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Esta apostila trata-se de uma composição de textos e artigos

de diversos autores, de conhecimento público, disponíveis


por meio eletrônico, e tendo suas fontes devidamente
identificadas.
O QUE DIZEM POR AÍ...
1

1
OS CRISTÃOS E A ESQUERDA
2
Alderi Souza de Matos

Atualmente está na moda ser de esquerda. Isso ocorre tanto na Europa e nos Estados Unidos
quanto na América Latina. Essa posição é a predileta entre os intelectuais, acadêmicos e
artistas latino-americanos. Até um tempo atrás, a defesa dos pobres oprimidos era a
principal bandeira da esquerda. Hoje o foco se ampliou para incluir as minorias em geral,
como os homossexuais, bem como a legalização do aborto e outras agendas. Muitos cristãos
se consideram de esquerda. Isso é problemático por causa de certas conotações que esse
conceito possui e das manifestações concretas que tem assumido na história.

“Direita” e “esquerda” são termos que identificam posições políticas e ideológicas


teoricamente antagônicas. Essas designações surgiram na Revolução Francesa, em fins do
século 18, quando, na Assembleia Nacional então reunida, os defensores da autoridade real
(clero e nobreza) se posicionaram do lado direito da assembleia, enquanto que os
defensores da supremacia do parlamento (representantes do Terceiro Estado ou o povo) se
colocaram do lado esquerdo. Assim, o primeiro termo passou a designar os mantenedores
do “status quo” e o segundo, os revolucionários e contestadores.

Mais de um século depois, graças a outra revolução, desta vez na Rússia, a esquerda veio a
ser identificada com o comunismo ou socialismo, em sua luta contra o capital e em defesa
dos trabalhadores. Essa ideologia tinha algumas características distintivas: otimismo quanto
ao ser humano, ou seja, o homem como um ser naturalmente bom; racionalismo utópico --
crença na capacidade da razão para construir uma sociedade ideal; determinismo histórico --
a história é condicionada por forças econômicas e evolui inexoravelmente para um fim;
igualitarismo e socialismo -- luta pela eliminação das distinções sociais e da propriedade
privada, almejando uma sociedade sem classes.

O século 20 testemunhou o fracasso do “sinistro” experimento socialista, gerador que foi de


um grande número de mazelas: ditaduras cruéis e opressoras, novas formas de elitismo e
concentração de riquezas, estatismo, burocracia e corrupção, ineficiência administrativa,
violação extensiva dos direitos humanos, práticas antidemocráticas (partido único, ausência
de eleições, supressão de liberdades públicas). Isso sem contar os horrendos crimes contra a
vida praticados na União Soviética, na China, no Camboja, na Coreia do Norte, em Cuba e
outros países. Apesar dessas distorções e fracassos clamorosos, muitas pessoas continuam
fascinadas pela esquerda com suas propostas socializantes.

1
http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/338/os-cristaos-e-a-esquerda
2
Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da
Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil.
asdm@mackenzie.com.br
2

Os cristãos não devem se comprometer com a agenda esquerdista em primeiro lugar porque
o socialismo tem uma cosmovisão conflitante com a fé cristã. A esquerda histórica é
radicalmente materialista, vê o mal somente nas estruturas econômicas e sociais, propõe
como meio de redenção a transformação, mesmo que traumática, da sociedade. Isso vai
contra tudo o que o cristianismo bíblico e histórico tem aceito ao longo dos séculos. Do
ponto de vista cristão, o socialismo subestima a tendência do ser humano para o
egocentrismo, para a sede de poder, para a autoglorificação, como se vê em tantos líderes e
movimentos dessa corrente.

Outra razão pela qual os cristãos devem ser cautelosos em assumir compromissos com a
esquerda tem a ver com a ética, com os valores. As ideologias de esquerda são notórias por
seu relativismo moral (“os fins justificam os meios”). Um bom exemplo é o Brasil atual, no
qual o partido dominante convive placidamente com a corrupção em nome da
“governabilidade” e o ex-presidente, em troca de uns parcos minutos adicionais no horário
de propaganda eleitoral, faz aliança com um dos políticos de pior reputação do país, contra o
qual dirigiu as mais acerbas críticas no passado.

Por último, existe a questão da lealdade suprema do cristão. Assumir compromissos


viscerais com sistemas, líderes e regimes político-ideológicos é mais uma forma de idolatria
entre tantas que disputam a supremacia no coração humano. É exatamente por causa desse
conflito de lealdades (Cristo x César) que os cristãos estão entre os grupos mais hostilizados
e perseguidos por regimes de esquerda ao redor do mundo. Quando um cristão se define
como de esquerda, em certo sentido está compactuando com todo o sofrimento imposto
aos seus irmãos por quase um século.

É claro que um cristão sempre pode dizer: “Eu sou de esquerda, mas isso não significa que
tenho de concordar com toda a agenda socialista”. Pode-se argumentar que o esquerdismo
evoluiu e significa hoje algo bem diferente do que aconteceu na União Soviética ou na China.
Porém, permanece o fato de que as palavras são importantes e carregam o peso da história.
Um cristão convicto não deve se identificar por um rótulo que concentra tantas associações
negativas. É preferível deixar de lado essa autodescrição, sem abrir mão de um forte senso
de responsabilidade social.

