Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Notas de Aula
A história da aviação remonta a tempos pré-históricos, o desejo do homem em alcançar voos está presente
na humanidade provavelmente desde que o homem passou a atentar para o voo dos pássaros. Registros
históricos, relatam diversas tentativas de voo pelas mais diversas fases da história.
Uma famosa lenda Grega reza que Dédalo, um inventor nascido em Atenas,
teria sido primeiro homem a voar. Por uma injusta condenação, Dédalo e seu
filho, Ícaro, foram aprisionados pelo rei Minos na Ilha de Creta. Depois de
muito estudar as instalações da prisão em que se encontravam a genialidade
de Dédalo o levou a construir asas de cera que lhes proporcionasse voar
como os pássaros e, consequentemente, empreender fuga. Dédalo alertou
Ícaro que, quando alçasse voo, o fizesse longe do sol, pois o astro-rei poderia
Ícaro e suas asas de cera
derreter as asas de cera e levá-lo a uma queda fatal. Fonte: nelcio
Em sua fuga, no entanto, Ícaro não observou as regras do pai e, voando alto demais, teve as suas asas de
cera derretidas pelo sol. Caiu em alto mar e afogou-se, onde, hoje, em sua homenagem, encontra-se o Mar
Ícaro. Dédalo, por sua vez, conseguiu executar sua fuga chegando até a Sicília distante centenas de quilôme-
tros da clausura.
As tentativas de voo, passaram pelas construções de asas e engenhocas que
tentavam imitar o voo dos pássaros, não cessaram por muito tempo, saindo
do território das lendas, outra figura histórica citada por historiadores da avi-
ação foi Arquitas de Tarento. Filósofo, matemático, astrônomo, músico e po-
lítico grego de Tarento, cidade colonial grega no sul da Itália. Arquitas de Ta-
rento, (428 - 365 a.C.). Arquitas é conhecido como sendo o como criador de
uma máquina voadora fantástica para sua época. Similar a uma pipa equi-
pada com um propulsor a ar comprimido que em 425 a.C. teria voado 200 A Pomba de Árquitas
Fonte: alvor-silves.
metros.
Relatos históricos mostram que foram encontrados em sua região carcaças de barcos onde se percebe a
tentativa de instalação de propulsores. Historiadores acreditam que essas tentativas gregas foram influenci-
adas pela pomba de Arquitas.
Leonardo da Vinci, artista renascentista italiano, nasceu em
15/04/1452. De acordo com alguns historiadores, seu berço foi em
Anchiano, enquanto para outros, foi numa cidade, situada na mar-
gem direita do rio Arno, perto dos montes Albanos, entre as cida-
des italianas de Florença e Pisa.
Helicóptero de Da Vinci
Fonte: Reserva do mestre.
Em 1843 George Cale desenhou uma máquina voadora de asas rotativas o que hoje conhecemos como heli-
cóptero. Cayley batizou sua máquina de “carruagem aérea”. Máquina de Cayley parecia um pequeno barco
com dois conjuntos duplos de grandes rotores, em cada conjunto um rotor sobre o outro, ligados ao corpo
da aeronave por um sistema de longarinas.
É possível notar no projeto de Cayley o cuidado em equipá-lo com um trem de pouso composto por quatro
rodas e estabilizador horizontal cujo objetivo era controlar os movimentos de subida e descida, bem como
um leme vertical para direcionar a máquina para a direita ou para a esquerda. A baixa tecnologia disponível
na época impossibilitou a construção do helicóptero de Cayley. Não se encontrava um motor a vapor efici-
ente e com boa relação peso-potência, para que a máquina pudesse se sustentar no ar.
Eu encontrei que a dificuldade até o início do século XX, todos os trabalhadores ficam per-
plexos com a possibilidade de construir aparelhos mais pesados que o ar: em tempo Ponton
d'Amecourt's não havia luz de como construir um motor suficiente para voar. 3 Fonte: (avi-
astar).
1 Dirigível é uma aeronave mais leve do que o ar, se equipado com propulsores e pode ser controlado por seu operador através dos
motores e superfícies de comando. (HOMA 1998).
2 Aeronáutica a ciência do voo, que inclui os princípios e técnicas de construção e pilotagem de balões, dirigíveis e aeroplanos, bem
As máquinas voadoras construídas pelo engenheiro alemão Otto Lilienthal entre 1891 e 1896 foram bem-
sucedidos ao alcançarem incríveis 17 metros. Esses feitos foram documentados contribuíram significativa-
mente para o desenvolvimento da máquina voadora construída pelos irmãos Orville e Wilbur Wright.
Em 1891, o engenheiro civil Otto Lilienthal (Alemanha) obteve sucesso em realizar os pri-
meiros voos planados, seguros, da história. Os experimentos de Lilienthal e sua abordagem
científica foram adotadas pelos irmãos Wright (EUA) na sua busca em desenvolver uma má-
quina voadora controlável e auto-sustentada.4 (Otto Lilienthal Museum) Fonte: lilienthal-
museum.
Clément Ader foi um engenheiro projetista inventor de aeronaves nascido em Muret, Haute-Garonne na
França em 1860. Trabalhando para a Compagnie des Chemins de fer du Midi (1862-1866), desenvolveu suas
primeiras invenções e obteve um brevê. Tornou-se um entusiasta da aviação e construiu seu primeiro balão,
com recursos próprios, durante a Guerra Franco-alemã (1870-1871).
4 In 1891, the civil engineer Otto Lilienthal (Germany) succeeded in achieving the first safe, multiple gliding flights in history. The
Wright Brothers (USA) in their quest to develop a controllable, self-propelled flying machine adopted Lilienthal’s experiments and his
scientific approach.
5 Aerodinâmica (grego Aer, que significa “ar”, e Dyne, “força”) é o segmento da Física que estuda os efeitos do ar sobre os corpos.
6 Stall ou estol em português é definido como o descolamento do fluxo laminar de ar gerador de sustentação que escoa sobre o
Ao Eole seguiram-se os projetos do Avion II e o Avion III. Ao engenheiro Clément Ader é creditada a criação
do termo "avião". Apesar de se tratar de um projeto preliminar e presenciado por poucas pessoas e o dese-
nho do avião que realizou o voo apareceu na imprensa mundial. Assim o voo de um aparelho mais pesado
que o ar já acontecera vários anos antes do famoso voo (1903) de Orville. Em 1926 Clément Ader faleceu em
Toulouse.
Na tentativa de voar incontáveis projetos foram desenhados e com a mesma velocidade abandonados, muito
tempo foi investido por visionários que para alcançar alguns saltos ou se manter no ar por alguns segundos
no ar algumas vezes pagaram com a vida. Dos voos tripulados e muitas vezes não controlados efetuados em
balões surgiram vários entusiastas, mas foi no início do século XX a conquista dos céus pelos homens e suas
máquinas voadoras mais pesadas do que o ar.
Por se tratar de uma disciplina introdutória as aplicações da ciência na construção de aeronaves, o que ori-
ginou a “Engenharia Aeronáutica”, vamos percorrer a história da aviação a partir do início do século XX, pois
foi o divisor de águas em termos tecnológicos na história da humanidade e por consequência na história da
aviação.
A aviação moderna inicia com a conquista dos ares pelas aeronaves mais pesadas do que o ar. Para que isso
fosse possível, diversos estudiosos, curiosos e entusiastas dedicaram tempo e dinheiro na tentativa de alçar
voo. Em seguida são apresentados alguns personagens que contribuíram significativamente para o desenvol-
vimento da aviação que conhecemos hoje, entre os diversos estudiosos que colaboraram para o desenvolvi-
mento da aviação no século passado, alguns ganharam lugar de destaque em função dos resultados obtidos
com seus experimentos, nesse contexto citaremos alguns personagens como os irmãos Orville e Wilbur
Wright, ou simplesmente “Irmãos Wright”, o ilustre brasileiro Alberto Santos Dumont ou simplesmente “San-
tos Dumont”, Louis Blériot e Antony Jannus.
7 Le premier des avions fut VËole; commencé en 1882, il fut essayé sur une piste rectiligne de 200 mètres, dans le parc d'Armainvilliers
appartenant à la famille Pereire; à Tune de ces expériences, le 9 octobre 1890, VËole fit une envolée de 50 mètres à une faible
hauteur; une grosse avarie ne permit pas de continuer.
PUC Minas Virtual • 7
1.1.1 Os irmãos Wright
A história relata que o primeiro voo dos irmãos Wright, aconteceu no Orville e Wilbur Wright
Fonte: folha
dia 17 de dezembro de 1903, em Kitty Hawk, Estados Unidos, este
evento foi testemunhado por 5 (cinco) pessoas.
O grande questionamento e sobre a não realização do voo denominado autônomo8, já que o aparelho era
lançado a partir de uma espécie de catapulta contra o vento e somente depois conseguiu se sustentar no ar.
De acordo com suas anotações, eles realizaram um voo em um aeroplano chamado "Flyer", na data de 17 de
dezembro de 1903, em Kitty Hawk, na Carolina do Norte. O diário dos irmãos, registra três outros voos com
o mesmo aparelho, dos quais um de 59 segundos à velocidade de 50 km/h e um outro, a 5 de outubro de 1905.
