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Resumo – Psicanálise II: Entrevista inicial com os pais


A entrevista inicial deve ser feita apenas com pais, a criança não pode estar
presente, mas esta deve ser informada da consulta;
Quem aparece na entrevista (mãe/pai ou ambos) diz muito sobre o
funcionamento do grupo familiar e também da relação estabelecida com o filho;
Essa entrevista não deve ser parecida como um interrogatório, pois, isso pode
fazer com que os pais se sintam julgados por serem bombardeados por tantas
perguntas; ao contrário, deve-se aliviar a angustia e culpa dos pais, para isso, o
terapeuta deve assumir desde o primeiro momento o papel de terapeuta do
filho.
Muitas vezes, os dados que os pais trazem nem sempre são exatos ou
condizem com a realidade; durante a entrevista é muito comum que aja o
esquecimento de partes da história, momentos, etc.
Não se pode finalizar a entrevista com os pais sem antes ter obtido as
seguintes informações:
MOTIVO DA CONSULTA – muitas vezes o motivo é o que é mais difícil dos
pais falarem; assim, devemos diminuir a ansiedade inicial desses pais;
Eles devem sentir que tudo o que lembram sobre o motivo é importante, isso
pode fazer com que se sintam mais aliviados e consequentemente recordem;
Porém, deve-se considerar que ocorrem esquecimentos e que podem ser
lembrados meses depois já da criança em tratamento, ou analisado pelo
terapeuta através do comportamento da criança;
Comparar o que os pais trazem com o que a criança traz é de extrema
importância, pois, pode-se avaliar a profundidade das relações com o filho.
HISTÓRIA DA CRIANÇA – sobre isso é interessante saber se a criança foi
desejada ou não (antes de vir a nascer); se houve desejos de abortas; se
houve abortos anteriormente; ou se a criança foi aceita com alegria; como foi o
parto, etc.;
Tudo o que acontece relacionado a concepção da vida da criança é importante
para sua evolução posterior.
Muitas vezes, a resposta que a mãe fornece sobre a gravidez indica qual foi o
início da vida do filho; pode acontecer que ocorra o ocultamento de fatos
importantes por conta de conflitos inconscientes na memória;
Dificilmente os pais recordam e avaliam de forma consciente a importância dos
fatos relacionados a gravidez e ao parto, mas em seu nível inconsciente tudo
está gravado.
Dados importantes para se saber é: se o parto foi normal, se foi induzido, se
houve utilização de anestesia; como era a relação do médico com a família, se
estava acordada, dormindo, se estava sozinha ou acompanhada.
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Quando as informações sobre o parto e a gravidez já são suficientes,


questiona-se sobre a amamentação; se o nenê tinha reflexo de sucção, se
pegou o peito, depois de quantas horas do nascimento teve o primeiro contato,
qual era o ritmo de alimentação;
A forma como se estabelece a relação com o filho proporciona dados muito
interessantes, não só sobre a história do paciente, mas também da relação da
mãe com a ideia de maternidade; é de extrema importância para o
desenvolvimento da criança a forma como foi estabelecida a primeira relação;
Pode acontecer que logo quando a criança nasça as enfermeiras retirem o filho
de perto da mãe como uma forma de propor descanso aos dois, isso é
completamente errado, pois nenhum dos dois descansam ao ser frustrados
diante de uma necessidade tão intensa;
Uma mãe sadia não necessita de conselhos para cuidar de seu filho e a
compreensão das necessidades do filho a leva de forma natural a lhe dar
carinho e promover alimento e cuidado;
Muitas vezes quando a criança chora a mãe pode logo de cara ir alimentá-lo
(dar o peito) o que nem sempre condiz com a necessidade da criança, as
vezes a criança está passando por uma má-experiência, na qual lhe produz
alucinação e tende a ver aquilo como algo mau (pois aquilo pode estar lhe
provocando cólicas e dores); as vezes apenas a voz da mãe, um olhar
sorridente pode afastar essa experiência má com uma experiência de prazer;
Em relação ao que foi citado anteriormente é de extrema importância saber
como é a forma que a mãe acalmava o bebe quando o mesmo chorava ou
negava o peito;
Sobre a relação de mãe-filho nem sempre se consegue muitas informações
através da mãe, isso tende a ocorrer através do material que a própria criança
traz para o tratamento;
A criança muitas vezes no tratamento nos mostra sua revivência da lactação
através da brincadeira com jogos.
Algo importante a ser salientado é que: a passagem do peito a outras fontes de
gratificação oral exige um trabalho de elaboração psicológica, que M.K
descobriu ao comparar com o processo de elaboração de luto no adulto, assim,
a forma como a criança aceita essa perda, nos dá informação para saber como
poderá lidar com perdas/frustrações futuras;
Deve-se investigar a data do desmame e quem situação/contexto ocorreu;
As relações de dependência/independência entre mãe-filho também se
refletem nas atitudes e expressões dos dois quando o próprio bebe começa a
sentir necessidade de se movimentar por conta própria; a mãe por sua vez,
pode ver ou não essa necessidade, frustrando-a ou satisfazendo-a;
É importante saber quando a criança começou a engatinhar, andar, como foi a
reação dos pais, se estimulavam, se o tiravam por medo de cair, se sujar;
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Outro ponto importante é o desenvolvimento da linguagem; o atraso na


