SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
2
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
3
2 LÍNGUA E LINGUAGEM
Fonte: todamateria.com.br
Mas o que é língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é
somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É ao
mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o
exercício dessa faculdade nos indivíduos. Tomada em seu todo, a linguagem
é multiforme e heteróclita; a cavaleiro de diferentes domínios, ao mesmo
tempo física, fisiológica e psíquica (...). (Saussure, 1970, apud SOLTES,
2017, p. 5).
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A língua existe na coletividade sob a forma duma soma de sinais depositados
em cada cérebro, mais ou menos como um dicionário cujos exemplares,
todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos. Trata-se, pois, de algo
que está em cada um deles, embora seja comum a todos e independa da
vontade dos depositários. (Saussure, 1970, apud SOLTES, 2017, p. 5).
Língua e escrita são dois sistemas distintos de signos; a única razão de ser
do segundo é representar o primeiro; o objetivo linguístico não se define pela
combinação da palavra escrita e da palavra falada; essa última, por si só,
constitui tal objeto. Mas a palavra escrita se mistura tão intimamente com a
palavra falada, da qual é a imagem, que acaba por usurpar-lhe o papel
principal; terminamos por dar importância à representação do signo vocal do
que ao próprio signo. É como se acreditássemos que, para conhecer uma
pessoa, melhor fosse contemplar-lhe a fotografia do que o rosto (Saussure
1970, apud SOLTES, 2017, p. 5).
5
em uso do que se deu a entender” (MARCUSCHI, 2008, p. 28) e “nesses novos textos,
lembra que a linguagem é discurso” (op. Cit.)
Ao contrário da língua, a linguagem, na visão estruturalista, sofre modificações;
surgem ou modificam-se ano a ano, novas palavras, novas expressões. “A linguagem
tem um lado individual e um lado social, sendo impossível conceber um sem o outro”,
afirma Saussure (1970, p.16). Na linguagem, é possível ocorrerem modificações, pois
a linguagem modifica-se pelo constante uso da língua através de seus interlocutores
que a utilizam como meio de comunicação em diversas épocas e situações. A esse
respeito, Saussure destaca que:
6
apropriar dos códigos de representação do pensamento e dos sentimentos. Nesse
sentido, o meio influencia desde muito cedo, e seus efeitos são duradouros. Ambiente
descontraído, segurança afetiva e modelos verbais de qualidade influenciam de
maneira positiva; escassez ou exageros, bem como construções gramaticais e
articulações inadequadas desfavorecem o desenvolvimento;
• fatores biológicos: a hereditariedade e o estado de saúde também influenciam
o desenvolvimento da linguagem. A hereditariedade fornece o potencial para a
aprendizagem, ou seja, representa as diferenças individuais do sujeito para aprender.
O estado de saúde é fundamental, principalmente, até os três anos, uma vez que
doenças e carência alimentar (privação proteica e vitamínica) nesse período podem
prejudicar a aquisição da linguagem pelo sujeito.
De acordo com José e Coelho (2002), a linguagem é um processo de aquisição
que ocorre em etapas ao longo do desenvolvimento da criança, apresentadas a
seguir:
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A linguagem é defeituosa quando se desvia do modo de falar de outras
pessoas a tal ponto que chega a chamar a atenção para ela; quando prejudica
a comunicação; ou quando faz a pessoa tornar-se desajustada no grupo
(VAN RIPER apud JOSÉ; COELHO, 2002).
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3 A LINGUAGEM COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO
Fonte: drapaulagirotto.com.br
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conversas em pequeno grupo, porque através delas as crianças expressam as suas
ideias e experiências vividas, comunicam umas com as outras.
Segundo Sim-Sim (1998), “para comunicar através da linguagem não basta
dominar as regras de estrutura da língua da comunidade a que se pertence” (p.183),
tem que se saber o que dizer, o contexto em que se deve dizer e a quem dizer.
Fonte: tuasaude.com
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principalmente, do pensamento. Para o autor, a linguagem tem caráter universal,
pertence à espécie humana, o que possibilita que as pessoas sejam capazes de
dominar e usar um sistema linguístico bastante complexo.
