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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

RITUAIS
COM ERVAS
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SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................... 04

2. Preparando a mente para os rituais ................................... 05

3. O que são rituais ................................................................................ 07

4. A simplicidade do uso do elemento natural .............. 10

5. Magia e ativação ................................................................................. 13

6. As rezas ativadoras .......................................................................... 16

7. Monografia das ervas e suas definições ........................ 20

8. Donos dos mistérios ....................................................................... 34

9. O conhecimento ................................................................................ 36

10. A força das ervas .............................................................................. 38

11. Quem pode falar sobre as ervas .......................................... 39

12. Ervas é poder ..................................................................................... 43

13. Classificação das ervas ............................................................... 44

14. A força da Jurema ......................................................................... 46

15. As ervas de Exu ................................................................................ 48

16. Renovação ........................................................................................... 49

17. Querer é poder .................................................................................. 50

18. Ervas frescas e Ervas secas ..................................................... 53

19. Banhos ..................................................................................................... 56


Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

20. Defumações e Incensos ........................................................... 59

21. Bate folhas ............................................................................................ 62

22. Sal Grosso .............................................................................................. 63

23. Um pouco mais sobre benzimento ............................... 64

24. Consagrações de elementos para o trabalho .......... 67

25. Rituais com ervas para todos os dia................................. 68

26. Ritual de limpeza e energização com ervas ............. 70

27. Defesa ou manutenção energética diária ............... 73

28. Primeiro terreiro de Umbanda ......................................... 74

29. Os amacis ........................................................................................ 76

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INTRODUÇÃO
Sempre que falamos sobre o uso das ervas, nosso mental ou nos-
sa consciência nos remete ao universo místico das benzedeiras,
dos raizeiros, das pessoas envolvidas com a vida no campo e o uso
dos elementos da natureza na forma de alimentos, chás e prepa-
ros medicinais.

Desse universo também fazem parte os remé dios para todos


os males e um palavreado incompreensível na forma de rezas e la-
dainhas, que, se não tem um poder de realização imediato, e por que
não dizer pirotécnico, envolve os participantes do processo numa
aura de mistério e Fé, que comungam com a cura esperada e a rea-
lização de pelo menos o imediato bem-estar espiritual.

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PREPARANDO A MENTE
PARA OS RITUAIS
Preparar seu próprio banho, sua defumação, fazer um benzimento
em si mesmo, requer, na prática, boa vontade, bom-senso, uma pi-
tadinha mínima que seja de esperança que venha colada na Fé, no
desejo de realizar o bem, para si, para o semelhante, para a comuni-
dade, para o universo, e coragem.
Coragem de vencer a preguiça, o desânimo, a fraqueza que
acompanha as obsessões espirituais, as atuações negativas e nossos
próprios encontros com nossa realidade interior.
Nós, seres humanos, tentamos o tempo todo encontrar des-
culpas para nossas dificuldades. Tentamos encontrar o culpado do
lado de fora, assim como aquela pessoa que ao manobrar o carro
numa rua bate a traseira do veículo na lixeira instalada na calçada,
amassa os dois, gerando assim um prejuízo, mas, não contente, ain-
da desce e chuta a lixeira, como se ela, a lixeira, fosse a culpada da
barbeiragem.
Resultado: dois dedos do pé quebrados, e o prejuízo do amas-
sado, que não era tão grande assim, fica bem maior.
Esse é um exemplo de que encarar as dificuldades de frente acaba
saindo mais barato, mais rápido e melhor resolvido.
Reconhecer as dificuldades próprias e não arrumar desculpas é um
grande começo para um bom ritual. Escreva em algum lugar que
possa ficar visível para você: SEM DESCULPAS!
Tenha certeza que esse primeiro ritual, de acreditar que pode
viver sem desculpas para si mesmo, é um excelente caminho para
dominar os demônios internos. Isso mesmo, essas entidades míticas
tão clamadas por alguns religiosos em seus calorosos cultos podem
viver em nossas mentes inconscientes, como aquela “força de costu-
me”, aquele comodismo onde nosso mental ador mecido se encaixa
e desenvolve sistemas de proteção para quando a ação é diferente
do cotidiano.
A mente reage contra o que não é costumeiro. Acostume-se
ao ostracismo, à preguiça e verá que a cada dia fica mais difícil sair

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da situação. E quando tentar, sentirá algo a impeli-lo ao contrário, e


muitos poderão atribuir isso a fatores externos:
- Será que tem algum feitiço feito contra mim?
- Quem será que não quer que eu faça esse banho de ervas?
(já atribuindo isso a alguma entidade mítica)
- Me senti mal só de pensar em rezar...
Nesse caso, dominar a mente é crer em si mesmo, na magia,
no poder transformador que o ritual, a reza, o benzimento podem
trazer. Crer em Deus Nosso Pai Criador, como a verdadeira Fonte de
tudo, e ao invocá-Lo crer realmente em seu Poder Divino e Suas For-
ças Naturais, manifestadas em nosso meio através da simplicidade
da natureza de elementos e da natureza humana, em suas nuances,
tons, cores e formas de sentimentos positivos e negativos é manter
o foco, a atenção, a perseverança naquilo que é o objetivo da magia
ritual.
A facilidade, por exemplo, de senta-se à frente do com putador
e encontrar tudo nos sites de busca nos torna um tanto acomodados.
É necessária uma real vontade
de melhorar para sair do lugar comum, desse como dismo e ir à luta.
Vontade, por mínima que seja, inicial mente para pelo menos levantar
o traseiro do sofá, vai aumentando e dando lugar a uma sensação óti-
ma de plenitude por realizar algo de bom para si mesmo.
Aos que conseguem vencer essa primeira barreira, fica o gos-
tinho da vitória e o sentimento de – “Porque não fiz isso antes?”.
Um ritual de limpeza energética, um banho de ervas, por exemplo,
sem dúvida nenhuma, poderá ajudar a ti rar a pessoa de um estado
de obsessão espiritual que
a impede de enxergar as oportunidades que estão positivamente no
seu caminho, mas a vontade de sair da situação deve permitir esse
processo ritual.
Acredite que pode e poderá, acredite que não pode e não po-
derá. Das duas formas você estará certo. Esco lha o que é melhor
para você.

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O QUE SÃO RITUAIS


É lógico que quando falamos de rituais entendemos, pois nossa
mente assim está preparada para entender, que precisaremos de
formas e fórmulas litúrgicas, palavras mágicas, rezas rebuscadas em
palavras incompreensíveis e dirigidas à segunda pessoa do singular
e do plural.
Podemos citar aqui diversas formas rituais, ligadas a contextos
muito bacanas, mas que nem sempre estão disponíveis a todos. Aos
que estudam as ciências herméticas em profundidade, esses nossos
escritos podem parecer água com açúcar, mas aos simples de cora-
ção, verão um campo de possibilidades.
Isso não me torna mais sábio, muito menos mais inteligente, apenas
um pouco mais egoísta.
Esse curso não trata de desenhar símbolos, pentagramas, fa-
zer bonecos de cera, nem se vestir de capa preta e capuz na lua cheia
e evocar poderes ocultos numa língua estranha.
Esses rituais existem, têm seu fundamento, sua base alicerçada em
religiões e conceitos antigos, funcionais para quem os pratica, mas
como disse, não abrangentes e indisponíveis para a grande maioria
das pessoas.
Falar de ritual é se lembrar de formas folclóricas de cultos se-
cretos e antigos a deuses ultrapoderosos desconhecidos pelos po-
bres mortais e pessoas normais como nós.
Exagero? De jeito nenhum. É exatamente isso o que vem à
mente. Acreditamos que fazer um ritual exige preparo, conhecimen-
to de causa e efeito, iniciação etc.
MAS SE OBSERVARMOS, SOMOS SERES RITUALÍSTICOS.
Quem não tem seus próprios rituais ao acordar? Levantar, espregui-
çar, ir ao banheiro, escovar dentes, banho etc. Sempre no mesmo
ritmo e na mesma sequência.
Ritual é forma, é maneira de executar. Uso ritualístico das ervas
nada mais é do que a forma natural, ordenada, para se usar os ele-
mentos e absorver o melhor em termos de resultado.
Poderíamos simplesmente chamar essa prática natural de
“Magia”, mas entendo esse termo de outra forma.

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MAGIA É TRANSFORMAÇÃO. Usamos magia quando quere-


mos mudar o estado de alguma coisa. Quando queremos transfor-
mar uma situação, mudar energeticamente o padrão vibratório irra-
diado pela aura de uma pessoa ou de uma casa.

Magia é transformação. Magia é poder. Magia é Poder


Transformador.

A magia ainda hoje é usada nas suas polaridades: positiva e


negativa.

A magia por si só, escrita e descrita aqui ou em outros livros,


por definição é neutra, assim como os elementos, por mais grotes-
cos que pareçam, são como faca em mão de morto: não oferecem
perigo se não forem ativados.

Ler um livro de rezas como simples leitura não implica a ativa-


ção desse mistério e o desencadear de ações re lativas a essa magia
tão conhecida – traçar uma estrela de cinco pontas no chão, ou na
areia da praia, não faz de ninguém um mago. É necessário “se colo-
car” como ativador, rezar, invocar um poder, senti-lo, solicitar, pedir,
convidar essa força para atuar de forma viva e ativa.
A direção que a magia toma respeita as determinações do seu
ativador. Podemos afirmar então que a magia está no mago em pri-
meira instância e nos elementos como fatores fixadores da magia.
Um mesmo elemento de magia positiva pode ser usado para
as magias negativas de acordo com seu ativador.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

A magia se baseia na intenção, no propósito do seu ativador. O con-


ceito de magia positiva e negativa está ai, no mago responsável pela
ativação, resultado e posterior colheita desse resultado, que com cer-
teza respeitando a regra universal de ação e reação virá ao encontro
de si mesmo com seu poder.
Fazer magia pode parecer complicado nesses termos iniciáti-
cos, mas é muito mais simples do que se imagina.
Transformamos muito em nosso dia a dia. Porque será que
os adeptos da bruxaria natural têm, na cozinha, seu grande al-
tar, o ponto máximo, o ponto de forças da bruxa mãe? Porque
é na cozinha que tudo se transforma, na cozinha que a maioria dos
alimentos são transformados e preparados para ser fonte de energia.
Portanto, se você já preparou um simples chá que seja, já par-
ticipou de um ato de magia. E se esse chá que você preparou seguiu
um critério, como colher a erva, lavar, deixar escorrer, colocar a água
para ferver, colocar a erva dentro d’água, coar, enfim seguiu e prati-
cou um ritual.

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A SIMPLICIDADE
DO USO DO ELEMENTO
NATURAL
Regras básicas para utilização da magia das ervas

Há duas regras básicas para a prática da magia, para a manipulação


do elemento natural:

AMOR E BOM SENSO

Isso mesmo, Amor e Bom Senso, essas duas palavrinhas tão


simples de dimensões tão extensas no seu sentido de entendimen-
to. Bom senso, de acordo com o dicionário, é a capacidade de julga-
mento, o senso íntimo, a consciência. É o senso comum, é o modo de
pensar da maioria.
É aquele conhecimento básico, é o raciocínio capaz de discer-
nir sobre algo bom ou algo ruim. A capacidade de julgamento que
seu íntimo lhe impõe. É o conhecimento que a maioria das pessoas
tem. Se você não sabe, com certeza alguém em sua casa sabe, seu
vizinho, ou alguém para quem você possa perguntar.
É a presença de espírito que temos ao saber que não de-
vemos usar uma erva que não conhecemos. Não devemos usar
o “achismo”. Simplesmente achar uma erva “bonita” e usa-la
para fazer um chá, ou banho. Há muitas ervas tóxicas, ou com
grau de toxidade tal que seu uso indiscriminado pode trazer resul-
tados desagradáveis. É necessário tomar muito cuidado, filtrar as
informações, comparar, perguntar. Adquirir ervas secas e frescas,
mudas e sementes de locais adequados, de boa procedência.
O bom senso diz que não queimamos ervas frescas, porque
contêm muita água.

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ISSO É BOM SENSO. ACIMA DE TUDO, OUÇA SEU CORAÇÃO. PER-


GUNTE A SI MESMO, SINTA EM SUA ALMA A ENERGIA DA ERVA.

AMOR. Quando falamos de amor o assunto se torna amplo. É sub-


jetivo falar de amor, esse sentimento abstrato e de difícil compreen-
são. Vemos o amor definido e transmitido de várias formas. O amor
fraterno como o sentimento entre irmãos, amigos, ou enfim, entre
pessoas que se gostam. Vemos o Amor doado pelas almas caridosas
em sua luta constante para diminuir as diferenças entre as classes
sociais, o amor de Cristo por nós, por ter descido de suas esferas ul-
traluminosas para semear entre nós o Amor e a Fé.

Gosto de dividir esse sentimento em duas partes para nosso melhor


entendimento: Fé e Respeito.

* FÉ é aquilo que acreditamos, se acreditamos que algo é bom para


nos temos fé naquilo. A fé não depende da forma. É a mola propul-
sora que nos empurra em direção a algo, a um ideal. Quando acredi
tamos e vamos em frente, é ali que está nossa fé. Aquilo que não
nos deixa esmorecer diante das dificuldades, nossa crença em algo
maior que nós.

Se acreditarmos em uma sustentação religiosa é lá que colocamos


nossa fé, a fé religiosa.
A fé não é só religiosa ou ligada à religiosidade, é acima de
tudo acreditar. Mestre Jesus quando esteve entre nós, no meio ma-
terial, dizia ao fazer suas curas milagrosas: “tua fé te curou, tua cura é
do tamanho da tua fé”.
Então, quando acreditamos, o poder de realização entra em ação.
A fé é o poder em ação, a realização. Ao alimentar com fé nossos proje-
tos, damos crescimento a eles. Poderíamos dizer que a fé é o fermento
da vida. Sem acreditar, nada acontece. Acima da virtude religiosa que
mais a inspira, podemos resumir fé como confiança.
A própria ciência já aceita que pacientes que têm fé se curam
mais rápido do que os céticos, aqueles que não acreditam em nada.
Quando acreditamos e confiamos, temos fé.

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* RESPEITO É HONRA. Respeitar a natureza é honrar ao Pai Criador


pela dádiva da vida. Honrar ao Pai pelo ar que respiramos. Respeitar
a forma que o espírito divino se apresenta nos vegetais, a energia
contida em cada erva, mesmo depois de seca.
Ao respeitar as muitas formas de energia, temos benefícios
práticos em nossa vida. A energia elétrica é fantástica se bem usada,
no entanto, se usada sem conhecimento, pode causar prejuízos sem
precedentes. Isso é respeito. Bem direcionada, toda forma de energia
é benéfica.
Enfim, Amor é isso: FÉ E RESPEITO, porque quem ama Acredi-
ta e Respeita.
Amar as ervas é acreditar que podem trazer algum benefício
para nossas vidas e para a vida de nossos semelhantes, é respeitar
sua forma de uso, direcioná-la da forma correta.

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MAGIA E ATIVAÇÃO
Evocação e ativação da força vegetal

Chame como quiser. Reza, prece, oração, evocação, determinação


mágica, enfim, o importante é a ativação da força vegetal contida
na erva.

Vamos nos lembrar do poder da palavra. Isso me remete a uma


máxima oriental que diz que Deus só diz uma palavra: SIM. Deus diz
sim para todas as nossas afirmações, positivas ou não.
Desde que nos dirigimos a Ele com Amor e Bom-senso, as rea-
lizações também se multiplicam. A palavra tem tanta força que criou
o mundo, de acordo com a gênese católica.
Nossa mente é extremamente poderosa e nossa palavra tam-
bém. Quando determinamos o rumo que a energia deve tomar, da-
mos direcionamento a ela. Isso é respeito. Ao respeitar a energia, ela
devolve como uma reação física:

Para toda ação existe uma reação de igual ou maior intensida-


de. (Newton)

Quando rezamos, colocamos ali nossa Fé, e damos dire-


cionamento para a energia.
As ervas têm alma, personalidade e sentimentos tão envol-
ventes como qualquer ser vivente na natureza, inclusive o homem. É
essa a energia, a força que evocamos. O espírito vegetal.
Há muitas rezas e evocações maravilhosas (ver evocações diárias de
Ortiz Belo de Souza, ed. Portal Celeste), mas para o que pretendemos
aqui, há uma evocação básica.