Os relatos históricos, mostram que os irmãos Wright tentaram vender sua aeronave ao Exército dos EUA;
depois ao governo francês; e, posteriormente, a um grupo de industriais. Não obtiveram sucesso. Em 1907
foram à Europa, onde prosseguiram as negociações para a venda do invento. Somente em 1908 realizaram
experiências públicas de voo no Velho Mundo. Daí em diante, obtiveram grandes sucessos. O Exército norte-
americano aceitou o avião em 1909 e, anos depois, os irmãos Wright passaram a ser considerados pelo go-
verno dos EUA como inventores do aeroplano.
As primeiras lições que recebi de aeronáutica foram-me dadas pelo nosso grande visionário:
Júlio Verne. De 1888, mais ou menos, a 1891, quando parti pela primeira vez para a Europa,
li, com grande interesse, todos os livros desse grande vidente da locomoção aérea e sub-
marina. Algumas vezes, no verdor dos meus anos, acreditei na possibilidade de realização
do que contava o fértil e genial romancista; momentos após, porém, despertava-se, em
mim, o espírito prático, que via o peso absurdo do motor a vapor, o mais poderoso e leve
que eu tinha visto. (DUMONT, 1918, p.2)
Em setembro de 1898 realizou o primeiro voo de um balão com propulsão própria, entusiasta da aviação
Dumont começo a frequentar o clube de aviadores de Paris e como passatempo criava balões e dirigíveis. Em
8 Voo autônomo é aquele em que ascensão da aeronave por meios próprios. (OLIVEIRA, 2002)
PUC Minas Virtual • 8
seu livro “O que vi e o que nós veremos” Dumont cita o fato de um senhor pouco conhecido entre os aero-
nautas, compareceu em uma das reuniões do aeroclube de Paris e ofereceu um prêmio para o aeronauta
que obtivesse êxito em um feito inédito até aquela ocasião.
A uma das assembleias do Aero Club compareceu um senhor, desconhecido de todos nós,
muito tímido, muito simpático, que ofereceu, ele, Deutsch de la Meurthe, um prêmio de
cem mil francos ao primeiro aeronauta que, dentro dos cinco anos seguintes, partindo de
St. Cloud, que era então onde se achava o Parque do Club, circunavegasse a Torre Eifel e
voltasse ao ponto de partida, tudo em menos de 30 minutos. (DUMONT, 1918, p.5)
Entusiasmado com o prêmio Dumont começou a trabalhar. No dia 19 de outubro de 1901 com seu balão de
n°6, Santos Dumont convocou os juízes para a prova do seu dirigível. Com algumas dificuldades por conta da
perda de altura e do vento, ele terminou o desafio em 30 minutos e 29 segundos.
Em 19 de Outubro (1901), à tarde, pois a manhã foi chuvosa, subi de novo, contornei a
Torre, a uma altura de 250 metros, sobre uma enorme multidão que aí estacionava à minha
espera, e passei por Autenil, sobre o hipódromo do mesmo nome, que ficava em meu ca-
minho. Havia corridas; a minha passagem, tanto na ida como na volta, despertou um delírio
de aplausos; ouvi a gritaria e vi lenços e chapéus arrojados no ar; eu distava da terra apenas
de 50 a 100 metros... Da minha saída ao momento em que passei do zênite do ponto de
partida, decorreram 29 minutos e 30 segundos. Com a velocidade que levava, passei a linha
da chegada como fazem os yachts, os barcos a petróleo, os cavalos de corridas, etc., diminuí
a força do motor e virei de bordo; então, voltando, e com menos velocidade, manobrei para
tocar a terra, o que fiz em 31 minutos após minha partida. (DUMONT, 1918, p.9)
Continuando na minha ideia de evolução, dependurei o meu aeroplano em meu último ba-
lão, o n.º 14; por esta razão, batizaram aquele com o nome de 14-bis. Com esse conjunto
híbrido, fiz várias experiências em Bagatelle, habituando-me, dia a dia, com o governo do
aeroplano, e só quando me senti senhor das manobras é que me desfiz do balão. (DUMONT,
1918, p.10)
O Dirigível n°14
Fonte: cabangu.com.br
Em julho de 1906 o engenho de Dumont, foi desacoplado do balão “Nº 14”, porém seu nome permaneceu:
14-Bis; ocorrendo após isto, seus primeiros testes.
Ernest Archdeacom, aficionado da aviação, estabeleceu um prêmio, no valor de 3.000 francos para o piloto
que conseguisse voar 25 metros, com um aparelho mais pesado que o ar. O Aeroclube da França acrescentou
mais 1.500 francos, como prêmio, para o piloto que conseguisse cobrir a distância de 100 metros em voo.
Dumont se inscreveu para disputar o Prêmio.
Diante da comissão oficialmente constituída aeroclube da França, Dumont conseguiu cumprir o percurso
com um aparelho dotado de propulsão própria. Sendo aclamado pela imprensa mundial tomando os notici-
ários da Europa.
Em 12 de novembro, efetuou novo voo e conquistou também, o prêmio oferecido pelo Aeroclube da França
e, desta vez, não deixando margem para dúvidas quando o 14-Bis cruzou novamente o céu percorrendo a
distância de 220 metros, erguendo-se à altura de 6 metros. Inaugurando assim, de forma inequívoca e defi-
nitiva, a Centenária Era da Aviação.
9O HP ou Cavalo Motor traduzido do Inglês (Horse Power) é uma unidade da potência, cuja definição é a capacidade de um cavalo
robusto erguer um peso de 76 kgf à um metro de altura no tempo de 1 segundo. (HOMA; 2001).
PUC Minas Virtual • 10
1.1.3 Santos Dumont X Irmãos Wright
A polêmica sobre a invenção do avião gera acaloradas discussões há muito tempo. Se perguntar a um norte
americano a resposta será direta “foram os irmãos Wright”, contudo se perguntarmos a um brasileiro a res-
posta será no mesmo tom “foi Santos Dumont”.
Para apresentar os fatos é preciso levar em consideração os fatos até então apresentados nesse trabalho, na
virada do século XIX para o século XX, o homem já havia realizado pequenos voos em máquinas mais pesadas
que o ar. Os pioneiros como Otto Lilienthal e Chanute e Clément Ader, conseguiram resultados com seus
planadores, contudo sem resolver os problemas de estabilidade e propulsão, que mantivessem suas máqui-
nas no ar.
Eu não quero tirar em nada o mérito dos irmãos Wright, por quem tenho a maior admiração,
mas é inegável que, só depois de nós, se apresentaram eles com um aparelho superior aos
nossos, dizendo que era cópia de um que tinham construído antes dos nossos. (DUMONT,
1918, p.60).
A disputa sobre quem é o verdadeiro inventor da máquina voadora mais pesada que o ar, Salvador Nogueira,
escreve em seu livro Conexão Wright Santos-Dumont, faz a seguinte citação:
Alguns estudiosos da aviação afirmam que o Flyer de 1903 não passava de um planador motorizado, pois o
seu motor possuía força propulsora para sustentar o voo, mas não suficiente para decolar sem auxílio de um
método de propulsão externo. Já o 14 Bis de Dumont decolou em 12 de novembro de 1906 com seu motor
de 50 HP de forma autônoma. O 14 Bis é considerado por muitos o primeiro avião da história e o seu concor-
rente o Flyer de 1903 o primeiro moto planador.
Dumont foi o primeiro a conquistar o reconhecimento oficial e homologado sobre a criação das aeronaves.
Porém, anos mais tarde, os resultados obtidos pelos Irmãos Wright, ainda que controversos, foram reconhe-
cidos pela Fédération Aéronautique Internationale. Por antecederem os feitos de Dumont, os irmãos Wright
ganharam a fama mundial de inventores dos aviões.
Dumont envolvido na polemica não se preocupava com patentes, mas sim em melhorar seus projetos. Al-
berto deixa claro em seu livro o que pensava sobre a polêmica.
Louis Charles Joseph Blériot nasceu em 1º de julho de 1872 em Cambrai na França. Uma luz o levou à aviação.
Sim, literalmente. Em 1897, desenvolveu o primeiro farol para automóvel e acabou ganhando dinheiro, pois
fornecia o invento para a Renault e a Panhard-Levassor, duas das maiores fabricantes de carros na época.
Com os valores recebidos pelo seu invento, Blériot voltou suas atenções para os aviões e começou a construir
e a testar modelos de monoplanos por volta de 1900. Nesse período, produziu vários protótipos, todos bati-
zados com seu sobrenome. Onze modelos depois, concentrou-se no Blériot XI. Voou pela primeira vez com
ele em janeiro de 1909 e, apesar do bom desempenho, o motor aquecia. Blériot chamou o projetista e mo-
tociclista Alessandro Anzani para criar um motor confiável. Ainda conseguiu uma hélice laminada de madeira,
invenção de Lucien Chauviere, sócio de Anzani.
Voos bem-sucedidos no final de junho mostravam que estava em um bom caminho com o modelo XI. Porém,
um acidente no início de julho, que até provocou queimaduras de terceiro grau em Blériot, novamente colo-
cavam o sonho de voar em dúvida.
Depois do feito, chegou a fabricar aviões para os aliados durante a Primeira Guerra Mundial, mas trocou as
asas pelas rodas das motocicletas, as quais começou a produzir a partir de 1920. Louis Blériot morreu em 1º
de agosto de 1936, vítima de ataque cardíaco.
