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REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO

CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959

https://www.nucleodoconhecimento.com.br

PSICONEFROLOGIA X MEDICINA: SUBJETIVIDADE E DESAFIOS NO


DIAGNÓSTICO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA

ARTIGO DE REVISÃO

MILÉO, Jacqueline Cardoso 1, CONNOR, Paulo José de Souza 2

MILÉO, Jacqueline Cardoso. CONNOR, Paulo José de Souza. Psiconefrologia x


medicina: Subjetividade e desafios no diagnóstico da doença renal crônica.
Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 08, Vol. 05,
pp. 125-142. Agosto de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/psiconefrologia

RESUMO

Receber um diagnóstico de insuficiência renal crônica pode levar o sujeito acometido


ao luto antecipado e negação dos sinais que se apresentam nos estágios da doença,
devido a vivências que a enfermidade ocasiona no corpo e no psiquismo. Neste
sentindo, torna-se imprescindível falar sobre o olhar da medicina, que faz parte da
equipe multiprofissional, responsável pela comunicação do diagnóstico aos pacientes
e familiares. No entanto, a forma como as pessoas recebem essa comunicação,
poderá influenciar na adesão, aceitação e/ou abandono do tratamento dialítico.
Portanto, é de suma importância a presença da Psicologia na equipe multiprofissional
de hemodiálise, cuja seu diferencial é o manejo técnico da escuta compreensiva e o
olhar humanizado aos pacientes e familiares. Além disso, o trabalho do psicólogo
trata-se de fornecer assistência à equipe multiprofissional para melhor lidar com o
corpo hospitalar. Tendo em vista, resultados positivos na adesão do tratamento e
melhores recursos de enfrentamento no processo de hospitalização. Neste contexto,
o presente estudo possui duas problemáticas centrais: (1) investigar de quais formas

1 Graduada em Psicologia pela Universidade da Amazônia.


2 Orientador. Psicólogo.

RC: 94807

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a Psicologia Hospitalar com ênfase na psiconefrologia pode contribuir no tratamento


de pacientes com doença renal crônica, atendimento aos familiares e equipe
multiprofissional e (2) demonstrar as divergências do olhar da psicologia e medicina
no contexto hemodiálise. A metodologia utilizada para realização da pesquisa foi a
bibliográfica, através de livros, artigos científicos, teses de doutorado e revistas
científicas, tanto da área da Psicologia como da Medicina, referentes aos anos de
1996 a 2019. Os resultados apontaram que psicologia fornece aos pacientes e
familiares uma escuta compreensiva, em que o sujeito elabore melhor seu processo
de tratamento, minimizando sofrimento psíquico diante do adoecimento. Percebeu-se
que a psicologia pode auxiliar a medicina na comunicação de diagnóstico, visando
melhor comunicação entre a tripé: equipe, família e paciente, possibilitando progresso
no tratamento e qualidade de vida. Foi constatado que existem poucas pesquisas
sobre o trabalho da psicologia junto à medicina no campo nefrológico e poucos
achados científicos sobre sofrimento psíquico em pacientes com doença renal crônica.

Palavras-Chave: Doença renal crônica, psiconefrologia, pacientes, medicina, equipe


multiprofissional.

1. INTRODUÇÃO

As mudanças socioeconômicas nos segmentos culturais e sociais, assim como o


avanço tecnológico da ciência, proporcionaram maior expectativa de vida, onde
outrora não passava dos 40 anos. Hoje o homem contempla a chegada dos 80 e 90
anos, por outro lado, significa um consumo maior de produtos industrializados, rotina
acelerada de trabalho e hábitos não saudáveis que ocasionam ao longo da vida,
sequelas orgânicas que se desenvolvem gradativamente entre as problemáticas
orgânicas que surgem, destacam-se os problemas renais crônicos.

O contexto midiático tende a apresentar doenças graves de índices elevados de


mortalidade e surgimento gradativo como câncer, diabetes e problemas
cardiovasculares, mas as DRC, conforme Blake (2001) sempre fizeram parte do
contexto da história humana, datam desde 1500 AC com relatos que descrevem a

