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Deontologia do

Solicitador

2016

Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução

Estagiária: Beatriz Emanuela Magalhães Martins

Nº 587

Patrona: Dra. Fátima Freitas

Cédula Profissional: 4349


“Diz-se dentro do dever geral de urbanidade que, onde está um solicitador, deve estar uma pessoa de

bem”. (Sandra Nunes)”


Ordem dos Solicitadores e
Agentes de Execução Deontologia do Solicitador 2016

ÍNDICE
1. Introdução................................................................................................ 3
2. Deontologia.............................................................................................. 4
2.1 Deontologia Profissional........................................................................4
3. A Figura do Solicitador............................................................................. 5
4. Direitos e Deveres do Solicitador.............................................................6
4.1 Direitos do Solicitador...........................................................................6
4.2 Deveres do Solicitador..........................................................................7
5. Incompatibilidades................................................................................... 9
6. Impedimentos........................................................................................ 11
7. Conclusão.............................................................................................. 11
8. Bibliografia............................................................................................. 12

Patrona: Dra. Fátima Freitas Estagiária: Beatriz Emanuela Nº 587


Magalhães Martins
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1. Introdução

A profissão do Solicitador surgiu com o intuito de aumentar a legitimidade, defender a

justiça e lutar contra os arbítrios de poder. Em Portugal a profissão de Solicitador teve

como bases estruturais o direito romano e a igreja, sendo que as ordenações filipinas

regulamentaram a atividade forense, estabelecendo as condições de acesso, as

regras deontológicas, as incompatibilidades e os honorários. Com a evolução do

mundo também a profissão de solicitador sofreu alterações, nomeadamente na

mudança dos códigos e normas pelas quais os profissionais se devem reger bem

como a tipologia jurídica utilizada (Nunes, 2007).

Atualmente e de acordo com o Estatuto da Câmara dos Solicitadores aprovado pelo

DL 88/2003 de 26 de abril (alterado pelo DL 226/2008, de 20 de novembro) o

solicitador com inscrição em vigor na Ordem pode, em todo o território nacional, e

perante qualquer jurisdição, exercer atos próprios da profissão e o mandato judicial,

nos termos da lei de processo, em regime de profissão liberal remunerada. (OASE,

2016).

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2. Deontologia

O termo deontologia analisado do ponto de vista etimológico deriva do grego “deonta”

– dever- e “logos” – razão. Este conceito foi apresentado por Jeremy Bentham em

1834, sendo hoje mais conhecido pela expressão “Ética profissional” (Baptista, 2011).

A deontologia e a ética são de acordo com Reis Monteiro (2005) “código de princípios

e deveres que se impõem a uma profissão e que ela se impõe a si própria, inspirada

nos seus valores fundamentais” (p. 24).

Já Estrela (2010) explana uma distinção para as duas expressões, afirmando que a

deontologia pode ser considerada como uma ética aplicada aos contextos

profissionais e a ética apresenta um carácter mais geral, sendo distinguida pela

“anterioridade lógica como pela extensão desta em relação à deontologia, visto que

está presente nos mínimos aspetos do ato educativo” (pp. 69-70).

Nos dias de hoje podemos dizer que a deontologia é vista como um conjunto de regras

ético-jurídicas, normas e imposições que orientam a atividade profissional do

solicitador, de modo a que este possa desempenhar a sua profissão de uma forma

constante e justa.

2.1 Deontologia Profissional

Todas as profissões são orientadas por um código deontológico. A profissão do

solicitador rege-se pelo Estatuto da Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução e

pelo regulamento do código de ética e deontologia devendo este ser cumprido na

integra.

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3. A Figura do Solicitador

A figura do solicitador é caracterizada por representar, aconselhar e acompanhar os

cidadãos junto dos órgãos da administração e tribunais, defendendo os seus direitos,

podendo ainda intervir e prestar aconselhamento jurídico nas áreas de Direito Civil,

Direito Comercial, Direito Fiscal, Família, Registos e Notariado. (Nabais, 2013)

O solicitador representa cidadãos, empresas e organismos públicos, nos múltiplos

negócios jurídicos, obtendo e preparando toda a documentação, junto dos serviços de

Finanças, Conservatórias e Câmaras Municipais e outras entidades, garantindo a

segurança e certeza negocial. É da responsabilidade do solicitador a elaboração de

contratos - arrendamento, comodato, associação e participação, franchising,

consórcio, entre outros – e de minutas de escrituras de compra e venda de imóveis,

doações, mútuos, hipotecas, sociedades, entre outros (Código Civil, 2016).

