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ALEXEI NIKOLAEVICH LEONTIEV
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MARXISMO E CIÊNCIA PSICOLÓGICA
As posições citadas têm o homem social, homem como um ser social, e sua
atividade social diretamente em vista, isto é, o processo histórico social. Mas um
indivíduo separado não existe como um homem fora da sociedade. Ele se torna um
homem somente como resultado do processo de execução da atividade humana. A
atividade de percepção também é uma das formas nas quais este processo ocorre.
Para todas as antigas psicologias empíricas ideias similares permaneceram
profundamente estranhas. Somente uns poucos dos mais perspicazes pensadores
abordaram o entendimento de que por trás percepção reside, como se enrolada, a
prática, e de que a mão que toca ou olho não é perdido em seu objeto somente porque
aprendeu a realizar as ações e operações perceptivas que foram formuladas na prática.
Essas ideias nos trazem especialmente mais próximo de um entendimento da verdadeira
natureza da percepção humana.
Junto com bases teóricas para a psicologia científica da percepção, Marx
também escreveu as bases para a psicologia científica dos processos do pensamento.
Somente o ensinamento marxista nos permite superar a visão idealista do pensamento
que o coloca acima do sentimento, e os limites do materialismo metafísico que reduz o
pensamento aos processos elementares da análise e generalização de impressões
sensoriais e a formação de ações entre elas. Em oposição a isso, o marxismo, como é
conhecido, considera o pensamento humano como um produto do desenvolvimento
histórico social, como uma forma teórica específica da atividade humana que nada mais
é um derivado da atividade prática. Mesmo com esse grau de desenvolvimento, quando
o pensamento se torna relativamente independente, a prática permanece sua base e um
critério para sua verdade.
Como uma função do cérebro humano, o pensamento representa um processo
natural, mas o pensamento não existe fora da sociedade, fora do conhecimento humano
acumulado e os métodos de atividade do pensamento elaborados pela raça humana.
Assim, cada pessoa separada se torna um sujeito do pensamento se somente controlando
a linguagem, a compreensão e a lógica, que representa reflexões generalizadas da
experiência da prática social: mesmo aquelas tarefas que ele dá a si mesmo no
pensamento se originam nas condições sociais de sua vida. Em outras palavras, o
pensamento humano como a percepção humana tem uma natureza histórico-social.
O marxismo enfatiza especialmente o laço primordial do pensamento com a
atividade prática. “A produção das ideias”, lemos em A Ideologia Alemã, “está, em
princípio, imediatamente entrelaçada com a atividade material e com o intercâmbio
material dos homens, com a linguagem da vida real. O representar, o pensar, o
intercâmbio espiritual dos homens ainda aparece, aqui, como emanação direta de seu
comportamento material” (Marx e Engels, 2007, p. 93). Engels expressa isso de forma
mais geral: “Mas é precisamente a modificação da Natureza pelos homens (e não
unicamente a Natureza como tal) o que constitui a base mais essencial e imediata do
pensamento humano” (Engels, 2000, p. 139).
Essas posições tem uma importância fundamental não somente para a teoria do
conhecimento, mas também para a psicologia do pensamento. Eles não somente
destroem as visões idealistas, naturalistas e ingênuas do pensamento que foram
acolhidas na velha psicologia, mas formulam uma base para a consideração adequada
dos numerosos fatos e conceitos científicos que apareceram como resultado do estudo
psicológico dos processos do pensamento nas últimas décadas.
Análise da teoria psicológica do pensamento originada nas visões filosóficas
burguesas mostra que ela não está em condição de dar respostas científicas genuínas
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para as questões mais fundamentais; o fato de que essas questões não foram respondidas
desacelera o desenvolvimento da pesquisa concreta sobre este problema real.
Dentre tais questões fundamentais, em primeiro lugar está a questão de como,
tendo percepções sensoriais como sua única fonte, o pensamento penetra a superfície
dos fenômenos que agem em nossos órgãos sensoriais. O ensinamento marxista dá a
única solução verdadeira para este problema da origem e essência do pensamento
humano.
Trabalho é o instrumento que coloca o homem não somente a frente dos
objetos materiais, mas também a frente de sua interação, o qual ele mesmo controla e
reproduz. Neste processo o conhecimento do homem dos objetos ocorre, excedendo as
possibilidades do reflexo sensorial direto. Se na ação direta, “sujeito-objeto”, o último
revela suas propriedades somente dentro de limites condicionados pelo tipo e grau de
sutileza que o sujeito pode sentir, então no processo de interação mediada por um
instrumento, o conhecimento vai além desses limites. Assim, no processamento
mecânica de um objeto feito de um material com um objeto feito de outro, executamos
um teste inequívoco de sua relativa dureza dentro dos limites completamente
inacessíveis para nossos órgãos da sensorialidade pele-músculo: com base na mudança
de forma de um dos objetos, tiramos uma conclusão sobre a maior dureza do outro.
Neste sentido o instrumento é a primeira abstração real. Somente indo ainda mais ao
longo dessa linha que podemos isolar as unidades objetivas, o uso o qual torna o
conhecimento de uma dada propriedades dos objetos possível com precisão adequada, e,
o que é mais importante, independentemente dos limites flutuantes da sensorialidade.
Inicialmente, o conhecimento das propriedades do mundo dos objetos que
estão além dos limites do conhecimento sensorial direto é o resultado não premeditado
das ações direcionadas a um propósito prático, isto é, ações incluídas na atividade de
trabalho das pessoas. Subsequentemente, começa a se adaptar a tarefas específicas, por
exemplo, a tarefa de avaliar a adequação ao material original por meios de testes
práticos preliminares, um experimento simples. Ações deste tipo, servindo objetivos
cognitivos, conscientes, já representam em si mesmos um pensamento real, embora
preserve a forma de processos externos. Os resultados reconhecidos dessas ações,
generalizados e fixados por meios da linguagem, diferem essencialmente dos resultados
do reflexo sensorial direto, que são generalizados em respectivas formações sensoriais.
Eles diferem do último não somente em que eles incluem propriedades, conexões e
relações inacessíveis à avaliação sensorial direta, mas também naquilo, transmitido no
processo de comunicação verbal com outras pessoas, que eles formam um sistema de
conhecimento que compreende o conteúdo da consciência do coletivo, sociedade.
Devendo a isso os conceitos, entendimento e ideias que são geradas em pessoas
separadas são formadas, enriquecidas e sujeitas da seleção não somente ao longo de seu
uso individual (inevitável estritamente limitado, e sujeito a mudança), mas também com
base na experiência imensuravelmente mais ampla que eles obtêm no uso social.
Além disso, a expressão na linguagem do que é inicialmente uma forma
objetiva externa da atividade do conhecimento formula uma condição que permite uma
subsequente execução de seus processos separados no plano do discurso somente. Na
medida em que o discurso perde sua função comunicativa aqui e preenche somente uma
função de conhecimento, então sua pronúncia, faceta sonora, é gradualmente reduzida e
processos correspondentes assumem tanto mais um caráter de processos internos
executados por eles mesmos “na mente”. Entre as condições iniciais e a execução
prática da ação, existe agora uma cada vez maior corrente de processos internos do
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