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doença, já em 1836 os estudos feitos pelo médico Richard Bright, os quadros da


doença eram descritos através da necropsia de pacientes, chamado anteriormente de
doença de Bright, nome dado ao médico que descobriu a doença. De acordo com
Neves (2019), ainda com o avanço da ciência a problemática da doença renal crônica
ainda atinge um percentual de 6 a 10 % a nível mundial e no Brasil conforme
apresentado no censo de 2018, realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, o
percentual de pacientes em tratamento de hemodiálise apresentado foi de 133.464
mil onde a taxa de mortalidade estimada está em 19,5%. Sendo que esses pacientes
em sua maioria são do sexo masculino com idade que varia ente 45 a 66 anos.
Conforme Macuglia (2010), quem recebe um diagnóstico de insuficiência renal crônica
é atravessado por sensações pré-estabelecidas de perdas, antes mesmo de iniciar o
tratamento. Sabe-se que o corpo humano necessita manter-se em homeostase, sendo
os rins de importância essencial para tal sustentação, lesões ou problemas que
acometem o funcionamento destes órgãos implicam em uma reação de cadeia a todos
os outros órgãos. Estudos iniciais mostravam isso, nos resultados da necropsia.
Diante disso, aponta ainda Macuglia (2010), o fato de a DRC ser uma realidade que
esteve sempre presente, porém negada por muitos, tal negação também afeta, não
somente o corpo biológico do sujeito, mas, o processo psíquico, abrindo portas para
fatores psicossomáticos, ansiogênicos e depressivos oriundos do sofrimento psíquico.
Neste contexto, Almeida (2013), destaca que a psicologia hospitalar com ênfase na
psiconefrologia tem papel fundamental de intervir para melhor adesão ao tratamento
e qualidade de vida, assim como, proporcionar um local de fala e escuta aos pacientes
que a todo tempo buscam uma justificativa seja punitiva, religiosa ou integracionista
sobre seu estado de saúde. Farias (2012) ressalta que no contexto hospitalar o
paciente traz suas neuroses onde caberá o profissional de psicologia compreender o
que vem por trás de seu não dito, apresentado em suas queixas, onde com isso,
poderá auxiliar o paciente no processo de enfrentamento no qual se depara.

De acordo com Nakao (2013) o paciente que recebe o diagnóstico de DRC, na sua
maioria é tomado por um luto diante a nova realidade estabelecida pelo tratamento,
constituindo uma mudança não somente onerosas, mas com restrições que vão do

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contexto alimentar, ao modelo de vida do sujeito que também está ligada a uma
readaptação de comportamentos existentes. Ainda Nakao (2013), quando usamos o
termo “luto” não estamos apenas referindo a uma morte já antecipada, mas o contexto
de alteração impostas pelas restrições que o paciente terá que habituar-se e como
isso, afeta o seu psiquismo, levando a possíveis surgimentos de sintomas que para o
olhar médico pode não estar relacionado a doenças, como a depressão, ansiedade,
desamparo chegando a evadir-se do tratamento por não aceitar ou compreender, o
que lhe ocorre, tanto no campo biológico, quanto no campo psíquico.

Este trabalho tem o intuito de apresentar duas problemáticas centrais: investigar de


quais formas a Psicologia Hospitalar com ênfase na psiconefrologia poderá contribuir
no tratamento de pacientes com DRC no atendimento a seus familiares e equipe
multiprofissional e demonstrar as divergências do olhar da psicologia e da medicina
no contexto hemodiálise.

A pesquisa percorreu as seguintes etapas de construção: escolha do tema,


justificativa da pesquisa, levantamento bibliográfico inicial, realização da formulação
do problema questão, busca de fontes que embasam o trabalho, leitura do material
direcionado ao tema, fichamento dos textos escolhidos, organização e elaboração da
pesquisa. O tipo de pesquisa é de natureza bibliográfica, qualitativa e o delineamento
explicativo. Onde em um total de 90 achados apenas 38 foram usados para propósito
do trabalho, atribuído ao contexto subjetividade, sofrimento psíquico e doença renal.
Menos de oito artigos foram usados. O que demostra a relevância do tema para a
pesquisa. O trabalho foi dividido em três tópicos que buscam abranger sobre a doença
renal, a escuta médica e o olhar da psicologia aos pacientes com doença renal crônica
em hemodiálise.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 DOENÇA RENAL CRÔNICA E DIAGNÓSTICO

Afinal o que é a DRC? O termo representado pela sigla doença renal crônica que para
muitos é um termo desconhecido por se tratar de um órgão pouco comentado. Porém,
a maioria das pessoas não tem uma visão tão ampla sobre a função do órgão afetado,
no caso os rins e de sua importância no equilíbrio do corpo humano. De acordo Riella
(2010), às funções exercidas pelos rins encontra-se em manutenção da filtração do
sangue, sustentando, portanto, o equilíbrio de líquido existente no corpo humano, com
isso contribuindo para manutenção e controle hidrelétrico, além de regular a pressão
arterial, eliminando as toxinas do corpo via excreção de metabólitos, assim
como sustentar a homeostase do organismo. Ainda conforme o autor, quanto a
regulação líquida do quantitativo de água existente no corpo humano que vão além
dos minerais e compostos orgânicos, onde a cada sessenta segundos esses órgãos
recebem em torno de 1.200 a 1.500 ml de sangue que são filtrados pelos glomérulos.
Caso esta função excretora pare por completo, a pessoa poderá vir à morte ou ter
sérios danos. É possível perceber que as funções renais estão na remoção de
resíduos e controle hidroelétrico, pressão arterial e metabolismo, além de fazerem
parte do sistema urinário.