Rejeitar a esquerda não significa adotar a posição simplista de que basta converter os
indivíduos e os problemas sociais serão automaticamente resolvidos. É importante o
envolvimento dos cristãos na luta pela justiça social, pela melhor distribuição de renda, pelo
combate à miséria, à exclusão e à exploração, contanto que isso seja feito a partir de
pressupostos bíblicos e não ditados por qualquer ideologia política, seja ela de esquerda ou
de direita. Como adverte o apóstolo Paulo: “Não vos amoldeis ao esquema deste mundo,
mas sede transformados pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
3

3
O PERIGO DAS IDEOLOGIAS ESQUERDISTAS
4
Édison Prado de Andrade
Com adições de textos [ ] de
5
Eguinaldo Hélio Souza

A ameaça da cultura esquerdista

Por que devemos pensar seriamente antes de apoiar as ideologias de esquerda? Em


primeiro lugar, porque os ideólogos de esquerda entendem que a família bíblica, família
natural, formada por pais e filhos, unidos pelo matrimônio em uma relação pública,
duradoura e comprometida, é apenas expressão da família depreciativamente tida por eles
como burguesa. Para Karl Marx, Friedrich Engels e Antonio Gramsci, os principais ideólogos
de esquerda seguidos no Brasil, ao lado de Nietzsche, foi o capitalismo que originou esse
tipo de família, que eles qualificam como família individual. A família individual para eles não
é o arranjo de família natural, pois as relações familiares, antes da praga do capitalismo – é
assim que eles consideram o sistema de livre mercado e o sistema liberal que valoriza as
liberdades civis do indivíduo e das associações diversas de inspiração liberal – eram
comunitárias.

Para eles, a mulher mantém a virgindade por imposição da sociedade, e a prostituição da


mulher é fenômeno que só existe em razão do sistema capitalista. Além disso, a esposa é
comparada, em sua relação com o marido, à escrava e ao senhor de escravos.

Com respeito às crianças, segundo esse modo de pensar socialista, todas elas deverão ser
cuidadas e criadas pela sociedade comunista, e não pelos seus genitores, o que somente
aconteceria quando se operasse a Revolução Social orquestrada pelos proletários do mundo,
que aboliriam toda e qualquer propriedade privada, inclusive os filhos, os quais, para eles,
são propriedade dos pais, e não galardão divino. Os proletários, as pessoas desprovidas de
propriedade, é que oferecem o modelo verdadeiro de sociedade ideal, segundo a doutrina
comunista, ou socialista. Nas relações comunitárias deles é que veríamos o modelo de
família que se deve querer fazer neste mundo.

Se quiser conferir o que estou dizendo basta ler o Livro A origem da família, da propriedade
privada e do Estado, de Friedrich Engels. Apenas uma citação:

3
http://www.criacionismo.com.br/2014/10/o-perigo-das-ideologias-esquerdistas.html
4
Advogado, mestre e doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. Professor universitário e consultor
governamental.
5
Pastor, jornalista, professor de teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de apologética,
seitas, escatologia, Israel e vida matrimonial. Colaborador da Bíblia Apologética de Estudos. Articulista das
revistas Povos e Apologética Cristã. Criador do curso de Apologética Aplicada pela FAETESF e locutor da rádio
Saber & Fé. Autor dos livros Lições de Amor e Novas Lições de Amor (casais), Israel Povo Escolhido, Visitação de
Deus e Quem é o Perdido?
4

“A família individual moderna está baseada na escravidão doméstica, transparente


ou dissimulada, da mulher, e a sociedade moderna é uma massa cujas moléculas são
compostas exclusivamente por famílias individuais. Hoje em dia é o homem que, na
maioria dos casos, tem de ser o suporte, o sustento da família, pelo menos nas classes
possuidoras, e isso lhe dá uma posição de dominador que não precisa de nenhum
privilégio legal específico. Na família, o homem é o burguês e a mulher representa o
proletário. [...].

“Quando os meios de produção passarem a ser propriedade comum, a família


individual deixará de ser a unidade econômica da sociedade. A economia doméstica
converter-se-á em indústria social. O tratamento e a educação das crianças passarão
a ser uma questão pública. A sociedade cuidará, com o mesmo empenho, de todos os
filhos, sejam legítimos ou ilegítimos. Desaparecerá, desse modo, o temor das
‘consequências’ que é hoje o mais importante fator social, tanto do ponto de vista
moral como do ponto de vista econômico, o que impede uma jovem solteira de se
entregar livremente ao homem que ama. Não será isso suficiente para que apareçam
gradualmente relações sexuais mais livres e também para que a opinião pública se
torne menos rigorosa quanto à honra da virgindade e à desonra das mulheres? E,
finalmente, não vimos que no mundo moderno, a prostituição e a monogamia, ainda
que antagônicas, são inseparáveis, como polos de uma mesma ordem social? Pode a
prostituição desaparecer sem arrastar consigo, na queda, a monogamia?” (Engels, A
origem da família, da propriedade privada e do Estado. São Paulo: Escala
Educacional, 2009, p. 69-74).