A Linguagem Oral é uma faculdade muito importante que o ser humano realiza,
pois através dela comunica com o outro, resolve os seus problemas, expressa as suas
ideias. Deste modo, salienta-se a ideia de Rigolet (2000), quando refere que a
aquisição da linguagem é uma das aquisições mais importantes durante a infância,
sendo tão importante quanto o gatinhar e o caminhar.
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A linguagem assenta numa capacidade natural e é adquirida pela criança ao
longo da sua infância e adolescência, durante um processo que implica a
passagem por várias etapas, já que a criança começa por chorar, depois
palreia, repete sílabas, diz palavras e por último constrói frases (SIM-SIM,
1998, apud MARQUES 2016, p. 8).
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Nestas fases, a compreensão da criança antecede a sua produção, ou seja, a criança
compreende primeiro, produz posteriormente Freitas, Alves, & Costa (2007).
Fonte: analuciakozonara.com.br
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De um modo geral, em relação aos tipos de fala, que é uma das manifestações
da linguagem, vale ressaltar a fala privada. Papalia e Olds (2000) afirmam que ela é
referente à fala consigo mesmo, sem a função de comunicar. Essas autoras
apresentam as concepções de Piaget e de Vygotsky relativas a este tipo de fala, e
afirmam que enquanto para Piaget ela é denominada egocêntrica pelo fato de a função
simbólica não estar plenamente desenvolvida e, com isso, fazer com que palavras e
ações representadas por palavras não sejam distinguidas; Vygotsky a concebe como
elo de integração entre linguagem e pensamento, pois, à medida que ela aumenta no
curso do desenvolvimento, a criança torna-se capaz de orientar e dominar ações, só
desaparecendo quando o mesmo processo é feito silenciosamente.
Nos estudos referentes às raízes genéticas do pensamento e da linguagem, ao
descrever os experimentos que realizou, Vygotsky (1998) compara tais estudos
àqueles realizados por Piaget. De acordo com Vygotsky (1998) há divergências entre
eles, sobretudo no que concerne às funções da fala egocêntrica. Enquanto para este
autor a fala egocêntrica deve ser concebida a partir da compreensão da função
primordial da fala, que é o contato social e a comunicação, e que sua função consiste
na transferência dos modos sociais e cooperativos de conduta para o âmbito das
funções psíquicas superiores e pessoais; para Piaget, esse tipo de fala não objetiva
comunicação, caracteriza-se por ser uma fala consigo mesmo desprovida de
intencionalidade, e sem qualquer funcionalidade útil para o comportamento da criança.
A fim de que se possa compreender essa concepção divergente dos dois
autores, é importante salientar que para Vygotsky (1998) o desenvolvimento da fala
segue o curso das demais operações mentais, as quais ocorrem em quatro estágios:
15
constituição da fala interior. Esta, por sua vez, envolve pensamentos verbais
norteadores do comportamento e da cognição, processo fundamental no
desenvolvimento e funcionamento psicológico humano, logo, na construção do
conhecimento.
Papalia e Olds (2000), ao discorrerem a respeito dos aspectos da linguagem,
mencionam que as crianças ao adquirirem a capacidade de representar, começam a
formar e utilizar conceitos e a compartilhá-los com adultos. Segundo as autoras, as
crianças, em função do contexto em que vivem, rapidamente aprendem palavras por
meio de um mapeamento que logo as possibilitam absorver um significado, embora
ele seja usado de maneira generalizada para quaisquer objetos, espaço e tempo. Isto
é, uma criança, inicialmente, pode referir-se há diversos tempos futuros com a palavra
amanhã, em razão de a interpretação ainda ser bastante literal, o que faz a criança
assimilar um significado distinto daquele pretendido.
No curso do desenvolvimento, esta criança realiza com recorrência o referido
mapeamento, o qual a possibilita lançar mão do uso de metáfora. Em outras palavras,
o referido mapeamento viabiliza a utilização de uma figura de linguagem em que
palavra ou frase designadoras de uma coisa são aplicadas à outra. A recorrência do
uso desta figura fornece à criança a capacidade necessária para a aquisição de vários
tipos de conhecimento (Papalia & Olds, 2000).