De acordo com Bastos (2011), DRC é uma das afecções que mais acomete a
humanidade, ocasionando danos físicos, mentais e pessoais, tal doença é descrita
como uma diminuição das funções renais de modo decrescente, podendo a doença
está ligada a outros fatores como herança genética, diabete, idade, paciente
cardiovasculares ou pode surgir de forma isolada e sem ligações a esses fatores.

No ponto de vista de Douglas (2001), os sintomas começam com uma perda que se
inicia de um modo lento e irreversível, das funções dos rins, proporcionando com
que o corpo não seja capaz de sustentar o equilíbrio, tanto metabólico, quanto
hidroelétrico comprometendo os órgãos. Em consonância ao referido autor,

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Fernandes (2018), aponta que diversas são as causas que comprometem os rins,
alimentação com índice alto de salinidade, comidas industrializadas, precária ingestão
de água, álcool, bebidas ácidas, uso de medicamentos sem controle médico, o que
gera danos aos órgãos que surgem de modo rápido ou lento, porém, em ambos os
casos, as sequelas e danos submetem o sujeito acometido a um sofrimento. Seymen
(2010), também coloca sobre a DRC, constituindo uma lesão na função renal de
quadro irreversível, não expelimento das toxinas urêmicas, provocando danos ao
cérebro, tanto cognitivo como alteração de humor. Silva (2009) ressalta que esses
pacientes em seu perfil geralmente apresentam importantes alterações na estrutura
da fisiologia renal, nos vasos sanguíneos (vascularização) e em fatores cardiológicos,
que caso não sejam corrigidos a tempo ou de modo eficaz, pode acarretar o óbito dos
pacientes, ou severos danos, levando a quadros clínicos como anemias, hipertrofia
ventricular esquerda, síndrome cardiorrenal, calcificação cardiovascular, entre outros
danos.

Para Santos (2017), é possível perceber alguns sinais do avanço da doença que
muitas vezes o paciente ignora antes de procurar ajuda médica, sendo fatores
neurológicos como alteração do humor e tremores, perda gradativa ou acentuada de
peso, dores lombares ao urinar, onde muitas vezes os sintomas ignorados
podem levar o paciente a um tratamento dialítico ou transplante renal. Em relação a
casos de transplante renal, Lucena (2013), aponta que o órgão lesado pode ser
substituído por via cirúrgica, podendo o doador ser vivo ou doador morto, desde que
o órgão possa ser compatível e esteja saudável. Os autores comentam a pluralidade
de problemas orgânicos e até cognitivos diante do contexto renal quando não
diagnosticado a tempo. Sob o exposto, o diagnóstico de DRC é de fundamental
importância, não somente no contexto da prevenção, mas diante do estágio
manifestado da doença, o médico possa avaliar melhor intervenção a ser usada. De
acordo com Bastos (2011), no diagnóstico de DRC, são realizados exames cujo
objetivo é localizar alterações entre os sedimentos urinários e diminuição da filtração
glomerular, sendo avaliado pelo clearance de creatinina, conforme o autor, outros
fatores diagnósticos também são avaliados como: fraqueza musculares, fadiga sem

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motivo aparente, que pode ser correlata a anemia, prurido (coceira ou comichão),
edemas ao corpo, náuseas, vômitos além de azotemia (elevação plasmática),
dispneia progressiva, dor retroesternal (dor torácica não cardiogênica) que pode estar
presente devido à pericardite, nictúria, dor, dormência, câimbras nas pernas,
impotência , perda da libido, irritabilidade fácil e incapacidade de concentração.

Silva (2009) destaca a importância desses pacientes serem encaminhados a outros


especialistas da área médica de modo a monitorar quadros referentes às
comorbidades, que também são presentes em casos de DRC. Assim, como pacientes
com históricos familiares ou que apresentarem quadros como: diabetes mellitus,
hipertensão arterial sistêmica, glomerulopatias, idade avançada, obesidade e doenças
cardiovasculares. No manejo e controle dessas doenças é possível em alguns casos
que leve o paciente a um quadro de danos renais ou terapia renal substitutiva, então,
surge a importância de uma análise no início dos sintomas e de uma atuação de
profissionais do campo da nutrição e psicologia. Para Stumm (2019), o
acompanhamento multidisciplinar é de suma importância para esses pacientes, tendo
a necessidade dos encaminhamentos e de uma boa escuta médica para que os
arranjos necessários possam ser feitos.