[6Também a instituição familiar foi vitima do famigerado Manifesto Comunista7. Nem ela
escapou! Basta ler. Como sempre, seu conteúdo sintético condensa a visão revolucionária
contra a realidade e a tradição. O ódio à instituição familiar se justifica pelos mesmos falsos
argumentos de sempre.

Segundo o Manifesto, qual o fundamento da família? O capital. Como acabar com ela?
Acabando com o capitalismo e a propriedade privada. Enquanto a moral judaico-cristã
compreende a importância da família e luta para que ela se mantenha coesa, o comunismo a
despreza, a desvaloriza e lança contra ela seu veneno.

A Lei da Palmada nada mais do que afronta marxista contra a autoridade paterna. O
feminismo nada mais do que a luta de classes transferida para a identidade sexual. A defesa
da união entre pessoas do mesmo sexo, nada mais é do que uma tentativa maquiavélica de

6
https://artigos.gospelprime.com.br/manifesto-comunista-manifesto-contra-familia/
7
MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Global Editora, 1986. Acessível em :
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/manifestocomunista.pdf - O Manifesto Comunista foi publicado
pela primeira vez em 21 de fevereiro de 1848, é historicamente um dos tratados políticos de maior influência
mundial. Comissionado pela Liga dos Comunistas e escrito pelos teóricos fundadores do socialismo científico
Karl Marx e Friedrich Engels, expressa o programa e propósitos da Liga.
5

anular o sentido de família, pois se família é qualquer coisa que se denomine família, então
nada é família.

Friedrich Engels, buldogue de Marx, escreveu:

“A monogamia não aparece na história, portanto, como uma reconciliação entre o


homem e a mulher e, menos ainda, como forma mais elevada de matrimônio. Pelo
contrário, ela surge sob a forma de escravização de um sexo pelo outro, como a
proclamação de um conflito entre os sexos, ignorado, até então, na pré-história. (…)
Hoje posso acrescentar: o primeiro antagonismo de classes que apareceu na história
coincide com o antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia; e a primeira
opressão de classes, com a opressão do sexo feminino pelo masculino” 8

E continua:

“A família individual moderna baseia-se na escravidão doméstica, franca ou


dissimulada, da mulher, e a sociedade moderna é uma massa de cujas moléculas são
as famílias individuais”9

O Manifesto é também entre outras coisas um panfleto contra a família, cujas ideias são
ampliadas na obra de Engels:

“Então é que se há de ver que a libertação da mulher exige, como primeira condição,
a reincorporação de todo o sexo feminino à indústria social, o que, por sua vez, requer
a supressão da família monogâmica como unidade econômica da sociedade” 10

Bastaria ouvir minha esposa para desmascarar tamanha besteira. Entretanto, e infelizmente,
nem sempre as novas gerações são tão sábias quanto ela, e, inoculadas com veneno
marxista, muitos só mais tarde compreendem as bênçãos de uma família estável em um
mundo instável.

No entanto, o marxismo não é apenas inimigo da família. Ele é inimigo do conceito de


família. Não devemos ficar admirados se em uma cultura marxizada a família sofre todo tipo
de ataques e distorções.

As ideias marxistas sobre família fizeram parte da Revolução Bolchevique11: “Muitos


bolcheviques acreditavam que a família, sendo uma instituição baseada na propriedade

8
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Rio de Janeiro: Best Bolso, 2014,
p. 79
9
ENGELS, Friedrich. Op. Cit. p. 89
10
Op. cit. p. 90
11
A Revolução Bolchevique, também chamada de Revolução Russa, aconteceu em 1917. O fato foi resultado de
uma série de acontecimentos que marcaram a história da Rússia. O contexto histórico da Revolução
Bolchevique foi marcado por uma dura luta de classes. De um lado estavam os operários, de outro estava o
Estado Czarista. A revolução começou em fevereiro de 1917 e se estendeu até outubro, mês em que houve
efetivamente a Revolução Bolchevique, na qual o Partido Bolchevique assumiu o poder estatal. Durante a
tomada do poder do Estado pelo Partido Bolchevique a Rússia se tornou socialista.
6

privada, seria abolida em uma sociedade comunista, com o Estado assumindo a


responsabilidade de cuidar das crianças e do trabalho doméstico”12. E se os pais educassem
seus filhos conforme seus valores e não conforme os valores da revolução marxista, então
esses filhos podiam rebelar-se com o total apoio do Estado. “Se os pais persistem em
transformar os filhos em pequenos senhores ou em místicos bitolados, então as crianças tem
o direito ético de abandoná-los”13. É marxismo pisando a ética judaico-cristã, o mandamento
de honrar pai e mãe. Em primeiro lugar vem a submissão ao Estado-Leviatã.

Na década de 1980, Marilena Chauí lançou seu livro “O que é ideologia?” E nele já estavam
contidos ataques à família, bem como a defesa da união homossexual. Temos hoje o
resultado de décadas de doutrinação.