Por seu curso, Oliveira (1992) faz alguns apontamentos referentes ao processo
de formação de conceitos investigado por Vygotsky em seus estudos acerca da
origem e dos tipos de fala. Através desses apontamentos a autora coloca que;
16
objetos, constitui-se num signo e numa forma de representação da categoria de
objetos e de conceitos. De acordo com a autora, os conceitos são construções
culturais internalizadas pelos indivíduos no curso do processo de desenvolvimento, e
são definidos por atributos estabelecidos pelas características dos elementos
localizados e selecionados no mundo real, no universo da cultura. Nesta concepção,
é a cultura na qual um sujeito se desenvolve que fornece os significados, permitindo
ao indivíduo ordenar o real em categorias e conceitos.
Papalia e Olds (2000) salientam que
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conceitos, o autor afirmou que “[...] a tarefa cultural, por si só, não explica o mecanismo
de desenvolvimento em si, [...]” (Vygotsky, 1998, p.73). Por meio desta afirmativa
explicitou a necessidade de compreender o desenvolvimento de um indivíduo de
maneira global. Noutras palavras, salientou o quão importante é verificar todas as
funções implicadas nesse processo, as quais continuamente são construídas,
reconstruídas e incorporadas à uma já existente ou nova estrutura, porque durante a
formação dos conceitos este indivíduo aprende “[...] a direcionar os próprios processos
mentais com a ajuda de palavras e signos [...]” (p.74), mesmo que a capacidade de
regulação de ações por meio de auxiliares seja plena apenas na adolescência.
Durante o processo de formação de conceitos, antes do período da
adolescência, a criança transita por alguns estágios. Esses estágios são
compreendidos pelos momentos que partem da agregação desorganizada de objetos,
para um conglomerado vago e sincrético de objetos isolados, até a composição do
grupo, quando ocorre uma organização também sincrética do campo visual da
criança. Nestes períodos, o significado passa por uma espécie de transição, uma vez
que, inicialmente,
18
“[...] a generalização formada na mente da criança, embora fenotipicamente
semelhante ao conceito dos adultos é psicologicamente muito diferente do
propriamente dito; em sua essência, ainda é um complexo. ” (VYGOTSKY,
1998, apud MIRANDA, 2002, p. 7).
19
Através do estabelecimento de uma relação entre aprendizagem e
desenvolvimento, verifica-se que o desenvolvimento da linguagem oral e da escrita
diferem entre si. De acordo com ele, neste processo estão envolvidas as etapas de
compreensão do significado figurado, a influência da gramática sobre o
desenvolvimento mental e “[...] a compreensão das relações no estudo das ciências
sociais e naturais. ” (Vygotsky, 1998, p. 122), o que promove a citada diferença.
Considerando isso, o autor salienta que a linguagem escrita difere tanto estrutural
quanto funcionalmente da linguagem oral por exigir um nível de abstração com o qual
a criança possa se desligar do aspecto sensorial da fala e substituir palavras por
imagens de palavras; isto é, exige uma capacidade de representação simbólica ainda
mais sofisticada.
A capacidade de representação simbólica exigida pela linguagem escrita
explicita a relação que esta variação da linguagem estabelece com a fala interior e
com a oral, ambas constituintes da linguagem como um todo. A escrita segue o curso
da fala interior, a qual é precedida pela fala oral, que por sua vez permanece em
posição intermediária em relação àquelas. A fala interior é condensada e abreviada,
é predicativa e conhecida pelo sujeito que pensa, enquanto a escrita deve possuir o
caráter explicativo para se fazer inteligível. Por um processo de transição a fala interior
(compacta) passa à oral (detalhada) através de uma semântica deliberada, isto é, uma
“[...] estruturação intencional da teia de significado. ” (Vygotsky, 1998, p. 124).
Com essas observações referentes aos tipos de fala – oral, interior e escrita –
no decorrer do desenvolvimento, especialmente no período escolar, Vygotsky (1998)
constatou não somente que a gramática e a escrita contribuem para o
desenvolvimento da fala, como também que o aprendizado precede o
desenvolvimento, mas não em relação às bases psicológicas que o sustentam. O que
acontece de maneira contínua é uma interação e uma contribuição de/ entre ambos.