O Solicitador é ainda responsável pela preparação dos termos de autenticação no

sentido de conferir validade e segurança jurídica aos contratos de compra e venda

uma vez que de acordo com o decreto-lei nº116/2008, deixa de ser necessário efetuar-

se escritura pública por notário, para a aquisição de imóveis. Os termos de

autenticação elaborados pelo Solicitador, substituem assim as escrituras. O Solicitador

Generalista pode ainda conferir fotocópias, certificar traduções e reconhecer

assinaturas (OSAE, 2016).

Nos termos do Estatuto da Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução, aprovado

pela Lei nº154/2015 de 14 de setembro, os Solicitadores com inscrição em vigor na

Ordem dos Solicitadores podem, em todo o território nacional, e perante qualquer

jurisdição, instância, autoridade ou entidade pública ou privada, exercer atos próprios

da profissão, designadamente atos jurídicos e exercer o mandato judicial, nos termos

da lei de processo, em regime de profissão liberal remunerada.

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4. Direitos e Deveres do Solicitador

Tal como referido anteriormente a profissão do solicitador rege-se pelo Estatuto da

Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução e pelo regulamento do código de

ética e deontologia. Assim, no exercício das suas funções o solicitador deve respeitar

os direitos e deveres aos quais está associado.

4.1 Direitos do Solicitador

No artigo 126º do Estatuto da Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução estão

consagrados os direitos do Solicitador perante a Associação (Lei nº 154/2015 de 14 de

setembro), a saber:

a) O Solicitador tem direito a requerer a intervenção dos órgãos da Ordem na

defesa dos seus direitos e interesses profissionais;


b) requerer a convocação das assembleias nos termos do presente Estatuto e

nelas intervir;
c) eleger os órgãos da Ordem, ressalvadas as inelegibilidades estabelecidas na

lei e no presente Estatuto e ser nomeado para comissões;


d) apresentar propostas e formular consultas nas conferências de estudo e

debate sobre quaisquer assuntos que interessem às atribuições da Ordem;


e) examinar, no momento devido, as contas da Ordem;
f) reclamar, perante o conselho geral, os conselhos profissionais, ou os

conselhos regionais respetivos e ainda junto das suas delegações distritais, de

atos lesivos dos seus direitos.

4.2 Deveres do Solicitador

À luz do artigo 125º do Estatuto da Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução

estão consagrados os deveres do Solicitador perante a Associação (Lei nº 154/2015

de 14 de setembro).

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a) O Solicitador tem o dever de não prejudicar os fins e o prestígio da Ordem e de

qualquer das atividades profissionais reguladas pela Ordem;


b) observar escrupulosamente o disposto no código de deontologia da Ordem;
c) colaborar na prossecução das atribuições da Ordem;
d) exercer os cargos para que tenha sido eleito ou nomeado e desempenhar os

mandatos que lhe forem confiados;


e) declarar no ato de inscrição, para efeito de verificação de incompatibilidade,

qualquer cargo ou atividade profissional que exerça e que possa

consubstanciar uma incompatibilidade nos termos do presente Estatuto;


f) requerer a suspensão da inscrição na Ordem quando ocorrer incompatibilidade

superveniente, no prazo previsto;


g) informar a Ordem da ocorrência de quaisquer circunstâncias que indiciem a

falta de idoneidade exigida para o exercício das suas funções;


h) pagar pontualmente as quotas, as taxas devidas pela prestação de serviços

pela Ordem e outras quantias, designadamente as decorrentes da aplicação de

penas pecuniárias ou sanções acessórias, devidas à Ordem, que sejam

estabelecidas no presente Estatuto ou nas demais disposições legais e

regulamentares aplicáveis;
i) dirigir com empenho o estágio dos associados estagiários de que seja patrono.