Eu evoco Deus, nosso amado Pai Criador, evoco a Mãe Terra, vos-
sas forças vegetais, o sagrado espírito vegetal e peço que aben-
çoe esse banho, defumação, chá etc., para o meu beneficio e
beneficio de meus semelhantes, assim seja, e assim será.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Essa reza, bastante simples requer apenas mais duas coisas: Amor e
Bom-senso.
Cada religião costuma envolver seus ritos em roupagens fol-
clóricas e verbalizações incontestáveis, chamando-as de ciência ocul-
ta, sabedoria milenar do oriente ou de outro lugar místico, e tentam
mostrar que as outras religiões, suas concorrentes, são falsas porque
não têm o segredo dos mistérios. Seus místicos se consideram uma
minoria privilegiada pelo esclarecimento divino, su periores em com-
preensão e inteligência e rejeitam invariavelmente a crítica de serem
supersticiosas. Mas qual a diferença entre suas criaturas místicas e as
da cultura popular? Então, a reza tem efeito sim! Perdoem-me os mís-
ticos de plantão, mas VIVA A SIMPLICIDADE!
Deus está e se manifesta nas coisas simples. Você não é
obrigado a fazer a evocação dessa forma que está aqui. Mas use o
bom-senso. Desenvolva seu critério de oração.
É nos Sagrado Anjos que você ancora sua fé? Então reze
a eles. É aos Orixás que você clama em suas preces, ótimo! Eles
com certeza estarão presentes na ativação da erva. Clame aos Santos
de sua conveniência, e estará tudo certo.
Deus responde à sua criação da melhor forma que sua cria-
ção possa entender. Para o negro africano, Deus será também negro.
Para o oriental, terá feições orientais, e assim por diante.
Suas divindades, representação viva de Deus, se apresentam da mes-
ma forma, com variações culturais e regionais, mas sempre a mesma
essência. Não há magia sem ativação. É necessário desencadear o
processo de ação da erva. Ao colher a erva, devemos mentalmente
pedir licença ao espírito vegetal que a anima, dizer-lhe que esta sen-
do colhida e será útil a um ser vivente, parte da criação divina. Esse
espírito irá responder com toda sua força, e concentrará na parte a
ser colhida as essências necessárias para a cura. Desde que ele en-
tenda que você se dirige com Amor e Bom-senso, as ervas se doam
pela causa da criação.

Crendice popular? Duvido. Contra os fatos não há argu-


mentos.

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Fato é que a ação da erva comprovadamente aumenta se for


ativada com uma oração.Oração misturada, sem critério, é que nem
raizeiro que não conhece raiz... Pode matar pela falta de conhecimen-
to, ou tornar a raiz inerte, sem efeito.

O escritor Hugo Prata comenta que é mais fácil acreditar em
lobisomem do que em Deus, “porque ninguém nunca viu Deus, mas
lobisomem, muita gente já viu”.

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AS REZAS
ATIVADORAS
Já falamos nos capítulos anteriores sobre as rezas ativadoras. É im-
portante para quem vai manipular as ervas, ou outro elemento que
exija uma reza evocatória, que a reza possa ser modificada de acordo
com seu coração e convicção. Isso mesmo, a ordem das palavras não
altera o conteúdo, ou seja, se você preferir evocar de outra forma, não
há problema, prestando atenção na força, ou divindade evocada. E
melhor ainda, faça suas próprias evocações baseadas nas que colo-
camos aqui como exemplo e adapte suas palavras de acordo com o
que fique mais fácil para você memoriza-las.

Vamos a alguns exemplos.

EVOCAÇÃO BÁSICA (GERAL)


Eu evoco Deus, nosso amado Pai Criador, evoco a Mãe Terra, vos-
sas forças vegetais, o sagrado espírito vegetal e peço que abençoe
esse banho, defumação, chá etc., para o meu benefício e benefício
de meus semelhantes, assim seja, e assim será.

PARA ACORDAR A ERVA SECA 1:


Amado Pai Criador de tudo e de todos nós, Amada Mãe Terra, força
viva e geradora de tudo o que conhecemos e também do que desco-
nhecemos, Sagradas Forças Vegetais, peço que envolvam essas ervas,
esse preparo, tornando-as força viva e ativa, capaz de responder aos
meus estímulos e solicitações de cura e amparo energético, e façam
cada vez mais de mim instrumento de vossa vontade maior. Assim
seja e assim será.

PARA ACORDAR A ERVA SECA 2:


Salve Pai Criador, salve Mãe Terra, Salve as Sagradas Forças da Na-
tureza. Peço vossa benção nesse preparo, e que ele seja vivo e ativo
para o benefício de... (fazer o pedido, a determinação). Pela vossa gló-
ria e amor ao seu nome. Assim seja e assim será.

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PARA ACORDAR A ERVA SECA 3:


Pai Criador de tudo e de todos nós. Amada Mãe Terra, provedora de
todo elemento vegetal. Sagradas Mães das Águas, força da vida que
a tudo anima, peço que abençoe essas ervas secas, tornando-as vi-
vas, ativas e vibrantes, imantadas com vossas sagradas energias ele
mentais, e seja a partir de agora elemento pronto para receber as
determinações por mim proferidas. Assim seja e assim será.

PARA COLHER A ERVA VERDE (FOLHA)


Eu evoco nosso amado Pai Criador, Amada Mãe Terra, sagradas for-
ças vegetais, os sagrados guardiões das ervas, os elementais da na-
tureza e peço licença para re colher partes dessa erva, para que com
sua força viva, possamos curar... (aqui se fala para quê a erva será usa-
da). Peço que essa planta seja envolvida em irradiações divinas e não
sinta dor para doar essas folhas. Peço vossa benção e vosso amparo,
assim seja e assim será.
Corte as folhas com uma faca ou tesoura bem afiados, de pre-
ferência em um corte só, e o mais rápido possível. Ao retirar as
folhas, usá-las o quanto antes.

PARA COLHER A RAIZ


Salve Senhor Nosso Deus, Salve a Terra, Salve a Terra, Sagrada Mãe
Terra, sagradas forças guardiãs da terra, peço licença para retirar de
vosso elemento essas raízes, forças vivas que serão úteis para... (fala-
-se onde será utilizada a raiz) e assim poder ajudar e curar nossos
semelhantes. Assim seja e assim será. Salve a Terra.

PARA ATIVAR A DEFUMAÇÃO


Divino Pai Criador, Mãe Terra, forças da Jurema, peço que abençoem
essa defumação tornando-a força viva e ativa para a limpeza e equi-
líbrio dessa casa, e das pessoas aqui presentes. Assim seja e assim
será.

Para se preparar para um trabalho com ervas Ajoelhar-se e


com as palmas das mãos voltadas para o alto:
Senhor meu Deus, meu Pai Criador, Amada Mãe Terra, Amados mes-
tres inspiradores do astral superior. Grande foco divino que a tudo
anima, peço que me envolva nas vossas vibrações de luz, de amor

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e caridade e faça de mim uma extensão do vosso amor e de vossa


força curadora, para meu benefício e de meus semelhantes. Assim
seja e assim será.

PARA BATER AS FOLHAS


Com o maço de ervas na mão, pronto para ser usado:
Pai de Amor e Caridade, transforma esse seu filho, nem sempre cons-
ciente de sua missão, em instrumento vivo de vossa vontade, para
aqui, com essas ervas na mão, elas sejam força viva e ativa, limpadoras
e absorvedoras de todo miasma, toda larva astral e toda forma de vida
consciente e inconsciente que estejam prejudicando esse ambiente.
Peço que se houver formas espirituais presas nesse ambiente, sejam
libertadas, curadas e assim possam retomar seu caminho evolutivo,
pela vontade de Nosso Criador. Assim seja e assim será.

OUTRA REZA PARA BENZIMENTO.


Deus que te fez, Deus que te criou, Nossa Senhora que tira esse mal
que te entrou. Repita 3, 7 ou 9 vezes, ou enquanto passa o maço de
ervas na pessoa. Obrigado. Assim seja e assim será.

ACENDENDO UMA VELA


Amado Pai Criador, pai doador da caridade universal. Fazei dessa vela
um elemento ativo, capaz de absorver todo e qualquer miasma larva
astral etc... de fulano, e recolher a seu lugar de transformação e mere-
cimento etc... de acordo com a vontade divina. Obrigado. Assim seja
e assim será.

ATIVANDO UM BANHO (OU CHÁ)


Senhor Deus, meu amado Pai Criador, Amada Mãe Terra, Amada Mãe
Água, Sagradas Forças Vegetais, peço de coração que abençoem esse
banho (ou chá). Que ele seja verdadeira força viva em minha vida, em
meus campos energéticos, proporcionando saúde espiritual e física,
limpeza astral, e que todas as formas de vida que atuem negativa-
mente em minha vida sejam alcançadas por ele e assim tenham tam-
bém em sua vida os efeitos positivos dessas ervas. Obrigado. Assim
seja e assim será.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

AGRADECIMENTO FINAL
Pai Criador, Mãe Terra, Forças da Natureza Vegetal, Forças aqui evo-
cadas, senhores guias, mentores e direcionadores do astral espiri-
tual, eu vos agradeço de coração e peco que tenham em mim um
instrumento sempre pronto a servi-los e servir meus irmãos seme-
lhantes, em sua jornada evolutiva. Obrigado, obrigado e obrigado.
Assim seja e assim será.

Não esquecendo que para toda reza é necessária uma


postura de seriedade e concentração.

A reza pode ser até em silêncio, mentalizando as palavras, mas


sempre atentando para a necessidade de o rezador estar focado no
seu objetivo, seja a cura, a limpeza astral etc.

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MONOGRAFIA DAS
ERVAS E DEFINIÇÕES
As categorias das ervas, para limpeza energética e equilíbrio

ERVAS QUENTES OU AGRESSIVAS


São ervas que carregam em sua estrutura vibracional energias vivas
que atuam no sentido de eliminar, limpar, dissolver, anular, cortar, que-
brar os acúmulos energéticos negativos que, junto ou separado das
atuações espirituais negativas, envolvem suas vítimas em camadas
energéticas densas, que facilmente travam os canais luminosos, se-
jam das pessoas ou dos locais onde elas vivem.
Essas ervas são como ácidos do astral, onde encostam cau-
sam reações não só em relação aos fatores negativos, mas também
exaurindo energia vital de quem as usa. Por isso o dogma de não
usar ervas na cabeça.

ARRUDA
Indicações ritualísticas: alto poder de limpeza em banhos, defu-
mações ou galhos parao benzimento. Pode ser usada fresca ou seca.
Sua aura é vermelha e ela carrega em si o poder purificador e con-
sumidor.
Ação (verbos): consumir, purificar.
Cor energética: vermelho
Orixás principais: Egunitá e Xangô

GUINÉ
Indicações ritualísticas: limpeza pesada. Sua aura “metálica” confere
seu caráter cortante, e portanto bastante temido pelo baixo astral.
Ação (verbos): cortar, quebrar, perfurar.
Cor energética: do verde intenso ao azul escuro
Orixás principais: Oxóssi e Ogum

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ERVA-DE-BICHO
Indicações ritualísticas: poderoso limpador e solvente de acúmulos
energéticos negativos causadores de doenças físicas.
Ação (verbos): dissolver, limpar, fritar.
Cor energética: azul intenso ao marrom
Orixás principais: Iemanjá

CASCA DE ALHO
Indicações ritualísticas: libertação energética em casos de vampi-
rismo e obsessões intensas.
Ação (verbos): dissolver, queimar, desligar.
Cor energética: do prata ao violeta e roxo escuro
Orixás principais: Oyá-Tempo e Obaluaê

CASCA DE CEBOLA
Indicações ritualísticas: poderoso desintegrador e desmontador
de magias negativas complexas.
Ação (verbos): desintegrar, desmontar, dissolver, diluir.
Cor energética: branco leitoso ao cristalino
Orixás principais: Oxalá, Oxum, Obaluaê

FUMO (TABACO)
Indicações ritualísticas: poderoso cauterizador de feridas astrais,
curando também espíritos doentes cuja energia é usada para trans-
ferir para suas vítimas sintomas de doenças.
Ação (verbos): queimar, cauterizar, curar, cristalizar.
Cor energética: verde cristalino
Orixás principais: Oxalá e Oxóssi

PINHÃO ROXO
Indicações ritualísticas: paralisador de energias e fluxos energéti-
cos negativos. Consumidor de magias ativas e mentais focados em
práticas de dominação hipnótica.
Ação (verbos): paralisar, consumir, queimar, desintegrar, punir, eliminar.
Cor energética: violeta fosco, roxo intenso.
Orixás principais: Omulu, Ogum e Iansã

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QUEBRA DEMANDA
Indicações ritualísticas: como o nome diz, poderoso quebrador de
demandas ou magias mentais projetadas, como olho gordo, inveja etc.
Ação (verbos): quebrar, proteger, eliminar, paralisar.
Cor energética: verde muito escuro
Orixás principais: Ogum e Iansã

PINHÃO ROXO
Indicações ritualísticas: paralisador de energias e fluxos energéti-
cos negativos. Consumidor de magias ativas e mentais focados em
práticas de dominação hipnótica.
Ação (verbos): paralisar, consumir, queimar, desintegrar, punir, eliminar.
Cor energética: violeta fosco, roxo intenso
Orixás principais: Omulu, Ogum e Iansã

QUEBRA DEMANDA
Indicações ritualísticas: como o nome diz, poderoso quebrador de de-
mandas ou magias mentais projetadas, como olho gordo, inveja etc.
Ação (verbos): quebrar, proteger, eliminar, paralisar.
Cor energética: verde muito escuro
Orixás principais: Ogum e Iansã

MAMONA
Indicações ritualísticas: consumidor de focos energéticos doentes
e acúmulos mentais.
Ação (verbos): curar, esgotar, paralisar.
Cor energética: verde muito intenso e brilhante ao violeta
Orixás principais: Oxalá

EUCALIPTO
Indicações ritualísticas: poderoso paralisador do magnetismo de
magias executadas no tempo, como amarrações e praguejos.
Ação (verbos): consumir, desmagnetizar, retornar.
Cor energética: prata azulado ao verde cristalino
Orixás principais: Oyá–tempo, Ogum, Iansã

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

FOLHAS DE CHORÃO
Indicações ritualísticas: dissolvedor de corpos etéricos deformados
e modificados por ações mentais maléficas.
Ação (verbos): decantar, dissolver, queimar.
Cor energética: violeta cristalino
Orixás principais: Nanã e Ogum

PICÃO PRETO
Indicações ritualísticas: limpeza energética de acúmulos mentais.
Ação (verbos): limpar, desobstruir, purificar.
Cor energética: verde terroso
Orixás principais: Xangô e Oxum

ANGICO
Indicações ritualísticas: limpador e protetor.
Ação (verbos): limpar e proteger
Cor energética: vermelho
Orixás principais: Xangô

AROEIRA
Indicações ritualísticas: altíssimo poder de limpeza, em banhos
e defumações e principalmente em “bate-folhas” ou sacudimentos
para purificação.
Ação (verbos): limpar, desintegrar, dissolver, consumir.
Cor energética: vermelho fogo
Orixás principais: Xangô

JUREMA PRETA (CASCA)


Indicações ritualísticas: limpeza energética profunda, principal-
mente para médiuns, quando deve ser usada no chacra coronário
(cabeça, ori).
Ação (verbos): limpar, proteger, purificar.
Cor energética: vermelho claro ao marrom cristalino
Orixás principais: Oxóssi e Obá

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

CIPÓ-CRUZ
Indicações ritualísticas: cura de espíritos sofredores e obsessores
de baixa intensidade. Poderosa curadora de ambientes.
Ação (verbos): curar, resgatar, desligar.
Cor energética: branco leitoso
Orixás principais: Obaluaê

ESPADA-DE-SÃO-JORGE
Indicações ritualísticas: corte de demandas e proteção para mé-
diuns Ação (verbos): proteger, cortar, eliminar.
Ação (verbos): proteger, cortar, eliminar.
Cor energética: do verde ao avermelhado
Orixás principais: Ogum e Oxóssi

ESPADA-DE-SANTA-BÁRBARA
Indicações ritualísticas: mesmas funções da Espada-de-são-jorge,
acrescidas de força capaz de direcionar os caminhos.
Ação (verbos): proteger, cortar, eliminar, direcionar
Cor energética: do verde intenso, passando pelo amarelo até o aver-
melhado.
Orixás principais: Iansã, Ogum, Oxóssi

AÇOITA-CAVALO/MUTAMBA
Indicações ritualísticas: cortador poderoso de demandas e magias
negativas.
Ação (verbos): cortar, eliminar, destruir, desmontar.
Cor energética: terroso
Orixás principais: Ogum, Xangô

BAGAÇO-DE-CANA
Indicações ritualísticas: mesmas funções da Espada-de-são-jorge,
acrescidas de força capaz de direcionar os caminhos.
Ação (verbos): dissolver, diluir.
Cor energética: furta-cor, rosa cristalino.
Orixás principais: Iansã, Oxumaré, Oxum