A máquina foi embarcada de St. Louis a St. Petersburg por via férrea, acompanhada por Tony Jannus, que
havia sido escolhido como piloto para a linha; seu Borther Roger e JD Smith, mecânico. Após várias semanas
de testes, o serviço foi inaugurado no dia 1 de janeiro, licitação dos cidadãos em leilão público para o primeiro
voo.
Abram C. Pheil, ex-prefeito de São Petersburgo, então no negócio por atacado, ganhou a honra de ser o
primeiro passageiro, oferecendo US $ 400 para o espaço - out-bidding Mitchell, que não iria mais do que US
$ 375.
O primeiro voo comercial da história demorou 23 minutos para percorrer 26 quilômetros. E transformou o
jovem Tony Jannus – batizado como Antony Habersack Jannus e, na época, com meros 25 anos – no primeiro
piloto comercial de que se tem ou se teve notícia.
O pior ocorreria em 1916, quando Tony, já piloto de testes para aeronaves de guerra da Curtiss Aeroplane
Company, foi enviado a Moscou (então capital da finada União Soviética) como instrutor para pilotos da
aviação russa. Em outubro daquele ano, Tony Jannus, caiu em pleno Mar Negro. Seu corpo nunca foi encon-
trado.
De acordo com SILVA, 2017, apud CRUZ, 2017, a formação de pilotos em território nacional, foi fundamental
para o desenvolvimento das atividades aéreas no país.
Após seis anos de operação, o educandário passa a estabelecer o papel oficial de examina-
dor dos pilotos formados no Brasil, ao filiar-se à Fédération Aéronautique Internationale
(FAI), consentindo-lhes os brevês. Tendo como marco inicial o piloto Raul Vieira de Melo,
tenente do exército, em 1919, ao alcançar o brevê de número um. Acontecimento crucial
para instituição da Escola de Aviação Militar, coordenada pelo exército que culminou com
o término da escola do aeroclube. (SILVA, 2017, apud CRUZ, 2017.P 13).
A criação da uma empresa de transporte aéreo brasileira, surgiu através do visionário alemão Otto Ernet
Meyer Labastille. Ex-oficial-aviador da Aviação Real Prussian imigrou para o Brasil em 1921, contratado por
uma empresa alemã que atuava no estado de Recife. Otto Meyer iniciou sua empreitada no Recife e depois
no Rio de Janeiro, mas só encontrou o apoio necessário no Sul do país, mais precisamente em Porto Alegre.
Em 1926 Meyer partiu para Alemanha em busca de aeronaves e mão de obra com experiência e lá fez um
acordo com a companhia aérea alemã Condor Syndikat, onde a empresa forneceria um avião e funcionários
para operar a aeronave em troca de 21% do faturamento da companhia aérea brasileira.
A Condor Syndikat recebeu autorização para voar no Brasil no dia 26 de janeiro de 1927 e no dia 3 de feve-
reiro foi inaugurado o primeiro voo comercial do Brasil e no dia 7 de maio de 1927 foi criada oficialmente a
Viação Aérea Rio Grandense, ou simplesmente, VARIG.
Na ocasião do embarque, eram distribuídos para os passageiros, algodão e chicletes. O algodão servia para
colocar nos ouvidos para abafar o barulho dos motores e os chicletes para aliviar o desconforto causado pela
mudança de pressão. O voo durava cerca de duas horas e 20 minutos, bem mais rápido do que uma viagem
de trem, a um preço competitivo com os modais de transporte da época.
Silva (2017), relata em sua obra a importância da manutenção no setor, já que aeronaves paradas por falta
de mão de obra especializada são onerosas e prejudiciais para as empresas, bem como para o mercado, [...]
“as empresas aéreas em todo mundo são as organizações mais influenciadas pelas regulamentações econô-
micas e não econômicas impostas pelos países e organizações”. (SILVA, 2017, apud CRUZ, Palhares, 2002, p.
129).
A carência de mão de obra qualificada no Brasil, promoveu a imigração de mão obra de mecânicos de aero-
naves, peças, operadores e auxiliares alemães.
A Primeira Guerra Mundial decorreu em função das tensões advindas das disputas por áreas coloniais. Além
disso, dos vários fatores que desencadearam o conflito destacaram-se o revanchismo francês, a questão da
Alsácia-Lorena, a "Questão Balcânica" e a corrida armamentista anglo-germânica.
A Alemanha, após sua tardia unificação política (ocorrida somente em 1871), liderada pelo Chanceler Otto
von Bismarck (1815-1898), passou a reivindicar áreas coloniais e a contestar a hegemonia internacional in-
glesa, favorecendo a formação de blocos antagônicos. Sua grande ambição pela conquista de novas colônias,
garantiu-lhe algumas possessões na África, Extremo Oriente e Oceano Pacífico. O mesmo vale para a Itália
(unificada entre 1860 e 1870), que avançou sobre a Líbia e a Eritréia. Assim as ambições imperialistas das
grandes potências europeias podem ser mencionadas entre os principais fatores responsáveis pelo clima
internacional de tensão e de rivalidade que marcou o início do século XX.
Além desses problemas meramente econômicos, a Europa possuía focos de conflito que transpareciam no
plano político. Em diversas regiões, surgiam movimentos nacionalistas que apresentavam o objetivo de agru-
par sob um mesmo Estado povos considerados de mesmas raízes culturais. As ambições imperialistas asso-
ciadas ao nacionalismo exaltado fomentavam todo um clima internacional de tensões e agressividade. Sabia-
se que a guerra entre as grandes potências poderia explodir a qualquer momento.
Quando a I Guerra Mundial eclodiu, em agosto de 1914, o número de aeronaves em todas as frontes era
muito pequeno, a França, por exemplo, tinha menos de 140 aeronaves. A aviação na Primeira Guerra Mun-
dial, evoluiu com velocidade espantosa, pois pouco anos antes, os pioneiros haviam começado a dominar o
voo nas máquinas mais pesadas do que o ar. Logo depois da era pioneira da aviação, ainda havia vários as-
pectos a melhorar na aviação, em função da baixa potência oferecida pelos motores da época, da baixa qua-
lidade do combustível disponível, e as técnicas rudimentares de construção de estruturas utilizando “madeira
e tecido”. A carga que podia ser levada pelos aviões era extremamente limitada.
Por esta fase da guerra, as bombas mais comuns caíram pelos avi-
ões britânicos eram 20, 100 e 112 libras. No entanto, as primeiras
técnicas de miragem de bombas aéreas baseavam-se mais na espe-
Lançamento de bombas em 1916
rança do que na ciência. Fonte: New Zeland hystori
Em 1914 era importante que a aeronave fosse fácil de voar, já que a quantidade de pilotos treinados era
mínima. Naquela época, um piloto da Royal Air Force (RAF), era mandado para combate após ter completado
um treinamento de três horas e meia de voo real. Logo, os aviões eram desenhados para ter estabilidade,
mas ao final do conflito, essa característica deu lugar à manobrabilidade. Aviões famosos como o inglês So-
pwith Camel e o triplano alemão Fokker Dr. I eram difíceis de se voar, mas extremamente ágeis.
Até a segunda metade da guerra, o treinamento de voo britânico era de um padrão pobre que resultou em
muitas mortes desnecessárias por acidente, ou em combate quando os pilotos foram despachados para a
Frente Oeste com frequência com apenas uma pontuação ou duas horas registradas no ar. Dos 7000 tripu-
lantes que foram mortos ou morreram de feridas ou feridas, um assombroso 3000 caiu vítima de acidentes
de voo. À medida que os padrões de treinamento melhoraram gradualmente, a tripulação ganhou melhores
habilidades e teve menos acidentes. Métodos inovadores de instrução de voo que foram desenvolvidos em
todo o mundo foram desenvolvidos por Robert Smith-Barry na Escola de Voo Especial em Gosport, Hamps-
hire. No final da guerra a Royal Air Force (RAF), havia estabelecido numerosos centros de treinamento espe-
cializados, como as Schools of Aerial Fighting.
A combinação desse equipamento rudimentar e a falta de experiência dos engenheiros aeronáuticos, torna-
vam esses aviões estruturalmente fracos, e não era incomum que eles se partissem em pleno voo, especial-
mente durante as violentas manobras em combate. Apesar disso, já em 1909, essas máquinas velozes já não
eram consideradas brinquedos e sim armas em potencial, o céu se transformou em um novo campo de ba-
talha, tão importante quanto a terra e o mar.
Desde o início da guerra, os Estados Unidos mantinham uma posição de "neutralidade", por se tratar em uma
guerra europeia, contudo janeiro de 1917, os alemães declararam uma guerra submarina total, avisando que
torpedeariam todos os navios mercantes que transportassem mercadorias para seus inimigos na Europa.
Pressionado pelos banqueiros norte-americanos cujo capital investido na França e na Inglaterra achava-se
ameaçado, e pela opinião pública que não se conformava com as perdas de navios e vidas pela ofensiva
submarina germânica, o Governo dos Estados Unidos declarou guerra à Alemanha e ao Império Austro-Hún-
garo em 6 de abril de 1917. Nesse meio tempo, a Rússia retirou-se da guerra, favorecendo a Alemanha na
frente oriental. Esta procurou concentrar suas melhores tropas no ocidente, na esperança de compensar a
entrada dos Estados Unidos.