“Se a ideologia [capitalista] mostrasse todos os aspectos que constituem a realidade


das famílias no sistema capitalista, se mostrasse como a repressão da sexualidade
está ligada a essas estruturas familiares (condenação do adultério, do
homossexualismo, do aborto, defesa da virgindade e do heterossexualismo,
diminuição do prazer sexual para o trabalhador porque o sexo diminui a rentabilidade
e produtividade do trabalho alienado), como, então, a ideologia manteria a ideia e o
ideal da Família? Como faria, por exemplo, para justificar uma sexualidade que não
estivesse legitimada pela procriação, pelo Pai e pela Mãe? Não pode fazer isto. Não
pode dizer isto”[7] Para ela a família não é uma necessidade da estrutura social. É
apenas uma conveniência humana que se opõe á religião de Marx. Precisa ser
destruída”.14]

O segundo motivo pelo qual me oponho à ideologia esquerdista é que toda e qualquer
propriedade privada é compreendida por eles como usurpação do direito de todos sobre a
terra e sobre seus frutos. O valor do trabalho e da diligência para o progresso pessoal com
vistas às melhores condições econômicas pessoais e da família, e para poder repartir com
quem infortunadamente não possui condições para a sobrevivência, não existe na
mentalidade socialista. As exortações de Paulo à igreja primitiva quanto ao trabalho e a
repartição dos seus frutos, e a aceitação de que, neste mundo caído, Deus impôs o trabalho
estafante ao homem como seu justo juízo, são repudiadas pelo pensamento marxista, que
acredita que toda a propriedade deve ser social, ou comum, e que não há nenhum erro
moral em que o pobre se aproprie da propriedade do rico, ou mesmo do menos pobre do
que ele.

Assim, o proprietário de terras, o empresário bem-sucedido economicamente, a livre


iniciativa econômica, assim como os Estados liberais, republicanos e democráticos, não
passam de elementos de uma superestrutura social que deve ser extirpada, assim como a
família individual, porque todos eles representam instituições que romperam com os

12
SMITH S.A. Revolução Russa. Porto Alegre: L&PM, 2013, p. 160
13
SMITH S.A. Op. Cit p.163
14
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1980, p. 118
7

elementos desejáveis de uma sociedade de homens, segundo a qual tudo era e deverá ser
comunitário. Jean Jacques Rousseau é útil a eles nesse ponto. O ensaio do filósofo francês,
que gostava de usar frases emblemáticas, causou impacto ao vencer o concurso promovido
pela Academia de Dijon, em 1753, que propunha que se respondesse à questão A Origem da
Desigualdade entre os Homens. Afirmou ele:

“O primeiro que tendo cercado um terreno, se lembrou de dizer: Isto é meu, e


encontrou pessoas bastante simples para acreditar, foi o verdadeiro fundador da
sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não teria
poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou tapando os
buracos, tivesse gritado aos semelhantes: ‘Livrai-vos de escutar este impostor;
estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos, e a terra de ninguém!’”
(Jean Jacques Rousseau, Discurso sobre a origem da desigualdade, 1754, p. 91. Edição
Ridendo Castigat Mores. Fonte digital: www.jahr.org).

A religião é abominável para todos os ideólogos de esquerda, e esta é a terceira razão. Para
Marx, a religião não passa de “ópio do povo”, expressão que, hoje, poderia ser enunciada
por crack do povo, porque para ele a religião possuía a única finalidade de, nos sistemas
liberais orientados pelas liberdades civis, entre as quais sempre ocupou lugar importante a
liberdade de crença, impedir que o povo enxergasse as condições de opressão a que estava
submetido pelas chamadas classes dominantes. Para Nietzsche, ideólogo alemão que passou
a ser seguido religiosamente pelos pensadores de esquerda após as atrocidades terríveis
praticadas por Stalin na antiga União Soviética, a religião cristã era um embuste, assim como
a Bíblia, e não passava de um modo de colocar cabresto na população, sendo o cristão uma
besta humana, e o cristianismo totalmente desprezível. Nietzsche tinha ódio aos judeus e
aos cristãos, sendo fácil perceber porque Hitler, seu discípulo, fez o que fez contra os judeus
e todos os que ele tinha como fracos. Apenas uma citação:

“O que é bom? – Tudo que aumenta, no homem, a sensação de poder, a vontade de


poder, o próprio poder. O que é mau? Tudo que se origina da fraqueza. O que é
felicidade? A sensação de que o poder aumenta – de que uma resistência foi
superada. Não o contentamento, mas mais o poder; não a paz a qualquer custo, mas
a guerra; não a virtude, mas a eficiência (virtude no sentido da Renascença, virtu,
desvinculada de moralismos). Os fracos e os malogrados devem perecer: primeiro
princípio de nossa caridade. E realmente devemos ajudá-los nisso. O que é mais
nocivo que qualquer vício? – A compaixão posta em prática em nome dos malogrados
e dos fracos – o cristianismo...” (Friedrich Wilhelm Nietzche. O Anticristo: ensaio de
uma crítica ao cristianismo, p. 9).

A última razão porque abomino o pensamento de esquerda – ainda que apoie


entusiasticamente iniciativas governamentais para dar dignidade aos miseráveis, tratando-os
com justiça, e encorajando-os a trabalhar e a estudar com dedicação e esforço pessoal – é
que todos os valores da família bíblica com respeito à disciplina para com os filhos são
8

abomináveis para o pensamento socialista. Novamente Nietzsche é o pensador mais


importante aqui. Ele se dizia um homem conduzido por pulsões em conflito, por instintos, e
que essa forma de ser e de viver é a que deve caracterizar o homem em seu estado ideal. A
pretensão de um certo conjunto de normas, as quais deverão ser reconhecidas e obedecidas
porque elas possuem valor em si mesmas, é abominável para o filósofo alemão do final do
século 19. Era o que ele pensava da filosofia dos gregos e dos alemães, do direito romano, e,
especialmente, dos mandamentos de Deus.