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

ESPINHEIRA-SANTA
Indicações ritualísticas: limpador de uso geral. Tanto para banhos e
defumações como para “bate-folhas e sacudimentos”.
Ação (verbos): limpar, desobstruir
Cor energética: verde intenso
Orixás principais: Ogum e Oxóssi

PARA-RAIOS
Indicações ritualísticas: quebra de demandas, limpeza de ambien-
tes religiosos, proteção de casas e ambientes de ritualística.
Ação (verbos): movimentar, proteger, limpar, dissolver.
Cor energética: amarelo claro ao verde intenso
Orixás principais: Iansã e Oxóssi

DANDÁ DA COSTA
Indicações ritualísticas: poderoso e profundo limpador para situa-
ções de magia negativa muito intensas e complexas. Verdadeiro áci-
do para magias onde usam elementos animais.
Ação (verbos): diluir, coagular, esgotar, purificar.
Cor energética: vermelho intenso e terroso
Orixás principais: Omulu, Obá, Ogum e Oxalá

COMIGO-NINGUÉM-PODE
Indicações ritualísticas: poderoso ácido do astral, tanto para limpe-
za como para proteção. Não deve ser usado fresco em banhos, pois
pode provocar irritações pela sua alta toxidade.
Ação (verbos): Purificar
Cor energética: verde muito intenso e cristalino
Orixás principais: Oxalá e Oxóssi

DESATA NÓ
Indicações ritualísticas: limpador de uso geral. Tanto para banhos e
defumações como para “bate-folhas e sacudimentos”.
Ação (verbos): limpar, desobstruir
Cor energética: verde muito escuro
Orixás principais: Ogum, Xangô e Iansã

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

PIMENTAS
Indicações ritualísticas: somente para defumações, pois podem
causar até queimaduras nos banhos.
Ação (verbos): revelar, desobstruir, mostrar
Cor energética: do cinza até o vermelho fogo
Orixás principais: todos, principalmente Exu

PEREGUM-ROXO (DRACENA)
Indicações ritualísticas: verdadeiro curador de ambientes carrega-
dos de energias mórbidas e doentias.
Ação (verbos): esgotador, limpador profundo
Cor energética: roxo leitoso
Orixás principais: Obá, Omulu, Nanã e Obaluaê

ERVAS MORNAS E EQUILIBRADORAS


São ervas que carregam em sua estrutura vibracional energias vivas
que atuam no sentido de corrigir os desvios energéticos causados
pelo uso das ervas quentes ou agressivas, harmonizar seus chacras
(centros de força), equilibrar as energias vitais importantíssimas para
o bom funcionamento do organismo espiritual humano e conse-
quentemente do físico.
São poderosíssimos energéticos, levantadores de astral e di-
recionadores. Ervas que podemos usar no dia a dia, sem restrição
alguma.

SÁLVIA
Indicações ritualísticas: erva de sabedoria e ancestralidade. Limpe-
za leve e elevadora da vibração espiritual.
Ação (verbos): estabilizar, evocar, apaziguar.
Cor energética: azulada cristalina ao violeta
Orixás principais: Obaluaê e Oxalá

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

ALFAZEMA (LAVANDA)
Indicações ritualísticas: acalmadora do espírito, tranquiliza as situa-
ções difíceis. Harmonia.
Ação (verbos): harmonizar, tranquilizar.
Cor energética: azulado cristalino, azul claro.
Orixás principais: Iemanjá, Oxalá e Oxum

ALECRINS
Indicações ritualísticas: equilibradora por definição, rejuvenesce e
ilumina.
Ação (verbos): iluminar, rejuvenescer, equilibrar
Cor energética: verde azulado, verde claro
Orixás principais: Oxóssi e Oxalá

CALÊNDULA
Indicações ritualísticas: poderosa energizadora para campos astrais
deteriorados e alvos de magias negativas, depois de limpeza pesada.
Ação (verbos): energizar, manter purificado.
Cor energética: do amarelo ao vermelho intenso
Orixás principais: Oxum, Iansã e Egunitá

HORTELÃ
Indicações ritualísticas: estimulante muito poderoso para todos os
sentidos da vida. Animador e levantador do astral.
Ação (verbos): estimular, ligar, limpar com leveza, animar.
Cor energética: verde muito intenso
Orixás principais: Oxóssi e Oxalá

BOLDO
Indicações ritualísticas: limpador leve para o chacra coronário, fun-
damentador (cristalizador) de vibrações.
Ação (verbos): cristalizar, acessar, desobstruir, preparar
Cor energética: branco cristalino ao leitoso
Orixás principais: Oxalá e Oxum

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

MANJERICÃO
Indicações ritualísticas: pode ser usado em todos os preparos
como excelente equilibrador.
Ação (verbos): equilibrar, manter, proporcionar, ligar, etc.
Cor energética: verde cristalino
Orixás principais: todos

ALFAVACA
Indicações ritualísticas: limpador leve e concentrador de vibrações
de cura e ânimo.
Ação (verbos): potencializar, curar, manter
Cor energética: vermelho claro ao lilás
Orixás principais: Ogum e Nanã

POEJO
Indicações ritualísticas: estimulante leve mas muito poderoso para
crianças, concentrador.
Ação (verbos): acender, curar, estimular e concentrar
Cor energética: azulado
Orixás principais: Oxum, Oyá-tempo, Obá

LEVANTE
Indicações ritualísticas: estimulante muito poderoso para todos os
sentidos da vida. Animador e levantador do astral.
Ação (verbos): levantar, animar, crescer
Cor energética: Verde azulado
Orixás principais: Ogum, Oxóssi, Oxum

MANJERONA
Indicações ritualísticas: cristalizador do chacra coronário, indicado
para todo. tipo de amaci
Ação (verbos): cristalizar, limpar
Cor energética: branco esverdeado e azulado
Orixás principais: Oxalá e Oxóssi

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

FOLHA-DA-COSTA
Indicações ritualísticas: poderoso “segurador” de vibrações e po-
tencializador de cura astral.
Ação (verbos): curar, prosperar, abrir, manter
Cor energética: branco cristalino e muito brilhante
Orixás principais: Oxalá e Nanã

GRAVIOLA
Indicações ritualísticas: regenerador do campo astral e do organis-
mo espiritual.
Ação (verbos): regenerar, curar, restaurar, renovar
Cor energética: azul turquesa, amarelo do claro ao escuro
Orixás principais: Oxumaré e Oxóssi

ABACATEIRO
Indicações ritualísticas: poderoso reconstrutor da aura (perispírito),
equilibrador.
Ação (verbos): reconstruir, revitalizar.
Cor energética: verde escuro ao marrom
Orixás principais: Oxóssi, Oxum e Nanã

GOIABEIRA
Indicações ritualísticas: equilibrador muito potente e de limpeza
leve, indicado também para “bate-folhas”.
Ação (verbos): regenerar, limpar, destravar, abrir caminhos.
Cor energética: verde intenso amarelado
Orixás principais: Ogum, Oxóssi, Iansã

PITANGUEIRA
Indicações ritualísticas: poderosa movimentadora de energias, ide-
al para tirar pessoas do comodismo, incentivo e vitalidade.
Ação (verbos): incentivar, motivar, movimentar
Cor energética: amarelo ao vermelho
Orixás principais: Iansã e Ogum

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

ABRE CAMINHO
Indicações ritualísticas: como o nome diz, uma excelente abridora
de caminhos.
Ação (verbos): abrir, motivar, expandir, direcionar.
Cor energética: verde claro
Orixás principais: Oxóssi, Ogum, Iansã

SAMAMBAIA
Indicações ritualísticas: reconstrutor energético e curador.
Ação (verbos): curar, energizar, limpar, prosperar
Cor energética: verde cristalino
Orixás principais: Oxóssi, Ogum, Iansã

ANGÉLICA
Indicações ritualísticas: fortalecedor do chacra coronário, revitaliza-
dor da vontade.
Ação (verbos): cristalizar, curar, fechar passagens negativas.
Cor energética: branco amarelado
Orixás principais: Oxalá

ASSA-PEIXE
Indicações ritualísticas: equilibradora muito poderosa nos banhos,
defumações e sacudimentos. Energia capaz de limpar e energizar ao
mesmo tempo. Indicada para obsessões.
Ação (verbos): limpar, energizar, curar.
Cor energética: verde ao roxo
Orixás principais: Ogum e Nanã

BARBA-DE-VELHO
Indicações ritualísticas: proteção e fortalecimento da verdade, for-
ça da razão.
Ação (verbos): fortalecer, mostrar a verdade.
Cor energética: marrom alaranjado
Orixás principais: Xangô e Obá

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

CIPÓ-CABOCLO
Indicações ritualísticas: concentração, firmeza de propósito, indicado
para quem precisa se concentrar em algo.
Ação (verbos): concentrar, expandir e direcionar.
Cor energética: marrom avermelhado
Orixás principais: Obá e Oxóssi

IPÊ-ROXO
Indicações ritualísticas: reconstrutor e energizador do espírito.
Ação (verbos): energizar, vitalizar.
Cor energética: marrom e violeta.
Orixás principais: Oxum, Xangô e Obaluaê

PEREGUM-VERDE
Indicações ritualísticas: erva muito usada dentro dos cultos afro-
-brasileiros, como abridora de caminhos, preparadora dos médiuns
para iniciação e purificação do “chão” da casa.
Ação (verbos): purificar, iluminar, proporcionar, equilibrar, manter.
Cor energética: verde cristalino
Orixás principais: Ogum, Oxóssi, Oxalá

PEREGUM-VERDE-AMARELO
Indicações ritualísticas: bate-folhas com essa erva proporcionam
movimento e renovação.
Ação (verbos): renovar, regenerar, movimentar com intensidade
Cor energética: verde e amarelo
Orixás principais: Iansã e Oxumaré

ANIS-ESTRELADO
Indicações ritualísticas: poderoso energizador e equilibrador da
mediunidade, usado para desenvolvimento mediúnico como abridor
do chacra coronário.
Ação (verbos): iluminar, equilibrar, fortalecer.
Cor energética: branco cristalino azulado e intenso.
Orixás principais: Oxalá e Iemanjá

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

ROSA BRANCA
Indicações ritualísticas: limpeza e preparação de médiuns. Potenciali-
za a mediunidade e desobstrui o chacra coronário e o cardíaco.
Ação (verbos): iluminador, limpador leve.
Cor energética: do branco ao rosado.
Orixás principais: Oxum e Oxalá

CAMOMILA
Indicações ritualísticas: acalmadora do espírito e de ambientes
conturbados.
Ação (verbos): tranquilizar, equilibrar, estabilizar.
Cor energética: cor de rosa
Orixás principais: Iemanjá, Oxum e Nanã

FOLHAS DE CENOURA
Indicações ritualísticas: Rápida reconstrutora da aura. Devolve ime-
diatamente a energia perdida nos embates contra o baixo astral.
Ação (verbos): energizar
Cor energética: laranja intenso
Orixás principais: Egunitá, Iansã e Obá

FOLHAS DE BETERRABA
Indicações ritualísticas: indicado para recuperação de doentes de
modo geral.
Ação (verbos): regenerar, reviver
Cor energética: violeta terroso
Orixás principais: Obá

ERVAS FRIAS OU ESPECÍFICAS


Dentro dessa categoria encontramos as ervas cujo uso se resume a
algum fator extremamente específico, como as ervas medicinais cujo
uso é apenas direcionado para o tratamento do físico, não levando em
consideração seu uso religioso.
Outros fatores compõem essa categoria, que concentra as er-
vas cujos fatores religiosos espirituais são muito bem definidos, e não
tão generalizados como nas outras categorias.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

É possível que nessa categoria apareçam ervas que já figuram


na segunda categoria, das equilibradoras.

Ervas Femininas
Quando falamos de ervas femininas, falamos de autoestima e poten-
cialização do fator humano feminino. São ervas muito ligadas tam-
bém ao fator espiritual humano, à sensibilidade do espírito.
Exemplo: Malva, Rosa Vermelha, Artemísia etc.

Ervas Masculinas
Da mesma forma que as femininas, não são simplesmente atratoras
desse fator, mas potencializadoras do seu estado natural. O fator hu-
mano masculino está bastante ligado ao aspecto material da vida,
sendo que algumas dessas ervas aparecem também como atratoras
de prosperidade.
Exemplo: Folha de Café, Louro, Romã etc.

Calmantes
São ervas que não atuam somente no corpo físico por características
fitoquímicas. Atuam nos organismos espirituais e em seus sistemas
nervosos no sentido de tranquilizar um espírito ou um ambiente
em turbulência.
Exemplo: Capim-cidreira, Melissa, Camomila etc.

Fortalecedoras da Mediunidade (intuição)


São ervas que atuam no sentido puramente espiritual, agindo em
nossos centros de força e canais mediúnicos, facilitando assim a atu-
ação dos trabalhadores do astral em nosso aparelho mediúnico.
Facultam ao espírito a energia necessária e a limpeza precisa para
que sejamos canais adequados para a espiritualidade.
Exemplo: Jasmim, Alfazema, Rosa Branca e Anis-estrelado.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

DONOS
DOS MISTÉRIOS
Estamos aqui firmes e fortes nesse nosso trabalho de formiguinha,
disseminando o conhecimento sobre as ervas, de uma forma simples,
objetiva, sem ro-deios nem mistérios.
Por falar em mistérios, quero começar alertando sobre os
donos dos mistérios. Isso mesmo, os que se autointitulam donos de
determinadas forças da natureza. Prestem bastante atenção: não se
quebra um dogma criando outros.
Uma folha é uma enciclopédia em si mesma. Numa folha está
todo o código de uma raça elemental inteira. Reconhecer a energia
numa folha, não esta-mos falando da energia física, como aprende-
mos no colégio, mas a energia etérica, espiritual mesmo, en-fim re-
conhecer essa energia é um dom, que pode ser desenvolvido sim.
Existem pessoas que nascem com um dom para a música, com uma
invejável voz afinada ou com uma habilidade nata para tocar determi-
nado instrumento. Da mesma forma existem pessoas que têm uma
sensibilidade natural para os elementos. Sentem as pedras, a água ou
as ervas.
Esta sensibilidade não é um benefício que Deus dá de presente
àquela pessoa em especial, mas sim conquista dela em sua caminha-
da de aprendizado e conhecimento. Negar seu dom seria a mesma
coisa que vendar um dos olhos e se negar a enxergar com ele. Ou
mesmo tapar uma das narinas, ou um dos ouvidos, ou mesmo os dois
para não ouvir nada. Muitas pessoas gostariam de nascer com esses
dons, mas têm a oportunidade de aqui, nessa jornada carnal, desen-
volver pelo menos em parte uma dessas capacidades.
A mediunidade, ou sexto sentido, ou como chamei aqui sim-
plesmente de sensibilidade, pode ser desenvolvida dentro das suas
condições e merecimento. E isso não está diretamente ligado ao plano
espiritual humano. O dom de entender e reconhecer as reações das
plantas é muito mais comum do que imaginamos. E sempre há quem
afirme: acho que não tenho mão boa para plantas... Digo o contrário:
pratique!

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Tenha alguns instantes diários de contato com suas ervas e


plantas ornamentais. Lave as mãos em água fria, com seu sabão ou
sabonete preferido, enxágue com bastante água e sem tocar em nada
espalme suas mãos sobre as folhas de uma planta... relaxe...
solte os ombros, os braços... afrouxe os músculos... respire fundo pelo
menos umas três vezes... feche os olhos e sinta a erva... sinta sua aura,
sua vibração. Na desista se não sentir nada na primeira vez... a persis-
tência fará com que dia a dia sua sensibilidade aumente. Quando me-
nos esperar, estará em contato com um mundo fantástico, disposto a
lhe ensinar, dentro também daquilo que você puder aprender, todo o
conteúdo armazenado por milhares de anos de existência.
Os elementos vêm participando da evolução humana a incon-
táveis eras. Uma das formas de entrarmos em contato com essas vi-
brações é o meio religioso. A Umbanda como religião da natureza pro-
porciona um desses meios.
Os guias espirituais, caboclos, pretos-velhos, crianças, exus, etc.,
são manipuladores, senão naturais, preparados para tal. Conhecedo-
res de como ativar os elementos, mesmo sem muita ritualística, sem
folclore, estão ali, com uma folha, uma flor, semente, pedra, enfim, com
um elemento natural ativo para o benefício de seu semelhante.
Quando oferendamos um Orixá, seja em seu ponto de forças ou mes-
mo dentro de nossos terreiros, os elementos ali colocados são mani-
pulados de forma que proporcionem ligação, irradiação ou absorvên-
cia de vibrações também.
Não há conhecedores absolutos desses elementos, porque,
se alguém assim se intitula, se autointitula de próprio Criador da
Natureza. Somos instrumentos do mais alto, aprendizes do amor
pela Mãe Terra, e por todas as Mães que compõem esse magnífico
quadro natural.