Em março de 1918, os alemães tentaram um último e desesperado esforço para romper a linha dos aliados
antes que a presença das tropas americanas tornasse inviável a vitória a Ofensiva do Kaiser (Kaiserschlacht).
A Alemanha já se encontrava exaurida pelos quatro anos de guerra, tinha sua população jovem reduzida
pelos combates e a população civil estava atormentada pela fome e inanição, resultado do bloqueio naval
aliado.
Em julho de 1918, ingleses, franceses e americanos desferem sucessivos golpes sobre as divisões alemãs as
obrigando a recuar até a fronteira belga. O Alto-Comando alemão, aconselham o governo a solicitar um ar-
mistício. Sucessivamente, a Bulgária, a Turquia e o Império Austro-Húngaro depuseram armas e abandona-
ram a luta. A Alemanha ficou sozinha e sem condições de resistir ao bloqueio, liderado pelos Estados Unidos,
que privaram o exército alemão de suprimentos fundamentais para a guerra.
A Alemanha havia assinado uma convenção de paz em condições bastante desvantajosas, mas o exército
alemão não se sentia militarmente derrotado. Terminada a guerra, os exércitos alemães ainda ocupavam os
territórios inimigos, sem que nenhum inimigo tivesse penetrado na Alemanha. Surgia a teoria da "punhalada
nas costas", que seria muito bem explorada por Adolf Hitler.
O tratado de Versalhes, assinado em 28 de junho de 1919, foi um acordo de paz assinado pelos países euro-
peus que colocou um ponto final na primeira guerra mundial. A Alemanha assumiu a responsabilidade pelo
conflito mundial e comprometeu-se a cumprir uma série de exigências políticas, econômicas e militares. Tais
exigências foram impostas pelas nações vencedoras da primeira guerra mundial, mas a recém-criada Liga das
Nações, ou como conhecemos atualmente, ONU, ratificou o Tratado. No entanto, pode-se dizer que a Ale-
manha perdeu a guerra, pelo olhar político pelo menos, sendo que seu exército não foi derrotado, na verdade
o que trouxe o fim da guerra foi um golpe burguês organizado por pessoas que em sua maioria eram judeus,
deste ponto nasce a raiva de Adolf Hitler por eles, pois naquela época ele era soldado e estava na linha de
frente da batalha que queriam continuar batalhando. Os avanços da aviação com o desenrolar da 1ª Guerra,
contribuiu significativamente, para que a aviação pudesse estar madura para as diversas finalidades para as
quais a aviação seria mergulhada ao término do conflito.
PUC Minas Virtual • 17
1.3 A Era de Ouro da Aviação - 1918 - 1939
Os anos que se passaram no intervalo entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial foram anos os quais os
avanços tecnológicos obtidos nas aeronaves foram intensos, neste período, avanços foram realizados no
projeto dos aviões e linhas aéreas começaram a operar em vários pontos do planeta. Com o fim do conflito,
o governo norte-americano ofereceu o excesso de aeronaves restantes da guerra a aviadores, por preços
incrivelmente baixos. Apesar destas aeronaves serem mais novas, do que aquelas fabricadas antes da guerra,
elas ainda não podiam ser consideradas seguras.
Também foi época na qual aviadores começaram a impressionar o mundo com seus feitos e suas habilidades.
Os aviões que até então tinha a madeira como principal matéria prima e não dispunham de equipamentos
de navegação básicos, como a bússola passaram a ser construídos em alumínio. Os motores das aeronaves
foram melhorados, com um notável aumento de sua potência. Por isso mesmo, este período é considerado
a era do ouro da aviação.
O reconhecimento dos aeronautas como heróis após a Primeira Guerra Mundial, com atos
destemidos durante a navegação, proporcionou credibilidade ao poder aéreo e contribuiu
para o desenvolvimento econômico da aviação civil. Neste contexto, em 13 de outubro de
1919 é instituída a Convenção Internacional sobre Navegação Aérea que, assinada por 27
países, reconhecia que cada Estado tinha o direito de controlar o seu próprio espaço aéreo.
Nos Estados Unidos, tal responsabilidade ficou a cargo do governo federal por meio da re-
cém-criada NACA - National Advisory Commite for Aeronautics - Comitê Nacional para
Aconselhamento sobre Aeronáutica (CROCH, 2008 apud FAJER, 2009).
Uma série de prêmios foi uma das principais razões deste grande desenvolvimento. Tais prêmios eram dados
para aviadores que conseguissem estabelecer recordes em distância e em velocidade. Outra razão era a
grande quantidade de aviões e de pilotos experientes, sobras da Primeira Guerra Mundial. Em 1919, várias
linhas aéreas foram criadas na Europa, tais companhias usavam aviões antigamente usados como bombar-
deiros na primeira guerra mundial, para carregar carga e passageiros. Tais aeronaves eram elegantemente
decoradas e mobiliadas. Mesmo assim, tais aeronaves eram muito barulhentas e não pressurizadas.
O avião Junkers F-13 iniciou uma nova era na aviação comercial brasileira, terminando em hidroaviões e
iniciando aeronaves terrestres de motor único. O serviço aéreo regular com Junkers F-13 começou em abril
de 1932, quando a aviação comercial foi realmente uma atividade pioneira no Brasil. O PP-VAF foi chamado
de "Livramento" e PP-VAG "Santa Cruz", uma homenagem a duas cidades onde operaram por um longo pe-
ríodo de tempo.
Naquele momento, não havia nenhum serviço de bordo e banheiro na aeronave. Os Junkers podiam pousar
tanto na grama como na terra, naquele momento os aeródromos eram simplesmente áreas demarcadas. Os
voos foram marcados pela turbulência, quando a aeronave voou baixa, e o ruído alto dos motores. Os cintos
Junkers F-13 foram comprados graças à ajuda do governo do estado do Rio Grande do Sul, que também
ajudou a VARIG a adquirir Junkers A50.
A chamada “Era de Ouro da Aviação”, também foi coroada com diversos personagens que colaboraram para
o desenvolvimento da aviação, vamos sintetizar os feitos de algumas pessoas que ganharam lugar de desta-
que em função dos seus feitos.
Gago Coutinho e Sacadura Cabral ficaram conhecidos internacionalmente, ao realizarem a primeira viagem
aérea entre a Europa e a América do Sul, cumprindo a última etapa do trajeto entre Lisboa e o rio de Janeiro,
a bordo do hidroavião Santa Cruz, no dia 17 de junho de 1922.
A primeira etapa desta heroica viagem que se iniciou em Lisboa às 16:30 horas do dia 30 de março desse ano,
num hidroavião monomotor Fairey FIII-D MkII, com um motor Rolls-Royce e batizado de "Lusitânia", termi-
nou tranquilamente em Las Palmas nas Ilhas Canárias, onde os tripulantes se demoraram até 5 de abril.
No dia 5 de junho, finalmente, recebem um novo Fayrei F III-D, a que a esposa do então Presidente do Brasil
batiza de "Vera Cruz". Este aparelho foi transportado para o arquipélago de S. Pedro e S. Paulo, de onde os
aeronautas portugueses partiram rumo ao Recife e daqui para o Rio de Janeiro, fazendo escalas em Salvador,
Porto Seguro e Vitória. Nas águas da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, Gago Coutinho e Sacadura Cabral
foram entusiasticamente aclamados como heróis pela população que os aguardava, aclamação que se esten-
deu a todas as cidades brasileiras. Estima-se que nos setenta e nove dias da viagem o tempo de voo dispen-
dido, nos 8.383 quilómetros percorridos, foi de apenas 62 horas e 26 minutos.
O comandante brasileiro João Ribeiro de Barros foi o primeiro americano a voar entre a Europa e a América
a bordo de um hidroavião italiano Savoia Marchetti S-55, de prefixo I-BAUQ, apelidado por ele de "Jahú", em
1927. Ribeiro de Barros contou com o apoio dos copilotos Arthur Cunha, na primeira fase da travessia, e João
Negrão, na segunda, do navegador Newton Braga e do mecânico Vasco Cinquini.
Ribeiro de Barros nasceu em Jaú, no interior de São Paulo, no dia 4 de abril de 1900. Entre 1917 e 1918,
cursou Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, mas, em 1919, mudou-se para os
Estados Unidos, onde dedicou-se ao curso de Engenharia Mecânica. Na França, tirou o brevê número 88 da
Liga Internacional dos Aviadores, em 21 de fevereiro de 1923, e iniciou sua trajetória como piloto de avião.
Em seguida, voltou aos Estados Unidos para aperfeiçoar seus conhecimentos como piloto e navegador e,
posteriormente, foi para a Alemanha aprender a fazer acrobacias aéreas.
Em 1926, deu início ao sonho de atravessar o Atlântico Sul a bordo de um hidroavião. A ideia era decolar da
Itália e voar para o Brasil sem o auxílio de navios de apoio. No princípio, ele pediu apoio ao governo brasileiro,
mas não conseguiu. Nessa época, França, Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha eram os principais países
que disputavam a supremacia da aviação e, por isso, o governo brasileiro preferiu não se indispor com as
principais nações do mundo. Mesmo sabendo que muitos diziam que seria impossível realizar seu sonho,
pois nem França, Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha foram capazes de atravessar o Atlântico Sul até
1926, Ribeiro de Barros vendeu parte de sua herança a seus seis irmãos e viajou com o dinheiro para a Itália,
onde estava sediada a Savoia Marchetti.
