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Material Teórico
Religiosidade Africana
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Religiosidade Africana
Leia atentamente o conteúdo desta Unidade, que lhe possibilitará conhecer um pouco mais
sobre as religiões tradicionais africanas.
Você também encontrará nesta Unidade uma atividade composta por questões de múltipla
escolha, relacionadas com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar
conhecimentos e debater questões no fórum de discussão.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois possibilitam
o aprofundamento de seus estudos sobre o assunto.
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Unidade: Religiosidade Africana
Contextualização
Qual é a verdadeira religião dos africanos? Existe uma ou são várias as religiões na África?
Quais os motivos de terem tantos nomes e deuses diferentes?
Em que medida é importante para nós, brasileiros, conhecermos a religiosidade africana?
Serão essas, entre outras questões, que tentaremos responder ao longo desta Unidade, bem
como apresentar alguns aspectos relevantes para a compreensão do universo religioso na África.
Leia com atenção os textos, pesquise, e reflita como os tais elementos e suas múltiplas
interpretações influenciam o nosso cotidiano.
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A Religiosidade no Continente Africano
evocação iorubá
A cultura de um povo ou grupo pode ser conhecida por meio de suas várias manifestações:
festas populares, organizações administrativas, distribuição de tarefas e de poder, hábitos
alimentares, cultos religiosos e tradições.
A diversidade cultura de um continente é expressa também pelas suas manifestações
religiosas e, no caso da África, a característica marcante é a pluralidade de suas expressões.
Não existe uma religião africana, mas religiões africanas que são tão múltiplas como as culturas
dentro de uma nação ou grupo linguístico. E, justamente pela sua diversidade e multiplicidade,
elas são de difícil compreensão e catalogação.
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Unidade: Religiosidade Africana
RELIGIÃO tem origem no termo latino re-ligare que significa voltar a ligar, ligar
novamente, religar. As ciências humanas estudam há muito não só as origens, mas
Glossário também as manifestações religiosas dos povos no decorrer do tempo, bem como suas
consequências na vida cotidiana das pessoas e as influências sócio-politicas-econômicas
dos diferentes grupos religiosos.
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Como aconteceu com todos os povos, os africanos passaram por vários estágios em seu
desenvolvimento cultural. Os grupos passaram de pequenos núcleos familiares a clãs, em
alguns casos criaram grandes civilizações, povos e reinos poderosos e temidos. Todas essas
mudanças provocaram alterações em seu modo de viver e de habitar o mundo ao seu redor,
bem como de se organizar politicamente. A religião desempenhou um importante papel para
a manutenção das tradições culturais desses povos e, embora tenha sido influenciada por
tradições posteriores, a religiosidade africana manteve vários de seus elementos fundamentais,
inclusive nos africanos da diáspora.
Sobre as civilizações africanas, confira os trabalhos sobre os reinos de Axum, de
Kush, da Núbia, dos povos Haussás, além do conhecido Egito.
O homem africano não deixou de cultuar seus deuses ancestrais, as forças da natureza e
o divino presentes na existência de cada pessoa, mesmo depois de todas as transformações
sofridas pelas diversas nações, sua desestruturação, devido ao comércio com os árabes, às
invasões europeias e ao mercado de carne humana, que causaram o sofrimento e a destruição
de famílias e até de tribos inteiras.
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Unidade: Religiosidade Africana
Alguns estudiosos das religiões, como Küng (2004, p. 15), na tentativa de melhor conhecê-
las e estudá-las, classificam-nas em, ao menos, três grandes correntes: “as religiões originárias
da Índia: hinduísmo e budismo; as religiões originárias da China: confucionismo e taoísmo; as
religiões originárias do Oriente Médio: judaísmo, cristianismo e islamismo”. E mais adiante o
mesmo autor, afirma que
Cada grupo étnico ou cultural africano tem seu próprio culto religioso e, num mesmo
país, as expressões religiosas podem ser muito diversas e, em alguns casos e situações, até
antagônicas. Daí não ser possível falar de uma única religião tradicional africana, que seja
uniforme em todo o continente.
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Distribuição da Religião Cristã na África
Fonte: thearda.com
A prática de outras religiões não apagou no africano aquilo que ele tem de mais profundo e
que foi absorvido por meio dos seus ancestrais. Como afirma Tshibangu (2010, p.606):
Fonte: thearda.com
Apesar das diferenças culturais e das influências externas sofridas, as religiões tradicionais
preservaram alguns elementos que são comuns entre elas e nos ajudam a compreender a
relação do africano com o sagrado.
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Unidade: Religiosidade Africana
As religiões tradicionais
África do Norte
África subsaariana
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Diante disso, é possível para autores como Küng (2004, p. 40) afirmarem que
Você sabia que os negros que vieram para o Brasil eram de diferentes
procedências? As várias culturas que foram transferidas para este
lado do Atlântico foram classificadas em dois grandes grupos: os
Você sabia? nagôs-iorubas e os bantos. Pesquise e descubra mais a respeito!!
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Unidade: Religiosidade Africana
Como afirma Tshibangu (2010, p.608), “[...] especialmente através de libações, crê-
se ainda que eles intervenham na vida dos seus sucessores [...]”. Ao mencionar em seus
estudos a estrutura filosófica do pensamento dos povos bantus, Lopes (2011, p. 149)
afirma que: “De fato, parece que em todas as religiões bantas os espíritos dos ancestrais
são os intermediários entre a divindade suprema e o homem”, e, mais adiante, citando
outros autores, ele segue afirmando:
Para o africano, uma vez nascidos, somos para sempre vivos. Portanto, a família
compreende os vivos e os mortos, e também os ainda não nascidos. Esse ancestral que faleceu
continua próximo à tribo, à família, à comunidade dos ainda vivos. Nem todos aqueles que
morrem tornam-se ancestrais e, por isso, nem todos são objetos de grandes cultos – algumas
homenagens se limitam a flores, enfeites e cuidados com o lugar de sepultamento. Na maioria
das vezes, torna-se um ancestral digno de culto comunitário, alguém que teve algum destaque
durante a vida, como patriarca, chefe tribal, líder militar, etc.