Saúde, sucesso e muita magia realizadora a todos.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

O CONHECIMENTO
Quando nos referimos ao uso das ervas dentro da Umbanda, não nos
preocupamos se é para a Umbanda branca, esotérica, magística, ini-
ciática, etc.
Como sempre dizemos, diante da natureza somos todos iguais.
Tem se falado ultimamente sobre o conhecimento, de forma a se dis-
cutir se devemos ou não estudar a religião, ou se devemos ou não ter
cursos dentro da Umbanda.
Essa é uma discussão antiga, e resta a nós perguntar: a quem
interessa a falta de conhecimento dentro da religião? A resposta é sim-
ples: apenas aos que não podem acrescentar nada! Porque cada um
só pode dar o que tem, o que traz em si mesmo. Aqueles que têm
nada a oferecer se ofendem com essa abertura que o astral superior
nos permite hoje.
Aos egoístas que acham que sabem tudo, e que não precisam
compartilhar com ninguém, deixo um questionamento: será que vão
durar para sempre? Quem se lembrará de vocês, e por que se lem-
brarão quando se forem para outros planos da vida? Será que serão
lembrados como os detratores do conhecimento, os que impediram a
propagação da religião?
Vejo muita gente boa perdendo seu tempo agredindo irmãos
de fé, mesmo em brigadas diferentes dentro da mesma religião. Ir-
mãos que praticamente viram a cara para outros deixam de honrar
compromissos assumidos porque as convicções político-religiosas os
ofendem, ou porque não rezaram suas cartilhas mal grafadas.
Será que o baixo astral se preocupa com isso? Claro que não,
muito pelo contrário! Isso é bastante interessante aos verdadeiros in-
comodados com nossa religião: os militantes das esferas negativas,
voltadas para a derrocada da humanidade. Eles se servem dessas situ-
ações para engrossar suas fileiras, arregimentar voluntários para suas
falanges de encarnados cujo propósito é duvidoso.
Não costumo (e nem tenho tempo para isso, pois tenho mais o
que fazer) entrar em discussões fundamentalistas e inúteis, isso por-
que o trabalho é maior que tudo isso. Aos irmãos que muitas vezes se
sentem desanimados com tanta oposição, continuem seu trabalho.

36
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Com certeza Pai Criador, Mãe Natureza e nossos amados Pais


e Mães Orixás, que a tudo veem, têm olhado para vocês e prepara-
do uma compensadora recompensa: o reconhecimento futuro de seu
trabalho, o legado deixado às futuras gerações!
O conhecimento sobre as ervas, como já dissemos várias vezes
aqui, sempre foi exclusividade de poucos, mas se as ervas nascem em
qualquer lugar, no meu e no seu quintal, então porque essa seletivida-
de? Simplesmente porque o conhecimento é sinônimo de poder: não
vence a guerra quem tem a melhor arma, mas quem tem a melhor
informação.
Saber que, por exemplo, o Pinhão Roxo (Omulu, Ogum, Iansã) é
fantástica erva de limpeza astral, capaz de paralisar magias negativas
projetadas contra pessoas, casas ou terreiros é ferramenta preciosa na
busca do bem. Citei o Pinhão Roxo, mas poderia ter citado o Guiné
(Ogum, Oxóssi), a Arruda (Xangô, Iansã, Egunitá), a Erva de Bicho (Ie-
manjá, Oxalá), a Casca de Alho, ou o próprio Alho (Obaluaê, Oyá), Euca-
lipto (Oyá, Ogum), Dandá (Obá, Omulu, Ogum).
Essas ervas acima compõem, juntamente com uma infinida-
de de outras, um conjunto de poder realizador, capaz de proporcionar
verdadeira libertação a quem as usa com respeito e firmeza.
Ao preparar seus banhos de defumações com essas ervas, con-
sagre-os ao Pai Criador, aos Pais e Mães Orixás, à Sagrada Força dos
Vegetais, aos Elementais da Natureza e peça que todas as oposições
a seu trabalho, seja de ordem religiosa, educacional, caritativa, enfim,
que sejam paralisadas, analisadas pela Justiça Maior e direcionadas
conforme os ditames da Lei Divina. Peça libertação dos laços criados
pelos seus detratores e força para continuar seu trabalho.
Após essas ervas, potencialize seu trabalho, seu campo me-
diúnico, seu terreiro, sua casa, com ervas “reconstrutoras” como:
Hortelã (Oxóssi, Oxalá, Oxum, Iansã, entre outros), Calêndula (Oxum,
Egunitá), Imburana Semente (Iansã), Casca de Laranja (Iansã, Oxóssi,
entre outros), Anis Estrelado (Iemanjá, Oxa á), Camomila (Oxum, Ie-
manjá), Melissa (Oxum).

Esse preparo trará muita força e paciência, que são funda-
mentais para quem tem propósito.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

A FORÇA
DAS ERVAS
Em matérias anteriores, já abordamos os temas ligados a obsessões,
cargas negativas e atuações de magias maléficas.
Esse assunto sempre é interessante, e vale a pena falar sobre,
pois a religião de Umbanda atua diretamente na linha de choque,
onde se cruzam os interesses daqueles cuja abstração dos sentidos e
elementos é o que mais interessa.
Seria falta de bom-senso afirmarmos que um Caboclo é apenas
um índio com sabedoria, ou que um Preto Velho é um ex-escravo que
traz na humildade de suas palavras o sofrimento da escravidão e da
imposição da força. Cito esses dois “mistérios religiosos”, mas poderia
aqui citar todas as linhas e falan ges, que com certeza se encaixariam
no comentário.
São verdadeiros espíritos de luz, que trazem dentro do ritual de
Umbanda, esse arquétipo, essa forma figurada, para que não agrida
nosso livre arbítrio e nosso próprio desejo de evoluir.
Por não poderem impor uma situação, e trabalharem em nosso
meio humano a partir do nosso livre arbítrio e boa vontade, esses fan-
tásticos irmãos, pais e mães na luz, recorrem a recursos naturais, como
as ervas, pedras, tipos de águas, enfim, a todo recurso disponível em
Mãe Natureza, para servirem de apoio às ações limitadoras do baixo
astral.
Hoje vemos em muitos estudos, no meio Umbandista e Espí-
rita, sobre a tecnologia empregada nas obsessões mais complexas,
como clones astrais, implante de componentes na contraparte etérica
do organismo humano, alterações na programação mental de seres
dominados por essas forças trevosas.
As ervas sempre foram, são e ainda serão por muito tempo um
componente vivo e ativo no combate às investidas do astral negativo.
O que pode parecer um simples banho de ervas carrega elementos
poderosíssimos com capacidade ácida, dissolvedora, esgotadora e,
por que não, destruidora desses elementos.
Caro irmão, não hesite em tomar seu banho de ervas a partir

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

da cabeça. Banhe seu chacra coronário sim, use azeite de oliva no cha-
cras – como poderoso elemento purificador e equilibrador.
Muitas vezes, na simplicidade do Preto Velho, ao sugerir que
o consulente tome um banho de ervas, está um profundo conheci-
mento e sabedoria, e um poder realizador capaz de aniquilar forças
do mal, que se houvesse tentativa de explicá-lo deixaria muitos “co-
rajosos” (que acreditam terem poderes de acabar com todo o mal
dos outros, pois o seu próprio ainda não conseguiram enxergar), es-
ses ficariam de cabelos em pé por dias e até pensariam em mudar
de religião.
Ainda bem que o astral trabalha em silêncio e nós percebemos
apenas uma pequena parte do que realmente acontece nessas bata-
lhas entre as forças positivas e negativas.

QUEM PODE FALAR


SOBRE AS ERVAS
Quem pode falar sobre as ervas? Essa pergunta sempre vem à tona
quando o conhecimento é com-parado, seja dentro dos meios reli-
giosos, na fitoterapia, e mesmo na sabedoria popular.
Tenho recebido muitos e-mails perguntando sobre isso. Por-
que temos, principalmente na internet, uma avalanche de informa-
ções sobre o uso das ervas.
Enquanto eu escrevo essa matéria, tenho sobre mim a agradá-
vel sombra de uma fantástica pitangueira. Estou sentado debaixo dela
e peço a ela inspiração para escrever. Pergunto a ela como eu posso
ser útil ao meu semelhante humano, mesmo que sua natureza vegetal
não entenda totalmente o que se pas-sa na mente humana, dotada de
princípios diferen-tes, mas enfim pergunto a ela assim mesmo como
eu posso levar esse conhecimento às pessoas com clareza, força e de-
terminação.
Muitas vezes pergunto o que escrever. E a resposta flui no
meu íntimo de forma natural. Assim é a pitangueira, a cerejeira, o

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

abacateiro, o limoeiro e a goiabeira. Árvores que estão próximas de


mim, no meu jardim, no local que mais gosto de escrever. E mesmo
quando não estou lá, me conecto a elas mentalmente, trazendo sua
imagem, sua sombra e frescor. O sabor dos seus frutos e o perfume
de suas folhas.
Hoje há tanto delas em mim como há de mim nelas. Há uma
simbiose energética, assim como o agricultor conhece o “cio da ter-
ra”, a gente acaba conhecendo a essência dessas amadas irmãzinhas
do mundo vegetal.
Tenho à minha volta diversos irmãozinhos do plano espiritual,
encantados e naturais, que nem sempre têm noção do que estou
fazendo exatamente com um notebook, ou mesmo um caderno de
anotações, ali, sentado e conversando com uma árvore. Mas todos
percebem o que vou fazer a partir daquilo que recolho ali. Sabem
que disseminar o conhecimento é meu trabalho, levar de forma ob-
jetiva a razão de o Pai Criador se manifestar na natureza é minha
missão.
Quando preciso de folhas para alguns preparos pessoais, para
o terreiro ou alguém que precisa de ervas para um simples banho,
me dirijo ao jardim, com minha tesoura de jardinagem, simples e
efetiva, pois é meu instrumento de trabalho, e em cada arbusto ou
canteiro que vou cortando os galhos vou mentalmente, e às vezes
até verbalmente, definindo o que fazer com essas ervas, como usar
ou como eu gostaria que elas guardassem sua energia para se ma-
nifestar no preparo a que se destinam.
Vou juntando essas folhas, flores, raízes, e quando não tenho
todas que preciso no meu jardim busco no meu armário de ervas,
onde guardo centenas, isso mesmo, centenas de vidros com folhas,
cascas, sementes, raízes, flores, todas secas. E sei exatamente onde
elas estão, sei onde encontrar o que eu preciso naquele momento.
Mesmo secas, elas me reconhecem como seu manipulador
natural, e através daquilo que há de mim nelas, permitem que eu
tenha e me sirva de seu poder no benefício da humanidade.
As ervas que não tenho plantadas também reagem ao meu
magnetismo humano, ajustado ao seu magnetismo vegetal. Pois
as trato com o respeito que a natureza merece. Essa reação do ele-

40
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

mento define e proporciona qualidade final do preparo.


As ervas se colocam na nossa vida como verdadeiras mes-
tras. Professoras de sabedoria natural. Respondem as nossas per-
guntas com determinação. Respondem aos nossos apelos de
cura com carinho.
Ao cortar alguns ramos ou galhos, tenha certeza que essa árvo-
re sente o que você está fazendo. E ela re age de acordo, em sintonia e
proporção ao seu propósito.
Hoje divido essa experiência com vocês porque desde no ano
de 2003 venho escrevendo aqui nessa coluna, procurando transmitir
a simplicidade dos elementos e como eles gostam de estar conosco.
Não vejo esse trabalho como um fardo, nem como uma mina de ouro,
porque há um fundamento divino que nos ampara.
E se podemos falar das ervas, conquistamos isso com o cora-
ção. Com a essência de quem realmente vive isso em seu dia a dia,
nos jardim, nos cursos, no terreiro.
Que fale sobre ervas quem vive as ervas, quem as trata com o
devido respeito e carinho, pois se não sabem, há um sistema reativo
em toda a natureza, que é implacável com todos aqueles que que-
rem apenas usufruir no meio humano, das bênçãos divinas que são
manifestadas na natureza.
RITUAIS COM ERVAS Se você sentiu algo em seu espírito ao
ler essas linhas, é porque você é poderoso candidato a ter uma ma-
ravilhosa experiência com os elementos da natureza em um dos
nossos grupos de estudo sobre as ervas. Vença a distância, o cansa-
ço e a preguiça e traga ao seu espírito algo que ninguém pode tirar
de você: o conhecimento.
Falta coragem, então busque nas próprias ervas a inspiração
para aprender. Tome um bom banho de limpeza e equilíbrio (arru-
da, casca de alho, pinhão roxo, eucalipto, hortelã, manjericão e sálvia)
antes de dormir, acenda uma vela verde, ofereça a Pai Criador, Mãe
Natureza, os Sagrados Orixás Oxóssi e Obá – o Trono do Conhecimen-
to, às Forças Vivas de Jurema, e peça inspiração, força e proteção para
trilhar esse caminho sagrado.

Se pretende administrar sua vida, é preciso CORAGEM.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

“Há pessoas que vivem por viver, porque foram colocadas no


mundo. Nada as estimula, nada as atrai. São pessoas sem graça, parece
que lhes falta o sopro da vida. Não seja uma delas.”

Reaja, lute, trace seus ideais, pois só é digno de viver aqueles


que lutam por eles. Faça da sua vida única. Na verdade você não
sabe se terá outras oportunidades. Descubra seus talentos e realize
seus sonhos.
Não tema, pois o conhecimento é para todos. Todos podemos
despertar os poderes das ervas com amor e bom-senso. Faça parte
disso, venha tornar seu mundo melhor e beneficiar a si mesmo e ao
semelhante. Há novas turmas sendo formadas, não perca
essa oportunidade.

Bênçãos de Mamãe Natureza! Sucesso e muita alegria a


todos, muito obrigado, muito obrigado, muito obrigado!

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

ERVA
É PODER
O conhecimento sobre as ervas não pode ser restrito a uma religião,
ou a um meio acadêmico. Está na natureza, como parte integrante
da criação Divina e é o elemento que mais se aproxima da natureza
material humana.
Carrega a força dos quatro elementos primordiais, terra – água –
fogo - ar. E, devidamente ativado, transfere para o ambiente a energia
contida em si. Erva é poder, erva é força, é poder realizador, erva é
cura, erva é fundamento.
No entanto, para atuar no meio humano, é importantíssimo que
seja ativada e devidamente direcionada. Para a energia vegetal não há
vontade própria, tanto que muitas ervas são usadas para magias ne-
gativas, pois assim são ativadas e direcionadas.
Nesses casos, o elemento é apenas uma ferramenta, sendo o
ativador o responsável pelo resultado e disposto à lei de ação e reação.
Partindo de um princípio “tradicionalista”, seria abstracionismo achar
que as ervas não têm espírito próprio. Têm sim, mas alimentados pela
“imanência divina”. São espíritos coletivos, regulados por mecanismos
elementais, e controlados por rigorosos mentais superiores. Esses sim
os verdadeiros inspiradores da Luz do Saber .
Essa energia pode ser ativada de forma iniciática (os irmãos que
fizeram cursos de ervas comigo conhecem bem isso!), de forma reli-
giosa, ou seja, a partir do fundamento de uma religião; ou mesmo de
forma popular, na medicina caseira, e na transmissão desse conheci-
mento de forma oral, de boca em boca.
É importante lembrar que consideramos “erva” o elemento ve-
getal que é composto de raízes, caules, folhas, sementes, casca ou le-
nho, frutos e flores, e cada um desses itens tem seu valor energético e
sua forma de se manter e se manifestar.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Nunca colocamos de forma definitiva que o conhecimento so-


bre as ervas era exclusividade nossa. No entanto, a forma de interpre-
tá-lo sim tem origem em nosso trabalho, que se tem concretizado no
tem po, é porque tem ressonância na vontade superior.

“A classificação das ervas em categorias, quente, morna e


fria, atende a necessidade do mental humano de ter parâmetros
de comparação...”