Assim, pais que agem de modo a conduzi-los “na disciplina e admoestação do Senhor” não
passam de pais autoritários que buscam impor aos filhos as suas próprias pulsões, retirando
deles a liberdade de se expressar livremente conforme a vontade de vida, que não deve ser
reprimida. Ao contrário da boa disciplina, o que esses governos conseguiram foi proibir e
medicalizar a conduta de todo e qualquer pai que usa de rigor, se necessário, na educação
de seus filhos. A chamada “lei da palmada” é o exemplo mais emblemático disso.[15] A partir
de agora os pais estão proibidos de corrigir seus filhos fisicamente, mesmo que
moderadamente, e a autoridade paterna e materna recebeu um golpe mortal, porque
qualquer coisa poderá vir a ser compreendida, a depender do intérprete da lei, como um
tratamento cruel ou degradante, vexaminoso ou humilhante.

É por esse motivo, dentre outros, que a escola se tornou um lugar de risco. Alunos,
professores, gestores, servidores e pais que são orientados por esse tipo de filosofia, a qual é
fundamentada também na psicologia freudiana, encontram-se em condição dramática, na
qual não sabem mais como conviver de modo a que o processo de ensino-aprendizagem seja
proveitoso, com resultados desejáveis. Algumas vozes, neste contexto, têm afirmado que
educar também é impor limites. Mas se esquecem de que impor limites sem que se invoque
a autoridade de Deus, e dos pais, obedecendo ao mandamento de Deus que ordena que se
honre pai e mãe, é voz inócua e sem efeito. Quando se abandona a autoridade de Deus,
nenhuma autoridade se pode afirmar como válida, senão a autoridade das leis do Estado.

Não se pense que o movimento de impregnação das ideologias de esquerda ocorre de modo
aleatório. Ao contrário, o objetivo de promover a revolução social é planejado, e está sendo
cuidadosamente posto em ação no país. A estratégia consiste em estimular e ampliar a
participação de alguns segmentos da população no governo, por meio dos chamados
conselhos de políticas públicas, envolvidos e estimulados pelo sentido da práxis [termo que
se refere ao engajamento na luta revolucionária] da fé marxista, com vistas a que se realize
pressão sobre as instituições de Estado liberais, de modo a que essas instituições,
enfraquecidas e desprovidas de credibilidade social, venham a ruir.

15
A Lei 13010/14 altera a Lei 8069/90 (ECA), e inclui o artigo 18-A, que afirma que “a criança e o adolescente
têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante,
como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da
família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por
qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los”.
9

O método é semelhante ao que o cupim faz em um móvel, um armário ou uma cadeira.


Carcomendo a madeira, lentamente, apenas perceberão, os que vivem
despreocupadamente, que o móvel se tornou imprestável, quando o estrago for irreparável.
Se você duvida disso, leia, de modo crítico, o artigo “A democracia como valor universal”, de
autoria de Carlos Nelson Coutinho, intelectual da Universidade Federal do Rio de Janeiro já
falecido, que bebera das fontes do partido comunista italiano e de Antonio Gramsci,
importante intelectual marxista que apregoava que os intelectuais deveriam ser orgânicos,
ou seja, engajados na luta pela revolução social, mudando a cultura popular nos termos da
ideologia marxista.

E leia também, de modo crítico, dissertação de mestrado da USP de autoria de Lucca-


Silveira,[16] que mostra que os intelectuais de esquerda que vieram a ocupar o poder político
no Brasil após a abertura democrática já pensavam como instalar o socialismo no país, de
modo estratégico, lento e gradual, sob os auspícios de Gramsci.

Veja o que escreveu Coutinho:

“Nosso objetivo, no presente artigo, é esboçar sumariamente – muito mais


levantando questões do que propondo respostas sistemáticas – os tópicos essenciais
dessas duas ordens de questões. Em primeiro lugar, tentaremos indicar como o
vínculo socialismo-democracia é parte integrante do patrimônio categorial do
marxismo; e, em segundo, mostraremos como a renovação democrática do conjunto
da vida nacional - enquanto elemento indispensável para a criação dos pressupostos
do socialismo - não pode ser encarada apenas como objetivo tático imediato, mas
aparece como o conteúdo estratégico da etapa atual da revolução brasileira. [...]

“Se o liberalismo afirma teoricamente o pluralismo e mistifica/oculta a hegemonia, se


o totalitarismo absolutiza a dominação e reprime o pluralismo, a democracia de
massas funda sua especificidade na articulação do pluralismo com a hegemonia, na
luta pela unidade na diversidade dos sujeitos políticos coletivos autônomos. Por outro
lado, não se deve esquecer - se quisermos pensar a longo prazo - que a apropriação
social da política é, em última instancia, sinônimo de extinção do Estado, ou seja, de
extinção dos aparelhos de dominação enquanto aparelhos apropriados
individualmente e postos aparentemente ‘acima’ da sociedade. É nesse sentido que
cabe entender a lúcida observação de Gramsci, segundo a qual a ‘sociedade regulada’
(sem classes) é aquela na qual o Estado será absorvido pelos organismos autogeridos
da ‘sociedade civil’. Podemos concluir esse rápido esboço afirmando que a relação da
democracia socialista com a democracia liberal é uma relação de superação dialética
(Aufhebung): a primeira elimina, conserva e eleva a nível superior as conquistas da
segunda. [...]