2.2 CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS: A ESCUTA DA


SUBJETIVIDADE. MÉDICA E PSICOLÓGICA

Para Macedo (2005) há diferença naquilo que se ouve e aquilo que se escuta, ouvir é
uma condição fisiológica onde o som apenas reverbera e retorna sem um efeito, o
escutar transcende o sensorial, trata-se de perceber a dor e o que realmente o sujeito
que verbaliza deseja dizer. Para o autor, escutar é também observar a realidade
daquele sujeito diante o seu mundo pessoal sem que ele venha a ser julgado pelo que
lhe é acometido biologicamente. No contexto médico, a escuta tem um lugar muito
objetivo no sintoma, enfermidade e a solução. As causas que levaram neste tripé,
muitas vezes, demonstram anulação da subjetividade do sujeito que fala e do que
escuta o diagnóstico.

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No que diz respeito à DRC, existe uma pluralidade no modo de comunicação, pois,
não se trata de uma enfermidade que escolhe classe social ou regionalidade, ao
buscar o médico, o paciente deseja também ser amparado sobre a sua problemática.
Diante do exposto, Gobbi (2008), coloca a seguinte assertiva que pode se notar um
discurso frio e não empático, diante da percepção do paciente perante o modo como
a fala médica será compreendida por ele. No contexto apresentando, muitos médicos
entendem que nem sempre sua fala pode ser vista como acolhedora ou empática. A
objetividade está no diagnóstico sendo um processo sem subterfúgios, o viés do
atendimento será o corpo biológico.

Helman (2003) destaca, a pluralidade cultural nas comunicações o modo como o


paciente fala sua capacidade de interpretar os fatos, elaborar também são um dos
pontos que dificulta na ação fala e escuta, nos quais o próprio médico pode ter
dificuldade em passar o diagnóstico de DRC, um dos problemas é a fala médica que
em muitos casos não se adéqua ao contexto dessa pluralidade social cultural e
regional, onde os termos técnicos parecem ser a rotina da verbalização profissional.
Outro ponto é o percurso do tempo do atendimento, o que ocasiona uma fala, escuta
breve e objetiva focando apenas na causa, problema e diagnóstico diante do quadro
de DRC. Ainda que o médico se sensibilize sobre a doença, o mesmo não tem como
acolher todos que entram em sua sala ou dentro do próprio âmbito hospitalar. Ainda
para o autor Helman (2003) a comunicação do diagnóstico não deve ser vista pelo
médico como algo simples e rotineiro, pois a maneira como é repassada ao paciente
a informação, pode provocar um grande impacto na relação não somente médico-
paciente, ocasionando prejuízo na aceitação e no tratamento da doença, como
ocasionar traumas e sobrecargas psicológicas. Helman (2003) ainda afirma que para
que isso não aconteça, é importante que o médico tenha a aptidão e a sensibilidade
para se colocar no lugar do paciente, para perceber o que ele está sentindo e qual a
relevância que este impacto tem em sua vida.

No entanto, para Moreira (2013) a comunicação médica abrange a lógica racional


objetiva, o profissional consegue entender que o adoecimento da DRC irá atravessar

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todos os campos desse paciente, do emocional ao familiar e social. Em detrimento


disso, o próprio médico entende que um segundo papel no trabalho de acolher e
escutar é essencial nas unidades de saúde que atendem os referidos pacientes
diagnosticados com DRC, com isso, caberá ao médico observar tudo isso e fazer o
encaminhamento ao setor psicológico. Simonetti (2004) destaca o seguinte ponto que
complementa com a escrita do texto citado, a autora coloca que esses pacientes em
um quadro DRC, buscam ser amparados e não vistos como alguém que traz uma
problemática, uma lesão orgânica, mas que a fala do médico também possa
apresentar uma escuta, acolhimento, pois, acolher é um meio de minimizar a dor do
sujeito que se encontra no processo saúde e doença.