CLASSIFICAÇÃO
DAS ERVAS
ERVAS QUENTES OU AGRESSIVAS

São ervas que carregam em sua estrutura vibracional energias vivas


que atuam no sentido de eliminar, limpar, dissolver, anular, cortar, que-
brar os acúmulos energéticos negativos que, junto ou separado das
atuações espirituais negativas, envolvem suas vítimas em camadas
energéticas densas, que facilmente travam os canais luminosos, seja
das pessoas ou dos locais onde elas vivem.
Essas ervas são como ácidos do astral, que onde encostam cau-
sam reações não só em relação aos fatores negativos, mas também
exaurindo energia vital de quem as usa. Por isso o dogma de não usar
ervas na cabeça.

ERVAS MORNAS OU EQUILIBRADORAS

São ervas que carregam em sua estrutura vibracional energias vivas


que atuam no sentido de corrigir os desvios energéticos causados
pelo uso das ervas quentes ou agressivas, harmonizar seus chacras
(centros de força), equilibrar as energias vitais importantíssimas para o
bom funcionamento do organismo espiritual humano e consequen-
temente do físico.
São poderosíssimos energéticos, levantadores de astral e direcio-
nadores. Ervas que podemos usar no dia a dia, sem restrição alguma.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

ERVAS FRIAS OU ESPECÍFICAS

Dentro dessa categoria encontramos as ervas cujo uso se resume a


algum fator extremamente específico, como as ervas medicinais cujo
uso é apenas direcionado para o tratamento do físico, não levando em
consideração seu uso religioso.
Outros fatores compõem essa categoria, que concentra as er-
vas cujos fatores religiosos espirituais são muito bem definidos, e não
tão generalizados como nas outras categorias.

ERVAS FEMININAS

Quando falamos de ervas femininas, falamos de autoestima e poten-


cialização do fator humano feminino. São ervas muito ligadas também
ao fator espiritual humano, à sensibilidade do espírito.
EXEMPLO: Malva, Rosa Vermelha, Artemísia, etc.

ERVAS MASCULINAS
Da mesma forma que as femininas, não são simplesmente atrato-
ras desse fator, mas potencializadoras do seu estado natural. O fator
humano masculino está bastante ligado ao aspecto material da vida,
sendo que algumas dessas ervas aparecem também como atratoras
de prosperidade.
EXEMPLO: Folha de Café, Louro, Romã, etc

ERVAS CALMANTES
São ervas que não atuam somente no corpo físico por características
fitoquímicas. Atuam nos organismos espirituais e em seus sistemas
nervosos no sentido de tranquilizar um espírito ou um ambiente
em turbulência.
EXEMPLO: Capim cidreira, Melissa, Camomila, etc.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

FORTALECEDORAS DA MEDIUNIDA DE (INTUIÇÃO)

São ervas que atuam no sentido puramente espiritual, agindo em nos-


sos centros de força e canais mediúnicos, facilitando assim a atuação
dos trabalhadores do astral em nosso aparelho mediúnico. Facultam
ao espírito a energia necessária e a limpeza precisa para que sejamos
canais adequados para a espiritualidade.
EXEMPLO: Jasmim, Alfazema, Rosa Branca e Anis-Estrelado

A FORÇA
DA JUREMA
Salve turminha das ervas! Salve irmãozinhos em Mamãe Natureza.
Que a força viva da Jurema nos abençoe.

Quando falamos em Jurema somos automaticamente remeti-


dos ao universo religioso, e nos lembramos de imediato dessa fantás-
tica linha de trabalhos espirituais das Caboclas Juremas.
Sabemos que Jurema, além dessa fantástica falange, é tam-
bém o nome de uma árvore, a “Jurema Preta” - Mimosa hostilis é seu
nome científico.
Há várias confusões em relação a essa árvore sagrada. Acredito
que a principal seja a confusão com outros tipos de jurema, ou acácias.
É uma árvore bastante característica da região Norte – Nordeste do
Brasil. Gosta de calor intenso, e por isso sua propagação em São Paulo
(região Sul – Sudeste) é muito difícil, e mesmo que essa árvore cresça
por aqui, perde parte das características de cor, aroma, etc.
A vibração da árvore jurema é associada aos Orixás Oxóssi, Obá
e Oxalá. Sua casca é considerada “quente”, com alto poder de limpeza,
principalmente para o chacra coronário de médiuns, ou seja, a “coroa
mediúnica”.
Dentro dos ritos do Catimbó, essa sagrada religião da natureza,
pautada no culto tanto à árvore da Jurema (sua essência energética e
ao que ela representa para o juremeiro), quanto aos Mestres da Ju

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

rema, (espíritos de grau iniciático no seu culto e manipulação ritualís-


tica de elementos ligados a ela) seu uso é bastante amplo, passando
das beberagens, fumos sagrados e ritualísticos, banhos e defumações.
A própria presença da erva já é uma bênção para o juremeiro, ou o
praticante do culto à Jurema.
Jurema também é o nome dado ao espírito vegetal, à força viva
da erva, à sua energia elemental básica. Podemos dentro dos terreiros
usar a jurema preta de forma bastante simples e direta, seja nos ba-
nhos de defesa e limpeza; nas defumações de desenvolvimento, ou
mesmo em dias de festa de caboclos, colocando algumas cascas de
jurema em vinho tinto, deixando descansar por uma semana pelo me-
nos em local escuro, e servindo aos caboclos.
Vale lembrar que aqui não podemos ter, e não temos, a pre-
tensão de ensinar ninguém a ser um juremeiro, mesmo porque isso
não se ensina, se vivencia. E essas receitinhas são extremamente bá-
sicas, fato que se alguém tiver interesse em aprender mais sobre er-
vas, jurema, etc. procure os locais e pessoas habilitados a falar sobre
o assunto.
Essa beberagem de Jurema é apenas um vinho misturado com
cascas, e não uma bebida inicática, ok? E apenas um agrado que se
faz à linha de caboclos na Umbanda, que por definição, são os jure-
meiros por excelência.

Bênçãos de Mamãe Jurema em nossas vidas!


Bênçãos de Papais e Mamães Orixás também!
Sucesso, saúde e muita magia a todos.

Aquele que acha que sabe tudo perde uma grande oportunidade
de aprender o que não sabe.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

AS ERVAS DE EXU
É importante “esvaziar” a casa para poder colocar coisas novas, que-
ro dizer exatamente que nada pode ser plantado onde já alguma
coisa brotando...
Limpar a casa não necessariamente é um processo de limpe-
za superficial. Remover as cargas energéticas negativas, limpar os
miasmas e larvas astrais, desinfetar-se de fluidos negativos, podem
exigir um clamor a forças adequadas a esse tipo de trabalho.
Quando me perguntam sobre ervas de Exu, normalmente dou
uma explicação teológica sobre o assunto, de que Exu responde pelos
aspectos negativos dos Orixás, então responde também em qualquer
erva, correto? Não exatamente, pois se enxergarmos Exu como um
Orixá, então teremos características de Exu na criação Divina, isso sim
está correto.
Há ervas ligadas diretamente à vibração de Exu, e podemos dar
como exemplo as cascas de alhos e cebolas (de todos os tipos), alguns
tipos de cactos, plantas de extrema agressividade ao toque, como a
aroeira preta (ou brava), a urtiga, cansanção, açoita cavalo, etc.
Mas como é Orixá, compartilha suas ervas com outras vibra-
ções também. Então é correto falarmos, em termos genéricos, que
determinadas folhas são de um Orixá, mas manipuladas (e com
maestria!) por Exu.

Folha da Mamona – Oxalá – manipuladas por Exu

Pinhão Roxo – Omulu/Ogum/Iansã – manipuladas por Exu

Casca de Alho – Obaluaê/Oyá-Tempo – manipuladas por Exu (e


Exu Mirim também)

Casca de Cebola – Omulu/Tempo/Iansã – manipulada por Exu Etc.



Não podemos esquecer que Exu “mistura” diversos elementos a
seu trabalho, ou seja, não se limita ao universo vegetal. Adiciona líquidos
(pinga, whisky, cerveja, etc.), e alguns outros elementos como sal grosso,
enxofre, carvão, etc...

Sucesso, saúde, bênçãos de Papais e Mamães Orixás, força e


proteção de todo povo da esquerda!

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

RENOVAÇÃO
Salve turminha das ervas e do amor à Mãe Terra. Saudemos o poder
criador, saudemos Mãe Natureza.
Quanto tempo faz que você não anda com os pés na terra? Digo
tirar os sapatos, andar na terra, ou na areia e senti-la, sentir no espírito a
força de mãe natureza.
Quanta atenção damos ao stress do dia a dia? Quanto nos pre-
ocupamos com o cotidiano; o que realmente devemos fazer, pois afi-
nal é dele que sobrevivemos, desse cotidiano; mas enfim, quanto nos
preocupamos e deixamos de lado a essência da vida? Vamos observar
as árvores nessa época... principalmente algumas frutíferas. A maioria
delas no outono e inverno ficou um bom tempo em repouso, meio
murchas, e agora suas folhas estão caindo, bem secas e dando lugar a
folhas verdinhas, e florezinhas que começam a aparecer meio discre-
tas, meio sem pretensão e vão tomando lugar às que vão caindo.
Muito bem, assim somos nós. Muitas vezes não percebemos,
mas algo murcha em nossas vidas, vai perdendo força, vai desgastan-
do e, assim como as folhas secas, procuram se desligar da gente. Nós
nem sempre percebemos e nos apegamos a esses elementos, que
naturalmente seriam levados pelo vento e deixariam de fazer sentido
para nós, e não permitimos que deem lugar a folhas e flores novas,
pois somente assim a árvore pode frutificar. Nos ligamos ao desneces-
sário e assim impedimos que venha o novo.
Ande com os pés na terra, procure um jardim, um parque, a
areia da praia, onde for melhor para você. Tire os sapatos, respire bem
fundo, pelo menos umas três vezes, deixe a vibração da terra subir pela
sola de seus pés, repita várias vezes: “Eu me vivifico na força viva de
Mãe Terra” – e sinta a força da vida fluir através de você. Guarde essa
vibração no peito, no seu chacra coronário, deixe a força da terra per-
correr seu corpo, seus órgãos. Renove-se na força viva de Pai Criador e
Mãe Natureza. Não se esqueça de agradecer. Agradeça sempre, pois a
gratidão é a maior porta da reconciliação consigo mesmo.
E por falar em renovação, vamos nos lembrar das crianças... Cos-
me e Damião, os nossos queridos erês na Umbanda.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Sua vibração renovadora, elevadora do espírito, sutilizadora dos


sentimentos, é manifestada pela alegria, pelo jeito criança de ser. Pela
pureza de espírito, pela transparência de sentimentos, emoções e for-
ma simples de enxergar a vida. Veja como as crianças veem o mundo
com simplicidade, nós adultos é que complicamos tudo...
Um ótimo preparo de ervas nessa vibração vai: Rosas “cor de
rosa”, Graviola folhas, Alcaçuz, Erva Doce, Manjericão, Rosa Branca, Ca-
momila, Alecrim... lembramos que o Alecrim também é chamado de
“erva da alegria”, pois traduz em energia esse sentimento.
Alegria, alegria, está chegando a primavera! Mantenha sua casa
florida, a dica desse mês são os tons rosados, as violetas de cor clara, as
flores amarelas para pessoas e ambientes que precisem de energia e
movimento.
A calêndula com seu tom energizante (amarelo/dourado/laranja)
é ótima para banhos, para esses casos que citei acima de necessidade
de energia e movimento. Pode ser colocada num recipiente de vidro
com água e deixada no ambiente. Apenas colocada no ambiente já traz
um conjunto de energia muito interessante.

Alegria, sorte, sucesso, saúde e muita renovação a todos!

QUERER É PODER?
Agradecemos sempre ao nosso Pai Criador, à Mãe Terra, Mãe Natureza
pelas bênçãos e pelas oportunidades que nos dão.
Nos últimos dias temos sido bombardeados por informações e
mensagens de otimismo, autoajuda, enfim, a motivação está em alta.
Esse efeito causado principalmente pelo fenômeno do filme docu-
mentário, O Segredo, retratado semanas atrás pela revista Veja, com a
matéria, “Peça, Acredite, Receba!”, reacende uma questão:

Querer então, é poder?

Podemos aliar nossas vontades com a religião, elementos natu-


rais e práticas litúrgicas?

50
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

E o que isso tem a ver com as ervas? Porque estou lendo isso,
na coluna do Erveiro e ele fala sobre motivação, otimismo, autoajuda?
Muito simples, as ervas estão diretamente ligadas ao poder realizador.
Isso mesmo, poder realizador.
Mesmo que não queiramos falar nesse assunto, talvez porque
nossa modéstia não permita, manipular elementos naturais é uma
manipulação do poder contido nesses elementos. Poder realizador
sim, quando usamos uma erva com um objetivo, a força realizadora
desse objetivo está contida na essência energética dessa erva.
Por exemplo, se usamos uma folha de Pinhão Roxo para execu-
tarmos uma limpeza astral, seja numa pessoa ou numa casa, estamos
usando, da erva, seu “poder limpador”.
Esse poder está lá, dentro da erva, em seu contexto energético,
mas é você quem o desencadeia, é você que liga a chave que vai de-
terminar como esse poder vai funcionar.
Sendo assim, poderíamos concluir que apenas “desejando”
a limpeza energética poderíamos alcança-la? Claro que sim! Mas,
no entanto a erva funciona como uma facilitadora dessa magia, en-
curtando consideravelmente o tempo de realização e a própria força
desencadeada para isso. As ervas são milagrosas sim, mas o milagre
está em você. As ervas não fazem o milagre por si só, apenas te colo-
cam em condição energética de receber com muito mais eficiência as
vibrações realizadoras daquilo que você almeja.
Pra gente entender, vamos imaginar que você vai a praia tomar
sol, pegar uma cor bronzeada... os raios solares por si só já lhe conferi-
riam uma cor interessante, mas usamos os bronzeadores para que es-
ses raios atuem de forma uniforme e atinjam o objetivo a ser realizado.
Muito bem, assim como esse argumento facilitador para o
bronzeamento, as ervas trazem uma uniformidade energética, den-
tro do seu campo de ação, que facilitam a conexão de nós, espíritos
humanos, com as virtudes de nosso Pai Criador, personificadas em
cada um dos nossos Amados Pais e Mães Orixás, forças da Criação
Divina. Por isso uma erva é atribuída a um Orixá. Não apenas pelo
formato de suas folhas, semelhante aos instrumentos dos Orixás ou
da sua forma de onda vibratória, mas pela vibração energética con-
tida em cada folha. Como já disse, cada folha é um universo em si,
uma enciclopédia a ser lida, detalhada, aprendida e

51
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

absorvida pelo nosso espírito.


Não podemos nos esquecer de que tudo evolui, tudo
flui e nunca para. Vivemos nos grandes centros urbanos e nem sem-
pre temos tempo para parar, meditar 30 minutos por dia, ficarmos em
estado de graça junto às divindades, etc. Seria muito bom se pudés-
semos fazer isso como prática diária, mas nem sempre é possível. O
universo no dá argumentos que compensam nossas deficiências de
tempo, como por exemplo as ervas, que carregam em si fatores com
poder realizador contido, que desencadeados por nós aceleram e
muito a concretização de nossos propósitos. Mas é muito importante
uma atitude mental positiva.
Nada adianta fazer um banho de prosperidade e acreditar na
própria falência, mais do que na prosperidade. Como está no título da
matéria, Peça, acredite e receba!
Vamos citar algumas ervas e seus respectivos “poderes atuan-
tes” que podem ser desencadeados a partir da nossa determinação e
vontade.

Ervas facilitadoras de: Prosperidade:


Folhas de Laranjeira, Louro, Carapiá (raiz).

Auxiliar na cura de doentes:


Assa-peixe, Sete Sangrias, Erva de Santa Maria.

Atrator de vibrações pessoais (para mulheres):


Malva Rosa, Patchouli, Melissa.

Atrator de vibrações pessoais (para homens):


Café (folhas), Menta, Louro.

Fortalecedor da intuição e mediunidade:


Alfazema, Jasmim, Anis estrelado, Rosa Branca.

E não poderíamos deixar de citar algumas ervas do nosso amado


Pai Orixá Ogum, já que nesse mês de abril, a maioria de nossas
casas comemoram essa vibração viva e atuante em nossas vidas:
Espada de São Jorge, Folhas de Goiabeira, Guiné, Assa Peixe, Quebra
Demanda, Abre Caminho, Açafrão, Gengibre, etc...

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

ERVAS FRESCAS
E ERVAS SECAS
Quando começamos esse trabalho com as ervas, não tínhamos noção
(e de certa forma ainda não temos), de onde chegaríamos. Achei que
falaria sobre as ervas em alguns números do jornal e o assunto passa-
ria para outra pauta. No entanto, temos fala-do cada vez mais sobre os
elementos da natureza e cada vez mais eles (os elementos)
têm proporciona-do para todos nós argumentos e campos extensos
para buscarmos novos horizontes.
A simplicidade de Pai Criador é incrível. Dispensa processos
complicados de iniciação e tratados herméticos onde apenas poucos
são colocados diante de algo que está a um palmo de nosso nariz: To-
das usadas em banhos e/ou defumações.

