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Exercı́cio 1. (O cı́rculo osculador ).
Seja α : I → R2 uma curva parametrizada pelo comprimento de arco e escolha um ponto q = α(s0 ), s0 ∈ I, no traço de α onde a curvatura não se anula (se tal ponto existe). Sem perda de generalidade, suponha k(s0 ) > 0. Seja Dλ o disco fechado de raio λ > 0 que é tangente a curva α em q0 e tal que a normal unitária N (s0 ) de α em s0 aponta para dentro dele. i) Se k(s0 ) < 1/λ, então existe uma vizinhança J de s0 em I tal que α(J \ {s0 }) está contido fora do disco fechado Dλ . ii) Se k(s0 ) > 1/λ, então existe uma vizinhança J de s0 em I tal que α(J \ {s0 }) está contido no interior do disco Dλ . iii) Dê exemplos que mostrem que o comportamento descrito nos dois itens anteriores não ocorrem necessariamente no caso k(s0 ) = 1/λ. (Comentário: na situação descrita neste exercı́cio, o cı́rculo tangente à curva α em α(s0 ), cuja normal que aponta para o centro do cı́rculo coincide com N (s0 ) e cujo raio é 1/k(s0 ), é chamado de o cı́rculo osculador de α no ponto s0 ∈ I. Observe que, em vista dos itens i) e ii) acima, dentre os cı́rculos tangentes à curva no ponto em questão cuja normal apontando para o centro do cı́rculo coincide com a normal da curva neste ponto, o cı́rculo osculador é um caso limı́trofe entre dois comportamentos locais distintos da posição relativa dos pontos no traço de α e um tal cı́rculo tangente, em vizinhança do ponto em questão). Exercı́cio 2. Seja α uma curva parametrizada regular plana, fechada e simples. Seja R0 o ı́nfimo dos raios de cı́rculos que contém o traço de α na região compacta que ele delimita (= fecho do aberto limitado que é uma das componentes conexas de R2 \ C). i) Mostre que R0 > 0, que existe um disco fechado D0 de raio R0 que contém o traço de α, e que este disco é único. Seu bordo é o cı́rculo circunscrito a α. ii) Se o cı́rculo cincunscrito toca o traço de α em no máximo dois pontos, então ele toca o traço de α em exatamente dois pontos, os quais além disso são diametralmente opostos. iii) Mais geralmente, se um ponto p1 do traço de α intersecta o cı́rculo circunscrito, então o semi-cı́rculo fechado do cı́rculo circunscrito que começa em p1 e segue no sentido anti-horário contém necessariamente outro ponto p2 do traço de α. (Dica. Suponha, por absurdo, que não. Encontre um semi-cı́rculo aberto do cı́rculo circunscrito que contém todos os pontos de interseção do cı́rculo em questão com o traço da curva α. Mostre que mover ligeiramente este cı́rculo em direção ortogonal ao diâmetro que determina o semi-cı́rculo e no sentido onde se encontram os pontos de intersecção, produz um cı́rculo contendo o traço de α sem intersectá-lo. Diminuindo o raio deste Geometria Diferencial de Curvas e Superfı́cies - IMPA, verão 2022 - Prof. Lucas Ambrozio
ligeiramente, produz-se um outro cı́rculo de raio r < R0 , o qual contradiz a escolha
de R0 ). Exercı́cio 3. Sejam S uma superfı́cie regular em R3 em p ∈ S. Fixe uma base ortonormal positiva {W1 , W2 , Np } tal que Np é normal a Tp S. Mostre que existe uma parametrização X : U → V ∩ S de vizinhança de p em S, com (0, 0) ∈ U e X(0, 0) = p, tal que X(u, v) = p + uW1 + vW2 + φ(u, v)Np para todo (u, v) ∈ U, onde φ : U → R é função suave. (Dica: use o teorema da função inversa). Em seguida, estude as derivadas de φ em (0, 0) até segunda ordem, e calcule os coeficientes da primeira e segunda forma fundamentais em (0, 0). Finalmente, conclua que é possı́vel encontrar vizinhanças coordenadas de qualquer ponto dado p de uma superfı́cie regular S em R3 nas quais os coeficientes das primeira e segunda formas fundamentais neste ponto dado p = X(q) são tais que E(q) = 1, F (q) = 0 e G(q) = 1, e e(q) = k1 (p), f (q) = 0 e g(q) = k2 (p). Exercı́cio 4. Seja S uma superfı́cie regular em R3 . Em vizinhança coordenada V ∩ S do ponto p, sejam k1 ≤ k2 as curvaturas principais de S ∩ V com respeito ao campo normal unitário induzido por uma parametrização. Mostre que, se p é simultaneamente um ponto de mı́nimo de k1 e um ponto de máximo de k2 , então K(p) ≤ 0 ou p é umbı́lico. (Dica: como na prova do Teorema de Hilbert-Liebmann, use o item anterior para encontrar um sistema de coordenadas útil para simplificar contas, e explore as propriedades das funções auxiliares (u, v) 7→ IIX(u,v) (Xu (u, v)/|Xu (u, v)|) e (u, v) 7→ IIX(u,v) (Xv (u, v)/|Xv (u, v)|). Exercı́cio 5. Seja S uma superfı́cie regular em R3 , e X : U ⊂ R2 → V ∩ S ⊂ R3 uma parametrização de S. Mostre que vale a seguinte identidade: h((Xuu )T )v − ((Xuv )T )u , Xv i = (K ◦ X)(|Xu |2 |Xv |2 − hXu , Xv i2 ), onde v T denota a projeção ortogonal de um vetor v em R3 no plano tangente Tp S no ponto p em questão, e K ◦ X é a expressão em coordenadas da curvatura Gaussiana de S. (Sugestão: Reveja este exercı́cio depois que introduzirmos o conceito de derivada covari- ante, e interprete o cálculo acima à luz deste conceito).