Alves (1993) comenta que o sofrimento que o sujeito carrega possui uma dimensão
atemporal, isso mostra que o quadro DRC também pode eclodir outros traumas já
guardados desse sujeito. Na visão de Goffman (2001), mesmo que o médico perceba
que na fala do paciente o desejo esteja entrelaçado a um pedido de amparo, existe
uma barreira entre o sujeito da doença, seu mundo externo e interno. A medicina cuida
do corpo dando conta da doença, não amparando a subjetividade e o mundo interno
(psíquico) ou como o paciente percebe junto à família o processo do adoecimento e
desamparo. Segundo Schwartz (2009), nestes pacientes, psiquismo e subjetividade
andam juntos e se não forem amparados poderá causar danos como a fuga do
tratamento, eclosão de outras doenças como ansiedade, depressão ou processos
psicossomáticos, abandono por parte da família, violência e agressões. Na visão dos
autores o paciente não é somente um número de um leito de cama ou a numeração
de uma máquina de diálise.

Conforme Luiz (2010) quando se fala em sofrimento, ouvir e escutar tanto o biológico,
quanto o psíquico, temos a ideia clara do papel do psicólogo, para muitos, tal
profissional é visto somente no campo da clínica. O fato é que além da pluralidade
das áreas de atuação a psicologia trabalha e alcança todos os tipos de demandas,
inclusive as de DRC. No trabalho realizado em unidades de hemodiálise ou
hospitalares, o psicólogo irá não apenas promover uma integração ao paciente,

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tratamento e família, mas, dará voz a fala e interpretação do não dito e do sofrimento
que muitas vezes parece ser incapaz de alguém entender.

Conforme Simonetti (2004), a fala e escuta médica tendem a trabalhar objetivamente


com o processo de cura orgânica. Diferente da fala e escuta do psicólogo hospitalar
com ênfase na nefrologia, o papel desse profissional é escutar, trabalhar com os
desejos, saber lidar com os processos de saúde e doença do paciente. Neste
processo, o adoecimento ocorre rápido, não dando tempo de elaborar, o sujeito
emerge a tantos conflitos junto a família. No entanto, o psicólogo irá trabalhar com
acolhimento e elaboração dessas dores, pois, muitas vezes sem nome ou fala,
possibilitando melhor compreensão da subjetividade do paciente.

2.3 PSICONEFROLOGIA/PSICOLOGIA HOSPITALAR:


SUBJETIVIDADE; SOFRIMENTO PSÍQUICO E ACEITAÇÃO

Mesmo que a Psicologia no âmbito hospitalar seja algo novo no Brasil, seu percurso
já se fazia presente antes mesmo da regularização da profissão em meados dos anos
50, mas, somente em 1962 a profissão foi oficialmente regularizada, conforme Silva
(2006), o papel do psicólogo no âmbito hospitalar estava vinculado primeiramente ao
tratamento de crianças em situações de pré e pós-operatórios no processo de
cirurgias de coluna, assim como atender os familiares das mesmas, tal procedimento
começou pela psicóloga Mathilde Neder.

Da regularização da profissão ao momento atual a psicologia abraçou e conquistou


mais espaços no contexto da saúde, se aprimorando em diversas
especificidades. Vale ressaltar que a denominação “psicologia hospitalar” existe
somente no Brasil. Para Gorayeb (2010) o termo psicologia hospitalar, está inserido
na própria psicologia da saúde, cujo objetivo é uma intervenção com maior precisão e
agilidade no ambiente hospitalar. A psicologia da saúde como um todo, visa olhar o
sujeito entre as diversas ordens manifestadas. Ainda Segundo Gorayeb (2010), o
papel do profissional está em identificar quem é o sujeito que fala através do sintoma,

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o que vem do orgânico e não somente o orgânico na fala desses pacientes. No que
se refere às várias áreas de atuação, temos a psiconefrologia, que atua no contexto
da psicologia da saúde/hospitalar.

Conforme apresentado por Pascoal (2009) e a proposta do trabalho apresentado, a


psiconefrologia atua sobre os pacientes cuja função renal encontra-se comprometida,
a especialidade proporciona e elucida o sujeito à maiores respostas diante do
processo de enfrentamento da doença. Caveião (2015) reforça, que quando é referido
elucidar respostas, vem à dúvida sobre o que poderia ser isso? Ao conjunto doença e
psiquismo, o psicólogo que atua nesta área, trará o encontro do paciente sobre os
seus medos, dúvidas e processos de enfrentamento subjetivos que vão além da
própria condição renal, realizando não somente o atendimento do paciente
individualmente, mas a sua atuação se expande a membros da família, além de
grupos terapêuticos, onde o profissional atenderá demandas emotivas e os efeitos da
doença renal crônica, não apenas ao paciente, mas, quem compõe o seu grupo
familiar. Pois, é de conhecimento que as questões do adoecimento levam a uma
desestruturação psíquica, abandono do tratamento, falta de aceitação, surgimentos
de questões como depressão e ansiedade. Além disso, com DRC, o paciente pode
psicosomatizar seu sofrimento, além de outras problemáticas já existentes em seu
corpo. (LUIZ; VERONEZ, 2010, p.58).