Que Papais e Mamães Orixás possam nos abençoar! Sucesso,


saúde, muito pensamento positivo e atitude mental superior a todos
nós! a Maravilha da Criação Divina!
Muito ao contrário do que já foi dito sobre banhos, defumações
e benzimentos, tachados até de “magias populares” que qualquer um
poderia fazer, temos aberto campos de ação maravilhosos e realmen-
te eficazes, e tudo isso de forma simples e objetiva.
O uso das ervas no dia a dia; a desmistificação do uso das ervas
e Orixás, e a abertura de formas simples de executar algumas rezas
para benzimento (contidas em nosso livro de bolso “O Poder das Er-
vas”) têm trazido para a gente muita satisfação nesse trabalho.
E é muito importante gostar do que se faz! E isso não é vaidade,
é autoestima!
Quero falar de um assunto que sempre chama a atenção, seja
nos textos de jornais e revistas, ou mesmo nas centenas de comunida-
des na internet que falam sobre ervas: o uso das ervas secas ou das
frescas. Qual é o melhor? Onde está a magia?
Há quem se divida nessa discussão. E não são poucos. Alguns
adeptos de religiões de matriz africana afirmam piamente que as er-
vas secas estão mortas. Não admitem em hipótese alguma o uso de
ervas secas.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

São elementos que passaram por uma transformação. Da sua


forma original foi retirado o líquido. A essência aquática. Mas isso não
é ruim, não. É apenas diferente e muito apropriado para algumas
práticas.
O fato de a erva ter passado por esse processo transformador,
fez com que ela carregasse em si o próprio fator da transformação. A
energia fica muito mais concentrada. Mas precisa ser acordada. É aí
que começa a falta de conhecimento (ou de amor) de quem as criti-
ca. Acordar uma erva seca requer Fé.
É necessário acreditar que o elemento está vivo, ativo, vibrante,
e naquele momento está apenas em estado de dormência.
As ervas secas normalmente são colhidas por pessoas que não conhe-
cemos. Em situações que não sabemos. Por exemplo, não sabemos
se, ao colher a erva, o indivíduo que o fez estava de tão mau humor,
captando energias negativas do astral, que impregnou as ervas dessa
essência densa. E aí? Fazer o quê?
Pois bem, já dissemos que para colher a erva devemos nos di-
rigir com Amor e Bom-senso, muito respeito mesmo ao espírito ve-
getal. Esse mesmo espírito vegetal continua animando a erva seca.
Numa forma e essência diferentes. Podemos repetir a reza para
acordar a erva: “Amado Pai Criador de tudo e de todos nós, Ama-
da Mãe Terra, força viva e geradora de tudo o que conhecemos e
também do que desconhecemos, sagradas forças vegetais, peço
que tornem novamente essa erva força viva e ativa, capaz de
responder aos meus estímulos e solicitações de cura e amparo
energético e façam cada vez mais de mim, instrumento de vossa
vontade maior. Assim seja e assim será.”
Mesmo que mentalmente e irradiar com as palmas de suas
mãos em direção à erva, já desembalada e de preferência em um re-
cipiente apropriado. O procedimento é o mesmo para a preparação
de um chá. Quando fazemos a evocação, mesmo nos preparos mais
simples, aumentamos o poder curador, o poder fatoral da erva.
Já para a erva fresca o processo não é muito diferente. E veja,
não estamos falando de dogma religioso. Falamos de procedimento
correto, Amor e Bom-senso. Há também rezas para recolher folhas e
raízes. Lembre- se que as ervas frescas, sejam as do seu jardim ou as
compradas no comércio, estão carregadas de água. E devemos tam-
bém nos dirigir com respeito ao fator aquático contido nas ervas.

54
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Esse fator é muito importante para as práticas de magia. É ele


quem protege a essência vegetal, envolvendo-a em sutis vibrações da
água, permitindo que ela atue somente onde deve.
Aí vem a pergunta: e as pessoas que não estão lendo isso, e pra-
ticam esses atos de magia? Será que nunca tiveram efeito real? Será
que sempre fizeram isso errado? Muito pelo contrário. Não quero aqui
ser o dono da verdade, de jeito nenhum. Apenas trago uma forma di-
ferente, um resgate daquilo que nosso espírito ancestral já conhece e
nós esquecemos por causa da nossa vida urbana e uma série de ou-
tros fatores.
É muito comum vermos as pessoas irem ao terreiro de Umbanda,
tomar o seu passe com o guia, sair com uma lista de ervas para tomar
banho e com aquela cara de interrogação. E agora, o que eu faço? E
não é incompetência do espírito ali manifestado. É falta de conhecimen-
to prático. Com certeza para muitos essa leitura é chover no molhado,
ensinar o padre nosso pro vigário. Mas muitos se beneficiarão e aos seus
semelhantes também com essas dicas de simplicidade.
Resumindo, qual a melhor erva para se trabalhar? A seca,
ou a fresca? A resposta é: a que estiver à sua mão! A que for mais
fácil para você. Exceto, claro que for algo muito específico. Por exem-
plo, a pessoa passou por uma consulta espiritual, no seu centro, terrei-
ro, ou templo de confiança, com seu médium de confiança, e o guia
lhe pediu para fazer algo especificamente com ervas frescas ou secas.
Aí a conversa é outra. Se você realmente confia naquilo que esta ou-
vindo ali, faça. Não discuta. Mas se pairar alguma dúvida, peça outra
opinião, ou siga as recomendações que damos aqui.
E lembre-se, nunca fazemos defumação com erva fresca. Co-
mentamos que a erva fresca carrega muita água ainda, não é. Então
não colocamos água no fogo. Isso é bom-senso.
Temos ainda as resinas vegetais, que usamos apenas para de-
fumação, pois seu uso nos banhos pode ser substituído pelas essên-
cias das mesmas ervas. Entre as resinas mais conhecidas temos o
Incenso (Olíbano) de cor amarelada, a Mirra em tons avermelhados,
e o Benjoim em cor acinzentada, atribuídas aos Orixás Oxalá, Oyá,
Xangô, Ogum entre outros.

Sucesso, saúde, muito amor e bom-senso.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

BANHOS
A água é concentradora do elemento vegetal. A energia aquática car-
rega a força vegetal, fazendo com que ela seja absorvida mais facil-
mente pelo nosso espírito. Não esqueça que nosso corpo humano é
formado por pelo menos 75% de água.
Nosso fator aquático humano, em contato com o fator aquático
carregado de energia vegetal, se funde, formando assim, energetica-
mente falando, um elemento mais fácil de ser absorvido pelo nosso
organismo espiritual. É o veículo que o espírito vegetal encontra para
se unir a nós.
Sempre me perguntam se devemos tomar banho de ervas na
cabeça. Na verdade, esse assunto é o mais polêmico de todos, porque
envolve conceitos religiosos tradicionais, e sobre eles eu não opino. O
que digo é, se você não está ligado a alguma doutrina que lhe impõe
isso, não se preocupe. Existem ervas, como veremos mais adiante, que
devemos realmente evitar colocar na cabeça, em nosso centro de for-
ças, ou chacra, coronal. Mas por outros motivos energéticos, que de-
vem se estudados caso a caso.
É comum ouvir que filhos de determinados Orixás não podem
usar ervas de outro Orixá na cabeça, até com risco de morte. Os espe-
cialistas em Orixá que digam isso em suas publicações e sejam ouvi-
dos por quem está ligado a essa energia. Mesmo em minhas práticas
religiosas, tenho visto muitas pessoas usarem todo tipo de erva na
cabeça e continuar com seu juízo perfeito, sem risco nenhum. Mui-
tos dos acúmulos energéticos negativos, que são o motivo da limpe-
za espiritual com ervas, localizam-se exatamente no chacra coronal,
na coroa mediúnica, no alto da cabeça. Porque então não deveríamos
colocar ervas lá, no foco da atuação? Preparar os banhos não requer
muita prática. Requer muito amor e bom-senso.
Os processos que podem ser usados para preparar os banhos
são os mesmo descritos para o preparo de chás. O banho pode ser
preparado quente ou frio, depende do tipo de erva a ser utilizada.
Se for usar apenas ervas ou flores frescas, pode colocá-las, de-
pois de lavadas em água corrente, em uma bacia ou panela com água
fria e deixar por umas duas horas. Esse processo chama-se maceração.
Você pode também, nesse processo, amassar as ervas com as mãos,

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

dentro da bacia com água e depois deixá-las descansar por uma hora,
cobertas com um pano branco. É muito positivo também, nesse caso,
acender uma vela branca ao lado do preparo, e na reza evocatória pe-
dir que ilumine e envolva o preparo com as energias vivas do fogo.
Essa prática é muito positiva, pois enquanto você amassa as
ervas com as mãos, pode fazer a reza ativadora, e ali, pode ter certe-
za, o banho já começará a agir no seu campo astral. Mentalize a aura
vegetal envolvendo suas mãos, absorvendo a partir da palma delas
todo o negativismo, as formas pensamento, os miasmas astrais do
seu espírito.
Se as ervas forem secas, mesmo que sejam folhas, flores, raízes
ou cascas, simplesmente coloque água para ferver em uma panela
e, quando atingir a fervura, coloque as ervas já separadas dentro da
água, deixe ferver por um minuto e desligue. Tampe e deixe amornar.
Você pode unir os dois processos, fazendo a fervu ra com as ervas se-
cas, e depois de amornar fazer a maceração com esse preparo e as
ervas frescas.
Depois disso, deixe o preparo descansar e coe antes de usar.
Podemos coar o banho porque já concentramos na água aquilo que
precisamos da erva, seu organismo espiritual energético. Os banhos
são administrados após o banho normal. Coloque o preparo pronto
em uma panela, bacia, balde etc. e complete com água quente do
próprio chuveiro.
A temperatura do banho deve seguir a regra do bom-senso.
Não deve ser quente demais, pois poderá causar queimaduras, nem
frio demais, pois poderá ser desagradável se a temperatura ambien-
te também estiver baixa. O banho morno é bastante adequado por
seguir o meio termo. Não é necessário tomar o banho frio, exceto em
alguns casos muito específicos, a partir de solicitação e acompanha-
mento religioso.
Ao terminar seu banho higiênico, levante a panela acima de sua
cabeça e faça essa oração:

Senhor Deus, meu amado Pai Criador, Amada Mãe Terra, Ama-
da Mãe Água, Sagradas Forças Vegetais, peço de coração que
abençoem esse banho. Que ele seja verdadeira força viva em
minha vida, em meu campo energético, proporcionando saúde
espiritual e física, limpeza astral, e que todas as formas de vida

57
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

atuando negativamente em minha vida sejam alcançadas por


ele e assim tenham também em sua vida os efeitos positivos
dessas ervas. Assim seja e assim será.

Ao terminar de jogar esse preparo sobre o corpo, respire pro-


fundamente umas três vezes e mentalize círculos coloridos à sua volta,
descendo pelo seu corpo em espirais nas seguintes cores: verde, azul,
violeta, branco e rosa.
Deixe alguns instantes assim, com o banho em seu corpo, sem
enxaguar e sem enxugar também. Deixe seu espírito vibrar junto com
a erva. Sinta a energia viva envolvendo seu corpo físico e espiritual e pe-
netrando nos corpos internos e nos órgãos, muitas vezes doentes e de-
bilitados. Preferencialmente tome os banhos antes de dormir, exceto os
energéticos e estimulantes, que devem ser tomados pela manhã.
Em relação à quantidade, a proporção é sempre um bom pu-
nhado para cada meio litro de água. Não usamos medida exata, pri-
meiramente por não se tratar de preparo fitoterapêutico, e também
porque a melhor medida para seu uso é sua própria mão em concha.
Os banhos não são apenas para nosso corpo, nosso organismo espiri-
tual humano. Podem e devem ser usados também para nossas casas,
locais de trabalho e casas de trabalho espiritual.
Preparamos o banho para casa da mesma forma descrita, e pas-
samos no chão com um pano branco, de preferência novo ou destina-
do apenas para esse fim. É interessante também passar esse preparo
em paredes que possam receber líquido (cuidado para não manchar a
pintura), e principalmente nos batentes das portas e janelas.
O uso das essências prontas – à base de água ou álcool - no
banho não tem contraindicação, porém não devem ser as únicas fon-
tes de energia vegetais no banho, o único elemento. As essências têm
grande valor aromaterápico, causando pelo seu odor agradável ver-
dadeira fusão dos elementos vivos das ervas. Vemos o uso prático das
essências nos banhos de cheiro, principalmente para casa.
O resíduo de ervas usado para o preparo dos banhos deve ser
devolvido à natureza. Ou à terra do jardim ou a um rio. Como parte e
continuidade da magia, essa prática deve acompanhar a intenção de
o elemento natural, água ou terra, receber e diluir todo e qualquer re-
síduo negativo em que a prática de magia esteja envolvida.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Pode devolvê-la ao jardim de sua própria casa, ou um vaso,


por exemplo, ou mesmo numa praça, ao pé de uma árvore. Se
jogada num rio, tomar o cuidado para não jogar saco plástico ou
outro material sintético, mas somente os resíduos vegetais; regra
que também se aplica a resíduo de velas, porque nada mais são
do que parafina, elemento petroquímico. Não precisamos poluir
ainda mais nossa natureza.

DEFUMAÇÕES
E INCENSOS
Defuma com as ervas da Jurema... defuma com arruda e guiné...
Benjoim, alecrim e alfazema... vamos defumar filhos de Fé.
Entoando o cântico da Jurema, o aparentemente simples car-
vão em brasa se torna elemento-veículo para que as ervas secas -
material já transformado - novamente entre em ritmo de transforma-
ção, desta vez se fundindo e liberando no elemento eólico (ar) suas
qualidades curativas e equilibradoras, profiláticas e limpadoras dos
campos astrais mais sutis, mais externos e dissolvedoras dos acúmu-
los de organismos insensíveis ao elemento aquático.
Essa cena é muito comum nas casas Umbandistas, normal-
mente os trabalhos de caridade são precedidos de uma boa defuma-
ção. Ela prepara o ambiente, o astral dos médiuns, e há quem possa
ver o movimento no astral espiritual e que confirme, todos os espíri-
tos que irão trabalhar na sessão daquele dia se defumam também na
contraparte etérica, e além de se defumar, guardam em dispositivos
armazenadores astrais uma boa parte das essências vegetais-eólicas,
para posterior uso durante os passes. Tão antigo quanto os banhos, as
defumações aliam dois elementos importantes no trato com as ervas.
O fogo e o ar.
O elemento vegetal não combina com o fogo. O fogo é elemen-
to oposto ao vegetal. Essa afirmação é verdadeira quando falamos do
vegetal in natura, a erva fresca.
Como já dissemos, a erva fresca tem uma grande concentra-

59
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

ção de água. Em verdade, é esse o componente oposto ao fogo,


a água contida no vegetal. Já dissemos anteriormente que a erva
seca passou por uma transformação, do seu organismo material
foi retirada a água. Isso faz com que a erva, já seca, possa fundir-se
ao elemento ígneo assim resultando em um subelemento impor-
tantíssimo: a fumaça (ar). O ar é o segundo elemento mais impor-
tante por onde a energia vegetal se propaga. O ar é o expansor
dessa força viva. Por ele, propagam-se os aromas e as essências
vibratórias vegetais.
Preparar uma defumação pode parecer tarefa para poucos,
mas não é não. Você vai precisar de carvão, esse usado para chur-
rasco mesmo; um pouco de álcool de boa qualidade, ou álcool em
gel, preferencialmente que não contenha mais água que álcool; e um
incensário, também chamado de turíbulo, de qualquer material, ou
melhor e mais barato ainda, aquela latinha de chocolate em pó que
sobrou. Daremos a seguir dicas de preparação. Preparação da lata de
defumação: se não optar por um incensário já pronto, pegue a lata
limpa, faça alguns furos na parte lateral inferior, não no fundo. Isso é a
passagem do ar, sem o qual é impossível acender o carvão. Coloque
uma alça comprida com arame, ou se quiser sofisticar, aquelas cor-
rentinhas usadas em vasos que ficam pendurados.
Pronta a lata defumadora, coloque o álcool gel no fundo, em
boa quantidade, coloque o carvão por cima do álcool gel, derrame
um pouco mais em cima do carvão e coloque fogo com um fósforo.
Deixe queimar por alguns minutos até o carvão ficar em brasa. Pe-
gue na alça com cuidado para não se queimar e balance de um lado
a outro, se precisar assopre também. Uma vez o carvão incandesci-
do, estará pronto para receber as ervas secas.
Preparação das ervas: as ervas já devem estar separadas na
quantidade necessária para a defumação, ou seja, um punhado de
cada ou mais dependendo do tamanho do lugar a ser defumado e
do número de pessoas presentes.
O número de ervas a ser utilizado depende da finalidade da
defumação. Um preparo limpador de ambientes e de pessoas sem-
pre deve ter número ímpar de ervas, por se tratar de desfazer algo,
o ímpar é o número da desagregação. Um preparo harmonizador e
equilibrador pode ter número ímpar ou par. Um preparo atrator de
sentimentos, prosperidade, energético, deve ter sempre número par.