Nesse processo de influência mútua, não apenas o aprendizado tem função
importante, a imitação é também um mecanismo essencial, pois juntos – aprendizado
e imitação inclusive da fala – fazem emergir qualidades especificamente humanas que
orientam o indivíduo a novos níveis de desenvolvimento, de formação de conceitos.
Nesta perspectiva, Vygotsky (1998) faz uma crítica a Piaget em relação à
compreensão dissociada de pensamento e de aprendizado, afirmando que
aprendizado não se inicia na escola. Vygotsky amplia sua crítica ao discorrer a
respeito da inexistência de um elo primário entre pensamento e fala, o qual num
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determinado momento promoveria uma influência mecânica de um sobre outro, de
maneira que o pensamento verbal seria resultado de uma união externa de ambos em
razão de serem elementos isolados e independentes. Contudo, de acordo com ele, há
uma evolução desses processos que promove a ocorrência de uma conexão que se
modifica e desenvolve. Esta conexão é denominada significado ou conceito, como já
abordado anteriormente.
21
(b) da possibilidade de significados distintos ocultarem-se numa determinada estrutura
gramatical.
Não apenas sujeito e predicado têm seus duplos psicológicos, mas também
gênero, número, caso, grau, etc. Um enunciado espontâneo, errado do ponto
de vista gramatical, pode ter seu encanto e seu valor estético. A correção
absoluta só é alcançada para além da linguagem natural, na matemática.
Nossa fala cotidiana flutua entre os ideais da matemática e da harmonia
quantitativa. (VYGOTSKY, 1998, apud MIRANDA, 2002, p. 8).
23
portanto, deve conciliar adequadamente os tipos de estruturas que sabemos
serem características das línguas humanas. (LANGACKER, 1972, apud
PEREIRA, 2015, p. 4).
Desta maneira, traz-se uma abordagem que discute as teorias utilizadas pelos
pesquisadores e, em seguida, a metodologia que segue os pressupostos teóricos,
sendo eles, Chomsky (1998, p.23) ressalta que, “A aquisição da língua se parece
muito com o crescimento dos órgãos em geral; é algo que acontece com a criança e
não algo que faz a criança”.
O teórico consiste afirmar que a criança nasce em condições de aprender
línguas, segundo ele, ela possui o órgão da linguagem embutido no sistema nervoso
central, essa questão admite que o ser humano possua, em seu estágio inicial, uma
Gramatica Universal (GU), dotada de princípios pertencentes a “faculdade da
24
linguagem” (CHOMSKY, 1998), e de parâmetros “fixados pela experiência” (SCARPA;
MUSSALIM; BENTES, 2001).
Porém, mesmo que o ser considerado normal esteja exposto ao ambiente
exterior ele tem a capacidade de aprimorar a língua natural de acordo com a pré-
determinada GU que possui, no entanto, esse processo se desenvolve em seu estado
inicial.
O processo de aprendizagem do indivíduo é constituído a partir de todo
conhecimento construído da interação do ser humano nas relações com os outros
indivíduos. Piaget com a teoria de que o conhecimento é construído através da
interação do sujeito com seu meio, a partir de estruturas existentes vem comprovar
que o processo de aprendizagem não é algo isolado, sendo assim, o conhecimento
não é adquirido de forma individual, tampouco verdadeiro, é necessário que se
observe a relação que o aprendiz tem com a sociedade, o meio em que ele está
inserido, e o contexto social de cada indivíduo. Mediante esse fato, faz-se necessário
conhecer as teorias de aquisição da linguagem, a fim de buscar embasamento teórico
para o trabalho a ser desenvolvido.
Segundo Santos (2008),
25
analisado diante a essa aprendizagem adquirida por meio dos estímulos é psicológico
de cada indivíduo. Portanto, para os estruturalistas, deve-se trabalhar apenas com os
dados observáveis, buscando descrever a língua e identificar suas características
estruturais. Não levamos em consideração o a mente do indivíduo.
Partindo desse ponto, o contexto comunicativo da fala está incluído na análise
de uma estrutura gramatical. Portanto, é necessário se fazer um estudo gramatical da
língua falada pelo indivíduo, buscando observar o contexto em que ele está inserido,
analisando a língua profundamente.