16
LUCCA-SILVEIRA, Marcos Paulo de. “Intelectuais e a questão da democracia no Brasil: um estudo a partir da
revista Presença”. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
2012.
10

“Ampliar a organização e a articulação desses vários sujeitos políticos coletivos de


base e, ao mesmo tempo, lutar por sua unificação (respeitadas sua autonomia e
diversidade) num poderoso bloco democrático e popular não é apenas condição para
extirpar definitivamente os elementos ditatoriais que deverão permanecer ao longo
do período de transição que se anuncia: é também um passo decisivo no sentido de
criar os pressupostos para o aprofundamento e generalização do processo de
renovação democrática e, consequentemente, para o êxito do programa
antimonopolista de democratização da economia no rumo do socialismo. Esse bloco
unitário dos organismos da democracia de base já é hoje – e deverá se tornar cada
vez mais – um poderoso instrumento de pressão e controle sobre a ação dos
mecanismos de representação indireta, como os parlamentos (grifos nossos).”[17]

O eleitor consciente precisa considerar se vale a pena que, sob os escombros da família, do
trabalho justo e íntegro, do direito às liberdades civis, especialmente a liberdade de crença,
de consciência e de opinião, se aumente em cem ou duzentos reais a renda familiar de
alguns milhões de famílias brasileiras. O cristão eleitor, especialmente a mulher, precisa
saber se ter uma creche disponível para ela vale tanto quanto perder o marido ou os filhos
para a droga ou para a prostituição. E todos aqueles que obtiveram, ao longo da vida, ou que
querem obter, pelo suor do rosto, uma condição de vida boa e agradável a Deus, devem
avaliar se vale a pena perder o que foi angariado com a ajuda de Deus por causa de uma
suposta diminuição da distância social entre ricos e pobres. Pense nisso na hora de votar. E
que o Soberano Deus, que remove reis e estabelece reis, como sabia o profeta Daniel,
coloque Sua mão sobre o Brasil.

CONCLUSÃO

Quando um cristão, cidadão da terra, exerce seu direito legítimo de escolha quanto aos seus
representantes políticos, ele o deve fazer consciente de que também é um cidadão dos céus.
Tal realidade lhe impõe não somente uma escolha com base nas competências
administrativas, mas também nos posicionamentos morais. A Igreja de Jesus, justamente por
ser de caráter universal, não pode estar confinada a um partido político. Ela “não se
confunde de modo algum com a comunidade política” e admite que os cidadãos tenham
“opiniões legítimas, mas discordantes entre si, sobre a organização da realidade temporal”.
Entretanto, faz parte da missão da Igreja emitir juízo moral também sobre as realidades que
dizem respeito à ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a
salvação das almas. Há partidos que abusam da pluralidade de opinião para defender
atentados contra princípios inegociáveis da fé cristã. Isso ocorre, por exemplo, com os
Partidos que exijam do cidadão, quando de sua filiação, renuncia aos ditames de sua própria
consciência. Essa imposição sobre a consciência está infligida oficialmente no Estatuto do PT,
17
COUTINHO, Carlos Nelson. “A Democracia como Valor Universal” in A democracia como valor universal e
outros ensaios. 2ª ed. ampliada. Salamandra: Rio de Janeiro, 1984, p. 35, 44, 45.
11

já que uma vez filiado, o cidadão não terá mais o direito de escolher seus candidatos, visto
que deverá “votar nos candidatos indicados” pelo Partido. (Estatuto do Partido dos
Trabalhadores, aprovado em 05/10/2007, art. 14, inciso VI). Se for candidato a um mandato
parlamentar, deverá reconhecer expressamente que o mandato não é seu, mas que
“pertence ao partido” (art. 69, inciso I). A obediência ao Partido é sagrada. Está acima de
tudo: de suas opiniões pessoais, de suas convicções, das reivindicações dos eleitores. Só em
casos extremamente excepcionais, o parlamentar poderá ser dispensado de cumprir as
ordens do alto, para seguir sua consciência ou o clamor dos que nele votaram (art. 67 § 2º).
Portanto, quando um parlamentar apresenta um Projeto de Lei, o conteúdo deste projeto
expressa a priori o pensamento do Partido. Veja então o que pensa o Partido dos
Trabalhadores e seus congêneres.

1. O PROJETO DE LEI Nº 1151, de 1995 é um projeto de lei de autoria da então deputada


federal Marta Suplicy (PT-SP) que se propunha a disciplinar a união civil entre pessoas do
mesmo sexo.