Solteiro e sem deixar filhos, Ribeiro de Barros faleceu em Jaú no dia 20 de julho de 1947, vítima de problemas
hepáticos provocados pela malária, contraída quando se preparava para atravessar o Oceano Atlântico. Seu
corpo foi sepultado no Cemitério Municipal de Jaú, mas alguns anos depois seus restos mortais foram trans-
feridos para um monumento construído em 1953 para homenageá-lo, localizado na praça Siqueira Campos,
em Jaú.
Cerca de 200 bimotores hidroaviões Savoia Marchetti S-55 foram fabricados na Itália, na década de 1920. A
aeronave foi utilizada como bombardeiro, torpedeiro, em missões de reconhecimento aéreo e de busca e
salvamento.
PUC Minas Virtual • 20
1.3.3 Charles Augustus Lindbergh
Charles Augustus Lindbergh nasceu em 4 de fevereiro de 1902, em Detroit. Ele cresceu em uma fazenda perto
de Little Falls, Minn. Ele era filho de Charles Augustus Lindbergh, Sr., um advogado, e sua esposa, Evangeline
Lodge Land. O pai de Lindbergh serviu como congressista norte-americano de Minnesota de 1907 a 1917.
Na infância, Lindbergh mostrou habilidade mecânica excepcional. Na idade de 18 anos, ele entrou na Univer-
sidade de Wisconsin para estudar engenharia. No entanto, Lindbergh estava mais interessado no excitante e
jovem campo da aviação do que na escola. Depois de dois anos, ele deixou a escola para se tornar um barns-
tormer, um piloto que realizou acrobacias daredevil em feiras.
A vida de um aviador me parecia ideal. Envolveu habilidade. Isso trouxe aventura. Ele fez
uso dos últimos desenvolvimentos da ciência. Os engenheiros mecânicos foram encadeados
às fábricas e às tábuas de esboço quando os pilotos tiverem a liberdade do vento com a
extensão do céu. Houve momentos em um avião quando parecia que eu tinha escapado da
mortalidade para olhar para baixo na terra como um Deus. (Charles A. Lindbergh, 1927).
Em 1919, um dono de hotel de Nova York nomeado Raymond Orteig ofereceu US $ 25.000 para o primeiro
aviador a voar sem parar de Nova York para Paris. Vários pilotos foram mortos ou feridos enquanto compe-
tiam pelo Prêmio Orteig. Em 1927, ainda não havia sido conquistada. Lindbergh acreditava que poderia ga-
nhar se tivesse o avião certo. Ele persuadiu nove homens de negócios de St. Louis a ajudá-lo a financiar o
custo de um avião. Lindbergh escolheu a Ryan Aeronautical Company de San Diego para fabricar um avião
especial, que ele ajudou a projetar. Ele nomeou o avião o Espírito de St. Louis. Em 10-11 de maio de 1927,
Lindbergh testou o avião voando de San Diego para Nova York, com uma parada de uma noite em St. Louis.
O voo levou 20 horas e 21 minutos, um registro transcontinental.
Em 1927, Lindbergh publicou um livro sobre seu voo transatlântico. O título se referia a Lindbergh e seu
avião. Lindbergh voou por todo os Estados Unidos para incentivar o espírito aéreo em nome do Fundo Daniel
Guggenheim para a Promoção da Aeronáutica. Lindbergh aprendeu sobre a pesquisa de foguete pioneiro de
Robert H. Goddard, um professor de física da Universidade de Clark. Lindbergh convenceu a família Gugge-
nheim a apoiar os experimentos de Goddard, que mais tarde levou ao desenvolvimento de mísseis, satélites
e viagens espaciais. Lindbergh também trabalhou para várias companhias aéreas como um conselheiro téc-
nico.
Amelia Mary Earhart. Nascida em Atchison, Kansas, a 24 de julho de 1897, e desaparecida a 2 de julho de
1937. Foi pioneira na aviação dos Estados Unidos, autora e defensora dos direitos das mulheres. Earhart foi
a primeira mulher a receber a "The Distinguished Flying Cross", condecoração dada por ter sido a primeira
mulher a voar sozinha sobre o oceano Atlântico. Estabeleceu diversos outros recordes, escreveu livros sobre
suas experiências de voo, e foi essencial na formação de organizações para mulheres que desejavam pilotar.
Após o voo solo de Charles Lindbergh através do Atlântico em 1927, Amy Phipps Guest, uma socialite ameri-
cana (1873-1959), expressou interesse em se tornar a primeira mulher a cruzar o Oceano Atlântico. Porém,
ao perceber que a viagem seria muito perigosa, ela se ofereceu para patrocinar o projeto, buscando "uma
outra garota com a mesma fibra". Durante uma tarde de trabalho em abril de 1928, Earhart recebeu um
telefonema do publicitário Hilton H. Railey, que perguntou, "Você gostaria de voar sobre o Atlântico?"
Amelia desapareceu no oceano Pacífico, perto da Ilha Howland enquanto tentava realizar um voo ao redor
do globo em 1937. Foi declarada morta no dia 5 de janeiro de 1939. Seu modo de vida, sua carreira e o modo
como desapareceu até hoje fascinam as pessoas.
Durante a era de ouro da aviação - especialmente na década de 1930, várias melhorias técnicas possibilitaram
a construção de aviões maiores, que podiam percorrer distâncias maiores, voar em altitudes maiores e mais
rapidamente - e podiam assim carregar mais carga e passageiros.
Visionando o transporte de passageiros, a Boeing fabricou o B-80 e teve seu primeiro voo em 27 de julho de
1928 com capacidade para 18 passageiros ou carga útil de 408kg. Dessa forma, introduziu o conceito de
comissárias de bordo para servir os passageiros e manter a calma durante o voo. Caso algum imprevisto
acontecesse, as comissárias eram enfermeiras e os passageiros se sentiriam mais acolhidos e seguros.
Nessa época foram criadas algumas companhias aéreas que operam até os dias atuais.
A segunda guerra mundial contou com a ascensão na década de 1930, na Europa, de governos totalitários
com fortes objetivos militaristas e expansionistas. O surgimento do nazismo na Alemanha liderado por Hitler,
tinha como principal objetivo expandir o território Alemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes, inclusive
reconquistando territórios perdidos na Primeira Guerra. Na Itália estava crescendo o Partido Fascista, lide-
rado por Benito Mussolini, que se tornou o Duce da Itália, com poderes sem limites.
No início dos anos 30 a grave crise econômica que afetavam tanto a Itália quanto a, com milhões de cidadãos
sem emprego. Esses países com seus governos fascistas optaram pela industrialização, principalmente na
criação de indústrias de armamentos e equipamentos bélicos (aviões de guerra, navios, tanques etc.).
Na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas
da região. Estes três países, com objetivos expansionistas, uniram-se e formaram o Eixo. Um acordo com
fortes características militares e com planos de conquistas elaborados em comum acordo.
O pontapé inicial ocorreu no dia primeiro de setembro de 1939, Invasão da Polônia 1939
Fonte: reconstruindo passado
quando o exército alemão invadiu a Polônia.
A operação batizada de Fall Weiss, teve início nas primeiras horas da madrugada quando um encouraçado
alemão, abriu fogo contra guarnições do exército polonês, horas depois as tropas nazistas invadiram por
terra o território da Polônia.
De imediato, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. De acordo com a política de alianças
militares existentes na época, formaram-se dois grupos: Aliados (liderados por Inglaterra, União das Repúbli-
cas socialistas Soviéticas (URSS), França e Estados Unidos) e Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
No dia 17 de setembro, além de inúmeras cidades polonesas já es-
tarem sob o controle nazista, a Polônia viu sua fronteira leste ser
invadida pela União Soviética. Com isso, o país não resistiu e, pouco
mais de vinte dias depois, assinou sua rendição. A capital polonesa,
Varsóvia, havia sido duramente castigada pelos aviões alemãs força
aérea alemã (Luftwaffe) e rendeu-se oficialmente em 28 de setem-
bro de 1939. Invasão da Polônia 1939
Fonte: reconstruindo passado
Durante a Segunda Guerra Mundial, o papel da aviação foi determinante, diante do reco-
nhecimento aéreo, bombardeio com alvos pré-determinados e grande atuação conjunta
com a equipe militar em terra. A guerra havia saído da estagnação das trincheiras e recupe-
rado total mobilidade, evolução essa que contribuiu na criação de jatos, armas nucleares e
no aprimoramento eletrônico de forma geral (CROCH, 2008 apud FAJER, 2009).
No dia seguinte, no dia oito de dezembro, o presidente Franklin Delano Roosevelt, profundamente agastado
e indignado, classificando o inesperado ataque nipônico como um ato de infâmia, encaminhou ao Congresso
norte-americano uma declaração de guerra. Os Estados Unidos entraram na guerra em 1941 após o ataque
a Pearl Harbor, tendo como o principal inimigo o Japão que era governado pelo imperador Hirohito.
O P 51- Foi o caça mais famoso norte americano sendo bastante utilizado na Batalha do Pacifico e na Europa,
esse avião inovador conseguia escoltar os bombardeiros em todo caminho ao contrário do P 47 Thunderbolt
que só escoltava até uma parte do caminho. Enquanto isso na Ásia o P 51 foi o primeiro avião a competir
equilibradamente com o A6M Zero Japonês, que era um avião temido pelos Aliados principalmente pela sua
manobrabilidade e capacidade de subida. O P 51 fez tanto sucesso que foi usado inclusive na Guerra das
Coreias e permaneceu em serviço em algumas Forças Aéreas até 1980.
