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Impossibilidade de constituição de garantias reais (artigo 245.

º/6 CSC)
São nulas as garantias reais prestadas pela sociedade relativas a obrigações de reembolso
de suprimentos e extinguem-se as de outras obrigações, quando estas ficarem sujeitas ao
regime de suprimentos.

O empréstimo prestado pelo sócio à sociedade tem o objetivo de a ajudar em situações de


grande instabilidade económica e caracteriza-se pela permanência do montante na
disponibilidade da sociedade. O carácter de permanência pode ser aferido por elementos
objetivos (permanência na disponibilidade dos bens prestados pelo sócio) e elementos
subjetivos (intenção do sócio). O carácter de permanência traduz-se na fixação de um limite
temporal mínimo, superior a um ano, para a sociedade dispor do objeto do suprimento, antes
de o ter de restituir.
Numa situação do art. 245º/6 CSC, por exemplo, a sociedade hipoteca um imóvel da pessoa
coletiva (ex. armazém frigorífico) - em benefício do credor (sócio)- para conseguir pagar “o
que deve” ao sócio que lhe emprestou dinheiro previamente a título de suprimento.
A hipoteca confere ao credor a preferência sobre o produto de venda da coisa hipotecada,
em relação aos demais credores- artigo 686.º do Código Civil. É, assim, um crédito
privilegiado.
Isto contraria o art. 245º/3-a) CSC que responde à questão: como se classifica o credor por
suprimentos na lista de credores? Este é classificado como credor subordinado (art. 48º/g)
CIRE) no caso de insolvência, sendo pago depois dos outros todos. Se a sociedade lhe
prestasse uma garantia ele passaria a ser pago antes (credor privilegiado- art. 47º/4-a) CIRE),
o que esvazia as intenções do regime.

Diana Brígida Correia


4º ano, Turma A

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