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de sos e coletivos;
conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias. II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal,
Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instau- Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles vin-
rar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o registro culadas;
prévio de pedido e a citação. III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções discipli-
dispensada a contestação formal e ambos serão apreciados na mes- nares aplicadas a militares.
ma sentença.
§ 2oQuando a pretensão versar sobre obrigações vincendas,

37
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
para fins de competência do Juizado Especial, a soma de 12 (doze) § 5oSe o valor da execução ultrapassar o estabelecido para pa-
parcelas vincendas e de eventuais parcelas vencidas não poderá ex- gamento independentemente do precatório, o pagamento far-se-á,
ceder o valor referido no caput deste artigo. sempre, por meio do precatório, sendo facultada à parte exequente
§ 3o(VETADO) a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo
§ 4oNo foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda pagamento do saldo sem o precatório.
Pública, a sua competência é absoluta. § 6oO saque do valor depositado poderá ser feito pela parte
Art. 3oO juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, autora, pessoalmente, em qualquer agência do banco depositário,
deferir quaisquer providências cautelares e antecipatórias no curso independentemente de alvará.
do processo, para evitar dano de difícil ou de incerta reparação. § 7oO saque por meio de procurador somente poderá ser feito
Art. 4oExceto nos casos do art. 3o, somente será admitido recur- na agência destinatária do depósito, mediante procuração específi-
so contra a sentença. ca, com firma reconhecida, da qual constem o valor originalmente
Art. 5oPodem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública: depositado e sua procedência.
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e em- Art. 14.Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão insta-
presas de pequeno porte, assim definidas na Lei Complementar no lados pelos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal.
123, de 14 de dezembro de 2006; Parágrafo único.Poderão ser instalados Juizados Especiais Ad-
II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os juntos, cabendo ao Tribunal designar a Vara onde funcionará.
Municípios, bem como autarquias, fundações e empresas públicas Art. 15.Serão designados, na forma da legislação dos Estados
a eles vinculadas. e do Distrito Federal, conciliadores e juízes leigos dos Juizados Es-
Art. 6oQuanto às citações e intimações, aplicam-se as disposi- peciais da Fazenda Pública, observadas as atribuições previstas nos
ções contidas na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de arts. 22, 37 e 40 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Processo Civil. § 1oOs conciliadores e juízes leigos são auxiliares da Justiça,
Art. 7oNão haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bacharéis em
ato processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a in- Direito, e os segundos, entre advogados com mais de 2 (dois) anos
terposição de recursos, devendo a citação para a audiência de concilia- de experiência.
ção ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias. § 2oOs juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia
Art. 8oOs representantes judiciais dos réus presentes à audiên- perante todos os Juizados Especiais da Fazenda Pública instalados
cia poderão conciliar, transigir ou desistir nos processos da compe- em território nacional, enquanto no desempenho de suas funções.
tência dos Juizados Especiais, nos termos e nas hipóteses previstas Art. 16.Cabe ao conciliador, sob a supervisão do juiz, conduzir a
na lei do respectivo ente da Federação. audiência de conciliação.
Art. 9oA entidade ré deverá fornecer ao Juizado a documenta- § 1oPoderá o conciliador, para fins de encaminhamento da
ção de que disponha para o esclarecimento da causa, apresentan- composição amigável, ouvir as partes e testemunhas sobre os con-
do-a até a instalação da audiência de conciliação. tornos fáticos da controvérsia.
Art. 10.Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação § 2oNão obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir a instrução
ou ao julgamento da causa, o juiz nomeará pessoa habilitada, que do processo, podendo dispensar novos depoimentos, se entender
apresentará o laudo até 5 (cinco) dias antes da audiência. suficientes para o julgamento da causa os esclarecimentos já cons-
Art. 11.Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame tantes dos autos, e não houver impugnação das partes.
necessário. Art. 17.As Turmas Recursais do Sistema dos Juizados Especiais
Art. 12.O cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito são compostas por juízes em exercício no primeiro grau de jurisdi-
em julgado, que imponham obrigação de fazer, não fazer ou entrega ção, na forma da legislação dos Estados e do Distrito Federal, com
de coisa certa, será efetuado mediante ofício do juiz à autoridade mandato de 2 (dois) anos, e integradas, preferencialmente, por juí-
citada para a causa, com cópia da sentença ou do acordo. zes do Sistema dos Juizados Especiais.
Art. 13.Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o § 1oA designação dos juízes das Turmas Recursais obedecerá
trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado: aos critérios de antiguidade e merecimento.
I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da entrega § 2oNão será permitida a recondução, salvo quando não houver
da requisição do juiz à autoridade citada para a causa, independen- outro juiz na sede da Turma Recursal.
temente de precatório, na hipótese do § 3o do art. 100 da Consti- Art. 18.Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei
tuição Federal; ou quando houver divergência entre decisões proferidas por Turmas
II – mediante precatório, caso o montante da condenação exce- Recursais sobre questões de direito material.
da o valor definido como obrigação de pequeno valor. § 1oO pedido fundado em divergência entre Turmas do mesmo
§ 1oDesatendida a requisição judicial, o juiz, imediatamente, Estado será julgado em reunião conjunta das Turmas em conflito, sob a
determinará o sequestro do numerário suficiente ao cumprimento presidência de desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça.
da decisão, dispensada a audiência da Fazenda Pública. § 2oNo caso do § 1o, a reunião de juízes domiciliados em cida-
§ 2oAs obrigações definidas como de pequeno valor a serem des diversas poderá ser feita por meio eletrônico.
pagas independentemente de precatório terão como limite o que § 3oQuando as Turmas de diferentes Estados derem a lei fede-
for estabelecido na lei do respectivo ente da Federação. ral interpretações divergentes, ou quando a decisão proferida esti-
§ 3oAté que se dê a publicação das leis de que trata o § 2o, os ver em contrariedade com súmula do Superior Tribunal de Justiça,
valores serão: o pedido será por este julgado.
I – 40 (quarenta) salários mínimos, quanto aos Estados e ao Art. 19.Quando a orientação acolhida pelas Turmas de Unifor-
Distrito Federal; mização de que trata o § 1o do art. 18 contrariar súmula do Superior
II – 30 (trinta) salários mínimos, quanto aos Municípios. Tribunal de Justiça, a parte interessada poderá provocar a manifes-
§ 4oSão vedados o fracionamento, a repartição ou a quebra do tação deste, que dirimirá a divergência.
valor da execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, § 1oEventuais pedidos de uniformização fundados em questões
na forma estabelecida no inciso I do caput e, em parte, mediante idênticas e recebidos subsequentemente em quaisquer das Turmas
expedição de precatório, bem como a expedição de precatório com- Recursais ficarão retidos nos autos, aguardando pronunciamento
plementar ou suplementar do valor pago. do Superior Tribunal de Justiça.

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