Alemanha- Na época a Alemanha queria conquistar o mundo na época do 3º Reich, fazendo então uma série
de ataques (alguns sem lógica) contra a URSS, a Polônia a Inglaterra e outras. O Bf 109- Foi uma das aeronaves
mais produzidas da história com 33.000 unidades vendidas, sendo produzida em segredo o Bf 109 participou
da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial como principal caça Alemão.
O foguete deixa a rampa a uma velocidade de cerca de 250 km/h, mas só atinge sua plena velocidade - 650
km/h – depois que seu êmbolo de lançamento se desgarra de seu ventre. Acontecia, muito raramente, que
o êmbolo não se descolava e o foguete caía ao cabo de 500 metros de voo.
Essas bombas voadoras fizeram sua aparição alguns dias após o desembarque aliado de 6 de junho na Nor-
mandia. Para Hitler, era uma última tentativa de retomar o pulso da situação, ao aterrorizar a população
britânica com esses bombardeios cegos.
Os Aliados começaram a derrotar o Eixo em 1942. No Pacífico, Estados Unidos e Austrália derrotaram os
japoneses. Em fevereiro de 1943, os nazistas perderam a batalha de Stalingrado, na União Soviética, e foram
expulsos da Bulgária, Hungria, Polônia, Tchecoslováquia e Iugoslávia. Na África, Egito Marrocos e Argélia fo-
ram conquistados pelas forças Aliadas. Em julho do mesmo ano, Vitor Emanuel III, rei da Itália, destituiu
Mussolini do governo e assinou a rendição italiana aos Aliados.
Em 2 de maio de 1945, soviéticos e estadunidenses tomaram Berlim, dois dias depois do suicídio de Hitler e
do alto-comando do Partido Nazista. Iniciou-se o processo de rendição das tropas nazistas, colocando, assim,
fim à guerra na Europa.
Só o Japão resistia, mas os dias 6 e 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos
utilizaram, pela primeira vez na história da humanidade, bombas atômicas.
Elas foram lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. O
objetivo desse ato era forçar o Japão a se render e evitar uma provável in-
vasão desse país, o que resultaria em milhares de soldados aliados mortos.
Diante das bombas atômicas jogadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e
Nagasaki, o imperador Hirohito se rendeu aos Aliados. Chegava ao fim a
Segunda Guerra Mundial, deixando cerca de 50 milhões de mortos e 35 mi-
lhões de feridos.
Dia da Vitória
Fonte: fotolhando
O fim da Segunda Guerra trouxe um grande alívio para humanidade, mas impactou com muita energia o
continente Europeu, sendo o maior palco das batalhas, o Velho Mundo fez parte de números os quais atual-
mente não podem ser contabilizadas com exatidão. Ao final da guerra o que pode se contabilizar foi um gasto
estimado em 413, 25 bilhões de libras. Nesse período negro da história a indústria foi desenvolvida e produziu
mais de 296 mil aviões e 53 milhões de toneladas de equipamentos navais. Outra estimativa negra, foi o fato
de cerca de 45 milhões de vidas foram ceifadas, sendo a grande maioria de inocentes.
Por outro lado, existiram aquelas nações que viram no sangrento conflito uma grande oportunidade de ga-
nho econômico. Os canadenses fabricaram mais de 16 mil aviões e 3 milhões de navios. Em curto espaço de
tempo, ampliou sua indústria de metais pesados, principalmente nas áreas de alumínio, níquel, cromo e aço.
Os Estados Unidos, considerado o maior beneficiário, dobrou o seu parque industrial nos anos de guerra.
Em 1944 quando os aliados faziam grandes progressos no objetivo de findar com o conflito e com o encolhi-
mento do domínio nazista, a Aviação Civil começou o seu soerguimento e apresentou uma significativa ex-
pansão e os operadores perceberam a necessidade da criação de uma estrutura e padronização a nível mun-
dial que garantisse o mínimo de segurança para a operação das aeronaves.
No mês de dezembro de 1944 foi assinada em Chicago nos
Estados Unidos. Assinada por 52 países, a Convenção da Avi-
ação Civil Internacional, também conhecida por Convenção
de Chicago, teve como um dos resultados práticos, a criação
da International Civil Aviation Organization – ICAO (em por-
tuguês Organização da Aviação Civil Internacional – OACI). A
ICAO é uma agência da ONU – Organização das Nações Uni-
das e tem sua sede em Montreal no Canadá, tem como res-
ponsabilidade padronizar e normatizar através dos seus 19
anexos quase todos os processos que utilizamos hoje na avi-
ação civil, cabendo aos países signatários seguir ou não essas ICAO Logo
Fonte: ICAO
normas, que são na verdade apenas recomendações.
Pelo artigo 37 da convenção, os estados contratantes se obrigaram a colaborar com o intuito de atingir a
maior uniformidade possível em seus regulamentos, sempre que isto trouxer vantagens para a atividade.
Para este fim, a OACI emitiu documentos, hoje chamados "anexos", estabelecendo práticas e padrões sobre
os diversos assuntos que compõem a aviação civil, a maior parte deles com o objetivo de estabelecer níveis
mínimos de segurança.
Atualmente 191 países são signatários e o Brasil é um dos 36 membros do Conselho da ICAO, estando junto
de outros 10 países na categoria do Conselho de “países com grande importância no transporte aéreo”.
Nos anos 50 o Brasil experimentou um grande desenvolvimento no que ser refere a níveis de produção tec-
nológica, segurança e conforto, contudo o país possuía cerca 370.000 Km de estradas de rodagem e as fer-
rovias apresentavam sérias deficiências de infraestrutura e de operação. O investimento na construção de
aeroportos era infinitamente menor do que os recursos consumidos pela construção de rodovias ou amplia-
ção da malha ferroviária do país. Esse foi o cenário ideal para a ampliação da oferta de transporte aéreo no
Brasil, valendo-se da oportunidade de aquisição de aeronaves utilizadas na guerra a preços atrativos.
Propiciada pela abundância e baixo preço dos aviões C-47 e C-46 (excedentes de
guerra) e de pilotos desmobilizados, o transporte aéreo expandiu-se rapidamente por
todo o território brasileiro, ocupando espaços e suprindo deficiências do transporte
de superfície. Em 1958, cerca de 335 localidades eram servidas por aviões (SNEA, 1992).
Em 8 de março de 1946, autoridade de Aviação Civil Norte Americana, concedeu a primeira licença comercial,
para um helicóptero. O Bell modelo 47, possuía dois assentos.
A história da aviação nesse período, apresenta um salto tecnológico enorme. As tecnologias advindas da
segunda guerra, aliadas aos primeiros experimentos com os computadores, permitiram a engenharia aero-
náutica o desenvolvimento de vários produtos de qualidade, confiáveis e duráveis para atender a então de-
manda reprimida de transporte aeronáutico em função da guerra.
Em termos, foi um grande sucesso, pois voava com o dobro da velocidade dos seus concorrentes da época,
porém, com seu um enorme consumo de combustível, suas rotas eram curtas.
A história da aeronave, contudo, não foi marcada apenas por êxitos. Inesperadamente, em janeiro de 1954,
um Comet que havia decolado de Roma se desintegrou enquanto sobrevoava o mar, matando todos os seus
trinta e cinco ocupantes. Os voos foram suspensos por algum tempo, mas assim que retomados, outra aero-
nave se despedaçou em pleno ar, novamente matando todos os ocupantes.
Passados alguns meses a Sadia passou a operar também em Bauru, Londrina e Ribeirão Preto e em 1957
pousava em Brasília. No mês de novembro de 1957, o Presidente da Real, Linneu Gomes, comprou 50% das
ações da Sadia e adicionou a frota outro Curtiss C-46 e 3 Douglas DC-3, permitindo-a chegar em Porto Alegre
e ao Rio de Janeiro. Em agosto de 1961 Omar Fontana comprou os 50% das ações de Linneu Gomes, porque
a REAL fora vendida para a VARIG. No final de 1962 a Sadia comprou a Transportes Aéreos Salvador e passou
a atender 54 cidades brasileiras. Em junho de 1972 o nome da empresa foi mudado para Transbrasil S/A
Linhas Aéreas.
Nos EUA. Em 1 de janeiro de 1965, o primeiro SR-71 Blackbird da Força Aérea é colocado em serviço, podendo
atingir uma velocidade acima de Mach 3 e altitudes além 70.000 pés. O avião foi criado a partir do susto
levado pelos norte-americanos com o disparo de um míssil soviético, que abateu um avião espião Norte
Americano U-2 em um confronto perto da cidade de Sverdlovsk no território da extinta União Soviética em
1960. Diante do ocorrido, o governo dos EUA percebeu que precisava de um avião de reconhecimento que
pudesse voar ainda mais alto e fugir de qualquer míssil que fosse lançado contra ele.
Toda uma indústria de alta tecnologia foi criada exclusivamente para fornecer peças sofisticadas para ele,
um exemplo foi o combustível de tecnologia batizado de JP-7, para ser usado apenas pelo Blackbird.
