EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Autos nº xxx – 2ª Vara cível da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro EDITORA HIGH RELEVANCE S/A, qualificada na petição inicial (cópia em anexo), ora Agravante, vem, através de seu advogado inscrito na OAB sob o nº XXX, procuração em anexo (doc. 1), com base no art. 1015, I e seguintes do CPC, respeitosamente interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO COM EFEITO SUSPENSIVO Em Face de MARLUS BRAVO, ora agravado, qualificado na petição inicial (cópia anexada), representado por (nome e qualificação do representante legal). DO PREPARO A agravante apresenta recolhimento das custas recursais, conforme art. 1017, §1º do CPC (doc. 2). Em cumprimento ao art. 1016, IV, CPC, informa: a) Advogado da agravante: nome completo, inscrição na OAB xxx, endereço à rua xxx, nº xxx, bairro XXX, cidade XXX, Estado RJ, CEP xxx, endereço eletrônico xxx; b) Advogado da agravada: ainda não constituído nos autos. Em cumprimento ao art. 1017, inciso I, CPC, apresenta, em anexo, cópia dos seguintes documentos obrigatórios: Petição inicial; Petição que ensejou a decisão agravada; A decisão agravada; Certidão da intimação acerca da decisão agravada; Procuração outorgada ao advogado da agravante; Deixa de apresentar os seguintes documentos, pois inexistentes nos autos (conforme art. 1017, II, CPC): Contestação; Procuração outorgada ao advogado do agravado. Com fulcro no art. 1018, CPC, requer a juntada da cópia da petição do agravo de instrumento aos autos do processo. TEMPESTIVIDADE O art. 1003, §5º do CPC dispões ser de 15 (quinze) dias o prazo para interpor recurso de agravo, a partir da intimação das partes. A intimação da parte ocorreu há 3 (três) dias, portanto, manifesta-se a tempestividade do presente recurso. CABIMENTO A decisão recorrida é da natureza interlocutória e versa sobre tutela provisória, prevista no rol do art. 1015, CPC, sendo o agravo de instrumento o recurso cabível. SÍNTESE DOS FATOS A editora High Relevance S/A. produziu obra biográfica sobre a vida do deputado federal Marlus Bravo, por conta de sua polêmica atuação no gravíssimo caso “Diários Ocultos”, na Câmara dos Deputados, nos últimos anos. Poucos dias após o início da venda dos livros, e alguns dias antes de um evento nacional organizado para sua divulgação; a editora foi citada para comparecer à audiência de conciliação e mediação (a ser realizada em 11 de novembro do corrente ano, às 14h), em Ação de indenização por danos morais cumulada com obrigação de fazer, ajuizada por Marlus, em trâmite perante a 2ª. Vara Cível da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro. Foi, também, intimada a cumprir decisão do Douto Juízo, que deferiu a antecipação de tutela para condenar a Ré a não mais vender exemplares da biografia, bem como a recolher todos aqueles que já tivessem sido remetidos a pontos de venda e ainda não tivessem sido comprados, no prazo de setenta e duas horas, sob pena de multa diária de cinquenta mil reais. A decisão acolheu os fundamentos da petição inicial, no sentido de que a biografia revela fatos da imagem e da vida privada do deputado sem que tenha havido sua autorização prévia, o que gera lesão à sua personalidade e dano moral, nos termos dos artigos 20 e 21 do Código Civil, e que, sem a imediata interrupção da divulgação, essa lesão se ampliaria e se consumaria de forma definitiva, revelando o perigo de dano irreparável e o risco ao resultado útil do processo. DO DIREITO O Juízo a quo acolheu os fundamentos de lesão à personalidade do agravado e dano moral, nos artigos 20 e 21 do Código Civil, mas tal argumento não merece prosperar. Em julgamento da ADI nº4.815, o STF impôs uma interpretação constitucional aos artigos 20 e 21 do CC. Ou seja, tal interpretação tem como objetivo priorizar os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção cientifica e declara inexigível o consentimento de pessoa biografada, em conformidade com o art. 5º, IX, da CFRB. Logo, no caso em tela, temos o pedido do biografado, ora agravado, que se baseia na não autorização da publicação e como descrito acima tal autorização não se faz necessária. A agravante agiu no regular exercício da liberdade de expressão e de acordo com o entendimento do STF, e manter a decisão de proibição das vendas e aplicação de multa, fere o direito fundamental da agravante. Ainda, o art. 220 da CFRB em seu §2º veda a censura de natureza artística. Logo, a proibição da venda de livro e sua distribuição, vão contra o disposto no referido artigo. Pelos motivos acima expostos, requer a reforma da decisão do juízo a quo, para permitir a venda dos livros. ATRIBUIÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO A decisão proferida pelo Juízo a quo ao estabelecer que a agravante não poderia mais vender exemplares do livro, bem como recolher todos aqueles que já tivessem sido remetidos a pontos de venda e ainda não tivessem sido comprados, além da aplicação de multa diária ao descumprimento, gera um prejuízo econômico irreparável. Ademais, há um evento de lançamento do livro, que, caso a decisão não seja suspensa, causará significativos danos, além de importar prejuízo ao interesse público de toda coletividade que é destinatária do direito à informação, conforme art. 5º, XIV, CFRB. Assim, com fulcro no entendimento do STF e o fundamento constitucional de liberdade de expressão e defesa dos direitos fundamentais, requer seja concedido o efeito suspensivo, na forma do art. 995, parágrafo único, do CPC. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer o conhecimento e provimento do Agravo de Instrumento em sua totalidade, assim atribuindo efeito suspensivo para revogação da tutela concedida em primeiro grau. Local, data. Advogado. OAB/UF.