Na concepção de Moura (2003), o sofrimento se expressa pela via do sintoma, assim


como a DRC, apresenta os sintomas orgânicos, o sintoma de característica psíquica
também fará parte do quadro do sujeito diante da angústia do desconhecido no qual
o paciente se encontra. Falar de sofrimento é apresentar a subjetividade desse
sujeito, mesmo que a contextualização em uma racionalização se apresente como se
o sofrimento estivesse sendo um castigo divino, uma prova divina ou até mesmo uma
culpa. Já Furtado (2005), comenta que quando falamos da subjetividade do sujeito
diante do sofrimento psíquico, ressalta sobre os recursos e mecanismos de defesa
que atuam no corpo doente. O sintoma não é o problema que deve ser tratado, pois,

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ele é um sinal de algo que muitas vezes o paciente não consegue elaborar em sua
fala.

Para Furtado (2005) o sofrimento psíquico apresentando pela via do sintoma,


necessita ser questionado, pois, somente assim é possível decifrar o que esse sujeito
sente, além do que se refere o contexto biológico, na visão do autor, o psicólogo no
campo da nefrologia irá trabalhar através da fala e escuta, as quais os significados
desses sintomas e o que afinal esses pacientes querem dizer. Já autores como
Oliveira (2008) e Slomka (2011) ambos em consonância, apontam que pacientes com
DRC, apresentam índice maior de angústia, o que ocasiona sintomas de depressão
entre graus leves, moderados e graves. Na visão desses autores, isso se apresenta
devido à sensação de impotência na autonomia do sujeito que diante da angústia, isso
pode favorecer a redução no quadro imunológico, os referidos autores também
deixam claro que em casos extremos pode acarretar até o suicídio, pois, essas perdas
quando não elaboradas, podem se interligar a outras dores que o sujeito já traz em
seus contextos psíquicos.

Em face do exposto apresentado pelos autores, é possível perceber que os problemas


renais, a terapia renal e a DRC atravessam o paciente em sua própria singularidade
em diferentes aspectos, que podem gerar se não tratados, problemas que vão além
do campo biológico. Garcia (2005), complementa que ambos os sofrimentos
biológicos e psíquicos, se fazem necessário para compreensão do contexto
terapêutico, muitos desses pacientes são agressivos ou trazem uma fala pautada ao
negativismo do processo em que vivem e ao próprio processo terapêutico. A
hostilidade, a perda da crença ou medo diante do novo totalmente incerto, podem ser
transferidos ao psicólogo que faz o atendimento desses pacientes. Os pacientes
querem solução para que possam ser compreendidos diante de seu sofrimento. O
psicólogo compreende que seus atos, não são contra ele, mas, uma pista sobre o que
esses pacientes estão querendo dizer sobre suas dores e angústias.

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Para Nascimento (2013) a escuta e o acolhimento, entre outras técnicas de acordo


com a abordagem do profissional, usadas no campo da psiconefrologia é de extrema
importância, pois, desse modo, estimularão os pacientes a terem a oportunidade não
somente de verbalizar, como de poder compreender, através da ajuda profissional o
que lhe é atravessado, pois, ocorrem sensações em que os pacientes não conseguem
nomear a impotência que os afloram. Ao contrário do hospital na clínica o tempo é
maior e o psicólogo tem curto espaço de tempo. No entanto, diferente do saber médico
cujo olhar é a fala do paciente diante de um diagnóstico de exame, o psicólogo busca
nesse tempo compreender os fenômenos que são manifestados pelo paciente e seus
familiares, além de entender o contexto biopsicossocial desses sujeitos. Fazendo
assim, a aliança terapêutica, mesmo que alguns pacientes possam demonstrar
resistência maior e/ou a própria família. Porém, o psicólogo tem como papel perceber
os mecanismos de defesas que os pacientes emitem como: Negação, formação
reativa, deslocamento, racionalização etc. No entanto, independente do que se
apresente, o psicólogo consegue trabalhar para que os pacientes e familiares possam
entender melhor e estimular a capacidade de adaptar-se e perceber que independente
dos fatos, existe a possibilidade de conciliar tratamento, aceitação e qualidade de vida.
(PASCOAL, M. et al, 2009, p.26)

Para Simone (2011) Um dos pontos que podemos dizer que auxilia no tratamento e
equilíbrio do paciente, é o amparo, onde o paciente consegue ver que o terapeuta tem
conhecimento da doença e habilidade empática, pois, no que se refere ao tratamento
da DRC, esse paciente e seus familiares passam por diversos profissionais e
especialidades médicas. No entanto, cabe ao psicólogo trazer a explicação e
orientação de modo que se equilibre o estado emocional dos pacientes e seus
familiares, assim como demonstrar que eles não estão desamparados. Por outro lado,
pode-se destacar no processo da aceitação e ressignificação da condição que o
psicólogo seja capaz de atender as demandas dos pacientes, referentes à religião,
cultura e família.