Em junho de 1965, o Centro Técnico Aeroespacial (CTA) iniciou o desenvolvimento do projeto do IPD-6504
(futuro Bandeirante), de acordo com pedido do Ministério da Aeronáutica, O IPD-6504 (futuro Bandeirante)
foi desenvolvido para atender a demanda em uma época em que a infraestrutura aeroportuária do país era
precária, por isso, foi criado para ser uma aeronave pequena, para atender a cidades de menor porte.
Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), sob a liderança de Ozires Silva, então major da
Força Aérea Brasileira (FAB). Apesar do ceticismo reinante, o Ministério da Aeronáutica en-
comendou ao IPD em 1964 um estudo sobre a viabilidade de ser criada no Brasil uma linha
de produção de bimotores turboélice de transporte. O Ministério pretendia alcançar dois
objetivos básicos: projetar uma aeronave moderna, simples e possível de ser construída em
série no Brasil; e equipar a FAB com uma aeronave versátil, adaptada às condições brasilei-
ras. (História da Embraer, P. 3, Embraer 2006).
O projeto começou a ser desenvolvido três anos antes por um grupo de engenheiros do ITA (Instituto Tecno-
lógico de Aeronáutica), liderados por Ozires Silva, o avião pretendido era um turboélice, construído em alu-
mínio, de asa baixa, equipado com dois motores turboélices fabricados pela Pratt & Whitney PT6-020, cada
uma de 580 HP, na decolagem e com capacidade para oito pessoas. Em meados da década de 1960, projetar
e fabricar o protótipo de um avião levava cerca de cinco anos e muitos recursos. Ainda assim, o primeiro
protótipo do Bandeirante ficou pronto três anos e quatro meses após a aprovação do projeto.
A Empresa contava com 150 profissionais contratados, dentre a equipe que trabalhou no
projeto do primeiro protótipo do Bandeirante no Centro Técnico de Aeronáutica (CTA). A
criação da Embraer estava fundamentada na fabricação do bimotor Bandeirante, mas logo
a sua carteira de produtos aumentou, incorporando o planador Urupema, o avião agrícola
Ipanema e o jato de combate Xavante. (História da Embraer, P. 13, Embraer 2006).
O início da Embraer sinalizou a modernização da Força Aérea Brasileira (FAB), que operava, desde longa data,
vários tipos obsoletos de aviões, a maioria oriunda da Segunda Guerra Mundial. Em dezembro de 1994 foi
privatizada e hoje produz jatos comerciais, executivos, para os mercados de Aviação Comercial e Executiva
bem como aeronaves para os mercados de Defesa.
1.6.3 O Concorde
No final dos anos 50 houve o interessa das agências de aviação dos governos vencedores da segunda Guerra
entre eles “Estados Unidos, França, Inglaterra e União Soviética”, no desenvolvimento de uma aeronave su-
persônica, destinada ao transporte de passageiros. O fato é que cada país possuía seu próprio projeto, po-
rém, no começo da década de 1960, devido aos volumosos custos do projeto os governos de Inglaterra e
França decidiram juntar forças. Assim em 28 de novembro de 1962 foi assinado um tratado entre a compa-
nhia britânica British Aircraft Corporation (BAC) e a companhia francesa Aérospatiale, que juntas tornariam
realidade o projeto da aeronave supersônica para passageiros.
Em 21 de janeiro de 1976 o Concorde começou seus voos comerciais, com um voo ligando Paris ao Rio de
Janeiro, com sua velocidade de cruzeiro em torno de 2,5 vezes a de qualquer aeronave de passageiros (1.150
nós contra 450 nós, sendo 1.292 nós o recorde em 19 de dezembro de 1985), ele foi capaz de um feito me-
morável: um Concorde e um Boeing 747 da Air France decolaram ao mesmo tempo, o Concorde de Boston e
o Boeing 747 de Paris. O Concorde chegou em Paris, ficou uma hora no solo e retornou a Boston, pousando
11 minutos antes do Boeing 747.
Este acidente foi o começo do fim para o Concorde, após o acidente, o Concorde sofreu algumas modificações
e 15 meses depois do acidente ele voltou ao serviço de passageiros. Porém, em 10 de abril de 2003, Air
France e British Airways decidiram juntas encerrar os voos comerciais do Concorde. A Air France encerrou os
voos do Concorde em 31 de maio de 2003 enquanto que a British Airways encerrou os voos em 24 de outubro
do mesmo ano. O último voo oficial do Concorde foi realizado pela British Airways Concorde, em 26 de no-
vembro de 2003 para Filton na Inglaterra, onde seus motores foram desligados fechando um dos mais glori-
osos capítulos da aviação.
O início da década de 70, apresentou ao mundo uma série de novas aeronaves. Um grande sucesso da época
foi o lançamento Boeing 747 – 100, que entrou em serviço operacional no ano de 1970, utilizando duas tur-
binas a gás da fabricante canadense Pratt & Whitney e a partir de 1975 foram disponibilizados propulsores
pelas concorrentes Rolls Royce e General Electric (GE). As inovações continuaram ao longo da década com a
entrada em serviço do Boeing 747 séries 200 em 1971, série 300 em 1983, 400 em 1989, e a versão 747-8
em 2005.
Entre as versões mais conhecidas, a série 400 foi adotada por vária companhias aéreas em função da sua
capacidade de transporte que pode variar entre 416 e 568 passageiros e percorrer cerca de 13.500 quilôme-
tros sem escalas. Outra versão bastante comercializada, foi a cargueira, com capacidade de transporte esti-
mada em mais de 120 toneladas úteis de carga. Um diferencial dessa aeronave é a cabine basculante que
permite o transporte de cargas com grande volume.
O aumento das viagens aéreas ao longo da década de 60, incentivou as empresas europeias do seguimento
da aviação, a investirem em projetos para o desenvolvimento de novas aeronaves. As dificuldades técnicas
encontradas por esses fabricantes, fez com que alguns concorrentes europeus se unissem esforços para fazer
frente aos Estados Unidos da América, que à época, detinha mais de 80% da produção mundial de aeronaves.
Vários talentos dispersos pelas diferentes empresas europeias juntaram-se em prol de um bem comum. Em
setembro de 1967, um acordo entre Inglaterra, França e Alemanha, com o objetivo de fortalecer a coopera-
ção europeia no domínio da aviação e tecnologia, iniciou a produção conjunta de uma aeronave, o primeiro
Airbus - o Airbus A300, o primeiro com bimotor widebody.10 Assim surgiu em 1970 oficialmente como Airbus
Industries, num consórcio integrado pela Aerospatiale (empresa francesa), pela Deutsche Aerospace (em-
presa alemã) e pela Construcciones Aeronáuticas SA (empresa espanhola).
As décadas de 80 e 90, fecharam com chave de ouro o desenvolvimento tecnológico no século XX. A Boeing
disponibiliza no mercado os modelos 757, 767 e 777. Essas aeronaves recheadas de apetrechos tecnológicos
e programas de monitoramento em tempo real das condições da aeronave, inaugurou uma nova metodolo-
gia de trabalho não só para a fabricante, mas também para os operadores e os grandes centos de Manuten-
ção, Reparos e Revisões derivado do Inglês “Maintenance, Repair and Overhaul” conhecidos pela sigla (MRO).
Nos grandes MROs espalhados pelo mundo, encontram-se equipamentos de manutenção de última geração
e profissionais altamente qualificados, muitas das vezes nas oficinas dos fabricantes.
As aeronaves do século XX, que começaram a ser fabricadas em estruturas simples e rudimentares e na sua
grande maioria revestidas em tecido, foram evoluindo e com o passar dos anos serviram de inspiração e
fonte de conhecimento para o desenvolvimento de novos e ambiciosos projetos. Da madeira aos materiais
compósitos e do tecido ao alumínio, o século XX permitiu que a engenharia aeronáutica desenvolvesse pro-
dutos cada vez mais seguros e eficientes. Os benefícios advindos da tecnologia, permitiram o surgimento e
crescimento de companhias aéreas em todo o mundo, gerando o aumento da oferta de assentos, possibili-
tando que mais pessoas pudessem a optar pelo modal aéreo de transporte.
10Aeronaves de fuselagem larga (em inglês Wide-body aircraft), são aeronaves a jato nas quais a fuselagem possui dois corredores,
com sete ou mais assentos por fileira. São geralmente utilizadas para voos longos e intercontinentais acomodando maior número de
passageiros e quantidades de carga que aeronaves de menor capacidade. (Dicionário de termos Aeronáuticos, 2006).
PUC Minas Virtual • 33
1.7 Aviação no Século XXI
A aviação no Século XXI, começa marcado por alguns fatos que nortearam as ações das fabricantes de aero-
naves, companhias aéreas, dos governos e demais atores do cenário da aviação mundial.