Entretanto, as teorias da linguagem são discutidas com as divergências de
ideias seguidas pelos estudiosos do campo. A fim de compreender essa concepção
divergente dos dois autores é importante salientar que para Vygotsky, o
Interacionismo social, onde propõe que a criança não é um aprendiz passivo, mas
sujeito que constrói seu conhecimento pela mediação do outro, sendo a interação
social e a troca comunicativa a base da aquisição.
Vygotsky, acredita que a aquisição da linguagem se dá devido à interação que
a mesma possui com o ambiente que a rodeia, considerando não apenas uma
expressão do conhecimento adquirido pela criança, mas observar que entre
pensamento e palavra existe uma inter-relação fundamental, em que a linguagem tem
papel essencial na formação do pensamento e do caráter do indivíduo. Contudo:
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Ao considerar que a linguagem consiste num sistema simbólico que estabelece
mediação entre o sujeito e seu objeto de conhecimento, Oliveira (1992), ao citar
Vygotsky, afirma que são generalizações enfatizar as palavras como mediação para
as relações dos indivíduos. O poderoso instrumento da linguagem é trazido pelo que
chama de internalização da ação e do diálogo.
Vygotsky entende o processo de internalização como uma reconstrução interna
de uma operação externa, mas diferentemente de Piaget, para a internalização de
uma operação deve concorrer a atividade mediada pelo outro, já que o sucesso da
internalização vai depender da reação de outras pessoas.
Fonte: novaescola.org.br
A oralidade seria uma prática social interativa para fins comunicativos que se
apresenta sob várias formas ou gêneros textuais fundados na realidade
sonora, ela vai desde uma realidade mais informal a mais formal nos mais
variados contextos de uso [...] (MARCUSCHI, 2001, apud PEREIRA, 2015, p.
10).
27
Nesse sentido, a oralidade é um ato de extrema importância na humanidade,
pois através dela ocorrem inúmeras formas de comunicação, tanto de indivíduo no
meio familiar como extrafamiliar e também é uma fortíssima ferramenta para aqueles
que a dominam e a utilizam como principal meio de expressão com auxílio de
comunicação gestual. A oralidade é um grande sinônimo de poder na sociedade, uma
vez que a linguagem oral surgiu primeiro do que a linguagem escrita e o sujeito
apropriando-se desta e conseguindo utilizá-la nas situações adequadas desenvolve,
a competência comunicativa com êxito segundo Mainguenau.
28
perguntas sobre o que está escrito no livro, mas expor suas opiniões, pois cabe ao
professor tornar o aluno como agente comunicador na sociedade ato este que não
acontece de fato, assim como explicita Albuquerque (2006).
29
Oller e Cols (1999) mostraram que o balbuciar produzido por volta dos 10
meses de idade, quando atrasado, pode prognosticar desordens da fala.
Balkwin (1968) mostra que, por volta dos três anos, a criança já deve se
expressar oralmente, entretanto, um leve retardo nesta idade não é incomum.
Cuberos (1997) afirma que a aquisição da linguagem oral é determinada pela
interação entre fatores biológicos, cognitivos, psicossociais e ambientais, resultado de
um processo interativo que envolve a manipulação, combinação e integração das
formas linguísticas e das regras que são impostas.
Para Allen e Rapin (1988), quando a criança não faz uso de estruturas
linguísticas, ela pode se comunicar de outras maneiras: gestos, vocalizações, ou
algumas poucas palavras isoladas. Por volta de 18 meses, as crianças que
apresentam um desenvolvimento da linguagem compatível com a sua idade, vão
substituindo os gestos, as vocalizações, ou mesmo suas características
comportamentais, por palavras propriamente ditas. A insistência da criança nestes
meios de comunicação merece investigação por parte de um especialista.