O artigo 127º do Estatuto da Ordem dos Solicitadores estabelece acerca do segredo

profissional a que o Solicitador se obriga a cumprir no âmbito do exercício das suas

funções enquanto profissional da justiça. É, de certo modo, uma imposição, um dever,

que assenta em razões de ordem pública, em razões de confiança do cliente, mas

essencialmente da sociedade. O segredo profissional é não só um dever, como

também uma obrigação do Solicitador, enquanto dever de não divulgar informações,

isto é, o Solicitador é mais do que um simples técnico, é um amigo, ou um confidente

do seu cliente, todavia, associada à existência dessa confiança, é exigida igualmente a

garantia de confidencialidade. O dever de guardar segredo abrange todos os factos

que o Solicitador tenha conhecimento direta ou indiretamente, no decurso do exercício

da sua profissão. É uma regra que se aplica a todos os que fazem da Solicitadoria a

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sua profissão, e que tenham acesso a factos, e, ou, a documentos adquiridos no

âmbito desse exercício (OSAE, 2016).

5. Incompatibilidades

Do artigo 102º do Estatuto da Ordem dos Solicitadores constam as incompatibilidades

ao exercício da profissão e são um conjunto de circunstâncias que determinam a

impossibilidade do exercício da atividade de Solicitador.

São incompatíveis com o exercício de qualquer das atividades profissionais reguladas

no presente Estatuto os seguintes cargos, funções e atividades:

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a) titular ou membro de órgão de soberania, os representantes da República para

as regiões autónomas, os membros do Governo Regional das regiões

autónomas, os presidentes, vice-presidentes ou substitutos legais dos

presidentes e vereadores a tempo inteiro ou em regime de meio tempo das

câmaras municipais e respetivos adjuntos, assessores, secretários,

trabalhadores com vínculo de emprego público ou outros contratados dos

respetivos órgãos, gabinetes ou serviços;


b) membro do Tribunal Constitucional e respetivos adjuntos, trabalhadores com

vínculo de emprego público ou contratados;


c) membro do Tribunal de Contas e os respetivos adjuntos, trabalhadores com

vínculo de emprego público ou contratados;


d) provedor de Justiça e os respetivos adjuntos, trabalhadores com vínculo de

emprego público ou contratados do respetivo serviço;


e) magistrado, ainda que não integrado em órgão ou função jurisdicional;
f) assessor, administrador, trabalhador com vínculo de emprego público ou

contratado de qualquer tribunal;


g) notário ou conservador de registos e os trabalhadores ou contratados do

respetivo serviço;
h) gestor público;
i) trabalhador com vínculo de emprego público ou contratado de quaisquer

serviços ou entidades que possuam natureza pública ou prossigam finalidades

de interesse público, de natureza central, regional ou local;


j) membro de órgão de administração, executivo ou diretor com poderes de

representação orgânica das entidades indicadas na alínea anterior;


k) membro das Forças Armadas ou militarizadas;
l) revisor oficial de contas ou técnico oficial de contas e trabalhadores ou

contratados do respetivo serviço;


m) administrador judicial ou liquidatário judicial ou pessoa que exerça idênticas

funções;
n) mediador imobiliário e os trabalhadores ou contratados do respetivo serviço.

As incompatibilidades mencionadas verificam-se qualquer que seja o título,

designação, natureza e espécie de provimento, modo de remuneração e qualquer que

seja o regime jurídico do respetivo cargo, função ou atividade, com exceção dos

membros da Assembleia da República, dos que estejam aposentados, reformados, em

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situação de inatividade, com licença ilimitada ou na reserva, dos trabalhadores em

funções públicas providos em cargo de Solicitador, dos docentes e dos que estejam

contratados em regime de prestação de serviços (nº 2 do artigo 102º, do Estatuto).

6. Impedimentos

Do artigo 103º do Estatuto da Ordem dos Solicitadores, constam os impedimentos que

são circunstâncias concretas e inibidoras, casuisticamente de exercer a atividade de

Solicitador num determinado processo, numa determinada causa.