2. A Lei Menino Bernardo é o nome adotado pelos deputados para PROJETO DE LEI
7672/2010, da Presidência da República brasileira, proposto ao Congresso Nacional
Brasileiro que visa proibir o uso de castigos físicos ou tratamentos cruéis ou degradantes na
educação de crianças e adolescentes. A imprensa brasileira apelidou a lei de Lei da Palmada.
Uma redação de projeto de lei foi apresentada à Câmara dos Deputados em 2003 pela
Deputada Maria do Rosário, PT-RS, recebendo o número Projeto de lei - PL no. 2.654/2003.

3. PROJETO DE LEI DA CÂMARA 122 DE 2006, denominado no Senado como PLC 122/2006 e
popularmente conhecido como PL 122, é um projeto de lei brasileiro apresentado pela então
deputada Iara Bernardi (PT - SP). O projeto de lei objetivava criminalizar a homofobia no
país, cuja relatoria tem a Senadora Marta Suplicy (PT -SP). Para algumas entidades cristãs
(católicas e protestantes), o projeto fere a liberdade religiosa e de expressão, por prever
cadeia (até 5 anos) para quem criticar publicamente a homossexualidade, seja qual for a
razão.

4. O PL nº 176/95 de autoria do então deputado José Genoíno (PT-SP), pretendeu não


apenas a legalização do aborto sem restrições (exceto a idade gestacional “até 90 dias”),
mas também que a rede hospitalar pública e conveniada seja obrigada a proceder ao aborto
mediante simples manifestação de vontade da interessada.

5. O então deputado Eduardo Jorge - PT/SP e Sandra Starling - PT/MG apresentaram no


Congresso a PL nº 1.135/91 que propunha suprimir o art. 124 do Código Penal, com o efeito
pretendido de descriminalizar o aborto.

6. O PROJETO DE LEI 7270/14 de autoria do Deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) pretende a


regulação da maconha e descriminalização da posse de drogas para consumo pessoal, bem
como a anistia para quem foi condenado por venda da maconha. A medida vale para as
condenações anteriores à aprovação da lei. Segundo o texto, o perdão é para “todos que,
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antes da sanção da lei, cometeram crime previsto na lei antidrogas, sempre que a droga que
tiver sido objeto da conduta anteriormente ilícita por elas praticada tenha sido a cannabis
[nome científico da planta], derivados e produtos da cannabis”. Em entrevista ao Congresso
em Foco, Jean disse que a soltura do traficante é uma questão de coerência. “Se a venda for
legalizada, não faz sentido a pessoa continuar presa”

7. PROJETO DE LEI N.º 4.211, DE 2012 de autoria do Deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ).
Regulamenta a atividade dos profissionais do sexo. O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-
RJ) protocolou um projeto de lei na Câmara dos Deputados para regularizar a profissão das
prostitutas. Segundo o autor, o profissional do sexo poderá prestar serviços como
trabalhador autônomo ou em cooperativas, e as "casas de prostituição" são permitidas
desde que não ocorra “exploração sexual”. O projeto está agora na Comissão de Direitos
Humanos e Minorias, onde será relatado pela deputada Érika Kokay (PT-DF), que é favorável
a ele.

8. PEC do Divórcio - O projeto em discussão altera o parágrafo 6º do artigo 226 da


Constituição. O texto em análise no Senado é resultado de substitutivo aprovado pela
Câmara dos Deputados a duas propostas de emenda que tramitavam na Casa. Uma delas, a
PEC 413/05, é de autoria do deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ). A outra, a PEC 33/07,
foi apresentada depois pelo deputado Sérgio Barradas Carneiro (PT-BA). Ambas propõem a
supressão do requisito de prévia separação judicial por mais de um ano ou de comprovada
separação de fato por mais de 2 dois anos. Carneiro, inclusive, criticou o apelido de PEC do
Divórcio dado à proposta e alegou tratar-se de uma PEC do Amor, já que facilita aos
brasileiros a união com quem desejarem, em vez de obrigá-los a permanecer casados para
cumprir mera obrigação burocrática.

9. “Clínicas de dependentes químicos e comunidades terapêuticas não poderão mais falar


sobre religião”, é o que determina a resolução federal que será editada em setembro pela
presidente Dilma, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, presidida pelo Ministro
da Justiça do Brasil José Eduardo Martins Cardozo, filiado ao Partido dos Trabalhadores.

10. O Senador Paulo Paim (PT/RS) apresentou o PLS 309/2004, que tratava das diversas
formas de discriminações e dava outras providências. Seu projeto tramitou no Senado sem
maiores objeções e foi aprovado rapidamente, sendo encaminhado para a Câmara dos
Deputados para tramitação e depois sanção presidencial. Na Câmara dos Deputados, o
projeto do Senador Paim recebeu o número de PL 6418/2005, e sua tramitação foi
rapidíssima! Em pouco mais de 18 meses, o projeto estava pronto para ser aprovado na
Comissão de mérito de Seguridade Social e Família, com parecer aprovado com substitutivo
da Deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP), em 02/05/2007. O projeto, até então, não incluía o
termo orientação sexual e em nada feria a liberdade de expressão e religião. Aliás, a própria
relatora garantiu em seu parecer: “Por fim, não achamos oportuno incluir a discriminação
por motivo de orientação sexual na proposta principal, por tratar-se de questão que está
sendo melhor abordada e sistematizada em outras proposições em trâmite no Congresso
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Nacional.” A mesma relatora do PL 6418/2005 mudou o seu parecer oferecido em 02/05/07


e apresentou novo parecer, em 11/07/2007, com profunda criminalização nas questões de
orientação sexual, com repercussões gravíssimas para a liberdade de expressão religiosa no
país.