De acordo com Lima (2000), o período de 0 aos 3 anos é crucial para o
desenvolvimento linguístico. Nele se verificam todas as etapas do desenvolvimento
da linguagem que vão permitir à criança apropriar-se das competências necessárias
e, a partir dos três anos e meio, ser capaz de dominar a estrutura da língua alvo. Para
enfim, ser capaz de falar inteligivelmente sem grandes dificuldades. As trocas de sons
fazem parte do processo de aquisição da fala e são esperadas até por volta dos quatro
anos, quando a criança já está apta a produzir todos os sons.
O Quadro 1 a seguir apresenta o percurso normal de aquisição da linguagem
ao longo do tempo, nas suas vertentes receptiva, expressiva, articulatória e
pragmática.
Quadro 1: O percurso normal de aquisição da linguagem ao longo do tempo.
30
(SIM-SIM, 2008, apud MOREIRA, 2016, p. 8).
Para Strick e Smith (2001), os atrasos da fala são definidos como problemas
que interferem no domínio de habilidades escolares básicas, e elas só podem ser
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formalmente identificadas até que uma criança comece a ter problemas na escola.
As crianças com dificuldades de aprendizagem encontram muitas barreiras na
escola, por isso é muito importante que seja feito um o diagnóstico correto das
dificuldades de aprendizagem em relação a outros transtornos parecidos que
também dificulta o aprendizado do aluno. Souza (1996), afirma que as dificuldades
de aprendizagem aparecem quando a prática pedagógica diverge das necessidades
dos alunos. Por isso, Castro e Gomes (2000) alertam aos sinais:
Todas as crianças com história de distúrbios na linguagem e/ou fala devem ser
avaliadas, sabendo-se dos vários fatores que cercam essa criança. O diagnóstico
precoce permite o acompanhamento multidisciplinar e a instituição de medidas
terapêuticas eficazes. Desta maneira, médicos e profissionais da área da saúde que
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lidam com crianças devem estar atentos para este tipo de distúrbio, visando minimizar
o impacto do problema no desenvolvimento global dessa criança. Uma vez sendo feito
o diagnóstico, a criança deve ser adequadamente encaminhada, para introdução das
condutas terapêuticas o mais rapidamente possível.
Ainda que a linguagem oral esteja presente no dia a dia das instituições de
Educação Infantil, nem sempre é tratada como algo a ser intencionalmente trabalhado
com as crianças. Embora, tenham sido produzidas orientações curriculares oficiais
para a educação escolar de crianças, como os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) e o Referencial Curricular nacional para a Educação Infantil (RCNEI), que
exigem o trabalho na sala de aula com a linguagem oral.
Ensinar língua oral deve significar para a escola possibilitar acesso a usos da
linguagem mais formalizados e convencionais, que exijam controle mais
consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que o
domínio da palavra pública tem no exercício da cidadania (BRASIL, 1998,
apud MOREIRA, 2016, p. 10).
O PCN (1997) afirma que embora a linguagem oral seja um processo natural,
o professor deve atentar-se quanto a sua importância, para que seja desenvolvida
como objeto de trabalho propositado e metódico no processo de alfabetização. O
professor precisa primeiramente conhecer as habilidades e limitações de seus alunos
para poder traçar estratégias para ajudá-lo da melhor maneira possível. O docente
pode desempenhar um papel muito importante ao longo do processo de construção
do conhecimento, ao utilizar as ferramentas corretas. O RCNEI (1998) propõe que a
oralidade, a leitura e a escrita sejam trabalhadas de forma integrada e complementar,
potencializando-se os diferentes aspectos que cada uma dessas linguagens solicita
das crianças.
O docente deve desenvolver um trabalho tendo como objetivos: “encorajar o
uso da fala como forma de expressão; criar condições para a aprendizagem de
palavras novas; incentivar a compreensão e a produção de enunciados complexos”
(CASTRO; GOMES, 2000, p.178-179).
33
questiona diretamente a criança com perguntas que contêm pistas para a
resposta), a expansão (o adulto completa os enunciados simples da criança)
e a reformulação (o adulto repete o enunciado da criança, alterando alguns
elementos da estrutura produzida por esta) (CANTWELL; BAKER, 1987,
apud CASTRO; GOMES, 2000)
Cabe ao educador infantil zelar pela expressão oral das narrativas infantis
desde muito cedo, aproveitando o momento privilegiado da roda de histórias. “...
ensinar a produzir textos orais significa organizar situações que possibilitem o
desenvolvimento de preparação prévia e monitoramento da fala” (BRASIL, 1997,
p.74). Por vezes, a roda de conversa é usada como meio de apresentação de
assuntos, de instrução do professor para uma atividade ou para as etapas de trabalho
de um projeto, mas a comunicação quase sempre fica centrada na fala do adulto,
restando à criança o lugar de ouvinte, tantas vezes respondendo em coro.