Ainda atônitos com a situação, chegou a notícia que uma terceira aeronave
da American Airlines atingiu o Pentágono às 9:37. E para desbaratar de vez
toda a estratégia de defesa norte americana, uma quarta aeronave o voo 93
da United Airlines, caiu em uma área rural perto de Shanksville, na Pensilvâ-
nia, às 10:03 após uma longa luta dos seus passageiros com os terroristas que
impediram que a avião atingisse o seu alvo. Ataque ao WTC em 11-09-2001
Fonte: NBC
Os dois primeiros aviões, usados nos ataques às Torres Gêmeas, fizeram com que todos os
passageiros e tripulação fossem mortos juntamente com muitos outros que estavam nos edi-
fícios no momento da colisão. Ambos os prédios
Desmoronaram após cerca de duas horas após o primeiro impacto. O terceiro avião caiu sobre
o Pentágono, sede das forças armadas dos EUA. Já a quarta aeronave, fazendo o voo 93 da
United, caiu em um campo próximo a Shanksville, na Pensilvânia. Neste último voo, passagei-
ros e tripulação tentaram retomar o controle da aeronave, mas, com a queda, tampouco hou-
veram sobreviventes. Acredita-se que a intenção dos terroristas com o apoderamento do voo
93 da United era atingir a Casa Branca (CAVALCANTI, 2013).
Até então, os sequestros de aeronaves eram caracterizados como moeda de troca para negociações, pela
primeira vez o mundo assistiu uma aeronave sendo utilizada em tempos de paz, como arma contra alvos civis
específicos nos Estados Unidos.
Ao todo, quase 3 mil pessoas morreram no 11 de setembro. Entre as vidas contabilizadas estão os terroristas,
todos os passageiros das quatro aeronaves, bombeiros, funcionários do Pentágono e muitas pessoas que
trabalhavam no WTC.
Por coincidência no mesmo dia o Concorde o ícone da aviação no Século XX, fazia o seu último voo teste,
antes de retornar as operações após o fatídico acidente de julho de 2000. Um dos reflexos dos atentados foi
a morte de vários executivos que utilizavam com frequência o avião e a falta desses passageiros rotineiros.
Esse fato se tornou um dos fatores que contribuíram para que o Concorde encerrasse suas operações em
2003, decretando o fim até o momento das viagens comerciais supersônicas.
Os atentados de 11 de setembro, foi o ponto de partida para a adoção de uma série de medidas de prevenção
para que os fatos não se repetissem.
No mercado financeiro dos Estado Unidos, a queda de receita das companhias aéreas foram
de $130.2 bilhões em 2000 para $107.1 bilhões em 2002. Houveram perdas de $19.6 bilhões
reportados no período de 2001 para 2002. Entre 2001-2005 totalizaram $57.7 bilhões em
perdas financeiras. Entre 2006-2007 as companhias aéreas voltaram a lucrar, ($25.9 bi-
lhões) mas a alta dos combustíveis e a crise financeira mundial fez com que 2008-2009 tam-
bém trouxessem perdas de $26.4 bilhões em receitas das companhias15 (IATA, 2011, tra-
dução nossa, p.2)
Na aviação mundial, os atentados representaram em 2001 uma queda de 2,7% no trafego de passageiros
(toneladas/quilômetros), retornando ao crescimento a níveis antes experimentados antes dos atentados até
a crise econômica mundial de 2009.
Todos esses fatores colaboraram para a adoção de mudanças nas regras da aviação civil mundial, foram im-
plementadas mudanças como o reforço na revista de passageiros, a expansão da lista de produtos proibidos
em voo, bem como itens permitidos nas bagagens de mão. A partir das recomendações da International Civil
Aviation Organization (ICAO), foram proibidos o transporte de qualquer objeto pontiagudo ou cortante. Ou-
tra medida implementada de imediato, foi a recomendação de enrijecer as portas das cabines em todas ae-
ronaves civis operando nos Estados Unidos, o que foi expandido para vários países.
Como medidas posteriores, foram implementados pelas companhias aéreas em parceria com alguns gover-
nos, a criação de serviços de vigilância de comportamentos “estranhos”, que pudessem indicar uma possível
má intensão de um determinado passageiro ou grupo.
No Brasil, o início do século XXI foi marcado pela absorção da Cruzeiro pela VARIG que também agregou
algumas empresas regionais, todas essas mudanças no mercado, fizeram da VARIG a maior transportadora
da América Latina. A empresa TAM que até então se dedicava a aviação regional, assumiu o posto de segunda
maior empresa do continente sul-americano.
O cenário econômico instável no Brasil, colaborou para que a Transbrasil paralisasse as suas atividades no
final de 2001, após um pedido de falência protocolizado pela General Electric que alugava motores para a
companhia, como se não bastasse logo em seguida a VASP, suspendeu suas atividades após uma decisão
judicial. Para fechar o pacote, a VARIG, em dificuldades financeiras, foi dividida em diversas empresas meno-
res e a novata GOL, assumiu o que a companhia gaúcha tinha de melhor.
Com o passar dos anos a economia mundial foi estabilizando e por consequência houve um aumento signifi-
cativo na demanda pelo transporte aéreo. As maiores fabricantes como a Boeing e Airbus, disponibilizaram
novos produtos no mercado.
E uma aposta em aeronaves menores, os norte-americanos em 2009, entregaram ao mundo o Boeing 787,
uma aeronave widebody bimotor com capacidade de transporte entre 242 a 335 passageiros dependendo
da sua configuração, apresentou ao mundo a utilização de novos materiais e uma silhueta de uma aeronave
esguia capaz de cruzar grandes distancias com consumo reduzido.
A resposta europeia veio em 2014, quando a Airbus certificou o seu A 350, com capacidade de transporte
que varia entre 280 a 366 passageiros, faz uso também das novas tecnologias e dos novos materiais disponí-
veis, o que torna a concorrência entre as grandes fabricantes mais acirrada.
No ano de 2011 a TAM assumiu o posto de maior empresa aérea da América Latina e maior operadora de
aeronaves Airbus do hemisfério sul do planeta, com mais de 150 aviões, a GOL operando as mais modernas
aeronaves da família 737 da Boeing, luta pela liderança do mercado com a TAM além de voar para uma
dezena de cidades na América do Sul e Central, concluiu a compra da WebJet em outubro de 2011, por R$
70 milhões, além de ter assumido dívidas de cerca de R$ 200 milhões. Em novembro de 2012, anunciou o fim
das operações da WebJet e a extinção da marca.
A AZUL, nascida em 2008, iniciou suas rotas, com base operacional em Campinas (SP), utilizando aeronaves
fabricadas pela EMBRAER e pela ítalo-francesa ATR e absorveu a regional TRIP em 2012 aumentando a sua
oferta de destinos. A TAM se fundiu em junho de 2012 com a chilena LAN Airlines, mudando sua bandeira
para LATAM. Em 2013 a Pantanal foi vendida para a LATAM.
Seguindo a sua tradição, a brasileira Embraer, optou pela fatia de mercado dos jatos executivos e regionais,
deixando as aeronaves capazes de cobrir grandes distâncias para as rivais Boeing e Airbus, em 2013 foi a
Empresa do Ano da edição especial Melhores e Maiores da Revista Exame, por ter sido a companhia brasileira
que mais cresceu em exportações em 2012, 17,6% em relação ao ano anterior, sendo uma das maiores ex-
portadoras do país.
A aviação apresentou em pouco mais de cem anos, uma evolução espantosa e importante para o desenvol-
vimento da economia mundial, estudar o seu percurso histórico é primordial para atuar nesse seguimento.
BRASIL. Decreto-Lei nº 21.713, de 27 de agosto de 1946. OACI - Promulga a Convenção sobre Aviação Civil
Internacional. Brasília, 1946.
CALVOCORESSI, Peter - Wint, Guy. Total War. Penguin Books, Londres, 1981.
CORRÊA, Pinheiro, Gago Coutinho, Precursor da Navegação Aérea. Porto Portucalense Editora. 1969.
CAVALCANTI, Talita (Ed.). Ataques de 11 de Setembro nos EUA completam doze anos. Brasília: Agência Bra-
sil, 2013.
CUNHA, Bárbara, C de F. ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA AVIAÇÃO CIVIL APÓS ATENTADOS DE 11 DE SETEM-
BRO NO ÂMBITO DA SEGURANÇA. Trabalho de Conclusão de Curso, Centro Universitário de Belo Horizonte,
2014.
HOMA, Jorge M. Aeronaves e motores: conhecimentos técnicos. 21. ed. São Paulo: Asa. 1998.
HAULMAN, L. Daniel. One Hundred Years of Flight. Air University Press, Maxwell, 2003.
IANNI, Octávio. A era do globalismo. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
FAJER, Márcia. Sistemas de investigação dos acidentes aeronáuticos da aviação geral - uma análise
comparativa. 2009. 150 f. Dissertação (Pós-Graduação) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São
Paulo. São Paulo. 2009.
LIDDELL Hart. History of the Second World War. Pan Books, Londres, 1970.
PENIDO, Paulo. O pai da aviação: Alberto Santos Dumont. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de
Minas Gerais. Belo Horizonte, v.28, p. 218-225, 23 out. 2006.
MATTOS, Bento, Serra, Paulo e Kovacs, Joseph, Edição Especial da Revista ABCM Engenharia Sobre História
da Aeronáutica, Vol 9, nº 2, 2003.
MORISON, S.E. e Commager, H.S. - História dos Estados Unidos da América. Melhoramentos, SP, s/d. 3 vols.
Pearl Harbor, tora, tora, tora. Rennes, RJ, 1974.
SILVA, Odair Vieira da, PARRA, Cecília de Souza. A IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE AÉREO PARA O TURISMO
E A ECONOMIA MUNDIAL. Artigo. Revista Científica Eletônica de Turismo – Issn: 1806-9169. Junho 2008.