Os impedimentos diminuem a amplitude do exercício da profissão quando a sua

independência possa ser, direta ou indiretamente, afetada por interesses conflituantes

e, para nós Solicitadores, constituem incompatibilidades relativas ao mandato forense

e à consulta jurídica, tendo em vista a relação com o cliente, com os assuntos em

causa ou por inconciliável disponibilidade para a profissão (nº1).

Conforme o nº 2 do artigo mencionado, para além dos impedimentos específicos

previstos para cada atividade profissional, o Solicitador está em impedido de:

a) exercer funções para pessoa diversa da entidade com a qual está vinculado;
b) exercer a atividade profissional para entidades às quais preste, ou tenha

prestado, serviços de juiz de paz, administrador judicial, mediador, leiloeiro,

revisor oficial de contas ou técnico oficial de contas, nos últimos três anos;

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c) praticar atos profissionais e mover qualquer influência junto das entidades

(públicas ou privadas) onde desempenhe ou tenha desempenhado funções

cujo exercício possa suscitar uma incompatibilidade, se aqueles atos ou

influências entrarem em conflito com as regras deontológicas contidas no

Estatuto.

7. Conclusão

Na profissão de Solicitador a retidão da consciência é mil vezes mais importante que o

tesouro de conhecimentos. Em primeiro lugar, ser honesto, ser firme e ser prudente. E

deve ter presente que o exercício da Solicitadoria consiste na realização de uma plena

cidadania.

As questões de cariz deontológico têm uma importância acrescida, não só porque

fazem parte de um quadro de princípios e valores inerentes a uma atividade

profissional, mas também se traduzem em si mesmo valores a defender e a preservar.

A Deontologia forense, as normas éticas e comportamentais do profissional do direito

com especial relevância para o Solicitador assumem uma importância fundamental no

exercício da sua atividade profissional.

A Solicitadoria traz consigo a necessidade, não apenas de observância dos ditames

éticos e deontológicos, mas também incute ao Solicitador um compromisso de respeito

para com a lei, a ética e a moral. O Solicitador é um servidor da justiça e do direito e,

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assim ele tem a nobre tarefa de defender, não só o direito, como assegurar a defesa

daqueles que se socorrem dos seus serviços, que apelam pela sua ajuda.

Ao Solicitador importa agir com diligência, correção, honestidade, consciente do seu

papel na sociedade, mas importa igualmente o respeito permanente pelas regras de

conduta deontológica vigentes.

Assim e para concluir, a importância do segredo profissional deve-se ao facto de ser

condição do exercício da Solicitadoria, assim sempre foi considerado e que deve ser

preservado por ter um valor incalculável.

8. Bibliografia

 Baptista, I. (2011). Ética, Deontologia e Avaliação do Desempenho Docente.

Coleção Cadernos do CCAP – 3. Lisboa: Ministério da Educação.


 Estrela, M. T. (2010). Profissão Docente. Dimensões Afetivas e Éticas. Porto:

Areal Editores.

 Nunes, S. (2007) O solicitador e os seus deveres deontológicos. Disponível

em: http://www.carloscanaes.pt/2009/07/25/o-solicitador-e-os-seus-deveres-

deontologicos/ , visitado a: 6 de setembro de 2016

 OSAE (2016), Ordem dos Solicitadores e Agentes de Execução. Disponível

em: http://solicitador.net/profissao/solicitador/ , visitado a: 2 de setembro de

2016

 Reis Monteiro, A. (2005). Deontologia das Profissões da Educação. Coimbra:

Edições Almedina.

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 Consulta da Lei nº 49/2004, de 24 de agosto (Lei dos Atos Próprios dos

Advogados);
 Consulta da Lei nº 154/2015, de 14 de setembro (Estatuto da Ordem dos

Solicitadores e Agentes de Execução);


 Consulta do site: http://www.significados.com.br/deontologia/ no dia 22 de

agosto de 2016;
 Consulta do site: http://www.psicologia.pt/instrumentos/etica.php no dia 20 de

agosto de 2016;
 Consulta do site: https://sites.google.com/site/solicitadoraednanabais/o-que-e-

e-o-que-faz-o-solicitador , visitado a: 22 de agosto de 2016.

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