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A possibilidade de fazer com que o paciente não se sinta isolado ou afastado de seus
laços, dá sensação também de segurança e reorganização psíquica. Neste ponto
cabe ao psicólogo trabalhar o respeito com a equipe multiprofissional e com a direção
do hospital, que a ciência respeita e não desqualifica cultura, crenças religiosas e que
tudo é válido para que o paciente e seus familiares se sintam próximos de suas
origens, já que os processos que envolvem a DRC, muitas vezes fazem com que
esses pacientes e acompanhantes fiquem mais tempo em hospitais ou clinicas de
hemodiálise (PASCOAL, M. et al, 2009, p. 26)

Com isso, o trabalho da psicologia na nefrologia é proporcionar ao paciente uma


escuta não tratada apenas aspectos de sua condição patológica, mas uma escuta que
o ampare e que seja compreendido como alguém que tem uma história de vida. O
psicólogo não anulará o contexto do adoecimento, mas irá construir segurança nos
recursos emocionais que esse sujeito apresenta, ou seja, levar a dor e angústia a
serem transformadas e elaboradas. Neste caso, diante do grau que a doença possa
estar, é plausível que o sujeito possa adentrar em um processo de culpa e julgamentos
pessoais, onde psicólogo nesse momento, poderá dar fluidez as emoções dos
pacientes. (KUBLER-ROSS, 1996).

Conforme Afonso (2013), quando se fala em luto e perda o psicólogo saberá


compreender que essas temáticas se interligam em dois pontos, tanto no contexto da
subjetividade, quanto na morte do corpo. E no processo de escuta desse sujeito
interpretar o que vem a ser apresentado. Muitas vezes outros profissionais não são
capazes de fazer essa divisão, para assim poder mapeá-lo e propor melhor
tratamento. Pois, diante do luto antecipado e a incerteza da morte, o organismo podem
vivenciar conflitos psíquicos.

Neste contexto Mendes (2009), comenta que o psicólogo que atua na nefrologia irá
trabalhar três linhas: paciente, familiares e a equipe de saúde. Desta forma,
elaborando os medos, fantasias e enfrentamentos que perpassam por todos. Pois,
independente de quem atenda, o profissional de saúde nem sempre sabe lidar com

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a angústia e sofrimento expressado pelo sujeito em estado de adoecimento. Por isso,


saber acolher e escutar esses sujeitos é uma forma de proporcionar melhor adesão
ao tratamento, que seja visto como uma pessoa e não uma enfermidade, um número
de leito, compreender os aspectos subjetivos e respeitá-los. A humanização da escuta
ainda continua sendo a melhor ferramenta no tratamento dos pacientes. Falar da
escuta e humanização conforme os referidos autores, não se trata de ter “pena”, como
muitos entendem o termo humanizar ou escutar, mas proporcionar uma interpretação
do que o paciente traz, para que possam sentir-se amparados.

Ainda para Afonso (2013), é possível perceber que o papel do psicólogo nessa linha
de atuação é de fundamental importância a essas pessoas, onde escutar e acolher
subjetividades distintas é também proporcionar o resgate da subjetividade no próprio
ambiente hospitalar ou de instituições clínicas com ênfase a tratamento renal, em meio
a contextos burocráticos e técnicos, os pacientes e familiares se encontram também
em um processo de desamparo. Além disso, o processo de escuta vai demandar do
profissional e não apenas o contexto da empatia, mas propiciar aos pacientes melhor
compreensão do que é dito, tendo em vista que toda fala é uma demanda de algo, ou
seja, a voz interna do psicólogo foca nos processos trazidos pelos pacientes, no qual
todos os contextos verbais ao não verbal, serão observados e acolhidos.

Os autores apresentados no artigo concordam que o lugar da fala, escuta e amparo


são processos fundamentais para que os pacientes em quadros renais, não apenas
interpretem o que sentem, como também, possam aceitar, obter a compreensão e
elaboração do seu processo hospitalar. O papel do psicólogo diante dos pacientes em
meio às incertezas é possibilitá-los a expressarem-se sem julgamentos perante os
fatos que os acometem pela doença renal crônica.