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Nas religiões tribais, como as tradicionais africanas, os espíritos podem se manifestar
como protetores de famílias ou crianças, como espíritos errantes que não tiveram o
sepultamento adequado ou ainda como protetores de tribos inteiras ou de seus chefes.
Os amuletos e talismãs são necessários tanto para afastar os maus quanto para manter
próximos os bons espíritos. Segundo Küng (2004), esse tipo de pensamento não é exclusivo
de africanos, pois não é incomum encontrar entre europeus pessoas que temem os maus
espíritos ou que procuram proteção de bons espíritos por meio do uso de amuletos,
orações, rituais ou coisas semelhantes.
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Unidade: Religiosidade Africana
Alguns curandeiros podem também ser consultados como adivinhos e, para realizar o
seu trabalho, usam várias técnicas de adivinhação com objetos, amuletos que manifestam a
resposta do espírito. O adivinho pode ainda, com o recurso do transe alcançado por meio de
músicas e danças, ser possuído por um espírito e permitir que esse se manifeste diretamente
ao consulente. Essas pessoas possuem um importante papel tanto na vida da comunidade
como no culto religioso.
Os estudiosos, ao resgatarem vários mitos de criação, puderam concluir que na maioria dos
clãs ou tribos existe a crença em um deus supremo, criador de todas as coisas que existem.
Esse Deus criador recebe muitos nomes, o que é natural tendo em vista que existem mais de
1000 línguas faladas no continente africano.
Ao falar da ideia da força que permeia quase todas as culturas africanas, Lopes (2011, p.
145), menciona as tradições bantas dos Balubas, estudadas pelo padre Théodore Theuws, pois,
R eza uma história africana, originária de Ketu, que no início de tudo havia
o Orum, o espaço infinito, e lá vivia o deus supremo Olorum. Certo dia,
Olorum criou uma imensa massa de água, de onde nasceu o primeiro orixá:
Oxalá, o único capaz de dar vida. Olorum mandou Oxalá partir e criar o aiyê, o
mundo. Só que Oxalá não fez as oferendas necessárias para a viagem e enfrentou
sérios problemas no caminho.
Quem acabou criando o mundo foi Odudua, sua porção feminina. Para consolar
Oxalá, o deus supremo lhe deu outra missão: a de inventar os seres que habitariam
o aiyê. Assim Oxalá usou a água branca e a lama marrom para criar peixes azuis,
árvores verdes e homens de todas as cores. Foram justamente os homens que,
mais tarde, imaginaram formas de adorar e representar a saga de deuses como
Oxalá, Odudua, Olorum e tantos outros.
Fonte: Canal Futura
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Esse Deus supremo é o responsável, em última instância, pela criação de tudo que povoa
o mundo que conhecemos: animais, vegetais e seres humanos. Para muitos povos, um Deus
com tanta responsabilidade e sendo o criador de tudo não está sempre disponível e, por isso,
ele criou seres intermediários que estão presentes nas florestas, nas montanhas, rios ou mares
e que fazem desses lugares seus espaços de domínio. Existem, portanto, seres que dominam
os fenômenos da natureza – como os ventos, as tempestades ou os raios –,os que conhecem
os segredos das ervas e plantas e os que dominam o aço e os outros metais. Diante de uma
necessidade, o homem deve procurar esse espírito ou outro ser intermediário e a ele pedir o
conselho, a ajuda ou a mediação. Esses seres são responsáveis, ainda, pela manutenção da
saúde e da fertilidade das mulheres e da terra.
Atualmente existe um esforço em reconhecer o valor das fontes orais, pois foi por meio delas
que as tradições religiosas – assim como a cultura e os valores morais – foram acumuladas,
preservadas e transmitidas em várias gerações de africanos. O papel que a religião tradicional
desempenhou nas lutas pela independência em vários países também está sendo resgatado.
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Unidade: Religiosidade Africana
Algumas considerações
O Brasil é um dos países que mais africanos recebeu durante os quase três séculos de
escravidão negra. E esses homens e mulheres não chegaram vazios de seu patrimônio cultural
e religioso. O universo religioso africano – recriado nas condições possíveis de um cativeiro –,
assim como o indígena e o cristão-europeu –, fez parte da formação do povo brasileiro.
O preconceito com relação às praticas religiosas que preservaram parte desse patrimônio
cultural é fruto da ignorância a respeito das histórias, culturas e religiões trazidas por pessoas
de clãs, tribos e nações tão diversas. Ao retomar a sua história e ao procurar conhecer mais
a história da África, o brasileiro percebe as diferenças e as contribuições que herdamos desse
continente.
Num país com tantas influências religiosas, culturais e linguísticas, é fundamental trilhar
o caminho mais adequado, que é o do conhecimento, do respeito e da prática da tolerância
entre os grupos. As palavras de Gaarder (2000, p.15) são bem oportunas:
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Material Complementar
Site:
Para ampliar seus conhecimentos e se atualizar sobre dados estatísticos a respeito das
religiões ao redor do mundo e demais informações sobre os países (dispostos por regiões,
em formas de gráficos, mapas ou tabelas), acesse o site:
http://www.thearda.com/
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Unidade: Religiosidade Africana
Referências
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Anotações
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