60
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Siga sua intuição, ela é sua melhor orientação.


Ao separar as ervas, coloque-as em recipiente próprio, que
pode ser uma pequena bacia, um pote plástico, enfim o que você
tiver à mão. Misture-as com as mãos e vá mentalizando aquilo que
você quer que ela (a defumação) realize. Sinta a erva em suas mãos
e deixe as energias vegetais envolvê-lo. Faça a reza para acordar a
erva seca e a reza ativadora do fogo. Para defumações de limpeza e
descarga de ambientes, sempre caminhar com a fumaça de dentro
para fora da casa, ou seja, dos fundos da casa em direção à porta de
saída, passando por todas as dependências. Deixando o incensário,
se possível do lado de fora. Se for apartamento ou algum lugar onde
não possa proceder dessa forma, deixe dentro mesmo. Não é esse
ato que irá mudar a ação, é seu comportamento espiritual de Amor
e Bom-senso.
Se o objetivo da fumaçada é abrir os caminhos, harmonizar e
equilibrar os ambientes, energizar o local e as pessoas, faça o contrá-
rio, defume da porta de entrada em direção ao fundo da casa, pas-
sando por todos os cômodos.
Coloque as ervas sobre o carvão e defume. Se quiser, cante pontos
de Jurema, ou reze durante a defumação, pedindo tudo aquilo que é
o objetivo da magia.
Sempre me perguntam sobre os incensos e defumadores co-
merciais, e mesmo os artesanais. Você pode usá-los sem problemas,
mas eu recomendo que sinta primeiro o uso do produto pronto e da-
quele que você mesmo vai preparar. Veja com qual você percebe o me-
lhor resultado. Isso é muito pessoal. Faça a ativação do incenso ou defu-
mador em tablete, da mesma forma que faria da defumação preparada
por você. Ao acendê-lo, mentalize uma aura energética que pode ser
verde, dourada, azulada ou cor de rosa, em volta do incenso e deixe sua
fumaça carregar essa aura por onde se expandir.

61
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

BATE FOLHAS
Pegue um bom maço de folhas ou flores e bata nos cantos de sua
casa, nas portas e janelas, embaixo das camas, banheiro, enfim, na
casa toda. Esse ato é muito comum como prática religiosa e requer
bastante concentração.
Você pode também pegar um pedaço de galho de pitanguei-
ra, figueira, ou outra árvore que você sinta afinidade, e usá-lo como
cabo para uma vassoura simbólica, onde você irá amarrar um maço
de ervas com um barbante e passar pelo chão de sua casa, como se
estivesse varrendo simbolicamente de dentro para fora, todo o lixo
astral acumulado no lado espiritual do ambiente.
O elemento natural estará unicamente em sua mão e depen-
derá somente de sua fé e boa vontade para agir em benefício de
alguém ou de um local.
Usamos o bate folhas também para fazer benzimentos, pas-
sando o maço de ervas pelo corpo da pessoa a ser benzida, fazendo
a reza do benzimento.

62
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

SAL GROSSO
Esse elemento, de considerada agressividade, também pode ser usa-
do junto com as ervas.

Devemos deixar claro que SAL NÃO É ERVA!

Sua função é a limpeza pesada. Funciona como um ácido


etérico, dissolvendo alguns acúmulos energéticos negativos fa-
cilmente.

Pode ser usado nas defumações e nos banhos, sendo que nes-
se último só deve ser adicionado na hora do uso.

Devemos tomar alguns cuidados ao usá-los nos banhos. Seu


uso indiscriminado pode trazer consequências mais negativas do que
benéficas. Dessa forma, uma prática recomendada é, após seu uso,
abra novamente o chuveiro e deixe cair bastante água no corpo.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

UM POUCO MAIS
SOBRE BENZIMENTO
Como o nome diz, benzer, tornar bento, ou melhor ainda – “bendizer”
ou dizer bem de algo ou alguém. Essa é a melhor forma de abençoar:
dizendo-se bem.
De acordo com a lei da atração, prenunciada dessa forma: so-
mos o que pensamos e vibramos, podemos dizer também que pro-
porcionamos aos outros e aos locais o que pensamos e vibramos;
então, ao bendizer alguém, automaticamente o abençoamos e, ao
contrário, o efeito também se torna realidade, ou seja, ao lembrarmos
algo ou alguém com raiva, ódio, rancor, más lembranças, enfim, envia-
mos a essa pessoa vibrações contrárias às bênçãos.
Efetivamente, podemos dizer que o benzimento é o ato de dizer
(pedir) a Deus, à Natureza, às Forças Divinas da Criação, à Lei Maior, à
Justiça Divina que abençoe essa pessoa, e para isso você está aqui,
dizendo bem dela, ou bendizendo – “benzendo”.
Avalizar, dar aval à benção daquela pessoa, colocar-se como ins-
trumento de intersecção entre o pedinte e a divindade, pedir pela cura,
pela abertura de caminhos, por empregos, paz espiritual, até mesmo
pedir por bichos de estimação, ou coisas.
No passado, era bastante comum ouvirmos benzer “erisipela,
bucho virado, caxumba, mau olhado, susto, vermes etc.”
Hoje usamos termos mais modernos para exatamente as mes-
mas coisas. Benzemos uma casa ou um carro novo; benzemos um
recém-nascido; benzemos de tudo enfim.

PODERES E DEVERES DO BENZEDOR

O benzedor é uma figura inusitada. Pode estar em qualquer um, inde-


pendente de raça, cor ou classe social. Pode estar num executivo ou
numa simples dona de casa.
A correria do dia a dia, o cotidiano, faz com que esses dons fi-
quem cada dia mais inibidos dentro de nós.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Mais do que prender um benzedor a um método, ou a formas e


materiais de trabalho, é importante entender que o benzimento está
em você, e que suas mãos são poderosos captadores, receptores e for-
necedores de vibrações energéticas universais.
Assim como no Reiki, onde a imposição de mãos proporciona
energia de cura, no benzimento captamos vibrações específicas, em
nosso caso a vibração vegetal, na força de Jurema.
O fato de aprender, ou se descobrir benzedor ou rezador, não faz
de você nem um ser especial, nem exige de você mudanças radicais
no seu modo de vida. É claro que não há como conciliar a prática
de bendizer (benzer) com comportamentos absolutamente contrários
à moral, aos bons costumes, e ao bom-senso. O que quero dizer é que
dispensa mudar seus hábitos alimentares, de vestuário, e ninguém
precisa abandonar a tecnologia para ficar mais próximo de Deus. Isso
é bom-senso.
E vale lembrar também que dispensa datas e horas específicas,
ou fases da lua, quaresma etc.

BENZIMENTO COM CHAVE

A chave, por ser um elemento fácil de transportar, pode ser um dos


elementos mais práticos para o benzimento. Onde estiver, você pode
tirar sua chave consagrada da bolsa, ou outro local, e segurá-la firme
na mão, virada para o alto, evocar – Deus amado Pai Criador, Mãe
Natureza, Poderes Divinos da Criação, peço que tornem essa
chave elemento vivo e ativo a partir de agora, para meu benefí-
cio e benefício de meu semelhante. Assim seja e assim será.

Antes de benzer, fazer o sinal da cruz em si próprio, com a mão


ou com a chave, no alto da cabeça, no rosto e no peito.
Ao se dirigir à pessoa a ser benzida, pedir licença ao seu anjo
da guarda pessoal para que possa atuar no campo astral da pessoa.
Se possível, acenda uma vela simbolizando a própria pessoa e seu
anjo da guarda.
Cruzar o alto da cabeça da pessoa, o rosto e o peito. Três vezes
cada. Chamando-a (mentalmente ou murmurando) pelo nome de
batismo, e dizendo: pelo sinal da Santa Cruz, livra-nos Deus, Nosso Se-
nhor, de nossos inimigos. (3x3)

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Cruze com a chave (ou com o elemento) os chacras da pessoa,


dando as determinações. Ao terminar, repita o cruzamento inicial.
Coloque as mãos impostas diante da pessoa, mentalizado luzes,
cores e vibrações positivas.

Para benzer a distância, coloque num prato ou bacia um pou-
co de água mineral, o nome, endereço, foto etc. da pessoa a receber
a benção, e faça o benzimento sobre essa água, deixando uma vela
acesa ao lado. Quando terminar e vela, despeje em água corrente, e o
papel coloque na terra.

Para benzer uma casa, use uma bacia com água no centro da
casa. Acenda 3, 5 ou 7 velas brancas ao redor dessa bacia.
Se quiser, pode colocar o nome de todos os moradores da casa
na água da bacia. Fazer a evocação, pedindo pela limpeza da casa,
passar azeite consagrado nos batentes das portas de acesso (frente e
fundos), e janelas. Se for possível, defume a casa toda.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

CONSAGRAÇÕES
DE ELEMENTOS
PARA O TRABALHO
Você pode consagrar elementos para usar no benzimento, como por
exemplo:

ELEMENTOS FIXOS

Chave, cachimbo, concha, tesoura, faca sem corte, punhal, adaga, co-
lher de pau, crucifixo (de preferência sem Cristo crucificado), medalhas
de santo etc.

ELEMENTOS CONSUMÍVEIS

Azeites com ervas, álcool com ervas, flores, ramos e maços de ervas etc.

Faça um círculo de velas coloridas nas seguintes cores: bran-


ca, rosa, verde, amarela, vermelha, violeta ou lilás e azul clara. Coloque
dentro desse círculo todos os elementos a serem consagrados.
Acenda as velas e faça a seguinte evocação:

Eu saúdo, reverencio e evoco a Deus, nosso amado Pai Criador


de tudo e de todos nós, Mãe Natureza, forças criadoras da na-
tureza divina, os sete elementos – terra, água, fogo, ar, mineral,
vegetal e cristal – e peço que me abençoem e abençoem em
consagração os elementos aqui colocados, para que possam a
partir de mim vibrarem positivamente na vida de meus seme-
lhantes, proporcionando cura, paz, tranquilidade... sendo ativos
a partir de minha vontade e neutros a partir de vibrações estra-
nhas à minha. Que assim seja, pois assim é a vontade de nosso
Pai Criador, e assim será!

Aqui podemos, junto com as velas, colocar outros elementos,


como pedras, cristais etc.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

RITUAIS COM ERVAS


PARA TODOS OS DIAS
INDEPENDENTEMENTE DE RELIGIÃO

Vamos agora, juntos, fazer um estudo de caso, fictício, mas muito pró-
ximo à nossa realidade. Usaremos esse estudo de caso para ilustrar
como as ervas podem nos ajudar, na prática.
É muito comum as pessoas, ou nós mesmos, acharmos que
precisamos de uma energia específica, por exemplo, de prosperida-
de, e na ansiedade de resolver logo o problema (a falta de prosperida-
de), usamos rituais, rezas, banhos, defumações, simpatias, enfim uma
gama de opções para assim atingirmos nossa expectativa e resolver o
problema.
No entanto, é comum após tudo isso o resultado ser bastan-
te aquém do esperado. E por que isso acontece? A primeira opção
é realmente o merecimento da pessoa. Nem tudo o que fazemos
com intenção direta é prontamente atendido por questões que
nem sempre temos consciência ou condição de definir. O mereci-
mento está ligado às nossas opções espirituais, aquelas que esco-
lhemos antes de encarnarmos, e também aos recursos que a Lei
Divina nos faculta para cumprirmos nossa missão na Terra. É difícil
de entender, não é?

Mas se a Lei Divina, a Lei de Causa e Efeito, entender que


naquele momento a tão desejada prosperidade não trará a viven-
ciação necessária à sua ou à minha evolução, esqueça. A coisa não
é exatamente como nós queremos, na hora que queremos.

Isso não quer dizer que temos que nos conformar e dizer que “é
assim mesmo”. Podemos mudar nosso destino, ou carma, mudando
nosso comportamento diante da vida.
Lembremos a máxima: Se você quer um resultado que
nunca teve, terá que fazer coisas que nunca fez. Isso inclui
mudar determinados comportamentos viciados. A outra opção, e
bem mais provável, é aquela de que normalmente estamos im

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

permeáveis à energia específica. Como assim?


Para explicar melhor, vamos usar como analogia a limpeza de
um salão. O piso está todo sujo de óleo e graxa. Como podemos ence-
rá-lo e fazer com que a cera tenha efeito?
É necessário limpar antes para que a cera “pegue” nesse piso.
Usamos nesse caso um solvente, um ácido ou algo parecido, com po-
der agressivo contra a graxa e o óleo.

Muitas vezes nosso campo astral está desse jeito, invadido
por formações astrais, acúmulos energéticos que criam à nossa
volta verdadeira casca densa que torna nosso espírito impermeá-
vel, isolado e impossibilitado de receber qualquer tipo de energia
específica, como a que citamos, de prosperidade.

Assim como o piso de nosso salão, ele precisa de um tratamen-


to de choque. Algo que vai diluir esse cascão e permitir que a energia
específica possa ser aplicada.
Então, após limparmos esse ambiente com ácido solvente,
lavamos e preparamos o piso para receber a cera, que é nosso
objetivo. Antes, porém, precisamos secá-lo e deixá-lo pronto para
receber a cera.
Esse processo de preparação, em nosso campo astral, pode ser
entendido com o equilíbrio necessário para receber a energia es-
pecífica. É muitas vezes fortalecer o espírito para que ele possa apro-
veitar com plenitude a energia que lhe será proporcionada.
Após isso, poderemos administrar o específico, no caso o ritual
para prosperidade, que assim o espírito estará apto, pronto mesmo
para recebê-lo e aproveitar seu benefício.
Vamos dar como exemplo prático um processo onde podemos
nos preparar para receber a energia específica. Não podemos esque-
cer que, se exagerarmos no uso do ácido solvente, ele ao invés de ape-
nas retirar a graxa e o óleo retirará também o esmalte do piso, até fu-
rando-o dependendo do número de vezes que for usado.
É exatamente por isso que devemos evitar o uso de ervas
com características agressivas no chacra coronal. Na verdade, elas
podem ser usadas, desde que respeitem esse critério. Se usadas
em exagero, causam mais mal do que bem. É o caso do sal, que
citamos anteriormente.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

RITUAL DE LIMPEZA
E ENERGIZAÇÃO COM
ERVAS
1º DIA – LIMPEZA PROFUNDA
Esse primeiro dia é bastante importante, dependendo da gravida-
de da atuação, precisará ser repetido.
Usamos as ervas sempre em número ímpar, por entender
que são desagregadoras. Três, cinco, sete, nove, etc. Não precisa-
mos exagerar. Normalmente três ervas são suficientes para uma
boa limpeza.
Sete podem ser usadas para uma limpeza bastante comple-
ta. Use o bom senso e dentro dos exemplos que darei a seguir esco-
lha o número de ervas necessário para a limpeza profunda:

Arruda, Guiné, Quebra Demanda, Espada-de-são-jorge e Espada-


-de-santa-bárbara, Pinhão Roxo, Casca de Alho, Casca de Cebola,
Fumo (de corda ou folha), Casca de Angico, Casca da Jurema, Er-
va-de-bicho, Dandá etc.

Os preparos seguem os critérios descritos em banhos e defu-


mações. Defumamos nossa casa, as pessoas que moram nela, pre-
paramos os banhos e, além de tomá-los, também banhamos nossa
casa. Passamos no chão, nos batentes de portas e janelas com um
pano limpo. Os resíduos devem ser jogados fora de casa. Devolvidos
à terra, ou a um rio.
Lembre-se das rezas para esse processo. Podemos começar
esse processo, ou seja, o primeiro dia de limpeza profunda pode ser
qualquer dia da semana.
Às vezes, ficamos presos aos rituais de dias da se mana, fa-
ses da lua etc., e esquecemos que não há dia para pegarmos uma
gripe, por exemplo. Todos os dias são consagrados a Deus, nosso
amado Pai Criador, e não há momento específico para amá-Lo.
Da mesma forma que não há por que esperar mais um dia

70
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

para fazer um banho ou defumação de limpeza, por não estar no


dia certo. Faça e acredite! Se você acredita ser a segunda-feira um
bom dia, faça.
Se acredita ser a terça-feira, a quarta-feira, enfim qualquer que
seja o dia da semana, pode ter certeza que as ervas responderão.