linguagem e a inibição de seu desenvolvimento podem ser vistos como índices
de serias dificuldades na adaptação da criança ao mundo;
É frequente que os pais não lembrem com qual idade a criança disse a primeira
palavra; mas podemos ajuda-lo fazendo perguntas sobre épocas próximas;
Deve-se perguntar também se a criança tinha tendência de cair quando estava
começando a andar e se se batia por isso; quando essas coisas acontecem
pode-se hipotetizar que há uma má relação com os pais na qual equivale a
suicídios parciais por má canalização dos impulsos destrutivos;
Quando descobrimos sobre o controle de esfíncter amplia-se o conhecimento
sobre a mãe também; quando isso ocorre de forma muito precoce ou severa,
ou se liga a acontecimentos traumáticos pode conduzir a graves transtornos,
como por exemplo a enurese;
O terapeuta deve questionar quando ocorreu a aprendizagem do controle e
como foi a atitude da mãe em relação a limpeza e sujeira;
A aprendizagem ocorrida de forma severa pode ser vivida como um ataque da
mãe ao interior da criança, como retaliação a suas fantasias, trazendo como
consequência a inibição das mesmas;
Sobre enfermidades, operações ou traumas ocorridos na infância, podemos ver
na história não só a gravidade, mas também a reação emocional dos pais; o
esquecimento dessas datas é comum;
As complicações presentes nas enfermidades comuns na infância são por si só
índice de neurose.
Sobre sexualidade deve se analisar a forma como os pais respondem as
perguntas relacionadas a isso para o filho; se estes mostram coisas de forma a
explicar, se negam, escondem, etc.;
A atitude consciente e inconsciente dos pais frente a vida sexual dos filhos tem
uma influência decisiva na aceitação ou rejeição que a criança terá de suas
necessidades instintivas;
Quando os pais nos detalham as atividades que a criança realiza, isso nos dá
base para ter uma visão sobre sua neurose ou normalidade; pois, segundo
Freud, o jogo é a repetição de situações traumáticas tendo como finalidade a
elaboração das mesmas, fazendo isso de forma ativa o que sofreu de forma
passiva;
Muitas vezes, uma criança que não tem como costume brincar ou jogar, pode
apresentar muitas dificuldades em relação a elaborar situações difíceis,
canalizando essas de forma patológica em sintomas ou inibições;
Sobre a escola (jardim de infância) deve-se questionar aos pais em que idade
levaram a criança e por qual motivo decidiram fazer isso;
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Crianças que não vão para a escola antes dos 5 anos de idade e tem o espaço
de casa para brincar livremente geralmente tem o seu desenvolvimento
favorecido.
O ingresso na escola significa não só se desprender da mãe, como enfrentar
certos tipos de ansiedade não conhecidos anteriormente;
Uma criança que não brinca, é bem difícil que aprenda; assim, não podemos
avaliar a aprendizagem de uma criança através do relato dos pais.
O DIA DE VIDA – questionamentos a respeito de: experiências básicas de
dependência/independência; formas de castigo e prêmios; instabilidade ou
estabilidade das normas educativas (do dar e receber);
A partir disso, pode-se ter uma visão quase que completa da vida familiar;
É importante saber também: quem acorda a criança; onde ela dorme; se veste
sozinho (desde quando); se não se veste sozinho, quem ajuda, porque ajuda;
RELAÇOES FAMILIARES - em geral no final da entrevista os pais já se
sentem mais à vontade e tendem a fazer confidencias sobre si mesmos; isso
nos proporciona uma ideia da relação afetiva com a criança e do que o filho
significa para eles;

Nossa postura como terapeutas nunca deve ser de censura; o objetivo da


entrevista com os pais é conseguir proporcionar um alivio das tensões dos
pais, mas deixando claro que somos terapeutas da criança, que estamos ali
para ajudar a compreender e melhorar a situação.

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