11. A PEC 70/2003 – do Senador Sergio Cabral (PMBD/RJ), altera o parágrafo 3º do artigo
226 da Constituição Federal, para permitir a união estável entre casais homossexuais.

12. A PL 1151/1995 – da Deputada MARTA SUPLICY - PT/SP, altera as Leis nºs 8.112, de 1990
e 6.815, de 1980, para orientar a união civil entre pessoas do mesmo sexo e dá outras
providências.

13. A PL 70/1995 – do Deputado José Coimbra - PTB/SP, dispõe sobre intervenções cirúrgicas
que visem à alteração de sexo e dá outras providências. Admite a mudança do prenome
mediante autorização judicial nos casos em que o requerente tenha se submetido a
intervenção cirúrgica destinada a alterar o sexo original, ou seja, operação transexual.

14. A PL 5003/2001 – da Deputada Iara Bernardi - PT/SP, determina sanções às práticas


discriminatórias em razão da orientação sexual das pessoas.

Como facilmente se pode verificar, políticos filiados aos partidos que se dizem comunistas
ou socialistas são seguidores de ideologias incompatíveis com a Doutrina da Igreja. Eis a lista
dos partidos brasileiros que se declaram comunistas ou socialistas:

Partido dos Trabalhadores (PT) – 13


Partido Comunista Brasileiro (PCB) – 21
Partido Popular Socialista (PPS), sucessor do PCB – 23
Partido Comunista do Brasil (PC do B) – 65
Partido da Causa Operária (PCO) – 29
Partido Democrático Trabalhista (PDT) – 12
Partido da Mobilização Nacional (PMN) – 33
Partido Pátria Livre (PPL) – 54
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) – 50
Partido Socialista Brasileiro (PSB) – 40
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) – 16

As Igrejas compostas de evangélicos, filhos da Reforma Protestante, devem reafirmar seu


compromisso com a liberdade de consciência em matéria de religião, política e cidadania. A
paixão pela liberdade faz com que sejamos um povo marcado pela pluralidade teológica,
eclesiológica e ideológica, sem prejuízo de nossa identidade.

Em nome da liberdade e desta pluralidade de pensamento, não compactuamos com a


“demonização de siglas partidárias” simplesmente com base em sufrágios políticos. Nesse
sentido, a intenção do presente texto é embutir nesta discussão os valores morais de
fundamentação teológica que também devem fazer parte das tramas da peneira de nossa
consciência ao escolher candidato filiado ao partido A ou B.
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Com o exposto, desejamos fazer notória a fragrante separação entre os interesses


ideológicos de tais coalizões politico/partidárias e os valores radicados no Evangelho.

Como cristãos, devemos está preocupados e atuantes em face da injustiça social que
campeia em nosso país desde seu “descobrimento”. Nossos sermões também devem
denunciar a fome em detrimento ao acúmulo de riqueza (cf. Isaías 5,8), assim como as
mazelas da degradação moral, tendo maior exemplo na pedofilia que permeia não somente
o meio católico, mas se faz presente também entre pastores protestantes, como iniquidades
há tempos institucionalizadas entre nós. Nossos discursos devem confrontar a possibilidade
da legalização da iniquidade nas instituições governamentais. Não podemos como cidadãos
dos céus, mas ainda moradores da terra, ficarmos domesticados ao ponto de ver nas
injustiças sociais de nosso Brasil um fato “natural”, ou mesmo como a “vontade de Deus”.

Nossa posição está assentada na convicção de que o Evangelho, numa dada sociedade, não
deve se garantir por meio das leis, mas por meio da influência da vida nova em Jesus Cristo.
Portanto, não queremos impor a influência de nossa fé por meio das leis do Estado, pois isso
seria afirmar a fraqueza e a insuficiência do Evangelho como “poder de Deus para a salvação
de todo o que crê”; entretanto, não podemos ficar passíveis frente ao labutar daqueles que
querem nos impor seu modos vivendi fazendo uso do Estado como patrocinador de suas
perversões morais. Para isso, em regimes democráticos como o Estado brasileiro, existem
mecanismos de participação política e popular cuja finalidade é a construção de uma
estrutura governamental cada vez mais participativa, que permita o bem comum, e nesta
visão, cremos e vivemos por essa crença de que todo bem comum, e todo dom perfeito
procede do Pai das luzes (Tiago 1.17)

Por fim, nós queremos mudanças para o Brasil. Almejamos por dias em que tenhamos de
forma concreta a diminuição do índice de desemprego, ampliação dos investimentos e
oportunidades para a agricultura familiar, aumento do salário mínimo, redução da pobreza e
miséria, melhor distribuição de renda, maior acesso à alimentação e à educação, diminuição
do trabalho escravo, redução da taxa de desmatamento, etc., conquanto, que tudo isso
venha sem que nestas conquistas, estejam atreladas as vicissitudes de uma sociedade
caracterizada pelo confronto as leis morais estabelecidas pelo Eterno Deus em sua Palavra.

Oramos e labutamos... que venha sobre nós o Reino de Deus em toda sua plenitude.

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