Para Castro e Gomes (2000), a detecção precoce de problemas linguísticos
permite a prevenção. As atividades de interação comunicativa e de desenvolvimento
linguístico, especificamente as atividades de desenvolvimento da consciência
fonológica, são fundamentais para as crianças que apresentam dificuldades ao nível
da linguagem oral. Além de constituir uma oportunidade para trabalhar questões
linguísticas em situação natural e lúdica, estas atividades permitem ao educador
identificar problemas existentes a este nível.
Sim-Sim (2008) defende que proporcionar ambientes linguisticamente
estimulantes e interagir verbalmente com cada criança da Educação Infantil, são os
dois caminhos que podem ajudar a combater as dificuldades que afetam o
desenvolvimento da linguagem. De acordo com a autora, a criança adquire os
modelos de linguagem do meio onde está inserida, sendo assim, o modelo da fala do
adulto é que dá forma aos progressos linguísticos da criança entre os três/quatro anos.
Por volta dos cinco/seis anos a criança atinge o nível e a qualidade de produção
fonológica de um adulto.
Tanto na escola como em casa o estímulo deve começar com a leitura de
histórias infantis dos pais para os filhos, a estimulação de jogos de rimas, que ajudam
na consciência fonológica, jogos com letras e desenhos, para a criança já ir se
familiarizando com a leitura de rótulos é uma estratégia que desenvolve a memória
visual como o processo de leitura e escrita. Mysak (1998) afirma que desenvolverá a
fala mais cedo a criança cujo ambiente propicie rica experiência verbal com adultos e
com outras crianças. O RCNEI apresenta alguns benefícios que isso proporciona.
34
Nas inúmeras interações com a linguagem oral, as crianças vão tentando
descobrir as regularidades que a constitui, usando todos os recursos de que
dispõem: histórias que conhecem, vocabulário familiar, etc. Assim, acabam
criando formas verbais, expressões e palavras, na tentativa de apropriar-se
das convenções da linguagem (BRASIL, 1998, apud MOREIRA, 2016, p. 10).
8 DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO
35
disfluências na fala e velocidade de fala). Desde o nascimento a criança se comunica
através do choro, olhar e gestos.
36
PRATES, 2011, p. 56.
37
familiariza com a estrutura da língua materna e organiza informações linguísticas
necessárias ao desenvolvimento da linguagem oral. Durante o desenvolvimento da
fala a criança adquire o inventário fonético, articulação dos sons e os organiza de
acordo com as regras linguísticas da língua materna. Para isso, a criança experimenta
diversos processos fonológicos na tentativa de aproximar a sua produção de fala à do
adulto para que, aos quatro anos, já tenha condições de produzir e utilizar
adequadamente todos os sons da língua materna.
Fonte: orthofono.com.br
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primária ou idiopáticas) ou secundário (doenças de manifestação secundária,
decorrentes de manifestação maior) e, ainda, ocorrer isolados ou combinados.
39
a fase crítica vai dos quatro aos seis anos, decrescendo a partir dos sete anos mais
alta prevalência no sexo masculino; predomínio geral dos distúrbios articulatórios e/ou
fonológicos; predomínio de alteração do desenvolvimento da linguagem em crianças
menores de três a quatro anos, transtorno fonológico dos quatro aos oito anos e
alteração na linguagem escrita a partir dos nove anos. Em relação aos fatores
socioeconômicos, os estudos revelam que pais com baixo nível educacional têm mais
chances de ter filhos com problemas de linguagem e podem ter mais dificuldades para
perceber e relatar tais problemas.