3. CONCLUSÃO

Retomando ao que foi proposto na introdução da pesquisa, quanto aos objetivos do


artigo. Este, propôs duas problemáticas centrais:(1) investigar de quais formas a
Psicologia Hospitalar com ênfase na psiconefrologia contribui no tratamento de

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pacientes DRC, no atendimento a seus familiares e equipe multiprofissional e (2)


demonstrar as divergências do olhar da psicologia e da medicina no contexto
hemodiálise. Conclui-se que a psicologia hospitalar na linha da psiconefrologia é de
fundamental importância para o acolhimento dos pacientes renais crónicos, pois, no
processo da escuta alinhada à abordagem do psicólogo, ele irá devolver ao paciente
aquilo que o mesmo fala, através de uma escuta compreensiva, fazendo com que
seus medos e processos de angústia possam ser elaborados, interpretados por
pacientes e familiares.

O resultado da pesquisa demostrou que o cuidado com os pacientes em sofrimento,


vai além do campo biológico, por isso, estudar o sofrimento, não, é algo simples, pois
o sofrimento é subjetivo como uma substância onde cada sujeito irá apresentar a
angústia do seu modo. E falar sobre isso, machuca, quando não se é amparado. O
trabalho do psicólogo é norteado pela escuta da dor subjetiva, formando um novo
destino a palavra que lhe é apresentada em uma expressão que organize a dor de
modo linear. Sendo possível perceber o quanto esse profissional é fundamental no
processo de elaboração dos acometidos com DRC e familiares.

Quanto aos desafios, a pesquisa demonstrou que na escuta médica e psicológica,


mesmo que ambos os profissionais sejam relevantes, existem diferenças, já que, a
fala e escuta médica são focadas nos aspectos biológicos do sujeito. Em que
proporciona uma escuta mais objetiva e direta, desconsiderando a subjetividade e
história de vida do paciente. E este processo, poderá evoluir para a não adesão ou
abandono do tratamento. Além disso, o estudo apontou que nem todos os médicos
sabem lidar com a subjetividade ou acolher a dor. Sendo assim, preferem se afastar
deste campo, o deixando para Psicologia. Neste sentindo, torna-se desafiador para o
psicólogo trabalhar com a medicina, já que visa corpo e a objetividade. Enquanto a
psicologia busca resgatar o significado do adoecimento para esses pacientes.

O psicólogo irá também acolher e trabalhar com a equipe multiprofissional para


escutar suas angústias e orientar qual a melhor forma de amparar, saber escutar

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pacientes e familiares. Com isso, pode-se dizer que saber escutar é fundamental.
Escutar o sofrimento é proporcionar ao paciente e família, formas de resinificar a
própria dor. Por isso, o processo subjetivo tem ação tão ativa, quanto o processo
biológico afetando ainda mais os pacientes que se deparam com a dor do
adoecimento.

A psicologia no campo da saúde de forma primordial, reconhece que, cada paciente


tem sua história de vida e que este aspecto necessita de atenção, pois, proporciona
um olhar integrado sobre o sujeito e não a doença, incentivando a equipe
multiprofissional a enxergá-lo como um sujeito capaz de se reintegrar e implicar-se no
seu processo de hospitalização. Dentre as características norteadoras do trabalho do
psicólogo nas clínicas e hospitais de hemodiálise, é a psicoeducação, ferramenta
utilizada como recurso de orientação sobre os aspectos saúde/doença, utilizado de
diversas formas: como folders, palestras, grupos terapêuticos etc. Tais práticas são
bastante eficazes na comunicação do tripé: equipe, paciente e família, evidenciando
progresso no tratamento dos pacientes e mais qualidade de vida.

O trabalho do psicólogo na área da saúde ainda é desafiador, por existirem dúvidas


relacionados a sua atuação, ainda direcionada a área clínica. Na psicologia a escuta
técnica, não se limita a área clínica. Trata-se de uma técnica utilizada em todas as
subáreas da psicologia. A maneira como a psicologia escuta e compreende o ser
humano, faz com que seu papel profissional seja diferenciado na equipe
multiprofissional de forma positiva. Pois, traz possiblidades melhores de
enfrentamentos aos desafios diários da equipe no ambiente hospitalar ou clínico.

A temática escuta médica e psicológica, em convergência e divergência, são assuntos


raros nas pesquisas em geral. Outro ponto, é o sofrimento psíquico que acomete os
pacientes em DRC, assunto pouco abordado, inclusive em artigos no campo da
Psicologia. Constatou-se ainda, que existem trabalhos mais focados no campo
biológico e familiar. Portanto, a Psicologia no campo da nefrologia tem papel

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importante no acolhimento, no sentido de valorização da fala, da dor e do medo dos


pacientes renais crônicos em hemodiálise.

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Aprovado: Agosto, 2021.

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