2º DIA – EQUILÍBRIO E ENERGIZAÇÃO

Não menos importante que o anterior, esse processo visa, como o


nome diz, equilibrar o ambiente, ou a pessoa para que assim, ener-
gizado e equilibrado, possa receber a energia específica.
Elas podem ser usadas em número ímpar ou par, sem distin-
ção. Essas ervas também podem ser usadas sem a preocupação de
se tornarem um elemento agressivo, como as anteriores.
Têm uma característica bastante interessante, podem ser
usadas sozinhas, como elementos de “manutenção energética”. Er-
vas para uso no dia a dia.

Vamos às ervas:

Sálvia, Alecrim, Alfazema, Hortelã, Calêndula, Abre caminho,


Samambaias, todas as flores de pétalas claras etc.

Uma característica interessante dessas ervas é que elas são


verdadeiro antídoto no caso do uso exagerado das ervas agressivas
ou do sal.
A simples presença de uma dessas ervas num preparo com
as agressivas faz com que seu campo astral se estabilize. A Sálvia,
por exemplo, pode ser usada para defumação sozinha. Coloque-a
num recipiente refratário e coloque fogo diretamente na erva seca.
Assopre ou abane e veja como rapidamente você terá uma defu-
mação com apenas uma erva, e não por isso menos eficiente.
Não se esqueça das rezas apropriadas para o preparo e as de-
terminações que direcionarão a ação da erva.

71
Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

3º DIA – ESPECÍFICO

Agora sim você estará preparado para o ritual específico. Limpo e


equilibrado, seu campo astral estará preparado para receber a ener-
gia específica para aquilo que inicialmente você acreditava que era
o seu único objetivo.
É claro que até aqui, com certeza, se sentirá bem melhor. Le-
vando em consideração que muitos problemas que enfrentamos
são causados por vibrações negativas que desconhecemos e que
nos atrapalham sem percebermos.
Somente a limpeza já trará um alívio bastante importante.
Porque o espírito liberto pode pensar e agir melhor, assim tomando
as melhores decisões na vida.

Algumas ervas usadas especificamente:

PROSPERIDADE - Folhas de laranjeira, Folhas de louro, Carapiá.

ATRAÇÃO PESSOAL FEMININA - Rosa Vermelha, Malva, Maçã.

ATRAÇÃO PESSOAL MASCULINA - Folhas de café, Hortelã, Folhas


de gengibre.

SAÚDE - Assa peixe, Cânfora (folhas), Boldo.

CALMANTE - Melissa, Camomila, Alecrim.

FORTALECIMENTO DA MEDIUNIDADE - Rosa Branca, Jasmim,


Anis Estrelado.

Esses são alguns exemplos de ervas usadas em casos espe-


cíficos. Há muitas outras ervas, e se houver necessidade do uso de
outras ervas, cabe ao manipulador pesquisar, dentro das regras do
amor e bom-senso, quais são essas ervas.
Vale lembrar que temos uma diversidade identificada pela
botânica de cerca de quatrocentos mil tipos de ervas. Não precisa-
mos de todas elas para nosso uso. Mesmo porque uma vida inteira

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

seria insuficiente para isso. Temos nesses exemplos um universo de


possibilidades. Garanto que com esse pequeno número de ervas
aqui citadas teremos trabalho por um longo tempo.

DEFESA OU MANUTENÇÃO
ENERGÉTICA DIÁRIA
Podemos unir as ervas usadas para limpeza pesada e as usadas
para equilíbrio e energização em um único preparo, banho ou de-
fumação.
Esse processo é muito conhecido como banho ou defuma-
ção de defesa. Use sua criatividade baseado nas regras de amor e
bom-senso. Não deixe que as facilidades dos preparos prontos se-
jam sua prática somente. Há bons preparos prontos no mercado,
mas faça os seus próprios preparos e verá a força ativa que terá em
suas mãos.

As ervas equilibradoras podem e devem ser usadas no dia a


dia, para limpeza leve e manutenção dos corpos astrais.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

PRIMEIRO TERREIRO
DE UMBANDA
Umbanda ainda é Amor e Caridade. Disso não tenho dúvidas, e espero
que a maioria dos irmãos também não tenham. Umbanda ainda é o
Preto Velho no toco, é o brado do Caboclo, é a alegria dos Erês...
Tive a oportunidade de iniciar um trabalho que estava “enga-
vetado” já há alguns anos, que era reunir num compêndio a opinião
de algumas personalidades antigas na religião de Umbanda por esse
Brasil afora, e de forma simples e objetiva transformar essas informa-
ções em conhecimento prático, de forma que pudéssemos entender
as origens de alguns mitos e dogmas, e também de algumas receitas
fantásticas com ervas e elementos naturais.
Fui conhecer o primeiro terreiro de Umbanda do Brasil, a Tenda
Espírita Nossa Senhora da Piedade, hoje funcionando dentro da Tenda
“Cabana de Pai Antônio”, no município de Cachoeiras de Macacu, esta-
do do Rio de Janeiro.
Tive a oportunidade de uma breve entrevista com a neta de Pai
Zélio de Moraes, Sra. Lygia Cunha, sobre o uso das erva no terreiro atu-
almente e sobre como Pai Zélio as usava no dia a dia, seja através de
Pai Antônio ou do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Não vou transcrever toda a entrevista, mas quero dividir com vo-
cês as impressões que tive. E não quero de forma nenhuma que esse
trabalho possa levar a imaginação fértil de alguém a acreditar que que-
remos desqualificar o uso das ervas por qualquer que seja, queremos
realmente entender aqueles que nos conduziram até aqui. Muito bem,
o terreiro é num lugar LINDO! Fantástico mesmo, a natureza se faz pre-
sente em primeiro lugar. O próprio rio Macacu passa dentro do lugar,
cercado por vegetação local exuberante e poderosa.
Há vários pontos de força no local, rio, corredeira, uma pequena
pedreira, a própria mata, que garantem um verdadeiro chacra natural
alimentador e sustentador do propósito ali realizado pela religiosidade.
O uso das ervas não difere em nada do que falamos aqui no JUS
nesses últimos anos. Os banhos, as defumações, os benzimentos estão
presentes no dia a dia.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

O que chamou muito a atenção foi a liberdade com que o as-


sunto é tratado. Não há regras rígidas para o número de ervas, sua
composição nos banhos e defumações, e a permissão para os mé-
diuns de usarem ervas quando precisarem.
Em seu tradicional ritual de amaci, cada participante traz uma
folha, caule, flor, fruto, semente ou raiz, que é juntada a tantas outras,
e a tantas bebidas e líquidos consagrados, para compor a “água de
lavagem de cabeça” tão concorrida, que fez com que a dire ção do
TENSP limitasse a participação apenas aos membros ativos da casa,
pois muitas outras pessoas, de longe até, iam a esse ritual.
Encontrei um terreiro simples, muito bem fundamentado, e
com uma “energia natural” ímpar. A presença dos Orixás Naturais é
vívida, perceptível mesmo, e os guias espirituais atuantes no lugar se
servem desse paraíso terrestre em benefício dos seus médiuns, para
que possam ser benefício na vida dos seus semelhantes.
Agradeço de muito coração a acolhida por todos, na matéria e
no espírito e pela oportunidade e emoção de pisar no mesmo chão
que pisou nosso amadíssimo Papai Zélio de Moraes. Vossa benção Pa-
pai da Umbanda, vossa benção Caboclo das Sete Encruzilhadas. Muito
obrigado!
Para não passar em branco, vamos a uma receita bacana de
limpeza, purificação e energização na natureza. Se você tiver a oportu-
nidade de ir a uma cachoeira, beira de corredeira ou rio, melhor ainda.
Ou então dentro da mata mesmo, mas nesse caso seria interessante
levar água de fonte ou cachoeira. Você vai precisar de:

- Tempo;
- Bacia ou travessa de louça, inox, esmalte, etc;
- Um pano branco de cabeça;
- Um pano branco para colocar as ervas;
- Ervas: arruda, guiné, peregum roxo, hortelã, manjericão, alecrim
e folhas de pitanga.

Antes de sair de casa acenda uma vela ao seu anjo da guarda
pedindo proteção e inspiração. Dirija-se a um local tranquilo à bei-
ra da cachoeira, riacho, lago ou corredeira. Peça licença aos Orixás
regentes do ponto de força, estenda o pano branco e coloque as
ervas sobre ele separadas.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Com sua bacia, pegue um pouco de água do local, suficiente


para macerar as ervas. Se estiver na mata, leve um recipiente com
água mineral.
Esvazie sua mente, entre em sintonia com os sons da nature-
za, inspire ar, infle seus pulmões e solte devagar. Coloque as pontas
dos dedos das mãos na terra e sinta seu pulsar... encoste a palma
da mão na terra. Eleve o pensamento a Pai Criador, Mãe Natureza,
Poder Vivo e Divino das Ervas, Forças Naturais Vegetais, Poder Vivo
de Jurema... peça benção e amparo a esse ritual. Peça purificação
e fortalecimento do seu espírito. Se você for médium, é uma ótima
oportunidade de permitir que no silêncio de sua mente seus guias
“falem” ao seu espírito.
Pegue a erva e vá amassando-a com as mãos, até amassar to-
das. Sinta o líquido, resultado desse processo, sinta seu aroma e sua
consistência.
Passe primeiramente o líquido na cabeça, em seguida pegue
um punhado desse macerado de ervas e coloque bem no centro da
sua coroa, cobrindo com o pano branco de cabeça em seguida.
Encontre uma posição agradável e fique pelo menos uma hora
para que esse preparo magnetize seu espírito com eficácia. Após esse
tempo, lave a cabeça na cachoeira, ou nas águas do riacho, ou então
com a água mineral que você levou, assim deixando-a cair na terra.
Agradeça de coração, com uma oração espontânea e volte para
casa. Que as bênçãos de Mamãe Natureza estejam em nós sempre!
SUCESSO E MUITA SAÚDE!

OS AMACIS
Chamados de amacis, as águas de lavagem de cabeça têm várias fun-
ções dentro dos rituais afro-religiosos e seus descendentes litúrgicos
como a Umbanda.
Como o nome já diz, “água de lavagem de cabeça”, ou água
para o ori, são preparados especialmente para o uso na cabeça, no
chacra coronário. Dentro da Umbanda, o consagrado uso dos banhos,
tomados em reservado, cada um em suas próprias casas, após

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

seu banho normal, utilizando-se para isso de ervas e outros elementos,


serve como forma de trazer para o campo astral individual as vibra-
ções, sejam dos Orixás, sejam vibrações específicas desencadeadoras
de ações (verbos) que acentuam nos campos vibratórios naturais hu-
manos a força dessa ação.
Os banhos não requerem um conhecimento tão profundo, tan-
to que são recomendados pelos próprios guias para que sejam usados
pelos consulentes em suas casas, como já dissemos.
A forma de uso segue o padrão que a entidade (guia) achar ne-
cessário, ou que a própria pessoa e suas convicções acreditem ser o
necessário: fervido ou não fervido; da cabeça aos pés ou do pescoço
para baixo, etc.
Já os chamados “amacis” têm funções literalmente específicas
e seguem um padrão religioso-doutrinário próprio de cada casa, diri-
gente, propósito; enfim, há centenas, ou quem sabe até milhares de
formas e objetivos para se preparar um amaci.
Os amacis podem ser coletivos ou individuais, e o que vai de-
terminar isso é exatamente o que citamos acima: o propósito e a con-
vicção de quem o está preparando e quem irá recebê-lo. Vale lem-
brar também que é uma questão de respeito e confiança receber um
amaci na cabeça.
Esse ato litúrgico honra o sacerdote e sua casa. Aplicar um ama-
ci na cabeça de um iniciando é um ato de muita força dentro dos tem-
plos, e requer disciplina e retidão para que seja atingido seu objetivo.
Não se usa um amaci apenas “por usar”... é importante que se estabe-
leça um objetivo claro para o preparo.
Vamos citar alguns desses objetivos, mas é claro que não são os
únicos; como disse, pode haver uma infinidade de motivos e formas
de se preparar um amaci:

AMACI DE PREPARAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO

Muito comum na Umbanda da atualidade, esse amaci consiste em fo-


lhas, cascas, sementes, frutos, etc., maceradas (quinadas, amassadas,
trituradas), preparadas, caso sejam pelo próprio dirigente, com ante-
cedência, e deixadas na frente do congá, em iluminação de velas nas
cores do Orixá regente da vibração.
É usado nos cultos e giras coletivas, onde todos serão apresen-

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

tados, em sua mediunidade, à vibração daquele Orixá. Normalmente


é colocado no ori, que é protegido com um pano branco ou uma co-
bertura adequada.

Nota – percebo ainda hoje, mesmo sendo abençoados com tantas


informações, muitos irmãos questionam o uso dos amacis coletivos,
encarando de forma que essa energia pode ser incompatível com a
sua vibração original ou a vibração de seu Orixá de cabeça. Muito bem,
entendendo que tudo na criação é vida e vibração, cada elemento vi-
bra de acordo com uma nota (força) da criação, então cada erva tem
seu (seus) Orixá(s), assim como as frutas, flores, animais e tudo o mais.
Sendo assim, teríamos que identificar o Orixá de cada ser vivente para
que ele se alimentasse, vestisse, convivesse apenas com elementos
compatíveis com sua vibração original.
Sabemos que isso é impossível, portanto, não há nada de aber-
rante em se usar um amaci coletivo, na vibração específica de um Pai
ou Mãe Orixá que não seja uma vibração direta de seu triângulo vibra-
tório (Orixás Ancestral, Frente e Juntó).
Assim como não há nada de aberrante em usar algum elemen-
to na cabeça, desde que você não esteja envolvido religiosamente em
um contexto que não permita esse ato.

AMACI INDIVIDUAL DE INICIAÇÃO

Esse é o mais comum, preparado especificamente para o fim da ini-


ciação individual, será determinado pelo guia chefe do próprio mé-
dium ou pelo dirigente (ou Guia Dirigente do terreiro)
A forma com que será iluminado, cores, número de velas, etc.,
será também definida por ele. Normalmente são feitos com antece-
dência do ato iniciatório e podem ser usados por dias anteriores ao
momento da iniciação.

AMACIS ESPECÍFICOS

Assim como os individuais, podem ser determinados pelos guias como


forma de atuar com muito mais intensidade do que um banho. Por
exemplo, peguemos um caso de atuação negativa, causando reações
orgânicas que levam à geração de doenças físicas.

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Rituais com Ervas, por Adriano Camargo

Num exemplo como esse, podemos recomendar um amaci de


limpeza, usado por um, três, cinco ou até sete dias, todos os dias an-
tes de dormir a pessoa colocará esse preparo no chacra coronário e
eventualmente em algum outro chacra ou parte do corpo onde está
localizada a ação negativa e o reflexo da doença, envolvendo com um
tecido branco ou colorido de acordo com a necessidade.
Dentro de um terreiro, é muito positivo o preparo dos amacis
por todos. Juntar os médiuns em reunião específica para isso, com
um bom conjunto de ervas e líquidos (bebidas rituais, essências, etc.).
Podemos usar ervas secas ou frescas para os amacis. Se for usar pre-
paros prontos, use somente os de ervas escolhidas para aquela vibra-
ção e nunca os líquidos prontos, que prezam pela facilidade mas nun-
ca pela competência vibratória.
Pegue as ervas, triture-as de preferência com as próprias mãos,
já em uma bacia ou recipiente apropriado (se puder, use recipientes
metálicos ou de vidro).
Adicione água mineral, que pode ser usada para todos os pre-
paros, de todos os Orixás e para todos os motivos. Triture um pouco
mais com as mãos e adicione os líquidos necessários, e por último as
pétalas de flores, se forem usadas.
Deixe repousar por algum tempo, que pode variar de acordo
com a necessidade do preparo. É muito positivo iluminar esse amaci
em um círculo com sete velas acesas, que seguem as cores do Orixá
regente.
Por experiência própria, posso recomendar que em todos os
amacis, de qualquer Orixá, sempre esteja presente pelo menos uma
erva de Pai Oxalá. Entendemos que esse amado Pai está presente em
toda a criação e a atuação de suas ervas reflete um caráter “formador,
condensador, magnetizador” mesmo.

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