40
Sabe-se que o input linguístico que a criança recebe antes dos três anos de
idade está fortemente relacionado com o subsequente desenvolvimento cognitivo e
de linguagem. Estudo recente mostra a importância da conversa entre adultos e
crianças para o desenvolvimento inicial da linguagem. Tal estudo ressalta que a
conversa entre adultos e crianças é determinante para o adequado desenvolvimento
de fala e linguagem, pois, interagindo com adultos, a criança tem oportunidade de
errar e ser corrigida, além de praticar e consolidar o conteúdo recém-adquirido. De
maneira oposta, a grande exposição da criança à televisão está relacionada a atrasos
no desenvolvimento da linguagem, pois contribui para a redução das oportunidades
de interação entre ela e o adulto.
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prematuridade, complicações pré, peri e pós-natais, hereditariedade, otites médias
recorrentes, hospitalizações, traumatismos cranianos, entre outros. Após tais
investigações, que deverão ser realizadas em curto espaço de tempo, é fundamental
encaminhar a criança para avaliação completa de linguagem, realizada pelo
fonoaudiólogo e equipe interdisciplinar, quando for o caso.
10 GAGUEIRA INFANTIL
Fonte: oficinadefluencia.com.br
42
sua cultura. De acordo com Villa (1995, apud BORGES; SALOMÃO, 2003, s/p), a
intenção comunicativa ocorre de maneira precoce, sendo observada por meio de
gestos, expressões faciais, olhares, tornando-se a forma de comunicação do bebê,
esta forma de comunicação é conhecida como “protoconversação ou protolinguagem”.
É necessário que a linguagem tenha um significado, relacionando os aspectos
fonológicos, semânticos e sintáticos da fala.
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gagueira, está presente nesta fase, em verbos, advérbios, substantivos, adjetivos, não
mostrando preocupações com a fluência da fala.
Para a autora, a terceira fase inicia-se aos 8 anos e é levada à idade adulta,
com características de gagueira em determinadas situações, como: falar com pessoas
desconhecidas, conversar ao telefone, fazer compras, ocorrendo episódios de
substituições de palavras, esquivando-se de determinados fonemas.
A quarta fase e a última, inicia-se aos 10 anos percorrendo até a idade adulta,
tem como característica principal a instalação da gagueira, ocorrendo medo
e vergonha no ato da fala, evitando situações que necessitem o uso direto da
linguagem (JAKUBOVICZ, 2009, apud ALMEIDA, 2017, p. 5).
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Para Yairi e Howell (2007, apud OLIVEIRA et al., 2010) a gagueira apresenta
um período de recuperação espontânea, ocorrendo entre os primeiros 12 meses ao
longo do desenvolvimento da disfluência. Tendo como fator determinante para essa
recuperação espontânea, o tempo que cada indivíduo possui a disfluência.
O contexto que envolve a influência e cobrança por parte dos pais perante o
desenvolvimento da gagueira, afirmando que quando desconhecem as fases
de desenvolvimento da linguagem, a gagueira passa se tornar patológica,
mediante a influência negativa destes, modificando o que era natural,
tornando em uma gagueira de sofrimento. (FRIEDMAN,1986 apud MARTINS,
2002),
Martins (2002), ainda afirma que, a maneira que será abordada essa gagueira
no ambiente familiar, influenciará em seu desenvolvimento, transformando o distúrbio
em natural ou desagradável, dependendo da maneira que será conduzida. Ainda em
seu estudo o autor, cita diversos outros autores referentes aos tipos de tratamentos
para a gagueira infantil, sendo eles, por meio de orientações aos pais, professores,
psicólogos e demais profissionais envolvidos de maneira direta no cotidiano da
criança, para obtenção de eficácia do tratamento da disfluência.
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11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
46
BORGES, L. C; SALOMÃO, N. M. R. Aquisição da linguagem: considerações da
perspectiva da interação social. Psicol. Reflex. Crít. Porto Alegre, v. 16. n. 2, 2003.
COSTA, J., & SANTOS, A. L. A falar como os bebés. Lisboa: Editorial Caminho.
2003.
47
MIRANDA, J. B; SENRRA, L. X. Aquisição e desenvolvimento da linguagem:
contribuições de Piaget, Vygotsky e Maturana. 2012
48
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes.
2007.
49